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Direito
Administrativo
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Apresentação
Olá, caro(a) estudante!
O período de dedicação e preparação para o Exame da OAB é uma jornada árdua e
trabalhosa. Pensando nisso, elaboramos esta Apostila com toda dedicação e atenção que
você merece.
O seu conteúdo foi criado com todo o rigor necessário para sua utilização como material de
apoio ao estudo para todas as pessoas que almejam adentrar, por meio de concurso, nas
principais carreiras jurídicas. Os conteúdos citam fontes confiáveis, atualizadas e completas
sobre os mais variados temas em Direito e foram elaborados por profissionais com experiência
em ensino e prática jurídica.
O material está organizado hierarquicamente (em modo decrescente de hierarquia: Temas,
Tópicos e Subtópicos). Essa estrutura permite a exploração organizada dos conteúdos da
disciplina e agrupam os objetos do conhecimento que se relacionam, conferindo uma leitura
mais fluida e orgânica.
Além disso, ao final de cada Tema e com o objetivo de facilitar o aprendizado dos conteúdos
estudados, foram desenvolvidos mapas mentais, que são um método de memorização e
organização do conhecimento adquirido.
A leitura tem início com o estudo dos conceitos iniciais da disciplina, adentrando no histórico,
nas Funções de Estado e nas Fontes do Direito Administrativo. Em seguida, a fim de
sedimentar a base do Direito Administrativo, será estudado o regime jurídico administrativo,
isto é, o conjunto de regras e princípios que lhe dão identidade e lhe conferem autonomia na
ciência jurídica.
Formada a base necessária para a compreensão da disciplina, será tratado o tema da
organização da Administração Pública, o qual é destinado à compreensão da estrutura interna
do Estado, englobando os seus agentes, órgãos e entidades que exercem atividade
administrativa. Nesse mesmo contexto, também serão estudados os poderes administrativos,
os quais, de forma sistematizada, buscam garantir à Administração Pública o desempenho de
suas atividades estatais.
Enfoque necessário será igualmente conferido às matérias tocantes aos atos administrativos,
com enfoque necessário às suas características e espécies. Posteriormente, serão
desenvolvidas análises acerca do Processo Administrativo, previsto na Lei 9.784/99, expondo
a sequência interligada de atividades por meio da qual a Administração Pública toma as suas
decisões.
Nesse contexto, será estudado de forma detalhada as licitações e a Lei 8.666 de 1993, com
a exposição pormenorizada dos pontos constantemente cobrados nos mais concorridos
concursos do Brasil. De igual forma, tendo por base legal ainda a Lei 8.666/93, será dedicado
espaço aos contratos administrativos, com todas as suas especificidades.
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Superado esse ponto, é feita a exposição acerca dos chamados bens públicos, bem como
sobre os serviços públicos. Nesse contexto, em sequência, será estudado o tema da
intervenção do Estado na propriedade privada, com a análise das modalidades e dos seus
respectivos requisitos para que nasça para a Administração, em termos gerais, o direito de
mitigar o direito individual a propriedade em prol do interesse público.
Em seguida, serão estudadas as questões atinentes a responsabilidade civil do Estado,
analisando desde a sua evolução histórica, passando por sua base constitucional e legal, até
a exposição de situações específicas a respeito do tema, com base em atual entendimento
jurisprudencial. Ademais, será tratado do tema controle administrativo, trazendo o seu
conceito e abordando as suas diversas formas de fiscalização de atos administrativos.
Será tratado, ainda, com igual enfoque, acerca da improbidade administrativa, regida pela Lei
8.429 de 1992, sendo a apostila encerrada com o estudo dos agentes públicos, nos termos
da Lei 8.112 de 1990, estudada a luz da mais atual jurisprudência dos Tribunais Superiores e
melhor doutrina nacional.
Dessa forma, com a compilação dos mais importantes temas que compõe o Direito
Administrativo, espera-se que essa apostila contribua desde a compreensão dos pressupostos
básicos até o estudo mais avançado da temática, permitindo-lhe uma ampla compreensão
acerca dessa disciplina tão importante no âmbito dos concursos públicos.
Desejamos bons estudos e uma excelente prova!
Atenciosamente,
Equipe pedagógica LFG
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Sumário
1. Conceitos Iniciais de Direito Administrativo .................................................................. 5
7. Licitações ........................................................................................................................ 76
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1. Conceitos Iniciais de Direito Administrativo
Nesta apostila, iremos entender o Direito Administrativo, que adquiriu maior relevância com
os movimentos constitucionalistas, no final do século XVIII. Nesse contexto, o Estado passou
a ter órgãos específicos para exercer as atividades da Administração Pública.
Consequentemente, houve a necessidade de melhorar a organização das relações internas,
entre os administradores, e, também, com os administrados, por meio de atos normativos.
Desse modo, pode-se dizer que foi a partir do século XIX que se deu, de fato, atenção para o
Direito Administrativo, pois, antes de sua existência, com disciplina e regras próprias,
reinavam as monarquias absolutas, marcadas pela fragilidade das relações entre o Estado e
os súditos.
O Direito Administrativo é ramo do direito público e tem base nos arts. 37 a 41 da Constituição
Federal de 1988. Não há um código escrito para sistematizar suas regras, o que dificulta o
estudo do profissional do Direito, que necessariamente precisa se ater às normas esparsas,
além das controvertidas interpretações doutrinárias e jurisprudenciais.
Para Carvalho Filho (2019), Direito Administrativo é o “conjunto de normas e princípios que,
visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos
do Estado e entre estes e as coletividades a que devem servir” (p. 7). Nessa mesma linha de
raciocínio, o conceito de Direito Administrativo, segundo Meirelles (2018), consiste no conjunto
de princípios jurídicos que regem os órgãos e agentes públicos, na realização de atividades
públicas, visando atingir o interesse público.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello (2019), o Direito Administrativo pode ser entendido
como o ramo do direito público, que disciplina a função administrativa e seus agentes públicos.
Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro o define como:
[…] o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas
jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade
jurídica não contenciosa que exerce e os bens e meios de que se utiliza para a
consecução de seus fins, de natureza pública (DI PIETRO, 2019, p. 117).
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1.1. Conceito e funções do Estado
Desde a Constituição Federal de 1891, o Brasil adota a federação como forma de Estado,
sendo que, na Constituição de 1988, a previsão encontra-se nos arts. 1º e 18. A federação é
cláusula pétrea. Logo, não pode ser abolida, nem sequer por emenda constitucional, exceto
se houver um novo poder constituinte originário.
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Cada um desses poderes exerce funções típicas, que se relacionam à finalidade para a qual
foram criados. Nesse sentido, o Poder Legislativo tem função normativa, o Poder Executivo
tem função administrativa, e o Poder Judiciário exerce a função jurisdicional.
A doutrina elenca quatro principais fontes do Direito Administrativo: lei, jurisprudência, doutrina
e costumes.
Segundo Mazza (2019), somente a lei constitui fonte primária/direta, sendo que a
jurisprudência, a doutrina e os costumes são fontes secundárias/indiretas, ou seja, estão
subordinadas à fonte primária. Entretanto, o entendimento majoritário acrescenta que a
súmula vinculante também se constitui em fonte primária.
Apesar disso, há controvérsias sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) atuar como legislador
positivo por intermédio das súmulas vinculantes. Essa discussão ganha relevo sobretudo no
Direito Administrativo, em que vigora o princípio da legalidade para o Poder Público, no sentido
de que este só pode fazer se houver previsão em lei.
Anota-se que, para efeitos de lei, em sentido amplo, consideram-se as normas elencadas no
art. 59, I a VII, da Constituição Federal, quais sejam: emendas à constituição, leis
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e
resoluções. Todavia, há que se ponderar a hierarquia das normas consoante a Pirâmide de
Kelsen, em que as disposições constitucionais estão no topo e servem de fundamento de
validade para as demais normas.
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orientação para situações posteriores. Já os costumes são condutas que se repetem com uma
certa frequência e que, por isso, acabam sendo aplicadas. Pode-se dizer que os costumes de
uma região corroboram a aplicação e aprovação de uma determinada norma.
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Mapa Mental
Poderes do
Estado
Fontes do Direito
Administrativo
Lei Doutrina
Jurisprudência
Costumes
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Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 43. ed. São Paulo: Malheiros,
2018.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019.
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2. Regime Jurídico Administrativo
A expressão “regime jurídico” representa as normas, os princípios e as regras que regem o
Direito Administrativo. Acrescenta-se que, quando se fala em regime jurídico da
Administração, há que se distinguir os regimes de direito público e de direito privado, ambos
aplicáveis à Administração Pública.
Nesse sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello (2019) dispõe que dois princípios são
basilares para melhor compreender o regime jurídico público. São eles: o princípio da
supremacia do interesse público e o princípio da indisponibilidade do interesse público.
Da correlação entre esses dois princípios, tem-se que o interesse da coletividade deve
preponderar sobre os aspectos meramente individuais, de modo a relevar os interesses
públicos primários, que devem motivar a prestação dos serviços públicos, a fim de concretizar
os direitos fundamentais. Ou seja, os agentes públicos não atuam em seu próprio nome,
e sim em nome da Administração Pública.
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Segundo preleciona Mazza:
Ressalta-se que, para Barroso (2005), os princípios são elevados à categoria de normas,
devendo ser aplicados às situações de fato. Esclarece o autor:
O art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988 traz cinco princípios expressos:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Ressalta-se que esse é
um rol meramente exemplificativo, existindo, pois, outros princípios previstos
constitucionalmente que também são aplicáveis ao Direito Administrativo, como a
participação (art. 37, § 3º, CF), a celeridade processual (art. 5º, LXXVIII, CF), o devido
processo legal (art. 5º, LV, CF), o contraditório (art. 5º, LV, da CF) e a ampla defesa (art.
5º, LV, CF).
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2.2.1. Legalidade
Para entender o princípio da legalidade, deve-se apreender dois aspectos: lato sensu e stricto
sensu. Em lato sensu, ou sentido amplo, a legalidade é colocada como liberdade para fazer
tudo o que a lei não proíbe. Conforme a previsão do art. 5º, inciso II, da Constituição,
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, o
que se aplica aos particulares.
A respeito disso, Mello (2019) esclarece que o princípio da legalidade seria como um antídoto
natural do poder monocrático, tendo raiz na ideia de soberania popular e exaltação da
cidadania. Dessa forma, a Administração Pública fica vedada de proibir comportamento
de terceiros, salvo se houver previsão determinada em lei. Concomitantemente, essa
mesma Administração deve obediência à lei, podendo fazer tão somente o que está previsto
legalmente, isto é, “o princípio da legalidade, no Brasil, significa que a Administração nada
pode fazer senão o que a lei determina” (MELLO, 2019, p. 108).
Para Gasparini (2012), respeitar o princípio da legalidade traz certas consequências. Isso pois
esse princípio se relaciona ao fato de que a Administração Pública, em todas as suas
atividades, deverá estar voltada ao atendimento dos mandamentos legais, sob pena de
invalidade do ato e de responsabilidade pelos prejuízos dele advindos.
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2.2.2. Impessoalidade
2.2.3. Moralidade
Nem tudo o que é legal é moral e vice-versa. Dessa forma, para estar em conformidade
com o princípio da moralidade, deve o ato ser, ao mesmo tempo, moral e legal.
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A moralidade importa um agir de acordo com os padrões de probidade, zelo, honestidade
e ética por parte da Administração Pública e de seus agentes. Para Mello (2019), a
administração e seus agentes devem atuar dentro da ética. Caso contrário, caracterizar-se-á
a improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, da Constituição, que estabelece
sanções de “suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível” (grifo nosso).
A mencionada norma faz referência à Lei nº 8.429/1992, conhecida como Lei de Improbidade
Administrativa (LIA), que é aplicável à Administração Pública Direta e Indireta, nas esferas
federal, estadual, distrital e municipal. A LIA dispõe sobre sanções no âmbito do Direito
Administrativo, elencando situações em que os atos de improbidade administrativa importam
enriquecimento ilícito (art. 9º), causam prejuízo ao erário (art. 10), atentado contra os
princípios da Administração Pública (art. 11), além dos danos decorrentes de concessão
ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário (art. 10-A, acrescido pela Lei
Complementar nº 157/2016).
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valor do benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei
Complementar nº 157, de 2016).
2.2.4. Publicidade
A Lei de licitações, no art. 6°, inciso XIII, define imprensa oficial como “veículo oficial de
divulgação da Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial da União, e, para os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for definido nas respectivas leis”.
XXXIII - Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. (grifos nossos).
Nota-se, portanto, que a publicidade se relaciona a outros direitos que, algumas vezes,
podem se contrapor, como a intimidade, a privacidade e a segurança da sociedade e do
Estado. Assim, cabe ao operador do Direito a análise do caso concreto, no propósito de
verificar qual direito deve preponderar.
Segundo Medauar (2018), o acesso a informações em órgãos públicos não diz respeito
somente a matérias de cunho particular, mas também a fatos de interesse coletivo. Aliás,
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no que tange às informações de caráter individual, a própria Constituição Federal assegura a
concessão de habeas data, conforme o art. 5º, inciso LXXII, alíneas “a” e “b”, para o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante e para a retificação de dados.
Ainda quanto ao princípio da publicidade, há que atentar para o fato de que ele guarda
estreita relação com o princípio da impessoalidade, como se depreende do art. 37, inciso
XXII, § 1º, da Constituição Federal, que estipula o seguinte:
2.2.5. Eficiência
O princípio da eficiência foi inserido pela Emenda Constitucional nº 19/1998, que instituiu a
Reforma Administrativa. Para Medauar (2018), esse princípio norteia toda a atuação da
administração pública. Buscam-se meios para produzir resultados rápidos e precisos, a
fim de satisfazer a necessidade da população. Assim, a administração deve atuar com
eficiência, dentro da legalidade.
Entre as consequências de tal princípio, destaca-se o art. 37, § 8º, da Constituição Federal,
que prevê que, no contrato de gestão, podem-se fixar metas de desempenho para os órgãos
ou entidades da administração direta e indireta envolvidos.
A eficiência também trouxe efeitos para o servidor público estável. De acordo com o art.
41, § 1º, inciso III, da Constituição Federal, o sevidor poderá perder o cargo mediante
procedimento de avaliação periódica de desempenho, sendo-lhe assegurada a ampla
defesa. Além disso, tal avaliação é condição para a aquisição da estabilidade, como
preleciona o § 4º desse mesmo dispositivo.
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devido processo legal (art. 5º, LIV, CF); contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV, CF). Vejamos
alguns detalhes desses princípios nos próximos tópicos.
O princípio da celeridade processual possui previsão constitucional no art. 5º, inciso LXXVIII,
que assim dispõe: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
É conhecido também como princípio da razoável duração do processo. Foi incluído pela
Emenda Constitucional nº 45/2004, que instituiu a Reforma do Poder Judiciário. Aplica-se
aos processos judiciais e administrativos e deve se coadunar com o princípio do devido
processo legal, de modo a não suprimir fases processuais por causa da celeridade.
O devido processo legal, encontra-se no art. 5º, inciso LIV, da Constituição Federal: “ninguém
será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Busca-se, por meio
dele, conter arbitrariedades, de modo a se fazer um processo justo mediante as garantias
processuais dispostas constitucionalmente. Por isso, o conteúdo e a abrangência são
abertos, como explica Carvalho Filho:
[…] pode-se afirmar que o devido processo legal possui uma alta abrangência
axiológica, englobando os demais princípios processuais constantes na Carta
Maior, implícitos ou expressos, tais como o contraditório, a ampla defesa, o
acesso à justiça, o duplo grau de jurisdição, a publicidade, a motivação, o juiz
natural, a inadmissibilidade das provas ilícitas a duração razoável do processo,
a eficiência processual, dentre vários outros, fazendo-se guiar pela
razoabilidade e pela proporcionalidade, buscando decisões pautadas na justiça
e na equidade, respeitando e fazendo respeitar os direitos e garantias
fundamentais estabelecidos pela própria Constituição e vinculando os
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magistrados à lei processual e, assim, coibindo os abusos e ativismos
inconcebíveis em um Estado Democrático de Direito. (CARVALHO FILHO,
2016, p. 132)
Os princípios do contraditório e da ampla defesa têm previsão constitucional no art. 5º, inciso
LV, que assim dispõe: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes”.
Da mesma forma que o princípio do devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório
também decorrem dos princípios da legalidade e da garantia da justiça. Como exemplo
de aplicação, temos a figura do magistrado equidistante às partes de um processo, a
importância da defesa técnica pelo advogado e a citação.
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Com tal princípio, almeja-se que o cidadão não seja surpreendido com mudanças sem a
devida mantença do que já se decidiu. Ou seja, tolhem-se possíveis comportamentos
arbitrários por parte da Administração Pública, protegendo-se a confiança necessária à
experiência democrática.
Assim, a lei estabelece que a Administração Pública tem o dever de atuar em conformidade
com critérios racionais e coerentes a toda a coletividade, visando atender ao interesse
público.
Entende Mello (2019) que a aplicação do princípio da razoabilidade pela Administração implica
um parâmetro para que o administrador público possa agir de modo racional e com adequado
equilíbrio, sobretudo quando houver margem para a discricionariedade. Por outro lado, traduz
uma limitação ao Poder Judiciário, pois a este cabe o papel de controle da legalidade, não
podendo o exercício se ater à razoabilidade, de maneira a afastar a solução aplicada pela
Administração Pública por esse exclusivo critério, sob pena de afrontar a cláusula pétrea da
separação dos poderes. Segundo Carvalho Filho:
Cyonil Borges e Adriel Sá (2019) salientam que o princípio da razoabilidade tem maior
abrangência que o princípio da proporcionalidade, de forma que “a proporcionalidade pode
ser traduzida como a adequabilidade entre os meios utilizados e os fins pretendidos (princípio
da vedação de excesso)” (p. 142).
Para Marçal Justen Filho (2018), o princípio da proporcionalidade não extrai soluções pelo
simples exame de textos legais abstratos. Devem ser avaliados os efeitos concretos acerca
das alternativas existentes, com o propósito de selecionar a solução mais satisfatória do ponto
de vista da situação real.
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A adequação ou utilidade refere-se à aferição da eficácia do meio escolhido em
alcançar o fim público objetivado, enquanto a necessidade ou exigibilidade
traduz-se na escolha do melhor meio, menos oneroso e prejudicial aos
administrados, e, por fim, a proporcionalidade em sentido estrito, que quer
significar equilíbrio entre os meios e os fins públicos a serem alcançados.
(BORGES; SÁ, 2019, p. 144)
2.4.2. Motivação
Os atos realizados pelo Poder Público devem ser motivados, para que produzam efeitos
jurídicos de forma eficaz. A motivação, segundo Gasparini (2012), visa explanar as razões de
fato e de direito que levaram a Administração a proceder de determinado modo, de forma a
verificar a obediência ao interesse público, bem como de trazer supedâneo para que a parte
discordante possa recorrer.
A motivação é condição de validade do ato administrativo e, via de regra, deve ser prévia
ou concomitante com a prática do ato. Todavia, há a possibilidade de mitigação de acordo
com o tipo de ato, se discricionário ou se vinculado.
Para Celso Antonio Bandeira de Mello (2019), nos atos vinculados, há a necessidade de
ocorrência do motivo perante o qual o comportamento é obrigatório, por isso, a motivação
não precisa ser prévia ou concomitante ao ato. Diferentemente, ocorre nos atos
discricionários, a fim de impedir que o ato seja viciado ou inválido.
Para Marçal Justen Filho (2018), o princípio da motivação acarreta o dever de a autoridade
julgadora expor, de modo explícito, os fundamentos de fato e de direito em que se alicerça
a sua decisão.
Na mesma esteira, o art. 2º, caput, da Lei nº 9.784/1999, elenca a motivação dentre os
princípios do Processo Administrativo Federal, sendo que, no parágrafo único, VII, desse
mesmo artigo, a norma é cogente ao estabelecer a necessidade de indicação dos
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pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão. O art. 50 da Lei nº 9.784/1999
trata especificamente da motivação, nos seguintes termos:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante
do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não
prejudique direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de
decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.
Apesar disso, Alexandre Mazza (2019) coloca três hipóteses em que a motivação será
dispensada. Vale conferir a redação:
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desvirtuamento dessa finalidade, irá o agente público responder pelo vício do desvio de
poder/finalidade.
Segundo Figueiredo (2014), se de fato o interesse público estiver em jogo, deverá prevalecer
sobre o interesse privado. Nesse sentido, contribui Celso Antônio Bandeira de Mello (2019)
ao colocar tal princípio como pilar do Direito Administrativo, juntamente com a
indisponibilidade do interesse público pela Administração.
O Estado Democrático de Direito adquire legitimidade em suas ações quando essas estiverem
relacionadas aos interesses da sociedade. Dessa forma, na hipótese de conflitos entre o
interesse público e o interesse privado, o interesse público deverá prevalecer, em razão de
sua supremacia. Isso se justifica, principalmente, nas relações em que o Estado exerce
poder de império, colocando-se numa posição de hierarquia vertical em face do particular.
Para definir “interesse público”, a doutrina administrativista, apoiando-se nas lições do direito
italiano esboçadas por Renato Alessi, costuma fazer a seguinte subdivisão:
2.4.4. Finalidade
Há quem coloque o princípio da finalidade como sinônimo de interesse público, já que, como
visto no item anterior, a Administração Pública deve pautar-se pela finalidade do interesse
público primário. O desrespeito a tal princípio implicará em vício ou em desvio de finalidade,
pois “quem desatende ao fim legal desatende à própria lei” (MELLO, 2019, p. 106).
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Para Mello (2019), esse princípio possui raiz constitucional na consagração do princípio da
legalidade, pois é na finalidade da lei que se encontra o critério norteador de sua correta
aplicação. Esse princípio impõe ao administrador a obediência à finalidade, porque, do
contrário, haverá desvio de poder e ocorrerá a nulidade do ato.
2.4.5. Autotutela
A redação dessa súmula é bastante criticada porque, ao colocar a expressão “pode anular”,
garante-se à Administração Pública uma margem de discricionariedade para decidir se irá
ou não anular determinado ato administrativo, o que se traduz numa violação ao princípio
da legalidade. Isso pois, se o ato é vicioso a ponto de ser ilegal, o Poder Público deve anulá-
lo, não havendo alternativa. Diferentemente, ocorre na hipótese de revogação, em que se
avalia se o ato administrativo é conveniente ou oportuno, cabendo essa avaliação ao crivo
de mérito do administrador. Nesse sentido, é a previsão do art. 53 da Lei nº 9.784/1999,
que é posterior à edição da Súmula nº 473 do STF:
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Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
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Mapa Mental
Princípios da
Administração Pública
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
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Referências Bibliográficas
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3. Organização da Administração Pública
A forma federativa de Estado é cláusula pétrea (art. 60, §4º, I, CF) e tem suas origens nos
Estados Unidos, com o advento da Constituição Americana de 1787 (BULOS, 2007). A
Federação se caracteriza pela descentralização política do poder estatal, obtida mediante
a criação de entes dotados de autonomia. Trata-se dos entes políticos, que compõem a
chamada Administração Pública Direta e cujas atividades são centralizadas. São eles: União,
Estados, Distrito Federal e Municípios (arts. 1º, caput, e 18, caput, CF). Por isso, a
Constituição faz a divisão de competências entre os entes, que não têm hierarquia entre
si, vigorando, contudo, o princípio da preponderância de interesses.
Pode-se dizer que a Administração Pública tem sua existência definida pelo conjunto de
órgãos e agentes prestadores de serviços públicos. Segundo Meirelles (2018), o Estado é
formado pelos três poderes que compõem o Governo, sendo que sua organização
administrativa segue a estruturação legal das entidades e órgãos, mediante desempenho das
funções públicas por seus agentes. Assim, na centralização, o Poder Público executa suas
atividades diretamente, por uma de suas pessoas políticas – União, Estados, Distrito Federal
e Municípios –, que são independentes e harmônicas entre si.
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Administração Direta. A exemplo, no Ministério da Fazenda, a União atuará diretamente por
esse órgão.
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possuem competência de maneira centralizada. Ou seja, a administração pública é a titular
para executar serviços públicos.
Assim, na centralização, o Poder Público executa suas atividades diretamente, por uma
de suas pessoas políticas – União, Estados, Distrito Federal e Municípios –, que são
independentes e harmônicas entre si, bem como são dotadas de auto-organização,
autogoverno e autolegislação. Auto-organização, porque cada Estado tem sua própria
Constituição Estadual, bem como o Distrito Federal tem a sua Lei Orgânica Distrital e cada
Município tem sua Lei Orgânica. Autogoverno, porque cada ente é capacitado para organizar
seus poderes, de forma que a União, os Estados e o Distrito Federal têm seus próprios
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, enquanto os Municípios têm Poderes Legislativo
e Executivo. E autolegislação, porque cada ente tem suas próprias normas, incluindo leis
complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, entre outras.
Na Administração Direta, via de regra, o ente político, que possui personalidade jurídica,
tem capacidade processual, isto é, pode figurar como sujeito ativo e como sujeito passivo
em uma lide judicial, o que não ocorre com seus órgãos, pois estes não são dotados de
personalidade jurídica. Desse modo, ajuíza-se uma Ação Judicial contra a União, e não contra
a Receita Federal do Brasil. No entanto, há exceções em que o órgão, mesmo sem
personalidade jurídica, poderá figurar como parte em uma demanda judicial, como ocorre com
o Ministério Público, por exemplo.
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Ressalta-se que a Administração Direta e a Administração Indireta não possuem
hierarquia entre si. Apesar disso, há uma supervisão ministerial feita pela Administração
Pública Direta em relação aos entes da Administração Pública Indireta, a fim de que haja
controle finalístico, ou seja, aplica-se a teoria administrativa, devendo os entes
administrativos guardarem obediência à finalidade para a qual foram criados.
3.3. Autarquias
Já Carvalho Filho (2019) conceitua autarquia como “a pessoa jurídica de direito público,
integrante da administração indireta, criada por lei para desempenhar funções que, despidas
de caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado” (p. 405).
Sendo assim, as autarquias são pessoas jurídicas de direito público, prestadoras de serviço
público, criadas por lei específica, com iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo.
Exercem atividade típica do Estado, com gestão descentralizada, possuindo patrimônio
próprio, o qual é recebido mediante transferência da entidade criadora e receita própria
(autonomia orçamentária). Ademais, as autarquias existem a partir da lei específica que as
criou, sem a necessidade de formalidades perante o Cartório de Registro de pessoas jurídicas.
Conforme o art. 84, inciso XXV, da Constituição Federal, o chefe do Poder Executivo tem
competência para nomear os dirigentes das autarquias. Entretanto, pode ser exigida prévia
aprovação pelo Senado Federal, nos termos do inciso XIV desse mesmo dispositivo.
Quanto ao regime de pessoal, os servidores públicos que integram as autarquias podem ser
estatutários ou celetistas, a depender das previsão legal, estando sujeitos ao regime jurídico
único.
Carvalho Filho (2019), elenca algumas prerrogativas que as autarquias possuem: imunidade
tributária; impenhorabilidade de seus bens e rendas; imprescritibilidade de seus bens;
32
prescrição quinquenal; créditos sujeitos à execução fiscal; prazos judiciais diferenciados
conforme estabelece o Código de Processo Civil.
A Justiça Federal é o foro competente para solucionar litígios que envolvam autarquias
federais (art. 109, CF).
2. Possibilidade de exercício de poder normativo: uma entidade que não seja do Poder
Legislativo pode criar normas técnicas para situações não tuteladas por lei;
4. De acordo com o art. 8º, caput, da Lei nº 9.986/2000, com redação dada pela Lei nº
13.848/2019:
33
Art. 8º os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada ficam
impedidos de exercer atividade ou de prestar qualquer serviço no setor
regulado pela respectiva agência, por período de 6 (seis) meses, contados da
exoneração ou do término de seu mandato, assegurada a remuneração
compensatória.
5. Fonte própria de arrecadação, sendo que nas autarquias comuns ocorre o repasse
feito pelo ente que as criou. Os bens e patrimônios das agências reguladoras são
próprios;
6. Não existe instância revisora dos atos praticados pelas agências reguladoras.
Contudo, se os atos forem ilegais, haverá controle pelo Poder Judiciário;
Além disso, o regime de pessoal é estatutário (art. 6º, Lei nº 10.871/2004) e a licitação
obedece às normas contidas na Lei nº 8.666/1993. Mas pode-se, ainda, optar por modalidades
específicas, como o pregão e a consulta.
3.5. Fundações
Nem toda fundação instituída pelo Poder Público é fundação de direito privado.
As fundações, instituídas pelo poder público, que assumem a gestão de serviço
estatal e se submetem a regime administrativo previsto, nos Estados-membros,
34
por leis estaduais, são fundações de direito público, e, portanto, pessoas
jurídicas de direito público. Tais fundações são espécies do gênero autarquias,
aplicando-se a elas a vedação a que alude o § 2º do art. 99 da Constituição
Federal. (CARVALHO FILHO, 2019, p. 447)
Dessa forma, tem-se: fundações públicas de direito público, fundações públicas de direito
privado e fundações privadas.
O conceito de fundações públicas é estampado pelo art. 5º, inciso IV, do Decreto-Lei nº
200/1967, in verbis:
Conforme preleciona Mazza (2019), “as fundações públicas são pessoas jurídicas de direito
público interno, instituídas por lei específica mediante a afetação de um acervo patrimonial do
Estado e uma dada finalidade pública” (p. 198). O autor considera o entendimento adotado
pela maioria da doutrina e da jurisprudência, de modo que
Já para as fundações públicas de direito privado (fundações públicas por si só), a criação
e a extinção são somente autorizadas pela lei, dependendo do registro do ato
constitutivo no Registro de Pessoas Jurídicas para que adquiram personalidade jurídica
(art. 5º, § 3º, Decreto-lei nº 200/1967).
Na hipótese de extinção das fundações públicas, o patrimônio público será revertido para
o ente criador.
35
É importante não confundir as fundações públicas de direito público e de Direito Privado com
as fundações privadas. As fundações públicas são objetos de estudo do Direito
Administrativo e compõem a Administração Pública Indireta, com regime jurídico público. Ao
passo que as fundações privadas são regidas pelo Código Civil, com regime jurídico privado,
sendo a Fundação Ayrton Senna um exemplo. Não obstante essa dessemelhança, ressalta-
se que as fundações públicas e privadas têm em comum o fato de o patrimônio voltar-se à
consecução de atividades de interesse social e sem fins lucrativos.
36
A Lei das Estatais regulamentou o referido dispositivo. Mesclando conteúdos de direito público
e de direito privado, trouxe conceitos básicos das sociedades de economia mista e das
empresas públicas, além de estabelecer diretrizes para a boa governança e transparência,
bem como requisitos para a nomeação de dirigentes, normas relacionadas à licitação e à
contratação específica e regras de fiscalização pelo Estado e pela sociedade.
37
b) deve ser constituída sob a forma de Sociedade Anônima (S/A).
2. Empresa pública:
Em relação aos empregados das empresas públicas e das sociedades de economia mista,
Carvalho Filho (2019) elenca as seguintes características: não podem cumular cargos ou
funções públicas; são equiparados a funcionários públicos para fins penais; e são
considerados agentes públicos para a aplicação de improbidade administrativa.
Mazza (2019) aduz que a base constitucional para celebração de consórcios encontra-se no
art. 241 da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/1998:
A norma referida no dispositivo acima transcrito é a Lei nº 11.107/2005, que foi regulamentada
pelo Decreto nº 6.017/2007. Por serem normas de caráter federal, aplicam-se no âmbito de
todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
Ainda de acordo com Mazza (2019), “consórcio público é o negócio jurídico plurilateral de
direito público que tem por objeto medidas de mútua cooperação entre entidades federativas,
resultando na criação de uma pessoa jurídica autônoma com natureza de direito privado ou
de direito público”.
O consórcio público consiste na pessoa jurídica criada com finalidade específica para
execução de serviços, sendo mais corriqueiros os consórcios entre entes federados com o
objetivo de se atingirem interesses comuns entre eles. Marinela assim explica:
38
O consórcio público foi definido pela Lei n. 11.107/2005, constituindo
associação de pessoa jurídica de direito público ou de direito privado e
formaliza-se por meio de contrato. Os objetivos serão determinados pelos entes
da Federação que se consorciarem. Para o cumprimento desses objetivos, o
consórcio poderá firmar convênios, contratos ou acordos de qualquer natureza,
receber auxílios, contribuições e subvenções de outras entidades e órgãos do
governo, promover desapropriações e instituir servidores, ser contratado pela
Administração Direta e Indireta, com dispensa de licitação, podendo, ainda,
emitir documentos de cobrança e realizar atividades de arrecadação de tarifa
ou outros preços públicos pela prestação de serviços ou uso de bens. Por fim,
pode também outorgar concessão, permissão ou autorização de obra ou
serviços. (MARINELA, 2019, p. 605)
Os consórcios públicos se diferem dos consórcios particulares e dos consórcios para fins
licitatórios. Vejamos:
Para Di Pietro (2019), órgão consiste na unidade de atuação que integra a Administração
Direta e a Administração Indireta. Já Meirelles (2018) define órgãos públicos como “centros
de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes,
cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem” (p. 70), logo, cada órgão público
possui suas funções, cargos e agentes, os quais integram a estrutura do Estado.
39
A criação e a extinção de órgãos públicos decorrem de lei e, via de regra, eles não possuem
personalidade jurídica nem vontade própria, atuando apenas na limitação de sua
competência funcional e expressando sempre a vontade da entidade a que pertencem.
Esses órgãos são meros instrumentos de ação, tendo como finalidade a eficiência na
realização de suas funções, por meio de seus agentes, com o intuito de atingir o que a
Administração Direta ou Administração Indireta almejam.
Os órgãos são hierarquizados e podem celebrar contratos de gestão. Contudo, por não
possuírem personalidade jurídica, não podem figurar nos polos ativo e passivo de uma
lide judicial, não têm capacidade postulatória para demandar em juízo e não têm
patrimônio próprio. Além disso, aplica-se a eles a chamada Teoria da Imputação, de modo
que toda atividade exercida pelo órgão é imputada ao ente ao qual ele pertence. Atente-se,
entretanto, para a exceção do Ministério Público, que, apesar de ser um órgão, possui
capacidade postulatória e autonomia funcional e administrativa (art. 127, § 2º, CF).
Para melhor compreender esse tópico, é necessário tecer alguns comentários sobre os
setores da economia nacional. O primeiro setor é o Estado, incluindo a Administração
Pública Direta e a Administração Pública Indireta. O segundo setor é o mercado,
representado pelo exercício de atividade econômica, em regra, reservada à pessoa jurídica
de direito privado, com motivação lucrativa e com livre iniciativa. O terceiro setor despontou
na década de 1990, tendo ganhado status constitucional com a Emenda Constitucional nº
19/1998, que instituiu a Reforma Administrativa com ênfase no modelo gerencial com foco no
princípio da eficiência, em substituição ao modelo burocrático. O terceiro setor é
representado pelas pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que
exercem atividade de interesse público. São os denominados entes de cooperação, que
foram ampliados pela Lei nº 13.019/2014. As atividade que o terceiro setor desempenha
40
são atividade privadas de interesse público. Há, ainda, o quarto setor, que abrange a
economia informal.
São pessoas jurídicas de direito privado que exercem atividade privada de interesse
público. São constituídas por lei específica ou por instituições particulares, como
fundações, sociedades civis ou associações.
São pessoas jurídicas de direito privado que não fazem parte do Estado, não possuem fins
lucrativos e que estão disciplinadas na Lei nº 9.637/1998, cujo art. 1º dispõe que
Para tanto, essas pessoas jurídicas de direito privado devem cumprir os requisitos do art.
2º da Lei nº 9.637/1998: (I) comprovar o registro de seu ato constitutivo com o teor
estabelecido nas alíneas “a” a “i” desse mesmo dispositivo; e (II) ter aprovação em relação à
41
“conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização social, do Ministro ou
titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao seu objeto
social e do Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado”.
Quanto à licitação, destaca-se o art. 24, inciso XXIV, da Lei nº 8.666/1993, que assim dispõe:
Essa pessoa jurídica de direito privado pode perder a qualificação de organização social
quando descumprir o contrato de gestão, hipótese em que voltará a ser uma pessoa de direito
privado comum.
São exemplos de OS: Santa Casa; Museu Atlas Brasileiro; Associação Rede Nacional de
Ensino e Pesquisa.
Dessa forma, OSCIP é a qualificação dada para uma pessoa jurídica de direito privado sem
fins lucrativos que exerça atividade de interesse público.
42
o pedido com os documentos necessários –, ao Ministério da Justiça, que deferirá a
qualificação, no prazo legal (art. 5º, Lei nº 9.790/1999).
O art. 2º da Lei nº 9.790/1999 prevê algumas exclusões, ou seja, situações em que não
poderá ocorrer a qualificação como OSCIP, por expressa vedação legal. Vale conferir:
O vínculo com o Estado ocorre com a assinatura de um termo de parceria, o qual contém
metas e prazos a serem cumpridos. Conforme o art. 23, caput, do Decreto nº 3.100/1999
A exceção se faz em relação aos termos de parceria firmados pelo Ministério de Saúde
com o objetivo de realizar serviços de saúde integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS),
hipóteses em que não se aplicam a publicação de edital de concursos de projetos nem a
verificação prévia de atividades referentes à matéria objeto do termo de parceria, nos últimos
três anos, pelo órgão estatal responsável pela celebração do referido termo (art. 31-B, Decreto
nº 3.100/1999).
43
Consoante o art. 7º da Lei nº 9.790/1999,
44
Mapa Mental
Fontes do Direito
Administrativo
Lei Doutrina
Jurisprudência
Costumes
45
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA
Somente Atividades
Universidades
Autarquia Direito Público mediante lei típicas de Objetiva Estatutária
Federais
específica Estado
Somente
mediante lei
(se Direito Instituto
Sem fins
Público) Brasileiro de
Fundação Direito Público lucrativos
Lei Objetiva Estatutária Geografia e
Pública ou Privado Atividades
autorizadora e Estatística
sociais
Registro (IBGE)
(se Direito
Privado)
Prestadora
de Serviço
Lei Caixa
Empresa Público Objetiva (se PSP)
Direito Privado autorizadora e CLT Econômica
Pública Exploradora Subjetiva (se EAE)
Registro Federal (CEF)
de Atividade
Econômica
Prestadora
de Serviço
Sociedade de Lei
Público Objetiva (se PSP) Banco do
Economia Direito Privado autorizadora e CLT
Exploradora Subjetiva (se EAE) Brasil
Mista Registro
de Atividade
Econômica
Banco Nacional de
Desenvolvimento
Empresa Pública 100% Público Qualquer modalidade
Econômico e Social
(BNDS)
46
DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Descentralização Transferência de
Forma Nomenclatura
Administrativa Titularidade
Outorga de serviços,
Para a Administração
Lei legal, técnica ou Sim
Indireta
funcional
Contrato
Delegação
Para o particular Administrativo Não
Colaboração
Ato Administrativo
47
Referências Bibliográficas
BULLOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007.
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019.
MASSON, Nathalia. Manual de direito constitucional. 4. ed. [S.l.]: Editora JusPodivm, 2016.
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 43. ed. São Paulo: Malheiros,
2018.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019.
48
4. Poderes da Administração Pública
4.1. Conceito
Poder vinculado é aquele em que o administrador não possui margem de escolha, sendo
obrigado a agir de determinada maneira. Não há liberdade, deve se submeter à estrita
previsão legal, sem aplicar juízo discricionário, isto é, no poder vinculado, a Administração
Pública não tem liberalidade para avaliar a conveniência e a oportunidade para a prática de
um ato administrativo.
49
No âmbito do poder discricionário, fala-se em mérito administrativo, ou seja, faz-se juízo
de conveniência e de oportunidade. Celso Antônio Bandeira de Mello aduz que o poder
dicionário consiste na:
Com base no poder normativo ou regulamentar, a Administração Pública pode editar atos
de caráter normativo, com o objetivo de complementar e regulamentar a lei, visando à fiel
execução desta.
Tal poder, entretanto, encontra óbice no fato de que o administrador público não pode inovar,
criar e extinguir algo do ordenamento jurídico, devendo agir nos ditames da lei. Em razão
disso, representa um ato normativo secundário.
50
União (art. 84, parágrafo único, CF). Entretanto, essa inovação não é absoluta, encontrando
limites na redação constitucional, que prevê em rol taxativo as situações em que poderá
ocorrer. São elas:
2. Para dispor sobre “extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos” (art. 84,
VI, b, CF).
É um poder que a Administração Pública exerce em face dos particulares em geral. Também
é chamado de poder de polícia administrativa. No intuito de proteger o interesse público,
em detrimento do interesse privado, a Administração Pública cria condições e restrições aos
particulares que não possuem vínculo com o Estado. Para Carvalho Filho (2019), o poder de
polícia atua na órbita do interesse privado, com o fim de salvaguardar o interesse público,
restringindo os direitos individuais.
Logo, esse poder restringe a liberdade do particular ao incidir sobre bens, direitos ou
atividades deste. É o que ocorre, por exemplo, com a exigência de equipamentos anti-
51
incêndio nos prédios, com a necessidade de exame de habilitação para motorista, com a
interdição de estabelecimento pela Vigilância Sanitária por questões de higiene, entre outros
casos.
Nota-se que o poder de polícia ainda pode ser dividido nas seguintes fases: ordem;
consentimento, anuência do Estado; fiscalização e sanção; ou punição. As fases de
consentimento e de fiscalização podem ser delegadas para pessoas jurídicas de direito
privado, diferentemente das fases de ordem e de sanção, que não podem ser delegadas.
Por fim, o poder de polícia administrativa não se confunde com a polícia judiciária. Embora
em ambos os instrumentos haja a preocupação com o bem-estar social, a diferenciação se dá
52
na medida em que, no poder de polícia administrativa, a ênfase recai no ilícito administrativo,
enquanto, com a polícia judiciária, busca-se prevenir e reprimir o ilícito penal.
O abuso de poder ocorre quando os poderes não são utilizados de forma adequada pelos
agentes públicos. Para Mazza (2019), o uso irregular do poder é um vício que torna nulo
o ato administrativo, pelo fato de o agente exercer indevidamente as competências
administrativas. Dessa forma, caso ocorra lesão em decorrência desse abuso, caracterizar-
se-á a responsabilidade da autoridade que o praticou.
1. Excesso de poder: ocorre quando o agente age fora ou além da sua competência,
ou seja, o vício está no elemento competência, de forma que um agente público
pratica um ato de competência de outro cargo ou, ainda, extrapola as suas próprias
atribuições. Mazza (2019) admite a convalidação do ato quando puder ser corrigido
o vício, no intuito de preservar a sua eficácia;
2. Desvio de poder: o agente público atua dentro da sua competência, porém, com
finalidade diversa do interesse público. O vício está no elemento finalidade.
Quando ocorre o desvio de finalidade ou desvio de poder, o ato será nulo, conforme
determina o art. 2º, caput, alínea “e”, da Lei nº 4.717/1965;
3. Omissão: quando o agente teria que praticar o ato, mas não o pratica, ocorre o
abuso de poder pela omissão, ou seja, decorre da inércia da Administração ao não
realizar suas funções, o que caracteriza violação ao seu poder-dever.
Assim, o agente público tem o dever positivo de exercer suas funções em conformidade com
o que preleciona na lei. Caso contrário, haverá abuso de poder.
53
Mapa Mental
Poderes
administrativos
Vinculado
Discricionário
Regulamentar
Hierárquico
Disciplinar
Disciplinar
54
PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO
Legalidade + Mérito
Discricionário Possui margem de escolha
(Conveniência e Oportunidade)
ABUSO DE PODER
55
Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Administrativo. 17. ed. Salvador: JusPodivm,
2019.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019.
56
5. Atos Administrativos
5.1. Conceito
Para melhor esclarecer o conceito, a doutrina costuma trazer dois sentidos: amplo e estrito.
Vale conferir a explicação de Marinela:
Ato vinculado e ato discricionário: baseiam-se na margem de escolha que pode existir na
atuação da Administração. No ato vinculado, a Administração Pública não possui margem de
escolha, sendo obrigada a praticar exatamente o que está na lei. Já no ato discricionário, há
uma liberdade ou margem de escolha para administrador público, denominada de análise do
mérito administrativo, sendo esse o juízo de conveniência e de oportunidade. De maneira que,
57
ao praticar o ato, o administrador deve escolher a opção que melhor atenda ao interesse
público. Porém, essa margem de escolha deve ter previsão legal e se ater aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade. Quando é praticado um ato discricionário, pode-se dizer
que o administrador público se utiliza do critério da legalidade e de mérito, diferentemente do
que ocorre no ato vinculado, em que se utiliza apenas do critério da legalidade.
Ato geral e ato individual: referem-se à quantidade de destinatários do ato. Assim, nos
gerais, os destinatários são indeterminados. Tem-se, por exemplo, o decreto e a instrução
normativa. A contrario sensu, no ato individual, os destinatários são determinados,
individualizados. É o caso da nomeação de dez aprovados em concurso público.
Ato de império, ato de gestão e ato de expediente: o ato de império é aquele que a
Administração Pública pratica utilizando-se de sua supremacia. Diferentemente, o ato de
gestão é praticado pela Administração Pública sem que esta se valha de sua supremacia. Já
os atos de expediente são aqueles de caráter interno.
3. Ato eficaz: é aquele que está apto para a produção de seus efeitos.
58
Atos normativos: consistem nos atos gerais com características próximas às das leis. São
normas que não incluem as leis em sentido estrito. Exemplos: decretos regulamentares,
instruções normativas.
Atos ordinatórios: referem-se aos atos internos, ou seja, que são aplicados aos servidores
subordinados. Exemplos: memorando, portaria.
Atos negociais: são aqueles que a Administração Pública pratica sem valer-se de sua
supremacia/superioridade em relação ao particular, pois há situações em que os particulares,
antes de exercer suas atividades, precisam da anuência da Administração. Exemplos: licença,
autorização.
Atos enunciativos: não há uma manifestação de vontade produtora de efeitos jurídicos, pois
a Administração apenas declara uma situação, ou seja, emite um valor/opinião. Exemplos:
certidão, atestado.
Atos punitivos: é aquele que incorre em uma punição/sanção, que pode ser em face de um
servidor ou de um particular com vínculo no exercício de serviço de caráter público.
Os atos administrativos podem criar, modificar ou extinguir direitos e são compostos por cinco
elementos, também conhecidos como requisitos de validade:
COmpetência
FInalidade
FOrma
MOtivo
OBjeto
Competência: consiste na atribuição legal de quem tem a legitimidade para praticar o ato. A
exemplo, a autoridade superior tem competência para homologar uma licitação. Se houver um
59
vício no elemento competência, o agente incorrerá no excesso de poder. A competência
admite a delegação (permite que uma pessoa pratique o ato no lugar de outra) e a avocação
(retira a competência de alguém).
Finalidade: a finalidade do ato administrativo tem que ser o interesse público, não podendo o
agente praticá-lo de forma pessoal. A finalidade deve ser prevista em lei, por exemplo a
remoção de ofício do servidor. Se houver vício no elemento finalidade, ter-se-á o desvio de
poder.
Forma: relaciona-se à solenidade, sendo que, via de regra, os atos administrativos são
formalizados por escrito, exceto se a lei previr outra forma. É o caso da exigência de Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) para aplicar a penalidade de demissão a servidor público
estável.
Motivo: representa os pressupostos fáticos (fato) e jurídicos (previsão em lei), que justificam
a prática do ato. Como exemplo, a razão fática da nomeação é a aprovação em concurso
público, sendo esta uma exigência legal para ser nomeado.
Objeto: seria o próprio ato em si, mais especificamente o efeito que vai ser produzido, o
resultado e o conteúdo desse ato. A exemplo, tem-se a demissão, a nomeação e a
exoneração.
60
Autoexecutoriedade: a Administração Pública pode executar as suas decisões sem precisar
de intervenção judicial, utilizando-se, inclusive, de força, se necessário. É o caso da demolição
de propriedade privada. Contudo, observa-se que nem todo ato possui esse atributo. Por
exemplo, a multa não é autoexecutória.
Refere-se à retirada do ato do mundo jurídico. Existem duas formas para que ocorra a
extinção dos atos administrativos: anulação e revogação.
61
o ato que já gerou direito adquirido; os atos que integram um procedimento; os atos já
consumados; e os meros atos administrativos, cujos efeitos derivam de outros atos.
Por fim, cabe mencionar a Súmula nº 473 do STF, a qual preleciona que:
A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
A redação dessa súmula é criticada pela doutrina, no sentido de que, pelo princípio da
autotutela, a Administração Pública deverá anular os atos ilegais e poderá revogar os atos
por ela considerados inconvenientes ou inoportunos.
A teoria dos motivos determinantes, segundo Mazza (2019), visa a afirmar o motivo
apresentado, o qual vincula a Administração Pública para a validade do ato
administrativo. Mesmo no caso em que se dispensa a apresentação do motivo, se a
Administração Pública o fizer com razão falsa, o ato deve ser anulado.
Os motivos alegados para a prática do ato devem ser verdadeiros. Se forem falsos, o ato
será inválido e ilegal.
62
Mapa Mental
Presunção de
legitimidade e Autoexecutoriedade Tipicidade Imperatividade
veracidade
Anulação
Revogação Convalidação
(invalidação)
63
Referências Bibliográficas
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
64
6. Processo Administrativo – Lei nº 9.784/1999
Salienta-se que o rol de princípios expresso no artigo citado não é taxativo. Desse modo,
outros princípios, que estão implícitos no tema, também podem ser aplicáveis. Vejamos alguns
deles:
Princípio do devido processo legal: assegura, por meio do art. 5º, LIV, da Constituição
Federal, o respeito às previsões legais, incluindo a paridade de armas, por meio do
contraditório e da ampla defesa.
65
Princípio do formalismo moderado ou do informalismo: considera a instrumentalidade das
formas, pois o processo não é um fim em si mesmo. Desse modo, a Lei nº 9.784/1999 traz
disposições relacionadas, ao afirmar que o processo administrativo tem como critérios a
“observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados” (art. 2º,
parágrafo único, VIII) e a “adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau
de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados” (art. 2º, parágrafo único, IX).
Além disso, estabelece que, via de regra, não há forma determinada para os atos do processo
administrativo, exceto quando houver regra expressa em lei (art. 22, caput).
Princípio da verdade real: pauta-se pela maior proximidade possível com a veracidade do
caso concreto. Como no processo administrativo vigora a oficialidade, a própria Administração
poderá produzir as provas que julgar necessárias, independentemente de requerimento de
interessados.
66
Princípio da participação: pressupõe efetividade à democracia, por intermédio de
mecanismos que consagram a participação do povo nos Processos Administrativos, como as
Consultas Públicas e as Audiências Públicas (arts. 31 a 34, Lei nº 9.784/1999).
A Lei nº 9.784/1999, por ser uma lei federal, possui aplicabilidade somente para a União e
seus entes que compõem a Administração Pública Federal Direta e Indireta. Difere-se, dessa
maneira, de uma lei nacional, que se destina a todos os entes, nos níveis federal, estadual,
distrital e municipal. Assim, a Lei do Processo Administrativo abrange a União, às autarquias
federais, às fundações públicas federais, às sociedades de economia mista federais e às
empresas públicas federais. Ressalta-se que a Lei nº 9.784/1999 ainda abarca os Poderes
Legislativo e Judiciário, na esfera Federal, quando no exercício de suas funções atípicas
de atividades administrativas.
Em relação aos direitos dos administrados, tem-se o art. 3º da Lei nº 9.784/1999, que prevê
um rol exemplificativo, destacando-se, para fins de provas, o inciso IV, in verbis:
67
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a
condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles
contidos e conhecer as decisões proferidas;
III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais
serão objeto de consideração pelo órgão competente;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória
a representação, por força de lei.
Ainda quanto aos direitos e deveres dos administrados, cabe fazer menção ao direito de
defesa no processo administrativo, sobretudo à Súmula Vinculante nº 5, que assim dispõe:
“A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição”. Dessa forma, caso a parte não constitua advogado, não haverá nulidade pela
ausência de defesa técnica, exceto se a lei exigir o contrário.
Assim, cada servidor público possui suas atribuições e competências definidas em lei.
Todavia, a Administração Pública, valendo-se do poder hierárquico, definirá a forma como
essas competências poderão ser delegadas ou avocadas, desde que legalmente admitidas.
Quando é possível a delegação, esta será parcial, mediante termo formal e ocorrerá para
um servidor subordinado (relação vertical) ou na mesma posição (relação horizontal). A
delegação, assim como sua revogação, deverão ser publicadas em meio oficial. O ato de
delegação é precário porque é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. Além
disso, deverá especificar as matérias e poderes transferidos, bem como sua duração,
objetivos e recursos cabíveis (art. 14, Lei nº 9.784/1999).
68
Nem todo ato é passível de delegação, já que o art. 13 da Lei nº 9.784/1999 assim dispõe:
Para efeitos didáticos, a doutrina costuma dividir o processo administrativo em três fases:
fase inicial; fase instrutória; e fase decisória.
A intimação deverá ser feita com o mínimo de três dias de antecedência, considerando a
data fixada para comparecimento, e poderá se dar por meio postal com aviso de
69
recebimento, por telegrama, por ciência no processo, por publicação oficial ou, ainda, por
outro meio que assegure a certeza de ciência da pessoa a intimar. Na hipótese de
inobservância dos critérios legais, a intimação será nula, porém o comparecimento do
administrado supre a irregularidade (art. 26, §§ 2º a 5º, Lei nº 9.784/1999).
Por fim, concluída a instrução, o julgamento se dá por decisão devidamente motivada proferida
pela Comissão Julgadora. Trata-se da fase decisória, em que a Administração terá o prazo
de até 30 dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada
(art. 49, Lei nº 9.784/1999). Nessa fase final, o interessado poderá renunciar a direitos
disponíveis e, também, desistir total ou parcialmente do pedido, manifestando-se por escrito.
70
6.6. Recursos administrativos no processo administrativo
Segundo Fernando Ferreira Baltar Neto e Ronny Charles Lopes de Torres (2019), “o recurso
administrativo é uma forma de impugnação a uma decisão administrativa, em processo
devidamente instaurado, mediante manifestação do inconformismo” (p. 612). A Lei nº
9.784/1999 compilou as regras recursais nos arts. 56 a 65.
Nesse sentido, o art. 56 da Lei nº 9.784/1999 dispõe que o recurso pode ser motivado por
razões de legalidade e de mérito, devendo ser interposto a órgão a quo. Isto é, deve ser
dirigido à autoridade que prolatou a decisão, que poderá reconsiderá-la, no prazo de cinco
dias ou, caso contrário, encaminhá-la ao órgão superior.
71
administrativo versar sobre sanções, e o recurso tiver como base fato novo capaz de alterar a
sanção imposta. Vale conferir a redação:
Assim, na situação prevista no dispositivo citado, a decisão do recurso não poderá agravar a
sanção do recorrente.
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Mapa Mental
Princípios do Processo
Administrativo
Legalidade
Finalidade
Motivação
Razoabilidade
Proporcionalidade
Moralidade
Ampla defesa
Contraditório
Segurança jurídica
Interesse público
Eficiência
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FASE CARACTERÍSTICAS
- de ofício
Instauração
- mediante provocação
- produção de provas
- intimação dos interessados
- possibilidade de providências cautelares
Instrução - oitiva de órgão consultivo
- elaboração de Relatório
- manifestação do interessado no prazo de 10 dias, a contar do encerramento dessa
fase
- decisão da Comissão Julgadora
- poderá ocorrer renúncia a direito disponível por parte do interessado
Julgamento
- renúncia e desistência do interessado não necessariamente extingue o processo
(interesse público)
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Referências Bibliográficas
BALTAR NETO, Fernando Ferreira; TORRES, Ronny Charles Lopes de. Direito
Administrativo. Vol. 9. 9. ed. Salvador: JusPodivm, 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019.
OLIVEIRA, Rafael de Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 7. ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019.
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7. Licitações
De acordo com Celso Antonio Bandeira de Mello (2019, p. 519), licitação consiste em:
Nota-se que o procedimento licitatório busca escolher a proposta mais vantajosa para a
Administração Pública, de modo a alcançar o interesse público primário. Via de regra, há a
obrigatoriedade em licitar, como se depreende do artigo 37, inciso XXI, da Constituição
Federal:
76
oportunidades aos interessados mediante o cumprimento de regras estipuladas previamente,
evitando favoritismos.
Este dispositivo foi regulamentado pelo Decreto nº 7.746/2012, que estabeleceu critérios e
práticas para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações
realizadas pela Administração Pública Federal, bem como instituiu a Comissão Interministerial
de Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP. Trata-se de compatibilizar os critérios
ambientais, econômicos e sociais, configurando o que se denomina como “licitação verde”.
Art. 4º Para os fins do disposto no art. 2º, são considerados critérios e práticas
sustentáveis, entre outras:
I - baixo impacto sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água;
II – preferência para materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local;
III – maior eficiência na utilização de recursos naturais como água e energia;
IV – maior geração de empregos, preferencialmente com mão de obra local;
V – maior vida útil e menor custo de manutenção do bem e da obra;
VI - uso de inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais;
VII - origem sustentável dos recursos naturais utilizados nos bens, nos serviços
e nas obras; e
VIII - utilização de produtos florestais madeireiros e não madeireiros originários
de manejo florestal sustentável ou de reflorestamento.
77
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da
administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações
públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais
entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.
Nota-se que todos os envolvidos no dever de licitar têm em comum o fato de estarem
diretamente envolvidos com o dinheiro público, o que, consequentemente, traz essa
obrigatoriedade, com o propósito de gerenciar a coisa pública nos parâmetros voltados ao
interesse público primário.
No artigo 22, inciso XXVII, a Constituição Federal estipulou a competência privativa da União
para legislar sobre normas gerais relacionadas às licitações:
Isso significa que à União compete estabelecer as normas gerais sobre licitações. Entretanto,
a União, mediante lei complementar, poderá autorizar os Estados a fazer tal legislação,
consoante autoriza o parágrafo único do artigo 22 da Constituição Federal.
A Lei nº 8.666/1993 elenca diversos princípios aplicáveis às licitações, salientando o artigo 3º,
caput, que cita os seguintes: legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade,
78
probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório e julgamento objetivo.
Vejamos alguns detalhes:
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3. Exclusividade para ME ou EPP: as microempresas e empresas de pequeno porte
terão um tratamento diferenciado e favorecido, na forma da Lei Complementar nº
123/2006.
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7.4. Contratação direta
Embora a regra seja licitar, a própria Constituição Federal, no artigo 37, inciso XXI, faz menção
à possibilidade de ressalvas de casos especificados na legislação. Assim, a Lei nº 8.666/1993,
que regulamentou esse dispositivo, elenca hipóteses de dispensa e de inexigibilidade de
licitação. Tratam-se de situações em que haverá contratação direta e que devem ser
interpretadas restritivamente, pois são exceções à regra, o que justifica a previsão do artigo
26 da Lei nº 8.666/1993, no sentido de se observar um procedimento formal prévio, com o
objetivo de apurar e comprovar essas hipóteses, mediante decisão administrativa motivada:
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I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da
administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,
inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de
licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da
administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto
nas alíneas f, h e i;
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X
do art. 24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer
esfera de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso,
locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos,
destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais
ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
entidades da administração pública;
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383,
de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da
Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso,
locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local
com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos
no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social
desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública;
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras
públicas rurais da União e do Incra, onde incidam ocupações até o limite de
que trata o § 1o do art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins
de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; e
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada
esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após
avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente
à escolha de outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da
Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a
legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da
Administração Pública, em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da
Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.
82
bens, incluindo a licitação dispensada. Caso contrário, isto é, se se admitisse a aplicação
desse dispositivo a todos os entes, haveria desrespeito à cláusula pétrea do pacto federativo.
Ademais, de acordo com a doutrina majoritária, a licitação dispensada tem como característica
a “ausência de discricionariedade do administrador, pois o próprio legislador dispensou
previamente a licitação” (OLIVEIRA, 2019, p. 69). É o que se denomina “dispensa legal”, o
que a diferencia da licitação dispensável.
83
Pode-se resumir as principais situações em que a licitação será dispensável da seguinte
forma: (01) obras e serviços com valor inferior a R$ 15 mil (o dobro desse valor, para
consórcios e agências executivas); (02) outros objetos até R$ 8 mil; (03) guerra ou
perturbação; (04) emergência ou calamidade pública; (05) não acudirem interessados à
licitação: é a chamada “licitação deserta”; observar que deverá ocorrer nova licitação se
houver interessados, mas nenhum habilitado ou classificado (“licitação fracassada”); (06)
impressão de diários oficiais, se houver entidade criada para esse fim; e (07) aquisição e
restauração de obra de arte e objetos históricos.
84
7.5. Tipos de licitação
O artigo 45, § 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.666/1993, estabelece quais são os tipos de licitação:
Percebe-se que o tipo de licitação se relaciona ao critério objetivo que o administrador deverá
se pautar durante o procedimento licitatório. Além disso, veda-se a aplicação de outro tipo
senão os indicados neste dispositivo (artigo 45, § 5º, da Lei nº 8.666/1993). A exceção se dá
na modalidade concurso, em que não se aplicam quaisquer tipos.
O tipo menor preço pauta-se na oferta de menor valor como critério de seleção mais vantajosa
para a Administração Pública. Assim, as propostas serão classificadas em ordem crescente
de preço, do menor para o maior, sendo vencedora aquela que tiver o menor preço. Caso haja
empate, haverá sorteio, em ato público. O pregão utiliza, obrigatoriamente, o tipo menor preço.
Já o tipo maior lance ou oferta, será vencedor aquele que oferecer maior valor quando da
alienação de bens ou concessão de direito real de uso, como ocorre no leilão.
Quanto aos tipo de licitação “melhor técnica” ou “técnica e preço”, conforme o artigo 46, caput,
da Lei nº 8.666/1993, “serão utilizados exclusivamente para serviços de natureza
predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a
elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos” de obras. O tipo
técnica e preço é usado para a contratação de bens e serviços de informática, nos termos do
§ 4º do mesmo dispositivo.
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7.6. Modalidades de licitação
Lembre-se que é permitida a utilização de uma modalidade mais solene no lugar de uma
modalidade menos solene, como, por exemplo, fazer uma concorrência em vez de convite,
porém o contrário não se admite (por exemplo, convite em vez de concorrência).
7.6.1. Concorrência
86
concessões de direito real de uso, nas licitações internacionais e nas hipóteses do artigo 2º,
inciso II, da Lei nº 8.987/1995, que versam sobre concessão de serviço público.
De acordo com o artigo 22, § 2.º, da Lei nº 8.666/1993, podem participar da tomada de preços
os “interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas
para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação”.
7.6.3. Convite
É a modalidade cujo procedimento é mais simples e, por isso, utilizado nas contratações
menos complexas, como para obras e serviços de engenharia com valor até R$ 330.000,00
(trezentos e trinta mil reais) e para compras e serviços até R$ 176.000,00 (cento e setenta e
seis mil reais), aplicando-se esses valores em dobro, nos casos de consórcios públicos
formados por até três entes da Federação, e em triplo, no caso de consórcios públicos
formados por maior número (artigo 23, inciso I, alínea “a”, inciso II, alínea “a”, e § 8º, da Lei nº
8.666/1993; artigo 1º, inciso I, alínea “a”, e inciso II, alínea “a”, do Decreto nº 9.412/2018).
Quanto à publicidade da Carta-Convite, deverá ser obedecido o prazo de 5 (cinco) dias úteis,
contados entre o início e a abertura do certame (artigo 21, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993).
Caso haja modificação no instrumento convocatório, esta deverá ser publicada no Diário
Oficial, sob pena de nulidade.
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7.6.4. Concurso
Conforme o artigo 22, § 4º, da Lei nº 8.666/1993, concurso “é a modalidade de licitação entre
quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a
instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de
edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias”.
De acordo com o artigo 13, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, “os contratos para a prestação de
serviços profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a
realização de concurso”.
Quanto à publicidade do Edital, deverá ser obedecido o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias
corridos, contados entre o início e a abertura do certame (artigo 21, inciso I, alínea “a”, da Lei
nº 8.666/1993). Caso haja modificação no Edital, esta deverá ser publicada no Diário Oficial,
sob pena de nulidade.
7.6.5. Leilão
É a modalidade de licitação utilizada para alienação de bens, ou seja, para venda, sendo
vencedor aquele cujo lance for igual ou superior ao valor da avaliação. Consoante a definição
do artigo 22, § 5º, da Lei nº 8.666/1993:
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2. produtos legalmente apreendidos ou penhorados, como, por exemplo, os leilões da
Receita Federal e os leilões de joias da Caixa Econômica Federal;
Qualquer interessado pode participar e apresentar propostas diversas. O leilão ficará sob a
responsabilidade de leiloeiro oficial ou de servidor designado pela Administração, devendo ser
feita a avaliação prévia do bem a ser leiloado, de modo que o valor obtido com essa avaliação
servirá de base para ser fixado o preço mínimo da arrematação. Os bens arrematados serão
entregues ao arrematante depois da assinatura da Ata e serão pagos à vista (ou em até 24h,
se for leilão internacional) ou conforme o percentual estabelecido no Edital, desde que não
inferior a 5% (cinco por cento) (artigo 53 da Lei nº 8.666/1993).
Quanto à publicidade do Edital, este será divulgado de forma ampla, com destaque para o
Município em que se realizar, e deverá ser obedecido o prazo de 15 (quinze) dias corridos,
contados entre o início e a abertura do certame (artigo 21, inciso III, da Lei nº 8.666/1993).
Caso haja modificação no Edital, esta deverá ser publicada no Diário Oficial, sob pena de
nulidade.
7.6.6. Pregão
A modalidade licitatória “pregão” não está prevista na Lei 8.666/93, tendo sido criada pela Lei
nº 10.520/2002 e regulamentada pelos Decretos 3.555/2000, 5.450/2005 e 7.174/2010.
Contudo, a Lei Geral de Licitações tem aplicação de modo subsidiário. A Lei nº 10.520/2002
é válida para todas as esferas, União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
O pregão é utilizado para a aquisição de bens e serviços comuns, entendidos como “aqueles
cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital,
por meio de especificações usuais no mercado” (artigo 1º, parágrafo único, da Lei nº
10.520/2002). O tipo de licitação adotado para a seleção da proposta vencedora é o menor
preço. Não se aplicam os tipos de licitação técnica ou técnica e preço.
A Administração nunca pode utilizar a modalidade pregão para alienar/vender bens. É vedada
a utilização do pregão para obras e serviços de engenharia. Também não utiliza a modalidade
pregão para locação imobiliária, devido à escolha da locação ter requisitos especiais.
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O pregão pode ser utilizado para formação do sistema de registro de preços, visando a
contratação futura pela Administração Pública, e, também, pode ser feito por meio eletrônico,
mediante recursos de Tecnologia da Informação, conforme determina o Decreto nº.
5450/2005.
No dia da abertura do certame, ocorrerá a seleção da proposta mais vantajosa entre o licitante
que ofertou o valor mais baixo e todos os autores das ofertas com preços de até 10% (dez por
cento) superiores ao ofertado por aquele, que farão negociações, podendo fazer lances
verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor. Entretanto, caso não haja ofertantes
que atendam a este critério valorativo, serão chamados para essa etapa de lances os autores
das melhores propostas seguintes, até o máximo de três licitantes (artigo 4º, incisos VIII e IX,
da Lei nº 10.520/2002).
Depois de declarado o vencedor do certame, abrirá o prazo para que interessados possam
recorrer, de forma que deverão, sob pena de decadência, se manifestar imediata e
motivadamente a intenção de interpor recurso, sendo-lhe concedido o prazo de 3 (três) dias
para a apresentação das razões recursais, seguido de mais 3 (três) dias para os demais
licitantes apresentarem contrarrazões (artigo 4º, inciso XVIII e XX, da Lei nº 10.520/2002).
91
No julgamento do recurso, invalidar-se-á apenas os atos insuscetíveis de aproveitamento
(princípio da instrumentalidade das formas) e, após a decisão do recurso, haverá a
adjudicação do objeto da licitação ao vencedor (artigo 4º, incisos XIX e XXI, da Lei nº
10.520/2002).
Por fim, anota-se que, no pregão, a fase da homologação ocorre depois da adjudicação, de
forma a garantir celeridade, simplificando os procedimentos. É o que a doutrina denomina de
“inversão de fases”, já que nas modalidades licitatórias previstas na Lei nº 8.666/1993
(concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão) a ordem é diferente, como será
estudado no próximo tópico.
92
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos,
acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e
aprovadas por assessoria jurídica da Administração.
Assim, a doutrina costuma subdividir o procedimento em duas fases: (a) Fase interna, que
compreende a abertura do processo administrativo, o orçamento, a elaboração do edital e a
designação da comissão de licitação; e (b) Fase externa, que dispõe sobre a publicação do
edital ou envio do convite, abertura dos envelopes, habilitação, julgamento, homologação e
adjudicação. Para fins de estudos voltados ao Exame de OAB, interessa-nos abordar alguns
detalhes da fase externa.
O prazo mínimo entre a publicação do Edital e a data da licitação varia de acordo com a
modalidade licitatória (artigo 21, § 2º, da Lei nº 8.666/1993; artigo 4º, inciso V, da Lei nº
10.520/2002), do seguinte modo: (a) Concorrência: 45 dias, quando o contrato a ser celebrado
contemplar o regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo "melhor técnica"
ou "técnica e preço", e 30 dias, nos demais casos; (b) Tomada de preços: 30 dias, quando a
licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço", e 15 dias, nos demais casos; (c)
Convite: 5 dias úteis; (d) Concurso: 45 dias; (e) Leilão: 15 dias; (f) Pregão: 8 dias úteis.
Art. 43. A licitação será processada e julgada com a observância dos seguintes
procedimentos:
I - abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à habilitação dos
concorrentes, e sua apreciação;
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II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes inabilitados, contendo
as respectivas propostas, desde que não tenha havido recurso ou após sua
denegação;
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos concorrentes
habilitados, desde que transcorrido o prazo sem interposição de recurso, ou
tenha havido desistência expressa, ou após o julgamento dos recursos
interpostos;
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital
e, conforme o caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão
oficial competente, ou ainda com os constantes do sistema de registro de
preços, os quais deverão ser devidamente registrados na ata de julgamento,
promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes ou
incompatíveis;
V - julgamento e classificação das propostas de acordo com os critérios de
avaliação constantes do edital;
VI - deliberação da autoridade competente quanto à homologação e
adjudicação do objeto da licitação.
§ 1º A abertura dos envelopes contendo a documentação para habilitação e as
propostas será realizada sempre em ato público previamente designado, do
qual se lavrará ata circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e pela
Comissão.
§ 2º Todos os documentos e propostas serão rubricados pelos licitantes
presentes e pela Comissão.
§ 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da
licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar
a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento ou
informação que deveria constar originariamente da proposta.
§ 4º O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, no que couber, ao
concurso, ao leilão, à tomada de preços e ao convite.
§ 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes (incisos I e II) e
abertas as propostas (inciso III), não cabe desclassificá-los por motivo
relacionado com a habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou só
conhecidos após o julgamento.
§ 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência de proposta, salvo por
motivo justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão.
Nota-se que o processamento das propostas se inicia com a habilitação, momento em que a
Administração Pública analisará se os licitantes preenchem ou não os requisitos previstos no
instrumento convocatório. Em suma, exige-se a habilitação jurídica, a regularidade fiscal e
trabalhista, a qualificação técnica, a qualificação econômico-financeira e o cumprimento do
artigo 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal (“proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo
na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”).
Após a habilitação, haverá a abertura dos envelopes com o julgamento das propostas. Essa
fase também é conhecida como classificação. Nessa ocasião, a Administração selecionará
o licitante vencedor, conforme os critérios objetivos elencados no instrumento convocatório.
Depois do julgamento, haverá a abertura de prazos para recurso. Em seguida, ocorrerá a
94
homologação, quando a Administração Pública reconhecerá a legitimidade de todo o
procedimento.
Por fim, após a homologação, segue a adjudicação, quando a autoridade competente declara
o licitante vencedor, gerando expectativa de direito à contratação. Para Mazza (2019) a
adjudicação consiste na última fase, sendo o ato administrativo declaratório e vinculado do
objeto da licitação ao vencedor do certame.
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intimação do ato ou da
lavratura da ata, nos casos de:
a) habilitação ou inabilitação do licitante;
b) julgamento das propostas;
c) anulação ou revogação da licitação;
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou
cancelamento;
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 desta Lei;
f) aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de multa;
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da intimação da decisão
relacionada com o objeto da licitação ou do contrato, de que não caiba recurso
hierárquico;
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro de Estado, ou Secretário
Estadual ou Municipal, conforme o caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta
Lei, no prazo de 10 (dez) dias úteis da intimação do ato.
O licitante e/ou parte interessada deverá impetrar o recurso no prazo máximo de 5 (cinco) dias
úteis, contados da lavratura da ata ou da data da intimação da decisão referente ao processo
licitatório ou contrato, isso para as modalidades Concorrência, Tomada de Preços, Concurso
e Leilão. Para a modalidade Convite, o prazo para impetrar recurso é de 02 (dois) dias úteis.
Quando interposto o recurso, os demais licitantes serão informados para que, se houver
interesse, apresentar contrarrazões em igual prazo.
95
Os recursos serão interpostos perante a autoridade que proferiu a decisão recorrida,
permitindo a esta a reconsideração. Contudo, caso não haja a reconsideração, o recurso será
encaminhado à autoridade superior, para julgamento, sob pena de responsabilidade.
A contagem dos prazos é feita consoante o artigo 110 da Lei nº 8.666/1993, excluindo-se o
dia do começo e incluindo o dia do vencimento, de forma que só iniciam e vencem os prazos
em dia de expediente no órgão ou na entidade.
A anulação da licitação, segundo Mazza (2019) não gera direito a indenização pelo particular.
Diferentemente ocorre na revogação, em que o particular terá direito ao ressarcimento.
Atente-se, ainda, para a Súmula nº 473 do Supremo Tribunal Federal (STF) que também
dispõe sobre anulação e revogação de atos administrativos:
Súmula 473. A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
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Perceba que a redação da Súmula 473 do STF difere da do artigo 49, caput, da Lei nº
8.666/1993, sendo, inclusive, criticada pela doutrina, pois a expressão “pode anular” garante
à Administração Pública uma certa margem de discricionariedade para decidir se irá ou não
anular determinado ato administrativo, o que se traduz numa violação ao princípio da
legalidade, pois se o ato é vicioso a ponto de ser ilegal, o Poder Público deve anulá-lo, não
tendo outra alternativa. De outra baila, na revogação, o ato administrativo é avaliado com base
na conveniência e na oportunidade, sendo que a análise do mérito cabe ao administrador.
A Lei Geral de Licitações elenca alguns crimes que estão relacionados com o procedimento
licitatório, os quais estão previstos nos artigos 89 a 98, in verbis:
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou
deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente
concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.
97
vantagem indevida ou se beneficia, injustamente, das modificações ou
prorrogações contratuais.
Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de violência, grave
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar,
em razão da vantagem oferecida.
Os crimes de licitações, segundo Mazza (2019) podem ser cometidos tanto pelos licitantes
como pelos servidores públicos (artigo 84 da Lei nº 8.666/1993), a depender do tipo penal em
que se enquadra os fatos. Todos os crimes são de ação penal pública incondicionada e,
quando cometidos, não impedem a aplicação das sanções da Lei de Improbidade
Administrativa (Lei nº 8.429/1992).
A título de sujeição passiva, tem-se o ente público no âmbito em que ocorrer a licitação.
Também poderão ser vítimas o servidor e os demais licitantes que participarem do
98
procedimento. Todos as infrações exigem o dolo como elemento subjetivo, inexistindo
modalidade culposa.
A previsão de tais crimes tem como objetivo a proteção do bem jurídico “moralidade
administrativa”, com destaque para a garantia da competitividade e da isonomia, bem como
dos princípios que regem a Administração Pública (BALTAZAR JÚNIOR; GONÇALVES,
2019).
O Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) foi instituído pela Lei nº 12.462, de
04 de agosto de 2011, regulamentada pelo Decreto nº 7.581/2011, ocasião em que o Brasil
confirmou que sediaria a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Segundo Mazza
(2018), o RDC objetivou, inicialmente, viabilizar a realização das obras e contratações de
infraestrutura para a realização desses eventos, baseando-se na ampliação da eficiência nas
contratações públicas, na competitividade entre os licitantes, na promoção da troca de
experiências e de tecnologia com melhores custos e benefícios para a Administração Pública,
no incentivo à inovação tecnológica e no tratamento isonômico entre os licitantes, de modo a
selecionar a proposta mais vantajosa ao interesse público.
Ao interpretar o artigo 1º, incisos I a X, da Lei nº 12.462/2011, Mazza (2019, p. 587) resume o
rol taxativo de situações em que o RDC poderá ser aplicado:
100
A Lei nº 13.303/2016 traz algumas hipóteses para contratação direta, as quais possuem
previsão no artigo 28, § 3º, incisos I e II (licitação dispensada) e no artigo 29 (licitação
dispensável):
101
contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins
lucrativos;
VIII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou
estrangeira necessários à manutenção de equipamentos durante o período de
garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal
condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;
IX - na contratação de associação de pessoas com deficiência física, sem fins
lucrativos e de comprovada idoneidade, para a prestação de serviços ou
fornecimento de mão de obra, desde que o preço contratado seja compatível
com o praticado no mercado;
X - na contratação de concessionário, permissionário ou autorizado para
fornecimento ou suprimento de energia elétrica ou gás natural e de outras
prestadoras de serviço público, segundo as normas da legislação específica,
desde que o objeto do contrato tenha pertinência com o serviço público.
XI - nas contratações entre empresas públicas ou sociedades de economia
mista e suas respectivas subsidiárias, para aquisição ou alienação de bens e
prestação ou obtenção de serviços, desde que os preços sejam compatíveis
com os praticados no mercado e que o objeto do contrato tenha relação com a
atividade da contratada prevista em seu estatuto social;
XII - na contratação de coleta, processamento e comercialização de resíduos
sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta
seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda que tenham como
ocupação econômica a coleta de materiais recicláveis, com o uso de
equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde
pública;
XIII - para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País,
que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa
nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pelo
dirigente máximo da empresa pública ou da sociedade de economia mista;
XIV - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º
e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios
gerais de contratação dela constantes;
XV - em situações de emergência, quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos
ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da
situação emergencial e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contado da ocorrência da emergência, vedada a prorrogação dos
respectivos contratos, observado o disposto no § 2º;
XVI - na transferência de bens a órgãos e entidades da administração pública,
inclusive quando efetivada mediante permuta;
XVII - na doação de bens móveis para fins e usos de interesse social, após
avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica relativamente
à escolha de outra forma de alienação;
XVIII - na compra e venda de ações, de títulos de crédito e de dívida e de bens
que produzam ou comercializem.
Nesses casos, dispostos nos artigos 28 e 29 da Lei nº 13.303/2016, não há necessidade das
empresas públicas e das sociedades de economia mista realizarem licitação. Já no artigo 30,
incisos I e II, alíneas “a” a “g”, desse mesmo diploma legal, também há hipótese de contratação
direta, todavia, a competição é inviável:
102
Art. 30. A contratação direta será feita quando houver inviabilidade de
competição, em especial na hipótese de:
I - aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser
fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo;
II - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados, com
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
Outros dispositivos que merecem salientar da Lei nº 13.303/2016 são os artigos 51 e 63, que
trazem, respectivamente, a sequência de fases e os quesitos preliminares do procedimento
licitatório:
Art. 63. São procedimentos auxiliares das licitações regidas por esta Lei:
I - pré-qualificação permanente;
II - cadastramento;
III - sistema de registro de preços;
IV - catálogo eletrônico de padronização.
Parágrafo único. Os procedimentos de que trata o caput deste artigo
obedecerão a critérios claros e objetivos definidos em regulamento.
Art. 51. As licitações de que trata esta Lei observarão a seguinte sequência de
fases:
I - preparação;
II - divulgação;
III - apresentação de lances ou propostas, conforme o modo de disputa
adotado;
IV - julgamento;
V - verificação de efetividade dos lances ou propostas;
VI - negociação;
VII - habilitação;
VIII - interposição de recursos;
IX - adjudicação do objeto;
X - homologação do resultado ou revogação do procedimento.
Quantos aos tipos de licitação, há previsão no artigo 54, incisos I a VIII, da Lei das Estatais,
que têm como base os critérios objetivos de julgamento, lembrando que o administrador
poderá negociar condições mais vantajosas com os licitantes, nos termos do artigo 57, caput:
103
IV - melhor técnica;
V - melhor conteúdo artístico;
VI - maior oferta de preço;
VII - maior retorno econômico;
VIII - melhor destinação de bens alienados.
Além disso, conforme a Lei nº 13.303/2016, o procedimento licitatório, em regra, terá fase
recursal única, salvo no caso de inversão de fases, e o recurso deverá ser apresentado no
prazo de 5 (cinco) dias úteis após a habilitação (artigo 59).
Salienta-se, ainda, que a duração dos contratos, via de regra, é de 5 (cinco) anos (artigo 71).
Ademais, segundo a Lei das Estatais, os contratos só poderão sofrer alteração mediante
acordo entre as partes, inadmitindo alteração unilateral (artigo 72). O contratado poderá
aceitar alterações quantitativas, em regra, de até 25% de acréscimos ou de supressões (artigo
81, § 1º). O referido diploma prevê, também, os regimes de contratação integrada e semi-
integrada (artigo 42, incisos V e VI).
O artigo 3º do Decreto nº 7.892/2013 traz situações em que o SRP poderá ser aplicado:
104
Conforme explica Mazza (2019, p. 566), existem algumas condições específicas para a
manutenção do SRP, como dispõe o artigo 15, § 3º, incisos I a III, da Lei nº 8.666/1993:
Anota-se que para a elaboração do SRP há que se cumprir a exigência prévia de ampla
pesquisa de mercado, sendo que a licitação deverá ser nas modalidades concorrência ou
pregão, do tipo menor preço. A ata de registro de preços terá validade de até 12 (doze) meses,
já incluindo eventuais prorrogações, devendo os preços ser publicados trimestralmente na
imprensa oficial.
Outros órgãos ou entidades, que não os órgãos participantes da licitação, também poderão
contratar através da ata, desde que seja justificada a vantagem e com a anuência do órgão
gerenciador. Ressalta-se o tratamento distinto entre os entes federados, de modo que é
facultativa a adesão a ata de registro de preços da Administração Pública Federal pelas
entidades ou órgãos municipais, distritais ou estaduais. Contudo, o contrário não se admite,
pois à Administração Pública Federal é vedada a adesão a ata de registro de preços municipal,
distrital ou estadual. Os detalhes das regras relacionadas constam no artigo 22 do Decreto nº
7.892/2013.
105
Mapa Mental
Leilão
Menor preço (regra), melhor técnica, técnica e preço, maior lance ou oferta
Concorrência
(alienação de bens)
Concurso Nenhum
106
Referências Bibliográficas
ALEXANDRE, Ricardo; DEUS, João de. Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Método,
2018.
BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Legislação Penal
Especial Esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 43. ed. São Paulo: Malheiros,
2018.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019.
OLIVEIRA, Rafael de Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. 7. ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019.
107
8. Contratos Administrativos
8.1. Conceitos
Mazza (2019, p. 646) traz um rol de conceitos doutrinários para o “contrato administrativo”:
Assim como nas licitações, a competência para legislar sobre contratos é privativa da União,
conforme estabelece o artigo 22, inciso XXVII, da Constituição Federal.
Os sujeitos do contrato administrativo, segundo determina o artigo 6º, incisos XIV e XV, da Lei
nº 8.666/93, são, de um lado, o órgão ou entidade signatária do instrumento contratual, como
“contratante”, e, de outro lado, a pessoa física ou jurídica signatária de contrato com a
Administração Pública, na condição de “contratado”. No caso de contratos de consórcios
públicos, não terá a figura do particular, sendo uma cooperação entre entes federados, com
fulcro ao que estabelece o artigo 241 da Constituição Federal e a Lei nº 11.795/2008.
108
8.2. Características
Diferentemente, ocorre com os contratos sob o regime jurídico de Direito Público, em que
predomina a relação de verticalidade, já que a Administração Pública age com poder de
império sobre o particular. Contudo, as normas de Direito Privado têm aplicação supletiva na
hipótese de suprimento de lacunas, consoante dispõe o artigo 54, caput, da Lei nº 8.666/1993.
109
e) existência de cláusulas exorbitantes, demonstrando que a Administração Pública
possui superioridade quando o contratado for particular;
As cláusulas necessárias aos contratos administrativos estão dispostas no artigo 55, incisos I
a XIII, da Lei nº 8.666/1993, in verbis:
110
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão
administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão,
quando for o caso;
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a
inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor;
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos
omissos;
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do
contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as
condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
Cabe ressalvar que a doutrina ensina de modo diferente, pois apesar de o dispositivo trazer a
expressão “cláusulas necessárias”, segundo Justen Filho (2018), a rigor, somente são
obrigatórias as cláusulas constantes nos incisos I, II, III, IV e VII, sendo as demais cláusulas
facultativas. Contudo, para fins de Exame de OAB, atenta-se para o dispositivo literal.
As cláusulas exorbitantes, conforme explana Mazza (2019), são as que conferem poderes
contratuais especiais, ficando a Administração Pública em posição de superioridade diante do
particular. A aplicação dessas cláusulas se justifica em decorrência da aplicação do princípio
da supremacia do interesse público sobre o interesse privado e, quando atendem a este
critério de justificação, não há que se falar em abusividade.
Mazza (2019) destaca a previsão legal das cláusulas exorbitantes, as quais estão
especificadas no artigo 57, § 1º, incisos I a VI, da Lei nº 8.666/1993, elencando como as mais
comuns e importantes: (a) exigência de garantia; (b) alteração unilateral do objeto; (c)
manutenção do equilíbrio econômico -financeiro; (d) inoponibilidade da exceção do contrato
não cumprido; (e) rescisão unilateral; (f) fiscalização; (g) aplicação de penalidades; e (h)
ocupação provisória.
Uma das principais cláusulas exorbitantes é a alteração unilateral do contrato, a qual decorre
da vontade da Administração Pública em fazer uma alteração na qualidade de um produto,
por exemplo, o que demonstra um privilégio de superioridade da Administração Pública em
relação ao particular. É possível alterar unilateralmente a qualidade e a quantidade do objeto
(artigo 65, § 1º, da Lei nº 8.666/1993). As demais alterações devem ser pactuadas entre as
partes.
111
A alteração do quantitativo do objeto pode ser de até 25% de supressão ou acréscimo, sendo
que, para reforma de bens móveis ou imóveis, esse acréscimo é de até 50% do valor do
contrato, sendo que supressão é limitada a 25% do valor do contrato. Os limites estabelecidos
poderão ser excedidos em caso de acordo celebrado entre os contratantes (artigo 65, §§ 1º e
2º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993).
Mesmo quando ocorre a alteração unilateral do contrato, a Administração Pública deve aplicar
o reequilíbrio econômico-financeiro, com o objetivo de manter estável a remuneração do
contratado.
8.5. Duração
O artigo 57, caput, da Lei Geral de Licitações, estabelece a regra de duração, no sentido de
que, em regra, os contratos têm vigência adstrita aos respectivos créditos orçamentários,
tendo algumas exceções. Confira a redação do dispositivo:
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência
dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas
no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da
Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que
poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com
vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração,
limitada a sessenta meses;
III - (Vetado).
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática,
podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses
após o início da vigência do contrato.
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24, cujos
contratos poderão ter vigência por até 120 (cento e vinte) meses, caso haja
interesse da administração.
Dessa forma, a regra consiste em que os contratos tenham duração conforme previsão
orçamentária. Quanto às exceções, salienta-se o inciso II do artigo 57, que prevê que os
contratos de prestação de serviços contínuos poderão ter a duração prorrogada limitada a 60
(sessenta) meses. Acrescenta-se a essa norma o § 4º do mesmo artigo, que autoriza que esse
112
prazo poderá ser prorrogado por até 12 (doze) meses, em caráter excepcional e mediante
justificativa e autorização da autoridade superior.
Destarte, toda a prorrogação realizada em um contrato administrativo deve ser justificada por
escrito e previamente autorizada pela autoridade competente, para que produza validade no
nosso ordenamento jurídico, sendo vedado o contrato por prazo indeterminado, conforme
determina os §§ 2º e 3º do artigo 57, da Lei Geral de Licitações.
8.6. Extinção
Em relação à extinção dos contratos administrativos, tem-se que ocorrerá naturalmente, por
cumprimento do objeto ou término do prazo, pela impossibilidade material (desaparecimento
do objeto, por exemplo) ou jurídica (falência da empresa contratada, por exemplo), por
anulação, em razão de ilegalidade, e pela rescisão, quando o desfazimento ocorrer por outros
motivos, diferentes da ilegalidade. Neste tópico, cabe tecer os principais detalhes sobre a
rescisão.
A rescisão poderá ser unilateral, amigável ou judicial, como dispõe o artigo 79, incisos I a III,
da Lei nº 8.666/1993:
A rescisão unilateral é uma das cláusulas exorbitantes que a Administração Pública poderá se
valer e se dará nas hipóteses elencadas no artigo 78, incisos I a XVIII, da Lei Geral de
Licitações, em rol exemplificativo:
113
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado
com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão,
cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
VII - o desatendimento das determinações regulares da autoridade designada
para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus
superiores;
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas na forma
do § 1o do art. 67 desta Lei;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência civil;
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da
empresa, que prejudique a execução do contrato;
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento,
justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a
que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a
que se refere o contrato;
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras,
acarretando modificação do valor inicial do contrato além do limite permitido no
§ 1o do art. 65 desta Lei;
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por
prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública,
grave perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas
suspensões que totalizem o mesmo prazo, independentemente do pagamento
obrigatório de indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas
desmobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado,
nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das
obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela
Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas
destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública,
grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o
direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que
seja normalizada a situação;
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para
execução de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como
das fontes de materiais naturais especificadas no projeto;
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente
comprovada, impeditiva da execução do contrato.
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art. 27, sem prejuízo das
sanções penais cabíveis.
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão formalmente motivados
nos autos do processo, assegurado o contraditório e a ampla defesa.
Ressalta-se que as situações previstas nos incisos XIII a XVI do artigo 78 da Lei Geral de
Licitações possibilitam, também, a rescisão amigável e a rescisão judicial. Trata-se de
circunstâncias em que há o descumprimento contratual pela Administração Pública. São elas:
atraso no pagamento por mais de 90 (noventa) dias; não liberação da área, local ou objeto
para a execução do contrato; suspensão do contrato por mais de 120 dias; e supressão de
valores contratuais em patamares não toleráveis.
114
O contratado fará jus aos prejuízos, bem como terá o direito à devolução de garantia, aos
pagamentos pela execução do contrato até a data da rescisão e ao pagamento do custo da
desmobilização nos casos dispostos nos incisos XII a XVII do artigo 78 da Lei nº 8.666/1993,
em resumo, nas hipóteses de rescisão por interesse da Administração Pública ou por caso
fortuito e força maior (artigo 79, § 2º, incisos I a III, da Lei nº 8.666/1993).
De outra baila, no caso de rescisão contratual por parte do contratado, poderá gerar a
assunção imediata do objeto do contrato pela Administração Pública, a ocupação provisória
de bens, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, quando se tratar de serviços
essenciais, a execução da garantia contratual e a retenção dos créditos decorrentes do
contrato até o limite dos prejuízos (artigo 80 da Lei nº 8.666/1993).
115
Mapa Mental
Modificação dos
Contratos
Administrativos -
Equilíbrio Econômico-
Financeiro
Teoria da Imprevisão
Fato do Príncipe
Fato da Administração
Interferências
Imprevisíveis
116
Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2018.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019.
117
9. Bens Públicos
9.1. Conceito
Na esfera do Direito Administrativo, o conceito de bens públicos sofre variações, não tendo
unanimidade na doutrina, já que os parâmetros para definição variam conforme o autor e
podem se basear na titularidade, na finalidade, na afetação ou na destinação ou, ainda,
mesclar a titularidade com a finalidade.
Para fins de provas de concurso público, conforme explica Mazza (2019), a corrente
exclusivista é a mais aceita. Essa é a concepção adotada no artigo 98 do Código Civil, no
sentido de que bens públicos são todos aqueles de qualquer natureza e qualquer título que
pertencem às pessoas jurídicas de Direito Público Interno (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) e da Administração Pública Indireta (autarquias e fundações públicas).
Tal entendimento é defendido por Carvalho Filho (2019), que assim se manifesta:
Bens públicos são todos aqueles que, de qualquer natureza e a qualquer título,
pertençam às pessoas jurídicas de direito público, sejam elas federativas, como
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sejam da Administração
descentralizada, como as autarquias, nestas incluindo-se as fundações de
direito público e as associações públicas. (CARVALHO FILHO, 2019, p. 1073)
Nota-se a importância de se avaliar a quem pertence o bem, a fim de verificar se trata de bem
público, quando pertencente à Administração Pública, de forma que os demais serão
particulares, por exclusão.
Também há que se ponderar que esse conceito com base legal é omisso quanto aos bens
pertencentes às Estatais e às concessionárias e permissionários na ocasião de afetação do
bem à prestação do serviço público. Contudo, nesse aspecto, a doutrina e a jurisprudência
majoritárias buscam tratar como bem público caso o bem esteja empregado na prestação de
serviço público, a exemplo do bem da Empresa de Correios e Telégrafos, que é Empresa
Pública e pessoa jurídica de Direito Privado prestadora de serviço postal.
A classificação dos bens públicos encontra-se prevista no artigo 99 do Código Civil, in verbis:
118
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado.
Os bens de uso comum do povo são aqueles que se destinam ao uso geral de todos as
pessoas, em igualdade de condições. Exemplos: praças, ruas, mares. Trata-se, pois, de bens
com destinação pública, podendo estes serem gratuitos ou onerosos (artigo 103 do Código
Civil), como acontece com o pedágio nas rodovias. Além disso, podem ser federais, estaduais,
distritais e municipais.
Os bens de uso especial são aqueles utilizados para a prestação de serviços públicos à
coletividade e para a execução de serviços administrativos. Exemplos: edifícios públicos,
cemitérios públicos, veículos oficiais. Podem ser móveis ou imóveis, bem como podem ser
federais, estaduais, distritais e municipais.
Já os bens dominicais são aqueles cuja destinação pública não é definida e que,
consequentemente, podem ser alienados, de forma que a renda beneficie diretamente a
própria Administração Pública. Exemplos: terras devolutas, prédios públicos desativados,
móveis inservíveis. Observa-se a diferença nas classificações, de modo que os bens de uso
comum e os bens de uso especial possuem destinação pública definida. Por isso, fala-se nos
conceitos de afetação e desafetação.
A afetação refere-se à utilidade de um bem, dar destinação pública a um bem. Logo, pode-se
dizer que os bens de uso comum do povo, tais como ruas e mares estão afetados pelo uso.
Da mesma forma, em relação aos bens especiais, como os prédios utilizados para a prestação
de serviços públicos, estes também estão afetados para o uso. A afetação também é
conhecida como consagração e poderá ocorrer meramente com a utilização do bem, não
sendo necessária autorização legislativa.
Em relação aos bens dominicais, estes não estão afetados para uso especial, nem para uso
comum do povo, pois não possuem finalidade específica para a Administração Pública.
Contudo, podemos dizer que esses bens possuem inalienabilidade relativa, ou seja, para
poder alienar necessita-se de um processo de desafetação. A desafetação corresponde em
suprimir a destinação do bem público e também é conhecida como desconsagração.
119
Os regramentos dos bens públicos variam conforme a titularidade pelos entes. Assim, a União
tem competência legislativa privativa para legislar sobre bens públicos da União. Da mesma
forma, os demais entes da Federação terão lei específica sobre os seus respectivos bens.
Quando falamos em Regime Jurídico, deve-se compreender que sempre será aplicado o
princípio da supremacia do interesse público sobre o particular. Assim, os bens públicos estão
sujeitos ao regime jurídico do Direito Público, não seguindo totalmente as regras colocadas
pelo Código Civil (DI PIETRO, 2019). Logo, possuem prerrogativas e garantias que são
peculiares.
Neste ínterim, de modo genérico, os bens públicos possuem as seguintes características: (a)
inalienabilidade relativa; (b) impenhorabilidade; (c) imprescritibilidade; e (d) não onerabilidade.
Vejamos alguns detalhes principais sobre cada uma delas.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.
Dessa forma, os bens públicos, quando afetados, não podem ser alienados. Ademais,
salienta-se o artigo 23 da Lei nº 9.636/1998, que estabelece que a alienação de bens imóveis
da União dependerá de autorização por meio de ato do Presidente da República.
120
Art. 100 do Constituição Federal. Os pagamentos devidos pelas Fazendas
Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença
judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos
precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos
ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos
para este fim.
Por fim, outra característica é a não onerabilidade. Significa que o bem público não pode ser
gravado com direito real de garantia, como penhor, hipoteca e anticrese. Todavia, essa
característica não é absoluta, pois se admite a oneração com direitos reais de fruição, como
acontece na parceria público-privada, em que a Administração Pública paga uma
contraprestação ao parceiro público-privado, outorgando direitos sobre bens públicos
dominicais (artigo 6º, inciso IV, da Lei nº 11.079/2004).
A aquisição de bens públicos pela Administração Pública se dá de duas formas: (a) aquisição
originária; e (b) aquisição derivada.
Na aquisição originária, não há que se falar em proprietário anterior, pois não existe
transmissão de propriedade por manifestação de vontade por se tratar de aquisição direta.
Exemplo clássico é a desapropriação, em que o Poder Público suprime a propriedade de
outrem, ingressando o bem em seu patrimônio, com base na supremacia do interesse público
sobre o particular, tratando-se de um ato de império.
121
Na alienação de bem imóvel, há a necessidade de se justificar o interesse público, devendo
o bem ser avaliado com antecedência, a fim de se ter um parâmetro para a venda. Além disso,
para que seja concretizada, precisa de autorização legislativa (lei) quando envolver Pessoa
Jurídica de Direito Público e de licitação prévia, via de regra, na modalidade concorrência.
Atente-se para o fato de que as Pessoas Jurídicas de Direito Privado (empresas públicas e
sociedades de economia mista) não necessitam de autorização legislativa. Observe, também,
que a modalidade licitatória poderá ser concorrência ou leilão no caso de alienação de bem
imóvel da Administração Pública que tenha sido adquirido por intermédio de procedimentos
judiciais ou de dação em pagamento (artigo 19 da Lei nº 8.666/1993).
Já para ser feita a alienação de bem móvel, a Administração deverá observar o disposto no
artigo 17, inciso II, da Lei nº 8.666/1993:
122
9.5. Utilização dos bens públicos
Como já vimos, os bens públicos possuem três modalidades, bens de uso comum, de uso
especial e uso dominical, os quais podem ser utilizados pelos entes públicos e por particulares.
Trata-se de situação em que o bem está atendendo a sua finalidade originária, ou seja, está
sendo utilizado de acordo com o propósito para o qual foi criado. Exemplo: rua aberta à
circulação.
Para Di Pietro (2017) o uso normal é exercido conforme a destinação principal do bem,
enquanto o uso anormal atende a diversas finalidades acessórias aquela a que o bem é
destinado. O uso privativo normal ocorrerá sobre bens afetados, tendo normas uniformes a
todos os usuários.
Ocorre quando o particular quer utilizar o bem de forma diversa da que normalmente os bens
foram destinados. Exemplo: rua fechada para a realização de desfile; pedágios nas rodovias.
Para Di Pietro (2019), essas utilizações anormais somente podem ser concedidas aos
particulares se forem compatíveis com fim principal do bem afetado, sendo que para a
utilização o particular depende de autorização do poder público, mediante permissão de uso,
sendo este ato discricionário e precário, o qual pode ser revogado a qualquer momento pela
Administração Pública.
São aqueles em que toda a coletividade pode usufruí-lo de forma igualitária. Tais bens
possuem as seguintes características: (a) são abertos ao uso pela coletividade, com igualdade
de condições, não necessitando de consentimento da Administração Pública para sua
123
utilização; (b) o uso é gratuito, sendo que, em casos excepcionais, poderá ser remunerado;
(c) estão sujeitos ao poder de polícia, mediante regulamentação de uso, fiscalização e
aplicação de sanções, no intuito de conservar a coisa pública e de proteger o usuário. Assim,
o uso comum do bem público se sujeita às regras da generalidade, liberdade, igualdade e
gratuidade.
1. Terrenos reservados
Art. 39. Fica reservada para a servidão publica nas margens dos rios
navegaveis e de que se fazem os navegaveis, fóra do alcance das marés,
salvas as concessões legitimas feitas até a data da publicação da presente lei,
a zona de sete braças contadas do ponto médio das enchentes ordinarias para
o interior, e o Governo autorisado para concedêl-a em lotes razoaveis na fórma
das disposições sobre os terrenos de marinha.
124
Em relação à natureza, esses bens são considerados públicos dominicais caso não tenham
destinação específica. Nota-se, ainda, que parte dos terrenos reservados é de propriedade da
União, na condição de bens imóveis.
Estes bens ficaram reservados para os casos de servidão pública de trânsito. O artigo 14 do
Código das Águas define que os terrenos reservados consistem naqueles banhados pelas
correntes navegáveis, até a distância de 15 metros da terra. Cabe esclarecer que todas as
correntes de água são públicas, assim todos os terrenos reservados são banhados por
correntes navegáveis, sendo de domínio da União, exceto se a corrente navegável pertencer
ao Estado.
Possuem natureza de bens dominicais, podendo ser objeto de exploração pelo Poder Público.
A Constituição Federal dispõe que os terrenos da marinha e seus acrescidos pertencem à
União. Os terrenos acrescidos formam-se ao lado do mar. O artigo 1.250 do Código Civil define
o em que consistem esses acréscimos:
O dispositivo acima refere-se à chamada “aluvião”, uma das formas que os terrenos podem
ser acrescidos, ao lado da maneira artificial, constante no artigo 16 do Código das Águas.
Estão previstas no artigo 20, inciso XI e no artigo 231, § 1º, ambos da Constituição Federal:
[…]
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
[…]
Art. 231 da Constituição Federal. São reconhecidos aos índios sua organização
social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre
125
as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las,
proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas
em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu
bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus
usos, costumes e tradições.
Quando falamos em terra tradicionalmente ocupada pelos índios, diz-se que consiste na forma
tradicional dos índios ocuparem e utilizarem as terras, sendo que a Constituição Federal
assegura a posse permanente a estes, sendo as terras de bens públicos de uso especial,
tendo imprescritibilidade, afetação, inalienabilidade e indisponibilidade, cabendo à União
demarcar e proteger os bens existentes nestas terras.
4. Terras Devolutas
As terras devolutas são públicas, integram os bens dominicais, são disponíveis e, segundo o
artigo 20, inciso II, da Constituição Federal, pertencem à União.
5. Faixa de Fronteira
Corresponde a uma área de 150 km paralela à linha divisória terrestre, a qual é considerada
de grande valia para a segurança nacional.
6. Ilhas
Conforme determina o artigo 20, inciso IV, da Constituição Federal, as ilhas são bens da
União, sejam elas ilhas fluviais e lacustres situadas nas fronteiras entre países ou oceânicas
e costeiras, estando excluídas as que contenham sede de Municípios. Pertencem aos
Estados, as ilhas que estiverem em seu domínio. As ilhas públicas se constituem em bem
dominical ou de uso comum do povo.
126
7. Águas Públicas
Constituem bem de domínio público, sendo que sua utilização se condiciona à outorga do
poder público, tendo a União competência privativa para legislar sobre águas, podendo os
Estados apenas estabelecer regras de proteção.
O uso pode ser público ou privativo, quando público é de uso da coletividade e de forma
gratuita, em alguns casos podendo ser remunerado. O uso privativo depende de outorga do
poder público.
8. Minas e Jazidas
Jazida consiste em uma substância mineral ou fóssil, alojada no interior da terra e com valor
econômico. A mina consiste na jazida em lavra, sendo um fenômeno geológico, criado pela
natureza, assim dizemos que a mina é o resultado da exploração da jazida. Tem previsão no
artigo 176 da Constituição Federal:
127
Mapa Mental
Bens Públicos
Classificação quanto à
destinação
128
Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
129
10. Serviços Públicos
10.1. Conceito
[…] toda atividade material ampliativa, definida pela lei ou pela Constituição
como dever estatal, consistente no oferecimento de utilidades e comodidades
ensejadoras de benefícios particularizados a cada usuário, sendo prestada
pelo Estado ou por seus delegados, e submetida predominantemente aos
princípios e normas de direito público. (MAZZA, 2019, p. 1120)
Com base nessas premissas, tem-se que os serviços públicos possuem três elementos
característicos: (a) subjetivo (titularidade do Estado); (b) objetivo (atividades de interesse
público); e (c) formal (regime de Direito Público). Vejamos alguns detalhes.
Quanto ao elemento subjetivo, anota-se que o Estado é o titular dos serviços públicos,
prestando-os de maneira direta, quando se tratar da prestação feita pela própria Administração
Pública Direta (União, Estados, Distrito Federal, Municípios) ou Indireta (Autarquias,
Fundações Públicas, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista) ou, ainda, de modo
indireto, hipótese em que delega ao particular, mediante concessão, permissão ou
130
autorização. Em suma, Mazza (2019) esclarece que a prestação dos serviços públicos é
própria do Estado. É o que se depreende da redação do artigo 175 da Constituição Federal:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como
as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
Há situações em que o Estado presta a atividade como serviço público. Contudo, essa mesma
atividade poderá ser exercida pela iniciativa privada, sem precisar de delegação. São as
atividades voltadas à “ordem social”, destacando a saúde e a educação. Isso ocorre porque o
Estado não será o titular exclusivo. Além disso, quando essas atividades são prestadas pelo
Estado, prevalecerão as regras de Direito Público, enquanto que, se prestadas pela iniciativa
privada, o regime predominante é de Direito Privado, restringindo-se, porém, apenas ao poder
de polícia administrativa, pois o Poder Público fiscalizará a atividade.
Para finalizar, com relação ao elemento formal, os serviços públicos seguem, com
predominância, as normas de Direito Público. Quando prestados por particulares, haverá a
incidência de regras de Direito Público e de Direito Privado ao mesmo tempo.
131
10.2. Competência
Assegurar a defesa nacional (inciso III); emitir moeda (inciso VII); manter o serviço postal e o
correio aéreo nacional (inciso X); explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão
ou permissão, os serviços de telecomunicações, os serviços de radiodifusão sonora, de sons
e imagens, os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos
cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais
hidroenergéticos, a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária, os
serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais,
ou que transponham os limites de Estado ou Território, os serviços de transporte rodoviário
interestadual e internacional de passageiros, os portos marítimos, fluviais e lacustres (incisos
XI e XII); organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia
de âmbito nacional (inciso XV); executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de
fronteiras (inciso XXII); explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza
(inciso XXIII).
A competência é residual - o que não for da União nem do Município, será dos Estados -
(artigo 25, § 1º).
Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado (artigo 25, § 2º).
132
V); com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, manter programas de
educação infantil e de ensino fundamental e prestar serviços de atendimento à saúde da
população (incisos VI e VII); coleta de lixo; e serviço funerário.
São aqueles serviços prestados de forma paralela. Alguns exemplos são: saúde (inciso II);
cultura; educação (inciso V); e proteção ao meio ambiente (inciso VI).
10.3. Classificação
Os serviços públicos se classificam como Uti Universi (gerais) e Uti Singuli (individuais).
Segundo Mazza (2019), os serviços públicos Uti Universi são destinados a toda coletividade,
não criando vantagens particularizadas ao usuário, sendo impossível definir o valor justo que
pudesse ser cobrado de cada beneficiário. Não podem ser dados em concessão nem
remunerados pela cobrança de taxas. Assim, eles são custeados pela receita proveniente de
impostos. Exemplos: iluminação pública, limpeza urbana e saneamento básico.
Em relação aos serviços públicos, Uti Singuli, Mazza (2019) descreve que estes são serviços
individualizados, sendo prestados com o fim de criar benefícios individuais a cada usuário,
podendo ser mensurados os valores das taxas ou tarifas. Exemplos: consumo de energia
elétrica residencial, água canalizada, telefonia fixa.
Os serviços públicos delegáveis podem ser prestados de forma direta pela Administração
Pública (Direta e Indireta) ou, ainda, pelo particular, por delegação, mediante autorização,
concessão ou permissão.
133
Já os serviços públicos indelegáveis são aqueles prestados pela Administração Pública (Direta
e Indireta), sem a possibilidade de delegação ao particular.
Já os serviços públicos sociais são aqueles que atendem à ordem social, como a educação,
a cultura, a saúde e a assistência social. Também podem ser executados pelos particulares,
como serviços privados, sem a necessidade de delegação. Eles devem, obrigatoriamente, ser
prestados pelo Poder Público, mesmo que não seja atividade exclusiva.
De acordo com Di Pietro (2019), os serviços públicos próprios são aqueles serviços não
exclusivos prestados pelo Estado, a exemplo da saúde e da educação. Caso esses mesmos
serviços sejam prestados pelo particular, serão considerados serviços públicos impróprios.
Os princípios dos serviços públicos, conforme descreve Mazza (2019), consistem em:
Adequação: conforme o artigo 6º, § 1º, da Lei nº 8.987/1995, é aquele serviço que satisfaz as
condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,
cortesia e modicidade das tarifas. O princípio da adequação impõe à Administração Públicas
e aos seus delegados privados o dever de realizar a prestação do serviço público elencado
no contrato.
Obrigatoriedade: é o dever de realizar a prestação do serviço público, seja pelo Estado, seja
pelo particular, em regime de delegação.
134
Atualização, modernidade ou adaptabilidade: refere-se à técnica a ser empregada na
prestação do serviço público, que deve ser compatível com a tecnologia disponível no
mercado na época da prestação dos serviços, sendo vedado o retrocesso da técnica.
Exemplo: usar carroça no transporte público não é a técnica mais moderna.
Modicidade das tarifas: o valor a ser cobrado do usuário para a prestação do serviço público
deve ser o menor possível, ou seja, os preços devem ser módicos e razoáveis.
Igualdade: não pode ocorrer privilégios entre os usuários na prestação dos serviços públicos.
Motivação: toda e qualquer decisão que tenha correlação com a prestação dos serviços
públicos deve ser motivada, com o propósito de garantir ao usuário a ampla defesa e o
contraditório.
Controle: a prestação dos serviços públicos será fiscalizada pela Administração Pública e
pela via judicial.
135
10.5. Delegação dos serviços públicos – concessão, permissão e
autorização
A prestação dos serviços públicos pode ocorrer de forma direta, quando feita pelos entes
federados e pela Administração Pública Indireta, e de forma indireta, na hipótese de o
particular a exercer por meio de delegação. Neste tópico, estudaremos as formas como se dá
essa delegação, quais sejam: autorização, concessão e permissão. Vale trazer os conceitos
dispostos no artigo 2º da Lei nº 8.987/1995:
De início, salienta-se que, embora haja a transferência da execução do serviço público para o
particular, a titularidade permanece com o Poder Público, apesar de o particular tornar-se o
responsável por sua conta e risco.
A autorização de serviço público uma das formas de prestação indireta de serviços públicos,
está prevista no artigo 21, inciso XII, da Constituição Federal e é formalizada por ato
administrativo discricionário e unilateral. Poderá ocorrer quando não houver exigências de
maior especialização técnica e quando não envolver altos investimentos. Em geral, acontece
nas situações emergenciais, transitórias ou especiais e, ainda, quando o serviço for prestado
a um grupo restrito de usuários. O próprio particular que tem interesse em prestar o serviço,
de forma que à Administração Pública incumbe autorizá-lo ou não, respeitado o interesse
público, em caráter precário e sem a exigência de prévia licitação. Pode ser dada à pessoa
136
física e à pessoa jurídica, além de poder ser a título oneroso e a título gratuito. Exemplo:
serviço de táxi (CARVALHO FILHO, 2019).
Já em relação à concessão, esta será feita a título oneroso e com pessoa jurídica, destacando-
se a parceria público-privada (PPP), disciplinada pela Lei nº 11.079/2004 e que estudaremos
no próximo tópico.
O artigo 2º, § 4º, incisos I, II e III, da Lei nº 11.079/2004 estabelece algumas restrições,
vedando a celebração de contrato de parceria público privada em três situações: (a) quando
o valor do contrato é inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), conforme redação
dada pela Lei nº 13.259/2017; (b) quando o período da prestação do serviço for inferior a 5
(cinco) anos; e (c) quanto o contrato tiver como objeto único o fornecimento de mão-de-obra,
o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.
Acrescenta-se, ainda, que o prazo de vigência do contrato deve ser compatível com a
amortização dos investimentos realizados pelo particular, não podendo ser inferior a 5 (cinco)
138
anos e nem superior a 35 (trinta e cinco) anos (artigo 5º, inciso I, da Lei nº 11.079/2004). Além
desse prazo, o contrato deverá obedecer ao artigo 23 da Lei nº 8.987/1995.
A limitação também se aplica aos serviços públicos indelegáveis que, por isso, não poderão
ser objetos de parceria público-privada, como ocorre com as funções de regulação,
jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado
(artigo 4º, inciso III, da Lei nº 11.079/2004).
Para Meirelles (2018), as despesas com estes contratos não poderão exceder 1% da receita
corrente líquida de cada exercício financeiro (artigo 22 da Lei nº 11.079/2004). Assim como
não poderá ser investido mais de 70% de recursos próprios nestes empreendimentos, sendo
este limite de 80% quando participarem fundos de previdência privada (artigo 27 da Lei nº
11.079/2004).
139
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores
de serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente.
IV - levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as
irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela
concessionária na prestação do serviço;
VI - contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos
através dos quais lhes são prestados os serviços.
Cabe elucidar que os direitos e obrigações dos usuários também estão previstos na Lei nº
13.460/2017, que dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos
serviços públicos da administração pública.
140
Mapa Mental
Licitação (modalidade
Sem licitação Licitação (modalidade variável)
concorrência)
Concessão de Serviços
Públicos
Concessão especial
Concessão comum
ou PPP (Lei nº
(Lei nº 8.987/95)
11.079/04)
O particular é
remunerado apenas Concessão Patrocinada: Concessão Administrativa:
pelas tarifas cobradas O particular é remunerado O particular é remunerado
dos usuários com as tarifas pagas pelos somente por meio da
usuários e, também, por contraprestação pecuniária
meio da contraprestação paga pela Administração
Público não há cobrança de
tarifas
141
Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo: Atlas,
2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 43. ed. São Paulo: Malheiros, 2018.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo: Malheiros,
2019.
142
11. Intervenção do Estado na Propriedade
A Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, caput, coloca o direito de propriedade como um
direito individual e coletivo que, via de regra, é inviolável. Para tanto, consagra o princípio da
função social (incisos XXII e XXIII), que poderá servir, inclusive de fundamento para possível
intervenção do Estado na propriedade, juntamente com a supremacia do interesse público
sobre o interesse privado. Ressalta-se que a Constituição Cidadã também elenca a
propriedade privada e a função social da propriedade como princípios da ordem econômica
(artigo 170, incisos II e III).
De acordo com o artigo 182, § 2º, da Constituição Federal, “a propriedade urbana cumpre sua
função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas
no plano diretor”. Para Mazza (2019), a propriedade cumpre sua função social quando faz a
destinação correta dela, dessa forma, sendo imóvel urbano, o cumprimento dar-se-á quando
o imóvel é destinado corretamente para fins de moradia, comércio, indústria e serviços. Já em
relação à propriedade rural, esta cumpre sua função social quando, concomitantemente: (a)
faz o aproveitamento racional e adequado do terreno; (b) utiliza os recursos naturais existentes
para preservar o meio ambiente; (c) observa a legislação trabalhista; e (d) a exploração de
atividade visa a favorecer o bem-estar do proprietário e trabalhadores.
143
11.2. Servidão administrativa
A servidão administrativa, para Mazza (2019, p. 971), consiste no direito real público sobre
propriedade particular, tendo o seu uso justificado pelo interesse público, sendo que a servidão
não altera a propriedade do bem, somente ocorrendo restrições na sua utilização. Para
exemplificar, o autor cita: “1) placa com nome da rua na fachada do imóvel; 2) passagem de
fios e cabos pelo imóvel; 3) instalação de torres de transmissão de energia em terreno
privado”.
A respeito das servidões, os artigos 1.378 e 1.379, ambos do Código Civil, traz essas
previsões:
A servidão administrativa é mais corriqueira sobre bem imóvel, mas poderá também ocorrer
em bem móvel e serviços. Poderá recair, inclusive, sobre bem público. Não há uma norma
específica que a regule, aplicando-se, porém, o artigo 40 do Decreto-lei nº 3.365/1941 no que
tange às indenizações, que deverão ser prévias e condicionadas à existência de dano e cujo
procedimento se assemelha ao rito da desapropriação. O lesado poderá pleitear indenização
no prazo prescricional de 5 (cinco) anos, a contar da efetiva restrição.
Anota-se que a servidão administrativa atingirá bem determinado, o que a difere da limitação
administrativa. De maneira comum, decorre do acordo entre particular e Poder Público,
144
mediante prévia declaração de necessidade pública, que é feita por decreto do Chefe do Poder
Executivo. Caso ocorra recusa do proprietário quanto ao aceite da servidão, esta poderá ser
constituída por decisão judicial. Também poderá ser instituída por lei específica.
Quanto à extinção da servidão, esta poderá ocorrer somente em situações excepcionais, tais
como: desaparecimento do bem; incorporação do bem ao domínio público ou o próprio
desinteresse do Estado.
A Requisição Administrativa está prevista no artigo 5º, inciso XXV da Constituição Federal.
Há duas modalidades de requisição: civil e militar. Para Meirelles (2018), a requisição civil tem
como finalidade evitar danos à vida, à saúde e aos bens da coletividade, enquanto a requisição
militar visa resguardar a soberania nacional. Ambas são cabíveis nos casos de perigo público
iminente, sendo que em tempos de guerra, a requisição deve atender a preceitos de lei federal
específica. No caso, o Decreto-lei nº 4.812/1942.
145
A requisição administrativa pode ser feita pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e
pelos Municípios. Contudo, a competência legislativa é privativa da União (artigo 22, inciso III,
da Constituição Federal).
Mazza (2019, p. 977) traz questionamento sobre a possibilidade de ocorrer a perda de domínio
com a requisição administrativa, concluindo pela impossibilidade, nos seguintes termos:
A título de exemplos, Mazza (2019, p. 977) traz rol de casos comuns de requisição
administrativa: “1) escada para combater incêndio; 2) veículo para perseguição a criminoso;
3) barco para salvamento; 4) terreno para socorrer vítimas de acidente”.
De acordo com Carvalho Filho (2019, p. 924), “ocupação temporária é a forma de intervenção
pela qual o Poder Público usa transitoriamente imóveis privados, como meio de apoio à
execução de obras e serviços públicos”.
Mazza (2019, p. 978) resume suas principais características ao afirmar que é discricionária,
autoexecutável, transitória, remunerada ou gratuita, tem natureza pessoal e pode recair sobre
bens móvel e imóvel. O autor cita como exemplo “a ocupação temporária de imóvel privado
para obras relacionadas à realização de desapropriação” (artigo 36 do Decreto-Lei nº
3.365/1941).
146
Observa-se que pode ser utilizada em qualquer situação de necessidade, não precisando
comprovar o iminente perigo público, como ocorre na requisição administrativa. Pode realizar-
se em qualquer situação, desde que vinculada à obra ou serviço público, sendo que a
indenização somente ocorrerá no caso de desapropriação (ocupação remunerada), nos outros
casos já especificados, somente haverá indenização se o proprietário demonstrar o prejuízo
ocasionado pelo Poder Público. O prazo prescricional para requerer a indenização é de 5
(cinco) anos.
Mazza (2019) complementa que o Instituto da Ocupação Temporária pode ocorrer por ato
formal, no caso de desapropriação, e sem formalidade, nos casos de situações desvinculadas
de desapropriação.
Meirelles (2018) explana que a Ocupação temporária foi estendida aos imóveis onde é
realizada pesquisa e lavra de petróleo (Decreto-Lei nº 1.864/1981), também nos casos de
minérios nucleares (Decreto-Lei nº 1.865/1981), sendo que até mesmo a Lei Geral de
Licitações regulou a ocupação temporária em casos de instalações, equipamentos, material e
pessoal do construtor inadimplente (artigo 80, inciso II, da Lei nº 8.666/1993):
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior acarreta as seguintes
conseqüências, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei: […]
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e
pessoal empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade,
na forma do inciso V do art. 58 desta Lei; […]
Todos os entes federados podem ser sujeitos ativos da ocupação temporária (artigo 36 do
Decreto-lei nº 3.365/1941). Quanto ao sujeito passivo, este é determinado, pois é possível
identificar o proprietário do imóvel ocupado. Em regra, é materializada por meio de Decreto.
147
com a Lei nº 6.766/1979 (obrigação positiva; prática de ato), o gabarito de prédios, de modo
a vedar a construção para além de um determinado número de pavimentos (obrigação
negativa; abstenção de fato) e o ingresso de agentes para fins de vigilância sanitária
(obrigação permissiva).
Mazza (2019, p. 969) observa que “o poder de polícia é o único que atinge as propriedades
em geral na medida em que cria limitações aplicáveis simultaneamente a um conjunto
indeterminado de bens móveis ou imóveis”. Logo, pode-se dizer que o sujeito passivo da
limitação administrativa é indeterminado, genérico e abstrato, enquanto o sujeito ativo poderá
ser todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
Por afetar todas as propriedades, via de regra, não gera indenização, pois não há que se falar
em dano específico para individualizar o prejuízo, tratando-se de ônus imposto em benefício
do coletivo. Contudo, essa regra comporta exceções, tais como: (a) se a limitação
administrativa for exorbitante a ponto de implicar na impossibilidade de o particular utilizar a
propriedade, estar-se-ia diante da desapropriação indireta; (b) se a conduta do agente público
ocasionar dano a proprietário específico, a indenização será cabível consoante o artigo 37, §
6, da Constituição Federal. Mazza (2019, p. 970) traz o seguinte exemplo: “um agente da
vigilância sanitária, durante uma fiscalização em estabelecimento comercial, destrói parte do
estoque alegando ‘impossibilidade de separar os produtos que já estavam com o prazo de
validade vencido daqueles que ainda se encontravam dentro da validade’, o particular lesado
terá direito à indenização. Nesse caso, houve um dano especial, e não simples exercício
regular do poder de polícia”; e (c) na hipótese de alterações no alinhamento do imóvel, em
que a área da propriedade particular é reduzida em detrimento da propriedade pública, como,
por exemplo, ruas e estradas (MELLO, 2019). A ação de indenização obedece ao prazo
prescricional de 5 (cinco) anos.
148
Ademais, à Administração Pública, de forma discricionária, cabe o exercício do poder de
polícia. Isso significa que o administrador público tem certa margem de escolha, baseando-se
na conveniência e na oportunidade para emitir decisões que melhor atendam ao interesse
público.
Salienta-se que o poder de polícia é indelegável a particulares, por ser manifestação do poder
de império do Estado. Mazza (2019, p. 971) ressalva como exceção a essa regra “a delegação
de atividades materiais de apoio ao poder de polícia”, citando o exemplo da “manutenção, por
empresa privada, de radares instalados para fotografar infrações de trânsito”.
11.6. Tombamento
149
A principal diferença do tombamento em relação às demais modalidades de intervenção, é
que este se volta para a conservação do bem, tendo natureza de direito pessoal, com a
expedição de ato administrativo discricionário. O tombamento foi regulado pelo Decreto-lei nº
25/1937, o qual foi recepcionado pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
com status de lei ordinária.
O tombamento é constituído com a inscrição do bem em um dos Livros do Tombo, que podem
ser: 1) Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; 2) Livro do Tombo Histórico;
3) Livro do Tombo das Belas Artes; e 4) Livro do Tombo das Artes Aplicadas.
Além disso, o tombamento poderá recair sobre bens imóveis e móveis, públicos ou privados,
sendo que o tombamento de bens públicos é feito de ofício, por ordem do diretor do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com a notificação da entidade a que o bem
cultural pertencer ou que o bem esteja sob a guarda (FIORILLO, 2019).
Outras classificações quanto ao tombamento são apresentadas pela doutrina, de modo que
este poderá ser total ou parcial sobre o bem. Da mesma forma, poderá ser provisório, se
houver o deferimento por medida cautelar, ou definitivo, quando o bem já estiver inscrito no
Livro do Tombo (artigo 10 do Decreto-lei nº 25/1937).
Com o tombamento, o bem continua sob o domínio de seu proprietário, não pertencendo este
ao poder público, porém sofre alguns efeitos, conforme os artigos 11 a 18, todos do Decreto-
lei nº 25/1937. Dentre os principais efeitos sobre a coisa, destacam-se: (a) a inalienabilidade;
(b) a não destruição, demolição ou mutilação; (c) a reparação, pintura e restauração, mediante
autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; (d) via de regra, a
vizinhança da coisa tombada, não poderá fazer construção que lhe impeça ou reduza a
150
visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes; e (e) o proprietário de coisa tombada
deverá proceder às obras de conservação e reparação.
Mazza (2019) complementa que, quando o Poder Público não tiver mais interesse na
manutenção do bem tombado, poderá ocorrer a extinção, de ofício ou a requerimento da parte.
11.7. Desapropriação
11.7.1. Competência
A competência para legislar sobre desapropriação é privativa da União (artigo 22, inciso II, da
Constituição Federal). Todavia, os Estados e o Distrito Federal podem legislar sobre
procedimento processual (artigo 24, inciso XI, da Constituição Federal) e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios podem legislar sobre o procedimento administrativo (artigo 18 da
Constituição Federal).
A competência para declarar o fundamento por intermédio de Decreto Expropriatório pode ser,
conforme o caso concreto: da União; dos Estados; dos Municípios; do Distrito Federal; dos
Territórios Federais; da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), nos termos do artigo
10 da Lei nº 9.074/1995; e por lei do Poder Legislativo.
151
delegadas do Poder Público e das concessionárias de serviços públicos, desde que haja
autorização por lei ou contrato.
11.7.2. Modalidades
4. Desapropriação Judicial;
Nos próximos itens, considerando os conteúdos essenciais para fins de provas, estudaremos
alguns detalhes das modalidades confisco, desapropriação ordinária e desapropriação
extraordinária.
152
de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com
destinação específica, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 81, de 2014)
A desapropriação ordinária tem previsão constitucional no artigo 5º, inciso XXIV, que assim
dispõe:
153
alguém se beneficie de sua utilização. Esses aspectos denotam realmente a
desistência da desapropriação. (CARVALHO FILHO, 2019, p. 1.012)
154
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de
até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor
real da indenização e os juros legais.
A lei referida no caput do artigo 182, da Carta Magna, é o Estatuto da Cidade (Lei nº
10.257/2001), que regulamentou tal dispositivo e, especificamente quanto à desapropriação,
disciplinou as seguintes regras no artigo 8º:
155
tal modalidade de desapropriação ocorrerá com base no interesse social, incidindo sobre a
propriedade rural que não esteja cumprindo a função social. Dessa forma, tem por objeto os
latifúndios improdutivos e as propriedades improdutivas, ainda que não configurem latifúndio,
quando seu proprietário possuir mais de uma. A indenização será justa, prévia e paga em
títulos da dívida agrária, sendo em dinheiro as benfeitorias úteis e necessárias.
156
Mapa Mental
Intervenção do Estado
na Propriedade
Requisição Desapropriação
Servidão
administrativa
Limitação
administrativa
Ocupação temporária
Tombamento
157
Modalidades de
Desapropriação
Administrativa
Ordinária (Clássica Extraordinária
Extrajudicial
ou Comum) (Sancionatária)
Amigável
Por zona ou
Utilidade pública Política urbana
extensiva
Direta
Indireta
158
Requisitos da Desapropriação
Ordinária
Necessidade pública,
utilidade pública, Prévia e justa indenização
interesse social em dinheiro
Requisitos da Desapropriação
Extraordinária
159
Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 19 ed. São
Paulo: Saraiva, 2019.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 43. ed. São Paulo: Malheiros,
2018.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo:
Malheiros, 2019.
160
12. Responsabilidade Civil do Estado
Assim, de forma genérica, ser responsável significa ser sujeito de direitos e de obrigações na
ordem jurídica. Em sentido estrito, pode-se entender que responsabilidade seria a obrigação
de reparar um dano decorrente de determinada ação ou omissão. Nesse sentido, os artigos
186 e 927, ambos do Código Civil, dispõem:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
Embora esses dois dispositivos traduzam regras específicas das relações de Direito Privado,
o berço para que haja a responsabilidade do Estado, na esfera do Direito Público, daí advém,
todavia, de forma mais rigorosa, pois “é natural considerar que o Estado responde pelos
prejuízos patrimoniais causados pelos agentes públicos a particulares, em decorrência do
exercício da função administrativa” (MAZZA, 2019, p. 461), de modo que, atualmente, vigora
a responsabilidade extracontratual ou objetiva do Estado. Isto é, basta a comprovação do dano
e do nexo causal entre o dano e a ação/omissão para caracterizá-la, independentemente de
dolo ou culpa.
Todavia, para se alcançar essa teorização, nos tempos mais remotos, outras normas foram
concebidas, na tentativa de adequar-se à posterior personificação do Estado. Nesse ínterim,
destacam-se a Teoria da Irresponsabilidade, a Teoria Civilista e a Teoria Publicista.
161
porque é todo poderoso, insuscetível, pois, de causar dano e de ser responsabilizado. Dessa
forma, o Estado se eximia totalmente de reparar qualquer tipo de dano causado ao usuário
particular. É o modelo teórico que preponderou nos Estados Absolutistas.
No Brasil, essa teoria foi adotada no período de vigência das Constituições de 1824 e de 1891,
porém, ainda assim, o servidor que cometia o ato era responsabilizado, somente o Estado não
tinha responsabilidade alguma.
Por fim, a Teoria Publicista se subdivide nas categorias: teoria da culpa administrativa, teoria
do risco administrativo e teoria do risco integral.
Na teoria da culpa administrativa, basta o lesado comprovar que um serviço público não
funcionou ou que funcionou de maneira insatisfatória para que haja a responsabilidade do
Estado, sendo dispensável apontar o agente causador.
162
12.2. Previsão constitucional e elementos da responsabilidade civil
objetiva do Estado
A Responsabilidade Civil do Estado está prevista no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal:
Para efeitos de aplicação do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, considera-se que a regra
alcança: (a) todas as Pessoas Jurídicas de Direito Público (Administração Direta, Autarquias
e Fundações de Direito Público); (b) as Pessoas Jurídicas de Direito Privado prestadoras de
serviços públicos (leia-se: Empresas Públicas; Sociedades de Economia Mista; Fundações
Públicas de Direito Privado que prestam serviços públicos); e (c) particulares que prestam
serviços públicos mediante delegação (concessionárias, permissionárias e detentores de
autorização de serviços públicos).
163
qual ele atuou precisa comprovar a culpa no caso de ajuizamento de Ação Regressiva para
obter o ressarcimento do que foi condenada a pagar a título de indenização ao terceiro lesado.
A doutrina majoritária costuma colocar a força maior e o caso fortuito como sinônimos,
porém Mazza (2019, p. 477) traz as seguintes definições:
Outra situação que merece destaque é a culpa exclusiva de terceiro, que “ocorre quando o
prejuízo pode ser atribuído a pessoa estranha aos quadros da Administração Pública”
(MAZZA, 2019, p. 478) e, consequentemente, a responsabilidade do Poder Público será
afastada. Exemplo: assaltos em ônibus. Em relação ao transporte de pessoas, ressalta-se o
artigo 735 do Código Civil: “a responsabilidade contratual do transportador por acidente com
o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”.
Anota-se, também, a situação de culpa concorrente, que assim é explicada por Mazza (2019,
p. 477):
164
desconta-se a menor, realizando um processo denominado compensação de
culpas. A culpa concorrente não é excludente da responsabilidade estatal,
como ocorre com a culpa exclusiva da vítima. Na verdade, a culpa concorrente
é fator de mitigação ou causa atenuante da responsabilidade. Diante da
necessidade de discussão sobre culpa ou dolo, nos casos de culpa concorrente
aplica-se a teoria subjetiva. (MAZZA, 2019, p. 477)
Frise-se que a culpa concorrente não é hipótese de excludente de responsabilidade, mas sim
uma atenuação, de forma que ambos os envolvidos compensarão suas culpas
reciprocamente.
O dano pode ser causado ora por conduta comissiva (ação), ora por conduta omissiva
(omissão). Na hipótese de o dano ser proveniente de ato comissivo, a responsabilidade do
Estado será objetiva, nos moldes do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, como já
explanado no tópico anterior. Diferentemente ocorrerá caso o dano seja oriundo de conduta
omissiva, cuja responsabilidade será subjetiva, e não objetiva, como posicionou o Supremo
Tribunal Federal (STF), no Recurso Extraordinário 179.147 e como defende a doutrina
majoritária, que tem como principal expoente Celso Antônio Bandeira de Mello. Explica Mazza
(2019, p. 482):
Nota-se que o Estado precisa ter o dever legal de evitar determinado resultado danoso, de
modo que, para caracterizar sua responsabilidade pela omissão, deve-se comprovar o dano,
a culpa ou dolo e o nexo causal entre o dano e a omissão estatal.
Mazza (2019) observa que, devido à hipossuficiência da vítima frente ao Estado, acaba por
ocorrer a inversão no ônus da prova de culpa ou dolo. Ou seja, para o Estado eximir-se do
dever de indenizar, ele deverá provar que não agiu com dolo ou culpa.
165
12.5. Responsabilidade do Estado por obras públicas, atos legislativos e
atos judiciais
Quanto aos atos legislativos, no Brasil, a regra consiste que estes não geram o dever de
indenizar pelo Estado. Carvalho Filho (2019) explica que se a lei foi elaborada segundo os
dispositivos constitucionais e veicula regras gerais, abstratas e impessoais, não irá atingir
direitos individuais, fato que afasta o Estado do dever de indenizar. No entanto, se uma lei
gerar efeitos concretos ou for produzida em desacordo com a Constituição Federal (lei
inconstitucional), se causar dano, haverá a responsabilidade civil do Estado.
Os atos judiciais consistem nos atos administrativos emanados pelo Poder Judiciário, como
os praticados pelo magistrado, na execução de sua função, por exemplo, despachos, decisões
interlocutórias e sentenças. Via de regra, não haverá responsabilização civil do Estado na
prática de atos judiciais, exceto se ocorrer erro judiciário na esfera penal e conduta dolosa
com o propósito de causar prejuízo à parte ou a terceiro.
166
12.6. Reparação do dano, ação de indenização, ação regressiva e
prescrição
Em relação à reparação do dano sofrido pelo usuário, esta será realizada mediante
indenização, a qual consiste em um valor pecuniário, conforme estabelece os artigos 944 e
945, ambos do Código Civil:
Para buscar a reparação do dano, o lesado pode utilizar-se das vias administrativa e judicial.
Para Carvalho Filho (2019), na via administrativa, a pessoa lesada formula seu pedido junto
ao órgão competente da pessoa jurídica que causou o dano, de forma que as partes entram
em acordo. Contudo, se não houver acordo na via administrativa, caberá ao lesado propor
ação judicial. Tal ação de reparação está sujeita ao prazo prescricional de 5 (cinco) anos, de
acordo com o artigo 1º-C da Lei nº 9.494/1997.
Quando o agente público, agindo em nome da Administração Pública, comete um ato danoso
ao usuário, esta, tendo Responsabilidade Objetiva, deverá arcar com o prejuízo ao usuário,
porém, à Administração Pública cabe a possibilidade de ajuizar Ação Regressiva contra o
agente público causador do dano, a fim de ser ressarcida quanto aos valores que foi
condenada a pagar ao lesado, mas, para tanto, há a necessidade de se comprovar que o
agente agiu com dolo ou culpa, pois sua responsabilidade é subjetiva, bem como o trânsito
em julgado da decisão condenatória. As Ações Regressivas são imprescritíveis (artigo 37, §
5º, da Constituição Federal) e transmitem-se aos sucessores do agente causador do dano,
por se tratar de ação de natureza cível indenizatória.
167
Mapa Mental
Excludentes de
Responsabilidade
168
Referências Bibliográficas
169
13. Controle da Administração Pública
Para efeitos didáticos, a doutrina jurídica costuma classificar o controle. Há várias categorias.
Todavia, nessa unidade, considerando a incidência nas provas, estudaremos as seguintes
classificações: (a) controle político; (b) controle administrativo; (c) controle legislativo; e (d)
controle judicial.
Ao longo do texto da Carta Magna, a título de exemplificação, tem-se: (a) o papel do Poder
Executivo ao ter a oportunidade de sancionar e de vetar um Projeto de Lei oriundo do Poder
Legislativo (artigo 66, caput e § 1º); (b) na hipótese de pagamentos intempestivos de
precatórios, a atuação do Presidente do Tribunal de Justiça local (Poder Judiciário) em
determinar o sequestro de valores da conta do ente federado inadimplente, bem como a
retenção de recursos pela União e pelos Estados (artigo 104); e (c) a fiscalização contábil,
financeira e orçamentária realizada pelo Congresso Nacional, mediante controle externo
(artigo 70).
De acordo com Di Pietro (2019, p. 995), controle administrativo é o “poder de fiscalização que
a Administração Pública (em sentido amplo) exerce sobre sua própria atuação, sob os
aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante provocação”.
170
Observa-se que tal controle se relaciona diretamente com os princípios da legalidade e da
autotutela, pois se trata de mecanismo de controle interno que a Administração Pública dispõe,
de modo que a autoadministração impõe a fiscalização de si própria, a fim de cumprir com os
padrões de legalidade, para desenvolver suas diretrizes, metas e prioridades, com o propósito
de planejar as atividades administrativas de maneira eficiente.
O Controle Judicial consiste naquele realizado pelo Poder Judiciário, que tem o monopólio
da jurisdição, sobre os atos dos Poderes Executivo, Legislativo e do próprio Poder Judiciário.
Relaciona-se ao Estado Democrático de Direito, consoante expõe Di Pietro (2019, p. 1.011):
Inobstante a relevância trazida por Di Pietro, há que se ater ao fato de que as funções
desempenhadas pelo Poder Judiciário se encontram limitadas pela legalidade, de forma que,
inúmeras vezes, esbarram em questões políticas. Além disso, tomando como base a esfera
administrativista, tem-se que os atos administrativos discricionários devem ser apreciados sob
o prisma da legalidade, desconsiderando a análise de mérito com fulcro na conveniência e na
oportunidade que o Poder Público examinou para concluir algo.
A Constituição Federal dispõe de mecanismos de controle judicial por meios processuais, mais
especificamente, os denominados “remédios constitucionais”.
Nessa esteira, cita-se o habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança individual,
o mandado de segurança coletivo, o mandado de injunção, a ação popular, o direito de petição
e a ação civil pública.
171
13.5. Controle legislativo
Segundo Mazza (2019, p. 1.149), “o controle legislativo é realizado no âmbito dos parlamentos
e dos órgãos auxiliares do Poder Legislativo. Sua abrangência inclui o controle político sobre
o próprio exercício da função administrativa e o controle financeiro sobre a gestão dos gastos
públicos dos três Poderes”.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com
o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,
mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar
de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,
bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as
contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de
pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as
nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e
demais entidades referidas no inciso II;
172
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital
social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a
Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer
de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e
sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos
apurados.
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo
Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as
medidas cabíveis.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias,
não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
respeito.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão
eficácia de título executivo.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente,
relatório de suas atividades.
No Brasil, há o Tribunal de Contas da União (TCU), no âmbito federal. Cada Estado também
tem o seu Tribunal de Contas do Estado e o Distrito Federal tem o Tribunal de Contas do
Distrito Federal. A Constituição Federal de 1988 vedou a criação de Tribunais, Conselhos ou
órgãos de Contas Municipais (artigo 31, § 4º).
173
Mapa Mental
174
Referências Bibliográficas
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019.
175
14. Improbidade administrativa – Lei nº 8.429/1992
A lei referida em tal dispositivo é a Lei nº 8.429/1992, conhecida como Lei de Improbidade
Administrativa (LIA), que trouxe quatro categorias: (a) os atos de improbidade administrativa
que importam enriquecimento ilícito (artigo 9º, da LIA); (b) os atos de improbidade
administrativa que causam prejuízo ao erário (artigo 10, da LIA); (c) os atos de improbidade
administrativa decorrentes de concessão ou aplicação indevida de benefício financeiro ou
tributário (artigo 10-A, da LIA); e (d) os atos de improbidade administrativa que atentam contra
os princípios da Administração Pública (artigo 11, da LIA).
Para garantir a efetividade das sanções relacionadas aos atos de improbidade administrativa,
tem-se a Ação de Improbidade Administrativa. Esta busca o reconhecimento judicial para a
aplicação das punições cabíveis, tanto do agente público, quanto de eventual terceiro
envolvido, a fim de preservar a moralidade
176
administrativa (CARVALHO FILHO, 2019). A doutrina diverge quanto à natureza jurídica dessa
ação, sendo que a corrente majoritária defende o posicionamento do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), no sentido de que a natureza é civil (NEVES; OLIVEIRA, 2019).
Tem-se que o sujeito passivo consiste na pessoa jurídica que a lei indica como vítima do ato,
no caso, a Administração Direta e Indireta de quaisquer dos poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, assim como de empresas incorporadas
ao patrimônio público que concorram com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou
receita anual.
No que tange ao sujeito ativo, considera-se como aquele que deu causa à ação ímproba, nos
termos dos artigos 2º e 3º, ambos da LIA:
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no
artigo anterior.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que,
mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Ressalta-se que o particular nunca vai responder sozinho por ato de
improbidade administrativa. Sempre haverá um agente público envolvido.
177
14.2. Atos de improbidade administrativa
Os atos de improbidade administrativa estão previstos, em rol exemplificativo, nos artigos 9º,
10, 10-A e 11, todos da Lei nº 8.429/1992, que serão analisados nos itens a seguir.
O Ministério Público e a Pessoa Jurídica interessada são partes legítimas para a propositura
da Ação de Improbidade Administrativa (artigo 17 caput, da LIA), sendo que o órgão ministerial
atuará como fiscal da lei nas ações em que não for parte, sob pena de nulidade.
Salienta-se que a aplicação das sanções civis por ato de improbidade administrativa, nos
termos da Lei nº 8.429/1992, não afasta a punição em outras esferas, como as sanções penais
e administrativas.
(A) Atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento ilícito (artigo 9º,
da LIA):
178
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação,
permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente
estatal por preço inferior ao valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos
ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para
tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico,
de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar
promessa de tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para
fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou
qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou
característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego
ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional
à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou
assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível
de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições
do agente público, durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação
de verba pública de qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja
obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art.
1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
(B) Atos de improbidade administrativa que causam prejuízo ao erário (artigo 10, da
LIA):
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio
particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta
lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais
ou regulamentares aplicáveis à espécie;
179
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda
que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem
observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do
patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por
preço superior ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e
regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para
celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
indevidamente;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou
regulamento;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que
diz respeito à conservação do patrimônio público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou
influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem
como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por
essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação
de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as
formalidades previstas na lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia
dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao
patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou
valores públicos transferidos pela administração pública a entidades privadas
mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais
ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize
bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração
pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem
a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações
de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades
privadas;
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com
entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir
de qualquer forma para a sua aplicação irregular.
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com
entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir
de qualquer forma para a sua aplicação irregular.
180
Nessa modalidade, o agente público não fica para si com bens ou valores, mas, por meio de
sua ação ou omissão, dolosa ou culposa, causa-se danos ao erário.
Pazzaglini Filho (2018, p. 68) destaca que “a ilegalidade da conduta funcional do agente
público é “conditio sine qua non” para caracterizar-se o ato de improbidade em exame”. O
autor acresce, também, a necessidade de efetiva ocorrência de dano material aos cofres
públicos, sendo irrelevantes o dano moral e o dano presumido para fins de se configurar este
ato.
A previsão desse ato de improbidade administrativa está no artigo 10-A, da LIA, o qual foi
incluído pela Lei Complementar nº 157/2016.
181
(D) Atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da
Administração Pública (artigo 11, da LIA):
Exige-se o dolo e a má-fé para se caracterizar este ato, sendo suficiente o dolo genérico, como
já pacificou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) (NEVES; OLIVEIRA, 2019, p. 134).
14.3. Sanções
O legislador foi gradativo ao estabelecer as sanções, as quais têm natureza civil, consoante a
doutrina e a jurisprudência majoritárias, não excluindo, pois, eventuais penalidades em âmbito
penal e, ainda, na esfera administrativa. As penalidades estão no artigo 12, da LIA:
183
Salienta-se, ainda, a modificação legislativa perpetrada pela Lei nº 13.964, de 24 de dezembro
de 2019, que alterou o § 1º do artigo 17 da Lei, de forma que “as ações de que trata este artigo
admitem a celebração de acordo de não persecução cível, nos termos desta Lei”. Observa-se
que, antes da referida lei, eram vedadas a transação, o acordo e a conciliação.
Nos artigos 19 a 22 da LIA, constam as disposições penais, com teor genérico e que devem
ser interpretadas na aplicação dos artigos da LIA. Assim, no artigo 19, há previsão de infração
quando se representa alguém por improbidade administrativa, inobstante o conhecimento da
inocência deste alguém.
Ademais, para se aplicar a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos, exige-
se o trânsito em julgado da sentença condenatória, conforme preleciona o artigo 20.
Acrescenta-se, ainda, que a aplicação da LIA não depende da ocorrência do dano, exceto
quando houver pena de ressarcimento, tampouco depende da aprovação ou rejeição das
contas pelo Tribunal ou Conselho de Contas, segundo os termos do artigo 21.
184
Mapa Mental
Suspensão dos
8 a 10 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos 5 a 8 anos
direitos políticos
Até 3x o valor do
Até 2x o valor do
Até 100x o valor benefício
Até 3x o valor do prejuízo que
Multa da remuneração financeiro ou
enriquecimento causou à
do agente público tributário
Administração
concedido
Proibição de
contratar com o 10 anos 5 anos 3 anos Não consta
Poder Público
185
Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção; OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Manual de
Improbidade Administrativa: direito material e processual. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense;
São Paulo: Método, 2019.
PAZZAGLINI FILHO, Marino. Lei de Improbidade Administrativa Comentada: aspectos
constitucionais, administrativos, civis, criminais, processuais e de responsabilidade fiscal. 7
ed. São Paulo: Atlas, 2018.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 42 ed. São Paulo:
Malheiros, 2019.
186
15. Agentes Públicos e Lei nº 8.112/1992
As atividades da Administração Pública são exercidas por agentes públicos, pessoas físicas
lotadas nos órgãos e entidades governamentais, nas esferas da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A atuação
dos agentes públicos é imputada ao Estado (teoria do órgão).
Nota-se que a expressão “agentes públicos” é gênero que engloba diversas espécies, que
variam conforme o autor estudado. Como parâmetro, os artigos 1º e 2º, ambos da Lei nº
8.429/1992, esboçam uma definição ao estabelecer que agente público é “todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função” na “administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual”.
Nesse sentido, cabe entender o significado de mandato, cargo, emprego e função públicos:
Mandato público: o vínculo entre o agente público e a Administração Pública se dá por meio
de eleição.
Os cargos públicos são criados e extintos por meio de lei (princípio da reserva legal). Se tiver
cargos públicos vagos na esfera federal, estes podem ser extintos por decreto autônomo, de
competência do Presidente da República (artigo 84, inciso VI, alínea “b”, da Constituição
Federal).
Os cargos públicos possuem denominação própria, sendo que a remuneração é paga pelos
cofres públicos, sendo vedada a prestação de serviços de forma gratuita, salvo se houver
autorização em lei.
187
Emprego público: para Di Pietro (2019), a expressão “emprego público” surgiu da
possibilidade de contratar servidores sob o regime disposto na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT). Em suma, “cargo público” designa o agente público sob o regime estatutário,
enquanto que “emprego público” designa o agente público sob o regime celetista.
De acordo com a Constituição Federal, exige-se concurso público para a investidura em cargo
público e em emprego público (artigo 37, inciso II), diferente da função pública, cuja exigência
inexiste.
O concurso público será de provas ou de provas e títulos e terá o prazo de validade de até
dois anos, sendo admitida uma única prorrogação em igual prazo. Questiona-se: existindo
188
um concurso em validade, tendo candidatos aprovados dentro do número de vagas, a
Administração Pública poderá realizar novo concurso?
De acordo com o artigo 12, § 2º, da Lei nº 8.112/1990, não pode ser aberto novo concurso,
porém, segundo a Constituição Federal, deve ser observada a prioridade na ordem de
nomeação, ou seja, o constituinte não impede a realização de novo concurso desde que essa
regra seja obedecida, de forma que os aprovados no concurso anterior terão preferência na
contratação.
Outra discussão importante é aquela que se refere aos efeitos da aprovação em concurso.
Sustenta-se que esta gera expectativa de direito, e não direito adquirido à posse do cargo.
Contudo, essa mera expectativa de direito se torna direito subjetivo à posse, por exemplo, na
hipótese de preterição da ordem classificatória (Súmula 15 do Supremo Tribunal Federal) e
na situação em que o candidato for aprovado dentro do número de vagas anunciada no edital
que, consoante ao entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no RMS
20.718, deverá ser nomeado dentro do prazo de validade do concurso, pois o edital vincula a
Administração Pública, exceção feita quando houver circunstâncias extraordinárias,
imprevisíveis, supervenientes e inevitáveis.
No que tange à reserva de vagas para portadores de deficiência, o artigo 37, inciso VIII, da
Constituição Federal, dispõe sobre reserva de vagas, conforme previsão legal. Nesse ínterim,
o artigo 5º, § 2º, da Lei nº 8.112/1990, faz reserva de até 20% do número de vagas oferecidas.
Enfim, os aprovados em concurso público terão que passar pelas seguintes fases para
ingressar no cargo público:
- Posse: com a posse, o aprovado, de fato, torna-se servidor público, através do ato de
investidura. A posse está sujeita a prévia inspeção médica oficial (artigo 14 da Lei nº
8.112/1990) e, nela, o servidor apresenta as declarações de bens e valores, como
também declaração de não acúmulo com outros cargos, empregos ou funções públicos
(artigo 13, § 5º, da Lei nº 8.112/1990).
- Exercício: o servidor tem o prazo de 15 (quinze) dias para entrar exercício, após ter
tomado posse, sob pena de exoneração (artigo 15 da Lei nº 8.112/1990).
189
Suprindo com êxito essas três fases, aquele aprovado no concurso público, passa a ser
servidor de fato e de direito.
A Lei nº 8.112/1990 é o Estatuto dos Servidores Públicos Civis Federais e se aplica às esferas
da União, das Autarquias Federais e das Fundações Públicas Federais, não abrangendo as
Estatais (Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista).
O provimento consiste nas formas de preenchimento dos cargos públicos, consoante uma
das formas previstas no artigo 8º da Lei nº 8.112/1990, em rol taxativo. São elas:
Nomeação: ocorre para cargo efetivo e para cargo como em comissão, sendo a única forma
de provimento originária, ou seja, a que existe posse. Nas demais formas de provimento,
promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução, não ocorre a
posse, sendo a forma de preenchimento derivada (artigos 9º e 10 da Lei nº 8.112/1990).
Promoção: ocorre nos cargos dispostos em carreira, sendo que a promoção não interrompe
o tempo de exercício.
Readaptação: ocorre quando o servidor sofrer uma limitação física ou mental que o torne
incompatível para as atribuições do cargo que ocupa, de acordo com inspeção médica (artigo
24 da Lei nº 8.112/1990). Nesse caso, o servidor será readaptado em outro cargo que tenha
compatibilidade com a sua limitação, observando-se alguns requisitos: (a) cargo com
atribuições afins; (b) mesma habilitação; (c) mesmo nível de escolaridade; e (d) equivalência
de vencimentos. Caso não haja cargo vago para alocar este servidor, ele exercerá suas
funções como excedente até surgir vaga.
190
Reversão: é o retorno do servidor aposentado ao cargo (artigos 25 a 27 da Lei nº 8.112/1990).
Ocorre em duas situações: a) reversão de ofício: a administração toma a iniciativa ao verificar
a insubsistência dos motivos que ensejaram a aposentadoria por invalidez, porém, se não tiver
cargo vago, este ficará como excedente até surgir vaga; e b) reversão a pedido do servidor:
ocorre no interesse da Administração, desde que preencha os seguintes requisitos
cumulativos: a aposentadoria tenha sido voluntária, estável quando na atividade, a
aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação e haja cargo vago. O
aposentado que tiver completado 70 anos de idade não pode ser revertido nem de ofício e
nem a pedido.
A vacância consiste nas formas em que o cargo fica vago, conforme rol taxativo do artigo 33
da Lei nº 8.112/1990, quais sejam:
Demissão: é uma penalidade aplicável nas hipóteses do artigo 132, incisos I a XIII, da Lei nº
8.112/1990.
191
Promoção: ocorre nos cargos dispostos em carreira, sendo que a promoção não interrompe
o tempo de exercício.
Readaptação: ocorre quando o servidor sofrer uma limitação física ou mental que o torne
incompatível para as atribuições do cargo que ocupa, de acordo com inspeção médica (artigo
24 da Lei nº 8.112/1990). Nesse caso, o servidor será readaptado em outro cargo que tenha
compatibilidade com a sua limitação, observando-se alguns requisitos: (a) cargo com
atribuições afins; (b) mesma habilitação; (c) mesmo nível de escolaridade; e (d) equivalência
de vencimentos. Caso não haja cargo vago para alocar este servidor, ele exercerá suas
funções como excedente até surgir vaga.
Aposentadoria: pode ser voluntária, compulsória ou por invalidez permanente, desde que
obedecidas as regras dispostas nos artigos 186 a 195 da Lei nº 8.112/1990 e demais normas
previstas na legislação em vigor.
Falecimento
PROVIMENTO VACÂNCIA
Nomeação Exoneração
Promoção Promoção
Readaptação Readaptação
Reversão Demissão
Aproveitamento Aposentadoria
Recondução Falecimento
192
A promoção e a readaptação são formas híbridas, ou seja, são tanto formas de provimento,
quanto de vacância.
Em relação à acumulação de cargos e funções, o artigo 118 da Lei nº 8.112/1990 elenca que
é vedada a acumulação remunerada de cargos, alertando para as exceções elencadas na
Constituição Federal:
Segundo Carvalho Filho (2019), essa vedação tem como fundamento o princípio da eficiência.
Atenta-se, ainda, para o fato de a vedação ser somente em casos de acumulação remunerada,
ou seja, se a remuneração for proveniente de apenas uma das fontes, não incidirá a regra da
proibição de acúmulo.
193
15.6. Estabilidade e vitaliciedade
Assim, explica Carvalho Filho (2019) que o prazo de três anos de estágio probatório para
posterior aquisição da estabilidade está vinculado à aplicação de avaliação especial de
desempenho do servidor. Todavia, no caso de a Administração apresentar-se omissa quanto
à avaliação de desempenho no período de três anos, considerar-se-á que o servidor cumpriu
o prazo e adquiriu a estabilidade.
Como consequência da estabilidade, tem-se que o servidor público estável só perderá o cargo
nas hipóteses dispostas no artigo 41, § 1º, incisos I a III, da Constituição Federal, e no artigo
22 da Lei nº 8.112/1990, “in verbis”:
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla
defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma
de lei complementar, assegurada ampla defesa.
[…]
Carvalho Filho (2019) anota que a regra da estabilidade se aplica aos servidores públicos
estatutários, não se estendendo aos celetistas e aos ocupantes de cargos comissionados
cujas nomeação e exoneração são livres.
194
vitaliciedade, a Constituição Federal também prevê que estes servidores cumpram com alguns
requisitos, como o prazo temporal de dois anos de efetivo exercício.
Segundo Mazza (2019, p. 783), a remuneração possui alcance mais abrangente em relação
ao vencimento. Ressalta-se que a Emenda Constitucional nº 19/1998 alterou a redação do
artigo 39, § 4º, da Constituição Federal, criando a remuneração em parcela única, conhecida
como subsídio, a qual é válida para algumas categorias de agentes públicos, tais como: (a)
chefes do Executivo (Presidente, Governadores e Prefeitos); (b) parlamentares; (c)
magistrados; (d) ministros de Estado; (e) secretários estaduais, distritais e municipais; (f)
membros do Ministério Público; (g) integrantes da Defensoria Pública; (h) membros da
Advocacia Pública (advogados da União, procuradores federais, procuradores autárquicos,
procuradores distritais e procuradores estaduais); e (i) integrantes das polícias federal,
rodoviária federal, ferroviária federal e polícias civis. Nesse sentido:
Ademais, conforme o artigo 37, incisos X e XI, da Constituição Federal, somente lei pode fixar
ou alterar a remuneração de servidores públicos:
195
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:
[…]
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do
art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada
a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices;
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos
públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos
e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o
subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores
Públicos.
Dessa forma, diante da legalidade, quaisquer outros tipos de atos administrativos que versem
sobre remuneração serão inconstitucionais.
Este Regime de Previdência, segundo Mazza (2019), não se aplica aos empregados públicos,
aos contratados temporários, nem aos ocupantes de cargos em comissão.
196
A Constituição Federal prevê as seguintes modalidades de aposentadoria:
Quanto ao direito de greve, Di Pietro (2019) explica que a Constituição anterior vedava a greve
nos serviços públicos e atividades essenciais. Entretanto, o direito de greve está previsto na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, de forma genérica, incluindo,
inclusive, os agentes públicos. Consoante a redação do artigo 37, inciso VII: “o direito de greve
será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”.
197
Embora haja essa norma constitucional, até a presente data, ainda não foi editada lei
específica sobre a greve no serviço público. Esse tema já foi alvo de discussões intensas,
tendo o Supremo Tribunal Federal (STF) pacificado o entendimento no julgamento do
Mandado de Injunção nº 708, no sentido de que, enquanto tal norma não for editada, aplica-
se ao serviço público a Lei nº 7.783/1989, que é específica à iniciativa privada.
De acordo com Di Pietro (2019), os chamados “serviços públicos essenciais” não podem ser
paralisados na integralidade, em nome do princípio da continuidade do serviço público.
O servidor responderá nas esferas civil, penal e administrativa, pois todas são esferas
independentes, não ocorrendo, pois, bis in idem. As esferas, contudo, se comunicam quando
houver negativa de autoria e negativa da ocorrência dos fatos em matéria criminal, de modo
198
que a absolvição na seara criminal interferirá, afastando a responsabilidade do agente também
nos âmbitos civil e administrativo.
Advertência: pune infrações leves, sendo que a advertência é sempre escrita, não existindo
advertência verbal. Se o servidor for reincidente com punição na mesma infração, aplicar-se-
á a suspensão.
Suspensão: tem o prazo máximo de 90 (noventa) dias, sendo que, durante o período de
suspensão, o servidor, em regra, perderá a remuneração. A suspensão pode ser convertida
em multa na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração e,
nesse caso, o servidor é obrigado a permanecer em serviço.
Demissão: pune práticas de infrações graves. As hipóteses estão previstas no artigo 132,
incisos I a XIII, da Lei nº 8.112/1992:
199
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
Para Carvalho Filho (2019) o regime jurídico compreende as regras de direito que regulam as
relações jurídicas. Assim, o regime jurídico estatutário consiste nas regras das relações
funcionais entre o servidor público e o Estado.
O regime celetista, segundo Carvalho Filho (2019) é aquele constituído de normas que
regulamentam a relação jurídica entre empregado e empregador, que tem por base a
Consolidação das Leis do Trabalho.
Quanto aos servidores públicos civis federais, seus direitos e deveres estão na Constituição
Federal e na Lei nº 8.112/1990. Trata-se do regime estatutário.
200
Atualmente, prevalece o regime jurídico único, de forma que todos os agentes públicos
deverão ser regidos pela mesma norma. É essa a previsão do artigo 39, caput, da Constituição
Federal, que impõe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios o dever de
instituir, no âmbito de suas competências, o regime jurídico único.
Inobstante, salienta-se o regime especial, que disciplina a categoria dos temporários, cuja
relação funcional é de natureza contratual, devendo atender a três requisitos: (a)
determinabilidade temporal; (b) temporariedade; e (c) excepcionalidade. Os contratos com
esses servidores possuem prazo determinado e a necessidade dos serviços é temporária,
devido ao excepcional interesse público. Exemplo: contratação de recenseadores para realizar
a pesquisa do Censo Demográfico, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
201
Mapa Mental
Nacionalidade brasileira
Nível de escolaridade
202
Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José do Santos. Manual de Direito Administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2019.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
203