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DIREITO ADMINISTRATIVO

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

Tópico I: Direito Administrativo .................................................................................... 4

AULA 1: Conceito ........................................................................................................ 4

Tópico II: Administração Pública ................................................................................. 6

AULA 2: Poderes do Estado...................................................................................... 13

Poder Legislativo ............................................................................................. 14

Poder Executivo .............................................................................................. 14

Poder Judiciário ............................................................................................... 15

Tópico III: Princípios Do Direito Administrativo.......................................................... 15

AULA 1: Princípio da Legalidade ............................................................................... 16

AULA 2: Princípio da Impessoalidade ....................................................................... 19

AULA 4: Princípio da Publicidade .............................................................................. 22

AULA 5: Princípio da Eficiência ................................................................................. 23

AULA 6: Princípio da Segurança Jurídica ................................................................. 24

AULA 7: Princípio da Prescritibilidade dos Ilícitos Administrativos ............................ 25

AULA 8: Princípio da Supremacia do Interesse Público ............................................ 25

AULA 9: Princípio da Autotutela ................................................................................ 25

AULA 10: Princípio da Responsabilidade Civil da Administração ............................. 26

AULA 11: Princípio da Especialidade ........................................................................ 27

AULA 12: Princípio da Continuidade do Serviço Público .......................................... 27

AULA 13: Princípio da Participação .......................................................................... 28

AULA 14: Princípio da Proporcionalidade ................................................................. 28

AULA 15: Princípio da Autonomia Gerencial ............................................................. 29

AULA 16: Princípio da Presunção de Legalidade, Legitimidade e Veracidade ......... 29

AULA 17: Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público .................................. 29

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AULA 18: Princípio da Motivação .............................................................................. 30

AULA 19: Princípio da Finalidade Pública ................................................................. 30

Tópico IV: Fontes Do Direito Administrativo .............................................................. 30

Tópico V: Regime Jurídico Administrativo ................................................................. 32

Tópico VI: Organização Administrativa ..................................................................... 33

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40

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INTRODUÇÃO Desejamos um bom estudo a todos e
caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila
encontrarão nas referências consultadas e
utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar
os conhecimentos.
Tópico I: Direito Administrativo

Esforçamo-nos para oferecer um


material condizente com a graduação daqueles
que se candidataram a esta especialização, AULA 1: Conceito
procuramos referências atualizadas, embora
saibamos que os clássicos são indispensáveis ao
curso.
As ideias aqui expostas, como não O Direito é um conjunto de normas –
poderiam deixar ser, não são neutras, afinal, princípios e regras – dotadas de coercibilidade 1,
opiniões e bases intelectuais fundamentam o que disciplinam a vida social. O Direito se bifurca
trabalho dos diversos institutos educacionais, em dois grandes ramos, submetidos a técnicas
mas deixamos claro que não há intenção de fazer jurídicas distintas: o Direito Público e o Direito
apologia a esta ou aquela vertente, estamos Privado. Este último se ocupa dos interesses
cientes e primamos pelo conhecimento científico, privados, regulando ações entre particulares. É,
testado e provado pelos pesquisadores. então, governado pela autonomia da vontade, de
tal sorte que nele vige o princípio fundamental de
Não obstante, que o curso tenha que as partes elegem as finalidades que desejam
objetivos claros, positivos e específicos, alcançar, prepõemse (ou não) a isto conforme
colocamo-nos abertos para críticas e para desejam e servem-se para tanto dos meios que
opiniões, pois temos consciência que nada está elejam a seu alvedrio, contanto que tais
pronto e acabado e com certeza críticas e finalidades ou meios não sejam proibidos pelo
opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso Direito. Inversamente, o Direito Público se ocupa
trabalho. de interesses da Sociedade como um todo,
Como os cursos baseados na interesses públicos, cujo atendimento não é um
Metodologia da Educação a Distância, os alunos problema pessoal de quem os esteja a curar, mas
são livres para estudar da melhor forma para que um dever jurídico inescusável. Assim não há
possam se organizar, lembrando que: aprender e espaço para a autonomia da vontade, que é
refletir sobre a própria experiência se somam e substituída pela ideia de função, de dever de
que a educação é demasiado importante para atendimento do interesse público. O Direito
nossa formação e, por conseguinte, para a Administrativo é o ramo do Direito Público que
formação dos nossos alunos. disciplina o exercício da função administrativa,
bem como pessoas e órgãos que a
Esta apostila contempla os seguintes conteúdos:
desempenham. (Bandeira de Mello, 2009).
Conceito, princípios, fontes e regime jurídico
administrativo.
O Direito Administrativo pode ser
Trata-se de uma reunião do pensamento de definido como o conjunto harmônico de princípios
vários autores que entendemos serem os mais jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as
importantes para a disciplina. atividades públicas tendentes a realizar concreta,

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Coercibilidade – Coercibilidade deriva de coerção, coatividade, força e direito estão vinculados com maior
violência corporal, ao contrário de coação, que denomina a intensidade. A coação se refere à força material, em ato,
pressão meramente psicológica, p. ex., a simples ameaça; utilizada para realizar a sanção aplicada quando
uso da força disciplinar. A doutrina, em geral, trata descumprida uma regra jurídica. Coercibilidade tem
coercibilidade e coatividade como termos equivalentes. Há, significado específico. Serve para indicar que a força será
no entanto, entendimento diverso, que se perfilha. utilizada apenas em caso de desobediência, como garantia
Coercibilidade e coatividade são expressões conexas, mas do cumprimento da norma e não como instrumento de uso
com significados específicos. Coercibilidade tem a ver com normal para o cumprimento do direito.
a compatibilidade entre um comportamento jurídico e um
comportamento exigível sob coação. Significa dizer que
força e direito não se contradizem. No que diz respeito à

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direta e imediatamente os fins desejados pelo normas e princípios que,
Estado (Meirelles, 2003, p. 38). visando sempre ao
interesse público, regem
O Direito Administrativo é o ramo do
direito público que tem por objeto os órgãos, as relações jurídicas entre
agentes e pessoas jurídicas administrativas que as pessoas e órgãos do
integram a Administração Pública, a atividade Estado e entre este e as
jurídica não contenciosa que exerce e os bens de
coletividades a que
que se utiliza para a consecução de seus fins, de
natureza pública. (Di Pietro, 2011, p. 48). devem servir. De fato,
tanto é o Direito
Assim, Direito Administrativo é o ramo do direito Administrativo que regula,
público que estuda princípios e normas
por exemplo, a relação
reguladores do exercício da função
administrativa. (Mazza, 2014, p. 44). entre a Administração
Direta e as pessoas da
De nossa parte, baseados nas
respectiva Administração
definições propostas por alguns dos mais
importantes administrativistas pátrios, Indireta, como também a
conceituamos o direito administrativo como o ele compete disciplinar a
conjunto de regras e princípios aplicáveis à relação entre o Estado e
estruturação e ao funcionamento das pessoas e
os particulares
órgãos integrantes da administração pública, às
relações entre esta e seus agentes, ao exercício participantes de uma
da função administrativa, especialmente às licitação, ou entre o
relações com os administrados, e à gestão dos Estado e a coletividade,
bens públicos, tendo em conta a finalidade geral
quando se concretiza o
de bem atender ao interesse público.
(Alexandrino e Paulo, 2008, p. 3). exercício do poder de
polícia. Não custa, ao
O direito administrativo corresponde ao final deste tópico, lembrar
conjunto de normas jurídicas que organizam
que, como ensina DIEZ, o
administrativamente o Estado, fixando modos,
meios e formas de ação para a consecução de Direito Administrativo
seus objetivos. Tais normas estruturam e apresenta três
disciplinam as atividades dos órgãos da características principais:
Administração Pública Direta e Indireta, incluindo
(1ª) constitui um direito
as autarquias, as empresas públicas e as
entidades paraestatais; regulamentam também o novo, já que se trata d e
poder de polícia da administração, os serviços disciplina recente com
públicos e suas permissões e concessões, os sistematização científica;
critérios de oportunidade dos atos discricionários
(2ª) espelha u m direito
etc. (Horvath, 2011, p. 2).
mutável, porque ainda se
Sobre o conceito de Direito Administrativo leciona encontra em contínua
Carvalho Filho (2014, p. 8): transformação; e (3ª) é
Desse modo, sem abdicar um direito em formação,
dos conceitos dos não se tendo, até o
estudiosos, parece-nos momento, concluído todo
se possa conceituar o o seu ciclo de
Direito Administrativo
abrangência.
como sendo o conjunto de

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Tópico II: Administração Pública Deixando de lado a idéia
de Administração Pública
Administração é todo o aparelhamento em sentido amplo, que
abrange, em sentido
do Estado pré-ordenado à realização de serviços,
subjetivo, os órgãos
visando à satisfação das necessidades coletivas. governamentais
Não pratica atos de governo; pratica atos de (Governo), e os órgãos
execução, com maior ou menor autonomia administrativos
funcional. Conforme a competência dos órgãos e (Administração Pública
seus agentes, é o instrumental de que dispõe o em sentido estrito e
Estado para colocar em prática as opções próprio), e, em sentido
políticas do governo. A doutrina também coloca objetivo, a função política
uma segunda utilização para a expressão ao e a administrativa, levar-
se-á em consideração,
estabelecer que a administração pública, de igual
doravante, apenas a
forma, pode ser conceituada como uma atividade administração pública
neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma em sentido estrito, que
técnica, exercendo uma conduta hierarquizada, compreende: a) em
sem responsabilidade constitucional e política, sentido subjetivo: as
mas com responsabilidade técnica e legal pela pessoas jurídicas,
execução. Destarte, a Administração tem poder órgãos e agentes
de decisão somente na área de suas atribuições públicos que exercem a
e competência exclusiva, só podendo opinar função administrativa; b)
em sentido objetivo: a
sobre assuntos jurídicos, técnicos, financeiros ou
atividade administrativa
de conveniência administrativa, sem qualquer exercida por aqueles
faculdade de opção política. (Marinela, 2015, p. entes. Nesses sentidos,
56). a administração pública é
objeto de estudo do
A expressão Administração Pública, em direito administrativo; o
sentido formal, orgânico ou subjetivo designa o Governo e a função
conjunto de órgãos e agentes estatais no política são mais objeto
exercício da função administrativa, do direito constitucional.
Em sentido objetivo, a
independentemente do poder a que pertençam,
administração pública
se são pertencentes ao Poder Executivo,
abrange as atividades
Judiciário ou Legislativo ou a qualquer outro exercidas pelas pessoas
organismo estatal. Nesse sentido, a expressão jurídicas, órgãos e
deve ser grafada com as primeiras letras agentes incumbidos de
maiúsculas. Por sua vez, administração pública atender concretamente
(em letra minúscula), considerada com base no às necessidades
critério material ou objetivo se confunde com a coletivas; corresponde à
função administrativa, devendo ser entendida função administrativa,
atribuída
como a atividade administrativa exercida pelo
preferencialmente aos
Estado, designando a atividade consistente na
órgãos do Poder
defesa concreta do interesse público. Nesse Executivo. Nesse
caso, não se confunde com a função política de sentido, a administração
Estado, haja vista o fato de que a administração pública abrange o
tem poder de decisão somente na área de suas fomento, a polícia
atribuições e competência executiva, sem a administrativa e o serviço
faculdade de fazer opções de natureza política. público. Alguns autores
(Matheus Carvalho, 2015, p. 32). falam em intervenção
como quarta modalidade,
enquanto outros a
Sobre o conceito de Administração Pública
consideram como
leciona Di Pietro (2012): espécie de fomento. O
fomento abrange a
atividade administrativa
de incentivo à iniciativa

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privada de utilidade Constitucional nº 19, de
pública. 1998)
II - a investidura em
cargo ou emprego
A Administração Pública pode ser público depende de
conceituada, em sentido amplo, como o conjunto aprovação prévia em
de entidades e de órgãos incumbidos de realizar concurso público de
a atividade administrativa visando à satisfação provas ou de provas e
títulos, de acordo com a
das necessidades coletivas e segundo os fins natureza e a
desejados pelo Estado. Sob o enfoque material, complexidade do cargo
objetivo, o conceito de administração leva em ou emprego, na forma
conta a natureza da atividade exercida (função prevista em lei,
administrativa), e, sob o subjetivo, formal ou ressalvadas as
nomeações para cargo
orgânico, as pessoas físicas ou jurídicas em comissão declarado
incumbidas da realização daquela função. A em lei de livre nomeação
doutrina menciona ―Administração e e exoneração; (Redação
―administração, conforme se refira ao exercício dada pela Emenda
da atividade administrativa (em minúsculas), ou Constitucional nº 19, de
1998)
ao próprio Estado (em maiúsculas). A atividade
III - o prazo de
administrativa, repise-se, pode ser entendida validade do concurso
como a gestão dos interesses qualificados da público será de até dois
comunidade — pela necessidade, utilidade ou anos, prorrogável uma
conveniência de sua realização — e marcados vez, por igual período;
pela conjugação de dois princípios IV - durante o prazo
improrrogável previsto no
caracterizadores do regime jurídico-
edital de convocação,
administrativo: supremacia do interesse público e aquele aprovado em
indisponibilidade do interesse público. (Rosa, concurso público de
2011, p. 23). provas ou de provas e
títulos será convocado
Assim estabelece o art. 137 da Constituição com prioridade sobre
novos concursados para
Federal de 1988. assumir cargo ou
emprego, na carreira;
Constituição Federal V - as funções de
Art. 37. A administração confiança, exercidas
pública direta e indireta exclusivamente por
de qualquer dos Poderes servidores ocupantes de
da União, dos Estados, cargo efetivo, e os cargos
do Distrito Federal e dos em comissão, a serem
Municípios obedecerá preenchidos por
aos princípios de servidores de carreira
legalidade, nos casos, condições e
impessoalidade, percentuais mínimos
moralidade, publicidade previstos em lei,
e eficiência e, também, destinam-se apenas às
ao seguinte: (Redação atribuições de direção,
dada pela Emenda chefia e
Constitucional nº 19, de assessoramento;
1998) (Redação dada pela
I - os cargos, Emenda Constitucional
empregos e funções nº 19, de 1998)
públicas são acessíveis VI - é garantido ao
aos servidor público civil o
brasileiros que direito à livre associação
preencham os requisitos sindical; VII - o direito de
estabelecidos em lei, greve será exercido nos
assim como aos termos e nos limites
estrangeiros, na forma definidos em lei
da lei; (Redação dada específica; (Redação
pela Emenda dada pela Emenda

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Constitucional nº 19, de Governador no âmbito do
1998) Poder Executivo, o
VIII - a lei reservará subsídio dos Deputados
percentual dos cargos e Estaduais e Distritais no
empregos públicos para âmbito do Poder
as pessoas portadoras Legislativo e o subsídio
de deficiência e definirá dos Desembargadores
os critérios de sua do Tribunal de Justiça,
admissão; limitado a noventa
IX - a lei estabelecerá os inteiros e vinte e cinco
casos de contratação por centésimos por cento do
tempo determinado para subsídio mensal, em
atender a necessidade espécie, dos Ministros do
temporária de Supremo Tribunal
excepcional interesse Federal, no âmbito do
público; Poder Judiciário,
aplicável este limite aos
X - a remuneração dos
membros do Ministério
servidores públicos e o
Público, aos
subsídio de que trata o §
Procuradores e
4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou aos Defensores Públicos;
alterados por lei (Redação dada pela
específica, observada a Emenda Constitucional
iniciativa privativa em nº 41, 19.12.2003)
cada caso, assegurada XII - os vencimentos
revisão geral anual, dos cargos do Poder
sempre na mesma data e Legislativo e do Poder
sem distinção de índices; Judiciário não poderão
(Redação dada pela ser superiores aos pagos
Emenda Constitucional pelo Poder Executivo;
nº 19, de 1998) XIII - é vedada a
(Regulamento) vinculação ou
XI - a remuneração e o equiparação de
subsídio dos ocupantes quaisquer espécies
de cargos, funções e remuneratórias para o
empregos públicos da efeito de remuneração de
administração direta, pessoal do serviço
autárquica e fundacional, público; (Redação dada
dos membros de pela Emenda
qualquer dos Poderes da Constitucional nº 19, de
União, dos Estados, do 1998)
Distrito Federal e dos XIV - os acréscimos
Municípios, dos pecuniários percebidos
detentores de mandato por servidor público não
eletivo e dos demais serão computados nem
agentes políticos e os acumulados para fins de
proventos, pensões ou concessão de
outra espécie acréscimos ulteriores;
remuneratória, (Redação dada pela
percebidos Emenda Constitucional
cumulativamente ou não, nº 19, de 1998)
incluídas as vantagens XV - o subsídio e os
pessoais ou de qualquer vencimentos dos
outra natureza, não ocupantes de cargos e
poderão exceder o empregos públicos são
subsídio mensal, em irredutíveis, ressalvado o
espécie, dos Ministros do disposto nos incisos XI e
Supremo Tribunal XIV deste artigo e nos
Federal, aplicando-se arts. 39, § 4º, 150, II, 153,
como limite, nos III, e 153, § 2º, I;
Municípios, o subsídio do (Redação dada pela
Prefeito, e nos Estados e Emenda Constitucional
no Distrito Federal, o nº 19, de 1998)
subsídio mensal do

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XVI - é vedada a Emenda Constitucional
acumulação remunerada nº 19, de 1998)
de cargos públicos, XX - depende de
exceto, quando houver autorização legislativa,
compatibilidade de em cada caso, a criação
horários, observado em de subsidiárias das
qualquer caso o disposto entidades mencionadas
no inciso XI: (Redação no inciso anterior, assim
dada pela Emenda como a participação de
Constitucional nº qualquer delas em
19, de 1998) empresa privada;
a) a de dois cargos XXI - ressalvados os
de professor; (Redação casos especificados na
dada pela Emenda legislação, as obras,
Constitucional nº 19, de serviços, compras e
1998) alienações serão
b) a de um cargo de contratados mediante
professor com outro processo de licitação
técnico ou científico; pública que assegure
(Redação dada pela igualdade de condições a
Emenda Constitucional todos os concorrentes,
nº 19, de 1998) com cláusulas que
c) a de dois cargos estabeleçam obrigações
ou empregos privativos de pagamento, mantidas
de profissionais de as condições efetivas da
saúde, com profissões proposta, nos termos da
regulamentadas; lei, o qual somente
(Redação dada pela permitirá as exigências
Emenda Constitucional de qualificação técnica e
nº 34, de 2001) econômica
XVII - a proibição de indispensáveis à garantia
acumular estende-se a do cumprimento das
empregos e funções e obrigações.
abrange autarquias, (Regulamento)
fundações, empresas XXII - as
públicas, sociedades de administrações
economia mista, suas tributárias da União, dos
subsidiárias, e Estados, do Distrito
sociedades controladas, Federal e dos
direta ou indiretamente, Municípios, atividades
pelo poder público; essenciais ao
(Redação dada pela funcionamento do
Emenda Constitucional nº Estado, exercidas por
19, de 1998) XVIII - a servidores de carreiras
administração fazendária específicas, terão
e seus servidores fiscais recursos prioritários para
terão, dentro de suas a realização de suas
áreas de competência e atividades e atuarão de
jurisdição, precedência forma integrada,
sobre os demais setores inclusive com o
administrativos, na forma compartilhamento de
da lei; cadastros e de
XIX - somente por lei informações fiscais, na
específica poderá ser forma da lei ou convênio.
criada autarquia e (Incluído pela Emenda
autorizada a instituição Constitucional nº 42, de
de empresa pública, de 19.12.2003)
sociedade de economia § 1º A publicidade dos
mista e de fundação, atos, programas, obras,
cabendo à lei serviços e campanhas
complementar, neste dos órgãos públicos
último caso, definir as deverá ter caráter
áreas de sua atuação; educativo, informativo ou
(Redação dada pela de orientação social, dela
não podendo constar

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nomes, símbolos ou § 5º A lei estabelecerá os
imagens que prazos de prescrição
caracterizem promoção para ilícitos praticados
pessoal de autoridades por qualquer agente,
ou servidores públicos. § servidor ou não, que
2º A não observância do causem prejuízos ao
disposto nos incisos II e erário, ressalvadas as
III implicará a nulidade do respectivas ações de
ato e a punição da ressarcimento.
autoridade responsável, § 6º As pessoas jurídicas
nos termos da lei. de direito público e as de
§ 3º A lei disciplinará as direito privado
formas de participação prestadoras de serviços
do usuário na públicos responderão
administração pública pelos danos que seus
direta e indireta, agentes, nessa
regulando qualidade, causarem a
especialmente: terceiros, assegurado o
(Redação dada pela direito de regresso contra
Emenda Constitucional o responsável nos casos
nº 19, de 1998) de dolo ou culpa.
I - as reclamações § 7º A lei disporá sobre
relativas à prestação dos os requisitos e as
serviços públicos em restrições ao ocupante
geral, asseguradas a de cargo ou emprego da
manutenção de serviços administração direta e
de atendimento ao indireta que possibilite o
usuário e a avaliação acesso a informações
periódica, externa e privilegiadas. (Incluído
interna, da qualidade dos pela Emenda
serviços; (Incluído pela Constitucional nº 19, de
Emenda Constitucional 1998)
nº 19, de 1998) § 8º A autonomia
II - o acesso dos gerencial, orçamentária e
usuários a registros financeira dos órgãos e
administrativos e a entidades da
informações sobre atos administração direta e
de governo, observado o indireta poderá ser
disposto no art. 5º, X e ampliada mediante
XXXIII; (Incluído pela contrato, a ser firmado
Emenda Constitucional entre seus
nº 19, de 1998), (Vide Lei administradores e o
nº 12.527, de 2011) poder público, que tenha
III - a disciplina da por objeto a fixação de
representação contra o metas de desempenho
exercício negligente ou para o órgão ou entidade,
abusivo de cargo, cabendo à lei dispor
emprego ou função na sobre: (Incluído pela
administração pública. Emenda Constitucional
(Incluído pela Emenda nº 19, de 1998)
Constitucional nº 19, de I - o prazo de
1998) duração do contrato;
§ 4º Os atos de (Incluído pela Emenda
improbidade Constitucional nº 19, de
administrativa importarão 1998)
a suspensão dos direitos II - os controles e
políticos, a perda da critérios de avaliação de
função pública, a desempenho, direitos,
indisponibilidade dos obrigações e
bens e o ressarcimento ao responsabilidade dos
erário, na forma e dirigentes; (Incluído pela
gradação previstas em lei, Emenda Constitucional
sem prejuízo da ação nº 19, de 1998)
penal cabível.

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III - a remuneração Supremo Tribunal
do pessoal. (Incluído pela Federal, não se
Emenda Constitucional aplicando o disposto
nº 19, de 1998) neste parágrafo aos
subsídios dos Deputados
§ 9º O disposto no inciso
XI aplica-se às empresas Estaduais e Distritais e
públicas e às sociedades dos Vereadores.
de economia mista, e (Incluído pela Emenda
suas subsidiárias, que Constitucional nº 47, de
2005)
receberem recursos da
União, dos Estados, do
Distrito Federal ou dos
Os princípios previstos no caput, do
Municípios para
pagamento de despesas artigo 37, da CF são verdadeiros vetores para o
de pessoal ou de custeio desenvolvimento correto, justo e
em geral. (Incluído pela constitucionalizado da atuação do poder público
Emenda Constitucional de uma forma geral. Eles harmonizam a desigual
nº 19, de 1998)
relação entre o ente público e o servidor público,
§ 10. É vedada a
percepção simultânea de pois estabelecem condições fundamentais para o
proventos de regular funcionamento da Administração Pública
aposentadoria quando da tomada de suas decisões. Essa foi a
decorrentes do art. 40 ou grande modificação ocorrida no século XX para o
dos arts. 42 e 142 com a
Direito Administrativo, que, ao ser regulado pelos
remuneração de cargo,
emprego ou função princípios e pelas normas inseridos na Lei Maior,
pública, ressalvados os se constitucionalizou, dando lugar à nova e atual
cargos acumuláveis na fase das relações públicas com os administrados
forma desta Constituição, e particulares. (Martins, 2012, p. 756).
os cargos eletivos e os
cargos em comissão
declarados em lei de livre A administração pública pode ser
nomeação e exoneração. definida objetivamente como a atividade concreta
(Incluído pela Emenda e imediata que o Estado desenvolve para a
Constitucional nº 20, de consecução dos interesses coletivos e
1998), (Vide Emenda
subjetivamente como o conjunto de órgãos e de
Constitucional nº 20,
de 1998) § 11. Não serão pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o
computadas, para efeito exercício da função administrativa do Estado.
dos limites Concluímos com José Tavares, para quem
remuneratórios de que administração pública é "o conjunto das pessoas
trata o inciso XI do caput
colectivas públicas, seus órgãos e serviços que
deste artigo, as parcelas
de caráter indenizatório desenvolvem a actividade ou função
previstas em lei. administrativa". A administração federal
(Incluído pela Emenda compreende a administração direta, que se
Constitucional nº 47, de constitui dos serviços integrados na estrutura
2005) § 12. Para os fins
administrativa da Presidência da República e dos
do disposto no inciso XI
do caput deste artigo, fica Ministérios; e a administração indireta, que
facultado aos Estados e compreende as seguintes categorias de
ao Distrito Federal fixar, entidades, dotadas de personalidade jurídica
em seu âmbito, mediante própria: autarquias; empresas públicas;
emenda às respectivas
sociedades de economia mista; fundações
Constituições e Lei
Orgânica, como limite públicas. Anote-se, como relembra Roberto
único, o subsídio mensal Bazilli, que essa regra de definição da amplitude
dos Desembargadores da administração pública (CF, art. 37) contém
do respectivo Tribunal de princípios norteadores a serem aplicados
Justiça, limitado a
obrigatoriamente à administração dos Estados,
noventa inteiros e vinte e
cinco centésimos por Distrito Federal e Municípios. (Moraes, 2003. p.
cento do subsídio mensal 309).
dos Ministros do

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Sobre a Administração Pública leciona Tavares própria, autônoma nos
(2012, p. 1332): termos federativos.
Ademais, o
A Administração Pública desdobramento dessa
é o conjunto de todas as estrutura também se
entidades criadas para a opera dentro de cada um
execução dos serviços dos segmentos
públicos ou para o federativos, com as
alcance de objetivos denominadas
governamentais. Esse é descentralizações
o sentido mais comum de administrativas. Assim,
Administração Pública, forma-se o conjunto
denominado orgânico, composto por órgãos da
empregado Administração
constitucionalmente pelo centralizada e da
art. 37, ao aludir à Administração indireta.
Administração Pública, Integram a
direta ou indireta, de Administração indireta as
qualquer dos poderes da autarquias, as fundações
União, dos Estados, do instituídas ou mantidas
Distrito Federal e dos pelo Poder Público, as
Municípios. Há, ainda, empresas públicas e
um sentido funcional sociedades de economia
para designar a própria mista.
atividade (função)
exercida por aqueles Quando o texto Constitucional de 1988
entes. É o sentido que se
proclamou a voz Administração Pública designou
depreende do mesmo
dispositivo constitucional a estruturação desses órgãos, permitindo-lhes
quando submete a concretizar tarefas políticas, institucionais,
Administração Pública materiais, financeiras, sociais e humanas. Desse
aos princípios da modo, previu o complexo de operações
legalidade, moralidade, propulsoras da função de administrar o Estado,
impessoalidade etc. É ou seja, a arte de governar e gerir a coisa pública.
corrente a distinção entre É precisamente a função administrativa o
os órgãos superiores de corolário do regime administrativo,
governo de um Estado,
desempenhado por um poder político-jurídico,
de uma parte, e de outra
os demais órgãos de qual seja, o Poder Executivo do Estado, que se
execução das políticas situa entre a lei e o juiz. Cumpre-lhe, assim,
governamentais, que se governar, aplicando a lei em todos os
caracterizam por serem procedimentos que não sejam contenciosos. E,
dependentes. Ao como ensinou Maurice Hauriou, se for
conjunto destes últimos necessário, impende que o Executivo imponha
dá-se o nome de aos cidadãos a execução das leis por meio de
Administração Pública
uma regulamentação própria, pela organização
indireta. Em apertada
de serviços públicos e por decisões executórias
síntese, tem-se que o
Estado (na esfera particulares. (Bulos, 2015, p. 1012).
executiva) está
composto por órgãos
constitucionais
governamentais e órgãos AULA 1: Conceito de Estado
dependentes, que
desempenham a tarefa
(função) administrativa.
Mister consignar que a
cada nível federativo
corresponde uma
estrutura administrativa

12
O Estado é uma instituição organizada base física; Governo
política, social e juridicamente, dotada de soberano, o elemento
personalidade jurídica própria de Direito Público, condutor do Estado, que
submetido às normas estipuladas pela lei detém e exerce o poder
absoluto de
máxima, que, no Brasil, é a Constituição escrita,
autodeterminação e
e dirigida por um governo que possui soberania auto-organização
reconhecida tanto interna como externamente. emanado do Povo. Não
Um Estado soberano possui como regra geral, há nem pode haver
um governo que é o elemento condutor, um povo, Estado independente
que representa o componente humano e um sem Soberania, isto é,
território que é o espaço físico que ocupa. O sem esse poder
Estado é responsável pela organização e pelo absoluto, indivisível e
incontrastável de
controle social, uma vez que detém o monopólio
organizar-se e de
legítimo do uso da força. (Matheus Carvalho,
conduzir-se segundo a
2015, p. 29). vontade livre de seu
Povo e de fazer cumprir
Nesse sentido leciona Meirelles (1997): as suas decisões
inclusive pela força, se
O conceito de Estado necessário. A vontade
varia segundo o ângulo estatal apresenta-se e se
em que é considerado. manifesta através dos
Do ponto de vista denominados Poderes
sociológico, é de Estado.
corporação territorial
dotada de um poder de
mando originário; sob o
aspecto político, é
AULA 2: Poderes do
comunidade de homens,
fixada sobre um território, Estado
com potestade superior
de ação, de mando e de As primeiras bases teóricas
coerção; sob o prisma para a ―tripartição de Poderes foram lançadas
constitucional, é pessoa na Antiguidade grega por Aristóteles, em sua
jurídica territorial obra Política, em que o pensador vislumbrava a
soberana; na existência de três funções distintas exercidas
conceituação do nosso
pelo poder soberano, quais sejam, a função de
Código Civil, é pessoa
editar normas gerais a serem observadas por
jurídica de Direito Público
Interno (art. 14, I). Como todos, a de aplicar as referidas normas ao caso
ente personalizado, o concreto (administrando) e a função de
Estado tanto pode atuar julgamento, dirimindo os conflitos oriundos da
no campo do Direito execução das normas gerais nos casos
Público como no do concretos. Acontece que Aristóteles, em
Direito Privado, decorrência do momento histórico de sua
mantendo sempre sua teorização, descrevia a concentração do
única personalidade de
exercício de tais funções na figura de uma única
Direito Público, pois a
pessoa, o soberano, que detinha um poder
teoria da dupla
personalidade do Estado ―incontrastável de mando, uma vez que era ele
acha-se definitivamente quem editava o ato geral, aplicava-o ao caso
superada. O Estado é concreto e, unilateralmente, também resolvia os
constituído de três litígios eventualmente decorrentes da aplicação
elementos originários e da lei. A célebre frase de Luís XIV reflete tal
indissociáveis: Povo, descrição: “L’État c’est moi, ou seja, ―o Estado
Território e Governo sou eu, o soberano. Dessa forma, Aristóteles
soberano. Povo é o
contribuiu no sentido de identificar o exercício de
componente humano do
três funções estatais distintas, apesar de
Estado; Território, a sua
exercidas por um único órgão. Partindo desse

13
pressuposto aristotélico, o grande pensador o papel de chefe de Estado e de governo. O
francês Montesquieu inovou dizendo que tais Presidente é eleito democraticamente para
funções estariam intimamente conectadas a três mandato com duração de quatro anos e
órgãos distintos, autônomos e independentes possibilidade de uma reeleição consecutiva para
entre si. Cada função corresponderia a um órgão, igual período.
não mais se concentrando nas mãos únicas do
soberano. Por meio dessa teoria, cada Poder Assim como o Presidente é o chefe do
exercia uma função típica, inerente à sua Executivo Nacional, os Governadores são os
natureza, atuando independente e chefes do Executivo estadual e os Prefeitos
autonomamente. Assim, cada órgão exercia chefes do Executivo municipal. O Governador e
somente a função que fosse típica, não mais o Prefeito têm sob seu comando secretários de
sendo permitido a um único órgão legislar, aplicar Estado ou Município, assim como o Presidente
a lei e julgar, de modo unilateral, como se tem sob seu comando os Ministros de Estado.
percebia no absolutismo. (Lenza, 2012, p.
481/482). Poder Executivo é formado por órgãos de
administração direta, como os ministérios, e
 Poder Legislativo indireta, como as empresas públicas e demais
autarquias.
Legislar significa ordenar ou preceituar
por lei, fazer leis. Além dessa função, compete O Poder Executivo Federal atua para
também ao poder legislativo fiscalizar o Poder colocar programas de governo em prática ou na
Executivo e julgá-lo se necessário, além de julgar prestação de serviço público. É formado por
também os seus próprios membros. O Poder órgãos de administração direta, como os
Legislativo deve ser composto pelos legisladores, ministérios, e indireta, como as empresas
ou seja, os homens que elaboram as leis que públicas e demais autarquias.
regulam o Estado e que devem ser obedecidas
pelos cidadãos e pelas organizações públicas ou O Executivo age junto ao Poder
empresas. Em países presidencialistas ou em Legislativo, participando da elaboração das leis e
monarquias, o Poder Legislativo é composto pelo sancionando ou vetando projetos. Em caso de
congresso, o parlamento e as assembleias ou relevância e urgência, adota medidas provisórias
câmaras, já em regimes ditatoriais, o próprio e propõe emendas à Constituição, projetos de
ditador exerce esse poder ou nomeia uma leis complementares e ordinárias e leis
câmara legislativa para isso. delegadas.

O Poder Legislativo, segundo o art. 44 O chefe máximo do Executivo é o


da Constituição Federal de 1988, é exercido pelo Presidente da República, que também é o chefe
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara de Estado e de Governo, já que o Brasil adota o
dos Deputados e do Senado Federal. regime presidencialista. O Presidente exerce,
ainda, o comando supremo das Forças Armadas
Nos estados membros da Federação o e tem o dever de sustentar a integridade e a
Poder Legislativo é exercido pelas Assembleias independência do Brasil, entre outras atribuições.
Legislativas de cada estado, assim,
consecutivamente, nos municípios, é o Poder No Executivo Estadual, o chefe
Legislativo é exercido pelas Câmaras Municipais supremo é o governador do estado, que tem sob
de Vereadores. seu comando secretários e auxiliares diretos.
Cabe a ele representar a Unidade Federativa
 Poder Executivo junto ao Estado brasileiro e aos demais estados,
coordenar as relações jurídicas, políticas e
O Poder Executivo tem a função de administrativas e defender sua autonomia.
governar o povo e administrar os interesses
públicos, de acordo as leis previstas na Já o Poder Executivo Municipal tem
Constituição Federal. No Brasil, País que adota o como chefe o prefeito, escolhido entre maiores
regime presidencialista, o líder do Poder de 18 anos para exercer um mandato de quatro
Executivo é o Presidente da República, que tem anos, por meio de eleições diretas e simultâneas.

14
Ele tem atribuições políticas e administrativas condicionam todas as estruturas subsequentes.
que se consolidam em atos de governo e se (Cretella Júnior, 1989, p. 129). O princípio jurídico
expressam no planejamento das atividades, é um enunciado lógico implícito ou explícito que,
obras e serviços municipais. por conta de sua grande generalidade, ocupa
posição de preeminência nos vastos quadrantes
 Poder Judiciário da Ciência Jurídica e por isso mesmo vincula de
modo inexorável o entendimento e a aplicação
O Poder Judiciário tem a função de das normas jurídicas que com ele se conectam.
interpretar e aplicar a lei nos litígios entre os (Carraza, 1998, p. 31).
cidadãos e entre cidadãos e Estado. O Judiciário
declara e restabelece os direitos contestados ou Os princípios desempenham um papel
violados, porém não dispõe dos meios materiais mediato, ao servirem como critério de
para impor suas sentenças. O que caracteriza o interpretação e de integração do sistema jurídico,
Poder Judiciário como um dos poderes do Estado e um papel imediato ao serem aplicados
é a sua autonomia na esfera da competência que diretamente a uma relação jurídica. As funções
a Constituição lhe atribui, porém, a lei votada no principais dos princípios são: Impedir o
Legislativo é obrigatória para o Judiciário, salvo surgimento de regras que lhes sejam contrárias;
as inconstitucionais. Nos Estados modernos, compatibilizar a interpretação das regras; e,
varia de Constituição para Constituição as dirimir diretamente o caso concreto frente à
garantias asseguradas aos magistrados para que ausência de outras regras. (Canotilho, 1999, p.
possam exercer suas funções livremente. Em 122).
geral, as garantias são: vitaliciedade, isto é, não
podem ser demitidos senão em virtude de A administração Pública é informada
sentença do próprio Judiciário; inamovibilidade, por diversos princípios gerais, destinados, de um
ou seja, o Executivo não pode remover o lado, a orientar a ação do administrador na
magistrado senão por motivo de promoção; e prática dos atos administrativos e, de outro
irredutibilidade de vencimentos. lado, a garantir a boa administração, que se
consubstancia na correta gestão dos negócios
A função do Poder Judiciário é garantir públicos e no manejo dos recursos públicos
os direitos individuais, coletivos e sociais e (dinheiro, bens e serviços) no interesse coletivo,
resolver conflitos entre cidadãos, entidades e com o que também se assegura aos
Estado. Para isso, tem autonomia administrativa administrados o seu direito a práticas
e financeira garantidas pela Constituição Federal. administrativas honestas e probas. (Afonso da
São órgãos do Poder Judiciário o Supremo Silva, 2006, p. 667).
Tribunal Federal (STF), Superior
Os princípios obrigam, talvez termos
Tribunal de Justiça (STJ), além dos Tribunais mais intensos do que as regras. Já se disse que
Regionais Federais (TRF), Tribunais e Juízes do infringir um princípio é mais grave do que
Trabalho, Tribunais e Juízes Eleitorais, Tribunais descumprir uma regra. Isso deriva de que o
e Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos princípio é uma síntese axiológica: os valores
estados e do Distrito Federal e Territórios. fundamentais são consagrados por meio de
princípios, que refletem as decisões
Tópico III: Princípios Do Direito fundamentais da Nação. A regra traduz uma
Administrativo solução concreta e definida, refletindo escolhas
instrumentais. Já o princípio indica uma escolha
Princípios são ideias centrais de um axiológica, que pode concretizar-se em diversas
sistema e determinam o alcance e o sentido das alternativas concretas. (Justen Filho, 2011, p.
regras de um dado subsistema do ordenamento 108-109).
jurídico, balizando a interpretação e a própria
produção normativa. (Alexandrino e Paulo, 2011, Princípio é, pois, por definição,
p. 183). mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro
alicerce dele, disposição fundamental que irradia
Princípios de uma ciência são as sobre diferentes normas, compondo-lhe o
proposições básicas, fundamentais e típicas que espírito e servindo de critério para exata

15
compreensão e inteligência delas, exatamente poderes inerentes à propriedade em toda a sua
porque define a lógica e a racionalidade do extensão. Assim, tudo o que não é proibido, é
sistema normativo, conferindo-lhe a tônica que permitido ao gestor privado. Diga-se, ainda, que
lhe dá sentido harmônico. (Bandeira de Mello, o administrador privado pode inclusive conduzir
1971, p. 284). ruinosamente seu empreendimento sem que
muito possa ser feito por terceiros (...) O gestor
Os princípios são definidos como público não age como ―dono‖, que pode fazer o
verdades de alicerce ou de garantia de certeza a que lhe pareça mais cômodo. Diz-se, então, que
um conjunto de Juízos, ordenados em um ao Administrador Público só é dado fazer aquilo
sistema de conceitos relativos a dada porção da que a lei autorize, de forma prévia e expressa.
realidade. Entendidos como verdades fundantes Daí decorre o importante axioma da
de um sistema de conhecimento, os princípios, indisponibilidade, pela Administração, dos
tendo por base sua generalidade ou abrangência, interesses públicos. (Miranda, 2005).
se dividem em univalentes, plurivalentes e
monovalentes. (Ciotola, 2001, p. 29). Na Administração Pública não há
liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na
Um edifício tem sempre suas vigas mestras, suas administração particular é lícito fazer tudo que a
colunas primeiras, que são o ponto de referência lei não proíbe, na Administração Pública só é
e, ao mesmo tempo, elementos que dão unidade permitido fazer o que a lei autoriza. (Meirelles,
ao todo. 1995).

Uma ciência é como um grande edifício O princípio da legalidade significa estar


que possui também colunas mestras. A tais a Administração Pública, em toda a sua
elementos básicos, que servem de apoio lógico atividade, presa aos mandamentos da lei, deles
ao edifício científico, é que chamamos de não se podendo afastar, sob pena de invalidade
princípios, havendo entre eles diferenças de do ato e responsabilidade de seu autor. Qualquer
destinação e de índices, na estrutura geral do ação estatal sem o correspondente calço legal,
conhecimento humano. (Reale, 1994, p. 61). ou que exceda ao âmbito demarcado pela lei, é
injurídica e expõe-se a anulação. Seu campo de
ação, como se vê, é bem menor que o do
particular. (Gasparini, 2005).
AULA 1: Princípio da Legalidade
Disciplina a Constituição da República
Consoante o princípio da legalidade, de 1988, em seu art. 5º, II, que ―ninguém será
ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
alguma coisa senão em virtude de lei, sendo senão em virtude de lei (BRASIL, 1988),
absolutamente livre na falta de lei. Ao contrário, a consagrando expressamente uma norma-
Administração só pode atuar em havendo princípio, voltada ao particular, pois a este é
previsão legal expressa. E essa previsão estará assegurado fazer ou deixar de fazer tudo aquilo
sempre orientada para determinada finalidade, que a lei não vedar. Porém, no que toca a
que não pode ser descurada pelo agente público Administração Pública, o princípio da legalidade
em sua atuação, sob pena de desvio de ganha contornos próprios, pois ao administrador
finalidade e, ipso facto 2, em ilegalidade. O Poder público cabe realizar tudo aquilo que decorre da
Executivo possui a tarefa de explicitar a lei, vontade expressa do Estado, manifestada em lei,
através de decretos ou regulamentos (art. 84, IV). não lhe sendo lícito exercer o princípio da
Só a lei pode inovar originariamente a ordem autonomia da vontade, pois o seu principal
jurídica pátria. (Tavares, 2012, p. 1337). objetivo é atingir os fins a que se propõe o
Estado.
O administrador privado conduz seu
empreendimento com dominus 3, agindo com os

2
Ipso facto – Só pelo mesmo fato; por isso mesmo, subsequente, como o veredicto de um tribunal. É um termo
consequentemente. É uma frase latina, que significa que usado em filosofia da arte, direito e ciências.3 Dominus –
um certo efeito é uma consequência direta da ação em Senhor, dono.
causa, em vez de ser provocada por uma ação

16
O princípio da legalidade surgiu b) princípio da legalidade
exatamente como uma conquista do Estado de administrativa (art. 37,
Direito, a fim de que os cidadãos não sejam caput) – destina-se,
obrigados a se submeter ao abuso de poder. Por apenas, ao administrador
público, que só age em
isso, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
conformidade com a lei,
fazer alguma coisa senão em virtude de lei. ao contrário do particular
(Figueiredo, 2001, p. 42). que pratica todos os atos
não vedados pelo
Essa preocupação ganha relevância ordenamento jurídico.
quando se trata do Estado Democrático, pois ao Aqui o executor da
promover a participação pública no processo função administrativa
decisório, e na formação dos atos de governo, não pode externar o seu
deve o administrador conjugar os ideais querer. A finalidade de
suas ações respalda-se
democráticos aos anseios do Estado de Direito,
na lei, e não no elemento
que como alhures apontado é pautado na
subjetivo da vontade. O
legalidade, que busca assegurar, a um só tempo, Princípio da legalidade
as conquistas democráticas, as garantias legais administrativa apresenta
e a preocupação social (STRECK, 2008, p. 92). força vinculante, por isso,
a Administração Pública
O princípio da legalidade é de extrema somente pode impor
relevância ao Estado Democrático de Direito, aquilo que a lei autorizar.
pois é da essência de seu conceito subordinar-se Trata-se de uma
projeção das liberdades
à Constituição e fundar-se na legalidade
públicas, que dirige o
democrática, ou seja, se sujeita, como todo
regime administrativo
Estado de Direito, ao império da lei, mas da lei dos órgãos
que realize o princípio da igualdade e da justiça. governamentais,
evitando o arbítrio e o
Sobre o princípio da legalidade leciona Bulos abuso de poder.
(2015, p. 1015):

Qual a diferença entre o


O tradicional princípio da legalidade,
pórtico geral da previsto no art. 5.°, II, da Constituição Federal e
legalidade e o princípio anteriormente estudado, aplica-se normalmente
da legalidade na Administração Pública, porém de forma mais
administrativa (art. 37, rigorosa e especial, pois o administrador público
caput 3 )? Não existem somente poderá fazer o que estiver
diferenças, porque a expressamente autorizado em lei e nas demais
legalidade administrativa espécies normativas, inexistindo, pois, incidência
se insere na previsão
de sua vontade subjetiva, pois na
geral da legalidade,
autêntico suporte do
Estado Democrático de 5
Estado Democrático
Direito5. A Única de Direitos – O termo
especificidade, mas não "estado democrático de
diferença, é quando a direito" conjuga dois
destinação de ambos: a) conceitos distintos que,
princípio geral da juntos, definem a forma
legalidade (CF, art. 5º, II) de funcionamento
– seu espectro é tipicamente assumido
bastante amplo, pois pelo Estado de
tudo aquilo que não for inspiração ocidental.
proibido ao particular, ele Cada um destes termos
poderá fazer. possui sua própria

3
Caput – Parte superior, cabeça. Capítulo. Enunciado de este contiver incisos e/ou parágrafos. É a parte inicial, ou
artigo de lei ou regulamento. É um termo em latim que seja, o enunciado primordial do artigo.
significa cabeça. Refere-se à cabeça do artigo de lei quando

17
definição técnica, mas, eficazes (isto é,
neste contexto, referem- aplicáveis), o próprio
se especificamente a Estado fica adstrito ao
parâmetros de cumprimento das regras
funcionamento do e dos limites por ele
Estado ocidental mesmo impostos; o
moderno: terceiro aspecto, que se
1) Democracia - Neste liga diretamente ao
contexto específico, o segundo, é a
termo "democracia" característica de que, no
refere-se à forma pela estado de direito, o poder
qual o Estado exerce o estatal é limitado pela lei,
seu poder soberano. não sendo absoluto, e o
Mais especificamente, controle desta limitação
refere-se a quem se dá através do acesso
exercerá o poder de de todos ao Poder
estado, já que o Estado Judiciário, que deve
propriamente dito é uma possuir autoridade e
ficção jurídica, isto é, não autonomia para garantir
possui vontade própria e que as leis existentes
depende de pessoas cumpram o seu papel de
para funcionar. Em sua impor regras e limites ao
origem grega, exercício do poder
"democratia" quer dizer estatal. Outro aspecto do
"governo do povo". No termo "de direito" refere-
sistema moderno, no se a que tipo de direito
entanto, o povo não exercerá o papel de
governa propriamente (o limitar o exercício do
que representaria uma poder estatal. No estado
democracia direta). democrático de direito,
Assim, os atos de apenas o direito positivo
governo são exercidos (isto é, aquele que foi
por membros do povo codificado e aprovado
ditos "politicamente pelos órgãos estatais
constituídos", que são competentes, como o
aqueles nomeados para Poder Legislativo)
cargos públicos através poderá limitar a ação
de eleição. No Estado estatal, e somente ele
democrático, as funções poderá ser invocado nos
típicas e indelegáveis do tribunais para garantir o
Estado são exercidas por chamado "império da lei".
indivíduos eleitos pelo Todas as outras fontes
povo para tanto, de de direito, como o Direito
acordo com regras pré Canônico ou o Direito
estabelecidas que natural, ficam excluídas,
regerão o pleito eleitoral. a não ser que o direito
2) Direito - O estado de positivo lhes atribua esta
direito é aquele em que eficácia, e apenas nos
vigora o chamado limites estabelecidos
"império da lei". Este pelo último. Nesse
termo engloba alguns contexto, destaca-se o
significados: primeiro papel exercido pela
que, neste tipo de Constituição. Nela
estado, as leis são delineiam-se os limites e
criadas pelo próprio as regras para o
Estado, através de seus exercício do poder
representantes estatal (onde se
politicamente inscrevem as chamadas
constituídos; o segundo "garantias
aspecto é que, uma vez fundamentais"), e, a
que o Estado criou as leis partir dela, e sempre
e estas passam a ser tendo-a como baliza,

18
redige-se o restante do entende que o Estado
chamado "ordenamento não pode atuar em
jurídico", isto é, o dissonância com a sua
conjunto de leis que finalidade, que é a do
regem uma sociedade. O interesse público,
estado democrático de definido nos textos
direito não pode legais. A última posição
prescindir da existência sustenta que a
de uma Constituição. Administração não pode
dar preferência a
interesses que
Administração Pública só é permitido fazer o que porventura tenha
a lei autoriza, diferentemente da esfera particular, enquanto pessoa
onde será permitido a realização de tudo que a administrativa sobre
lei não proíba. Esse princípio coaduna-se com a quaisquer interesses
própria função administrativa, de executor do finalísticos que lhe sejam
direito, que atua sem finalidade própria, mas sim cometidos. Dessa
em respeito à finalidade imposta pela lei, e com a maneira, seguem
algumas definições
necessidade de preservar-se a ordem jurídica.
sobre o significado de
(Moraes, 2003, p. 311). impessoalidade: A
impessoalidade implica,
refrise-se, o
estabelecimento de regra
AULA 2: Princípio da de agir objetiva para o
Impessoalidade administrador, em todos
os casos. Assim, como
exemplo curial, em
nomeações para
Em interessante constatação, se todos determinado cargo em
são iguais perante a lei (art. 5.º, caput), comissão, os critérios da
necessariamente o serão perante a escolha devem ser
Administração, que deverá atuar sem favoritismo técnicos, e não de
ou perseguição, tratando a todos de modo igual favoritismo ou ódios. Não
ou, quando necessário, fazendo a discriminação pode a nomeação ser o
necessária para se chegar à igualdade real ou prêmio atribuído ao
nomeado. O princípio da
material. Assim, a Administração deve sempre
impessoalidade também
buscar a concretização do interesse público e
será muito importante – e
não do particular, sentido em que a regra do revelado por meio da
concurso público ganha especial destaque. motivação, como limite à
(Lenza, 2012, p. 1275). discricionariedade – na
escolha de obras e
Sobre o princípio da impessoalidade leciona serviços públicos a
Martins (2012, p. 767): implementar nos
programas de governo a
O princípio da realizar. Enfim, em toda
impessoalidade, uma gama de situações.
explicitado de igual modo (...) Impessoalidade é,
no caput, do artigo 37, da por conseguinte,
CF, para a doutrina imparcialidade,
possui tríplice acepção. qualidade de ser
Isso porque, para alguns, imparcial, de julgamento
expressa que existe desapaixonado que não
vedação de distinguir sacrifica a sua opinião à
interesses onde a lei não própria conveniência,
permita que haja nenhum nem as de outrem. Nele
tipo de exceção. Por se traduz a ideia de que
outro lado, a corrente a Administração tem que
doutrinária diversa tratar a todos os

19
administrados sem exclusivamente para o
discriminações, interesse público, e não
benéficas ou para o privado, vedando-
detrimentosas. Nem se, em consequência,
favoritismo nem sejam favorecidos alguns
perseguições são indivíduos em detrimento
toleráveis. Simpatias ou de outros e prejudicados
animosidades pessoais, alguns para o
políticas ou ideológicas favorecimento de outros.
não podem interferir na
atuação administrativa e
muito menos interesses A Administração deve atuar
sectários, de facções ou impessoalmente significando estar ela obrigada
grupos de qualquer por comportamentos exclusivamente voltados à
espécie. O princípio em obtenção das finalidades legais que são, em sua
causa não é senão o essência, impessoais, porque visam à busca do
próprio princípio da interesse da coletividade, repelindo-se toda e
igualdade ou isonomia. qualquer atuação calcada na satisfação de
Está consagrado
interesses pessoais, tanto do funcionalismo,
explicitamente no art. 37,
caput, da Constituição.
como dos agentes políticos, detentores do poder
Além disso, assim como de mando e de terceiros. São imposições
todos são iguais perante decorrentes do princípio da finalidade legal,
a lei‘ (art. 5º, caput) também intimamente relacionado com o princípio
teriam de sê-lo perante a da impessoalidade. (Telles, 1995, p. 41).
Administração. O
princípio da
impessoalidade, referido
na Constituição de 1988
AULA 3: Princípio da
(art. 37, caput), nada
mais é que o clássico Moralidade
princípio da finalidade, o
qual impõe ao
administrador público
que só pratique o ato O texto constitucional ao apontar os
para o seu fim legal. E o princípios que devem ser observados pelo
fim legal é unicamente administrador público no exercício de sua função,
aquele que a norma de inseriu entre eles o princípio da moralidade. Isso
direito indica expressa ou
significa que em sua atuação o administrador
virtualmente como
público deve atender aos ditames da conduta
objetivo do ato, de forma
impessoal (...) E a ética, honesta, exigindo a observância de
finalidade terá sempre padrões éticos, de boa-fé, de lealdade, de regras
um objetivo certo e que assegurem a boa administração e a
inafastável de qualquer disciplina interna na Administração Pública.
ato administrativo: o (MARINELLA, 2005, p. 37).
interesse público. O
princípio objetiva a Pelo princípio da moralidade
igualdade de tratamento administrativa, não bastará ao administrador o
que a Administração
cumprimento da estrita legalidade, ele deverá
deve dispensar aos
administrados que se respeitar os princípios éticos de razoabilidade e
encontrem em idêntica justiça, pois a moralidade constitui pressuposto
situação jurídica. Nesse de validade de todo ato administrativo praticado.
ponto, representa uma (MORAES, 2003).
faceta do princípio da
isonomia. Por outro lado, O Supremo Tribunal Federal, analisando o
para que haja verdadeira princípio da moralidade administrativa,
impessoalidade, deve a manifestou-se afirmando:
Administração voltar-se

20
Poder-se-á dizer que 2ª T. Recurso
apenas agora a Extraordinário nº 160.381
Constituição Federal – SP, Rel. Min. Marco
consagrou a moralidade Aurélio, v.u.; RTJ
como princípio de 153/1.030 )
administração pública
(art. 37 da CF), isso não
é verdade. Os princípios A Constituição Federal, ao consagrar o
podem estar ou não princípio da moralidade administrativa como
explicitados em normas. vetor da atuação do administrador público,
Normalmente, sequer consagrou também a necessidade de proteção à
constam de texto moralidade e responsabilização do administrador
regrado. Defluem no todo público amoral ou imoral. (FRANCO SOBRINHO,
do ordenamento jurídico. apud MORAES):
Encontram-se ínsitos,
implícitos no sistema,
Difícil de saber por que o princípio da
permeando as diversas
normas regedoras de moralidade no direito encontra tantos
determinada matéria. O adversários. A teoria moral não é nenhum
só fato de um princípio problema especial para a teoria legal. As
não figurar no texto concepções na base natural são analógicas. Por
constitucional, não que somente a proteção da legalidade e não da
significa que nunca teve moralidade também? A resposta negativa só
relevância de princípio. A pode interessar aos administradores ímprobos.
circunstância de, no texto
Não à Administração, nem à ordem jurídica. O
constitucional anterior,
contrário seria negar aquele mínimo ético mesmo
não figurar o princípio da
moralidade não significa para os atos juridicamente lícitos.
que o administrador
poderia agir de forma Ou negar a exação no cumprimento do dever
imoral ou mesmo amoral. funcional.
Como ensina Jesus
Gonzales Perez ―el
hecho de su
consagracion em uma Não é rara a confusão entre a
norma legal no supone imoralidade administrativa com a improbidade
que com anterioridad no
administrativa. Para clarear Moraes (2003, p.
existiera, ni que por tal
320) define os atos de improbidade
consagración legislativa
haya perdido tal carácter administrativa como aqueles que, possuindo
(El principio de buena fé natureza civil e devidamente tipificados em lei
em el derecho federal, ferem direta ou indiretamente os
administrativo. Madri, princípios constitucionais e legais da
1983. p. 15). Os administração pública, independentemente de
princípios gerais de importarem enriquecimento ilícito ou de
direito existem por força causarem prejuízo material ao erário público.
própria,
independentemente de
Quando o administrador público age
figurarem em texto
legislativo. E o fato de contrariando as regras de probidade
passarem a figurar em administrativa também a moralidade
texto constitucional ou administrativa restou prejudicada, desrespeitada,
legal não lhes retira o ainda que de forma indireta. Isso ocorre porque o
caráter de princípio. O dever da boa administração está ligado ao
agente público não só atendimento à finalidade pública, mas sem
tem que ser honesto e flexibilização das normas às quais está
probo, mas tem que submetida a Administração Pública, sob pena de
mostrar que possui tal
atropelar o ordenamento jurídico. Isto significa
qualidade. Como a
mulher de César‖. (STF – que, por mais que esteja bem-intencionado o

21
administrador, ele não poderá afastar os
preceitos do regime jurídico vigente sob o
argumento de que os mesmos impedem ou AULA 4: Princípio da
inviabilizam o interesse público. (França, 2001, p. Publicidade
185).

Os princípios moralidade e probidade


O princípio da publicidade está ligado
significam praticamente a mesma coisa, embora
ao direito de informação dos cidadãos e ao dever
algumas leis façam referência separadamente à
de transparência do Estado, em conexão direta
cada um deles. No entanto, quando se fala em
com o princípio democrático, e pode ser
improbidade como ato ilícito, como infração
considerado, inicialmente, como apreensível em
sancionada pelo ordenamento jurídico, deixa de
duas vertentes: (1) na perspectiva do direito à
haver sinonímia entre as expressões imoralidade
informação (e de acesso à informação), como
e improbidade, porque esta tem um sentido mais
garantia de participação e controle social dos
amplo e mais preciso, por abranger não somente
cidadãos (a partir das disposições relacionadas
atos desonestos ou imorais, mas também atos
no art. 5º, CF/88), bem como (2) na perspectiva
ilegais. Na lei de improbidade administrativa, a
da atuação da Administração Pública em sentido
lesão à moralidade é apenas uma das inúmeras
amplo (a partir dos princípios determinados no
hipóteses de atos de improbidade previstos em
art. 37, caput, e artigos seguintes da CF/88). A
lei. (Di Pietro, 2007, p. 123).
Constituição Federal de 1988 é exemplar na
determinação de participação cidadã e
Tem-se apontado ser a moralidade
publicidade dos atos estatais. Vale lembrar, por
administrativa diversa da moralidade comum,
fim, que é razoável diferenciar publicidade
sendo aquela composta pelas regras de boa
material de publicidade formal, na medida em
administração, de exercício regular do munus4
que a formal publicação dos atos por meio de
público, de honestidade, de boa-fé, de equidade,
diário oficial não garante o pleno conhecimento e
de justiça, e regras de conduta extraíveis da
o pleno acesso à informação. Obviamente, é
prática interna da Administração. O conceito,
impossível à administração comunicar exaustiva
contudo, é perceptivelmente vago, abstrato,
e materialmente todos os atos praticados às
merecendo ser, em cada caso concreto,
pessoas que podem sentir seus efeitos. Por esta
elucidado à luz das disposições constitucionais e
razão, impõe-se certa formalidade, que significa
da busca da ética pública. (Tavares, 2012, p.
a aplicação da presunção de conhecimento
1338).
decorrente da publicação em órgão oficial.
Presume-se, após a divulgação do ato, que todos
Existe, por fim, outra categoria de ato
administrativo contrário à moral administrativa. os administrados puderam conhecer os atos
praticados, havendo, desta forma, o pleno
Nesta, o ato não contraria a lei e também não é
cumprimento do princípio constitucional da
consequência do desvio de poder. Ofende a
publicidade. (Mendes e Branco, 2012, p. 639).
moralidade na medida em que, apesar de a
atuação ser prevista em lei, prejudica os
A publicidade é o quarto princípio
particulares. A atuação da Administração, aqui,
previsto expressamente no caput do artigo 37 da
não está acobertando atos violadores da
Constituição Federal. Por esse princípio a
ideologia legal; ocorre simplesmente o uso de
atuação administrativa terá de ser transparente
norma administrativa em prejuízo do particular. O
sem ocultações de atos e muito menos sigilo em
benefício trazido a todos é menor do que o ônus
relação a eles. Não se admite mais, nos dias de
suportado pelo receptor do ato. (Bastos, 2000, p.
hoje, que a Administração Pública se utilize de
310).
normas e outros instrumentos que tenham o
silêncio como a sua característica de atuação,

4
Múnus - é um substantivo masculino de dois números na obrigações de um indivíduo. O múnus também pode ser
língua portuguesa, e significa a função ou obrigação que considerado o emprego ou cargo de uma pessoa, levando
deve ser exercida por alguém. A palavra múnus se originou em consideração a necessidade de cumprir obrigações
diretamente do latim munus, que quer dizer "dever", "ônus", durante o trabalho.
"função" e "encargo". O termo múnus é principalmente
utilizado dentro do âmbito jurídico, como um conjunto de

22
uma vez que tem por finalidade, além de outras, comunidade e de seus membros. Esse dever de
atingir o bem comum. A transparência, com plena eficiência, bem lembrado por Carvalho Simas,
divulgação dos atos administrativos, é requisito corresponde ao dever de boa administração‘ da
da própria moralidade, em decorrência de que doutrina italiana, o que já se acha consagrado,
atos irregulares somente podem ser contestados entre nós, pela Reforma Administrativa Federal
quando conhecidos. Não há possibilidade de se do Dec.-Lei 200/67, quando submete toda
opor à prática de atos administrativos ilegais se atividade do Executivo ao controle de resultado
esses estão ocultos, sem a ciência do (arts. 13 e 25,V), fortalece o sistema de mérito
interessado ou da coletividade, que com a plena (art. 25, VIII), sujeita a Administração indireta a
divulgação dos atos públicos têm a possibilidade supervisão ministerial quanto à eficiência
de exercer o controle e a fiscalização necessários administrativa (art. 26, III) e recomenda a
para impedir qualquer desvio interno. A demissão ou dispensa do servidor
publicidade se efetiva com a publicação no Diário comprovadamente ineficiente ou desidioso (art.
Oficial, dos atos praticados pelo Poder Público, 100). (Meirelles, 1997, p. 70).
para conhecimento dos cidadãos em geral e
produção de seus efeitos. (Martins, 2012, p. 771). A Emenda Constitucional 5 n. 19/98
introduziu na Constituição Federal de 1988 o
O princípio em epígrafe apresenta duas princípio da eficiência, incorrendo em uma
vertentes na análise de seu conteúdo. Por meio obviedade, mas merecendo aplausos de quem
da exigência da ampla publicidade obtém-se a compreendia, ao tempo da inclusão, a
necessária transparência dos atos necessidade de se reafirmar os pressupostos de
administrativos. O administrador está impedido exercício dos poderes administrativos. A
de guardar sigilo das atividades administrativas atividade da Administração Pública deve ter em
em geral. De outra parte, o princípio da mira a obrigação de ser eficiente. Trata-se de um
publicidade assegura a todos o direito de acesso alerta, de uma advertência e de uma imposição
à atividade administrativa, vale dizer, o direito de do constituinte derivado, que busca um Estado
―receber dos órgãos públicos informações de avançado, cuja atuação prime pela correção e
seu interesse particular, ou de interesse coletivo pela competência. Não apenas a perseguição e
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob o cumprimento dos meios legais e aptos ao
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas sucesso são apontados como necessários ao
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da bom desempenho das funções administrativas,
sociedade (art. 5º, XXXIII). (Tavares, 2012, p. mas também o resultado almejado. Com o
1342). advento do princípio da eficiência, é correto dizer
que Administração Pública deixou de se legitimar
apenas pelos meios empregados e passou —
após a Emenda Constitucional n. 19/98 — a
AULA 5: Princípio da legitimar-se também em razão do resultado
Eficiência obtido. (Mendes e Branco, 2012, p. 640).

Assim leciona Moraes (2013, p. 316/317):


Dever de eficiência é o que se impõe a
todo agente público de realizar suas atribuições A atividade estatal
com presteza, perfeição e rendimento funcional. produz de modo direto ou
É o mais moderno princípio da função indireto consequências
administrativa, que já não se contenta em ser jurídicas que instituem,
reciprocamente, direito
desempenhada apenas com legalidade, exigindo ou prerrogativas, deveres
resultados positivos para o serviço público e ou obrigações para a
satisfatório atendimento das necessidades da população, traduzindo

5
Emenda Constitucional (EC.) - No campo jurídico, é ordenamento jurídico brasileiro, sua aprovação está a cargo
chamada emenda constitucional a modificação imposta ao da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A emenda
texto da Constituição Federal após sua promulgação. É o depende de três quintos dos votos em dois turnos de
processo que garante que a Constituição de um país seja votação em cada uma das casas legislativas (equivalente a
modificada em partes, para se adaptar e permanecer 308 votos na Câmara e 49 no Senado).
atualizada diante de relevantes mudanças sociais. No

23
uma relação jurídica Se, na iniciativa privada, se busca a
entre a Administração e excelência e a efetividade, na administração,
os administrados.
outro não poderia ser o caminho, enaltecido pela
Portanto, existirão
direitos e obrigações EC n. 19/98, que, em boa hora, fixou a eficiência
recíprocos entre o também para a Administração Pública. A ordem
Estado-administração e o do dia é a produtividade, e o Estado deve
indivíduoadministrado e, conseguir alcançar os resultados. Para tanto,
consequentemente,
mecanismos de incentivo devem existir para os
esse, no exercício de
seus direitos subjetivos, servidores (e controle do desempenho deles),
poderá exigir da mas, também, a Administração terá que estar
Administração Pública o dotada de estrutura para a sua concretização.
cumprimento de suas (Lenza, 2012, p. 1283).
obrigações da forma
mais eficiente possível. O
administrador público
precisa ser eficiente, ou
seja, deve ser aquele que AULA 6: Princípio da
produz o efeito desejado, Segurança Jurídica
que dá bom resultado,
exercendo suas
atividades sob o manto
da igualdade de todos O Direito propõe-se a ensejar certa
perante a lei, velando estabilidade, um mínimo de certeza na regência
pela objetividade e
da vida social, esta segurança jurídica coincide
imparcialidade. Assim,
princípio da eficiência (1) com uma das mais profundas aspirações do
é aquele que impõe à homem: a da segurança em si mesma.
Administração Pública (Bandeiras de Mello, 2009, p. 124-125).
direta e indireta (2) e a
seus agentes a A segurança encerra valores e bens
persecução do bem
comum, por meio do jurídicos que não se esgotam na mera
exercício de suas preservação da integridade física do Estado e
competências de forma das pessoas: açambarca em seu conteúdo
imparcial, neutra, conceitos fundamentais para a vida civilizada,
transparente,
como a continuidade das normas jurídicas, a
participativa, eficaz, sem
burocracia e sempre em estabilidade das situações constituídas e a
busca da qualidade, certeza jurídica que se estabelece sobre
primando pela adoção situações anteriormente controvertidas.
dos critérios legais e (Barroso, 2002, p. 49).
morais necessários para
a melhor utilização
possível dos recursos
O princípio também pode ser nominado
públicos, de maneira a como o da estabilidade das relações jurídicas, e
evitar-se desperdícios e tem em mira garantir certa perpetuidade nas
garantir-se uma maior relações jurídicas estabelecidas com ou pela
rentabilidade social. Administração. Ao administrador não é dado,
Note-se que não se trata
da consagração da sem causa legal que justifique invalidar atos
tecnocracia, muito pelo administrativos, desfazendo relações ou
contrário, o princípio da situações jurídicas. Quando possível, porque
eficiência dirigese para a legal e moralmente aceitos, deve convalidar atos
razão e fim maior do que, a despeito de irregularidades, cumpram ou
Estado, a prestação dos
serviços sociais atinjam a finalidade pública. Por vezes, o vício do
essenciais à população, ato é marcado por mera irregularidade formal, e
visando a adoção de a invalidação poderá ser mais prejudicial do que
todos os meios legais e o aproveitamento de seus efeitos jurídicos,
morais possíveis para podendo o administrador proceder à
satisfação do bem
comum (3). convalidação (ou sanatória) daquele ato. (Rosa,
2011, p. 53).

24
A segurança jurídica apresenta duas assim à Administração inerte o prêmio da
dimensões: uma objetiva e outra subjetiva. A imprescritibilidade na hipótese considerada.
primeira está voltada à proteção que o Estado (Silva, 2005, p. 673).
deve conceder aos cidadãos, principalmente no
que toca mudanças na política estatal que
possam prejudicar ou fragilizar seu direito à
estabilidade e à previsibilidade, ou, em outras AULA 8: Princípio da
palavras, à segurança jurídica em sua concepção Supremacia do Interesse
político-institucional. A segunda dimensão é a Público
subjetiva, que está relacionada à proteção dos
O princípio da supremacia do interesse
indivíduos aos seus pares, e se refere à proteção
público é um princípio implícito. Embora não se
da confiança deposita nos negócios jurídicos,
encontre enunciado no texto constitucional, ele é
como, por exemplo, os contratos, que não podem
decorrência das instituições adotadas no Brasil.
ser alterados de modo a afetar o patrimônio
Com efeito, por força do regime democrático e do
jurídico de uma das partes. Logo, em sua
sistema representativo, presume-se que toda
vertente subjetiva, o princípio da segurança
atuação do Estado seja pautada pelo interesse
jurídica assegura que as relações entre
público, cuja determinação deve ser extraída da
particulares sob determinada regulamentação
Constituição e das leis, manifestações da
não serão afetados por outra que advenha,
"vontade geral". Assim sendo, lógico é que a
resguardando um direito à estabilidade conferida
atuação do Estado subordine os interesses
aos cidadãos. (Couto e Silva, 2005).
privados. Decorre dele que, existindo conflito
entre o interesse público e o interesse particular,
deverá prevalecer o primeiro, tutelado pelo
Estado, respeitados, entretanto, os direitos e
AULA 7: Princípio da
garantias individuais expressos na Constituição,
Prescritibilidade dos Ilícitos
ou dela decorrentes. (Alexandrino e Paulo, 2008,
Administrativos p. 217).

As atividades administrativas são


A Prescritibilidade, como forma de perda da desenvolvidas pelo Estado para benefício da
exigibilidade de direito, pela inércia de seu titular, coletividade. Desse modo, não é o indivíduo em
é um princípio geral de direito. Não será, pois, de si o destinatário da atividade administrativa, mas
estranhar que ocorram prescrições sim o grupo social num todo. Trata-se, de fato, do
administrativas sob vários aspectos, quer quanto primado do interesse público. O indivíduo tem
às pretensões de interessados em face da que ser visto como integrante da sociedade, não
Administração, quer quanto às desta em face de podendo os seus direitos, em regra, ser
administrados. Assim é especialmente quanto equiparados aos direitos sociais. Saindo da era
aos ilícitos administrativos. Se a administração do individualismo exacerbado, o Estado passou
não toma providências à sua apuração e à a caracterizar-se como o Estado/bem-estar,
responsabilização do agente, a sua inércia gera dedicado a atender ao interesse público.
a perda do ius persequendi. É o princípio que Logicamente, as relações sociais vão ensejar,
consta do art. 37, §5º, que dispõe: ―A lei em determinados momentos, um conflito entre o
estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos interesse público e o interesse privado, mas,
praticados por qualquer agente, servidor ou não, ocorrendo esse conflito, há de prevalecer o
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as interesse público. (Carvalho Filho, 2014, p. 34).
respectivas ações de ressarcimento. Vê-se,
porém, que há uma ressalva ao princípio. Nem
tudo prescreverá. Apenas a apuração e punição
do ilícito, não, porém, o direito da administração AULA 9: Princípio da
ao ressarcimento, à indenização, do prejuízo Autotutela
causado ao erário. É uma ressalva constitucional
e, pois, inafastável, mas, por certo, destoante dos
princípios jurídicos, que não socorrem quem fica
inerte (dormientibus non sucurritius). Deu-se

25
No âmbito administrativo, o princípio da 11/6/1970, p. 2381; DJ de
autotutela confere à Administração Pública o 12/6/1970, p. 2405; DJ de
15/6/1970, p. 2437.
poder-dever para revogar atos que não mais lhe
convenham sob o ponto de vista do mérito
administrativo (considerando aqui o juízo de
conveniência e oportunidade característico do
AULA 10: Princípio da
poder discricionário da Administração Pública)
Responsabilidade Civil da
ou, ainda, invalidar (anular), sob o ponto de vista
da legalidade, os atos administrativos Administração
considerados ilegais. Convém ainda observar
O artigo 186 Código Civil Brasileiro
que parcela minoritária da doutrina
estabelece que: ―Se uma pessoa, dolosa ou
administrativista atribui conceito diverso ao
culposamente, causar prejuízo a outro, fica
princípio da autotutela, no sentido de que estaria
obrigada a reparar o dano. ‖ É nesse contexto
associado à auto executoriedade (poder atribuído
que surge a ideia de responsabilidade.
à Administração Pública para executar
diretamente seus atos administrativos, sem
Assim ocorre quanto ao Poder Público,
necessidade de autorização judicial e que
que também tem a responsabilidade patrimonial
constitui um dos atributos do poder de polícia). O
de restabelecer ao lesado o status quo ante ao
poder dever de autotutela, no entanto, encontra
evento danoso toda vez que do comportamento
limitação temporal expressa na Lei n.
estatal resultar prejuízos aos outros. Portanto, o
Estado é obrigado a reparar os danos causados
9.784, de 29-1-1999, que textualmente
a terceiros com a equivalente indenização ao
estabelece em seu art. 54: ―O direito da
administrado que sofreu o dano injustamente.
Administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os
A responsabilidade civil do estado
destinatários decai em cinco anos, contados da
passou, historicamente passou por várias fases,
data em que foram praticados, salvo comprovada
no início existia a Teoria da Irresponsabilidade do
má-fé‖. (Gomes, 2012, p. 22).
Estado. A Constituição de 1824 promulgada por
Dom Pedro I adotava a teoria regalista, a qual
determinava que o Estado não detinha qualquer
Sobre o Princípio da Autotutela é a responsabilidade sobre os danos causados por
Súmula 473 editada pelo Supremo Tribunal seus agentes a terceiros. Neste contexto,
Federal: observa-se que o artigo 179, número 29 da Carta
de 1824 dispunha que os empregados públicos
SÚMULA Nº 473 - STF - DE 03/12/1969 - DJ DE são estritamente responsáveis pelos abusos e
12/12/1969 omissões praticados no exercício de suas
funções, e por não fazerem efetivamente
Enunciado: A responsáveis aos seus subalternos. A primeira
administração pode delas seria a teoria da irresponsabilidade. (Paola
anular seus próprios atos, Gonçalves, 2008, p. 261).
quando eivados de vícios
que os tornam ilegais,
Neste caso os administrados tinham
porque deles não se
originam direitos; ou somente à sua disposição a ação de
revogá-los, por motivo de responsabilidade civil do funcionário. Apenas na
conveniência ou Constituição 1946 passou-se a prever a
oportunidade, responsabilidade objetiva do Estado, o que
respeitados os direitos
permaneceu inalterado pelas Constituições de
adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a 1967, 1969 e 1988.
apreciação judicial. Data
da Aprovação: Nas hipóteses de responsabilização do
03/12/1969 Poder Público, por danos decorrentes da incúria
Fonte de Publicação: DJ
administrativa, que causem prejuízo ao
de 12/12/1969, p. 5.993
Observação: patrimônio do particular por deficiência do serviço
Republicação: DJ de público, prepondera a responsabilidade subjetiva

26
do Estado, porque o dano ocorre em decorrência objeto do processo de descentralização. Ao
de uma omissão do Estado, o que significa que o Estado cabe a avaliação do que deve continuar a
serviço não funcionou, funcionou tardia ou ser executado centralizadamente ou do que deve
ineficientemente. Logo, a responsabilidade ser transferido a outra pessoa. O princípio da
estatal por ato omissivo é responsabilidade por especialidade aponta para a absoluta
comportamento ilícito. Contrapondo-se à necessidade de ser expressamente consignada
responsabilidade objetiva, acatada nos casos de na lei a atividade a ser exercida,
risco, em que se exige tão-somente a relação de descentralizadamente, pela entidade da
causalidade. Disso, podemos concluir que, Administração Indireta. Em outras palavras,
independentemente da teoria adotada, para nenhuma dessas entidades pode ser instituída
fundamentar o dever de indenizar, o Estado é com finalidades genéricas, vale dizer, sem que se
responsável quando dá causa ou agrava um defina na lei o objeto preciso de sua atuação.
determinado evento, causando prejuízo ao Somente as pessoas políticas têm a seu cargo
administrado. (Bandeira de Mello, 1992, p. funções genéricas das mais diversas naturezas,
144/145). como definido no sistema de partilha
constitucional de competências. Tal não pode
Estabelece o art. 37, § 6º, da ocorrer com as pessoas da Administração
Constituição Federal: ―As pessoas jurídicas de Indireta. Estas só podem atuar, só podem
direito público e as de direito privado prestadoras despender seus recursos nos estritos limites
de serviços públicos responderão pelos danos determinados pelos fins específicos para os
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a quais foram criadas. (Carvalho Filho, 2011, p.
terceiros, assegurado o direito de regresso contra 282).
o responsável nos casos de dolo ou culpa‖. O
referido dispositivo enuncia o princípio da
responsabilidade, estabelecendo para o Estado o
dever de indenizar particulares por ações e AULA 12: Princípio da
omissões de agentes públicos que acarretam Continuidade do Serviço
danos aos administrados. No exercício da função Público
administrativa, a atuação dos agentes públicos é
imputada à pessoa jurídica estatal a que estão Por esse princípio entende-se que o serviço
ligados, razão pela qual, em princípio, cabe ao público, sendo a forma pela qual o Estado
Estado reparar os prejuízos decorrentes do desempenha funções essenciais ou necessárias
comportamento de seus agentes. Somente em à coletividade, não pode parar. Dele decorrem
sede de ação regressiva é que o agente poderá consequências importantes: 1. a proibição de
ser responsabilizado. A responsabilidade do greve nos serviços públicos; essa vedação, que
Estado por condutas comissivas é objetiva, não antes se entendia absoluta, está
dependendo da comprovação de culpa ou dolo. consideravelmente abrandada, pois a atual
Já nos danos por omissão, o dever de indenizar Constituição, no artigo 37, inciso VII, determina
condiciona-se à demonstração de culpa ou dolo, que o direito de greve será exercido ―nos termos
submetendo-se à teoria subjetiva. (MAZZA, e nos limites definidos em lei complementar;
2014, p. 144). também em outros países já se procura conciliar
o direito de greve com a necessidade do serviço
público; 2. necessidade de institutos como a
suplência, a delegação e a substituição para
AULA 11: Princípio da preencher as funções públicas temporariamente
Especialidade vagas; 3. a impossibilidade, para quem contrata
com a Administração, de invocar a exceptio non
adimpleti contractus6 nos contratos que tenham
por objeto a execução de serviço público; 4. a
Não é qualquer atividade cometida aos
faculdade que se reconhece à Administração de
órgãos da Administração Direta que se torna

6
Exceptio non adimpleti contractus – exceção do contrato escusar-se da prestação da obrigação contratual, por não ter
não cumprido, disciplinada pelos arts. 476 e 477 do Código o outro contratante cumprido com aquilo que lhe competia.
Civil de 2002, se refere à possibilidade de o devedor Se aplica às relações entre particulares.

27
utilizar os equipamentos e instalações da representativos, eleições periódicas, pluralismo
empresa que com ela contrata, para assegurar a partidário, separação de poderes. Em segundo
continuidade do serviço; 5. com o mesmo lugar, o princípio democrático implica democracia
objetivo, a possibilidade de encampação da participativa, isto é, estruturação de processos
concessão de serviço público. (Di Pietro, 2012, p. que ofereçam aos cidadãos efetivas
57). possibilidades de aprender a democracia,
participar nos processos de decisão, exercer
controle crítico na divergência de opiniões,
produzir inputs políticos democráticos.
AULA 13: Princípio da
Participação A participação pode se dar diretamente,
através da chamada democracia direta, com a
utilização de instrumentos como o referendo, o
plebiscito ou a iniciativa popular, como também
O art. 37, § 3º da Constituição Federal pode ser proposta a partir de meios que,
de 1988 estabelece que a lei disciplinará as juntamente com a administração pública,
formas de participação do usuário na pretendem cooperar para uma administração
administração pública direta e indireta, regulando participativa, que pode se dar através de
especialmente: as reclamações relativas à subprefeituras ou com a participação de cidadãos
prestação dos serviços públicos em geral, em conselhos públicos municipais, ou, ainda,
asseguradas a manutenção de serviços de pelos chamados conselhos autônomos, que,
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, apesar de não pertencerem, nem serem
externa e interna, da qualidade dos serviços; o subordinados à administração pública, podem
acesso dos usuários a registros administrativos e fiscalizar e até mesmo participar da
a informações sobre atos de governo, observado administração nos assuntos que forem
o disposto no art. 5º, X e XXXIII e a disciplina da pertinentes à coletividade. (Viegas, 2003)
representação contra o exercício negligente ou
abusivo de cargo, emprego ou função na
administração pública.
AULA 14: Princípio da
A participação popular propicia uma Proporcionalidade
nova relação entre os cidadãos e o Estado,
fazendo surgir uma cidadania ativa, consciente, A proporcionalidade é um
que se transforma no elemento essencial para a aspecto da razoabilidade voltado à aferição da
defesa dos interesses difusos e coletivos e de justa medida da reação administrativa diante
todos os mecanismos para a administração de da situação concreta. Em outras palavras,
um estado. (Saule Junior,1998). constitui proibição de exageros no exercício da
função administrativa. Consoante excelente
O conceito de cidadão e de cidadania definição prevista no art. 2º, parágrafo único, VI,
vem adquirindo particularidades que não se da Lei n. 9.784/99, a razoabilidade consiste no
esgotam na compreensão de cidadão como dever de ―adequação entre meios e fins, vedada
aquele que participa dos negócios da cidade. A a imposição de obrigações, restrições e sanções
participação do cidadão no poder surge como em medida superior àquelas estritamente
uma característica da democracia e configura-se necessárias ao atendimento do interesse
pela tomada de posição concreta na gestão dos público‖. A simples leitura do dispositivo permite
negócios da cidade, isto é, no poder. (Baracho identificar a especial preocupação do legislador
Júnior, p. 155, 2000). em coibir excessos no campo do Direito
Administrativo sancionador, seara onde mais
Para Canotilho (1999, p. 282) a comumente são identificadas punições
participação do cidadão nas questões de Estado exageradas e desproporcionais. Assim, ao
configura o verdadeiro Estado Democrático de contrário da razoabilidade, que se estende a
Direito, isso porque: Em primeiro lugar, o todos os setores de atuação da Administração
princípio democrático acolhe os mais importantes Pública, a proporcionalidade regula
postulados da teoria democrática - órgãos especificamente o poder disciplinar (exercido

28
internamente sobre agentes públicos e possibilidade jurídica de celebrar contratos, e
contratados) e o poder de polícia (projeta-se outros ajustes, com o poder público, entendido
externamente nas penas aplicáveis a poder da administração centralizada. Mas os
particulares). (Mazza, 2014, p. 142). demais órgãos não possuem personalidade
jurídica para que seus administradores possam,
Segundo a concepção a nosso ver em seu nome, celebrar contrato com o poder
majoritária na doutrina administrativista, público, no qual se inserem. Tudo isso vai ter que
representa, em verdade, uma das vertentes do ser definido pela lei referida no texto. A lei poderá
princípio da razoabilidade. Isso porque a outorgar aos administradores de tais órgãos uma
razoabilidade exige, entre outros aspectos, que competência especial que lhes permita celebrar
haja proporcionalidade entre os meios utilizados o contrato, que talvez não passe de uma espécie
pelo administrador público e os fins que ele de acordo-programa. (Silva, 2005, p. 675).
pretende alcançar. Se o ato administrativo não
guarda uma proporção adequada entre os meios
empregados e o fim almejado, será um ato
desproporcional, excessivo em relação a essa AULA 16: Princípio da
finalidade visada. Impede o princípio da Presunção de Legalidade,
proporcionalidade que a Administração restrinja Legitimidade e Veracidade
os direitos do particular além do que caberia, do
que seria necessário, pois impor medidas com Esse princípio, que alguns chamam de
intensidade ou extensão supérfluas, princípio da presunção de legalidade, abrange
desnecessárias, induz à ilegalidade do ato, por dois aspectos: de um lado, a presunção de
abuso de poder. Esse princípio fundamenta-se verdade, que diz respeito à certeza dos fatos; de
na idéia de que ninguém está obrigado a suportar outro lado, a presunção da legalidade, pois, se a
restrições em sua liberdade ou propriedade que Administração Pública se submete à lei,
não sejam indispensáveis, imprescindíveis à presume-se, até prova em contrário, que todos os
satisfação do interesse público. (Alexandrino e seus atos sejam verdadeiros e praticados com
Paulo, 2008, p. 235). observância das normas legais pertinentes.
Trata-se de presunção relativa (juris tantum) que,
como tal, admite prova em contrário. O efeito de
tal presunção é o de inverter o ônus da prova.
AULA 15: Princípio da Autonomia Como consequência dessa presunção, as
Gerencial decisões administrativas são de execução
imediata e têm a possibilidade de criar
A autonomia gerencial, orçamentária e obrigações para o particular,
financeira dos órgãos e entidades da independentemente de sua
administração direta e indireta poderá ser concordância e, em determinadas
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre hipóteses, podem ser executadas
seus administradores e o poder público, que pela própria Administração,
tenha por objeto a fixação de metas de mediante meios diretos ou indiretos de coação. É
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo o que os franceses chamam de decisões
à lei dispor sobre: o prazo de duração do executórias da Administração Pública. (Pietro,
contrato; os controles e critérios de avaliação de 2012, p. 55).
desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes; a remuneração AULA 17: Princípio da Indisponibilidade
do pessoal. do Interesse Público
Cria-se aqui uma forma de contrato O princípio da indisponibilidade do interesse
administrativo inusitado entre administradores de público enuncia que os agentes públicos não são
órgãos do poder público com o próprio poder donos do interesse por eles
público. Quanto ao contrato das entidades não há defendido. Assim, no exercício da
maiores problemas porque entidades são órgãos função administrativa os agentes
públicos ou para públicos (paraestatais) com públicos estão obrigados a atuar,
personalidade jurídica de modo que têm a não segundo sua própria vontade,

29
mas do modo determinado pela legislação. Como genérico ou específico. Diz-se genérico quando a
decorrência dessa indisponibilidade, não se Administração Pública deixa simplesmente de
admite tampouco que os agentes renunciem aos atender ao interesse público, desviando-se para
poderes legalmente conferidos ou que socorrer interesses privados. Diz-se específico
transacionem em juízo. (Mazza, 2014, p. 101). quando a Administração pública desatende a
finalidade indicada na lei, visando outra ainda
que pública. (Dirley Cunha, 2012, p. 965).

AULA 18: Princípio da Motivação

O princípio da obrigatória motivação Tópico IV: Fontes Do Direito


impõe à Administração Pública o dever de Administrativo
indicação dos pressupostos de fato e de direito
que determinaram a prática do ato (art. 2º, A fonte de uma coisa é o lugar de onde
parágrafo único, VII, da Lei n. 9.784/99). Assim, surge essa coisa. O lugar de onde ela nasce.
a validade do ato administrativo está Assim, a fonte do Direito é aquilo que o produz, é
condicionada à apresentação por escrito dos algo de onde nasce o Direito. Para que se possa
fundamentos fáticos e jurídicos justificadores da dizer o que é fonte do Direito é necessário que se
decisão adotada. Trata-se de um mecanismo de saiba de qual direito. Se cogitarmos do direito
controle sobre a legalidade e legitimidade das natural, devemos admitir que sua fonte é a
decisões da Administração Pública. O dever de natureza humana. Aliás, vale dizer, é a fonte
motivar os atos administrativos encontra primeira do Direito sob vários aspectos.
fundamento em diversos dispositivos normativos, (Machado, 2000, p. 57).
merecendo destaque: a) art. 93, X, da
Constituição Federal: ―as decisões Por fonte do direito pode-se
administrativas dos tribunais serão motivadas em compreender o fundamento de validade da
sessão pública, sendo as disciplinares tomadas ordem jurídica. É fonte de uma norma a anterior,
pelo voto da maioria absoluta de seus membros; que lhe seja superior, tal como concebido por
b) art. 50 da Lei n. 9.784/99: ―Os atos Kelsen. A Constituição passa a ser a fonte das
administrativos deverão ser motivados, com demais normas jurídicas. Para a validez da
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos Constituição, porém, não há norma positivada,
(...).Entretanto, a Constituição de 1988 só prevê mas uma norma hipotética fundamental, que é
expressamente o dever de motivação para atos pressuposta. A norma hipotética, por fim, é que
administrativos dos Tribunais e do Ministério confere o fundamento de validade para todo o
Público. (Mazza, 2014, p. 134). sistema ou ordem jurídica. Esse é o sentido
formal de fonte do direito. Fonte do direito, porém,
é usualmente empregada em outro sentido,
associando-a ao que produz o direito. As fontes
AULA 19: Princípio da formais podem ser estatais (lei, jurisprudência,
Finalidade Pública convenções e tratados internacionais) e não
estatais (costumes, doutrina, o poder de grupos
A Administração Pública só existe e sociais). (Rosa, 2011, p. 19).
se justifica para atender a um fim público, que é
o resultado que se busca alcançar com a prática Fonte é o local de onde algo provém.
do ato, e que consiste em satisfazer, em caráter No Direito, as fontes são os fatos jurídicos de
geral e especial, os interesses da coletividade. onde as normas emanam. As fontes jurídicas
Caso contrário estar-se-á diante de um desvio de podem ser de dois tipos:
finalidade ou desvio de poder, que acarreta a
invalidação do ato administrativo. Assim há uma a) primárias, maiores ou diretas: são o
finalidade pública geral que é aquela prevista em nascedouro principal e imediato das normas; e b)
todas as leis por imperativo da ordem jurídica; e secundárias, menores ou indiretas: constituem
uma finalidade pública especial que é aquela instrumentos acessórios para originar normas,
ditada pela lei a qual se esteja dando execução. derivados de fontes primárias. No Direito
O desvio de finalidade, por conseguinte, pode ser Administrativo, somente a lei constitui fonte

30
primária na medida em que as demais fontes de leis administrativas relevantes: Lei nº
(secundárias) estão a ela subordinadas. 8.112/1990 - regime jurídico dos servidores
Doutrina, jurisprudência e costumes são fontes públicos federais estatutários; Lei nº 8.666/1993
secundárias. (Mazza, 2014, p. 67). - normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos; Lei Nº 8.987/1995 - lei geral das
O Direito Administrativo abebera-se, para sua concessões e permissões de serviços públicos;
formação, em quatro fontes principais, a saber: a Lei nº 9.784/1999 - normas gerais aplicáveis aos
lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes. A processos administrativos federais; Lei nº
lei, em sentido amplo, é a fonte primária do 11.079/2004 - lei geral das parcerias público-
Direito Administrativo, abrangendo esta privadas; Lei n.º 11.107/2005 - normas gerais de
expressão desde a Constituição até os contratação de consórcios públicos. (Alexandrino
regulamentos executivo. A doutrina, formando o e Paulo, 2008, p. 36).
sistema teórico de princípios aplicáveis ao Direito
Positivo, é elemento construtivo da Ciência Nesse sentido são as lições de Gomes (2013, p.
Jurídica à qual pertence a disciplina em causa. A 19):
doutrina é que distingue as regras que convêm
ao Direito Público e ao Direito Privado, e mais A Lei - Dentre as fontes
particularmente a cada um dos subramos do do Direito Administrativo,
saber jurídico. Influi ela não só na elaboração da a lei é, sem dúvida, a
mais importante, sendo,
lei como nas decisões contenciosas e não
para alguns, a única
contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito fonte desse sub-ramo do
Administrativo. A jurisprudência, traduzindo a Direito. A palavra lei aqui
reiteração dos julgamentos num mesmo sentido, deve ser entendida em
influencia poderosamente a construção do sentido genérico e
Direito, e especialmente a do Direito abrangente, na acepção
Administrativo, que se ressente de de norma jurídica,
sistematização doutrinária e de codificação legal. compreendendo a
A jurisprudência tem um caráter mais prático, Constituição Federal, leis
ordinárias, decretos,
mais objetivo, que a doutrina e a lei, mas nem por
medidas provisórias,
isso se aparta de princípios teóricos que, por sua portarias, circulares e
persistência nos julgados, acabam por penetrar e quaisquer outros atos
integrar a própria Ciência Jurídica. O costume normativos relacionados
tem perdido muito de sua importância na à Administração Pública
construção do Direito, desde a Lei da Boa Razão direta (União, Estados,
(1769), que desautorizou seu acolhimento Distrito Federal e
quando contrário à lei, até a promulgação de Municípios) e indireta
nosso Código Civil (1916), que declarou (autarquias, fundações
públicas, agências,
revogados os "usos e costumes concernentes às
associações públicas,
matérias de Direito Civil" por ele reguladas (art.
empresas públicas,
1.807). (Meirelles, 1996). sociedades de economia
mista e entidades
O direito administrativo tem sua formação paraestatais), sendo que
norteada por quatro fontes principais: a lei, a referidas normas são
jurisprudência, a doutrina e os costumes. O aplicáveis dentro das
direito administrativo no Brasil não se encontra respectivas esferas de
codificado, isto é, os textos administrativos não poder (federal, estadual,
distrital e municipal).
estão reunidos em um só corpo de lei, como
A jurisprudência -
ocorre com outros ramos do nosso Direito
caracteriza-se como o
(Código Penal, Código Civil). As regras conjunto de decisões
administrativas estão consubstanciadas no texto semelhantes proferidas
da Constituição e numa infinidade de leis por determinado
esparsas, o que dificulta ao leitor o conhecimento Tribunal, mediante a
e a formação de uma visão sistemática, orgânica, aplicação de um mesmo
desse importante ramo do Direito. São exemplos preceito jurídico no

31
julgamento de uma se ainda fazer referência
mesma questão de fato à doutrina como fonte
ou de direito. Nesse secundária do Direito
sentido, ainda que a Administrativo. Assim, os
jurisprudência tenha por estudos, pareceres,
fundamento a aplicação teses e obras jurídicas a
da lei, que, em geral, é respeito da matéria
fonte primária do Direito administrativa podem, à
Administrativo, não é semelhança das demais
sempre, por si só, fontes (jurisprudência,
considerada uma fonte costumes, princípios
formal desse ramo do gerais de direito),
Direito, visto que, em influenciar a criação da
muitos casos, os lei, a fonte primária e
basilar do Direito
Tribunais inovam na
Administrativo.
interpretação da lei, o
que conferiria um caráter
mutável a essa ―fonte‖, Tópico V: Regime Jurídico
de certo modo, Administrativo
incompatível, como
É o conjunto de regras e princípios que
entendem muitos
doutrinadores, com o
justificam a existência do direito administrativo.
aspecto formal do Direito Mas qual a diferença entre regime jurídico
Administrativo, daí o fato administrativo e regime jurídico da Administração
de ser considerada Pública? Ao falarmos em regime jurídico
apenas fonte secundária administrativo, estamos nos referindo ao regime
desse ramo do Direito. público (exemplificando: atos administrativos,
O Costume - Trata-se o contratos administrativos). Já ao falarmos em
costume da observância regime jurídico da Administração Pública,
uniforme e reiterada de
estamos abarcando tanto o regime público
certa prática ou conduta
humana lícita e
quanto o regime privado. O regime jurídico
naturalmente aceita pela administrativo é formado pela bipolaridade
sociedade. No entanto, o prerrogativas versus sujeições. Prerrogativas em
costume não deve ser prol da Administração Pública que deve sempre
confundido com as buscar o interesse público. Sujeições ao Princípio
rotinas administrativas da Legalidade, devendo o administrador só
no âmbito do Direito realizar as condutas previstas em lei, assim,
Administrativo, ou seja, resguardando os indivíduos de abusos. É dessa
com as meras práticas
bipolaridade que temos o que Celso Antônio
adotadas por
determinados órgãos e
Bandeira de Mello (Curso de direito
agentes públicos para a administrativo, p. 55) denomina de ―pedras de
execução de atos toque‖ do direito administrativo: 1) Princípio da
administrativos, que, Supremacia do Interesse Público sobre o
muitas vezes, assumem particular; 2) Princípio da Indisponibilidade do
caráter normativo ao Interesse Público sobre o particular. (Gomes,
serem previstas em 2012, p. 23).
normas internas da
Administração Pública,
Nesse sentido leciona Rosa (2011, p. 22):
como as chamadas
normas de serviço.
Os princípios gerais de
A expressão ―regime
direito - são proposições jurídico-administrativo‖
que embasam difere da expressão
determinado sistema ―regime jurídico da
jurídico, constituindo Administração‖, que
pressuposto à criação tanto pode ser de direito
das normas jurídicas. público como de direito
Doutrina - Por fim, deve- privado, conforme esteja

32
submetida a 200/67 que ― dispõe sobre a organização da
Administração em Administração Pública Federal e estabelece
determinada atuação.
diretrizes para a Reforma Administrativa‖. Para
Regime jurídico da
Administração — cumprir suas competências constitucionais, a
conjunto de normas de Administração dispõe de duas técnicas
direito público ou de diferentes: a desconcentração e a
direito privado aplicáveis descentralização. (Mazza, 2014, p. 176).
à regência da
Administração Pública.
Regime jurídico- A organização administrativa resulta de
administrativo — um conjunto de normas jurídicas que regem a
conjunto de normas de competência, as relações hierárquicas, a
direito público próprias situação jurídica, as formas de atuação e controle
do direito administrativo e
dos órgãos e pessoas, no exercício da função
que condicionam a
vontade da administrativa. Como o Estado atua por meio de
Administração (sujeição) órgãos, agentes e pessoas jurídicas, sua
e permite-lhe o exercício organização se calca em três situações
de prerrogativas fundamentais: a centralização, a
exorbitantes do direito
descentralização e a desconcentração. A
privado.
centralização é a situação em que o Estado
O denominado "regime jurídico- executa suas tarefas diretamente, ou seja, por
administrativo" é um regime de direito público, intermédio dos inúmeros órgãos e agentes
aplicável aos órgãos e entidades que compõem administrativos que compõem sua estrutura
a Administração Pública e à atuação dos agentes funcional. Pela descentralização, ele o faz
administrativos em geral. Baseia-se na idéia de indiretamente, isto é, delega a atividade a outras
existência de poderes especiais passíveis de entidades. Na desconcentração, desmembra
serem exercidos pela Administração Pública, órgãos para propiciar melhoria na sua
contrabalançados pela imposição de restrições organização estrutural. Exatamente nessa linha
especiais à atuação dessa mesma distintiva é que se situam a centralização e a
Administração, não existentes - nem os poderes descentralização. Quando se fala em
nem as restrições - nas relações típicas do direito centralização, a ideia que o fato traz à tona é o
privado. Essas prerrogativas e limitações do desempenho direto das atividades públicas
traduzem-se, respectivamente, nos princípios da pelo Estado Administração. A descentralização,
supremacia do interesse público e da de outro lado, importa sentido que tem correlação
indisponibilidade do interesse público. O princípio com o exercício de atividades de modo indireto.
da supremacia do interesse público fundamenta Nessa linha de raciocínio, pode-se considerar a
a existência das prerrogativas ou dos poderes existência de uma administração centralizada e
especiais da Administração Pública, dos quais de uma administração descentralizada, ambas
decorre a denominada verticalidade nas relações voltadas para o cumprimento das atividades
Administraçãoparticular. Toda atuação administrativas. Por via de consequência, já é
administrativa em que exista imperatividade, em oportuno observar, nestas notas introdutórias,
que sejam impostas, unilateralmente, obrigações que a denominada administração direta reflete a
para o administrado, ou em que seja restringido administração centralizada, ao passo que a
ou condicionado o exercício de atividades ou de administração indireta conduz à noção de
direitos dos particulares é respaldada pelo administração descentralizada. (Carvalho Filho,
princípio da supremacia do interesse público. 2014, p. 457).
(Alexandrino e Paulo, 2008, p. 41).
Diz-se que a atividade administrativa é
Tópico VI: Organização Administrativa descentralizada quando é exercida por pessoa
ou pessoas distintas do Estado. Diz-se que a
Organização administrativa é o capítulo atividade administrativa é centralizada quando é
do Direito Administrativo que estuda a estrutura exercida pelo próprio Estado, ou seja, pelo
interna da Administração Pública, os órgãos e conjunto orgânico que lhe compõe a intimidade.
pessoas jurídicas que a compõem. No âmbito Na centralização, o Estado atua diretamente por
federal, o tema é disciplinado pelo Decreto-Lei n. meio dos seus órgãos, isto é, das unidades que

33
são simples repartições interiores de sua pessoa A descentralização administrativa, por sua
e que por isto dele não se distinguem. Consistem, vez, pode ser feita de três maneiras:
portanto, em meras distribuições internas de
plexos de competência, ou seja, em a) territorial: a União transfere para os
"desconcentrações" administrativas. Na Territórios Federais a capacidade administrativa
descentralização, o Estado atua indiretamente, genérica;
pois o faz através de outras pessoas, seres
juridicamente distintos dele. Descentralização e b) funcional: o ente federativo transfere a
desconcentração são conceitos claramente titularidade e execução do serviço por lei a outra
distintos. A descentralização pressupõe pessoas pessoa jurídica de direito público ou privado
jurídicas diversas: aquela que originariamente (outorga);
tem a titulação sobre determinada atividade e
aquela ou aquelas às quais foi atribuído o c) por colaboração: o ente federativo
desempenho da atividade em causa. A transfere a execução do serviço por contrato
desconcentração está sempre referida a uma só administrativo ou ato unilateral para pessoa
pessoa, pois cogita-se da distribuição de jurídica de direito privado (delegação).
competências na intimidade dela, mantendo-se,
pois, o liame unificador da hierarquia Ocorre a A concentração administrativa ocorre quando
concentração quando há uma transferência das dentro da pessoa jurídica não há divisão interna
atividades dos órgãos periféricos para os de serviços. Na desconcentração há distribuição
centrais. de competências dentro da mesma pessoa
jurídica. Tanto a concentração como a
A organização administrativa mantém desconcentração são técnicas administrativas
estreita correlação com a estrutura do Estado e a existentes na Administração Direta e Indireta.
forma de Governo adotada; o Brasil, no caso uma
federação, formada pela união indissolúvel dos
Estados, Municípios e do Distrito Federal,
constituindo-se em Estado Democrático de Concentração é a técnica de
Direito, assegura a autonomia político cumprimento de competências administrativas
administrativa aos seus membros, mas sua por meio de órgãos públicos despersonalizados
administração há de corresponder, e sem divisões internas. Trata-se de situação
estruturalmente, as postulações constitucionais. raríssima, pois pressupõe a ausência completa
de distribuição de tarefas entre repartições
A centralização administrativa ocorre públicas internas. Na desconcentração as
quando o Estado executa suas tarefas por meio atribuições são repartidas entre órgãos públicos
dos órgãos e agentes integrantes da pertencentes a uma única pessoa jurídica,
Administração Direta. Não há transferência de mantendo a vinculação hierárquica. Exemplos de
competência de uma pessoa para outra. A desconcentração são os Ministérios da União, as
descentralização ocorre quando o Estado (União, Secretarias estaduais e municipais, as
DF, Estados ou Municípios) desempenha delegacias de polícia, os postos de atendimento
algumas de suas funções por meio de outras da Receita Federal, as Subprefeituras, os
pessoas jurídicas. Há transferência de uma Tribunais e as Casas Legislativas.
pessoa para outra.
A Administração Pública é regida por
Pode ser: vários princípios jurídicos, uns de nível
constitucional e outros inseridos nas diversas leis
a) política: ocorre quando o Estado Federal que cuidam da organização dos entes
transfere para União, DF, Estados e Municípios federativos. Em nível constitucional, sempre é
poderes políticos e administrativos; relevante observar que os princípios se impõem
a todas as esferas federativas, abrangendo a
b) administrativa: ocorre quando os entes administração direta e a indireta. Não há,
federativos transferem poderes administrativos portanto, qualquer restrição quanto à esfera de
para outras pessoas jurídicas. aplicação nos princípios administrativos
constitucionais básicos - a legalidade, a

34
moralidade, a impessoalidade, a publicidade e a ausência de hierarquia entre entidades diversas,
eficiência (art. 3 7, caput, da CF, com a redação os entes da Administração Indireta se sujeitam a
da EC nº 1 9/1 998). A Constituição proclama, controle finalístico a ser exercido pelas entidades
além desses, outros princípios específicos, que da Administração Centralizada. Não se pode
se aplicam a situações particulares no confundir com a hierarquia, a qual, somente se
cumprimento, pelo Estado, de sua função manifesta entre órgãos e agentes de uma mesma
administrativa, como é o caso do concurso pessoa jurídica. Assim, o controle exercido entre
público, da prestação de contas, da os entes da Administração Direta e Indireta se
responsabilidade civil e outros do gênero. Tais limita à análise de cumprimento, por essas
princípios serão examinados no curso deste entidades, das finalidades definidas em sua lei
capítulo. específica. (Matheus Carvalho, 2015, pág. 154).

Em relação à União, vale a pena Descentralização é a distribuição de


lembrar que seu estatuto organizacional competências de uma para outra pessoa, física
relaciona cinco princípios que devem nortear a ou jurídica. Difere da desconcentração pelo fato
atividade na Administração Federal: o de ser esta uma distribuição interna de
planejamento, a coordenação, a competências, ou seja, uma distribuição de
descentralização, a delegação de competência e competências dentro da mesma pessoa jurídica;
o controle. Realmente, esses são princípios que sabe-se que a Administração Pública é
visam à melhor operacionalização dos serviços organizada hierarquicamente, como se fosse
administrativos, possibilitando que os órgãos uma pirâmide em cujo ápice se situa o Chefe do
estejam entrosados para evitar superposição de Poder Executivo. As atribuições administrativas
funções; que autoridades transfiram algumas são outorgadas aos vários órgãos que compõem
funções de sua competência a outros agentes, a hierarquia, criando-se uma relação de
impedindo o assoberbamento de expedientes e a coordenação e subordinação entre uns e outros.
morosidade das decisões. Indispensável também Isso é feito para descongestionar, desconcentrar,
é que não haja improvisos, mas que, ao revés, tirar do centro um volume grande de atribuições,
sejam projetadas as ações administrativas de para permitir o seu mais adequado e racional
modo a serem atendidas as prioridades desempenho. A desconcentração liga-se à
governamentais. Por fim, é preciso que se hierarquia. A descentralização supõe a existência
ramifiquem as competências, tornando os órgãos de, pelo menos, duas pessoas, entre as quais se
e pessoas fiéis executores das políticas repartem as competências. (Pietro, 2012, p. 247).
administrativas. São esses princípios -
especialmente o da descentralização - que O conjunto formado pela somatória de
fundamentam a divisão da administração em todos os órgãos públicos integrantes da estrutura
direta e indireta. (Carvalho Filho, 2014, p. 459). de cada entidade federativa recebe o nome de
Administração Pública Direta ou Centralizada.
Define-se a descentralização por ser Assim, pertencem à Administração Direta, além
realizada entre pessoas jurídicas diversas, das próprias entidades federativas, ou seja,
enquanto a desconcentração se configura pela União, Estados, Distrito Federal, Territórios e
distribuição interna de competência no âmbito de Municípios, também os Ministérios, Secretarias,
uma mesma pessoa jurídica, mediante Delegacias, Tribunais, Casas Legislativas,
especialização interna. Dessa forma, pode-se Prefeituras, Ministério Público, Defensorias,
estabelecer que o instituto da desconcentração Tribunais de Contas etc.
está fundado na hierarquia, uma vez que o poder
hierárquico é a possibilidade que a Administração A doutrina classifica as
Pública tem de distribuir e escalonar as desconcentrações em diversas espécies
competências, internamente, no bojo de uma segundo o critério empregado para repartir as
mesma pessoa jurídica, sem sair de sua competências entre diversos órgãos públicos:
intimidade. Por sua vez, a descentralização se
baseia em uma distribuição de competências a) desconcentração territorial ou
entre entidades diferentes, não havendo, dessa geográfica: é aquela em que as competências
forma, manifestação do poder hierárquico. Não são divididas delimitando as regiões onde cada
se pode deixar de frisar que, não obstante a órgão pode atuar. A característica fundamental

35
dessa espécie de desconcentração é que cada direta e as entidades integrantes da
órgão público detém as mesmas atribuições Administração indireta.
materiais dos demais, variando somente o âmbito
geográfico de sua atuação. Exemplos: A Administração Direta corresponde à
Subprefeituras e Delegacias de Polícia; prestação dos serviços públicos diretamente pelo
próprio Estado e seus órgãos. Na lição do
b) desconcentração material ou temática: é saudoso Hely Lopes Meirelles, órgãos públicos
a distribuição de competências mediante a "são centros de competência instituídos para o
especialização de cada órgão em determinado desempenho de funções estatais, através de
assunto. Exemplo: Ministérios da União; seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa
jurídica a que pertencem".
c) desconcentração hierárquica ou
funcional: utiliza como critério para repartição de Indireto é o serviço prestado por pessoa jurídica
competências a relação de subordinação entre criada pelo poder público para exercer tal
os diversos órgãos. Exemplo: tribunais atividade.
administrativos em relação aos órgãos de
primeira instância. Assim, quando a União, os Estados-
membros, Distrito Federal e Municípios, prestam
Em que pese a função administrativa serviços públicos por seus próprios meios, diz-se
seja realizada principalmente pelos órgãos do que há atuação da Administração Direta. Se cria
Poder Executivo, precisamos saber que há autarquias, fundações, sociedades de economia
órgãos responsáveis por essa função nos demais mista ou empresas públicas e lhes repassa
poderes. Assim, as ―secretarias‖ ou ―mesas‖ serviços públicos, haverá Administração Indireta.
encarregadas da função administrativa nos
Poderes Legislativo e Judiciário também se Segundo lição de Maria Sylvia Z. Di Pietro, na
enquadram no conceito subjetivo. Da mesma composição da Administração
forma, os Tribunais de Contas e o Ministério
Pública, ―tecnicamente falando, dever-se-iam
Público, quando exercem a função administrativa
incluir as empresas concessionárias e
(ex.: quando realizam um concurso público para
permissionárias de serviços públicos,
ingresso de servidores), também se enquadram
constituídas ou não com participação acionária
no conceito subjetivo, formal ou orgânico.
do Estado.
Esses órgãos integrantes dos Poderes
Entretanto, segundo o inciso XIX do art.
e responsáveis pela função administrativa fazem
37 da CF/88, alterado pela EC nº 19/98, somente
parte da Administração direta ou centralizada,
compõem a Administração Pública Indireta as
pois estão subordinados diretamente às pessoas
autarquias, fundações, sociedades de economia
jurídicas políticas (União, estados, municípios e
mista e empresas públicas, e nenhuma outra
Distrito Federal).
entidade, valendo essa regra para todos os entes
Contudo, devemos saber que a função da federação. No âmbito federal, essa
administrativa não é realizada somente de forma enumeração já era vista no Decreto-Lei nº
centralizada. As entidades políticas podem criar 200/67, recepcionado pela CF/88.
entes descentralizados, as chamadas entidades
Lembre-se que esses 4 fazem parte da
administrativas, que são entes com
Administração Pública Indireta. Chama-se
personalidade jurídica própria e que formam a
centralizada a atividade exercida diretamente
Administração indireta ou descentralizada. No
pelos entes estatais, ou seja, pela Administração
Brasil, os entes administrativos são: autarquias,
Direta. Descentralizada, por sua vez, é a
fundações públicas, empresas públicas e
atividade delegada (por contrato) ou outorgada
sociedades de economia mista.
(por lei) para as entidades da Administração
Portanto, podemos dizer que a Indireta.
expressão ―Administração Pública, em sentido
Descentralizar é repassar a execução e
formal, subjetivo ou orgânico, compreende os
a titularidade, ou só a execução de uma pessoa
agentes públicos, os órgãos da Administração

36
para outra, não havendo hierarquia. Por exemplo, a.4) Administração Direta Municipal - A
quando a União transferiu a titularidade dos administração direta municipal é dirigida pelo
serviços relativos à seguridade social à autarquia Prefeito, que, unipessoalmente, comanda,
INSS. Já na desconcentração há somente uma supervisiona e coordena os serviços de peculiar
pessoa, que reparte competências entre seus interesse do Município, auxiliado por Secretários
órgãos, despersonalizados, onde há hierarquia. municipais, sendo permitida, ainda, a criação de
Por exemplo, a subdivisão do Poder autarquias e entidades estatais visando à
descentralização administrativa.
Executivo em Ministérios, do Ministério da
Fazenda em Secretarias, e assim por diante. a.5) Administração Direta do Distrito Federal.
Ao Distrito Federal são atribuídas as
a) Administração Direta - A Administração competências legislativas reservadas aos
Pública, não é propriamente constituída de Estados e Municípios; entretanto, não é nenhum
serviços, mas, sim, de órgãos a serviço do nem outro, constituindo uma entidade estatal
Estado, na gestão de bens e interesses anômala, ainda que, se assemelhe mais ao
qualificados da comunidade, o que nos permite Estado, pois tem Poderes Legislativo, Judiciário
concluir que no âmbito federal, a Administração e Executivo próprios. Pode ainda, organizar seu
direta é o conjunto dos órgãos integrados na sistema de ensino, instituir o regime jurídico único
estrutura administrativa da União. A e planos de carreira de seus servidores,
Administração Direta possui poderes políticos e arrecadar seus tributos e realizar os serviços
administrativos, eis que é responsável pela públicos de sua competência.
formulação de políticas públicas.
A Administração Pública Indireta ou
a.1) Órgãos Públicos - Órgãos Públicos são Descentralizada é composta por pessoas
centros de competência instituídos para o jurídicas autônomas com natureza de direito
desempenho de funções estatais através de seus público ou de direito privado.
agentes, cuja atuação é imputada à pessoa
jurídica a que pertencem. Características dos A natureza jurídica de direito público ou de
Órgãos; não tem personalidade jurídica; direito privado determina diversas características
expressa a vontade da entidade a que pertence jurídicas especiais, definindo qual o regime
(União, Estado, Município); é meio instrumento jurídico aplicável.
de ação destas pessoas jurídicas; é dotado de
competência, que é distribuída por seus cargos. Além disso, as pessoas jurídicas de
direito público são criadas por lei (art. 37, XIX, da
a.2) Administração Direta Federal - A CF), o que significa dizer que a surgimento da
Administração direta Federal é dirigida por um personalidade jurídica ocorre com a publicação
órgão independente, supremo e unipessoal, que da lei instituidora, sem necessidade de registro
é a Presidência da República, e por órgãos em cartório (devido processo legal público de
autônomos também, unipessoais, que são os criação).
Ministérios, aos quais se subordinam ou se
vinculam os demais órgãos e entidades Já as pessoas jurídicas de direito
descentralizadas. privado são autorizadas por lei (art. 37, XIX, da
CF), ou seja, é publicada uma lei permitindo a
a.3) Administração Direta Estadual - A criação, depois o Executivo expede um decreto
Administração direta Estadual acha- se regulamentando a criação e, por fim, a
estruturada em simetria com a Administração personalidade nasce com o registro dos atos
Federal, atenta ao mandamento constitucional de constitutivos em cartório (devido processo legal
observância aos princípios estabelecidos na privado de criação, atendendo ao disposto no art.
mesma, pelos Estados-membros, e às normas 45 do Código Civil).
complementares, relativamente ao atendimento
dos princípios fundamentais adotados pela São pessoas de direito público:
Reforma Administrativa. autarquias, fundações públicas, agências
reguladoras e associações públicas. Possuem
personalidade de direito privado: empresas

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públicas, sociedades de economia mista, meramente administrativa, criadas por lei
subsidiárias, fundações governamentais e específica, para a realização de atividades, obras
consórcios públicos de direito privado. ou serviços descentralizados da entidade estatal
que as criou (desempenham atividade típica da
b) Administração Indireta - A entidade estatal que a criou).
Administração indireta é o conjunto do entes
(personalizados) que, vinculados a um Ministério, As autarquias são criadas para
prestam serviços públicos ou de interesse desempenharem atividades típicas da
público. administração pública e não atividades
econômicas. O nosso direito positivo limitou o
A Administração Indireta, via de regra, seu desempenho desde o Decreto-Lei 200.
possui, somente, poderes administrativos, eis
que não lhe cabe, em tese, formular políticas Funcionam e operam na forma
públicas. O Banco Central é uma exceção a essa estabelecida na lei instituidora e nos termos de
regra. A expressão "Administração Indireta", que seu regulamento. As autarquias podem
doutrinariamente deveria coincidir com desempenhar atividades econômicas,
"Administração Descentralizada", dela se afasta educacionais, previdenciárias e quaisquer outras
parcialmente. Por isto, ficaram fora da outorgadas pela entidade estatal Matriz, mas
categorização como Administração indireta os sem subordinação hierárquica, sujeitas apenas
casos em que a atividade administrativa é ao controle finalístico de sua administração e da
prestada por particulares, "concessionários de conduta de seus dirigentes.
serviços públicos", ou por "delegados de função
ou ofício público". b.1.2) Fundações Públicas - São
pessoas jurídicas de direito público, com
Em síntese, a administração federal características patrimoniais, criadas mediante
compreende: I – a administração direta, que se autorização legal para desenvolver atividades
constitui dos serviços integrados na estrutura que não sejam, obrigatoriamente, típicas do
administrativa da Presidência da República e dos Estado. Características: Equipara-se às
Ministérios; II – a administração indireta, que autarquias; Têm personalidade jurídica de direito
compreende as seguintes categorias de público; Base patrimonia.
entidades, dotadas de personalidade jurídica
própria: a) autarquias; b) fundações públicas; c) O posicionamento das Fundações
agências reguladoras; d) agências executivas; e) Públicas sempre foi variado. Hoje, com o advento
empresas públicas; e f) sociedades de economia da CF/88, foi encerrada essa dubiedade de
mista. posicionamento quando determina que a
Fundação Pública é submetida ao regime da
Todas as entidades da administração administração indireta.
indireta estão sujeitas: à necessidade da lei, para
a sua criação; aos princípios da administração As Fundações Públicas foram equiparadas às
pública; à exigência de concurso público para Autarquias. Possuem personalidade jurídica de
admissão do seu pessoal; e à licitação para suas direito público.
contratações.
Hoje, não mais existe justificativa para
A autarquia é criada diretamente pela se manter a diferença entre as Fundações e as
Lei. As Empresas Públicas, as Sociedades de Autarquias.
economia mista e as Fundações têm a sua
criação autorizada por lei. Há necessidade de b.1.3) Agências Reguladoras -
autorização legal também para a criação de São autarquias especiais, assim consideradas
subsidiárias das referidas entidades. por serem destinadas a realizar regulação e
fiscalização sobre as atividades das
b.1) Pessoas Jurídicas de Direito Público concessionárias de serviços públicos. Ex:
ANATEL, ANEEL, ANA, etc.
b.1.1) Autarquias Entidades autárquicas são
pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza

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b.1.4) Agências Executivas - São pessoas econômica, deverá operar sob as normas
jurídicas de direito público, galgadas a essa aplicáveis às empresas privadas, sem privilégios
qualificação por apresentarem um planejamento estatais; em qualquer hipótese, o regime de seu
estratégico para melhora na prestação de pessoal é o da legislação do trabalho.
serviços públicos e no emprego de recursos
públicos. O patrimônio da empresa pública,
embora público por origem, pode ser utilizado,
Firmam com o Estado um contrato de onerado ou alienado na forma regulamentar ou
gestão, pelo qual se comprometem a atingir estatutária, independentemente de autorização
metas pré-estabelecidas. Caso não as atinja, legislativa especial, porque tal autorização está
podem vir a perder a qualificação conseguida. implícita na lei instituidora da entidade. Daí
decorre que todo o seu patrimônio bens e rendas
As Agências Executivas são autarquias - serve para garantir empréstimos e obrigações
que vão desempenhar atividades de execução na resultantes de suas atividades, sujeitando-se a
administração pública, desfrutando de autonomia execução pelos débitos da empresa, no mesmo
decorrente de contrato de gestão. É necessário plano dos negócios da iniciativa privada, pois,
um decreto do Presidente da República, sem essa igualdade obrigacional e executiva,
reconhecendo a autarquia como Agência seus contratos e títulos de crédito não teriam
Executiva. Ex.: INMETRO. aceitação e liquidez na área empresarial, nem
cumpririam o preceito igualizador do § 1º do art.
b.2) Pessoas Jurídicas de direito privado criadas 173 da CF.
pelo Estado
b.2.2) Sociedades de Economia Mista -
b.2.1) Empresas Públicas - são pessoas jurídicas As sociedades de economia mista são pessoas
de Direito Privado criadas por lei específica, com jurídicas de Direito Privado, com participação do
capital exclusivamente público, para realizar Poder Público e de particulares no seu capital e
atividades de interesse da Administração na sua administração, para a realização de
instituidora nos moldes da iniciativa particular, atividade econômica ou serviço de interesse
podendo revestir qualquer forma e organização coletivo outorgado ou delegado pelo Estado. EX:
empresarial. Ex: ECT, CEF, CAESB, etc. BB, PETROBRÁS, etc.

O que caracteriza a empresa pública é O objeto da sociedade de economia


seu capital exclusivamente público, de uma só ou mista tanto pode ser um serviço público ou de
de várias entidades, mas sempre capital público. utilidade pública como uma atividade econômica
Sua personalidade é de Direito Privado e suas empresarial.
atividades se regem pelos preceitos comerciais.
É uma empresa, mas uma empresa estatal por A forma usual de sociedade de
excelência, constituída, organizada e controlada economia mista tem sido a anônima, obrigatória
pelo Poder Público. para a União mas não para as demais entidades
estatais.
Difere da autarquia e da fundação
pública por ser de personalidade privada e não Na extinção da sociedade, seu
ostentar qualquer parcela de poder público; patrimônio, por ser público, reincorpora-se no da
distingue-se da sociedade de economia mista por entidade estatal que a instituíra.
não admitir a participação do capital particular.
A sociedade de economia mista não
Qualquer das entidades políticas pode está sujeita a falência, mas seus bens são
criar empresa pública, desde que o faça por lei penhoráveis e executáveis e a entidade pública
específica (CF, art. 37, IX); a empresa pública que a instituiu responde, subsidiariamente, pelas
pode ter forma societária econômica suas obrigações.
convencional ou especial; tanto é apta para
realizar atividade econômica como qualquer b.2.3) Fundações de Direito Privado criadas pelo
outra da competência da entidade estatal Estado - São pessoas
instituidora; quando explorar atividade

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