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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos 1º ANO


Cadeira de Introdução Ao Direito

Fontes de Direito

Nome do Estudante: Fabião Alexandre

Nampula, Maio de 2023


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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED


Curso de licenciatura em Gestão de Recursos Humanos 1º ANO
Cadeira de Introdução Ao Direito

Fontes de Direito
Trabalho de pesquisa individual de carácter
avaliativo a ser apresentado na cadeira de
Introdução Ao Direito, Faculdade de
Economia e Gestão, Curso de Recursos
Humanos, 1° Ano.

Nome do Estudante: Fabião Alexandre

Nampula, Maio de 2023


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Índice
1. Introdução........................................................................................................................4

1.1. Objectivo Geral:........................................................................................................4

1.2. Objectivos Específicos:.............................................................................................4

1.3. Metodologias do Trabalho........................................................................................4

2. As Fontes de Direito........................................................................................................5

2.1. Conceito e Classificação das Fontes de Direito........................................................5

2.2. A principal fonte de direito no ordenamento jurídico moçambicano.......................8

2.3. Exemplos uma prática costumeira e uma jurisprudência..........................................9

3. Conclusão.......................................................................................................................10

4. Bibliografia....................................................................................................................11
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1. Introdução
O presente trabalho de pesquisa aborda acerca de fontes de direito como forma de
compreender os modos de formação e revelação da norma jurídica dentro da sociedade.
Entretanto, a própria palavra fonte remete-nos imediatamente à imagem de água jorrando
da terra, conforme provém do significado do vocábulo fons em latim, apontando para a
origem de algo, sendo o ponto de partida no caso do direito. Tradicionalmente, são
apontadas como fontes do Direito, a lei, o costume, a jurisprudência, a equidade e a
doutrina. Actualmente, tem sido defendido também que os princípios fundamentais
de Direito constituem fonte do Direito. O presente trabalho apresenta os seguintes
objectivos:

1.1. Objectivo Geral:


 Conhecer os fontes de direito.

1.2. Objectivos Específicos:


 Definir as fontes de direito;
 Distinguir as fontes imediatas e as fontes mediatas;
 Explicar cada uma das fontes de direito;
 Identificar a principal fonte de direito no ordenamento jurídico moçambicano;
 Dar exemplos uma prática costumeira e uma jurisprudência.

1.3. Metodologias do Trabalho


No que concerne aos procedimentos metodológicos, na elaboração deste trabalho aplicou-
se dois principais métodos, dentre eles, métodos de revisão da literatura e consulta a
partir da internet.

Contudo, o mesmo apresenta uma organização que obedece a seguinte estrutura:


elementos pretextais, de seguida a presente introdução que traz duma forma clara a
menção dos aspectos a serem destacados ao longo do trabalho, de seguida
desenvolvimento, pois isto apresenta-se a conclusão que traz duma forma sumaria os
aspectos abordados ao longo do trabalho e finalmente apresenta-se a referência
bibliográfica que mostra as fontes consultas através da qual foi possível compilar o
trabalho.
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2. As Fontes de Direito

2.1. Conceito e Classificação das Fontes de Direito


De acordo com JÚNIOR, (2023:47) Quando falamos de Fontes do Direito queremos
referir-nos às nascentes, aos mananciais do Direito. Ou seja, Fontes de Direito são os
meios pelos quais se formam ou se revelam as normas jurídicas.

Segundo prelecciona Washington de Barros Monteiro, são várias as classificações das


fontes do Direito. "A mais importante divide-as em fontes directas ou imediatas e fontes
indirectas ou mediatas. Fontes directas ou imediatas são aquelas que, por si sós, pela sua
própria força, são suficientes para gerar a regra jurídica”. São a lei, o Costume e o
Tratado Internacional. Fontes indirectas ou mediatas são as que não têm tal virtude,
porém encaminham os espíritos, mais cedo ou mais tarde, à elaboração da norma. São a
doutrina e a jurisprudência" (GARCIA, 2015).

Fontes imediatas ou directas:

Segundo JÚNIOR, (2023:48) Como vimos, são fontes imediatas a lei, o costume e o
tratado internacional.

a) A Lei: é uma regra geral, que, emanando de autoridade (estadual) competente, é


imposta, coactivamente, à obediência de todos". Com efeito, ela caracteriza-se por
ser um conjunto de normas dotadas de generalidade, isto é, que se dirigem a todos
os membros da colectividade, sem exclusão de ninguém. A lei é ainda provida de
coacção, com o objectivo tornar induzir os indivíduos a não violar os seus
preceitos. Regra jurídica sem coacção, disse Jhering, é uma contradição em si, um
fogo que não queima, uma luz que não ilumina.
b) O Costume: Norma não escrita que resulta de prática reiterada e habitual,
acompanhada da consciência ou convicção colectiva acerca do seu carácter
obrigatório.

Para CUNHA, (2012, p.32) salienta que:

Na verdade, as leis escritas não compreendem todo o Direito. Há normas


costumeiras, também chamadas consuetudinárias, que obrigam, igualmente, ainda
que não constem de preceitos votados por órgãos competentes. Realmente, havendo
lacuna na lei, não se segue que a ordem jurídica seja lacunar, e então a questão será
resolvida mediante recursos aos costumes, a segunda fonte imediata do Direito. A
obediência a uma conduta por parte de uma colectividade configura um uso. A
reiteração desse uso forma o costume, que, na lição de Vicente Ráo, vem a ser a regra
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de conduta criada espontaneamente pela consciência comum do povo, que a observa


por modo constante e uniforme, e sob a convicção de corresponder a uma
necessidade jurídica. Ou, como observa João Franzen de Lima, é o produto de uma
elaboração entre os homens (GARCIA, 2015).

Os Costumes podem classificar - se do seguinte modo, segundo Ascensão (1993):

- Secundum Legem: (segundo a lei) é o costume que está previsto na lei, a qual
reconhece a sua eficácia obrigatória. A lei se reporta expressamente a ele reconhecendo
sua obrigação.

- Praeter Legem: (além da lei) é aquele que intervém na falta ou omissão da lei. Nesses
casos ele pode ser invocado, embora não mencionado pela legislação, tendo carácter
supletivo.

- Contra Legem: (contra a lei) aquele que se forma em sentido contrário ao da lei.
Aplica-se mais aos casos de desuso (desuetudo) ou superação da lei (ab-rogatório).

Sendo bastante discutível a admissão do Costume como fonte de direito, a tendência vai
no sentido de os usos e costumes relevantes na ordem social serem acolhidos pelo
legislador sob a forma de direito escrito, posto que a efectividade deste é tanto maior
quanto maior for a sua coincidência com as regras e práticas sociais aceites e
consensualmente numa Comunidade. Se, pelo contrário, as normas jurídicas forem
totalmente alheias aos costumes prevalecentes na sociedade, a aplicação daquelas pode
engendrar conflitos e revelarem-se de difícil aplicabilidade social (GARCIA, 2015).

Fontes mediatas ou indirectas:

Segundo PINTO (2000, p.42) são fontes indirectas do Direito:

a) A Doutrina: Conjunto de opiniões, estudos e pareceres jurídicos elaborados por


professores e técnicos de Direito de reconhecida competência sobre a forma
adequada e correcta de aplicar, articular e interpretar as normas jurídicas. Não
possui carácter vinculativo; Esta fonte indirecta do Direito resulta de
investigações e reflexões teóricas e de princípios metodicamente expostos,
analisados e sustentados pelos autores, tratadistas, jurisconsultos, no estudo das
leis.

Com efeito, é de grande valor o trabalho dos doutrinadores na elaboração e na aplicação


do direito objectivo, já que, analisando criticamente as diferentes opções jurídicas,
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apontando as falhas, os inconvenientes e defeitos da lei vigente, ajuda o legislador na


feitura de lei mais perfeita e o aplicador do direito na procura das soluções mais
adequadas aos casos em apreço.

b) A Jurisprudência: Fonte indirecta do Direito, a Jurisprudência é o resultado da


actividade jurisdicional, atribuída aos magistrados por força da jurisdição (juris +
diccio - dizer o direito = poder legal dos magistrados de conhecer e julgar os
litígios). A Jurisprudência evidencia-se, pois, através de regras gerais que se
extraem das reiteradas decisões de tribunais (em geral, de maior hierarquia) numa
mesmo sentido, numa mesma direcção interpretativa. Sempre que uma questão é
decidida reiteradamente no mesmo modo surge a jurisprudência. Como fonte
indirecta do Direito, não vincula o juiz, mas costuma dar a este importantes
subsídios na solução de cada caso 38. Dito de outro modo, a Jurisprudência
(PINTO 2000, p.43).

Segundo JUNIOR (2023) é um conjunto de regras gerais e orientações que se retira m


das decisões judiciais emanadas dos tribunais d a m a i s a l t a h i e r a r q u i a p a r a e
f e i t o s d e c o n s i d e r a ç ã o u l t e r i o r no julgamento de casos semelhantes
submetidos a outros tribunais de igual o u m e n o r n í v e l . Com efeito, as sentenças ou
acórdãos dos tribunais superiores sobre determinados casos servem de referência no
julgamento de casos idênticos, contribuindo para uma interpretação e aplicação
uniformes (ou tendencialmente uniformes) das normas jurídicas.

c) Os princípios gerais de Direito: a Ciência Jurídica costuma enunciar ainda como


Fonte de Direito os chamados Princípios Gerais do Direito, que são os
pressupostos lógicos que em que se baseiam as diferentes normas jurídicas.

Assim, admitem-se como princípios gerais:

 Não condenar alguém se não se pode provar sua culpa;


 A ninguém é permitido causar dano a outrem e, se o fizer, deverá indemnizá-lo;
 Não se pode punir ninguém pelos seus pensamentos;
 Ninguém pode ser obrigado a citar os dispositivos legais em que se apoia a sua
pretensão, pois parte-se do pressuposto de que o julgador os conhece;
 A ninguém é obrigado fazer o impossível;
 Não há crime nem criminoso se não houver lei anterior que o prescreva como tal.
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2.2. A principal fonte de direito no ordenamento jurídico moçambicano


De acordo com LUDWIG (2010, p.4) a Constituição da República de Moçambique
estabelece alguns princípios que regem no nosso país. Os mais importantes são: o
princípio do Estado de Direito e o princípio de Democracia. Além desses é para destacar
que o nosso Estado é laico.

Artigo 3 da Constituição da República de Moçambique (Estado de Direito Democrático)


A República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no pluralismo de
expressão, na organização política democrática, no respeito e garantia dos direitos e
liberdades fundamentais do homem.

Estado de Direito

Segundo LUDWIG (2010, p.4) O princípio de Estado de Direito trata do conteúdo,


extensão e modo, como o Estado deve proceder com as suas actividades. O princípio de
Estado de Direito conforma as estruturas do poder político e a organização da sociedade
segundo a medida do direito. O direito estabelece regras e medidas, prescreve formas e
procedimentos, e cria instituições.

No entanto, a Constituição da República de Moçambique consagra um vasto conjunto de


requisitos do Estado de Direito. Queremos salientar artigo 2 (Soberania e Legalidade): O
Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade.

Democracia

Segundo LUDWIG (2010, p.5) A República de Moçambique é uma democracia. Isto quer
dizer que, é dirigido pelo povo. É uma democracia representativa, significa que o povo
exerce o seu poder através de representantes eleitos por ele. A democracia como princípio
fundamental da República de Moçambique explicámos intensivamente na nossa outra
brochura sobre: “Estrutura do Estado e democracia em Moçambique”.

Estado Laico

Em Moçambique, a religião é separada do Estado. Há uma divisão total, em que a


religião não tem nada a ver com o Estado. A constituição reconhece a liberdade de se
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praticar a religião assim como desenvolver actividades de interesse social, mas sempre
em observância com as leis do Estado.

Artigo 12

(Estado laico)

1. A República de Moçambique é um Estado laico.

2. A laicidade assenta na separação entre o Estado e as confissões religiosas.

3. As confissões religiosas são livres na sua organização e no exercício das suas funções
de culto e devem conformar-se com as leis do Estado.

4. O Estado reconhece e valoriza as actividades das confissões religiosas visando


promover um clima de entendimento, tolerância, paz e o reforço da unidade nacional, o
bem estar espiritual e material dos cidadãos e desenvolvimento económico e social.

2.3. Exemplos uma prática costumeira e uma jurisprudência


Diante desse contexto, usando como exemplo, Moçambique, Meneses et al. concluem, a
partir do amplo estudo empírico que levaram a cabo, que “as autoridades tradicionais
manipulam alguns aspectos ‘tradicionais’, enquanto marcas legitimadoras’ da sua
autoridade, ao mesmo tempo que utilizam elementos ‘modernos’ – como os partidos
políticos – para sedimentar o seu poder” (2003: 417). Temos a convicção de que a
utilização dos costumes, para não gerar rupturas imediatas nas tribos, são ainda aceitas,
mas sempre com o escopo de evitar uma revolta, ou algo do género.

Ainda realizando um trabalho de pesquisa, Barbara Oomen (2002), focando no contexto


sul-africano, faz uma dura crítica a concepção simplista das duas posições recorrentes:
uma que assenta na ideia das comunidades africanas e na legitimidade cultural, para que
as pessoas continuem a dever fidelidade às autoridades tradicionais; outra que crê na
perda total da legitimidade dos chefes tradicionais devido ao seu envolvimento com o
governo do Apartheid.
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3. Conclusão
Das reflexões feitas durante a realização do presente trabalho, foi possivel concluir que
Quando se fala em fontes do Direito, quer-se com esta expressão jurídica referir ao
processo como o direito é formado e revelado, enquanto conjunto sistematizado de
normas, com um sentido e lógica próprios, conformador e disciplinador da realidade
social de um Estado. A propósito das fontes do Direito, surgem-nos várias classificações
possíveis destas fontes, salientam-se nomeadamente as que classificam, por um lado, as
fontes em imediatas e mediatas, e, por outro, em fontes voluntárias e involuntárias.

Conclui também que as fontes imediatas do Direito constituem aqueles factos que, por si
só, são considerados enquanto factos geradores do Direito. No Direito nacional, temos
como fonte imediata do Direito as leis, compreendendo-se, nesta definição, a
Constituição, as leis de revisão constitucional, as leis ordinárias da Assembleia da
República, e os decretos lei do Governo, entre outros.

Enquanto fontes mediatas do Direito, cuja relevância resulta de forma indireta para a
construção do Direito, surgem-nos a jurisprudência (conjunto de decisões relativas a
casos concretos que exprimem a orientação partilhada pelos tribunais sobre determinada
matéria), o costume (como prática constante, socialmente adotada, e acompanhada de um
sentimento ou convicção generalizados da sua obrigatoriedade) a equidade (juízo de
ponderação e resolução de um conflito, proferido por um tribunal, segundo um sentido de
justiça e experiência aplicados ao caso concreto, sem recurso a lei), a doutrina (pareceres
e opiniões desenvolvidas pelos jurisconsultos sobre a interpretação e aplicação do
Direito), e ainda os princípios fundamentais do direito (princípios estruturantes de
qualquer sistema jurídico e que são imanentes ao próprio Direito).
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4. Bibliografia
CUNHA, Alexandre Sanches (2012) - Introdução ao Estudo do Direito, Saraiva, São
Paulo.

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa (2015) - Introdução ao Estudo de Direito; 3ª edição,


Editora método Lda, São Paulo.

JÚNIOR, Francisco Paulino Botelho David; Noções de Direito; Manual do Curso de


Licenciatura de Gestão de Recursos Humanos (UNISCED) Beira-Mocambique, 2023

LUDWIG, Grit.; Constituição da República de Moçambique: Princípios e direitos


fundamentais, 2ª edição, Maputo, 2010.

REALE, Miguel (2012) - Lições Preliminares de Direito, 27ª Edição, Saraiva, São Paulo.

PINTO, José Correia, Introdução ao estudo do Direito, 2000

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