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INSTITUTO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS (ISAF)

CONTABILIDADE E FINANÇAS
DIREITO EMPRESARIAL

FONTES DE DIREITO:
LEIS E COSTUMES

Docente
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Yara Vilombo
Luanda, 2022/2023
Instituto Superior De Administração E Finanças (ISAF)
Contabilidade e Finanças
Direito Empresarial

Grupo nº 2
Turma M4
N° NOME CLASSIFICAÇÃO
ESTUDANTE
211326 Ângelo Jacob Cassuende
212400 Ema Manuela da Costa Brandão
212027 Gisileine Jaciara José Guia
212447 Luyindula Teresa Domingos
218225 Octávio Correia Kapapa

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
2. FONTES DE DIREITO ................................................................................................ 6
2.1. Conceitos Gerais .................................................................................................... 6
2.2. Classificação das Fontes do Direito ....................................................................... 6
2.2.1 Primeiro Hemisfério ......................................................................................... 6
2.2.1.1 Fontes Históricas ....................................................................................... 6
2.2.1.2. Fontes Materiais ....................................................................................... 7
2.2.1.3. Fontes Formais ......................................................................................... 7
2.2.2. Segundo hemisfério ......................................................................................... 8
2.2.2.1 Quanto ao modo de formação .................................................................... 8
2.2.2.2 Quanto a eficácia ....................................................................................... 8
2.2.2.3 Quanto a Origem ....................................................................................... 8
2.2.2.4 Quanto a Constituição ............................................................................... 9
2.3 Ordem Jurídica ........................................................................................................ 9
2.3.1 Sistema Anglo-Saxônico ou Commom Law .................................................. 11
2.3.1.1. Costumes como Fonte de Direito ........................................................... 12
2.3.1.1.1 Características do Costume como fonte de Direito .......................... 13
2.3.2. Sistema Romano-Germânico ou Civil Law .................................................. 13
2.3.2.1. Leis Como Fonte de Direito ................................................................... 14
2.3.2.1.1. Lei no sentido Formal ...................................................................... 15
2.3.2.1.2. Lei no sentido Material .................................................................... 15
2.3.2.1.3. Lei no sentido Amplo ...................................................................... 16
2.3.2.1.4. Lei no sentido Restrito ..................................................................... 16
2.3.2.1.5. Processo de elaboração da lei .......................................................... 16
2.3.2.1.5.1. Etapas para elaboração da lei ........................................................ 16
2.3.2.1.6. Hierarquia das leis ........................................................................... 18
2.3.2.1.6.1 As leis Constitucionais ............................................................... 18
2.3.2.1.6.2 As leis ordinárias ........................................................................ 18
3. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 20
4. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 21

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1. INTRODUÇÃO

O Direito não é apenas um conjunto de regras, o Direito é o ramo da ciência que tem
como objecto o estudo das regras gerais, abstractas e imperativas do relacionamento
social criadas e impostas pelo estado. O direito surge da necessidade de regular os mais
diversos relacionamentos sociais.
Visto que o Direito é uma ciência e a ciência representa todo o conhecimento adquirido
através do estudo, pesquisa ou prática, torna-se necessário saber o que influencia o
Direito, como o Direito surge, qual a fonte do direito.
A expressão fonte do direito é uma expressão que traduz diversos significados e
é fixado em 5 acepções:
- Sentido filosófico (ou metafísico): Fundamento da obrigatoriedade da norma jurídica
(seja entendido como a vontade do Estado ou a justiça, ou noutra posição júris-filosófica
diversa).
- Sentido sociológico (habitualmente chamado material): Factor que provocou o
aparecimento da norma e condicionou p seu conteúdo concreto).
- Sentido politico: Órgãos de onde emanam as normas jurídicas.
- Sentido Técnico-Jurídico ou formal: Modos de formação e de revelação das normas
jurídicas. São tradicionalmente traduzidas em 4: lei, costume, jurisprudência e doutrina.
Segundo vários autores a lei e o costume são primariamente modos de formação (fontes
júris essendi), a jurisprudência e a doutrina de revelação (fontes júris cognoscendi) das
normas jurídicas.
- Sentido material ou Instrumental: Textos ou diplomas que contêm normas jurídicas.
A compreensão de como um ordenamento jurídico funciona começa pelo entendimento
das suas fontes do Direito, ou seja, a compreensão das fontes do direito nos permite
responder a questão “Qual o enquadramento das Fontes do Direito no Sistema Jurídico
Angolano?”
A resposta para essa pergunta gira em volta de duas hipóteses:
1 – O sistema jurídico adoptado por Angola determina o enquadramento das fontes do
Direito no seu sistema.
2- Por ser um país Africano, Angola tem como principal fonte do direito os Costumes
culturais.
Sendo assim, o principal objectivo adoptado é conseguir uma percepção do
enquadramento das fontes do direito no sistema jurídico Angolano.
Para conseguir alcançar este objectivo, o presente trabalho conte conta com os seguintes
objectivos específicos:
1 – Conceitualizar fontes do Direito.

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2 – Analisar as suas classificações.
3 – Verificar a relação entre fontes de Direito e sistemas jurídicos.
4 – Analisar os Costumes como fonte de Direito.
5 – Analisar a Lei como fonte de Direito positivo e sua classificação.
6 – Analisar o processo de elaboração das leis no ordenamento jurídico angolano
7 – Conceitualizar e verificar hierarquia das leis.
De forma a conseguir responder a pergunta de partida e alcançar os objectivos gerais e
específicos, o grupo utilizou pesquisas bibliográficas e documentais.

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2. FONTES DE DIREITO

2.1. Conceitos Gerais


A doutrina jurídica não se apresenta uniforme quanto ao estudo das fontes do Direito.
Entre os cultores da Ciência do Direito, há uma grande diversidade de opiniões quanto ao
presente tema, principalmente em relação ao elenco das fontes. Esta palavra provém do
latim, fons, fontis e significa nascente de água. No âmbito de nossa Ciência é empregada
como metáfora, como observa Du Pasquier, pois “remontar à fonte de um rio é buscar o
lugar de onde as suas águas saem da terra; do mesmo modo, inquirir sobre a fonte de uma
regra jurídica é buscar o ponto pelo qual sai das profundidades da vida social para
aparecer na superfície do Direito”.
Segundo Miguel Reale (2003), Fontes do direito são processos ou meios em virtude do
qual a regra jurídica se positiva com legítima força obrigatória.

2.2. Classificação das Fontes do Direito


Existem múltiplas classificações das fontes do direito, podemos dizer que existem 2
hemisférios de classificação das fontes do Direito.
2.2.1 Primeiro Hemisfério
No primeiro hemisfério as fontes do direito podem ser classificadas em fontes históricas,
materiais e formais.
2.2.1.1 Fontes Históricas
Apesar de o Direito ser um produto cambiante no tempo e no espaço, contém muitas
ideias permanentes. A evolução dos costumes que se conservam presentes na ordem
jurídica. A evolução dos costumes e o progresso induzem o legislador a criar novas
formas de aplicação para esses princípios. As fontes históricas do Direito indicam a
génese das modernas instituições jurídicas: a época, local, as razões que determinaram a
sua formação. A pesquisa pode limitar-se aos antecedentes históricos mais recentes ou se
aprofundar no passado, na busca das concepções originais. Esta ordem de estudo é
significativa não apenas para a memorização do Direito, mas também para a melhor
compreensão dos quadros normativos actuais. No sector da interpretação do Direito, onde
o fundamental é captar-se a finalidade de um instituto jurídico, sua essência e valores
capitais, a utilidade dessa espécie de fonte revela-se com toda evidência. (Nader, 2014,
p.149)
Quanto as fontes históricas, existe uma diversidade de opiniões que repartem as fontes
históricas de direito em dois grandes grupos.
O primeiro grupo é formado por autores que consideram que as fontes históricas não são
fontes de direito, ou seja, esse mesmo grupo de autores considera que as fontes históricas
são simplesmente estudos sociológicos e filosóficos.
O segundo grupo é formado por autores que consideram que as fontes históricas são
fontes de direito, dentre esses autores, Theodor Sternberg diz que “aquele que quisesse
realizar o Direito sem a História não seria jurista, nem sequer um utopista, não traria à

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vida nenhum espírito de ordenamento social consciente, senão mera desordem e
destruições”. (Rodrigues, 2019)
O segundo grupo de autores considera que a Dogmática Jurídica, que desenvolve o seu
estudo em função do ordenamento vigente, com o objectivo de revelar o conteúdo actual
do Direito, proporcionando um conhecimento pleno, deve buscar subsídios nas fontes
históricas. (Nader, 2014, p.149)

2.2.1.2. Fontes Materiais


O Direito não é um produto arbitrário da vontade do legislador, mas uma criação que se
lastreia no querer social. É a sociedade, como centro de relações de vida, como sede de
acontecimentos que envolvem o homem, quem fornece ao legislador os elementos
necessários à formação dos estatutos jurídicos. Como causa produtora do Direito, as
fontes materiais são constituídas pelos fatos sociais, pelos problemas que emergem na
sociedade e que são condicionados pelos chamados factores do Direito, como a Moral, a
Economia, a Geografia, entre outros. Hübner Gallo divide as fontes materiais em directas
e indirectas. (Nader, 2014, p.149)
As fontes materiais indirectas são identificadas com os factores jurídicos, enquanto as
fontes materiais directas são representadas pelos órgãos elaboradores do Direito Positivo,
como a sociedade, que cria o Direitoconsuetudinário, o Poder Legislativo, que elabora as
leis, e o Judiciário, que produz a jurisprudência. (Nader, 2014, p.149)
Segundo Garcia (2015), Fontes Materiais são todas as autoridades, pessoas, grupos e
situações que influenciam na criação do direito numa determinada sociedade, ou seja, a
fonte material é aquilo que acontece no âmbito social, nas relações comunitárias,
familiares, religiosas, politicas que vão servir de fundamento para a formação do direito.
Assim, Fontes materiais é a resposta da pergunta de ONDE vem o direito. (apud
RODRIGUES, 2019)

2.2.1.3. Fontes Formais


O Direito Positivo apresenta-se aos seus destinatários por diversas formas de expressão,
notadamente pela lei e costume. Fontes formais são os meios de expressão do Direito, as
formas pelas quais as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se conhecidas. Para que
um processo jurídico constitua fonte formal é necessário que tenha o poder de criar o
Direito. Em que consiste o acto de criação do Direito? – Criar o Direito significa
introduzir no ordenamento jurídico novas normas jurídicas. Quais são os órgãos que
possuem essa capacidade de criar regras de conduta social? – O elenco das fontes formais
varia de acordo com os sistemas jurídicos e também em razão das diferentes fases
históricas. Na terminologia adoptada pelos autores, embora sem uniformidade, há a
distinção entre as chamadas fontes formais directa e fontes formais indirecta do Direito.
A fonte formal directa é aquela que cria a norma. Já a fonte formal indirecta não cria a
norma, mas fornece ao jurista subsídios para o encontro desta, como é a situação da
doutrina jurídica em geral e da jurisprudência. (Nader, 2014, p.150)

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Segundo Garcia (2015), as Fontes Formais são, portanto, os canais por onde se
manifestam as fontes materiais. (apud RODRIGUES, 2019)

2.2.2. Segundo hemisfério


No segundo hemisfério as fontes de direito podem ser classificadas quanto ao modo de
formação, quanto a eficácia, quanto a origem e quanto a constituição.

2.2.2.1 Quanto ao modo de formação


Quanto ao modo de formação, as fontes do direito podem ser classificadas em:
a) Intencionais – têm na sua origem um acto normativo, exigindo assim um órgão com
competências legislativas.
b) Não Intencionais – têm na sua origem, p.e., o costume (direito consuetudinário).

2.2.2.2 Quanto a eficácia


Quanto a eficácia, as fontes do direito podem ser classificadas em:
a) Imediatas – são fontes por si próprias, não necessitando de outra fonte que as
classifique como tal.
b) Mediatas – qualificadas por uma fonte imediata, daí retirando a sua juridicidade. As
fontes imediatas e mediatas não têm entre si uma relação de hierarquia.
Tendo em conta o sistema jurídico Angolano, mais especificamente o código civil
angolano, a fonte do direito imediata é aquela criada por meio de processo legislativo
adequado. Já a fonte do direito mediata é aquela que não foi criada por meio de processo
legislativo, abrange o costume jurídico, os princípios gerais do direito e a doutrina.
Nos termos do disposto no artigo 1.° do código civil, são fontes imediatas:
“1. São fontes imediatas do direito as leis e as normas corporativas.
2. Consideram-se as leis todas as disposições genéricas provindas dos órgãos estaduais
competentes; são normas corporativas as regras ditadas pelos organismos representativos
das diferentes categorias morais, culturais, económicas ou profissionais no domínio das
suas atribuições, bem como os respectivos estatutos e regulamentos internos.
3. As normas corporativas não podem contrariar as disposições legais de carácter
imperativo.”

2.2.2.3 Quanto a Origem


Quanto a origem, as fontes do direito podem ser classificadas em:
a) Internas – fontes que têm origem na ordem jurídica em que se inserem.

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b) Externas – têm origem noutra ordem jurídica, vigorando nesse ordenamento por meio
de regras de recepção que podem ou não ser impostas ao sistema subordinado. Há ainda
o caso de várias fontes coexistirem no mesmo espaço jurídico. Nesse caso, vigoram nessas
fontes respeitantes a diferentes ordens jurídicas (ex: Portugal e a União Europeia).

2.2.2.4 Quanto a Constituição


Quanto a constituição, as fontes do direito podem ser classificadas em:
a) Simples – provêm de um único facto normativo.
b) Complexas – são constituídas por um facto originário e por um facto posterior à
produção da fonte ou resultam da modificação da fonte (resulta da interpretação de uma
fonte, que é sempre feita por outra fonte de hierarquia igual ou superior.). A novação da
fonte ocorre quando a regra contida na fonte se mantém mas se verifica a alteração do
facto normativo.

2.3 Ordem Jurídica


Sendo o Direito o ramo da ciência que tem como objecto o estudo das regras gerais
abstractas e imperativas criadas e impostas pelo estado de forma coerciva, a Ordem
jurídica é fundamentada em sistemas, cuja finalidade é sistematizar o Direito.
O pluralismo jurídico é decorrente da existência de dois ou mais sistemas jurídicos,
dotados de eficácia, concomitantemente, em um mesmo ambiente espaço temporal.
(Dellagnezze, 2020)
Segundo o professor Wolmer, o pluralismo traz uma outra visão do direito, a visão de que
o Direito como sistema normativo, não existe apenas nos códigos positivos e na lei escrita,
formalizada, mas está presente na sociedade de várias outras formas. Ou seja, o
pluralismo é a descentralização, a fragmentação das formas de poder, é ver o direito não
apenas no estado e nos códigos, mas na sociedade civil e nas lutas sociais. (apud
DELLAGNEZZE, 2020)
Para o professor Bruno Albergaria, Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra (Portugal), existem 9 sistemas jurídicos no mundo e suas
respectivas principais fontes de Direito:

Sistema Jurídico Fontes

Sistema Egípcio Decretos dos Faraós, costumes e contractos


Sistema Indiano Mitos, leis religiosas e estatais, código de Manu
Sistema Chinês Estatutos Morais, leis estatais, Analetos, I- Ching
Sistema Cuneiforme Códigos prévios, costumes, Revelação do Deus
Shamash, código de Hamurabi

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Sistema Hebraico Leis Mesopotámicas, costumes, revelação de Javé,
Tanakh e Taimud
Sistema Romano Leis, Costumes, Jurisprudência, Corpus Civilis
Sistema Romanista- Códigos de Napoleão, Constituição Americana,
Ocidentalizado Declaração dos direitos dos cidadãos, Constituição
Federal, Código Civil
Sistema Ango-Saxônico Costumes, Jurisprudência, Legislações (Carta Magna),
(Commom Law) Contracto Social, Equity

Entretanto, numa visão do Sistema Jurídico Global predominante pode ser observado 5
Sistemas Jurídicos denominados como: Direito Romano-Germânico ou Civil Law,
Direito Anglo-Saxônico ou Commom Law, Direito Consuetudinário, Direito Muçulmano
e o Sistema Júridico Misto que se trata de uma união da Commum Law e a Civil Law.

Todavia, destaca-se que os Sistemas Jurídicos mais conhecidos são o Sistema Romano-
Germânico ou Civil Law e o Sistema Anglo-Saxônico ou Commom Law.

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A Civil Law está consubstanciada na lei devidamente positivada e codificada. Já a
Commom Law está consubstanciada na lei não escrita no direito jurisprudencial e nos
costumes.

2.3.1 Sistema Anglo-Saxônico ou Commom Law

O Commom Law pode ser entendido como o Direito de característica anglo-saxã, cuja
origem se deu na Inglaterra durante a idade média, no século XII. Por não ter uma
estrutura jurídica similar, foi determinado um ‘’direito comum’’ em que o objectivo era
estabelecer um padrão de relacionamento entre o estado, representado pela monarca, e os
proprietários de terra. (Pantoja, 2022)
Estados que utilizam este sistema de Direito têm como fonte de seu direito o Costume e
a Jurisprudência, firmado pelas Cortes de Justiça.
Em termos gerais a principal Caracteristica da Commom Law é não ser codificado, ou
seja, em geral não existe código civil ou código penal. Assim a sua aplicação é mais
objectiva e as regras vão se desenvolvendo conforme avançam as complexas relações na
sociedade. Por esses motivos há um forte protagonismo na figura dos juízes. (Pantoja,
2022)
A commom Law é uma família jurídica, mas as características variam de país para país.
Nos EUA, por exemplo, existe a constituição prescrita que determina um Estado Federal.
Já na Inglaterra não existe constituição, mas normas fundamentais esparsas. Por exemplo,
a Magna Carta e a Instituição do Princípio do Devido Processo Legal, que são institutos
Ingleses.
Tendo a commom Law o Poder Judiciário como principal protagonismo, o nível de
previsibilidade de uma acção judicial é grande e pouquíssimos casos vão ao julgamento.
As decisões judiciais se tornam verdadeiras políticas públicas e são obrigatórias para
todos. Desse modo, o ensino Jurídico de países da Commom Law é baseado nos julgados
(Case Law). Diferente do Civil Law em que se decora o que está escrito nos códigos e
estuda os autores que interpretam e opinam a respeito das normas em vigor.
No sistema Commom Law, as disputas são resolvidas por intermédio de um de
contraditório, de argumentos e provas. Ambas as partes apresentam seus casos perante
um elemento julgador neutro, seja um juiz ou um júri. Este juiz ou júri, avalia a evidência,
aplica a lei adequada aos factos e elabora a sentença em favor de uma das partes. Após a
decisão, qualquer das partes pode recorrer da decisão a um tribunal Superior. Tribunais e
apelação neste sistema jurídico podem rever sentenças apenas em relação ao direito, e
não em relação as determinações de fato (provas).
O Sistema Common Law representa, efectivamente a Lei dos Tribunais, como expresso
em decisões judiciais. Além do sistema de precedentes judiciais, outras características do
direito comum são o julgamento por um júri e da doutrina da supremacia da lei.

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No Sistema de Common Law, o direito é criado ou aperfeiçoado pelos juízes, por uma
decisão a ser tomada num determinado caso para referência, que poderá afetar o direito a
ser aplicado à casos futuros. Nesse Sistema, quando não existe um precedente, os juízes
possuem a autoridade para criar o direito, estabelecendo um precedente. O conjunto de
precedentes é chamado de common law e vincula todas as decisões futuras.
Segundo Dellagnezze (2020), o Direito dos países como a Grã-Bretanha e os Estados
Unidos da América pode ser considerado também como Direito Consuetudinário, que
provem do latim ‘’consuetudo’’ e que quer dizer Costume ou Direito Comum.
Neste caso os costumes são normas que não provêm da actividade legislativa ou das
autoridades políticas, mas, da consolidação dos usos tradicionais de um povo ou de uma
comunidade.
2.3.1.1. Costumes como Fonte de Direito
De acordo a autores como Ernestina Prata e Maria Freitas, na actualidade, o costume não
tem o mesmo valor que tinha no passado, hoje muitos países adoptaram o sistema civil
law, onde prevalece o direito escrito, ficando o costume em segundo lugar.
Contudo, o costume mantém a sua tradição em países que adoptam a common law, como
a Inglaterra.
O costume é uma fonte de formal de direito, o costume surge na necessidade social de
regular uma determinada relação ainda não disciplinada, e que é transmitido de forma
oral, quer de forma positiva (quando o grupo cria uma regra para suprir uma lei), quer de
forma negativa (quando algumas regras acabam sendo colocadas em desuso, com a
concomitante elaboração de novas normas que as substituam).
Para o Direito Angolano, o costume é admitido como fonte mediata, ou seja,
prioritariamente adopta a lei.
Assim, no ordenamento jurídico angolano, é a lei que irá definir se o costume é válido ou
não. Não se admite, em Angola, o costume contra legem, conforme o disposto no artigo
7.° da constituição da República de Angola: “ É reconhecida a validade e a força jurídica
do costume que não seja contrária a constituição nem atente contra a dignidade da pessoa
humana”.
E segundo o artigo 3.° do Código Civil Angolano:
“1. Aquele que invocar o direito consuetudinário, local ou estrangeiro, compete fazer a
prova da sua existência e conteúdo, mas o tribunal deve procurar, oficiosamente, obter o
respectivo conhecimento.
2. O conhecimento oficioso incumbe também ao tribunal, sempre que este venha de
decidir com base no direito consuetudinário, local ou estrangeiro, e nenhuma das partes
o tenha invocado, ou a parte contrária tenha reconhecido a sua existência e conteúdo ou
não haja deduzido oposição.
3. Na impossibilidade de determinar o conteúdo do direito aplicável, o tribunal recorrerá
às regras do direito comum angolano.”

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2.3.1.1.1 Características do Costume como fonte de Direito
De acordo a varias doutrinas, o costume possui dois elementos para que se verifique:
- Corpus (elemento material): Repetição constante e uniforme de uma prática social.
Ou seja, costume precisa de ser praticado por longo tempo de forma constante e geral.
- Animus (elemento psicológico): É a convicção de que a prática social reiterada,
constante e uniforme é necessária e obrigatória.
A obediência a uma conduta por parte de uma comunidade configura um uso e a reiteração
desse uso forma o costume. A prática de determinada regra para regular determinada
situação como constante e uniforme, e que se repita reiteradamente, quando igual situação
se apresente de novo, constitui uma prática, um uso. Esta prática do homem empregar a
mesma regra sempre que se repete a mesma situação, e de seguir a mesma, como
obrigatória e legitima, é que se constitui o costume.
Resumindo, o costume para ser reconhecido como tal, tem de ser contínuo, tem de ser
moral, tem de ser constante e obrigatório.
De acordo a várias doutrinas, quanto ao conteúdo, o costume divide-se em:
- Praeter legem: são costumes que são admitidos pela lei, na medida e, que há lacuna nos
dispositivos legais.
- Secundum legem: são os costumes contemplados na lei, o preceito, não contido na
norma, é reconhecido e admitido com eficácia obrigatória.
- Contra legem: refere-se aos costumes que são contrários às normas em vigor.

2.3.2. Sistema Romano-Germânico ou Civil Law


Diga-se que a história política de Roma está dividida em três períodos: Monarquia ou
Realeza (753-509 a.C.), República (509-27 a.C.) e Império (27 a.C.-476 d.C.). Cada
período da história romana possui características próprias, que demonstram a evolução
socioeconómica e política dessa sociedade.
O Direito Romano é o nome que se dá ao conjunto de princípios e seus domínios. A
aplicação do Direito Romano vai desde a fundação da cidade de Roma em 753 a.C. até a
morte do Imperador do Oriente, Justiniano, em 565, da nossa era. Em termos gerais, a
história do Direito Romano, abarca mais de mil anos, desde a Lei das Doze Tábuas (Lex
Duodecim Tabularum; 449 a.C.) até o Corpus Juris Civilis, ou Corpo de Direito Civil,
por Justiniano I (c. 530 d.C.).
A história do Sistema Civil Law inicia-se quando o Imperador Justiniano, de Roma, reúne
todas as leis do Continente Europeu, consolidando-as em um único código, denominado
de Corpus Juris Civilis, posteriormente conhecido como Civil Law, Continental Law ou
Roman Law. Em países que adoptam o Civil Law, a legislação representa a principal
fonte do Direito. Os Tribunais fundamentam as sentenças nas disposições de Códigos e
Leis, a partir dos quais, se originam as soluções de cada caso.
O Sistema Civil Law teve sua influência nos Ordenamentos Jurídicos das Nações, com o
advento dos ideais da Revolução Francesa, de 1789, Revolução esta, que se opôs ao

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Absolutismo, originando o denominado Constitucionalismo e posteriormente o
Neoconstitucionalismo.
O Sistema Civil Law, surgiu como uma necessidade de se instituir um formalismo
jurídico, no qual, as normas legais fossem fixadas de forma clara e objetiva, de onde, na
hermenêutica interpretativa de um texto legal, não ensejasse uma interpretação extensiva
da norma, sob pena de ser considerado um autoritarismo político ou jurídico, em prejuízo
para o cidadão e a sociedade.
O Constitucionalismo Caracteriza-se o como o conjunto de regras e princípios postos de
modo consciente, a partir das Teorias e movimentos ideológicos, voltados a organizar o
Estado, segundo a sistemática que estabelecesse limitações ao poder político, além de
direitos e garantias fundamentais em favor dos membros da comunidade.
Segundo Professor Inocêncio Mártires Coelho (2020), o Neoconstitucionalismo, também
chamado de novo constitucionalismo se marca pelos seguintes aspectos:
a) Mais Constituição do que leis;
b) Mais juízes do que legisladores;
c) Mais princípios do que regras;
d) Mais ponderação do que subsunção;
e) Mais concretização do que interpretação;
Segundo professor Miguel Teixeira de Sousa, a principal fonte de Direito do Sistema
Romano-Germânico ou Civil Law é a Lei, o que levou à criação de constituições políticas
e à codificação (movimento de codificação) das principais áreas jurídicas.
Com isto, o costume e a jurisprudência tomam um papel secundário. O direito é tido como
um sistema, do que resulta que as leis são abstractas (aplicam-se a vários casos concretos)
e gerais (aplicam-se a vários destinatários).
2.3.2.1. Leis Como Fonte de Direito
Em geral, a Lei é a norma jurídica decidida e imposta por uma autoridade com poder para
o fazer na sociedade política. A lei é assim uma norma jurídica de criação deliberada, ou
seja, é criada para servir como tal.
A palavra lei, mesmo restrita ao domínio do direito, assume pelo menos quatro
significados principais:
a) Iatíssimo – significa antes de mais o mesmo que direito, ou que norma. Diz-se que a
lei proíbe ou impõe para significar que o direito faz.
b) Iato – Significa a norma jurídica criada por decisão e imposição de uma autoridade
com poder para tal.
c) Intermédio – por oposição a regulamento, a lei toma um sentido intermédio.
d) Restrito – Por último, a lei emprega-se para designar os diplomas emanados pela
Assembleia da República e só esses, por oposição aos decretos-leis do Governo.

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Ao definirmos a lei no sentido iato como norma jurídica decidida e imposta por uma
autoridade com o poder para o fazer estamos a nos referir a um tipo específico de poder,
o chamado poder legislativo em sentido iato ou poder normativo. O poder legislativo é
um dos 3 poderes em que comummente se analisa a soberania do estado: Poder
legislativo, poder executivo (administrativos ou governativo) e o poder judicial.
A lei é um processo de formação do direito que se traduz numa declaração solene e
directa da norma jurídica, efectuada por uma autoridade competente.
Segundo diversos autores, a lei é a fonte do direito mais importante.
De acordo Ernestina Prata e Maria Freitas (2017, p.42) são pressupostos da lei:
1. Ser emanada de uma autoridade competente.
2. Observância da forma prevista para essa actividade.
3. Conter uma verdadeira regra jurídica.
Segundo as mesmas autoras o conceito de lei só será verdadeiramente compreensível se
haver a devida distinção dos conceitos Lei no sentido formal, Material, amplo e restrito.
2.3.2.1.1. Lei no sentido Formal
Segundo Ernestina Prata e Maria Freitas (2017), lei no sentido formal é todo acto
normativo emanado de um órgão com competência legislativa, quer contenha ou não uma
verdadeira norma jurídica, exigindo-se que se revista das formalidades relativas a essa
competência. Exemplo: As que conferem ao Governo autorizações legislativas.
De forma simplificada, lei no sentido formal refere-se a forma de elaboração da lei, ou
seja, à actividade legislativa exercida por determinados órgãos (Assembleia da R.,
Governo).
De acordo a certas Doutrinas, a lei no sentido formal caracteriza-se, como o nome dá a
entender, pela forma, não necessariamente pelo conteúdo e devem seguir todo um
determinado trâmite pelas casas legislativas. Sendo muitas vezes consideradas como fruto
do poder legislativo.
2.3.2.1.2. Lei no sentido Material
Segundo Ernestina Prata e Maria Freitas (2017), lei no sentido material é todo o acto
normativo emanado por um órgão do Estado, mesmo que não tenha competência
legislativa, desde que contenha uma verdadeira norma jurídica, exigindo-se que se revista
das formalidades relativas a essa competência. Exemplo: Uma portaria que aprove um
regulamento de exames.
De forma simplificada, a lei no sentido material diz respeito a matéria (conteúdo de regra
imposta pelo estado), não interessando o órgão que a elabora. Neste sentido, a lei vai
desde a constituição aos regulamentos.
Toda a lei formal é material, mas nem toda a lei material é formal, pois só é formal se
emanar de um órgão constitucionalmente
e incumbido da função legislativa. Assim, os decretos regulamentares, as portarias, os
despachos e os regulamentos são leis materiais, mas não formais.

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2.3.2.1.3. Lei no sentido Amplo
Segundo Ernesta Prata e Maria Freitas (2017), a lei no sentido amplo abrange qualquer
norma jurídica.
Ao se falar de lei no sentido amplo, a expressão lei é utilizada em sentido amplo, pois
todo e qualquer acto que descrever e regular uma determinada conduta, mesmo que esse
acto não vier do poder legislativo, seria considerado como lei.
2.3.2.1.4. Lei no sentido Restrito
Segundo Ernesta Prata e Maria Freitas (2017), a lei no sentido restrito compreende os
diplomas emanados pela assembleia da república.
De acordo a múltiplas doutrinas, a lei somente poderia ser considerada em sentido restrito
quando fosse fruto de elaboração do poder legislativo apenas e contasse com todos os
requisitos necessários, tanto os que dizem respeito ao conteúdo, que indicaria a descrição
de uma conduta abstracta, genérica, imperativa e coerciva, quanto relativos à forma, que
se verificam no processo de sua elaboração dentro do Poder Legislativo, bem como na
forma de introdução no mundo jurídico.
2.3.2.1.5. Processo de elaboração da lei
O processo de elaboração da lei é um conjunto de disposições que disciplinam o
procedimento a ser observado pelos órgãos competentes na elaboração das espécies
normativas.
A lei deve ser elaborada através de técnicas apropriadas e rígidas, permitindo, por
conseguinte, obter uma grande segurança no ordenamento jurídico, como a Constituição
da República Angolana.
Portanto, para os estados que consagram o sistema romano-germânico, onde a tradição
do Direito escrito tem primazia em detrimento de outras fontes, como, por exemplo, o
costume, a produção de uma lei, enquanto fonte de Direito, tem grande relevância.
Angola adopta este sistema romano-germânico, atribuindo assim a lei, como também ao
poder legislativo, a competência para a iniciativa do processo legislativo.
No que diz respeito ao aspecto formal, a titularidade para a formação da lei incumbe ao
órgão estadual competente, que deve ser emanada do poder legislativo, a quem cabe,
prioritariamente, elaborar tal norma.
O processo de elaboração das normas contempla fases que devem ser devidamente
cumpridas. Verificamos que existem 3 funções e que o poder é único, mas houve uma
separação para evitar concentrar o exercício de todas as funções num só órgão.
Assim, a função legislativa, que é proveniente do poder legislativo do Estado, foi
atribuído à assembleia Nacional, que tem esta função típica por excelência, conforme
disposto nos artigos 160°, 161°, 164° e 165°.
2.3.2.1.5.1. Etapas para elaboração da lei
Iniciativa – O processo legislativo começa através da iniciativa dos deputados dos grupos
parlamentares, como se verifica no artigo 167° da Constituição Angolana.

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A iniciativa da lei compete aos deputados, aos grupos parlamentares e ao executivo e, nos
termos e condições estabelecidos na lei, a grupos de cidadãos eleitores devidamente
organizados.
Discussão e Aprovação – Posteriormente, o projecto de lei segue devidamente
acompanhado dos relatórios explicativos para o Presidente da Assembleia Legislativa,
que, por sua vez, remete à Comissão Parlamentar, para emissão de seu parecer.
Se o parecer for favorável, o projecto de lei é incluído numa pauta de ordem da reunião
planária para discussão, e se for aceite, será inscrito e encaminhado na ordem do dia do
Parlamento, onde será enviado para discussão, na comissão de generalidade e
especialidade. A seguir, haverá votação dos projectos, tanto na primeira leitura
(generalidade), quanto na segunda leitura (especialidade), realizando-se um debate e
votação.
Promulgação – A promulgação consiste no acto através do qual o Presidente da
República aprova o projecto de lei, reconhecendo-o como válido. Trata-se de uma
declaração formal por parte do Chefe do poder executivo da existência da lei.
Deste modo, o titular para declarar o projecto de lei, de iniciativa da Assembleia
Legislativa, válido é o Presidente da Republica. Nada impede que o Chefe do Estado, ao
invés de validar o projecto lei, promova o seu veto, no qual discorda do projecto de lei
aprovado pela Assembleia Nacional.
É lícito ao chefe do estado, antes de proferir a decisão sobre o projecto de lei, dentro do
prazo, solicitar de forma fundamentada informações à Assembleia Nacional do diploma
ou de suas normas, podendo ainda requer ao Tribunal Constitucional que aprecie a
constitucionalidade das leis da assembleia. Segundo o artigo 124.° da CRA, o chefe de
Estado é guardião da constituição e deve velar pelo seu efectivo cumprimento.
Publicação – A publicação é uma etapa essencial para que a lei entre em vigor, possa ser
exigida, tornando indispensável que se realize a publicação oficial da lei, que em Angola
é no Diário da República. Nesta ultima fase, com a efectiva publicação, dá-se
conhecimento a todos da existência da nova lei, podendo finalmente ser imposta.
Antes da etapa da promulgação, não há que falar em lei, mas sim em projecto lei. Pois o
projecto de lei só poderá ser considerado lei após ser aprovado. Assim, o seu efectivo
cumprimento e exigibilidade só se darão após o encerramento de todas as fases, ou seja,
após a publicação no prazo previsto no artigo 124.° da CRA.
Decretos legislativos – A titularidade da iniciativa legislativa incumbe à Assembleia
Nacional, mas nada impede que de uma forma residual a referida iniciativa legislativa
não possa ser atribuída ao chefe de Estado.
Assim, nos termos no disposto no artigo1 126.° da Constituição Angolana, verificam-se
situações em que se permite ao presidente da República exercer actividade legislativa,
não de forma ampla, mas através de decretos legislativos presidenciais.
Estres decretos legislativos presidenciais são emitidos em razão de urgência e relevância
para resguardar o interesse público e devem ser submetidos de imediato à assembleia

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Nacional, podendo ser convertidos em lei, com alterações ou não, ou até mesmo
rejeitados.
Há limitações no campo de abrangência dos referidos decretos legislativos presidenciais,
como:
- Não podem legislar sobre matéria que constitucionalmente esteja reservado de forma
absoluta à Assembleia Nacional.
- Não podem abordar matéria relativa ao orçamento do estado.
- Não podem versar sobre leis aprovadas pela assembleia Nacional que aguardam
promulgação.

2.3.2.1.6. Hierarquia das leis


A hierarquia das leis estabelece a importância que cada lei representa. Segundo múltiplas
doutrinas a hierarquia significa que as leis inferiores não podem ir contra o que está escrito
nas leis superiores.
As leis de hierarquia igual ou superior podem contrariar as leis de hierarquia igual ou
inferior. Diz-se, então, que a lei mais recente revoga a lei mais antiga. A hierarquia segue
a seguinte ordem: Constituição, lei complementar, lei ordinária, decreto regulamentar e
acto administrativo
2.3.2.1.6.1 As leis Constitucionais
Segundo Ernestina Prata e Maria Freitas (2017), o poder de fazer leis constitucionais é
designado poder constituinte e ocupa o cume do poder legislativo.
A constituição é a lei fundamental do Estado, a qual fixa os princípios fundamentais da
organização politica e da ordem jurídica em geral, pelos quais se rege a vida dos cidadãos.
2.3.2.1.6.2 As leis ordinárias
São todas as restantes leis e podem provir da Assembleia da República (leis em sentido
próprio) e do Governo (decreto-lei).
A Assembleia da Republica é o órgão legislativo por excelência e de resultam as leis, as
moções e as resoluções. Mas só a lei se destina a estabelecer verdadeiras normas jurídicas.
O Governo tem funções legislativas, emite decretos-leis e tem também competência
regulamentar que exerce através de regulamentos. Os decretos-leis limitam-se a enunciar
os princípios fundamentais, os regulamentos destinam-se a pormenorizar a lei de forma
que ela possa ser correctamente executada.
Os regulamentos do governo podem assumir as seguintes formas:
- Decretos Regulamentares: são diplomas emanados pelo governo e promulgados pelo
Presidente da República.
- Resoluções do Conselho de Ministros: Provêm do Conselho de Ministros e não têm de
ser promulgados pelo Presidente da República.

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- Portarias: são ordens do governo dadas por um ou mais ministros e não têm de ser
promulgadas pelo Presidente da República.
Despachos: têm como destinatários os subordinados do ministro ou dos ministros
signatários e valem apenas dentro do ministério.
- Instruções: são meros regulamentos internos, contendo ordens dadas pelos ministros
aos respectivos funcionários ou estabelecendo directrizes para melhor aplicação dos
diplomas normativos, se as instruções se destinam a vários serviços, chamam-se
circulares.
A lei, em seu sentido restrito, tem de estar conforme a Constituição. O decreto que
regulamenta as leis tem de estar de acordo com essas leis e directamente de acordo com
a constituição. O acto administrativo tem de estar conforme a lei e também conforme a
Constituição.

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3. CONCLUSÃO

Segundo Miguel Reale (2003), Fontes do direito são processos ou meios em virtude do
qual a regra jurídica se positiva com legítima força obrigatória.
As fontes do direito podem ser classificadas em 2 hemisférios, no primeiro hemisfério as
fontes do direito podem ser históricas, materiais e formais. No segundo hemisfério as
fontes do direito podem ser classificadas quanto ao modo de formação (intencionais e não
intencionais), quanto a eficácia (Imediatas e mediatas), quanto a origem (internas e
externas) e quanto a constituição (simples e complexas).
Após diversas pesquisas bibliográficas e documentais, o grupo chegou a conclusão que o
enquadramento das fontes do direito no sistema jurídico angolano depende do sistema
adoptado por Angola, por angola adoptar um sistema romano-germânico ou Civil Law a
sua principal fonte do direito são as leis.
Em geral, a Lei é a norma jurídica decidida e imposta por uma autoridade com poder para
o fazer na sociedade política. A lei é assim uma norma jurídica de criação deliberada, ou
seja, é criada para servir como tal.
Segundo múltiplas doutrinas, a percepção da lei pode ser entendida através de 4 sentidos:
- Lei no sentido Formal: é todo acto normativo emanado de um órgão com competência
legislativa, quer contenha ou não uma verdadeira norma jurídica, exigindo-se que se
revista das formalidades relativas a essa competência.
- Lei no sentido Material: é todo o acto normativo emanado por um órgão do Estado,
mesmo que não tenha competência legislativa, desde que contenha uma verdadeira norma
jurídica, exigindo-se que se revista das formalidades relativas a essa competência.
- Lei no sentido Amplo: a lei no sentido amplo abrange qualquer norma jurídica.
- Lei no sentido Restrito: a lei no sentido restrito compreende os diplomas emanados pela
assembleia da república.
O processo de elaboração da lei é formado por 4 etapas: iniciativa, discussão e aprovação,
promulgação e publicação.
O costume é uma fonte de formal de direito, o costume surge na necessidade social de
regular uma determinada relação ainda não disciplinada, e que é transmitido de forma
oral, quer de forma positiva (quando o grupo cria uma regra para suprir uma lei), quer de
forma negativa (quando algumas regras acabam sendo colocadas em desuso, com a
concomitante elaboração de novas normas que as substituam). Já que existe uma relação
entre as fontes de direito e os sistemas jurídicos, o costume é utilizado com principal fonte
de direito em países que adoptam o sistema common law.

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4. BIBLIOGRAFIA

Dellagnezze, R. (17 de 11 de 2020). Os sistemas jurídicoa da civil law e da common law.


Obtido de Jus: http://www.jus.com.br
Nader, P. (2014). Introdução ao Estudo de Direito. Rio de Janeiro: Editora Forense.
Pantoja, O. (08 de 09 de 2022). O que é common Law, as diferenças e semelhanças com
o Civil Law. Obtido de Aurum: http://.aurum.com.br
Prata, E. A. (2017). Introdução ao Direito. Angola: Plural Editores.
Rodrigues, L. A. (29 de 11 de 2019). Fontes do Direito: Conceito e Classificações. Obtido
de Jus: http://jus.com.br
Roque, R. (19 de 03 de 2012). Fontes de Direito. Obtido de Slideshare:
http://pt.slideshare.net
Santiago, E. (2 de 6 de 2019). Fontes do Direito. Obtido de infoescola:
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Sousa, M. T. (2013). Introdução ao Estudo do Direito I. Portugal: Faculdade de Direito -
Universidade de Lisboa.

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