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CURSO DE GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E

PRIVADA
NOÇÕES DE DIREITO

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Sumário
1. Fontes do Direito .................................................................................................... 3
1.1. Conceitos ........................................................................................................ 4
1.2. Hierarquia Das Leis ......................................................................................... 6
1.3. Normas infraconstitucionais .......................................................................... 13
1.4. Procedimento Legislativo .............................................................................. 17
2. República Federativa do Brasil ............................................................................. 20
2.1. Princípios Fundamentais Da República Federativa Do Brasil ....................... 22
2.2. Origem Do Poder .......................................................................................... 23
2.3. Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil.......................... 25
2.4. Relações Internacionais ................................................................................ 25
2.5. Forma De Governo Ou Sistema Político ....................................................... 27
2.6. República ...................................................................................................... 31
2.7. Monarquia e República ................................................................................. 33
2.8. Presidencialismo e Parlamentarismo ............................................................ 36
2.9. Pelo Mundo ................................................................................................... 36
2.10. No Brasil .................................................................................................... 39
3. Poderes Da República Federativa Do Brasil ........................................................ 39
3.1. Poder Judiciário ............................................................................................ 40
3.2. Poder Executivo ............................................................................................ 42
3.3. Poder Legislativo ........................................................................................... 43
4. Noções de Direito Empresarial e do Trabalho ...................................................... 44
4.1. Direito Empresarial ........................................................................................ 44
4.2. Fases Do Direito Empresarial........................................................................ 45
4.3. Novo Código Civil E O Direito Empresarial ................................................... 47
4.4. Fontes Do Direito Comercial ......................................................................... 48
4.5. Características Do Direito Empresarial.......................................................... 50
4.6. Conceito econômico de empresa .................................................................. 51
4.7. Direito Do Trabalho ....................................................................................... 55
4.8. Fontes: Materiais E Formais (Autônomas E Heterônomas) ........................... 55
4.9. Princípios Gerais Do Direito Do Trabalho ...................................................... 57
5. Referências .......................................................................................................... 60

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1. Fontes do Direito
Fonte é onde brota a água, onde vamos buscar a origem de algo. Fonte
do Direito é onde o Direito se origina. No Brasil, o ordenamento jurídico é
originariamente legalista, ou seja, sua fonte principal é a legislação, mas. em
alguns casos, é necessário utilizar-se de outras fontes, para solucionar
algumas situações que não estão previstas na lei.
Legislação é o conjunto das normas escritas emanadas do poder
estatal. Legislação “advém do vocábulo “lei”.
Espécies de Normas Jurídicas Escritas
• Constituição Federal
• Leis complementares
• Leis ordinárias
• Medidas provisórias
• Leis delegadas
• Decretos legislativos
• Resoluções
• Decretos regulamentares, portarias, circulares Administrativo

“Entende-se por fontes do Direito o veio (à semelhança de veio d`água)


de onde o Direito surge. Fontes são os meios que servem de origem ao Direito,
são as formas de manifestação do Direito.”, como ensina o autor Ricardo
Teixeira Brancato. As fontes do Direito são divididas em: primárias e
secundárias.

• Fontes primárias - são as leis, as normas emanadas pelo poder estatal.


No caso em tela, o Juiz jamais poderia deixar de resolver a referida
situação, alegando não ter lei específica para a solução do problema
que se refere à retirada e transplante de um dos rins do comerciante, já
que, a legislação vigente, admite a utilização de fontes secundárias.
Ademais, essas fontes existem justamente para solucionar lacunas
existentes em nossa legislação.

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Cumpre esclarecer ainda que o Magistrado, não tendo uma lei específica
para solucionar o caso em tela, deveria ter recorrido às fontes secundárias,
mesmo que contrárias ao pedido realizado pelo advogado do comerciante.

• Fontes secundárias – jurisprudência, costumes, doutrina, analogia e


princípios gerais do Direito. As fontes secundárias poderemos facilmente
visualizar, quando solucionarmos o problema no texto apresentado.

Então vejamos:

Vamos conhecer um pouco mais sobre as diferentes fontes secundárias? É


muito importante saber:

1.1. Conceitos

Jurisprudência
É o conjunto de decisões do poder judiciário a respeito de um mesmo
assunto. Nada impede que num caso isolado seja utilizado a mesma
jurisprudência. Todavia, é necessário esclarecer que os juízes não estão
subordinados às decisões dos tribunais superiores, devendo decidir, pautado
em provas e argumentos do caso concreto. Entenda esta situação que ilustra
um caso de jurisprudência:
Neste caso, apresentado como exemplo, o empregador ganha em 1ª
instância o pedido de alteração da “demissão imotivada” do empregado, para
“demissão por justa causa”. No recurso apresentado pelo empregado, o TRT
decide, por unanimidade, que a demissão não pode ser alterada para justa
causa, uma vez que o empregado não pertence mais ao quadro da empresa,
deferindo, ainda, o pagamento ao recorrente dos créditos rescisórios, com a
liberação do FGTS, pagamento de multa do parágrafo 8º do artigo 477 da CLT
e liberação das guias de seguro-desemprego.

Leia a decisão do TRT de 2003 :

Demissão imotivada com posterior modificação para justa causa-


impossibilidade material. A manifestação da vontade do empregador
representada pela dispensa imotivada do empregado, com rompimento

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imediato, como no caso presente, torna materialmente impossível a
transmudação para justa causa, uma vez que o trabalhador não mais pertence
ao quadro da empresa. (TRT – 20ª Região; RO nº 303 34-2002-014-20-00-1
Lagarto – SE; ac. Nº 2153/03; Rel. Juíza Rita de Cássia Pinheiro de Oliveira
Lima; j. 23/9/2003;v.u).

Costumes – é a prática reiterada de atos, em uma dada região, a


respeito de um determinado assunto; poderá ser alegada pelo profissional de
direito para conduzir a decisão de um caso concreto.Trata-se , portanto, de
uma norma não escrita, ou seja, surge da prática reiterada de atos de uma
determinada sociedade.

Temos como exemplo o cheque pré-datado (texto_chequepredatado.doc).

Esse texto encontra-se também em Leituras.

Doutrina – são os estudos elaborados pelos juristas a respeito do


Direito. Trata-se de publicações especializadas sobre os diversos ramos do
Direito. Funcionam como uma fonte de pesquisa para o operador jurídico.

Veja algumas doutrinas que poderão enriquecer ainda mais o tema da aula.

Doutrinas

• Título: Manual de Introdução de Estudo ao Direito Autor: Luiz Antonio


Rizzatto Nunes
Editora: Saraiva – ano 2002

• Titulo: Introdução ao Estudo do Direito Autor: Tércio Sampaio Ferraz


Junior
Editora: Saraiva – ano 2003

Obs: As doutrinas, acima citadas, têm como objetivo auxiliar o aluno, e são
fonte de pesquisa relacionadas à matéria abordada.

Analogia – a palavra significa “semelhança, nivelamento”. Em resumo,


analogia é a adaptação de uma situação jurídica que já tenha sido objeto de

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decisão do Poder Judiciário, para a solução de outra situação jurídica
semelhante.
Princípios gerais do Direito – “são exigências do ideal de justiça a ser
concretizado na aplicação do Direito”. (Instituições de Direito Privado e de
Direito Público - Ricardo Teixeira Brancato). Como exemplo, temos o princípio
da ampla defesa, de suma importância no mundo Jurídico, pois, é com base
nesse princípio que ninguém poderá ser processado/condenado, sem ter o
direito de se defender.

1.2. Hierarquia Das Leis

A hierarquia das leis é compreendida em nosso ordenamento jurídico


como uma pirâmide.

Constituição Federal
Leis complementares, leis ordinárias; medidas provisórias, leis
delegadas; decretos legislativos e resoluções; decretos regulamentares;
portarias e circulares. A Constituição Federal é a nossa lei maior; é ela que irá
estabelecer qual a norma jurídica adequada para cada assunto, bem como
será realizada a aprovação de determinada lei.

Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19774

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Todo ordenamento jurídico deve estar em conformidade com a
Constituição Federal, ou seja, se alguma lei for aprovada pelo Congresso
Nacional e não estiver de acordo com as normas da Constituição Federal,
poderá ser declarada inconstitucional, portanto, não produzirá nenhum efeito.
Dessa forma, tenho certeza, que você já pôde perceber que a
Constituição Federal é o ponto de partida de todo o ordenamento jurídico e de
todas as demais normas, que estão abaixo da Constituição Federal,
consideradas normas infraconstitucionais.

1ª Constituição Federal Brasileira - 1824

O seu texto foi promulgado por Dom Pedro I. Ficou em vigor por 65 anos
e permaneceu até a Proclamação da República (1889). Foi a constituição de
mais longa duração em toda a história brasileira.
Nessa época, o Poder Executivo era chefiado pelo Imperador que tinha
o auxílio dos Ministros de Estado. O Poder Legislativo, exercido pelo sistema
bicameral, (duas casas-Câmara - dos Deputados e Senado). A Câmara era
constituída por representantes eleitos pelo povo. O mandato era de quatro
anos, enquanto o Senado era composto de membros vitalícios de escolha do
Imperador (lista tríplice).
O Poder Legislativo tinha a função de guarda da Constituição, bem como
de interpretador das leis. Mister se faz esclarecer que, nessa época, não havia
um sistema judicial de controle de constitucionalidade. O Judiciário era
composto por juízes e jurados. E, por fim, o Poder Moderador era delegado ao
Imperador, considerado Chefe Supremo da Nação, com amplos poderes
políticos.

Principais características da 1ª Constituição

• Forma unitária de Estado;


• Monarquia (forma de governo);
• Território brasileiro dividido em províncias;
• O catolicismo como religião oficial do Estado;

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• Sufrágio censitário (para participar do processo eleitoral era exigido
renda mínima anual);
• Cargos eleitorais: membro do Conselho Geral da Província, Deputado,
Senador.
• Quatro poderes políticos: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador.

Renda Mínima Anual


Nas eleições para Deputados e Senadores do Império, exigia-se, para
ser eleitor, a renda anual de 200 mil réis e, para ser eleito, a de 400 mil.
Sufrágio: é um direito público de natureza política, que o cidadão tem de
eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade do poder estatal.
O sufrágio pode ser universal ou restrito (censitário).
Sufrágio universal: todos os nativos de um país têm o direito de votar,
sem restrições derivadas de condições de nascimento, de fortuna ou de
capacidade especial, existem apenas alguns requisitos relacionados à idade
mínima e à necessidade de alistamento eleitoral.
Sufrágio restrito: é restrito ou qualificado, porque é apenas conferido o
direito de votar e ser votado a indivíduos qualificados por condições
econômicas ou de capacidades especiais. Um dos tipos desse sufrágio é o
Sufrágio Censitário, que concede o direito de votar e ser votado apenas ao
indivíduo que preencha determinada qualificação econômica, ou seja, que
tenha posse de bens imóveis, de determinada renda ou pagamento de certa
importância de imposto.

2ª Constituição Federal Brasileira - 1891

O Poder Executivo passou a ser exercido pelo presidente da República


auxiliado por Ministros de sua confiança. O Poder Legislativo, exercido pelo
Congresso Nacional, composto por duas casas legislativas, Câmara dos
Deputados e Senado. O Poder Judiciário formado por juízes e tribunais. Nessa
ocasião, também foi instituído o Supremo Tribunal Federal, composto por
quinze juízes nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do
Senado Federal.

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Principais características:

• Forma federativa de Estado;


• República (forma de governo);
• As antigas províncias transformaram-se em estados-membros;
• Ampla liberdade de culto (o catolicismo deixou de ser a religião oficial do
estado brasileiro);
• Ampliação dos direito individuais;
• Sistema judicial de controle da constitucionalidade;
• Tripartição de poderes políticos (Executivo, Legislativo e Judiciário).

3ª Constituição Federal Brasileira - 1934

Principais características:

• Manteve a federação como forma de estado;


• Manteve a república como forma de governo;
• Manteve a tripartição dos poderes políticos;
• Instituição da justiça do trabalho;
• Extensão constitucional do direito de voto para as mulheres que
exerciam individuais (mandado de segurança e ação popular);
• Inovações no sistema de controle de constitucionalidade, que tem
validade até os dias de hoje;
• Implantação da cláusula da reserva de plenário (os tribunais poderão
declarar a inconstitucionalidade de uma lei, somente por maioria
absoluta).
• Função pública remunerada;
• Ampliação dos direitos e garantias

4ª Constituição Federal Brasileira - 1937

Principais características:

• Manutenção da federação, república e tripartição de poderes;

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• Concentração de poderes políticos no Poder Executivo. Com essa
Constituição, o Presidente da República podia expedir decretos-leis
sobre matérias de competência da União. A Câmara dos Deputados
ainda era composta por representantes eleitos pelo povo, e o Conselho
Federal (antigo Senado) composto de representantes do Estado e de
membros nomeados pelo Presidente da República;
• Os direitos e garantias fundamentais foram restringidos e houve
alteração no controle de constitucionalidade.

5ª Constituição Federal Brasileira - 1946

Principais características:

• Autonomia das entidades federadas;


• Restabelecimento do cargo de vice-presidente;
• Regime democrático;
• Retomada dos direitos e garantias individuais;
• Manutenção do controle de constitucionalidade e instituição de um
sistema duplo de controle (via de ação e de exceção);
• Instituição de sistema parlamentar de governo (emenda nº 4); após
plebiscito, o povo brasileiro, por maioria absoluta, optou pelo sistema
presidencialista de governo (emenda nº 6).

6ª Constituição Federal Brasileira - 1946

Em 1967, o então Presidente da República, João Goulart, foi derrubado


por um golpe militar que ocorreu no mês de março. No mês de abril, a Junta
Militar editou o primeiro Ato Constitucional, mantendo a Constituição de 1946
com algumas alterações. São elas:

• Eleição indireta para Presidente da República;


• Aprovação de projetos de lei, sugeridos pelo Presidente da República,
por decurso de prazo.
• Suspensão das garantias individuais;

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• Extinção dos partidos políticos.

Essa constituição foi imposta pelo Presidente da República, e o Congresso


Nacional não mais possuía legitimidade política para representação da
vontade nacional. Contudo, perdurou por dois anos, sendo substituída pela
Constituição de 1969.

7ª Constituição Federal Brasileira - 1969

Principais características:

No ano de 1969, uma Junta Militar assumiu o poder sob o pretexto de


que, em época de recesso do Congresso Nacional, o Poder Executivo poderia
legislar sobre todas as matérias, assim, a Junta Militar promulgou a emenda
Constitucional nº 1, cujo propósito era exatamente a inclusão de atos
institucionais na própria lei fundamental de organização do Estado. Mister se
faz esclarecer que foram tantas as modificações que, praticamente, foi criada
uma nova Constituição. O Supremo Tribunal Federal, por votação unânime,
reconheceu que a Constituição Federal de 1967 estava revogada (RTJ, 98:952-
63).
Nesse momento histórico, observa Jorge Miguel (1) que "A Constituição
de 1969 é a anticonstituição", e que o texto constitucional admitia a existência
de duas ordens, uma constitucional e a outra institucional, esta subordinada
àquela. (1) in PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos
poderes e histórias das Constituições. 5.ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2003,
p. 160.

8ª Constituição Federal Brasileira - 1988 - Atual

Principais características:

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• Manteve a federação;
• República como forma de estado e presidencialismo como sistema de
governo;
• Regime democrático;
• Valorização dos direitos fundamentais da pessoa;
• Surgimento de novos direitos, denominados interesses difusos e
coletivos;
• Valorização, ampliação e criação dos direitos sociais;
• Extensão de direito ao voto aos analfabetos e menores entre 16 e 18
anos;
• Autonomia política dos municípios;
• Valorização do Poder Executivo;
• Ampliação do controle de constitucionalidade;
• Realização de plebiscito para que o povo possa escolher a forma e o
sistema de governo;
• Realização de revisão constitucional após cinco anos da promulgação;
permite a reeleição do Presidente da República, Governadores e
Prefeitos;
• Extinção da figura do Juiz Classista na Justiça do Trabalho;
• Reforma econômica;
• Reforma previdenciária.

Novos direitos

• Direitos do meio ambiente e Direitos do consumidor.


• Direitos sociais: Como por exemplo: licença paternidade e aviso prévio
proporcional.

Poder Executivo
A partir desse momento, o Presidente da República passa a não legislar
por decretos- leis e os atos legislativos passam a ser aprovados por decurso de
prazo.

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Reeleição
Emenda constitucional nº 16 de 1997.

Extinção
Emenda nº 24 de 1999.

Reforma econômica
Extinguiu-se a restrição ao capital estrangeiro e abertura de navegação
para embarcações estrangeiras.

1.3. Normas infraconstitucionais

SEÇAO VIII - DO PROCESSO LEGISLATIVO


Subseção I - Disposição geral

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - Emendas


constitucionais;
II - Leis complementares;
III- Leis ordinárias; IV- Leis delegadas;
V - Medidas provisórias; VI -Decretos legislativos; VII -Resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação,
alteração e consolidação das leis.

Leis Complementares - São leis que complementam a Constituição


Federal e estão previstas para dar efetividade às suas regras; o próprio
legislador disporá que situação será regulamentada pela lei complementar. As
leis complementares serão aprovadas mediante maioria absoluta, ou seja, só
serão aprovadas se tiverem aprovação da metade e mais um da totalidade dos
integrantes de um órgão colegiado. Veja o artigo 69 da CF.

SUBSEÇÃO III - DAS LEIS


ARTIGO 69 - As leis complementares serão aprovadas por maioria
absoluta

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Emenda Constitucional - é a possibilidade de alterar dispositivos da
Constituição Federal. Trata-se de uma manifestação do Poder Constituinte, que
foi atribuído ao Poder Legislativo, para efetuar alterações na Constituição
Federal, porém, essas emendas são limitadas. Veja o artigo 60, parágrafo 4º
da Constituição Federal.

SUBSEÇÃO II - DA EMENDA à CONSTITUIÇÃO


Artigo 60 - A constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I- de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou


do Senado Federal;
II- do presidente da República;
III- de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de
seus membros.
Parágrafo 1º ... Parágrafo 2º... Parágrafo 3º ...
Parágrafo 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
I - forma federativa de Estado;
II- o voto direto, secreto, universal e periódico; III- a separação dos
Poderes;
IV- os direitos e garantias individuais.

Leis Ordinárias - são as leis comuns, como por exemplo: o Código Civil
e o Código Penal. Tem previsão constitucional no artigo 47; a sua votação se
dá mediante maioria simples, ou seja, a metade mais um dos membros do
Congresso Nacional. A maioria simples, ao contrário da maioria absoluta, é
calculada em relação aos membros de um órgão colegiado que efetivamente
estejam presentes em uma sessão legislativa. Veja o que diz o artigo 47 da CF.

TÍTULO IV - DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES


Capítulo I
Do poder legislativo
Seção I - Do Congresso Nacional
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Artigo 47 - Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de
cada casa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente
a maioria absoluta de seus membros.

Leis Delegadas - As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente


da República, que deverá solicitar a delegação para o Congresso Nacional,
essa delegação que o Congresso Nacional dá ao Presidente da República é
feita mediante resolução. Para melhor entendimento podemos dizer que, o
Poder Legislativo está delegando poderes ao Chefe do Poder Executivo
(Presidente da República) para elaborar determinada lei. Veja o artigo 68 da
CF.

SUBSEÇÃO III - Das leis

Artigo 68 - As Leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República,


que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
Parágrafo 1º ...
I ...
II ...
III ...
Parágrafo 2º - A delegação ao Presidente da República terá forma de
resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos
de seu exercício.

Medidas Provisórias - São atos editados pelo Presidente da República,


com força de lei, em casos de urgência e relevância, devendo ser submetidos
de imediato ao Congresso Nacional, sob pena de perda da eficácia se não
forem convertidas em lei no prazo de 60 dias, que podem ser prorrogadas por
uma única vez por igual período. (emenda constitucional 32).
A medida provisória substituiu o antigo decreto lei, que tinha validade por
45 dias, e eram aprovados pelo transcurso do prazo, diferentemente da medida
provisória, que se não forem apreciadas pelo Congresso nacional pelo prazo
acima previsto,serão rejeitadas e não terão nenhum efeito.

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Conheça o artigo 62 da CF.
SUBSEÇÃO III - Das Leis

Artigo 62 - Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República


poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devem submetê-las de
imediato ao Congresso Nacional que, estando em recesso, será convocado
extraordinariamente para se reunir no prazo máximo de cinco dias.

Decretos Legislativos - essa espécie normativa tem como conteúdo as


matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional. É por decreto
legislativo que se referendam os atos do Presidente da República. Em algumas
situações, o Presidente da República necessita de prévia autorização do
Congresso Nacional para editar alguma norma estabelecida na Constituição
Federal. Conheça o artigo 49 da CF.

SEÇÃO II - DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL

Artigo 49 - é da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I- resolver definitivamente sobre tratados, acordos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II- autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a
paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
ou nele permaneça temporariamente, ressalvado os casos previstos em
lei complementar;
III- autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se
ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV ...........

Decretos Regulamentares - é o veículo de manifestação do Presidente


da República, pois, por meio desse instrumento, o Chefe do Poder Executivo
exercita suas funções jurídicas. Veja como exemplo o artigo 84, inciso IV da
CF.

SEÇÃO II - DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA


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Artigo 84 - Compete privativamente ao Presidente da República:
I - ...
II- ...
III - ...
IV- sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V - ..........

Resoluções - "são os atos de competência privativa do Congresso


Nacional, Senado Federal e Câmara dos Deputados e, geralmente com efeitos
internos, utilizados nos demais casos previstos na Constituição Federal". Veja o
artigo 68, parágrafo 2º da CF como exemplo.

SUBSEÇÃO III - Das leis

Artigo 68 - As Leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República,


que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
Parágrafo 1º ...
I ...
II...
III...
Parágrafo 2º - A delegação ao Presidente da República terá forma de
resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos
de seu exercício.

1.4. Procedimento Legislativo

SUBSEÇÃO III
Das Leis

Artigo 61 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer


membro ou Comissão da Câmara do Deputados, do Senado Federal ou do
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal

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Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

Artigo 61, parágrafo 2º - a iniciativa popular pode ser exercida pela


apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no
mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um
deles.
Como exemplo de lei elaborada pela iniciativa popular, vamos relembrar
do assassinato de Daniela Perez, filha da escritora global Glória Perez.
Trata-se de um homicídio que ocorreu em 1992. A vítima foi assassinada
pelo colega de trabalho, Guilherme de Pádua, em dezembro do referido ano.
Os assassinos foram presos, mas, com menos de dois anos de pena cumprida,
um dos autores já estava em liberdade, porque o homicídio qualificado era tido
como um crime normal; foi aí que a escritora Glória Perez empreendeu uma
campanha pública para implementar o projeto, valendo-se da oportuna
participação da Rede Globo. Foi realizado um abaixo assinado por todo o Brasil
e, por conta disso, o homicídio, desde 07 de setembro de 1994, pela lei nº
8.930/94, passou a ser caracterizado como crime hediondo. Devido a essa
iniciativa popular, a aplicação da lei penal nos casos de homicídio, foi
majorada.
Majorada: aumentar, tornar maior.

Se o projeto de lei teve iniciativa na Câmara dos Deputados (casa


iniciadora) terá a votação no Senado Federal, a casa revisora; se o Senado
Federal aprovar esse projeto de lei, será encaminhado para sanção ou veto do
Presidente da República.

Projeto de lei iniciado pela Câmara dos Deputados (casa iniciadora) terá
votação no Senado (casa revisora). Projeto de lei iniciado pelo Senado
Federal (casa iniciadora) terá a Câmara dos Deputados como casa
revisora.

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Um projeto de lei pode ser iniciado pelo Presidente da República, pelos
Tribunais Superiores ou por iniciativa popular. Nesses casos, a Constituição
Federal estabelece, em seu artigo 64, que, obrigatoriamente, a Câmara dos
Deputados deve ser a casa iniciadora e o Senado, a casa revisora. Após
votação e aprovação do projeto de lei por ambas as casas legislativas (Câmara
dos Deputados e Senado Federal), o texto encaminhado para o Presidente da
República estará sujeito à sanção ou veto.
O ato de sancionar ou vetar o projeto de lei, estabelecido
constitucionalmente no artigo 84,IV e V, é exclusivo do Presidente da
República. SANÇÃO -é a aceitação, concordância do Presidente da República
com o projeto de lei. A sanção pode ser expressa ou tácita. Será expressa
quando o Presidente da República manifestar a sua concordância por escrito, e
tácita quando o Presidente deixar de manifestar-se por escrito a respeito do
projeto de lei, já que a Constituição Federal prevê essa situação em seu artigo
66, parágrafo 3º.
Consulte a legislação.

SUBSEÇÃO III
Das Leis

Artigo 66 - A casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de


lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.

Parágrafo 1º .............

Parágrafo 2º .............

Parágrafo 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da


República importará em sanção.

• Aquiescer: Consentir, concordar.


• Sanção, Expressa e Tácita

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• Veto - é o ato pelo qual o Presidente da Republica manifesta a sua
discordância com o projeto de lei. O veto poderá ser total ou parcial. O
veto é total quando o Presidente não concorda com a integralidade do
projeto de lei e parcial, quando o Presidente discorda apenas de parte
do projeto de lei; nesse último caso, a parte em que houver
concordância será promulgada e, posteriormente, publicada; somente a
parte que foi vetada retornará ao Congresso Nacional.

Finalizando o sistema de aprovação de um projeto de lei , o texto


Constitucional faz referência à promulgação e publicação.

Promulgação - é o ato pelo qual o Presidente da República atesta a existência


de uma lei, porém, essa lei ainda não tem eficácia. Conheça os artigos de Lei.

SUBSEÇÃO III
Das Leis
Artigo- 66...

parágrafo 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo
Presidente da República, nos casos dos parágrafos 3º e 5º, o Presidente do
Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-
presidente do Senado fazê-lo.

Publicação (vigência) - é a comunicação feita a todos (diário oficial) da


existência de uma lei, assim como de seu conteúdo. De acordo com o artigo 1º
do Código Civil, a lei passa a vigorar em todo o território nacional, 45 dias após
a sua publicação, salvo disposição em contrário.

2. República Federativa do Brasil

A Constituição, lei maior do País, descreve o que é o Brasil logo no


comecinho, no primeiro artigo. Vamos entender o que cada palavra significa?
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: a soberania; a

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cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da
livre iniciativa; o pluralismo político.”
Somos uma República, ou seja, uma forma de governo onde o chefe de
Estado é escolhido pelo povo, normalmente por meio do voto livre e secreto.
Em nosso caso, temos o Presidente da República, eleito a cada quatro anos.
Somos diferentes, por exemplo, da Monarquia, em que o rei é o chefe e fica no
trono até morrer, sendo substituído por um filho e assim por diante (regime
hereditário).
Também somos uma federação, ou seja, a união política de territórios
com governo próprio e certa autonomia. O Brasil tem 26 estados e o Distrito
Federal, e mais de cinco mil municípios. Todos eles têm seus governantes e
suas leis particulares, mas não podem ultrapassar os limites da Constituição
Federal. Essa união é indissolúvel. Nenhum estado pode se separar do País.
Ah! E apenas o governo federal tem soberania perante os outros países.
Somos um Estado Democrático de Direito. Em primeiro lugar, somos
uma democracia, um governo do povo. A própria Constituição fala sobre isso:
“Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente”. Também somos um Estado de Direito. Isso quer dizer que a
Constituição e demais leis valem para todos, dos cidadãos comuns às
autoridades políticas. Todos devem respeitar os direitos humanos e as
garantias fundamentais.
Temos soberania. O Brasil é independente dos outros países e tem
autoridade própria em seu território. Assim, podemos nos organizar para fazer
ou revogar leis, emitir nossa própria moeda, lançar impostos, declarar guerra
ou celebrar a paz.
A cidadania é um dos nossos fundamentos. O cidadão brasileiro tem
direitos e deveres, para que possa participar da vida em sociedade e das
decisões do governo, seja como eleitor ou como eleito. A ele, é garantida a
liberdade, o direito à justiça e o bem-estar econômico e social.
A Constituição também inclui o fundamento do respeito e da
consideração de cada cidadão brasileiro por parte do governo e da
comunidade, sem discriminação, protegendo-o contra a indignidade, isto é,
contra tudo o que for humilhante e desumano.

21
Ao colocar os valores sociais do trabalho como fundamento, a
Constituição Federal busca defender os direitos dos trabalhadores, mostrando
como eles são importantes para o País. Já a liberdade de iniciativa permite ao
cidadão brasileiro realizar qualquer trabalho, ofício, profissão ou atividade
econômica que estiver dentro da lei.
A palavra “pluralismo” vem de “plural”, que significa “mais de um”. A
Constituição brasileira permite que existam vários partidos políticos, com iguais
direitos a exercer o poder público, de acordo com a lei. Com isso, grupos
diferentes podem mostrar suas ideias e opiniões, respeitando-se uns aos
outros.
Agora você já está por dentro do que é a República Federativa do Brasil,
Plenamigo! O mais legal de entender tudo direitinho é colocar em prática o que
está na Constituição. Especialmente o que diz o terceiro artigo:
“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades


sociais e regionais;

IV – “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,


cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”

2.1. Princípios Fundamentais Da República Federativa Do


Brasil

A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

22
III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

2.2. Origem Do Poder

Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes


eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição.

Poderes da União
São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Poder Legislativo
O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Cabe ao Congresso
Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as
matérias de competência da União, em especial sobre o sistema tributário,
arrecadação e distribuição de rendas, moeda, seus limites de emissão, e
montante da dívida mobiliária federal, entre outras atribuições.

O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2


de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro..

Poder Executivo
O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado
pelos Ministros de Estado. A eleição do Presidente da República importará a do
Vice-Presidente com ele registrado.
O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em
sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender
e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo
brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.
Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe, no de
vaga, o Vice-Presidente. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-

23
Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente
chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-
se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. Ocorrendo a
vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos
os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional.
O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em
primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. Compete privativamente
ao Presidente da República, entre outras atribuições constitucionais:
• nomear e exonerar os Ministros de Estado;
• exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da
administração federal;
• sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
decretos e regulamentos para sua fiel execução;
• vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
• dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da
administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos.

Poder Judiciário
São órgãos do Poder Judiciário:

o Supremo Tribunal Federal;

• Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº


45, de 2004)
• o Superior Tribunal de Justiça;
• os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
• os Tribunais e Juízes do Trabalho;
• os Tribunais e Juízes Eleitorais;
• os Tribunais e Juízes Militares;
• os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

24
Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação. Ao Poder
Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.

2.3. Objetivos Fundamentais da República Federativa do


Brasil

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades


sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,


cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

2.4. Relações Internacionais

A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

25
VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Bases: Constituição Federal - artigos 1 ao 4, 44 a 57, 76 a 84 e 92 a 99.

3. Sistemas e Formas De Governo

"As formas de governo são formas de vida do Estado, revelam o caráter


coletivo do seu elemento humano, representam a reação psicológica da
sociedade às diversas e complexas influências de natureza moral, intelectual,
geográfica, econômica e política através da história." (Darcy Azambuja)
Configura-se uma enorme discussão entre formas de governo e formas de
estado.
Os alemães denominam forma de estado aquilo que os franceses
conhecem como forma de governo. Como forma de estado, têm-se a unidade
dos ordenamentos estatais; a sociedade de Estados( o Estado Federal, a
Confederação, etc) e o Estado simples ou Estado unitário. Como forma de
governo, têm-se a organização e o funcionamento do poder estatal, consoante
os critérios adotados para a determinação de sua natureza. Os critérios são:
a) o número de titulares do poder soberano;
b) a separação de poderes e suas relações;
c) os princípios essenciais que animam as práticas governativas e o
exercício limitado ou absoluto do poder estatal.
O primeiro critério tem o prestígio do nome de Aristóteles e sua afamada
classificação das formas de governo. Os dois últimos são mais recentes e
demonstram a compreensão contemporânea do processo governativo e sua
institucionalização social.

26
2.5. Forma De Governo Ou Sistema Político

Em ciência política, chama-se forma de governo (ou sistema político) o


conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a
fim de exercer o seu poder sobre a sociedade. Cabe notar que esta definição é
válida mesmo que o governo seja considerado ilegítimo. Tais instituições têm
por objetivo regular a disputa pelo poder político e o seu respectivo exercício,
inclusive o relacionamento entre aqueles que o detêm (a autoridade) com os
demais membros da sociedade (os administrados).
A forma de governo adotada por um Estado não deve ser confundida
com a forma de Estado (unitária ou federal) nem com seu sistema de governo
(Monarquismo, presidencialismo, parlamentarismo, dentre outros). Outra
medida de cautela a ser observada ao estudar-se o assunto é ter presente o
fato de que é complicado categorizar as formas de governo. Cada sociedade é
única em muitos aspectos e funciona segundo estruturas de poder e sociais
específicas. Assim, alguns estudiosos afirmam que existem tantas formas de
governo quanto há sociedades.

Segundo Aristóteles
Aristóteles descreve o governo com critérios de justiça e objetivos que
visam o bem comum. Assim, classifica as formas de governo mediante o
número e o poder dado ao(s) governante(s).
Segundo Aristóteles eram legítimas, puras - porque visavam o interesse
comum - as seguintes formas de governo:
• Monarquia - Rei tem poder supremo
• Aristocracia - Alguns nobres detém o poder
• Democracia ou Politeia - Povo detém o controle político
Por sua vez, eram ilegítimas - porque visavam interesse próprio - as
seguintes formas que deturpavam a concepção de governo do filósofo - as
chamadas formas legítimas citadas acima - corrompendo, assim, a sua
essência política:
• Tirania - Poder supremo obtido de forma corrupta
• Oligarquia - Poder detido por um grupo que o exerce de forma injusta
• Demagogia ou Olocracia - Poder exercido por facções populares

27
Depois de Aristóteles muitos outros estudos abordaram este assunto,
resultando em formas de governo diferentes, tal como as que Maquiavel
considerou: República e Principado.
Os escritores políticos romanos acolheram com reservas a classificação
de Aristóteles. Alguns como Cícero acrescentaram às formas de Aristóteles
uma quarta: a forma mista de governo. O governo misto aparece para a
redução dos poderes da monarquia, aristocracia e democracia mediante
determinadas instituições políticas, tais como um Senado aristocrático ou uma
Câmara democrática. Como forma de exemplificação tem-se a Inglaterra, na
qual, o quadro político combina três elementos institucionais: a Coroa
monárquica, a Câmara aristocrática e Câmara democrática ou popular; tendo
assim, um governo misto exercido pelo "Rei e seu Parlamento".
De Aristóteles a Cícero, passemos a Maquiavel, o secretário florentino,
que se imortalizou na ciência política com o livro "O Príncipe" no qual ele
afirmava que "todos os Estados, todos os domínios que exerceram e exercem
poder sobre homens, foram e são, ou Repúblicas ou principados." Com essa
afirmação, Maquiavel classifica as formas de governo com somente duas
vertentes: República e Monarquia.
e Maquiavel vamos para Montesquieu, cuja classificação é a mais
afamada dos tempos modernos. Montesquieu distingue três espécies de
governo: República, Monarquia e Despotismo; em várias passagens de seu
livro O Espírito das leis “ele procura achar um fundamento moral que
caracterize as três formas clássicas”. Segundo ele, a característica da
democracia é o amor à pátria e à igualdade; da monarquia é a honra e da
aristocracia é a moderação.
A república compreende a democracia e a aristocracia. Das
classificações de formas de governo aparecidas modernamente, depois da de
Montesquieu, de ressaltar a da autoria do jurista alemão Bluntschli, que
distinguiu as formas fundamentais ou primárias das formas secundárias de
governo. Como se vê Bluntschli enumera as formas de governo, à luz de
Aristóteles, acrescentando, porém uma quarta: a ideologia ou teocracia, em
que o poder é exercido por "Deus". Rodolphe Laun, professor da universidade
de Hamburgo, em seu livro LA DEMOCRATIE, fornece uma classificação que

28
permite distinguir quase todas as formas de governo, classificando-as quanto à
origem, à organização exercício.
Quanto à origem - Governos de dominação Governos democráticos ou
populares. Quanto à Organização Governos de Direito > Eleição ->
Hereditariedade Governos de fato Quanto ao Exercício Constitucionais
Absdutos. A ideia de governo, se entrelaça com a de regime e ideologia
dominante. Mediante as ideias é que se irá explicar as formas de governo,
sendo que esta faz-se secundária e o que realmente deve importar são as
ideologias trazidas para os governos, procurando-se então aqualitá-los.
O regime representativo é colocado em prática nos Estados modernos
sob modalidades diferentes, cada uma constituindo uma variante da
democracia e tendo na linguagem corrente a denominação de formas de
governo. 5 As formas de governo a partir do momento que a separação de
poder deixou de ter um cunho aristotélico. São elas: governo parlamentar,
governo presidencial e governo convencional ou governo de assembleia. As
formas de governos foram deduzidas por Barthélemy, baseada nas relações
entre os poderes Executivos e Legislativos.
Ele deduziu que se a Constituição dá ênfase ao Legislativo, há o
governo convencional. No entanto, se a Constituição dá predominância ao
Executivo, há o governo presidencial, e se manifestação desses dois poderes
for equilibrada, temos o governo parlamentar.
Na opinião de Darcy Azambuja, podia-se atingir mais diretamente a
característica dessas formas de regime representativo derivando-as do modo
pelo qual é exercido o poder Executivo. Se ele gozar de plena autonomia em
relação ao legislativo, temos o governo presidencial, em que o Executivo é
exercido pelo Presidente da República, como um verdadeiro Poder de Estado,
sem qualquer subordinação jurídica ou política ao Legislativo. Mas, quando o
Executivo está subordinado completamente ao Legislativo, há o governo de
assembleia, e quando sem haver subordinação completa, o Executivo depende
da confiança do Parlamento, surge o governo parlamentar ou de gabinete.
O governo parlamentar assenta fundamentalmente na igualdade e
colaboração entre o Executivo e o Legislativo. Já o governo presidencial resulta
num sistema de separação rígido dos três poderes: o Executivo, o Legislativo e
o Judiciário. Diferente das outras formas de regime representativo, o governo
29
convencional se toma como um sistema de preponderância da assembleia
representativa, em matéria de governo; com isso, surge também a designação
de "governo de assembleia".
Com a aparição dessas três formas de governo, em substituição habitual
das arcaicas classificações pertinente ao número de titulares do poder
soberano, se instituiu num considerável progresso tocante à separação
histórica do dualismo monarquia-república. O governo de assembleia apareceu
durante a Revolução Francesa, com a Convenção Nacional e na atualidade,
com o nome de governo diretorial ou colegiado, só existe na Suíça. Neste país,
o Legislativo é formado pele Assembleia Federal e o Executivo pelo Conselho
Federal (Bundesrat).
O Conselho Federal é composto por ministros eleitos pela assembleia
por três anos e um deles é o Presidente da República. Esse poder Executivo é
simplesmente um corpo de comissários da Assembleia; ela é que dá impulso à
administração e governa o Estado. As resoluções do Conselho podem ser
modificadas e mesmo anuladas pelo Legislativo. Assim dispõe a Constituição
suíça, se bem que na realidade o Conselho goza de certa autonomia e é afinal
um governo semelhante aos dos Estados parlamentares.
O governo presidencial caracteriza-se pela independência dos Poderes,
mas essa independência não no sentido de oposição e separação entre eles e
sim no sentido de não haver subordinação de um para o outro. A característica
essencial do sistema presidencial é que o Poder Executivo é exercido de
maneira autônoma pelo Presidente da República, que é um órgão do Estado,
um órgão representativo como o Parlamento, pois, como este, é eleito pelo
povo.
O sistema presidencialista foi criado pela constituição dos Estados
Unidos da América do Norte, em 1787, e depois adotado por todos os Estados
do continente, com ligeiras modificações. Nessa forma de governo, o
Presidente da República assume uma posição "autoritária" no que diz respeito
ao poder de veto, isto é, negar aprovação a leis feitas pelo Legislativo, caso em
que este terá de votá-las novamente, só se tornando obrigatórias se aprovadas
por dois terços dos membros do Parlamento. O governo parlamentar foi uma
criação da história política da Inglaterra.

30
O governo de gabinete, refletiu exatamente, na sua formação e
evolução, as vicissitudes e peculiaridades do ambiente jurídico e político
daquele país. À margem dos textos constitucionais, o governo de gabinete
organizou-se e evoluiu conforme tendências que cada vez mais se acentuaram
e precisaram, tornando-se a forma de governo quase unânime na Europa.

2.6. República

Primeiro período republicano no Brasil, também chamado de I


República, e dura de 1889 a 1930. É controlado pelas oligarquias agrárias de
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, ligado à cultura cafeeira. De 1889 a
1894, o Brasil é dominado pelos setores militares envolvidos diretamente na
proclamação da República. Chefe do governo provisório, o marechal Deodoro
da Fonseca assume a Presidência em 1891. Desfavorecido pela oposição do
Congresso a sua política econômica, Deodoro renuncia em novembro do
mesmo ano.
Seu vice, Floriano Peixoto, assume o governo e usa o apoio popular
para radicalizar a luta contra os monarquistas. Presidente civil - Republicano
histórico, Prudente de Morais, que governa entre 1894 e 1898, inaugura a fase
dos governos civis e a sucessão de presidentes eleitos pelo Partido
Republicano Paulista (PRP) - Campos Salles (de 1898 a 1902) e Rodrigues
Alves (1902 a 1906) - e pelo Partido Republicano Mineiro (PRM) - Afonso pena
(1906 a 1909) e Venceslau Brás (1914 a 1918).
Formado pelas oligarquias paulistas, mineira e fluminense, o núcleo
central do republicanismo controla as eleições, faz presidentes e domina o
país. Política dos governadores - Com a intenção de garantir o domínio das
grandes oligarquias sobre a república, o paulista Campos Salles monta um
esquema de poder que fica conhecido como "política dos governadores": o
Presidente da República dá suporte aos candidatos oficiais nas disputas
estaduais e os governadores apoiam seu indicado nas eleições presidenciais.
Para dar certo, o plano depende do poder dos coronéis sobre o
eleitorado local e do controle da comissão de Verificação de Poderes do
Congresso Nacional, responsável pelos resultados eleitorais finais e pela

31
diplomação dos eleitos. "Café-com-leite" - Com a política econômica voltada à
cafeicultura e os governadores garantindo a sustentação das oligarquias
regionais, implanta-se a "república do café-com-leite" - alusão à aliança que
alterna paulistas e mineiros no poder.
Nem o governo de marechal Hermes da Fonseca (1910 a 1914),
dominado pelo senador gaúcho Pinheiro Machado e seu programa de
"salvações militares", abala aliança. Na verdade, as "salvações" não passam
de intervenções do governo federal nos estados (Bahia, Alagoas, Pernambuco,
Ceará) para substituir as oligarquias de oposição por grupos políticos aliados
ao poder central. Divisões - As primeiras rachaduras nessa estrutura aparecem
no final da década de 1910. Em 1918, o paulista Rodrigues Alves é eleito para
suceder o mineiro Venceslau Brás.
Rodrigues Alves morre antes da posse e paulistas e mineiros não
chegam a um acordo para a substituição. Lançam, então, o paraibano Epitácio
Pessoa, que governa de 1919 a 1922. Seu sucessor é mineiro Artur Bernardes
(1922 a 1926), que não tem a unanimidade de paulistas e mineiros. Bernardes
desperta uma oposição militar que desemboca nas revoltas tenentistas, tendo
de governar sob estado de sítio. O paulista Washington Luís (1926 a 1930)
também assume a presidência sem a sustentação das lideranças de seu
estado.
Enfrenta o endividamento interno e externo do país, a retração das
exportações e, a partir de 1929, os problemas provocados pela crise
econômica mundial. Aliança Liberal - Pela política do "café-com-leite", cabe ao
PRM indicar o candidato à sucessão de Washington Luís. O partido já tem um
nome, o do governador de Minas Gerais, Antônio Carlos. Sustentado pelo PRP,
o presidente lança o nome de Júlio Prestes, governador de São Paulo.
O gesto rompe o acordo das oligarquias paulista e mineira. Com o apoio do
Rio Grande do Sul e da Paraíba, o PRM compõe a Aliança Liberal, que parte
para a disputa tendo o gaúcho Getúlio Vargas para presidente e o paraibano
João Pessoa para vice. Em abril de 1930, a chapa de Júlio Prestes vence a
eleição. Inconformados, os aliancistas fazem a revolução de 1930, que põe fim
à República Velha.

32
2.7. Monarquia e República

Monarquia e República são as duas formas de governo que predominam


atualmente. Na Monarquia o poder é exercido pelo rei, que é sucedido por
descendência. Nessa forma de governo não existe limite temporal, de modo
que o seu governante o monarca exerce o cargo até a sua morte ou abdicação.
A Monarquia pode ser Absoluta ou Constitucional. Na primeira, o poder é
ilimitado, absoluto conforme sugere sua denominação.
Quanto à Monarquia Constitucional também chamada de Monarquia
Parlamentarista o governo é exercido pelo cargo do primeiro-ministro.
No que respeita à República o poder é exercido por um presidente no
caso do presidencialismo ou primeiro-ministro no caso do Parlamentarismo
eleitos por meio de eleições diretas (diretamente por voto popular) ou indiretas
(por representantes escolhidos pelo povo, que compõem o chamado colégio
eleitoral). Tanto as funções do presidente como a do primeiro-ministro são
desempenhadas por um prazo determinado.
Ainda que realmente Machiavelli não haja reduzido as formas de
governo a duas, são a monarquia e a república os dois tipos comuns em que
se apresenta o governo nos Estados modernos. Se ainda há aristocracias, não
há mais governos aristocráticos, e os outros tipos da classificação de
Aristóteles não são formas normais, como o grande filósofo mesmo acentuou.
No entanto, são tão complexas as relações que estabelecem entre os
órgãos do Estado, são tão sutis às vezes as mudanças que separam uma de
outra forma, que não é fácil conceituar rigorosamente a forma republicana e a
monárquica. No conceito clássico, e verdadeiro afinal, monarquia é a forma de
governo em que o poder está nas mãos de um indivíduo, de uma pessoa física.
"Monarquia é o Estado dirigido por uma vontade física.
Esta vontade deve ser juridicamente a mais alta, não deve depender de
nenhuma outra vontade", disse Jellinek (L'État moderne, vol. II, p. 401.)
Substituindo o adjetivo impróprio "física" por "individual", temos a definição
corrente de monarquia. Acontece, porém, que somente, nos governos
absolutos se encontra o Estado dirigido por uma única vontade individual, que
seja a mais alta e não dependa de nenhuma outra. A definição, pois, não se
aplica aos Estados modernos.

33
Dir-se-á, então, que não há mais monarquias, de vez que
modernamente o órgão supremo do poder não é nunca um indivíduo só, e a
vontade dos reis não é nunca a mais alta e independente de qualquer outra?
Porque, de fato, nas monarquias modernas, todas limitadas e constitucionais, o
rei, ainda quando governe, não governa sozinho, sua autoridade é limitada pela
de outros órgãos, coletivos quase sempre, como por exemplo os Parlamentos.
E a verdade é que os reis modernos "reinam, mas não governam", segundo o
aforismo tradicional, e por isso mesmo são irresponsáveis.
De qualquer forma, não dirigem o Estado sozinhos, nem sua vontade é a
mais alta e independente. Na melhor das hipóteses, é a sua vontade
juntamente com a de outros órgãos criados pela Constitui- ção que dirige o
Estado; quase sempre são esses outros órgãos, Ministério e Parlamento, que
dirigem o Estado. Muitos escritores têm procurado definir os traços
característicos da monarquia e, assim, distingui-la da república, cuja
conceituação também é difícil.
Artaza entende que "monarquia é o sistema político em que o cargo de
chefe do Poder Executivo é vitalício, hereditário e irresponsável, e a república é
o sistema em que o citado cargo é temporário, eletivo e responsável". Se nos
ativéssemos apenas ao texto das Constituições das monarquias e repúblicas
modernas o ponto de vista do autor espanhol seria plenamente satisfatório,
pois ali se declara que o rei ou o Presidente da República é o chefe do Poder
Executivo.
Acontece, porém, que de fato, nas monarquias e repúblicas de governo
parlamentar, nem o rei nem o presidente são os chefes do Poder Executivo;
essa função na realidade cabe aos Primeiros-Ministros ou Presidentes do
Conselho. Desta sorte, a definição harmonizar-se-ia somente com os textos
das Constituições e não com a realidade. Parece, pois, que uma noção, ao
mesmo tempo formal e material, de monarquia e república seria esta: nas
monarquias o cargo de Chefe do Estado é hereditário e vitalício; nas
repúblicas, o cargo de Chefe do Estado é eletivo e temporário.
A irresponsabilidade não pode ser um caráter distintivo porque, se nas
repúblicas de governo parlamentar o Presidente é politicamente irresponsável,
não se dá o mesmo nas de governo presidencial, como veremos ao tratar
destas novas modalidades. Ao nosso ver, o conceito de república foi resumido
34
pelo grande Rui Barbosa que inspirado nos constitucionalistas americanos,
disse ser a forma de governo em que além de "existirem os três poderes
constitucionais, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, os dois primeiros
derivem, realmente, de eleição popular".
É verdade que o Poder Executivo nas repúblicas parlamentares não é
exercido pelo Presidente e sim pelo Gabinete, que não é eleito mas nomeado.
No entanto, como esse Gabinete, para se manter, depende da confiança do
Parlamento, pode-se considerar que ele deriva, pelo menos indiretamente, de
eleição popular. O que é certo é que não há uma definição cuja compreensão e
extensão se adapte exclusiva e perfeitamente às duas formas de governo.
Por isso, a noção que lembramos, de que na monarquia o cargo de
Chefe do Estado é hereditário e vitalício e nas repúblicas temporário e eletivo,
talvez seja a que melhor satisfaça. Todos os demais traços de ambas as
formas são variáveis e nenhum é absolutamente exclusivo a uma delas. Até
mesmo a eletividade não é característico exclusivo da república, dado que
houve monarquias eletivas.

Modalidades de Monarquia e República


Costumam os autores distinguir algumas espécies de monarquia e de
república. Assim, haveria monarquias eletivas e hereditárias, de que acima
falamos; e monarquias absolutas e constitucionais, de que tratamos também na
classificação do parágrafo anterior.
Quanto à posição do monarca, Jellinek distingue três modalidades:
a) o rei é considerado deus ou representante de Deus, como acontecia
nas monarquias orientais e mesmo quanto aos monarcas medievais, que
se davam como os representantes divinos;
b) o rei é considerado proprietário do Estado, como acontecia na época
feudal, em que os reis dividiam o Estado entre os herdeiros;
c) o rei é o órgão do Estado, é um quarto poder, como acontece nas
monarquias modernas em que o monarca representa a tradição, é um
elemento moral, um poder moderador entre os demais poderes.
Quanto às repúblicas, geralmente são classificadas em aristocráticas e
democráticas. Nas primeiras, o direito de eleger os órgãos supremos do poder
reside em uma classe nobre ou privilegiada, com exclusão das classes
35
populares. É o que se dava nas Repúblicas italianas de Veneza, Florença,
Gênova, etc. Na república democrática o direito de eleger e ser eleito pertence
a todos os cidadãos, sem distinção de classe, respeitadas apenas as
exigências legais e gerais quanto à capacidade de praticar atos jurídicos.
É a democracia propriamente dita. Quanto à distinção entre repúblicas
unitárias e federativas, é matéria diversa; não são formas de governo, pois o
unitarismo e o federalismo são formas de Estado. 9 Em síntese, poderíamos
definir a república democrática nestes termos: é uma forma do regime
representativo em que o Poder Legislativo é eleito pelo povo, e o Poder
Executivo é eleito pelo povo, ou pelo Parlamento ou nomeado pelo Presidente
da República mas depende de aprovação do Parlamento.

2.8. Presidencialismo e Parlamentarismo

O Presidencialismo e o Parlamentarismo são os principais tipos de


Democracia. No Presidencialismo o presidente tem poderes executivos e
desempenha os cargos de Chefe de Estado (representa a nação num âmbito
internacional) e de Chefe de Governo (administra internamente a nação).
No Parlamentarismo, por sua vez, o Chefe de Governo é chamado de
primeiro-ministro, todavia os poderes estão a cargo dos Parlamentares
(deputados).

2.9. Pelo Mundo

O estudo e a reflexão sobre essa matéria fez com que ela se


expandisse, de modo que atualmente são adotados pelo mundo diferentes
regimes e sistemas políticos. Vejamos:
• Arábia Saudita - Monarquia Absoluta – Teocracia
Teocracia Das classificações de Formas de Governo aparecidas
modernamente é de ressaltar a de autoria do jurista alemão Bluntschli que
distinguiu as formas fundamentais ou primárias de governo das secundárias. A
primária atendeu à qualidade do regente, ao passo que na secundária o critério
a que obedeceu era o da participação que tem no governo os governados. São

36
Formas fundamentais: a monarquia, a aristocracia, a democracia e a ideocracia
ou teocracia.
Com efeito, assevera esse pensador que há sociedades políticas
organizadas onde a concepção do poder soberano não reside em nenhuma
entidade temporal, em nenhum ser humano, singular ou plural, senão que se
afirma ter uma soberania por ser uma divindade. Consequentemente, em
determinadas formas de sociedade impera uma doutrina teológica da
soberania. Não se deve, por conseguinte, menosprezar semelhantes modelos
de sociedade, onde a teoria do poder político, debaixo da imperação
sobrenatural, forma um sistema governativo de teor sacerdotal.
A teocracia como forma de governo, segundo Bluntschli, degenera na
idolocracia: a veneração dos ídolos, a práticas de baixos princípios religiosos
extensivos à ordem política, consequentemente se perverti. A teocracia é um
ordenamento político pelo qual o poder é exercido em nome de uma autoridade
divina, por homens que se declaram seus representantes na Terra. Bem
característica do Sistema Teocrático, é a posição preeminente reconhecida a
hierarquia sacerdotal, que direta ou indiretamente controla toda vida social em
seus aspectos sacros e profanos.
A subordinação das atividades e dos interesses temporais aos
espirituais, justificada pela necessidade assegurar antes de qualquer outra
coisa a "salus aninarum" dos fiéis, determina a subordinação do Laicato ao
clero: a teocracia que etimologicamente significa "Governo de Deus" traduz-se
assim em hierocracia, ou seja, em Governo da casta sacerdotal, à qual, por
mandato divino, foi confiada a tarefa de prover, tanto a salvação eterna como o
bem estar material do povo. Não faltam na história, exemplos de regimes
teocráticos: o TIBETE DE DALAI LAMA, o Japão Imperial, o Egito Faraônico, e
em termos bastantes conspícuos a organização política do povo hebreu.
Pelo que tange a civilização ocidental, a tentativa mais séria de dar vida
a um modelo político-teocrático deu-se entre o final do século XI e o início do
século XIV opor obra do papado. A subordinação ratuone fenuim do poder
temporal ao poder espiritual dá vida a um sistema de relações entre Igreja e
Estado, no qual este último é vedada urgência no que diz respeito às pessoas
e aos bens eclesiásticos pertencentes à esfera das realidades espirituais.

37
Dessa forma caem por terra todas às intervenções da autoridade cure na
organização interna da Igreja que caracterizam os últimos séculos do Império
Romano e mais tarde do Império Carolíngio: a eleição do pontífice, a
nomeação dos bispos, a administração dos bens eclesiásticos voltam a ser
problemas de exclusiva competência da Igreja. Sempre, pela mesma razão, se
afirma o princípio de que as propriedades da Igreja estão isentas se qualquer
imposto fiscal a favor do Estado, os eclesiásticos estão isentos da obrigação de
prestar serviço militar e, se envolvidos em controvérsias civis ou pessoais, tem
o direito de ser julgados por tribunais da Igreja.
A Reforma Protestante, ao romper a unidade religiosa europeia, marca o
acaso definitivo do sistema teocrático: aos seus princípios está legada a teoria
da protestas indireta ecclesia e in temporalibus, foi elaborada no século XVI por
Billarmino Suarez e se tornou a doutrina oficial da Igreja em matéria de
relações com Estado. Com base nesta teoria, a Igreja conservou o poder de
julgar e condenar a atividade do Estado e dos soberanos todas as vezes em
que a mesma puser de qualquer maneira em perigo a salvação das almas.
• China - República Popular
• Estados Unidos da América - República Presidencialista
• Japão - Monarquia Constitucional
• Líbia - República Parlamentarista
• Reino Unido - Monarquia Constitucional

http://www.ceap.br/material/MAT0309201392912.pdf

38
2.10. No Brasil

Entre 1882 e 1889 o Brasil passou pelo período monárquico.


Posteriomente, com o golpe de 15 de Novembro de 1889, a forma de governo
em vigor é a República Presidencialista. Entre 1961 e 1963 a forma de governo
no nosso país foi o Parlamentarismo. No dia 15 de Novembro é recordada a
data histórica da proclamação da república no nosso país, cujo primeiro
presidente foi o Marechal Deodoro da Fonseca.

3. Poderes Da República Federativa Do Brasil


O Brasil adotou, desde um plebiscito em 1993, o regime de República
Constitucional Federativa Presidencialista, que o divide na tripartição de
poderes como em qualquer outro país democrático. Porém, na execução,
implementação e divisão de atribuições, o Brasil tem as suas particularidades.
Dentro do conceito de República Federativa, o Brasil é dividido em 26
estados federativos e um Distrito Federal, onde se situa a capital, Brasília.
Cada estado federativo e o Distrito Federal apresenta a divisão de poder em
esferas estaduais, que convergem de acordo com as conveniências regionais,
de maneira a não ferir a isonomia nacional.
No Brasil, acontece uma particularidade em relação aos três poderes,
quando se fala de Ministério Público da União, pois esse é um órgão que
exerce um poder considerável na estrutura social e política do país, uma vez
que age como um órgão regulador e defensor da ordem pública e jurídica da
sociedade, dividindo-se em sua estrutura em outros ministérios públicos.
Alguns teóricos consideram o Ministério Público como uma espécie de
quarto poder na estrutura nacional. Podem-se obter mais informações acerca
do MPU na página oficial do órgão. Nos subtópicos a seguir, (canto superior
esquerdo da tela), trataremos da estrutura da divisão dos poderes no Brasil.

39
3.1. Poder Judiciário

O Poder Judiciário do Brasil é o conjunto dos órgãos públicos aos quais


a Constituição Federal brasileira atribui a função jurisdicional. O Poder
Judiciário é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 92 a 126.
Em geral, os órgãos judiciários brasileiros apresentam duas funções. O
primeiro é a função jurisdicional, também chamada jurisdição, que é o poder-
dever e da prerrogativa de compor os conflitos de interesses em cada caso
concreto, através de um processo judicial, com a aplicação de normas gerais e
abstratas, transformando os resultados das ações em lei.
Uma das manifestações ou espécies da jurisdição se dá no controle de
constitucionalidade. Tendo em vista que as normas jurídicas só são válidas se
conformarem à Constituição Federal, a ordem jurídica brasileira estabeleceu
um método para evitar que atos legislativos e administrativos contrariem regras
ou princípios constitucionais.
A Constituição Federal adota, para o controle da constitucionalidade,
dois sistemas: 1º difuso - todos os órgãos do Poder Judiciário podem exercê-lo
e suas decisões a esse respeito são válidas apenas para o caso concreto que
apreciam; 2º concentrado em alguns casos, os ocupantes de certos cargos
públicos detêm a prerrogativa de arguir a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo, federal ou estadual, perante o Supremo Tribunal Federal, por meio
de ação direta de inconstitucionalidade.
Nesse caso, a decisão favorável ataca a lei ou ato normativo em tese.
Analogamente, há outros agentes públicos legitimados à arguição de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, em face de
dispositivos da Constituição Estadual, perante o respectivo Tribunal de Justiça.
Os seguintes órgãos do Poder Judiciário brasileiro exercem a função
jurisdicional:
No estudo Ciência Politica o ramo executivo do governo é a única
autoridade e responsabilidade para a administração diária da burocracia do
Estado. A divisão de poder em diferentes ramos do governo é fundamental
para a ideia democracia.
Em muitos países o termo "governo" conota apenas o ramo executivo.
No entanto, esta ambiguidade não consegue diferenciar entre formas de

40
governo despótica e democrática. Nos sistemas autoritários (como uma
ditadura ou monarquia absoluta, onde os diferentes poderes do governo são
assumidos por uma única pessoa), o ramo executivo deixa de existir, pois não
existe qualquer outro ramo separado com o qual partilhar mas iguais poderes
governamentais.
A separação do poder do sistema de poderes é projetada para distribuir
autoridade afastada do poder executivo - uma tentativa de preservar liberdade
individual, em resposta a liderança tirânica ao longo da história. O executivo
não é suposto para fazer leis (o papel da Legislatura), ou interpretá-las (o papel
do judiciário). O papel do executivo é o de fazer cumprir a lei, tal como escrito
pela Legislatura e interpretado pelo sistema judicial.

Os seguintes órgãos do Poder Judiciário brasileiro exercem a função


jurisdicional:

•Supremo Tribunal Federal

•Conselho Nacional de Justiça

•Superior Tribunal de Justiça

•Superior Tribunal Militar

•Tribunal Superior do Trabalho

•Tribunal Superior Eleitoral

•Tribunais Regionais Federais e juízes federais

•Tribunais e juízes do Trabalho

•Tribunais e juízes eleitorais

•Tribunais e juízes militares

•Tribunais e juízes dos estados, do Distrito Federal e dos territórios.

41
3.2. Poder Executivo

Poder executivo é o poder do Estado que, nos moldes da constituição de


um país, possui a atribuição de governar o povo e administrar os interesses
públicos, cumprindo fielmente as ordenações legais.
O executivo pode assumir várias diferentes faces, conforme o local em
que esteja instalado. No presidencialismo, o líder do poder executivo,
denominado Presidente, é escolhido pelo povo, para mandatos regulares,
acumulando a função de chefe de estado e chefe de governo.
Já no sistema parlamentarista, o executivo depende do apoio direto ou
indireto do parlamento para ser constituído e para governar. Este apoio
costuma ser expresso por meio de um voto de confiança. Não há, neste
sistema de governo, uma separação nítida entre os poderes executivo e
legislativo, ao contrário do que ocorre no presidencialismo.
O parlamentarismo distingue os papéis de chefe de estado e chefe de
governo, ao contrário do presidencialismo, onde os dois papéis são exercidos
pela mesma pessoa. No parlamentarismo, o chefe de estado normalmente não
detém poderes políticos de muita importância, desempenhando um papel
principalmente cerimonial como símbolo da continuidade do Estado.
Nas repúblicas parlamentaristas, o chefe de estado é eleito pelo voto
popular ou nomeado pelo parlamento, por prazo determinado (geralmente com
o título de Presidente da República); nas monarquias parlamentaristas, o chefe
de estado é o monarca, geralmente um cargo hereditário. Já o chefe de
governo, com o título de primeiro-ministro (ou, em alguns casos, presidente do
governo ou chanceler), efetivamente conduz os negócios do governo, em
coordenação com os demais ministros membros do gabinete.
Há também o semi-presidencialismo, que é uma forma de governo onde
o Presidente cuida das relações exteriores, e o Primeiro-Ministro das relações
internas, sempre sob observação do Presidente. No estudo ciência política o
ramo executivo do governo é a única autoridade e responsabilidade para a
administração diária da burocracia do Estado. A divisão de poder em diferentes
ramos do governo é fundamental para a ideia democrática da separação de
poderes.

42
Em muitos países o termo "governo" conota apenas o ramo executivo.
No entanto, esta ambiguidade não consegue diferenciar entre formas de
governo despótica e democrática. Nos sistemas autoritários (como uma
ditadura ou monarquia absoluta, onde os diferentes poderes do governo são
assumidos por uma única pessoa), o ramo executivo deixa de existir, pois não
existe qualquer outro ramo separado com o qual partilhar mas iguais poderes
governamentais.
A separação do poder do sistema de poderes é projetado para distribuir
autoridade afastada do poder executivo - uma tentativa de preservar liberdade
individual, em resposta a liderança tirânica ao longo da história. O papel do
executivo é cumprir a lei, tal como escrito pela Legislatura e interpretado pelo
sistema judicial.

3.3. Poder Legislativo

O Poder Legislativo federal no Brasil é composto pela Câmara dos


Deputados e Senado, que representam respectivamente o povo brasileiro, os
Estados e o Distrito Federal e também faz parte do Poder Legislativo, o
Tribunal de Contas da União (TCU), responsável pelo controle e fiscalização da
administração pública.

O Senado representa as unidades federativas.


A Câmara dos Deputados discute a aprovação de leis sobre diversos
temas, além de fiscalizar o uso dos recursos arrecadados pelo povo. Agora
confira alguns significados de termos:
Mesa diretora – tem a atribuição de dirigir os trabalhos legislativos e os
serviços administrativos da Câmara dos Deputados;

• Plenário – é o órgão máximo de boa parte das decisões da Câmara dos


Deputados, ou seja, a última instância de grande parte das deliberações;

• Comissões – são órgãos colegiados auxiliares do processo legislativo.


Destinadas a apreciar tecnicamente a matéria sob deliberação do Poder
Legislativo;

43
• Comissões Permanentes – nenhuma pode ter menos de três e meio (17
Deputados) ou mais de doze (61 Deputados). Nenhum Deputado pode
ser titular de mais de uma comissão permanente, exceto das Comissões
de Segurança Pública e de Legislação Participativa;

• Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) – investigam fato


determinado que tenha relevante interesse para a vida pública e a
ordem jurídica, econômica e social do País.

• Comissões Externas – permitem o desempenho de funções


parlamentares específicas fora da Câmara dos Deputados;

• Proposta de Emenda à Constituição - propõe a alteração do texto


original da Constituição Federal;

• Projeto de Lei Ordinária - são as leis gerais ou comuns. Necessita da


sanção do Presidente da República para ser transformado em lei;

• Medidas Provisórias - são normas temporárias, mas com força de lei.


São editadas pelo Presidente da República e somente convertem-se em
lei a partir da sua aprovação pelo Congresso Nacional;

• Projetos de Decretos Legislativos e Projetos de Resoluções - tratam de


matérias relacionadas às competências do Congresso Nacional ou de
suas Casas e, portanto, não estão sujeitas à sanção ou veto
presidencial;

• Leis Delegadas – são aquelas emitidas pelo Presidente da República,


mas mediante expressa permissão do Poder Legislativo.

4. Noções de Direito Empresarial e do Trabalho

4.1. Direito Empresarial

Nos dias atuais, observamos certa estabilidade em torno do conceito de


Direito Empresarial. Todavia, ao longo da história, que será mais

44
detalhadamente abordada no próximo item, percebemos que muitas foram as
transformações sofridas por esse importante ramo do Direito Privado, inclusive
em sua nomenclatura* que deixou de ser Direito Comercial para se chamar
Direito Empresarial, esta última mais ampla e concatenada com a moderna
noção de “comércio”. Estritamente vinculada à concepção de comércio, suas
práticas e seus atores, o Direito Comercial, hoje Empresarial, foi criado e
desenvolvido para fomentar, tornar estável e regulamentar as práticas a estes
inerentes e, em razão disso existe. Por Direito, dentre tantas definições
possíveis, variáveis ao sabor das diversas escolas jurídicas, temos:
Direito é o conjunto das regras sociais que disciplinam as obrigações e
poderes referentes à questão do meu e do seu, sancionadas pela força do
Estado e dos grupos intermediários. (FRANÇA, 1994, p. 7).

Evolução Histórica
A atividade comercial, mesmo que rudimentar, era baseada no escambo
e já existia desde a antiguidade e junto com ela coexistiam institutos
pertinentes ao Direito Comercial, como o empréstimo a juros e os contratos: de
sociedade, de depósito e de comissão no Código de Hamurabi, ou o
empréstimo a risco na Grécia antiga.
Só na Idade Média ocorreu a formação e o desenvolvimento do Direito
Comercial como sistema, com o fortalecimento da economia monetária a partir
do século XII, através das corporações de ofícios, nos quais os mercadores
criaram e aplicaram um Direito próprio, muito mais dinâmico do que o antigo
Direito romano-canônico utilizado nos feudos para dissolver os fatos neles
ocorridos.

4.2. Fases Do Direito Empresarial

Podemos dizer que a evolução do Direito Comercial ao Direito Empresarial


deu-se em três fases.

Primeira Fase

45
A primeira fase, que vai do século XII até o século XVIII, corresponde ao
período subjetivo-corporativista, no qual se entendeu o Direito Comercial como
sendo um Direito fechado e classista, em princípio privativo das pessoas
matriculadas nas corporações de mercadores. Somente o comerciante
pertencente a uma corporação teria direito de se utilizar desse conjunto de
normas corporativistas.
Na época, as pendências entre os mercadores eram decididas sem
grandes formalidades e apenas de acordo com usos e costumes e sob os
ditames da equidade (bom senso).

Segunda Fase
A Segunda fase, chamada de período objetivo, inicia-se com o
liberalismo econômico e se consolida com o Código Comercial Francês, de
1808, que teve a participação direta de Napoleão. Abolidas as corporações e
estabelecida a liberdade de trabalho e de comércio, extensivo a todos que
praticassem determinados atos previstos em lei tanto no comércio como na
indústria o em outras atividades econômicas, independentemente de classe.

Figura 1Napoleão Fonte: http://histoblogsu.blogspot.com

46
A base deste direito serão os atos de comércio!
Atos de Comércio: São todos os atos praticados habitualmente com o
objetivo de lucro, para mediação, circulação e intermediação de bens e
serviços. É ato jurídico.
Durante a primeira fase e com intensidade maior no início da segunda
existiram alguns aspectos ecléticos que combinavam o critério subjetivo com o
objetivo. Às vezes os tribunais corporativistas julgavam também causas
referentes a pessoas que não eram comerciantes, desde que o assunto fosse
considerado de natureza comercial.

Terceira Fase
A terceira fase, ainda em elaboração, corresponde ao Direito
Empresarial (conceito subjetivo moderno). De acordo com a nova tendência a
atividade de negócios não se caracterizaria mais pela prática de atos de
comércio (interposição habitual na troca, com o fim de lucro), mas pelo
exercício profissional de qualquer atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou serviços a chamada: empresa.

4.3. Novo Código Civil E O Direito Empresarial

A partir da entrada em vigor do Novo Código Civil a denominação


passou a ser Direito Empresarial em substituição a Direito Comercial, sendo
Direito Empresarial o conjunto de regras jurídicas tendentes a organizar a
atividade empresarial. A nomenclatura Direito Empresarial se mostra mais
adequada do que simplesmente Direito Comercial, pois a preocupação da
disciplina não está apenas na atividade de intermediação de mercadorias, mas
também na produção e na prestação de serviços.
Direito Empresarial - o conjunto de regras que disciplinam as atividades
privadas implementadas com o escopo de produção ou circulação de bens ou
serviços destinados ao mercado.

Autonomia do Direito Empresarial em Relação ao Direito Civil

47
Além de o Código Civil substituir a terminologia Direito Comercial por
Direito Empresarial, quis unificar o direito privado tentando com o mesmo
diploma legal regular as duas matérias. Contudo, os dois ramos do direito são
completamente autônomos e permaneceram com a sua identidade.
Existem três argumentos que justificam a manutenção da autonomia do
Direito Empresarial mesmo depois da grande derrogação do Código Comercial
pelo Código Civil de 2002. Vamos a eles:

a) A Constituição da República estabelece a autonomia do Direito


Comercial.

b) O próprio Direito Civil, por meio do art. 2037 do CC (Código Civil),


estabelece a autonomia da legislação comercial.

c) Não é a existência de um código que dá origem a um ramo autônomo


do direito, pois os códigos cada vez mais deixam de ser centros,
perdendo essa posição de destaque para a Constituição, mas sim a
existência de princípios próprios e características peculiares.

4.4. Fontes Do Direito Comercial

A fonte principal do Direito Comercial é a lei, que se desdobra


hierarquicamente em: Constituição, Código Civil e legislação comercial
extravagante, isto é, legislação que está fora dos códigos.
As fontes secundárias subsidiárias são os costumes, a analogia, a doutrina, a
jurisprudência os princípios gerais de Direito e a equidade e têm como função a
integração do Direito.
• Costume – repetição de práticas que se entranharam no espírito social
e passam a ser entendidas como obrigatórias. O uso reiterado de uma
prática, ou de um hábito integra o costume. Os usos e os hábitos
transformam- se em costume quando a prática reiterada torna-se
obrigatória na consciência social. Portanto, o costume é a reiteração

48
constante e uniforme de uma conduta, na convicção de esta ser
obrigatória decorrente de uma prática constante, longa e repetitiva.

• Analogia – é um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma


hipótese não prevista pelo legislador, a solução por ele apresentada
para um caso fundamentalmente semelhante e não previsto na norma
jurídica.

Pode ser legal, ou seja, uma norma que se aplique aos casos
semelhantes, ou analogia jurídica, extração de princípios para mostrar
determinada situação não prevista na lei.

• Doutrina – interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria, fruto


do estudo de professores de direito, filósofos do direito, estudiosos,
operadores do direito que traduzem o sentido das normas em suas
obras.

• Jurisprudência – conjunto uniforme e constante das decisões judiciais


sobre casos semelhantes. É a decisão reiterada dos tribunais sobre
casos que possuem a mesma pertinência fática.

• Princípios gerais do direito – são enunciações normativas de valor


genérico que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento
jurídico, quer seja para a sua aplicação, quer seja para a elaboração de
novas normas.

• Equidade – consiste no uso do chamado bom senso fazendo a


razoável adaptação da lei ao caso concreto. É a justiça no caso
concreto.

Dentre as fontes subsidiárias, o costume ganha especial importância no


campo comercial, podendo inclusive ser registrado na Junta Comercial.
No entanto, não precisa o mesmo estar registrado para ser invocado em
juízo, apesar de tal ato facilitar muito a sua prova.

49
4.5. Características Do Direito Empresarial

a) Internacionalização ou Cosmopolitismo: com o advento da


globalização, cada vez tornam-se mais comuns os contratos comerciais
internacionais.

Os Estados estabelecem negócios comerciais, os produtos abundantes em


um país são exportados para outros. Por isso, podemos afirmar que o
princípio da internacionalização ou cosmopolitismo faz parte da essência do
Direito Comercial/Empresarial moderno.

b) Onerosidade Presumida: a atividade do empresário tem como


finalidade o intuito lucrativo, mesmo que em um contrato comercial não haja
nenhuma referência a preço, o mesmo será considerado oneroso,
diferentemente do Direito Civil, onde se presume a gratuidade.

c) Informalidade: a celeridade necessária no meio comercial para a


realização de seus atos não se coaduna com o formalismo. Então o
legislador supervalorizou a aparência, a boa-fé, para que, por esses meios,
presuma- se que quem se apresenta como comerciante tenha legitimidade
para agir como tal, dispensando assim o formalismo.

Figura 2Atividade comercial Fonte: http://www.businesssalesqld.com

50
4.6. Conceito econômico de empresa

A noção inicial de empresa advém da economia ligada à ideia central da


organização dos fatores da produção (capital, trabalho, natureza) para a
realização de uma atividade econômica.
A partir de tal acepção econômica é que se desenvolve o conceito
jurídico de empresa, o qual não nos é dado explicitamente pelo direito positivo,
nem mesmo nos países onde a teoria da empresa foi positivada inicialmente.
Empresa - Juridicamente a empresa é a “atividade econômica
organizada de produção ou circulação de bens ou serviços” Portanto trata-se
de atividade, isto é, do conjunto de atos destinados a uma finalidade comum
que organiza os fatores da produção para produzir ou fazer circular os bens ou
serviços. Não basta um ato isolado, é necessária uma sequência de atos
dirigidos a uma mesma finalidade, para configurar a empresa.
E não se trata de qualquer sequência de atos. A economicidade da
atividade exige que a mesma seja capaz criar novas utilidades, novas riquezas,
afastando- se as atividades do simples prazer. Nessa criação de novas
riquezas pode-se transformar matéria-prima (indústria), como também pode
haver a interposição na circulação de bens (comércio em sentido estrito)
aumentando o valor dos mesmos.
Além disso, tal atividade deve ser dirigida ao mercado, isto é, deve ser
destinada à satisfação de necessidades alheias, sob pena de não configurar
empresa. Assim, não é empresa a atividade daquele que cultiva ou fabrica para
o próprio consumo Vale dizer, o titular da atividade deve ser diferente do
destinatário último (cliente) do produto.

Atividade intelectual
Diante da necessidade dessa organização, deve ser ressaltado ainda
que as atividades relativas a profissões intelectuais, científicas, artísticas e
literárias não são exercidas por empresários, a menos que constituam
elemento de empresa (art. 966, parágrafo único do novo Código Civil). Tal
constatação se deve ao fato de que nestas atividades prevalece a natureza
individual e intelectual sobre a organização, a qual é reduzida a um nível

51
inferior. Portanto, é a relevância dessa organização que diferencia a atividade
empresarial de outras atividades econômicas.
A empresa deve abranger a produção ou circulação de bens ou serviços
para o mercado. Na produção temos a transformação de matéria-prima, na
circulação temos a intermediação na negociação de bens. No que diz respeito
aos serviços devemos abarcar toda atividade em favor de terceiros, apta a
satisfazer uma necessidade qualquer, desde que não consistente na simples
troca de bens, eles não podem ser objeto de detenção, mas de fruição.

Natureza Jurídica Da Empresa


A empresa entendida como a atividade econômica organizada, não se
confunde nem com o sujeito praticante da atividade, nem com o complexo de
bens por meio dos quais se exerce a atividade, que representam outras
realidades distintas. Atento à distinção entre essas três realidades Bulgarelli
(1991) nos fornece um conceito analítico descritivo de empresa, nos seguintes
termos: atividade econômica organizada de produção e circulação de bens e
serviços para o mercado, exercida pelo empresário, em caráter profissional,
através de um complexo de bens.
Tal conceito tem o grande mérito de unir três ideias essenciais sem
confundi-las: a empresa, o empresário e o estabelecimento. Empresa não
possui personalidade jurídica e nem pode possuí-la e consequentemente não
pode ser entendida como sujeito de direito, pois ela é a atividade econômica
que se contrapõe ao titular dela, isto é, ao praticante daquela atividade. O
titular da empresa é o que denominaremos de empresário.

O Empresário
O direito empresarial reúne todas as normas que regulam a atividade
empresarial e podemos definir que a empresa é atividade econômica
organizada de produção e circulação de bens e serviços para o mercado,
exercida pelo empresário, em caráter profissional, através de um complexo de
bens.
Em regra toda e qualquer pessoa que possua capacidade civil plena
pode exercer a atividade empresarial, salvo aqueles que a lei proíbe: em
especial os Funcionários Públicos, os Militares, os Magistrados, os Corretores
52
e leiloeiros, os Cônsules, o Médico na atividade de farmácia, o falido e os
Estrangeiros não residentes no país.
Veja que estes não estão proibidos de ingressarem em sociedades, mas
não podem ocupar cargos de gerência, apenas de investidores da sociedade
empresarial.

Obrigações do empresário
Podemos destacar como principais obrigações do empresário:
• Registro do nome empresarial (obrigação mais importante);
• Registro dos contratos e estatutos de constituição da empresa;
• Registro dos livros comerciais.
Os atos empresariais são registrados perante o órgão principal de
comércio de cada cidade, ou seja, a Junta Comercial. As empresas mercantis
devidamente registradas são protegidas pelo Sistema Nacional de Registro de
Empresas Mercantis (SINREM), composto pelo Departamento Nacional de
Registro de Comércio (DNRC) - órgão central do SINREM – pertencente ao
Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e pelas
Juntas Comerciais, na qualidade de órgãos locais.

O Nome Empresarial
Os empresários em geral, pessoas físicas (empresário individual) ou
jurídicas (sociedade empresária), necessitam de um nome para exercer as
suas atividades profissionais. O nome empresarial é elemento de identificação
do empresário pelo qual ele se apresenta nas relações jurídicas.

Duas espécies de nome empresarial:


O Nome empresarial é o gênero, de que são espécies:
a) firma social – individual ou coletiva;
b) denominação.
As sociedades empresárias adotam a firma social (ou razão social) ou
denominação, já o empresário individual apenas a firma social.
Razão Social do Empresário Individual – é o nome do empresário que
exerce sozinho a atividade empresarial em nome, por conta e riscos próprios.
Neste caso a responsabilidade pelas dívidas sociais sempre será ilimitada.

53
Equiparado à pessoa jurídica apenas para efeitos tributários já que na
legislação civil é tratado como pessoa física. Também possuí vinculação ao
Registro Público de Empresas Mercantis – Juntas Comerciais.
Firma ou razão Social – no Brasil por força do disposto no Decreto nº.
916/1890 impõe que a firma ou razão seja constituída sobre o patronímico,
nome de família, sobrenome do empresário individual e ou dos sócios que
compõem a sociedade. Será o nome pelo qual o empresário ou sociedade que
exerce o comércio assinará os atos que realizar. Conforme o tipo societário é
obrigatório o aditivo “& Cia.” (ou “& Filhos”, “& Irmãos”, “& Sobrinhos” desde
que traduzam fielmente a verdade).
Isso porque a sociedade só poderá usar os nomes de todos os sócios em sua
firma (ou razão social) se o tipo jurídico adotado permitir.
Denominação Social – é formada por expressões de fantasia, de
palavras de uso comuns livremente escolhidas ou tiradas de seu objeto social
(a atividade, serviços ou produtos). Deve ser sempre acrescida de palavras
indicativas do tipo de sociedade (S/A ou LTDA.).

Estabelecimento Empresarial
O empresário regular que possui seus atos constitutivos devidamente
registrados perante a junta comercial e protegidos pelo Sistema Nacional de
Registro de Empresas Mercantis tem o seu estabelecimento empresarial
protegido.
Estabelecimento empresarial – É o conjunto de bens que o empresário
reúne para exploração de sua atividade econômica destinada à produção de
mercadorias e serviços com vistas ao mercado.
• Assim, considera-se estabelecimento todo complexo de bens para o
exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
• Os Elementos do Estabelecimento Empresarial são: o Capital, o
Trabalho e a Organização.
Capital – Coisas corpóreas ou materiais seriam as Instalações,
mercadorias, vitrinas, máquinas, mostruários, móveis, utensílios, dinheiro em
caixa ou em depósitos bancários, imóvel. Coisas incorpóreas ou imateriais
podem ser, por exemplo, o contrato de locação comercial com direito à
renovação, nome empresarial, direito à clientela, créditos ou dívidas ativas,
54
título ou nome do estabelecimento e respectiva insígnia, marcas de indústria e
de comércio, patentes de invenção, modelos de utilidades, modelos industriais,
direito ao ponto.
Trabalho – Serviços do proprietário - direção, gerenciamento, e em
alguns casos de execução representando os Serviços dos empregados.
Organização – os Bens e serviços (capital e trabalho) devem ser
intimamente organizados e combinados para a obtenção da maior
produtividade de ambos.

4.7. Direito Do Trabalho

Definição
O direito do trabalho é uma ciência autônoma e responsável por regular
as relações de trabalho e de emprego e, com isso, possibilitar a análise de
forma mais eficaz à necessidade do trabalhador e da própria sociedade,
inclusive, mediante normas coletivas.
A doutrina, em suas mais diversas teorias, define o direito do trabalho
como um conjunto de normas e princípios que regem as relações individuais e
coletivas de trabalho, com vistas a melhorar as condições sociais do trabalhado
e o equilíbrio entre os interesses do capital e do trabalhador.

Divisão Do Direito Do Trabalho


a) Direito individual do trabalho: estudo e análise dos contratos
individuais de trabalho.

b) Direito coletivo do trabalho: cuida da organização sindical, solução de


conflitos por meio de convenções e dos acordos coletivos de trabalho,
direito de greve, dentre outras questões de caráter coletivo.

4.8. Fontes: Materiais E Formais (Autônomas E


Heterônomas).

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Fonte, no dicionário, significa origem, início, começo e, no direito do
trabalho, elas podem ser:
a) materiais (matéria de formação/conteúdo) – As fontes materiais são
fatores ou acontecimentos sociais, políticos, econômicos, biológicos,
religiosos e filosóficos que inspiram o legislador na elaboração das leis;
As greves, manifestações políticas e culturais podem se apresentar
como fontes materiais e, com isso, influenciar diretamente na criação de
normas, inclusive normas coletivas.
b) formais (exteriorização do direito) – As fontes formais nada mais são
do que a exteriorização da norma, de observância obrigatória pela
sociedade e, ainda, decorrentes da intervenção de terceiros, inclusive o
Estado ou um árbitro. A exemplo, podemos citar a sentença normativa e
a sentença arbitral em dissídios coletivos.
As fontes formais, regra geral, subdividem-se em autônomas e
heterônomas/heterônimas. Atribui-se a denominação de fonte formal
heterônoma, também chamada de fonte formal de produção estatal, às
normas cuja formação seja materializada através de agente externo, um
terceiro, em geral o Estado, sem participação imediata dos destinatários destas
regras.
São exemplos: A Constituição Federal, as emendas à Constituição, a lei
complementar e a lei ordinária, a Medida provisória, o decreto, a sentença
normativa, as súmulas vinculantes editadas pelo STF e os tratados e
convenções ratificados pelo Brasil (art. 103-A da Constituição Federal), por
ingressarem no ordenamento como lei infraconstitucional (também chamada de
fonte de produção internacional), e a sentença arbitral em dissídios coletivos.
Noutro passo, as fontes formais autônomas ou fontes formais de
produção profissional, tem a participação direta dos destinatários finais das
regras jurídicas, sem, contudo, ocorrer a interferência do agente externo.
Classificam-se como fontes formais autônomas as convenções coletivas de
trabalho, o acordo coletivo de trabalho, o regimento interno da empresa e o
contrato individual de trabalho.
Atente-se para o fato de que os costumes, em razão do que dispõe o
artigo 460 da CLT, pode ser tratado como fonte formal autônoma. Veja-se: Art.
460 da CLT. Na falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a
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importância ajustada, o empregado terá direito a perceber salário igual ao
daquela que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente ou do que for
habitualmente pago para serviço semelhante.
Por fim, cite-se a existência e aplicabilidade das fontes supletivas,
subsidiárias, ou, para alguns, formas de integração da norma, as quais
estão dispostas no artigo 8º da CLT e seguem dispostas abaixo:
a) jurisprudência;
b) analogia;
c) equidade;
d) princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do
trabalho;
e) usos e costumes;
f) direito comparado;
g) direito comum (naquilo que não for incompatível com os princípios e
regras do direito do trabalho).

4.9. Princípios Gerais Do Direito Do Trabalho.

Proteção:
a) Trata-se de princípio basilar do direito do trabalho, que busca garantir à
parte hipossuficiente, no caso o empregado, condições protetivas
perante o ordenamento jurídico. De acordo com a doutrina hodierna,
este princípio subdivide-se em três. Veja-se:

b) In dubio pro operário: Encetativo importante, pois havendo duas


interpretações possíveis para uma determinada regra jurídica, deve
prevalecer o entendimento que seja mais favorável aos trabalhadores.
(Cuidado para não confundir com o processo do trabalho, pois lá haverá
a distribuição do ônus da prova, conforme vaticinam os artigos 818 da
CLT e 373 do CPC), de modo que a dúvida em relação às provas
colacionadas aos autos não importa em julgamento favorável ao
Obreiro.

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c) Norma mais favorável: A Constituição Federal, no caput do art. 7º,
aponta que os direitos ali declarados são enunciados sem prejuízo de
outros que visem melhorar a condição social do trabalhador.
d) As condições estabelecidas em convenção coletiva, quando mais
favoráveis, prevalecerão sobre as estipuladas em acordo coletivo (art.
620 da CLT). Ademais, ao se analisar tal princípio ou subprincípio, é
importante lembrar-se da teoria do Conglobamento.

De acordo com a teoria do conglobamento (ou da incindibilidade ou da


globalização), a norma mais favorável deve ser extraída de um processo
comparativo das normas jurídicas consideradas em seu conjunto, ou seja, o
trabalhador não pode optar por itens de diversos normativos, mas se valer
daquela norma que, num todo, lhe traga melhores benefícios.
Noutro passo, convém destacar que, se determinada norma coletiva, por
exemplo, obtiver determinada cláusula nula ou inaplicável, se valerá o
trabalhador da norma que estipula direitos mínimos, é o que chamamos de
teria do conglobamento mitigado. Uma ressalva deve ser feita: será nula de
pleno direito disposição de convenção ou acordo coletivo que, direta ou
indiretamente, contrarie proibição ou norma disciplinadora da política
econômico-financeira do Governo ou concernente à política salarial vigente
(art. 623 da CLT; Súmula nº 375 do TST) – Se for cobrado na prova da OAB.
a) Opinião: Em se tratando de um regime democrático, impossível
concordar com uma jurisprudência que conflita com o pacta sunt
servanda, uma vez que se a categoria conseguiu condição salarial
melhor, não há falar em imposição menos favorável das políticas
salariais do governo, pois caso contrário estar-se-ia a ferir o disposto no
artigo 444 da CLT.

b) Na verdade, os reflexos dos resultados das negociações coletivas


salariais, em razão da sua relevância social ou econômica, tem crescido
a intervenção do Poder Público na aplicação e criação destas normas,
restringindo ou mesmo anulando a liberdade das partes, o que é um
contrassenso à realidade mundial de desenvolvimento. A demonstrar a
mudança de posicionamento, recentemente o Presidente do Brasil

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propôs uma mini reforma trabalhista (dezembro de 2016), com o intuito
de o negociado prevalecer sobre o legislado.

c) Outros exemplos aplicáveis ao presente princípio: (1) – Súmula 202 do


TST (Gratificação) e Art. 620 da CLT (CCT x ACT). Obs.: O princípio da
norma mais favorável não é absoluto, pois não poderá ser aplicado
quando existirem normas de ordem pública ou de caráter proibitivo.

d) Condição mais benéfica – Este princípio visa assegurar a manutenção


no tempo das cláusulas mais vantajosas ao trabalhador nos contratos
(Súmulas 51 e 288 do TST): Súmula 51 do TST: I - As cláusulas
regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas
anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação
ou alteração do regulamento.

e) Súmula 288: I - I - A complementação dos proventos de aposentadoria,


instituída, regulamentada e paga diretamente pelo empregador, sem
vínculo com as entidades de previdência privada fechada, é regida pelas
normas em vigor na data de admissão do empregado, ressalvadas as
alterações que forem mais benéficas (art. 468 da CLT).

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5. Referências

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COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 21ª Ed. São Paulo:
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FIUZA, César. Direito Civil: curso completo. 6. ed. rev. atual. ampl. de acordo
com o
Código Civil de 2002. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
LIPPERT, Márcia Mallmann, A empresa no código Civil. Elementos de
unificação no
Direito Privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
MACHADO, Hugo de Brito. Uma introdução ao estudo do direito. São Paulo:
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19. ed. rev. atual.
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Disponível em <http://www.sadireito.com/artigos/civil/civ-002.htm>. Acesso em
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São Paulo: RT, 2009.
SECCO, Orlando de Almeida. Introdução ao estudo do direito. 7. Ed. Rio de
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TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
VELLOSO, Andrei Pitten. Constituição Tributária Interpretada. São Paulo:
Editora Atlas S.A., 2007.

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VENOSA, Silvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito. 2ª Ed. São Paulo:
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Acesso em 18 de Julh. 2017.

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2018.

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http://poderlegislativo123.blogspot.com/2013/02/poder-legislativo-o-poder.html
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