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Ou seja, a necessidade de recorrer ao processo civil (que assegura a tutela de direitos civis
e comerciais) justifica-se em que termos?
A tutela dos direitos é exercida pelos tribunais. Temos um sistema jurídico que tutela
esses direitos através da ação dos tribunais, do exercício jurisdicional do direito. É
exatamente aqui no que diz o art. 1º CPC que nos situamos. Não é permitido autodefesa.
OBS: existe a ideia errada de que processo civil é um ramo de direito privado, mas é um
ramo de direito público. Trata da tutela de situações subjetivas, mas ao ter o monopólio
dos tribunais, tem uma tutela de ius imperii; deriva da aplicação de normas civis pelos
tribunais.
Os direitos subjetivos vão ser tutelados agora pelo Direito Processual Civil. Mas temos
de pensar nas relações entre Direito Civil e Direito Processual Civil:
Isto porque no direito civil estaria o direito substantivo e no direito processual civil o
direito adjetivo. Direito processual civil - o direito acessório em relação ao direito civil.
Será verdade? Muitos autores disseram isso.
REGENTE: o direito processual civil não é adjetivo em relação ao direito civil, ou pelo
menos não é apenas adjetivo, acessório, ou complementar, porque no processo civil
vamos encontrar diversas situações de índole subjetiva que emergem do próprio
processo civil e não estão incorporadas no direito civil. Encontramos situações
importantes no próprio direito processual civil.
P.e., A devia a B 100 mil euros e não pagou. A ação foi proposta e começámos com a
petição inicial etc. houve aqui um ponto em que o juiz chamou as partes e perguntou se
as partes tinham possibilidade de chegar acordo e as partes chegam a acordo - B pagava
a A 80 mil euros. Esta hipótese emerge dentro do processo civil. No direito civil temos
apenas uma dívida em que B é devedor de A. Acaba por existir um acordo e esta transação
emerge do processo civil. Uma verdade situação jurídica emerge e consolida-se no
O direito processual civil é mais do que essa função auxiliar, mas tem uma função
instrumental do direito.
Cândido Dinamarco:
I. A estrutura;
II. A função;
III. O objeto;
IV. Os sujeitos do processo civil.
Estrutura
Assim, o processo jurisdicional é sempre uma sequência de atos jurídicos (das partes, do
tribunal, de terceiros intervenientes) ordenados para um fim.
Estes atos ordenam-se, por sua vez, em fases sucessivas. Assim, o processo comum,
que constitui o ponto de referência subsidiário das restantes formas do processo civil
(arts. 546º e 549º/1 CPC), tem, na ação declarativa em 1º instância, as seguintes fases:
Constituindo o processo jurisdicional uma sequência de atos jurídicos, dele não fazem
parte factos jurídicos stricto sensu. Tal não significa que os meros factos jurídicos não
possam produzir efeitos no processo, mas sim que, quando tal acontece, estes efeitos
são mediatizados através da prática de atos jurídicos (processuais) que aí os fazem valer.
Assim, por exemplo, a morte de uma das partes suspende a instância (art. 269º/1/a), mas
só depois de alegada (e provada - art. 270º/1), salvo o fenómeno da retroatividade: o
facto da morte ocorre fora da sequência processual e, extinguindo a personalidade
jurídica da parte (art. 11º), faz cessar um pressuposto processual; a alegação da parte
(art. 270º/2), ou a certificação do falecimento pelo funcionário incumbido da citação (art.
351º/2), são atos integrados na sequencia processual, que condicionam a verificação
judicial do facto, subsequente à respetiva prova (art. 270º/1).
Verificado o vício, se a lei não prescrever expressamente que ele tem como
consequência a invalidade do ato, segue-se verificar a influência que a prática ou omissão
concreta pode ter no exame ou na decisão da causa (art. 195º/1), isto é, na sua instrução,
discussão e julgamento ou, no processo executivo, na realização das providências
executivas (penhora, venda, pagamento).
Função
Espécies de ações
Sob a epígrafe «espécies de ações, consoante o seu fim», o art. 10º CPC distingue as ações
declarativas das ações executivas e, dentro das primeiras, as ações de simples apreciação,
de condenação e constitutivas.
− Ações de simples apreciação - art. 10º/3 CPC - o autor pede ao tribunal que
declare a existência ou inexistência de um direito ou de um facto jurídico. É uma
− Ações condenatórias: vai-se mais longe, sem prejuízo de o tribunal dever ainda
emitir aquele juízo declarativo, dele se pretende também (e fundamentalmente)
que, em sua consequência, condene o réu na prestação de uma coisa ou de um
facto. O pedido de declaração prévia do direito ou do facto jurídico pode ser
expresso, caso em que se verifica uma cumulação de pedidos (art. 555º CPC); mas
pode o autor limitar-se a pedir a condenação do réu e então o juízo prévio de
apreciação mais não é do que pressuposto lógico do juízo condenatório
pretendido. Pressuposto lógico da condenação é também a violação de um
direito; mas não é necessário que a violação esteja consumada à data do recurso
a juízo ou mesmo à data da sentença. A ação de condenação pode, com efeito,
ter lugar na previsão da violação do direito, dando então lugar a uma intimação
ao réu para que se abstenha de o violar (art. 1276º CPC: ação possessória de
prevenção) ou à sua condenação a satisfazer a prestação no momento do
vencimento (art. 557º e 610º).
No fundo, o que se tem de pensar para traçar esta distinção é: o que se pede ao
tribunal?
Art. 202º CRP- meios alternativos da resolução de litígios, como o art. 202º/4 CRP.
É hoje dado cientificamente adquiro que nem todas as situações jurídicas subjetivas se
reconduzem à figura do direito subjetivo.
Art. 202º/2 CRP consagra esta ideia, quando diz que aos tribunais incumbe «assegurar a
defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos».
Objeto
A pretensão
Resta o pedido em si, que determina o conteúdo da decisão. Ele é o objeto do processo.
O litígio
A pretensão (ou pedido, como a nossa lei a usa chamar) apresenta-se duplamente
determinada: no seu conteúdo, referido ao direito material, consiste na afirmação de
uma situação jurídica subjetiva atual ou, na ação constitutiva, da vontade de um efeito
jurídico (situação jurídica a constituir) baseado numa situação subjetiva atual, ou ainda
na afirmação da existência ou inexistência de um facto jurídico; na sua função, consiste
na solicitação de uma providência processual para tutela do interesse do autor. Pode
assim falar-se de uma determinação material e de uma determinação processual da
pretensão.
Mas ao autor não basta formular o pedido. Ele tem também de indicar a causa de pedir,
isto é, de alegar os factos constitutivos da situação jurídica que quer fazer valer ou negar
(ou integrantes do facto cuja existência ou inexistência afirma).
Discutiu-se durante algum tempo na doutrina se esta indicação da causa de pedir era
necessária:
A nossa lei define a causa de pedido como facto jurídico constitutivo do efeito pretendido
pelo autor (art. 581º/4), como tal contraposto aos factos impeditivos, modificativos e
extintivos desse mesmo efeito.
Através da alegação desse facto constitutivo, a causa de pedir exerce a sua função
delimitadora do pedido ou pretensão, individualizando-o, e, por outro lado, ainda não
quando simultaneamente, exerce essa sua outra função, que o fundamenta.
Temos os 100 mil euros e há dinheiro emprestado (mútuo subjacente aos 100 mil euros).
Neste objeto, poderemos ter, na verdade, 2 elementos:
− Pedido, quando A recorre ao tribunal para que B lhe pague 100 mil euros- este
pedido de tutela jurisdicional requerida acaba com um pedido- os 100 mil euros.
Mas o objeto do processo não é apenas o pedido.
− Causa do pedido, conjunto de factos necessários para fundamentar o direito. Para
além do pedido, temos de saber as razões, os fundamentos. Logo, a parte (A), o
autor, para além de ter de indicar quem é o réu, vem propor uma ação contra B,
e com um determinado pedido, mas também com o detalhe da causa de pedido-
facto necessário à fundamentação da ação, que neste caso é o contrato de mútuo.
Sujeitos
Os sujeitos processuais
Os atos do processo são praticados pelas partes e pelo tribunal, através do respetivo
titular (o juiz- ou os juízes, quando o tribunal é coletivo, como acontece nas instâncias de
Isto para mostrar que a relação jurídica não é uma relação jurídica dual- quando
o processo entra em marcha, vamos ter uma multiplicidade de relações jurídicas entre o
autor e o tribunal, entre o autor e o réu etc. Ou seja, os sujeitos não se reconduzem às
partes. O Tribunal, no ramo do processo civil, é sujeito processual.
As partes
− Parte ativa - autor (pode ser uma parte plural; podem ser A, B e C- vários autores);
− Parte passiva - Réu.
A lei processual usa normalmente os termos autor e réu no seu sentido restrito, isto
é, na perspetiva da relação jurídica processual tal como resulta da petição inicial (ex. art.
266º, 552º, 560º, 563º, 569º, 595º/5). Mas, no caso de intervenção de terceiros a título
principal (por intervenção principal ou oposição: arts. 311º a 320º e 333º a 341º), bem
como no de habilitação do sucessor, mortis causa ou inter vivos, na situação jurídica
litigiosa (arts. 351º a 357º), as modificações subjetivas produzidas (art. 262º) levam a
considerar autor ou réu o interveniente, fora o caso em que, na oposição, ele se constitui
como terceira parte (art. 337º/2), ou o habilitado: o interveniente principal associa-se ao
Além das partes principais, pode haver partes acessórias. Trata-se normalmente de
pessoas que têm um interesse dependente do de uma das partes principais e que por
isso intervêm na causa para auxiliar essa parte (art. 231º/1 e 326º/1), mediante o
exercício de atividade própria que obrigatoriamente se subordina à da parte que
coadjuvam (art. 328º/2).
Determinado quem é parte, diz-se terceiro todo aquele que não o é, ainda que
seja titular de um interesse que justificaria a sua intervenção na causa, ou que o legitime
a atuações processuais autónomas, como os embargos de terceiro (art. 342º/1) e o
recurso extraordinário de revisão (art. 631º/3), destinadas a infirmar a eficácia de
providências tomadas.
- As partes num determinado processo não podem propor 2 ações diversamente- a ação
ainda pendente noutro tribunal por exemplo- antes há uma litispendência. So há isto se
as partes forem as mesmas, tem de ser o mesmo litígio;
- Caso ainda pior- se for proposta uma ação e a ação não der por isso a parte propõe nova
ação- caso julgado.
Quando aquele que aparece no processo aparece para ajudar o réu ou o autor-
assistente- não é uma parte principal, mas secundária. Trata-se de uma parte auxiliar.
Temos de compreender quem é parte principal e parte secundária, ou quem são as
testemunhas e os peritos.
A regra da proibição dos catos comissórios, mediante os quais o credor poderia fazer sua
a coisa onerada no caso de o devedor não cumprir (ex. art. 694º CC para a hipoteca),
deriva da proibição geral da autotutela.
Os tribunais judiciais
Art. 205º CRP- traz algo fundamental para compreender como os tribunais são sujeitos
de processos. Este artigo quer dizer, segundo o regente, que o tribunal é o órgão
decisório do processo. Tribunal é interventor, decisório, um verdadeiro sujeito processual
e essa qualidade distinta em relação ao passado decorre desde logo da consagração de
normas absolutamente decisivas na CRP e desde logo o art. 202º e art. 205º/1.
Os tribunais arbitrais
A convenção de arbitragem, que deve ser sempre reduzida a escrito, pode ter por objeto
um determinado litígio atual, mesmo que já na pendência de um processo em tribunal
judicial, ou litígios eventuais emergentes de determinada relação jurídica contratual ou
extracontratual; no primeiro caso, estamos perante o compromisso arbitral; no segundo,
que é o mais frequente, perante a cláusula compromissória, normalmente inserta numa
estipulação contratual, principalmente no campo do direito comercial (arts. 1º/2 e 2º
LAV).
Os árbitros são designados pelas partes ou escolhidos pelo modo que elas tiverem
determinado, devendo ser em nº ímpar; na falta de tal estipulação e se as partes nada
acordarem, cada uma indicará um árbitro e os dois assim designados escolherão um
terceiro, cabendo ao presidente do tribunal estadual competente fazer a nomeação do
árbitro ou árbitros que não forem designados, no prazo de 30 dias, de acordo com essas
regras (arts. 8º e 10º LAV). Os árbitros têm o dever de revelar todas as circunstâncias que
possam suscitar dúvidas sobre a sua imparcialidade ou a sua independência (art. 13º/1
LAV); só podem ser recusados se ocorrerem circunstâncias desse tipo (art. 13º/3 LAV). A
imparcialidade dos árbitros, tal como a sua independência relativamente às partes, ainda
que não relativamente aos órgãos do Estado, só em consequência do modo da sua
escolha se pode dizer não ser exigida com o mesmo rigor que para os juízes.
Tal não implica, porém, a supressão total da possibilidade de controlo judicial. Em casos
considerados especialmente graves, que o art. 46º/3 LAV taxativamente enuncia, a
sentença arbitral é anulável.
Havendo recurso, a anulabilidade é nele arguida; quando não haja recurso, seja
por as partes não terem estipulado a sua admissibilidade, seja por ele, embora admissível
segundo a convenção de arbitragem, não ter sido interposto pela parte vencida, a
anulabilidade constitui objeto de uma ação de anulação a propor ao tribunal estadual
competente (art. 46º/2 LAV), no prazo de 60 dias a contar da notificação da sentença
Este direito à anulação da decisão dos árbitros é irrenunciável (art. 46º/5 LAV); é
irrenunciável o direito de oposição à execução da sentença arbitral (art. 48º LAV).
Saber se se pode recorrer de uma decisão depende então da alçada, que é o valor
até ao qual a causa não admite recurso. É o valor fixado pela lei de orgânica judiciária, até
ao qual um tribunal de instância julga definitivamente as causas da sua competência.
Valor da causa
Este critério geral é concretizado e adaptado nos arts. 298º e 300º a 302º, que
consagram critérios especiais, determinados pelo tipo de pedido formulado,
respetivamente para a ação de despejo, a ação referente a contrato de locação
financeira, a ação de alimentos definitivos e de contribuição para despesas domésticas,
etc.
Sujeitas a uma norma específica estão as ações cujo objeto não versa sobre
valores patrimoniais, isto é, as ações de estado e as relativas a interesses imateriais.
Nestes casos, o valor é atribuído de modo que seja sempre garantido o direito ao recurso:
o valor é o equivalente à alçada da Relação mais um cêntimo (art. 303º/1).
Os Princípios Gerais
Hierarquia
− Valor;
− Princípio;
− Regra.
De acordo com o art. 20º/1 CRP «a todos é assegurado o acesso ao direito e aos
tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos, não podendo
a justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos».
Direito de ação
Direito de defesa
Suas derivações
O direito de acesso aos tribunais não radica apenas no autor, mas também no réu.
Este pode deduzir pedidos contra o autor (art. 266º CPC), se o fizer, tem lugar a figura da
reconvenção, perante a qual, em inversão de posições processuais, o réu (reconvinte) é
autor e o autor do pedido primitivo (reconvindo) é réu. Mas, no âmbito da defesa (por
impugnação e por exceção) em face do direito de ação contra ele exercido, o réu aparece,
no outro polo da relação jurídica processual, como titular do direito de defesa,
igualmente integrador do direito à jurisdição.
O conhecimento do processo
O conhecimento efetivo do processo exige que no ato de citação, pelo qual o réu
é chamado para se defender (art. 219º/1), lhe sejam transmitidos os elementos
essenciais para que a defesa possa ter lugar: a remessa ou entrega do duplicado da
petição inicial e da cópia dos documentos que a tiverem acompanhado; a identificação
do tribunal e da secção onde corre o processo, se já tiver havido distribuição; a expressa
indicação de que fica citado para a ação; o prazo dentro do qual poderá apresentar a
defesa e as cominações em que ocorre se não a apresentar; a obrigatoriedade do
patrocínio judiciário, se ocorrer (art. 227º). A falta de qualquer destes elementos acarreta
a nulidade do ato, arguível, em regra, no prazo que tiver sido indicado para a contestação
(art. 191º); mas, se o réu não intervir no processo e contra ele for proferida sentença,
poderá ainda arguir a nulidade em recurso de revisão (art. 696º/e) ou em oposição à
execução que venha a ser instaurada (art. 729º/d).
Excecionalmente, é permitido tomar providências contra uma pessoa sem que ela
seja previamente ouvida (art. 3º/2).
A cominação da revelia
O efeito cominatório semipleno só pode ser entre nós atenuado pela invocação
de justo impedimento.
Entraves económicos
Quer para o autor, quer para o réu, o direito de acesso aos tribunais engloba a
inexistência de entraves económicos ao seu exercício, como expressamente refere o art.
20º CRP. Tal implica, designadamente, a concessão de apoio judiciário1, a quem dele
careça e a proibição de disposições da lei ordinária que limitem o direito à jurisdição por
não satisfação de obrigações alheias ao objeto do processo.
1
Solicitação de apoio judiciário consiste na dispensa, total ou parcial, da taxa de justiça e do pagamento
de outros encargos, ou no seu diferimento.
2) Princípio da Equidade
Suas vertentes
Tem de existir o direito efetivo a uma jurisdição que a todos seja acessível em
termos equitativos e conduza a resultados individual e socialmente justos. Esta aceção
ampla do direito à jurisdição levou à consagração expressa, no art. 20º/4 CRP, do direito
a um processo equitativo («todos têm direito a que uma causa em que intervenham seja
objeto de decisão (…) mediante processo equitativo»).
Princípio do contraditório
No plano da alegação
No plano da prova
No plano do direito
Não basta, pois, para que esta vertente do princípio do contraditório seja
assegurada, que às partes, em igualdade, seja dada a possibilidade de, antes da decisão,
alegarem de direito. É preciso que, mesmo depois dessa alegação, possam fazê-lo ainda
quanto a questões de direito novas, isto é, ainda não discutidas no processo.
REGENTE: Art. 13.º CRP - deve-se extrair que há uma igualdade perante a lei,
perante os tribunais, perante o direito processual civil
Este princípio implica que são inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos,
designadamente através da violação de direitos fundamentais. Por exemplo, serão provas
em si mesmo ilícitas as que sejam obtidas através da violação do direito à imagem ou do
direito à reserva sobre a intimidade da vida privada (art. 417º/3 do CPC). Serão
igualmente ilícitas as que forem obtidas por via de processos ilícitos (por exemplo, o
depoimento sob coação).
O dever de fundamentação das decisões decorre para o tribunal do art. 205º CRP.
Este dever assegura aos destinatários o conhecimento das razões de facto e de direito
que levaram o juiz a proferi-las. O dever de fundamentação não se manifesta apenas no
momento da emissão da sentença, mas ao longo de todo o processo, nomeadamente na
prolação de despachos interlocutórios que não revistam a natureza de despacho de mero
expediente. Em regra, a fundamentação não pode consistir na simples adesão aos
fundamentos alegados por cada uma das partes (art. 154º/2 CPC).
Princípio da publicidade
Uma decisão tardia pode equivaler a uma denegação de justiça e daí que o texto
constitucional contemple este princípio, também expressamente acolhido no art. 2º/1
CPC. O prazo razoável conta-se desde a data da propositura da ação até ao termo do
5) Princípio do inquisitório
Em sentido amplo
O princípio do inquisitório (em sentido amplo) encontra na atual lei processual um
amplo acolhimento, quer no âmbito do poder-dever da gestão processual, quer no
campo da instrução (processo do inquisitório em sentido restrito).
Em sentido restrito
Este princípio está consagrado no art. 411º CPC e aponta para uma conceção do
processo em que a investigação da verdade material é também da responsabilidade do
juiz, constituindo, dessa forma, uma compressão ao princípio do dispositivo. Assim, a lei
processual atribui ao juiz poderes em matéria de iniciativa da prova quanto aos factos
que lhe é lícito conhecer. Daí que o juiz possa oficiosamente ordenar a realização de
provas (ex. os arts. 452º/1, 467º/1, 490º/1, 526º/1 e 607º/1, 2º parte do CPC)., apesar
de impender sobre as partes um ónus de iniciativa da prova. Sublinhe-se, no entanto, que
os poderes de iniciativa do juiz restringem-se “aos factos que lhe é lícito conhecer” (art.
411º CPC) e que, nos termos do art. 5º, delimitam o âmbito dos poderes de cognição do
tribunal.
6) Princípio do dispositivo
Pode ser entendido num sentido mais lato que se traduz na liberdade de decisão
sobre a instauração do processo e sobre a conformação do seu objeto, bem como,
embora com limitações, sobre o termo e suspensão do mesmo. Num sentido mais
restrito, designa-se por princípio da controvérsia, que manifesta a responsabilidade das
partes pelo material fáctico da causa, abrangendo a liberdade de as partes acordarem
sobre a existência de certos factos ou de os darem por assentes e a iniciativa das partes
quanto à prova dos factos que forem controvertidos.
a) Da iniciativa inicial: segundo o art. 3º/1 CPC, é ao autor que cabe dar o impulso
processual inicial;
b) Da conformação da instância: nos termos do art. 259º/1 CPC, a instância constitui-
se com a propositura da ação, mas é com a citação do réu que a instância se torna
Nos termos do art. 8º CPC impende sobre as partes um dever geral de boa fé, cuja
violação poderá consubstanciar litigância de má fé (art. 542º CPC).
O art. 130 proíbe a realização de atos inúteis. Por sua vez, o art. 131 determina
que os atos processuais têm a forma que, nos termos mais simples, melhor corresponda
ao fim que visam atingir.
Transações
Nulidades processuais
Podemos entender que para além das nulidades processuais haverá inexistência jurídica
no processo civil
JUÍZES– os juízes dos tribunais judiciais consitituem um corpo único e regem-se por um
único estatuto.
Quanto à responsabilidade civil do juiz, há que ter em conta que quando uma decisão
que é proferida por um juiz e essa decisão é suscetível de causar danos a uma parte
(nomeadamente, por erros), a solução que decorre da Lei 67/2007 é a de que quem é
demandado é o Estado e não o juiz, sendo que o Estado pode, em determinadas
circunstâncias, exercer posteriormente um direito de regresso sobre o juiz.
Existem também AUXILIARES DE JUSTIÇA – podem ser peritos, consultores, etc., mas
há um particularmente importante: agente de execução, que tem hoje um papel
fundamental na ação executiva.
Atualmente existem duas ordens de tribunais: (a) ordem dos tribunais judiciais, cujo
supremo tribunal é o STJ e (b) ordem dos tribunais administrativos e fiscais, cujo supremo
tribunal é o STA. Há uma grande diferença entre aquilo que cabe à ordem dos tribunais
judiciais e que cabe à ordem dos tribunais administrativos e fiscais: o art. 211o/1 CRP
dispõe que os tribunais judiciais são os tribunais comuns em matéria civil e criminal e
exercem jurisdição nas áreas que não são atribuídas a outra ordem; aos tribunais
administrativos e fiscais cabe apenas aquilo que a lei expressamente disser que é da
competência desses tribunais.
Se uma matéria não for nem civil nem criminal (ex: laboral), mas se não couber na
competência dos tribunais administrativos e fiscais, essa matéria caberá aos tribunais
judiciais.
O art. 211/2 CRP permite que, em 1a instância, haja tribunais de competência
especializada e tribunais de competência específica, em função da matéria.
Existem ainda, para além dos tribunais judiciais e dos tribunais administrativos e
fiscais, os Julgados de Paz (art. 209/2 CRP). Estes julgados de paz são uma forma
alternativa de resolução de litígios, e caracterizam-se por ter uma competência
alternativa à dos restantes tribunais, isto é, nunca é obrigatório propôr ação nos Julgados
de Paz, mas se for essa a vontade do autor, pode fazê-lo.
O valor máximo que pode ser objeto de uma ação nos Julgados de Paz é de 15.000€.
Fora ordem dos tribunais judiciais e dos administrativos e fiscais existe ainda o
Tribunal dos Conflitos, que visa resolver conflitos entre os tribunais. Para sabermos em
concreto que conflitos são resolvidos por este tribunal, importa ter presente as definições
de “conflitos de competência” e de “conflitos de jurisdição” presentes no art. 109 CPC:
→ Conflitos de competência – art. 109/2: quando dois ou mais tribunais da
mesma ordem jurisdicional se consideram competentes ou incompetentes
para conhecer da mesma matéria. Art. 110/2: são solucionados pelo
presidente do tribunal de menor categoria que exerça jurisdição sobre as
autoridades em conflito.
→ Conflitos de jurisdição – art. 109/1: o conflito é entre tribunais de diferentes
ordens jurisdicionais. É aqui que entra o Tribunal dos Conflitos, que irá
resolver estes conflitos.
Pressupostos processuais
Noção introdutória:
- Capacidade judiciária;
- Interesse em agir;
- Patrocínio judiciário.
Por mais adequada que seja a pretensão do autor, a ação não pode ser aceite se
não preencher os pressupostos processuais.
Outra classificação:
Exceções dilatórias- obstam (impedem) que o tribunal conheça do mérito da coisa. Logo,
havendo uma violação sobre pressupostos processuais há exceção dilatória- 576º/2 e
577º- listagem não taxativa.
Exceção dilatória- todas as ofensas aos pressupostos quer positivos quer negativos.
Consequência- 576º e 577º- que o tribunal não conheça do mérito da causa.
No elenco das exceções dilatórias enunciadas pelo art. 577º, falta um pressuposto
processual importante- interesse em agir- é pressuposto processual e não está no elenco.
A função jurisdicional está reservada pela CRP aos tribunais (art. 202º/1 CRP).
Fala-se em jurisdição para referir o poder de julgar que na organização do Estado é
atribuído aos tribunais. O termo jurisdição é também usado para referir o poder
genericamente atribuído a cada categoria de tribunais (ou ordem jurisdicional) em face
das demais categorias.
P.e., por aplicação das regras de competência em razão da matéria, apura-se que
uma ação de indemnização por danos causados ou sofridos por navios deve ser intentada
no tribunal marítimo; por aplicação de regras de competência em razão do território,
verifica-se que uma ação de condenação no pagamento de obrigação emergente de
contrato deve ser intentada no tribunal do domicílio do devedor.
Os arts. 59º, 62º e 63º do CPC contêm regras sobre a competência internacional
dos tribunais portugueses. A primeira destas normas logo adverte, porém, que o regime
ali estabelecido não prejudica o que se ache estabelecido em regulamentos europeus e
em outros instrumentos internacionais, o que significa que as regras de competência
internacional de direito interno só se aplicam quando não devam prevalecer as
mencionadas regras de direito europeu ou de direito internacional.
Ex. mesmo se contrato for todo nulo por falta de forma, o pacto de jurisdição
sobrevive.
Sequência
Na ordem jurídica interna, a jurisdição reparte-se pelos vários tribunais por apelo
à conjugação de certos critérios, entre os quais o da matéria que a ação versa, o do valor
da causa, o da hierarquia judiciária, o do território e o da forma do processo. O CPC, no
art. 60º/2, considera relevantes os 4 primeiros critérios referidos.
No que se refere aos tribunais de 1º instâncias, apesar de a lei afirmar que estes
são, em regra, os tribunais de comarca (arts. 29º/3 e 79º), a verdade é que se prevê a
existência, a par destes, de tribunais de competência territorial alargada com
competência especializada em razão da matéria (art. 33º/1). Temos, assim, em 1º
instância:
Quanto aos juízos de competência especializada, a lei prevê que possam ser
criados os seguintes (art. 81º/3 LOSJ):
i. Central cível;
ii. Local Cível;
iii. Central criminal;
iv. Local criminal;
v. Local de pequena criminalidade;
vi. Instrução criminal;
vii. Família e menores;
viii. Trabalho;
ix. Comércio;
x. Execução.
Prevê-se ainda que, sempre que o volume processual o justifique, possam ser
criados juízos de competência especializada mista, e que se proceda à agregação de
juízos (art. 81º, nºs 4 e 6 da LOSJ).
Os juízos locais cíveis, cujas competências estão definidas no art. 130º da LOSJ,
são competentes para preparar e julgar os processos não atribuídos a outros juízos ou a
tribunal de competência territorial alargada (têm, por isso, uma competência residual em
matéria cível): são ainda competentes para, em matéria cível:
Prevê também a lei, com caráter excecional, que determinadas ações sejam
diretamente propostas nos tribunais superiores (os arts. 68º/1 e 69º/1 CPC).
Presentemente, essas ações são apenas as que forem propostas contra juízes de direito
e juízes militares de 1º instância, procuradores da República e procuradores-adjuntos,
por causa das suas funções, que são da competência dos tribunais da Relação (art. 73º/b)
da LOSJ)) e as que forem propostas contra juízes do STJ e dos Tribunais da Relação e
magistrados do Ministério Público que exerçam funções junto desses tribunais, ou
equiparados, por causa das suas funções (art. 55º/c) da LOSJ)), que são da competência
do STJ; finalmente, merecem menção as ações especiais de revisão de sentenças
estrangeiras, previstas nos arts. 978º e ss. do CPC, que são da competência dos tribunais
da Relação.
No que respeita aos fatores que determinam, em cada caso, qual é o tribunal
territorialmente competente, é no CPC que os encontramos. É este que exerce, para cada
ação, a conexão relevante para efeitos de localização do litígio na esfera de competência
de determinado tribunal. Assim, por exemplo, o critério decisivo para a determinação da
competência territorial do tribunal para uma ação de indemnização fundada em
responsabilidade civil será distinto do que relevará numa ação destinada à declaração de
nulidade de um contrato.
a) Foro do réu: a regra “geral” (prof. diz que é melhor chamar subsidiária) indica que
o tribunal do domicílio do réu (art. 80º/1). Sempre que não haja disposição
especial, o tribunal competente será aquele em cuja circunscrição o réu tenha o
seu domicílio à data da propositura da ação (sendo irrelevante que o réu venha a
alterar o seu domicílio posteriormente). A regra do art. 80º vale para o réu que
seja uma pessoa singular. Na determinação do domicílio (residência habitual, ou
domicílio voluntário geral, domicílio profissional, eletivo ou legal), bem como na
solução de conflitos que a esse respeito possam respeitar, valem as regras dos
arts. 82º e ss. do CC. Nos nºs 2 e 3 do art. 80º estabelecem-se soluções especiais
para os réus domiciliados ou habitualmente residentes no estrangeiro e para réus
sem residência habitual, incertos ou ausentes. Quando o réu for uma pessoa
coletiva, será demandando no tribunal da desse da administração principal ou na
sede da sucursal, agência, filial, delegação ou representação, conforme a ação
seja dirigida contra aquela ou contra estas (art. 81º/2). Estas regras “gerais” são
aplicáveis, designadamente, para a determinação da competência no contexto de
ações em que se pretenda a anulação ou a declaração de nulidade dos contratos,
a restituição do que foi prestado por contrato nulo ou anulado, em ações de
prestação de contas, a reivindicação de móveis, em ações de investigação de
paternidade etc. Atente-se que, quando o réu for o Estado, se não existir uma
disposição especial, a ação deve ser proposta no tribunal do domicílio do autor
Extensão da competência
Por força do disposto nos artigos 91.º e 93.º do CPC, o tribunal competente para
a ação tem também competência para conhecer dos incidentes que nela se levantem e
das questões (nomeadamente de caráter excecional) que o réu suscite como meio de
defesa, bem como das questões deduzidas por via de reconvenção.
Modalidades de incompetência
Quando a ação é proposta num tribunal que não é competente, seja do ponto de
vista internacional dos tribunais portugueses seja do ponto de vista da competência
interna, ocorre um vício de incompetência, que constitui uma exceção dilatória (art.
577º/a) do CPC).
a) Quem pode suscitá-la: pode ser arguida por qualquer das partes (até mesmo pelo
autor, que a ela deu causa ao propor a ação no tribunal, exceto se decorrer da
violação do pacto privativo de jurisdição ou de preterição de tribunal arbitral
voluntário (art. 97º/1);
b) Até quando pode ser arguida ou oficiosamente conhecida: em qualquer estado
do processo, enquanto não houver sentença transitada em julgado proferida
sobre o fundo da causa; porém, a incompetência só pode ser conhecida
oficiosamente ou ser arguida até ao despacho saneador ou, não havendo lugar a
ele, até ao início da audiência final (art. 97º, nºs 1 e 2), se se tratar apenas da
violação de regras de competência em razão da matéria que somente respeitem
aos tribunais judiciais (ex. é proposta num tribunal de comarca uma ação que é
da competência do tribunal da propriedade intelectual). Se o vício for arguido
antes de proferido o despacho saneador, deve conhecer-se imediatamente da
incompetência ou reservar-se a apreciação para esse despacho; se só depois for
invocado, deve ser logo apreciada e decidida a questão (art. 98º);
c) Consequências da incompetência absoluta: atenta a gravidade do vício, a lei
associa-lhe o efeito de absolvição do réu da instância ou o indeferimento limiar,
quando haja lugar a despacho desta natureza (art. 99º/1). Se assim for, não se
aproveitam, em regra, os atos já praticados na ação. Porém, se a incompetência
só for decretada depois de findos os articulados, poderão tais atos ser
aproveitados se o autor requerer a remessa do processo ao tribunal em que a
ação deveria ter sido proposta e o réu não oferecer oposição justificada (art.
99º/2); esta exceção não se aplica nos casos de violação do pacto privativo de
jurisdição ou de preterição do tribunal arbitral voluntário (art. 99/3), em que não
faria sentido esta remessa do processo para outra jurisdição nacional ou para a
jurisdição arbitral;
d) Valor da decisão sobre incompetência absoluta: a decisão de absolvição do réu
da instância por o tribunal ser absolutamente incompetente, uma vez transitada
em julgado, tem apenas valor de caso julgado formal, com eficácia restringida ao
processo em que foi proferida (art. 100º). Pode acontecer assim que, sendo
proposta nova ação no tribunal considerado competente nos termos daquela
a) Quem pode suscitá-la: pode ser arguida apenas pelo réu, mas já não pelo autor
(art. 103º/1); o tribunal pode conhecer oficiosamente da incompetência relativa
nas hipóteses previstas no art. 104º (são sempre de conhecimento oficioso as
situações de incompetência em razão do valor da causa, e são também de
conhecimento oficioso numerosas hipóteses de incompetência por violação das
regras de competência territorial);
b) Até quando pode ser arguida ou oficiosamente conhecida: pode ser arguida pelo
réu no prazo da contestação (art. 103º/1); quando a incompetência for de
conhecimento oficioso, a questão deve ser suscitada e decidida até ao despacho
saneador ou, se a este não houver lugar, até à prolação do primeiro despacho
subsequente ao termo dos articulados.
c) Consequências da incompetência relativa: um sinal claro da menor gravidade que
a lei associa às situações de incompetência relativa está no facto de a procedência
desta exceção dilatória implicar apenas a remessa do processo para o tribunal
competente, com integral aproveitamento dos atos já praticados (art. 15º/3);
d) Valor da decisão sobre incompetência relativa: a decisão sobre a incompetência,
uma vez transitada em julgado, resolve definitivamente a questão (art. 105º/2),
pelo que, se a exceção for julgada procedente e o processo remetido para outro
tribunal, este fica vinculado por aquela decisão e não pode recusar a competência
que lhe foi reconhecida pelo primeiro tribunal (o que bem se compreende, atento
o facto de o processo se manter o mesmo).
Ação vem parar a Portugal, autor finge que não sabe e propõe mal a ação
Quando descobrimos que a ação foi proposta em Portugal quando não podia ter
sido
3 perguntas a responder:
Art. 27º- se concluirmos que é um caso do art. 24º, e que a ação foi proposta num
tribunal diferente do art. 24º, isso é grave logo conhecimento oficioso. Isto ainda que o
réu não tenha dito nada (o réu não responde ao processo- revelia- não apresenta
contestação; ou o réu dizer muita coisa, mas nenhuma delas é sobre a incompetência).
Art. 28º
Requisitos de aplicação:
Se o autor propuser ação num tribunal incompetente que não pelo 24º e o réu
não apresentar contestação, o juiz português considera-se incompetente.
Nesse caso, juiz intervém e diz que é incompetente e ele declara-se oficiosamente
incompetente.
➔ Tribunal incompetente sem ser pelo 24º se não temos de ir para o 27º;
➔ Tribunal contestou, mas não alegou a incompetência
Torna-se competente porque vai conhecer do mérito da causa pois tem de ignorar
a incompetência por não ser de conhecimento oficioso. A inércia do réu em alegar a
incompetência, vai tornar o Tribunal competente, porque não pode conhecer
oficiosamente.
O autor inteligente vai ao regulamento, vê a regra e diz deve propor essa ação nos
tribunais espanhóis, mas ele prefere portugueses e propõe nos tribunais portugueses
quando as normas do art. 4º a 25º não indicavam isso. Depois o réu recebe em casa a
carta a citá-lo e pensa- tenho interesse em participar na ação e contesta. Na contestação
não diz estar contra que sejam os tribunais competentes portugueses a julgar a ação.
Assim temos tacitamente autor e réu a concordarem.
--
Art. 25º mais exigente pois em momento distante do início do litígio; art. 26º- no
momento do litígio.
Personalidade judiciária
Capacidade judiciária
Nos termos da nova redação do art. 19º (capacidade judiciária dos maiores
acompanhados), os maiores acompanhados que não estejam sujeitos a representação
podem intervir em todas as ações em que sejam partes e devem ser citadas quando
tiverem a posição de réus, sob penas de se verificar a nulidade correspondente à falta de
citação, ainda que tenha sido citado o acompanhante (nº1). A intervenção do maior
acompanhado quanto a atos sujeitos a autorização fica subordinada à orientação do
acompanhante, que prevalece em caso de divergência (nº2).
A falta deste pressuposto processual é sanável nos termos do art. 27º a 29º CPC.
Logo que o juiz se aperceba da incapacidade judiciária tem o poder-dever de,
oficiosamente e a todo o tempo, providenciar pelo seu suprimento (arts. 6º e 28º CPC-
relaciona-se com o princípio da gestão processual). A incapacidade judiciária é suprível
através da representação (responsabilidades parentais ou tutela) ou da autorização
(curatela) (art. 16º CPC). Assim, se a incapacidade judiciária respeitar ao autor, o juiz
ordenará a notificação do seu representante legal (ou do seu curador), que pode ratificar
o processado ou renová-lo (regularizando a instância); se este nada fizer, o juiz absolverá
o réu da instância; se a incapacidade respeitar ao réu, o juiz ordenará a citação do
representante legal (ou do seu curador), que pode ratificar o processado ou renová-lo
(regularizando a instância); se este nada dizer, a ação prosseguirá, cabendo ao Ministério
Público a defesa do incapaz, conforme determina o art. 21º/1 CPC)..
A legitimidade
➔ Quando uma parte não tem legitimidade singular: olhamos para o art. 30º CPC,
que tem os requisitos da legitimidade singular- uma parte é legítima se tiver
interesse. Art. 30º/3- tem interesse quem é sujeito da relação controvertida. Se
percebermos que uma parte não é sujeito da relação material controvertida não
tem legitimidade. Se o problema entre as partes foi um contrato que não foi
cumprido, se a relação de fundo é um contrato, os sujeitos da relação
controvertida são as partes no contrato. Se houver uma situação de
responsabilidade civil extracontratual em que há 2 agressores e 1 agredido- os
sujeitos da relação controvertida são os 2 lesantes e o lesado. Quando estamos
perante uma situação obrigacional, é fácil localizar o sujeito da relação material
controvertida, pois serão sempre os credores e devedores- contrato, resp, civil,
gestão de negócios, ESC. São os únicos que têm interesse na ação nos termos do
art. 30º/3. Uma pessoa que não tem nada que ver com a ação. Nos direitos reais
já é mais difícil pois há o titular e o resto do mundo- oponível erga omnes. Se
estamos a falar de uma situação controvertida, já há alguém que se está a
comportar de maneira que desrespeita o direito real- o titular do direito real e
aqueles que desafiam.
A lei exige que quem propõe a ação seja sujeito da relação controvertidas, os
terceiros não podem. Como não tem interesse na ação, não tem legitimidade.
NOTAS:
- a falta de legitimidade singular é insanável pois não consigo fazer com que a
pessoa fora da ação ou fora da relação que já existe, passe a fazer desta. É a
realidade dos factos. Exceção dilatória, conduz sempre à absolvição do réu da
instância;
Por outras palavras a relação material que interessa para aferição da legitimidade
é aquela que o autor descreveu na petição inicial e não a que venha a apurar-se na própria
causa. Estamos assim perante um conceito “virtual” da legitimidade: o que interessa é
que na história que o autor narra na petição inicial, as partes desempenham o” papel” de
titulares da relação material controvertida, ainda que porventura no decorrer do
processo se venha apurar que o não são.
Ex. Imagine-se, por exemplo, que o cliente de uma sociedade comercial vem a
juízo demandar um outro cliente desta, reclamando o pagamento do preço de uma
mercadoria fornecida pela sociedade e que este último lhe ficou a dever. Neste caso,
haverá ilegitimidade processual do autor. Embora a pessoa que figura na ação como
autor não é titular da relação contratual em que se funda a pretensão: a relação
contratual consistiu-se entre a sociedade comercial (credora do preço) e o seu cliente
Assim, verifica-se a legitimidade singular com base no art. 30º e nos critérios aí
mencionados.
Situações em que alguém que não é sujeito da relação controvertida passa a ter
legitimidade mas porque está no processo em lugar do sujeito ideal, em substituição
deste - tem sempre de ser por lei - a lei tem de o permitir Ex: Insolvência - deixa de poder
administrar - passa a ser feito pelo administrador da insolvência - administrador de
insolvência passa a ser parte legítima - a lei diz que tem de estar no processo em
substituição do réu original - os efeitos da decisão vão-se repercutir na esfera do autor e
não do administrador da insolvência; ação sub-rogatória.
EX. art. 34º/1 CPC- “ou por um, com consentimento do outro”- substituição
processual voluntária.
MTS- Tem em relação a este artigo uma posição diferente da do resto da doutrina,
como o Professor Lebre de Freitas
Defende que este art. não tem nada que ver com legitimidade - encontra-se
deslocado Deveria ser um artigo autónomo, está mal enquadrado. Na verdade, este
Pluralidade de partes
A pluralidade poder ser ativa ou passiva, consoante se verifica do lado dos autores
ou existe da banda dos réus. E pode também ser mista quando a ação é instaurada por
vários autores contra vários réus.
A pluralidade das partes pode ser inicial, quando acontece no momento em que
é proposta a ação, ou pode formar-se em momento posterior, como sucederá no caso
de intervenção de terceiros, espontânea (art. 311 e ss) ou provocada (art. 316 e ss).
Litisconsórcio
Caso em que nos questionemos se há alguém que deveria estar presente na ação,
mas não está:
Ou há um artigo na lei que diga diretamente que é voluntário, ou, caso contrário,
temos de ir por exclusão de partes
Se não for:
➔ Necessário legal;
➔ Necessário Convencional;
➔ Necessário Natural
Então é Voluntário
Sempre que exista uma situação em que é obrigatório haver 2 autores ou 2 réus
- pluralidade de partes - litisconsórcio necessário
Sempre que esse litisconsórcio necessário é preterido, a parte que está na ação e
que devia estar acompanhada, mas não o está naquele caso - é parte ilegítima
Ver exemplos dados no CC anotado do prof Lebre de Freitas - art 33º - temos de
conhecer os exemplos clássicos
ANÁLISE DO CASO PARTICULAR DO ART. 34º CPC- Ações que têm de ser propostas
por ambos ou contra ambos os cônjuges- Litisconsórcio necessário legal conjugal
Neste sentido, caso o cônjuge não necessite de estar na ação não existe
litisconsórcio necessário, mas também não há litisconsórcio voluntário (porque o cônjuge
não é sujeito da relação jurídica controvertida). Vejamos os casos em que existe
litisconsórcio legal conjugal.
Art.34º/1- aplica-se ao lado ativo (quando um dos autores é casado). Existem três
motivos para termos um litisconsórcio necessário:
• Ações que implicam a perda de um bem que só por um pode ser alienado. Têm
de estar preenchidos dois requisitos:
o Ação implicar perda do bem- aplica-se a todos os direitos de propriedade
em que, caso proponha a ação, posso vir a perder o bem. Exemplo: peço
o reconhecimento do direito de propriedade, existe o risco de perder a
propriedade que pensava que tinha, logo o requisito está cumprido.
o Bem só poder ser alienado por ambos- ver as regras aplicáveis no CC,
art.1682º e 1683º.
• Ações que implicam a perda de um direito. Tem também dois requisitos:
o Ação implicar a perda de um direito- a mesma lógica que o anterior, mas
aplicada a todos os direitos que não a propriedade.
o Direitos que têm de ser exercidos por ambos- não existem muitas situações
em que os direitos têm de ser exercidos por ambos.
• Ações em que está em casa a morada de família- direta e indiretamente, se os
cônjuges vivem lá têm de estar os dois na ação.
Art.34º/3- aplica-se ao lado passivo (quando o réu é casado). Existem cinco situações em
que tem de existir litisconsórcio necessário:
• MTS- temos uma dívida, a lei diz quais os bens que respondem, sendo alguns bens
próprios do outro cônjuge que não está na relação controvertida, preenche-se o
art.34º/3 2º parte, logo existe um litisconsórcio necessário legal conjugal passivo.
• LF- o artigo na 2º parte utiliza a expressão pretende, parece deixar a vontade nas
mãos do autor, este pode escolher entre propor a ação contra ambos os cônjuges,
ou apenas contra o cônjuge devedor. Assim estaríamos perante um litisconsórcio
voluntário. Contudo, caso o credor prepusesse a ação apenas pode executar os
bens próprios do conjugue que demandou, apenas se puser a ação contra ambos
é que poderá executar os bens próprios e comuns de ambos os cônjuges.
• Resposta MTS- art.1695º/1 CC é uma norma imperativa, diz que bens respondem
pela dívida, não que bens o credor pode executar. Temos aqui uma lógica de
proteção do conjugue que contraiu a dívida, porque primeiro respondem os bens
comuns (protege os bens próprios do devedor). O art.1695º/1 CC não é uma
norma para proteger os credores, mas o cônjuge que assumir a responsabilidade
de responder por uma dívida que contribui para o bem comum da família (não
faria sentido, perante esta, executar primeiro os bens próprios do devedor e só
depois os bens comuns).
• Resposta Lebre Freitas- discorda, diz que 1695º/1 CC é uma norma disponível e
que o credor pode decidir que bens quer executar. Como reage à lógica de
proteção de devedor? Diz que este está sempre protegido, porque se quiser que
respondem primeiro os bens comuns e depois os próprios, o devedor pode
chamar à ação o outro cônjuge, para ver concretizado o direito dos bens comuns
serem executados primeiro, art.316º.
Aparecem nos contratos como cláusulas que dizem como é que os direitos devem
ser exercidos - se o exercício fora do processo tem de ser contra todos em conjunto
dentro do processo há um litisconsórcio necessário convencional
A regra tem de dizer respeito a como os direitos são exercidos dentro e fora do
processo
Previsto nos arts. 33º, nº 2 e 3 CPC- será necessário natural sempre que a
presença de todos os interessados na ação seja necessário para a sentença produzir o
seu efeito útil normal.
No futuro, aquele que esteve de fora da ação é parte numa nova ação em que o
pedido é o mesmo.
Aquilo que temos de ver é se esta circunstância causa algum problema em termos
de coexistência na ordem jurídica de 2 decisões incompatíveis.
Se concluirmos que esta decisão tem alguma utilidade não há LNN se não há LNN
O João, mais tarde, decide que não quer mais ter a coisa em propriedade comum
Mas a sentença na altura não era oponível ao João - ele não está abrangido pelo
caso julgado uma vez que não foi parte no processo
Se o J propuser a ação contra elas nenhuma vai poder dizer nada contra isso O
juiz vai voltar a dividir o terreno
O critério não é a decisão tomada pelo juiz ser a mesma ou ser contraditória. Em
termos de compatibilidade, as decisões não podem é chocar. Não estamos obcecados
com a coerência do sistema, o que releva é o resultado final.
Outro exemplo típico são: as ações que têm em vista a nulidade do contrato
quando o motivo da nulidade afeta o contrato inteiro e todas as partes Ex: falta de forma
➔ 1º: imaginar que a ação é proposta sem todos os interessados estarem na ação.
Deixar sujeitos da relação controvertida de fora- 1 fica de fora, de entre 3 sujeitos
da relação controvertida;
➔ 2º (hipotético): pensar que realmente a ação avança como se não houvesse
nenhum problema de legitimidade e que o juiz profere sentença- o que
acontecerá?
NOTA: Se eu deixei uma ação terminar com um interessado de fora, a partir deste
momento estou sempre perante o risco de poder aparecer uma segunda ação- porque o
resultado da 1º não é oponível ao que ficou de fora). Se aparecer uma segunda ação com
o que ficou de fora, não podemos dizer que esse tema já foi decidido antes pois ele não
teve a oportunidade de se defender. A outra ação não lhe era oponível. Risco- a partir do
momento em que aceitamos que uma ação possa correr sem estarem todos os
interessados, risco de haver outra ação, em que é o próprio que ficou de fora a propô-la.
➔ 3º: IMAGINAR que se inicia uma 2º ação onde está o que ficou de fora, e imaginar
que esta ação chega ao final e também é decidida.
➔ 4º: para tudo correr mesmo mal, o juiz vai decidir no sentido contrário da 1º ação.
- Não nos importamos se as sentenças forem apenas contraditórias na teoria mas for
possível executá-las a ambas na prática. So nos preocupamos se n der para as execitar
em simultâneo
Ação de divisão de coisa comum- 1º ação juiz divide terreno em 3; 2º ação- juiz divide
terreno em 3 de forma diferente. Isto é contraditório- tem de haver divisão única. É
possível em termos práticos ter 2 divisões possíveis do mesmo tereno? NÃO. A única
solução é impor logo no início que ação seja proposta contra todos.
Litisconsórcio voluntário
Ou encontramos um artigo na lei que diga que possa ser exercido por uma ou
contra uma das partes, ou temos de chegar lá por exclusão de partes
Se a lei ou o negócio for omisso, a ação pode também ser proposta por um só ou
contra apenas um dos interessados - devendo o tribunal, neste caso, conhecer apenas da
respetiva quota parte do interesse ou da responsabilidade, ainda que o pedido abranja a
totalidade.
- Se não propuser contra os 2 não vou obter tudo, mas não há ilegitimidade
porque não é litisconsórcio necessário- é voluntário, vai é obter menos. Conveniente-
vantagem extra para além da abrangência da sentença
Coligação
→ Quando a causa de pedir que está na base dos diferentes pedidos formulados
seja a mesma e única.
→ Quando os pedidos estejam entre si numa relação de prejudicialidade ou de
dependência.
Para que seja admitida a coligação torna-se necessário que não se verifique
nenhum dos obstáculos previstos no art, 37.
Pode sanar a falta deste pressuposto não só o autor como também o réu
reconvinte.
Conforme refere o art. ½ da lei 83/95, trata-se de interesses que dizem respeito,
nomeadamente, à saúde pública, ao ambiente, à qualidade de vida, à proteção do
consumo de bens e serviços, ao património cultural e ao domínio público.
A ação popular civil pode revestir qualquer das formas previstas no CPC.
Nas causas em que o patrocínio judiciário não é obrigatório, as partes podem pleitear por
si ou serem representados por advogados- estagiários ou por solicitadores, artº42. Além
disso, os requerimentos em que não se levantem questões de Direito (ainda que
apresentados em causas sujeitas à obrigatoriedade de patrocínio judiciário) não tem de
ser subscritos por advogados, artº40, nº2.
O patrocínio deve ser exercido com isenção e independência técnica, estando sujeito à
tutela disciplinar exclusiva da Ordem dos Advogados, sem prejuízo da responsabilidade
profissional, nos termos gerais.
O interesse em agir
Noção
Embora a lei não lhe faça referência direta, o interesse processual constitui
também um dos pressupostos processuais relativamente às partes. A doutrina e a
jurisprudência maioritária exigem-no, para evitar a proposição de ações inúteis porque
referentes a pretensões que manifestamente não carecem de tutela judiciaria
Existe interesse processual quando se puder dizer que o autor tem necessidade
de instaurar e fazer seguir uma ação para a tutela do seu direito.
Para que se justifique a intervenção do tribunal, não basta que o autor alegue e
prove a titularidade do direito. Deve ainda convencer de que, na situação concreta, o seu
direito necessita da tutela judicial que solicita.
Pelo modo como temos vindo a referir-nos a este pressuposto processual, poderá
parecer que o interesse processual só diz respeito à parte que toma iniciativa de instaurar
a ação – o autor ou demandante. Porém, depois de proposta pode também o réu ou
demandado, ter interesse em que a ação prossiga. Por isso, a lei tutela os seus interesses,
fazendo depender a desistência da instância da aceitação do réu, se requerida depois de
ter sido oferecida contestação – art. 286/1.
A existência do pressuposto processual que ora nos ocupa não é encarada com
igual acuidade nas diversas espécies de ações.
Do mesmo lado, quando o réu tenha dado causa à ação e a não conteste, são as
custas pagas pelo autor, conforme dispõe o art. 535/1.
Qual o grau de incerteza ou de dúvida que se deve exigir para que se possa dizer que o
autor tem interesse processual?
→ a dúvida tem de ser objetiva e não subjetiva. Tem de ser fundamentada em factos
concretos, não sendo suficiente que exista apenas na mente do autor. Por outro lado,
não basta que a ação tenha por objeto a discussão de uma questão de cariz meramente
académico.
Ex: faltará interesse processual ao autor que pretende propor uma ação com o fim de
negar a paternidade que lhe foi atribuída por uma pessoa, em tom jocoso. Esta atribuição,
por não ser séria, não tem qualquer gravidade.
Contudo, o réu nunca deve ser absolvido da instância por falta deste pressuposto
sem que o tribunal averigue se nesse momento lhe é possível concluir pela
improcedência da ação (art. 278/2 in fine).
→ A, credor de 10 prestações, que têm vindo a ser pagas pontualmente sem que o
devedor B ponha em causa a existência da divida, vem demandar este último,
pedindo a sua condenação no pagamento das restantes;
→ C vem pedir a declaração judicial da dissolução da união de facto com D,
desacompanhada de qualquer pretensão atinente a direitos cujo exercício a lei
faz depender de tal declaração, podendo a dissolução ocorrer por simples
vontade de um dos seus membros.
-A pluralidade de partes
Em certas situações, essa pluralidade é imposta por lei ou pela natureza da causa:
noutras, a pluralidade é meramente facultativa, ficando dependente da conveniência das
partes. Temos assim de distinguir entre necessário e voluntario:
-Litisconsórcio necessário (legal, negocial ou natural), artº33 do CPCP: quando são vários
os titulares da relação material controvertida e é obrigatória a intervenção de todos eles,
por exigência da lei ou do negócio, ou para a decisão produzir o seu efeito útil normal.
Litisconsórcio necessário:
-artº34 do CPC: ações que devem ser propostas por ambos os conjugues ou contra ambos
os cônjuges
Nº1/3: A e B casados com uma casa de morada de família que está só em nome
de A e este quer vendê-la, mas B não quer- logo sem o consentimento de B não A não
pode alienar a casa, pois fora do processo está vedada a possibilidade de ficar sem a casa
a não ser que B de o seu consentimento. A faz um esquema com C, em que esta vai pedir
uma ação a declarar que a casa não é de A, A mal se defende e C fica com a casa-→ logica
de paralelismo, o PC serve para nos dar direitos que já existem.
Estas clausulas normalmente não existem, sendo que aparecem nos contratos como
clausulas que dizem como é que os direitos devem ser exigidos
MTS- Se as partes só dizem como é que os direitos devem ser exercidos em processo
convencionalmente significa que estão a dar ao exercício processual um regime diferente
extra processual-violação do princípio da instrumentalidade.
A regra tem de dizer como são exercidos os direitos dentro e fora dos processos: tem de
existir um paralelo entre a convenção processual e extra-processual, pelo contrário
ocorre ilegitimidade
Um exemplo de litisconsórcio voluntario resulta do disposto no artº 1405, nº2 do cc, que
admite que qualquer dos comproprietários proponha uma ação para reivindicar de
terceiros a coisa comum (pelo que estaremos perante um litisconsórcio voluntario se
estiverem em juízo dois ou mais comproprietários). Isto não significa, porem, que seja
indiferente a presença de todos os interessados ou de so alguns deles, pois no caso de
ações que não tenham por objeto a reivindicação da coisa comum, o tribunal só
conhecerá da quota-parte do interesse ou da responsabilidade daqueles que intervieram
na lide.
Exemplos deste tipo poderão encontrar-se, entre muitos outros, em ações que
visem a anulação de cláusulas semelhantes inseridas em diferentes contratos de adesão;
ou que visem a anulação de uma venda e a anulação de uma venda e anulação da venda
subsequente; ou nas ações propostas contra uma empresa farmacêutica pelas vítimas de
um medicamente defeituoso.
Intervenção de terceiros
Intervenção Principal
Este incidente tem por finalidade levar um terceiro a fazer valer um interesse igual ao do
autor ou do réu nos termos dos artº32, 33 e 34 do CPC. Ou seja, podem intervir a título
principal todos aqueles que apesar de não estarem desde o início no processo, são
também titulares da relação controvertida, pelo que podem litisconsorciar-se com o
autor ou com o reu.
d) Pluralidade subjetiva subsidiária, artº39 e 316, nº2 do CPC: neste caso o autor
chama a intervir como reu o terceiro contra quem pretenda deduzir o pedido
subsidiário (intervenção provocada)
Ex. O autor tem dúvida sobre qual dos dois empreiteiros, A ou B, que
realizam obras junto à sua casa foi o causador dos danos que esta sofreu,
chamando a juízo B, depois de ter demandado inicialmente apenas A.
A intervenção principal provocada pode ter por objeto a sanação da ilegitimidade plural
decorrente da preterição do litisconsórcio necessário, do lado ativo ou do aldo passivo,
caso em que pode ser requerida por qualquer das partes, até ao termo da fase dos
articulados, artº316, nº1 e 318, nº1 a) do CPC; pode ainda ser requerida pelo autor ou
reconvinte nos 30 dias subsequentes ao transito em julgado de decisão que julgue
ilegítima uma das partes com fundamento em preterição do litisconsórcio necessário,
artº318, nº1 a) e 261 do CPC.
Este incidente tem por finalidade permitir que possa intervir no processo como
auxiliar, a chamamento do reu, um terceiro, que embora careça de legitimidade
para intervir como parte principal, tenha um interesse reflexo ou indireto na
decisão da causa. O réu chamará a intervir um estranho à relação material
controvertida, com base na invocação contra ele de um possível direito de
regresso, que lhe permitira ressarcir-se do prejuízo que lhe cause a perda da
demandada, artº321 do CPC.
Oposição
A oposição tem por finalidade trazer à lide um terceiro que vem fazer valer um
direito próprio, incompatível com a pretensão deduzida pelo autor ou pelo reu-
reconvinte. Pode ser espontânea, artº333 ou provocada pelo reu, artº338 do CPC.
Ex. o oponente diz-se proprietário do prédio que é reivindicado pelo autor contra
o reu.