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Fraudes do devedor
Três Lagoas – MS
2021
RESUMO
O presente trabalho tem como fim, fazer um recorte, buscando uma abordagem em
termos gerais, sem o objetivo de esgotar o assunto, e nem tão pouco de buscar refinar a
compreensão do conteúdo evidenciado, apenas uma análise sucinta, trazendo um
entendimento da funcionalidade dos institutos abordado nas fraudes (do devedor, contra
credores e à execução), atos atentatórios à dignidade da justiça, todos ligados ao
processo de execução, envolvendo responsabilidade patrimonial. Desenvolvido por
meio de busca bibliográfica, documentos e meios eletrônicos, via internet, por meio de
consulta de dados em plataforma de periódicos, como também o ordenamento jurídico
pátrio. O método utilizado foi o qualitativo. Quanto aos objetivos, optou-se pelo
exploratório, no tocante aos procedimentos, adotou-se o bibliográfico e documental.
INTRODUÇÃO.....................................................................................XX
1.Histórico...........................................................................................XX
3. fraude do devedor...........................................................................xx
3.2.1. Elementos.....................................................................................xx
CONCLUSÃO .....................................................................................XX
REFERÊNCIAS...................................................................................xx
FINAIS..........
1
Notas sobre a tutela mandamental e executiva ‘lato sensu’ nas Leis nº 10.358/01 e 10.444/02, p. 198, in, Revista de
Processo nº 110.
2
Ver, com proveito, Nelson Rodrigues Netto, Tutela jurisdicional específica: mandamental e executiva ‘lato sensu’, pp.
43/86.
O princípio da boa-fé processual é aquele que determina que todos os sujeitos do
processo devem se comportar de acordo com a boa-fé objetiva, entendida esta como
norma de conduta, um farol que ilumina as ações éticas dos sujeitos.
Para Fred Didier Júnior, o princípio da boa-fé processual é um corolário do
devido processo legal, com previsão no Art. 5º do CPC, decorrente de uma clausula
geral processual, na qual entende-se como, sendo esta, normas contendo diretrizes
indeterminadas, que não trazem diretamente uma solução jurídica ou consequência,
trata-se de norma aberta, não estabelecendo o significado, e nem tão pouco, trazendo as
consequências jurídicas.
Consoante apregoa Humberto Theodoro Júnior, A boa-fé objetiva pós-
constitucional caracteriza-se como uma nova forma de solucionar conflitos em sede de
direito processual civil, emergindo como um novo e eficaz instrumento delimitador dos
direitos e vinculador do Juiz a um pronunciamento concreto.
No entendimento de José Eli Salamacha, o princípio da boa-fé é um dos
principais do ordenamento jurídico brasileiro, tendo grande aplicabilidade no processo
civil e especialmente no processo de execução no que diz respeito às fraudes, sendo
amplamente citado em decisões judiciais dos Tribunais Superiores.
Afirma ainda que: “ (...) com a evolução sistemática das reações jurídicas, a
sociedade se deu conta de que, além dos direitos individuais, precisam ser tutelados os
direitos sociais, principalmente no que se refere às relações contratuais, nas quais o
princípio da boa-fé surge com grande forca. A complexidade dos negócios exige cada
vez mais que os pactuantes se comportem com probidade, de molde a extirpar
disparidades inaceitáveis e, consequentemente, o enriquecimento ilícito. ”
3. Fraude do devedor
Segundo lição de Fred Didier Júnior, este é um instituto muito caro para o direito
processual, no que diz respeito à responsabilidade patrimonial, podendo repercutir na
execução, também por tratar-se de direito material, ter acento amplo no Código Civil.
Trata-se de uma prática usual empregada por devedores, que tem na sua conduta
a ausência da boa-fé, de forma a não honrar com suas dívidas. Geralmente, apresenta
um passivo (conjunto de obrigações para com terceiros) relevante, e canaliza suas
energias em elevar esse passivo, em face do seu ativo (conjunto de bens e direitos,
compõe a riqueza, que fará face às obrigações), em resumo, a prática é a ocultação de
seus bens, para tentar não pagar aquilo que está evidenciado no seu passivo, tornando-se
insolvente (quando o conjunto de bens e direitos não consegue fazer face às suas
obrigações).
Na lição do saudoso professo Caio Mario da Silva Pereira: ”na fraude contra
credores, não há vício de consentimento. É ato consciente, que corresponde à vontade
interior do agente. É vício social, decorrente da desconformidade entre a declaração de
vontade e a ordem jurídica, que repudia atuações fraudulentas”.
Em boa lição do ilustre professor Yuseffe Said Cahali, vem tratar a figura do
“eventus damni” e do “scientia fraudis”:
Por eventus damni deve-se entender, como ato prejudicial ao credor, que lhe
acarreta prejuízo e impossibilidade de receber o que é seu. No dizer de Yussef Said
Cahali: "o credor será prejudicado no seu direito pelo ato fraudulento, quando por efeito
deste, não possam aí conseguir a satisfação do seu crédito, como o teria conseguido, se
o ato fraudulento não tivesse sido praticado.
Por scientia fraudis, entende-se como conhecimento por parte do terceiro
contratante com o devedor, do estado de insolvência deste. Deve-se, em relação a ele,
fazer a distinção, se o ato jurídico foi gratuito ou oneroso. Na primeira hipótese basta a
pratica do ato pelo devedor, o seu estado de insolvência (preexistente ou concomitante)
e o dano aos credores, para que o mesmo possa ser anulado, independentemente da
posição anímica do citado terceiro. Este perderá a coisa recebida, se há ou não de má-fé,
é indiferente. Ao devedor também não se perquirirá se sabia ou não de sua atual ou
provável insolvência.
Aquém cabe provar quanto aos pressupostos objetivos? Para Fred Didier Junior,
O ônus está disposto no artigo 373, I, do CPC, que como regra geral, ao autor (credor).
De modo diferente, poderá ocorre a inversão do ônus, quando, houver a existência da
insolvência. Se houver uma presunção legal relativo a insolvência, como no Art. 1052,
do CPC, ou, sendo ela notória, Art. 373, I, do CPC, c/c com o Art. 159, CC. A
possibilidade da inversão por distribuição do juiz, que está disciplinado no § 3ª do 373,
do CPC.
No que tange aos pressupostos subjetivos, há presunção absoluta de fraude e má-
fé, disciplinado pelo Art. 158 do CC, quanto trata-se de transmissão gratuita de bens, em
face do credor. Tendo o devedor, ciência de que seu ato produzirá dano (consilium
fraudis), caberá ao credor fazer prova, quando se trata de transmissão onerosa, sabendo
o terceiro adquirente (conhecimento real ou presumido) da condição de insolvência
daquele, na forma como conduziu a alienação (scientia fraudis), conforme posto no Art.
159 do CC.
Para Marcos Bernardes de Mello, citado por Fred Didier Júnior, o autor só
reconhece como elemento essencial a ciência do terceiro (scientia fraudis) e
exclusivamente negócio oneroso, como posto no Art. 159 do CC.
Cabe ao credor lesado, o uso da ação paulina como forma de defender sua
posição, na alienação do bem, em face do vício social causado pela fraude, de forma a
garantir o retorno do bem ao patrimônio do devedor, assegurando, que este responda
pela obrigação e pela eventual execução (Art.740, do CPC).
A ação paulina, usada para garantir direito protestativo, disciplinada no Art. 161,
do CC, tem como fim anular, neutralizar ato fraudulento, oneroso ou gratuito. Figura no
polo passivo, devedor (ou por sucessores) e terceiro (ou por sucessores)
3.2.1. Elementos
TABELA 01
Terceiro adquire bem penhorado ou penhorável
Fraude é declarada
Mandado de penhora é expedido
3.2.1.1. Os pressupostos do Art. 792 do CPC
I - Quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão
reipersecutória desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo
registro público, se houver;
Em boa lição do Professor Humberto Theodoro, também nesse caso, não se cogita
a insolvência do executado, nem de má-fé do terceiro adquirente. A fraude é presumida
ex lege. O problema situa-se, na eventualidade, de não ter sido averbada a execução,
mas de ser comprovada a ciência, que tinha o adquirente, da existência da penhora, do
arresto ou da indisponibilidade que incidia sobre o bem negociado.
III - Quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro
ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
Tem-se aqui a imprescindibilidade, a relevância de que o gravame tenha sido
averbado no registro público, dispensada a comprovação de má-fé e de insolvência do
terceiro adquirente. Mais uma vez o Código vincula a fraude à averbação no registro do
bem, ampliando os ônus do credor, que é o maior interessado na preservação do
patrimônio do devedor até a satisfação de seu crédito.
Aqui, o legislador está se referindo a instituto como a penhora sobre crédito (art.
856, § 3º) e a alienação ou oneração de bens do sujeito passivo de dívida ativa em
execução fiscal (art. 185 do CTN).
Terceiro adquire coisa litigiosa, já tendo sido citado o demandado alienante (Art.792)
A ação devera esta averbada Quando o bem não estiver sujeito a registro
se a coisa figura em registo público, o adquirente não tomou as precauções
público (Art.792, I) para verificar a pendência judicial (Art.792, §2º)
O novo Código de Processo Civil mantém o instituto, mas com uma importante
diferença: a obtenção dessa certidão só será possível após a execução ser admitida pelo
juiz natural (ou seja, após o juízo de admissibilidade da execução). Não basta, portanto,
o mero ajuizamento da execução, como previa o Código anterior.
Uma ideia da natureza jurídica do instituto pode ser tirada do próprio vocábulo
qualificador “astreintes”, o qual traz ínsita a ideia de pressão, sujeição, constrangimento.
Na legislação francesa, identificava-se como obstáculo à utilização das multas
periódicas, o disposto no art. 1.142 do Código de Napoleão, segundo o qual “toda
obrigação de fazer ou não fazer resolve-se em perdas e danos e juros, em caso de
descumprimento pelo devedor”.
Em verdade, sabe-se que por trás do sobredito dispositivo legal francês estava a
ideia de não permitir aos juízes do Ancien Regime, sobre os quais se impunha a
desconfiança dos cidadãos, ante os escândalos de corrupção e a utilização do critério de
hereditariedade na transmissão dos cargos públicos, que voltassem a fazer o que lhes era
permitido antes da Revolução de 1889, ou seja, usarem do poder de imperium, situação
que poderia ameaçar o novo poder instalado.
A corte também entende que, para caracterizar a litigância de má-fé, capaz de ensejar a
imposição da multa prevista no artigo 81 do CPC, é necessária a intenção dolosa do
litigante.
Indução a erro
Todo ato que tenha como objeto, obstar mediadas necessária para o
comprimento de obrigações judiciais, seja no impedimento de entrega de coisa,
ocultação de documentos, dados e informações, na tentativa de frenar o bom andamento
dos processos, estará procrastinando a ação do Estado-Juiz, e sujeita a medidas
executivas de coerção direta e indireta, tais como multa e busca e apreensão, ou outras,
mesmo atípicas, desde que por meio de decisão fundamentada.
Convém salienta que a ofensa à dignidade da justiça é presumida, não sendo
necessária a demonstração de nenhum resultado danoso. A conduta, por si só, já
constitui um atentado ao órgão jurisdicional, devendo ser punida pela sanção específica,
incorrerá em uma das condutas atentatórias, devendo ser advertido de ofício, conforme
Art. 139, III, do CPC, ou por provocação, é o que exige o Art. 772, II do CPC.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
Didier Jr., Fredie Curso de direito processual civil: execução / Fredie Didier Jr.,
Leonardo Carneiro da Cunha, Paula Sarno Braga, Rafael Alexandria de Oliveira - 7. ed.
rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.
YUSEFF SAID CAHALI, "Fraude Contra Credores", RT, 1989, pág. 641.
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Jurisprudencia-do-
STJ-delimita-punicoes-por-litigancia-de-ma-fe.aspx
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm