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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Direito

Curso de Direito

A Vocação Sucessória

Nampula

Outubro de 2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Direito

Curso de Direito

A Vocação Sucessória

Discente: Mafalda Keren Isabel Patrício Cucurreia

O presente trabalho é de carácter


avalíativo, da cadeira de Direito das
Sucessões do 3º ano do curso de
Direito leccionada pelo Docente
Ruth dos Santos .

Nampula

Outubro de 2020
Índice
1. Noções......................................................................................................................................5

1.1. Conceito de Sucessão........................................................................................................5

a) A Sucessão como um efeito jurídico mortis causa...........................................................5

b) A sucessão: noção de transmissão....................................................................................5

2. A Vocação Sucessória..............................................................................................................5

2.1. Modalidades de Vocacao..................................................................................................6

2.1.1. Vocação una e multipla.............................................................................................7

2.1.2. Vocação directa e indirecta........................................................................................7

2.2. Vocações anómalas: a substituição directa ou vulgar.......................................................8

2.3. O direito de representação.................................................................................................8

2.3.1. Pressupostos do direito de representação:.................................................................9


Introdução

O presente trabalho tratar-se-ão de aspectos que dizem respeito a vocação sucessória que pode
ser chamada de chamamento sucessório. Identificando e especificando quem é Sucessível e
quando começa a Vocação sucessória. Bem como explanando certas dúvidas que surgem ao
longo da leitura em volta da possibilidade de nascituros e concepturos serem sucessíveis. Ainda
especificando os tipos, modos e abertura da vocação sem deixar para trás a abertura de sucessão
ainda fazendo pareceres que incluam o ordenamento jurídico moçambicano que é a lei
actualmente vigente a 23/2019 de 23 de Dezembro referente as sucessões.
1. Noções

1.1. Conceito de Sucessão

a) A Sucessão como um efeito jurídico mortis causa.1


A sucessão é um efeito jurídico, mais concretamente uma aquisição (ou vinculação) mortis
causa2. Quer isto dizer que a morte de alguém é, em conjugação com os chamados factos
designativos, o facto gerador ou determinante, «a causa ou concausa» da aquisição de bens (ou
da vinculação) de sucessíveis. De acordo com a noção analítica e vincadamente estrutural, a
sucessão mortis causa, dá-se quando a pessoa falecida é substituida por uma ou mais pessoas
vivas na titularidade das suas relações jurídico patrimonias, com a consequente devolução dos
bens que lhe pertenciam, através de um processo escalonado ou progressívo que se concretíza
por quatro elementos:

i) A morte do titular das relações jurídicas patrimonias, como pressuposto necessário da


substituição operada;
ii) O chamamento (ou vocação do sucessor);
iii) A subsequente devolução dos bens;
iv) A manutenção da identidade das relações jurídico-patrimoniais compreendidas na
herança, a despeito da mudança operada nos titulares.

O que está patente no artigo 1 da lei 23/2019 de 23 de Dezembro a lei de sucessões.

b) A sucessão: noção de transmissão


A transmissão é uma transferência de direitos e obrigações da esfera jurídica do titular para a de
outro, direitos e obrigações que mantém na esfera do transmissário a sua identidade jurídica.

1
DIÁRIO DA REPÚBLICA ELETRÓNICO (DRE. pt)
2
Mortis causa: em razão da morte.
Termo jurídico usado em sucessão de bens, direitos e obrigações que acontece devido ao falecimento de um
individuo.
2. A Vocação Sucessória
A vocação ou chamamento é assim a atribuição do direito de suceder (também designado de ius
delationis) que é precisamente o direito de aceitar ou repudiar uma herança ou legado. 3

Existem três pressupostos da vocação, a saber, a existência do chamado, a titularidade da


designação prevalente e a capacidade sucessória.

 A existência do chamado significa que o sucessivel deve sobreviver ao autor da sucessão e


deve ter personalidade jurídica. Isto significa que, apesar de ser possível fazer testamentos a
favor de nascituros e mesmo de conceturos, o direito de suceder só serà atribuido se e quando
ocorrer o nascimento e a consequente aquisição de personalidade jurídica.
 A titularidade da designação prevalente quer dizer que não são chamados simultaneamente
todos os herdeiros, mas apenas os prioritários: por exemplo, se alguém tiver filhos e netos,
chamam-se apenas os filhos.
 A capacidade sucessória é uma noção típica do Direito da Sucessões, que podemos definir
como a idoniedade para ser destinatário de uma vocação sucessória. Portanto, é um conceito
nada se relaciona com a noção de capacidade jurídica que conhecemos: não se trata de uma
incapacidade de exercício, como os menores, não carecem de capacidade sucessória. Por
outro lado, é sempre um conceito relativo, já que se reporta sempre á sucessão de uma pessoa
determinada. Ninguém é incapaz de suceder a toda a gente: é necessário avaliar a capacidade
em relação a uma determinada sucessão. A regra é a da capacidade: serão incapazes de
suceder apenas aqueles que forem declarados indignos ou que forem deserdados.

2.1. Modalidades de Vocacao4


A vocação originária, é a que se verifíca no momento da abertura da sucessão, por força
conjugada da actuação de um facto designativo e da morte como facto causal principal, já que a
aceitação se limita a concretizar a transmissão que a vocação como que põe à disposição, desde
logo, do sucessível chamado.

A vocação subsequênte, só se concretiza em momento posterior ao da abertura da sucessão.

3
DIÁRIO DA REPÚBLICA ELETRÓNICO (DRE. pt)
4
Apontamentos de Direito« o fenómeno jurídico-sucessório». Apontamentosdedireito.wordpress.com
Também se pode falar na vocação subsequente dos nascituros concebido ou não concebido, em
que o nascimento, e apenas ele, concretiza a vocação5.

Refira-se ainda a situação do fideicomisso6, em que alguém é instituido, mas com obrigação de
conversar os bens e os fazer reverter por sua morte para outrem.

A existência possível de uma vocação subsequente importa, via de regra, da parte do legislador a
adopção de medidas de proteção ou tutela da mesma, podendo normalmente configurar
verdadeiras situações de expectativa jurídica.

Tal como o negócio jurídico, designadamente os negócios unilaterais entre vivos e os contratos,
também as disposições testamentárias, quer consistam na instituição como herdeiro, quer na
nomeação de legatários, podem ser sujeitas a cláusulas, limitativas da sua validade ou da sua
eficácia.

2.1.1. Vocação una e multipla7


A distinção entre estas modalidades de vocação assenta na circunstância de um sucessível ser
chamado a suceder com base num único título de vocação ou mais, ou com base numa única
qualidade- herdeiro ou legatário- ou em ambas.

Art 22 e art 23 da lei 23/2019 de 23 de dezembro.

2.1.2. Vocação directa e indirecta8


Se a vocação directa é a regra, a indirecta dá-se quando alguem é chamado á sucessão «não
apenas em atenção á relação existente entre o sucessível e o de cuius 9, mas também em função da
sua posiçãao perante um terceiro, que não entre na sucessão mas serve de ponto de referência
para a devolução».

Na vocação indirecta não há nenhum fenómeno de dupla vocação, mas que o que se passa é, tão-
só, que a vocação do sucessível prioritário, que não pode ou não quer aceitar, vai moldar, a
vocação de outrem que, como que vai ocupar a sua posição sucessória.

5
Art 9 da Lei 23/2019 de 23 de Dezembro
6
Fideicomisso:
7
Apontamentos de Direito« o fenomeno juridico-sucessorio». Apontamentosdedireito.wordpress.com
8
Apontamentos de Direito« o fenomeno juridico-sucessorio». Apontamentosdedireito.wordpress.com
9
Cuius: cujo
Quer dizer, a vocação indirecta chama naturalmente, também, um sucessível subsequente. Só que
a vocação deste não é autónoma, pois se justapõe á do sucessível, que não pode, ou não quis
aceitar, o qual lhe serve de ponto de referência.

São também apontadas como modalidades de vocação indirecta, a substituição vulgar ou directa;
o direito de representação e o direito de acrescer.

O ius delationis10, é um direito instrumental potestativo, naturalmente susceptível de avaliação


pecuniária, integrante do patrimônio do transmitente, ainda que reportado á herança de um outro
de cuius.

Os herdeiros do transmitente detem, uma vocação directa face ao transmitente, mas indirecta
relativamente á sucessão a que este chegou a ser chamado.

2.2. Vocações anómalas: a substituição directa ou vulgar11


Consiste na designação pelo testador de alguém que, se substitua ao sucessível prioritário
instituido, para o caso de este não poder ou não querer aceitar a herança ou legado.

O substituto acaba por ser um sucessível instituido sob condição suspensiva, pois a sua vocação
dependerá sempre da resolução ou da não concretização da vocação do substituto, á qual terá que
sobreviver. O substituto é, assim, um sucessível subsequente, pois o seu chamamento só se
concretiza num momento ulterior à data da abertuta da sucessão, embora retroagindo a esse
momento.

Pode ser: singular, plural e de um ou mais graus.

2.3. O direito de representação


Dá-se quando a lei chama os descendentes de um herdeiro ou legatário a ocupar a posição
daqueles que não pode ou não quis aceitar o legado art15 da lei 23/2019 de 23 de Dezembro.

O direito de representação constitui uma excepção à regra da sucessão legítima de que o parente
mais próximo exclui o parente mais afastado de cada classe. No direito de representação, o
parente mais afastado substitui o parente mais próximo que não quis ou não pode suceder,
suceder em vez dele.
10
ius delationis:
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Apontamentos de Direito« o fenomeno juridico-sucessorio». Apontamentosdedireito.wordpress.com
2.3.1. Pressupostos do direito de representação:
a) Sucessão legal, depende de dois pressupostos: o primeiro é a falta de um parente na
primeira ou na quarta classe de sucessíveis. A noção de falta de um parente, compreende
as hipóteses de pre-morte, incapacidade por indignidade, deserdação, ausencia e repúdio.
O segundo pressuposto, é a existência de descendentes do parente excluido da sucessão.
b) Sucessão testamentária, segundo o art 17 da lei 23/2019 de 23 de Dezembro, a
representação dá-se na sucessão testamentária, no caso de prá-morte, de repúdio e de
ausência, mas já não no caso de incapacidade. A representação não admitie na sucessão
testamentária em qualquer das circunstâncias previstas art 17 no. 2 da lei 23/2019 de 23
de Dezembro:
 O testador designou um substituto para o herdeiro e legatário art 17 no. 2 al. a) da
lei 23/2019 de 23 de Dezembro;
 Se o fideicomissário12 não puder ou não quiser aceitar a herança, fica sem efeito a
substituição, e a titularidade do bens hereditários considera-se adquirida
definitivamente pelo fiduciário13 desde a morte do testador art 17 no. 2 al. b) da lei
23/2019 de 23 de Dezembro;
 A representação não se verifica no legado de usufruto ou de outro direito pessoal
art 17 no. 2 al. c) da lei 23/2019 de 23 de Dezembro.

Não haverá também lugar ao direito de representação «se tiver sido designado substituto ao
herdeiro ou legatário», sendo que parece admissível, que a substituição possa relevar no ambito
da sucessão legítima, onde afastaria igualmente o direito de representação.

Não haveáa também lugar ao, direito de representação «em relação ao fideicomissário». O
fideicomissário, herdeiro ou legatário testamentariamente instituido para quem reverter os bens
do fiduciário por morte deste, tem, para concretizar a sua vocação sucessória, que lhe sobrevier,
facto futuro e incerto, que desse modo, acondiciona.

12
Fideicomissário
13
Fiduciário
Conclusão

Em suma chegamos a conclusão que a vocação sucessória abrange de maneira extenciva aos
nascituros e consepturos bem como os herdeiros e legatários, podendo estes (os nascituros e
concepturos) ser tanto herdeiros quento legatários. Ainda, a abertura de sucessão culmina para a
distrubuição de bens e pecunia para pessoas sucessíveis, isto é, a vocação sucessória e a abertuda
da sucessão são complementares entre si. Factos que estao patentes no ordenamento jurídico
moçambicano, a actual lei 23/2019 de 23 de Dezembro.
Bibliografia

Apontamentos de Direito« o fenomeno juridico-sucessorio».


www.Apontamentosdedireito.wordpress.com
Enciclopedia Juridica

Dicionarioinformal.com.br/mortis+causa/

DIÁRIO DA REPÚBLICA ELETRÓNICO (DRE. pt)


Leis

Lei 23/2019 de 23 de Dezembro, Das Sucessões.

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