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Abertura da Sucessão

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August 27, 2019

Bibliografia
Curso Didático de Direito Civil – Felipe Quintela 
Direito das sucessões – Luiz Paulo Vieira de Carvalho 
Direito das sucessões- Salomão de Araújo
Plataforma RT Online 

O Direito das Sucessões trata da sucessão hereditária ou Causa mortis 

A Sucessão causa mortis envolve a atribuição de patrimônio da pessoa


que morreu ao seus herdeiros 

A questão sempre será o que fazer com o patrimônio da pessoa que morreu 

O semestre será dividido em 4 partes:


1. A Abertura da sucessão 
2. A primeira forma que a sucessão pode ocorrer 
Decorrente da lei 
Como vem da lei é chamada de sucessão legítima 
3. A segunda forma pela qual pode ocorrer a sucessão 
Decorrente da vontade (ex: testamento) 
Negócios jurídicos em que a pessoa pode dispor do patrimônio após a
morte: testamento, codicilo 
Chamada de sucessão testamentária 
4. Os procedimentos 
Inventário e partilha 
Expressões importantes 
Como se referir a pessoa que morreu?
A expressão de cujos é a mais comum, mas é arcaica 
A expressão mais atualizada e da língua portuguesa é “Autor da
herança”
Pode-se falar também morto ou falecido
Como se referir ao patrimônio do morto?
Herança é o patrimônio da pessoa que morreu
Não é espólio, pois espólio é uma expressão processual, que
representa o patrimônio e os sucessores  
Como se referir aos sucessores?
Existem duas categorias de sucessores. Então sucessores é gênero,
que engloba duas espécies:
Herdeiros: o sucessor que recebe a herança toda ou uma parte
dela, ou seja, o herdeiro recebe fração ou percentual (ex: pessoa
herda 50% da herança ou a herança toda)
A situação do herdeiro é incerta, ser herdeiro pode significar
muito, mas também pode significar nada 
Legatários: o sucessor que herda um bem individualizado (ex:
pessoa herda o carro X ou a casa Y)
A sucessão da pessoa se abre no exato momento em que a pessoa morre 
No mesmo instante, o da morte da pessoa, a sucessão se abre, a
herança dela se transmite e é adquirida pelos sucessores 
O patrimônio deixa de ser de seu titular e, imediatamente, passa a ser de
seus sucessores 
Sabe-se que a herança foi transmitida, mas não se sabe qual herança foi
transmitida e pra quem ela foi transmitida 
Imóveis: o registro será apenas para fins de publicidade, pois a transmissão
da propriedade se da com a morte da pessoa
A sucessão hereditária é, por si só, um modo de aquisição de
propriedade 
“Saisine”
Expressão em francês que significa que a propriedade se transmite
no momento da morte 
Essa expressão vem de uma frase que ficou famosa no período do
direito francês medieval: “o morto agarra o vivo” (“le mort saisit le vif”)
Nessa época, para que o herdeiro adquirisse a propriedade da
herança, precisava remunerar o senhor feudal e isso gerava muita
insatisfação 
No momento em que a pessoa morria e agarrava o vivo, a
herança dele era transmitida diretamente para o vivo, sem a
interferência do senho feudal 
Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka: “A sucessão considera-se
aberta no instante mesmo ou no instante presumido da morte de
alguém, fazendo nascer o direito hereditário e operando a substituição
do falecido por seus sucessores a título universal nas relações jurídicas
em que aquele figurava. Não se confundem, todavia. A morte é
antecedente lógico, é pressuposto e causa. A transmissão é
conseqüente, é efeito da morte. Por força de ficção legal, coincidem em
termos cronológicos, (1) presumindo a lei que o próprio de cujus
investiu seus herdeiros (2) no domínio e na posse indireta (3) de seu
patrimônio, porque este não pode restar acéfalo. Esta é a fórmula do
que se convenciona denominar ‘droit de saisine'”
Pela saisine, o que é que se transmite, a posse ou a propriedade da
herança?
Isso varia de lugar para lugar. Essa ideia apareceu no direito
português, no sentido de que era a propriedade da herança que
se transmitia com a morte.
Em 1974, o Rei de Portugal publicou um alvará determinando que,
para evitar os inconvenientes da transmissão da herança, a morte
passava para os herdeiros, também, a posse civil da herança.
Então, o herdeiro seria, além de proprietário, também
possuidor e poderia proteger a propriedade e a posse
Considerando a teoria da posse adotada pelo Brasil, a posse
“civil” transmitida para os herdeiros no momento da morte seria a
posse indireta da herança 
No Direito brasileiro a ideia da transmissão da herança transmite
tanto a propriedade, quanto a posse (posse indireta), portanto
os sucessores podem proteger sua propriedade e sua posse de
alguma violação 
STJ: “O Princípio da Saisine, corolário da premissa de que 
inexiste  direito  sem  o  respectivo  titular, a herança,
compreendida como sendo o acervo de bens, obrigações e
direitos, transmite – se, como  um  todo, imediata e
indistintamente  aos herdeiros.  Ressalte-se, contudo, que os 
herdeiros,  neste  primeiro momento,  imiscuir-se-ão  apenas  na 
posse  indireta  dos  bens transmitidos. A posse  direta  ficará 
a cargo de  quem detém  a posse de fato dos bens deixados pelo
de cujus  ou  do  inventariante,  a  depender  da  existência  ou 
não  de inventário aberto”
A herança não pode ficar nenhum momento sem proprietário 
O receio era da ocupação das coisas sem dono/abandonadas (a
coisa sem dono é adquirida pela pessoa que toma a posse para
si) 
Res nulls e res derelicta
Hoje, no Brasil, só é possível adquirir a propriedade por ocupação
de bens móveis 
Mas, como a herança não fica nem um momento sem dono, não
há como adquirir sua propriedade por ocupação 
Se a pessoa não tem nenhum herdeiro, a herança se personifica
e se torna dona de si mesma 
Chamada herança jacente 
Se algum herdeiro aparecer no prazo legal, será adquirida
por ele
Se não aparecer herdeiro, após o prazo, ela será
incorporada pelo município ou pelo DF 
É preciso saber o exato momento em que a pessoa morreu
A lei que rege a sucessão é a lei que estava em vigor no
momento da morte 
Considerar regras da lei complementar 95/98
“O parágrafo 2º do art. 8º da Lei Complementar Federal nº
95/98, alterada pela LCF nº 107/2001, determina
expressamente que as leis brasileiras (todas elas) devem
estabelecer prazo de vacância em dias, somente em dias (e
não em anos ou em meses), com a cláusula “esta lei entra
em vigor após decorridos (o número de) dias de sua
publicação” (Ler mais) 
Ela diz que a lei entra em vigor no dia subsequente do final
do prazo estabelecido na cláusula de vacância 
“a contagem do prazo para entrada em vigor das leis
que estabeleçam período de vacância far-se-á com a
inclusão da data da publicação e do último dia do
prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua
consumação integral“
Essa lei, em um a interpretação literal, diz que prazo de
vacância só pode ser determinado em dias
Segundo essa lei, inclui o dia do início e do final
Então, por exemplo, no caso do CC/2002, o prazo de
vacância de 1 ano teria que ser convertido em dias, com isso
ele entraria em vigor no dia 11/01/2003
STJ: CC/2002 entrou em vigor no dia 11/01/2003 
Mas, o CPC determinou o prazo de vacância da mesma
forma que o CC (em ano), causando mais discussões, até
que o CNJ determinou a interpretação final :
CNJ: CPC/15 entrou em vigor no dia 18/03/2016 (o
prazo teria que ser contado em ano, não há
conversão para dias) 
Aplicando-se a determinação do CNJ, que não
converteu o prazo para dias, o CC/2002 então entraria
em vigor em 12/01/2003 (pois o prazo teria que ser
contado em ano)
Em caso de decisões de Tribunais Superiores, é preciso
considerar a data da publicação da decisão e não a data
em que as decisões foram proferidas 
O lugar da abertura da sucessão, não é o lugar da morte 
O lugar da abertura da sucessão é o lugar do último domicílio do
morto 
É preciso verificar a data da morte, a hora da morte (considerar fuso
horário) e o local da morte para saber quais regras serão aplicáveis
Como saber quando a pessoa morreu? 
O CC diz que personalidade da pessoa se extingue com a morte, mas o que
é a morte ? 
O entendimento é que, para o direito, morte seria a morte cerebral ou
encefálica 
Mas, os médicos normalmente dão o atestado de óbito com base na
parada cardiorrespiratória, porque o procedimento é mais barato e mais
rápido

Direitos e modos de sucessão 

Porque alguém herda e como essa pessoa irá herdar


Sucessão legítima
Vários membros da família recebem o direito sucessório. Essa lista é extensa
para que exista uma chance maior de alguém receber a herança
Ordem de preferência:
Descendentes de grau mais próximo
Ascendentes de grau mais próximo
Cônjuge/companheiro
Colaterais até o 4 grau (tios, avos, sobrinhos, primos e netos)
Regra: sucederão os herdeiros de grau mais próximo do autor da herança
Ordem de vocação hereditária (ordem que os herdeiros serão chamados à
sucessão)
Exemplo: Caio morreu
Direitos: próprio, transmissão 

Modos: por cabeça, por estirpe 

Herdeiros por direito próprio

Regra: sucedem os herdeiros de grau mais próximo 

Sucedem primeiramente os descendentes, depois os ascendentes, depois


cônjuge ou companheiro e depois os colaterais

Os herdeiros chamados em razão das regras de vocação hereditária são


chamados por “direito próprio”

Os herdeiros que sucedem por direito próprio tem direito a um fator igual da
herança
Sucedem “por cabeça”
Conta-se quantos são os herdeiros por direito próprio e se divide a
herança pelo número de herdeiros 
No caso, os herdeiros por direito próprio de caio seriam Breno, Bruna e Davi

Herdeiros por direito de transmissão 


No mesmo exemplo, suponhamos que o Breno morreu após o Caio morrer, mas
antes de ser feito o inventário e a partilha do Caio 
No momento em que o Caio morreu, Breno foi chamado a sucessão. Então,
mesmo tendo morrido antes do inventário e da partilha, Breno herdou
Mas, por conveniência procedimental (pois o morto não poderia participar do
procedimento) e tributária (porque haveria tributação duas vezes), o Breno
não vai participar da partilha do Caio e seus herdeiros serão chamados
a participar, mas não por direito próprio e sim por direito de transmissão 
Agora, Caio passou a ter cinco herdeiros, Bruna, Davi, Léo Theo e Cleo
(que são os herdeiros de grau mais próximo de Breno)
Então, os herdeiros de Breno sucedem por estirpe (“por ramo da
familia”)
A herança continua sendo dividida por três, mas a parte que cabia ao
Breno, será dividida entre sua estirpe 
Ex: Herança do Caio era de R$ 900.000,00
Bruna vai herdar 300, Davi vai herdar 300 e a estirpe de Breno vai
herdar 300 
Então, Leo, Theo e Cleo vão herdar 100 cada um
Sempre que alguém morrer depois de ter herdado e antes de concluídos o
inventário e a partilha vai ter que haver transmissão 
Só há direito de transmissão quando algum herdeiro morrer depois da abertura da
sucessão 
Parte da doutrina vai se referir a esse herdeiro como herdeiro “pós morto”
Agora vamos mudar o exemplo, se em vez do Breno, mas a Bruna tivesse
morrido após a abertura da sucessão de Caio
Como Bruna não tem descendentes, seus herdeiros de grau mais próximo
são seus ascendentes, no caso José e Maria, que serão herdeiros por direito
de transmissão na sucessão de Caio

Herdeiros por direito de representação 


No caso do herdeiro morrer antes da abertura da sucessão, ele não participará
da sucessão 
Ex: morrendo o Breno antes do Caio, ele não participara da sucessão, mas e
seus herdeiros, participarão? 
Diversamente do que acontece com o direito de transmissão, que é natural, aqui o
legislador criou uma regra para atribuir direitos a uma pessoa que em tese
não os teria 
Os descendentes do Breno poderão representar o Breno, que participaria da
sucessão se fosse vivo, mas não participou porque já era morto no momento de
sua abertura
Serão herdeiros por direito de representação 
Serão consideradas as cabeças dos herdeiros de direito próprio e a estirpe dos
herdeiros por representação 
O modo da sucessão por representação, também é por estirpe 
Quem pode ser representado?
Qualquer descendente que teria herdado se fosse vivo,
independentemente do grau 
Quem pode ser representante?
Qualquer descendente do representado, independentemente do grau (o
descendente de grau mais próximo)
Somente o descendente do descente pode representá-lo. Os
ascendentes e colaterais não podem representar o descendente 
Na classe dos colaterais também pode ocorrer direito de representação, mas é
bem mais específico 
Exemplo:

Só o irmão pode ser representado e ele só pode ser


representado pelo filho dele 
Haverá representação se houver irmão premorto que tiver
deixado filho 
No caso do exemplo, se Mário tivesse morrido antes de Caio,
poderia ser representado por Joaquim (seu filho), mas não
poderia ser representado por Clara (sua neta) 
Ex: o neto do irmão não representa, cônjuge de irmão não representa

Herdeiro premorto: aquele que morreu antes da abertura da sucessão e


participaria dela se fosse vivo
Verificar se haverá direito de representação (se tem alguém com
legitimidade para representá-la)
Não há representação na classe dos ascendentes 
Só há direito de representação se houver herdeiro premorto 
A transmissão é para herdeiro posmorto 
A representação é para herdeiro premorto 

Obs: Sucedem os herdeiros que forem vivos do grau mais próximo, não
precisam ser necessariamente os filhos. Os herdeiros vivos de grau mais próximo
sempre sucedem por direito próprio
Ex: Caio morreu depois de seus três filhos:
Então, seus netos vivos é que serão seus descendentes de
grau mais próximo (Léo, Theo, Cleo, João e Clara) e vão
herdar por cabeça 
Quem sucede por direito próprio não são necessariamente os filhos,
mas sim os herdeiros vivos de grau mais próximo 

Ex: Caio morreu  por último e Breno,  Leu e Theu morreram no desastre de
Brumadinho 

Se nao for possível determinar o momento das mortes, eles terão


que ser considerados simultaneamente mortos 
No caso de o Caio ter morrido por último, não importa muito a ordem
das mortes de Breno, Leu e Theu, pois todos morreram antes de
Caio. Breno seria, portanto, herdeiro premorto
Então, haveria direito de representação da descendente mais próxima de
Breno, no caso, Cleo (pois Leo e Theo já morreram). Se a Cleo também
tivesse morrido, os representantes de Breno seriam Ana, Pedro e Vitor (seus
descendentes de grau mais próximo). 

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