Você está na página 1de 5

DIREITOS DAS SUCESSÕES

NOTA DE AULA 1

Prof.ª MS: CAROLINA VASQUES SAMPAIO

1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

A morte é um fato jurídico, ou seja, um acontecimento apto a gerar efeitos no mundo do


direito.

Obs: o natimorto – nascido morto – para a doutrina moderna tem amparo jurídico e
proteção no que concerne aos direitos de personalidade, como nome, imagem e sepultura.

A morte marca o fim da pessoa física ou natural.

Dois tipos de morte:

1. Real – atestada por profissional da medicina ou duas testemunhas se faltar o


profissional, devendo ser levada a registro.
2. Presumida: nos casos de ausência, ou seja, no caso do indivíduo que desaparece
sem deixar qualquer rastro, procurador, representante e nesse caso, o juiz nomeará
um curador especial e nos casos do artigo 7 º do CC, hipóteses em que é provável
a morte de quem estava em risco de vida ou se alguém está desaparecido em
campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o termino da
guerra.

Somente no caso de morte real ou de morte presumida na hipótese do artigo 7º do CC, as


normas sucessórias serão aplicadas, pois no caso de ausência tem regramento próprio.

O que é então o Direito das Sucessões? Conjunto de normas que disciplina a


transferência patrimonial de uma pessoa em função da sua morte. Muda-se a
titularidade de bens.

Três sistemas de sucessões:

1. Sistema de liberdade testamentária – o autor da herança tem plena liberdade de


como dispor do seu patrimônio, independentemente da existência de herdeiros
próximos. Não se admitindo interferências de terceiros ou do próprio Estado.
2. Sistema da concentração absoluta ou obrigatória – toda a herança deve ser
deferida a apenas um sucessor. Sistema que está superado. Antigamente, a herança
em sua totalidade ou maior parte era destinada ao filho mais velho.
3. Sistema da divisão necessária - o autor da herança tem apenas uma margem de
disponibilidade dos seus bens, caso existissem herdeiros necessários.

O ordenamento jurídico brasileiro adota o ultimo sistema.

O que é herança? É o patrimônio deixado pelo falecido.

A morte do titular gera a abertura da sucessão e o patrimônio passa a ser chamado


de herança.

Não integra o conceito de herança o “patrimônio moral”, conjunto de direitos


personalíssimos relativos a pessoa, como direito à vida, honra, privacidade etc.

O direito de herança tem natureza jurídica de ação de natureza imobiliária, pois o objetivo
é imprimir um formalismo a sua eventual cessão e sabe-se que a circulação dos bens
imóveis se dá de forma mais criteriosa e solene.

A sucessão consiste na substituição de pessoas em sua titularidade. Pode-se dar no âmbito


das relações negociais inter vivos, ou seja, entre vivos, quando um bem por exemplo, é
transferido de uma pessoa a outra e também por mortis causa, ou seja, em virtude do
falecimento de alguém o seu patrimônio é transferido a certas pessoas legitimadas a
recebe-lo, isso se dá o nome de sucessão hereditária.

Classificação da sucessão hereditária:

1. Pela matriz normativa


a) Legitima – é aquela que é regrada não pelas normas do testamento, mas pela
própria lei, vale dizer, pelo CC.
b) Testamentária - a transmissibilidade da herança é por um ato jurídico
negocial, especial e solene, o chamado testamento.

2. Pelo conjunto de bens transmitidos


a) Universal - é o herdeiro – que recebe uma fração ou toda a herança;
b) Singular - é o legatário – recebe um bem ou determinado direito.
Princípios do Direitos das Sucessões:

Não existe uma positivação expressa de princípios, desse modo, a doutrina costuma
trabalhar importantes princípios do direito civil que tem relevância no direito das
sucessões e além disso, é importante elencar princípios específicos do direito sucessório.

Princípios gerais:

1. Dignidade da pessoa humana: princípio fundamental do nosso ordenamento


jurídico, relacionado a existência humana - o princípio assegura o direito de
viver plenamente.
2. Igualdade: do ponto de vista formal e material. Ex: pouco importa se o filho
é biológico ou não, para o direito sucessório é reconhecida a transmissão causa
mortis a o filho, em respeito a isonomia.
3. Função social da propriedade: o direito sucessório está ligado ao direito de
propriedade, e este é vinculado ao exercício da função social.
4. Boa – fé: eticidade. No direito das sucessões a boa – fé é essencial, inclusive,
para a interpretação dos atos de ultima vontade.
5. Autonomia da vontade: manifestação da vontade como elemento essencial
dos negócios em geral. No âmbito das sucessões ganha relevo principalmente
na sucessão testamentária.

Princípios específicos do direito sucessório:

1. Saísine: reconhecimento, ainda que fictamente, da transmissão imediata e


automática do domínio e posse da herança aos herdeiros legítimos e
testamentários, no momento da abertura da sucessão. É a posse imediata dos
bens daquele que faleceu.

O objetivo é evitar que o patrimônio deixado fique sem titular, enquanto se


aguarda a transferência definitiva dos bens aos sucessores do falecido.

Esse princípio não dá ao sucessor, herdeiro ou legatário, direito imediato ao bem


exclusivo da herança.

Os herdeiros, com a abertura da sucessão, passarão a ter um direito abstrato,


mesmo que seja único herdeiro, o exercerá em face da universalidade de bens
deixados, não sendo permitido, a nenhum dos sucessores, sem autorização
judicial, qualquer procedimento enquanto não concluído o procedimento de
arrolamento ou inventário, alienar bem exclusivo da herança.

Em relação aos legatários, só terão posse dos bens deixados quando o herdeiro
conceder.

2. Non ultra vires hereditatis: a expressão ultra vires hereditatis se traduz em


“além do conteúdo da herança”.
Partia-se da ideia que o herdeiro ao aceitar a herança podia ser obrigado a
pagar dívidas e cumprir obrigações, não só com os bens do patrimônio do
morto, mas também com os seus próprios bens.
Era a chamada herança maldita ou danosa.
Atualmente, por força da lei, as dívidas do falecido, de fato, devem ser pagas
apenas com seu próprio patrimônio, não ultrapassando as forças da herança.

3. Territorialidade: a sucessão abre-se no lugar de ultimo domicílio do falecido.

É o local da abertura do inventário.

Se tiver vários domicílios, poderá ser aberto em qualquer um deles.

Se o domicílio for incerto será aberto no lugar onde situam-se os bens,

Se os bens se encontram em diversos locais será o local de óbito do de cujus.

4. Temporariedade: a lei aplicada é a vigente ao tempo da abertura da sucessão.


O objetivo dessa regra é garantir a segurança jurídica.

5. Respeito à vontade manifestada: em respeito a autonomia da vontade. Tal


princípio, inclusive, deve prevalecer, no caso de irregularidades
testamentárias formais, ou de modificações supervenientes de fato, se for
possível verificar qual a intenção do testador.

Noções sobre direito das sucessões:

A sucessão se dá por lei ou disposição de ultima vontade.


Antigamente, falava-se primeiro em disposição de ultima vontade e depois lei, mas houve
essa modificação legislativa ao se observar que no Brasil não há uma cultura disseminada
na elaboração de testamento.

Na ausência de testamento ou sendo impossível produzir seus efeitos, prevalecerá a


herança legítima, segundo as regras de vocação hereditária.

Obs: o patrimônio moral não é transmissível, o que não impede de quando a memória do
morto for atingida, pela prática de certos atos, a ofensa acabe por atingir a esfera
existencial dos seus próprios parentes. Nesse caso, existe uma aparente sucessão moral,
mas na verdade o que existe é uma lesão a um direito reflexo.

Pessoa jurídica pode ser destinatária de massa patrimonial? SIM.

Mas as regras não se aplicam no caso de extinção da pessoa jurídica.

Você também pode gostar