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Introdução ao

Direito Sucessório

Direito de Sucessão
6º período
Prof.a. Ma. Marina Moreira
O que vocês acham que é o Direito
de Sucessão...
O que realmente é!
1) O significado da expressão
direito sucessório:
a) Sentido amplo:
Analisando a expressão em sentido amplo, compreende-se que suceder significa
substituir. Essa substituição pode se dar de modo:
• Objetivo: quando relacionado ao objeto da relação jurídica (sucessão real);
• Subjetiva: quando referente aos sujeitos dessa relação.
Na sucessão subjetiva, esta pode ocorrer ainda em vida (inter vivos) ou após a
morte (mortis causa), que é o que chamamos de sucessão em sentido estrito.

b) Sentido estrito:
A sucessão subjetiva em vida é relacionada com a transmissão de obrigações e
direitos reais, por isso ela não será objeto do nosso estudo esse semestre. Aqui
estudaremos apenas a sucessão pós morte, ou seja, a sucessão em sentido estrito,
denominada simplesmente de Direito Sucessório.
2) Conceito:
Direito Sucessório é o “complexo dos princípios segundo os quais
se realiza a transmissão do patrimônio de alguém que deixa de existir”,
é o “conjunto das normas reguladoras da transmissão dos bens e
obrigações de um indivíduo em consequência da sua morte”. (Clóvis
Beviláqua).

Maria Helena Diniz: O direito das sucessões vem a ser o conjunto


de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém,
para depois de sua morte, ao herdeiro, em virtude de lei ou testamento
(...) no complexo de disposições jurídicas que regem a transmissão do
ativo e do passivo do de cujus ao herdeiro”.
♥ CESPS. 2017. Promotor de Justiça de Roraima (MPE-RR)
Julgar itens – Alternativa correta: Herança corresponde ao conjunto de
bens deixado pelo falecido e engloba tanto os bens positivos quanto
aos bens negativos.

OBS.: Outro conceito que inicialmente é importante sabermos por ser


muito utilizado na nossa disciplina é o termo “de cujus”, termo esse
que vem do latim e significa “daquele de quem a sucessão se trata” (de
cujus sucessione agitur).
3) Importância da área:
Se temos uma única certeza na vida é a MORTE. Todos nós vamos
morrer, ninguém fica para a luz.
Podemos passar a vida toda sem utilizar diversas áreas e
especializações do Direito, mas ninguém se afastará do Direito
Sucessório, pois é uma decorrência natural da vida humana.
4) Conteúdo do Direito Sucessório:
Segundo Maria Helena Diniz, podemos dividir o Direito das Sucessões em 4 áreas:
1. Sucessão em Geral
2. Sucessão Legítima
3. Sucessão Testamentária
4. Inventário ou partilha

a) Sucessão em geral:
• Abertura da sucessão;
• Administração da herança;
• Vocação hereditária;
• Aceitação e renúncia da herança;
• Herança jacente;
• Excluídos da sucessão;
• Petição de herança.
b) Sucessão Legítima:
• Vocação hereditária;
• Herdeiros necessários;
• Direito de representação.

c) Sucessão Testamentária:
• Capacidade de fazê-la;
• Formas de testamento;
• Codicilo e legados;
• Direitos de acrescer e redução das disposições testamentárias;
• Deserdação;
• Revogação e rompimento do testamento.

d) Inventário ou partilha:
• Sonegados;
• Colações;
• Garantia dos quinhões hereditários;
• Ação de anulação de partilha.
5) Pressupostos do Direito
Hereditário:
• 1º pressuposto: por razões fáticas e jurídicas, e até mesmo por razão
óbvia, a MORTE é o primeiro pressuposto. Sem morte, o direito
sucessório não acontece.
 Vivo o autor da herança, não existe sucessão, pois NÃO há herança de pessoa
viva e, portanto, não pode ser aplicada nenhuma das disposições do Código
Civil a respeito do assunto.

• 2º pressuposto: é necessário que exista pessoas, sejam elas físicas ou


jurídicas, legitimadas a receber a herança. Não só é preciso que exista
o falecido para transmitir os direitos sucessórios, como também é
fundamental que existam aqueles que estejam aptos a recebe-la (os
herdeiros).
6) Fundamento do Direito
Sucessório:
Art. 5º, XXX, CRFB/88 - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do "de cujus";

O Poder Constituinte originário deu ao direito sucessório um status


constitucional diferenciado a medida que o inseriu no artigo 5º, como um direito e
garantia fundamental, considerado, portanto, uma cláusula pétrea.
Sendo um direito fundamental e uma cláusula pétrea, é possível afirmar
que o direito sucessório está sujeito ao princípio do não retrocesso e sua eficácia é
horizontal. Deste modo, o Poder Constituinte derivado jamais poderá retirar essa
disciplina do Código Civil, em observância ao garantismo constitucional.
Além do mais, o inciso XXXI do art. 5º da CRFB assegura a aplicação da
norma hereditária mais favorável ao brasileiro, entre a nacional e estrangeira,
quando for cônjuge ou filho brasileiro de de cujus estrangeiro que possua bens no
Brasil.
♥ FCC. 2018. Promotor de Justiça de Pernambuco (MPE-PB)
Gabarito: do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido,
qualquer que seja a natureza e situação dos bens, mas a sucessão de
bens estrangeiros situados no Brasil será regulada pela lei brasileira, em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou quem os represente,
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”.

Art. 227, CRFB. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,


ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
Atualmente não existe mais diferença entre os filhos em função de sua
origem, de modo que pouco importa se o filho é fruto de casamento,
união estável, adoção, concubinato... A sucessão ocorrerá de forma
isonômica, com igualdade filial.

OBS.: Existem várias situações que envolvem direito de sucessão e que


não estão dispostas na Constituição e nem mesmo no Código Civil,
sendo necessário o operador do Direito se valer de normas especiais
para enfrentar questões sucessórias com preceitos específicos (ex.:
saldos em contas individuais do FGTS e PIS-PASEP, restituição de
imposto de renda e outros tributos, saldos em contas bancárias e
fundos dei investimentos, quantias devidas pelos empregadores).
7) Natureza jurídica da herança:
Flávio Tartuce: A sucessão aberta é considerada um bem imóvel por
força de lei, ou seja, um bem imóvel por determinação legal, ainda que
a universalidade em questão seja composta apenas por coisas móveis,
tais como veículos, dinheiro, ações, etc.

A herança é BEM legalmente IMÓVEL, submetida ao regime jurídico de


um CONDOMÍNIO INDIVISÍVEL, surgindo, a partir de então, o juízo
universal da herança (conceito de direito material).

Art. 80, CC. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


II - o direito à sucessão aberta.
• A consequência de a herança ser qualificada como um bem
imóvel é que ela necessariamente exigirá escritura pública, assim
como a sua renúncia, sob pena de nulidade absoluta por vício de
forma (art. 104 e 166, IV, CC).

• Por ser imóvel, exige-se a outorga conjugal, independente de ser


o autor da herança o único dono do bem (art. 1.647, I, CC).

• Por ser um condomínio, os herdeiros devem contribuir na


proporção de suas cotas para a despesa e conservação da coisa,
devendo suportar todos os ônus das quais está sujeita (art. 1.315,
CC). Os herdeiros ficam na condição de composse, porque são
condôminos.
A herança é considerada ainda uma UNIVERSALIDADE DE DIREITO, pois
ela é “o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de
valor econômico” (art. 91, CC). Ela é assim definida no art. 1.791, CC:

Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que


vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à
propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas
normas relativas ao condomínio.

♥ CESPE. 2016. Juiz de Direito do Distrito Federal (TJ-DFT).


INCORRETA: A herança é considerada um bem divisível, antes mesmo
da partilha.
STJ – REsp. 515175/RJ - CIVIL E PROCESSO CIVIL. SUCESSÃO.
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ESPÓLIO CONTRA
HERDEIRO.

Em linha de princípio, pode a viúva inventariante, em seu


nome ou em nome do espólio, promover ação de
reintegração de posse contra herdeiro que praticar esbulho
em bem da herança, mas essa regra deve ser interpretada
com temperamento. Pelas peculiaridades da espécie, a
ocupação de imóvel do espólio, por um dos herdeiros, não
configura esbulho. Recurso conhecido e provido.
8) Pessoa Jurídica de direito
público e o direito hereditário:
Algumas pessoas jurídicas de direito público interno (U/M/DF) podem se
tornar proprietárias de heranças no caso do art. 1.844, CC:

Art. 1.844, CC. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum
sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao
Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando
situada em território federal.

ATENÇÃO:
Súmula 149 do STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade,
mas não o é a de petição de herança.
• O STJ entende que o prazo da pretensão da petição de herança era
contado da partilha, se o autor da demanda tinha conhecimento da
paternidade. Contudo, se o autor desconhece a paternidade, o prazo deve
ser de 10 anos, contados a partir da decisão que reconheceu a paternidade.
• Portanto, se o de cujus não possuir cônjuge ou companheiro
sobrevivente ou alguém outro parente apto a suceder, ou se estes
renunciarem a herança, esta deverá ser destinada ao M/DF/U.

⁂ O Poder Público NÃO é herdeiro, mas sucessor anômalo ou irregular,


uma vez que não existe propriedade sem dono, muito menos sem
função social. Se não houver herdeiros, a propriedade deve ser
destinada ao Poder Público.
 As PJ de direito público só receberão herança no caso de
vacância (não há herança sem dono – res nullius) e não consta no rol
de herdeiros necessários apontados na ordem de vocação hereditária.
Assim, o Poder Público não é herdeiro, mas apenas sucessor anômalo,
criado apenas por fundamento político social.
9) O Pacto de Corvina:
a) Fundamento:
O direito brasileiro NÃO admite contrato que tenha como objeto
herança de pessoa viva. Caso ocorresse, seria uma relação jurídica com
objeto ilícito, vedado em lei, sendo passível de nulidade absoluta (art.
166, II e VII, CC).

Art. 426, CC. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa
viva.

Art. 166, CC. É nulo o negócio jurídico quando:


II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
b) Conceito:
A nomenclatura Pacto de Corvina (pactu corvinus) é derivado do termo em
latim da palavra corvino, ou o que vem do corvo. A expressão sinônima é a
“proibição do pacto sucessório”, uma vez que o pressuposto da incidência do
direito sucessório é a morte e, por isso, não se pode realizar contratos que
tenham como objeto futura herança de pessoa ainda viva.

EXCEÇÃO: A partilha em vida é uma vedação ao Pacto de Corvina, pois


considera válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos e de
última vontade, desde que não prejudique a legítima dos herdeiros
necessários (art. 2.018, CC).

Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de
última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros
necessários.

☆ Curiosidade! Na Alemanha e na Suíça é permitido o pacto sucessório.


10) Conceitos fundamentais:
a) De cujus:
Chamado também de de cujus sucessione agitur ou extinto ou inventariado ou
falecido ou autor da herança.
É aquele que o falecimento gera a transferência proprietária. É o morto.

b) Herança:
Recebe também a nomenclatura de massa hereditária ou patrimônio hereditário
ou acervo hereditário monte (mont mor).
É uma UNIVERSALIDADE DE DIREITO, ou seja, um complexo de relações jurídicas
deixado por uma pessoa com valor econômico (art. 91, CC). É um bem IMÓVEL (art.
80, II, CC), um CONDOMÍNIO INDIVIDÍVEL. Ainda que o herdeiro titularize apenas
1% do patrimônio hereditário, poderá sair na defesa do todo.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma
pessoa, dotadas de valor econômico.
c) Sucessor:
É aquele que sucede, o que vai dar continuidade as relações jurídicas
titularizadas pelo falecido. É um gênero que possui como espécies o
herdeiro e o legatário. O herdeiro pode ser legitimo ou testamentário
e, sendo legítimo, este pode ser necessário ou facultativo.
d) Herdeiros e legatários:
São espécies de sucessores. Os herdeiros recebem a título universal em
percentual da herança. Já os legatários são pessoas certas e determinadas
que recebem bens certos e determinados, estabelecidos por meio de
testamento.

e) Herdeiro legítimo e testamentário:


O legítimo é aquele beneficiado por força de lei (art. 1.829, CC) e o
testamentário por força da vontade do autor da herança.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:


I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
f) Herdeiros necessários e facultativos:
Os necessários são aqueles previstos no art. 1.845, CC (descendentes,
ascendentes e cônjuge).

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

☆ O CC/16 apenas fazia referencia aos ascendentes e descendentes. O


Código atual melhorou o posicionamento do cônjuge.

g) Legítima:
Representa a quota indisponível do patrimônio do falecido. Trata-se de cota
fixa e invariável, segundo o Código Civil Brasileiro.

☆ Curiosidade! Os ordenamentos de Portugal, França e Itália estabelecem as


cotas variáveis de acordo com a qualidade e quantidade de herdeiros
necessários.
h) Espólio:
É a expressão processual da herança. É a herança em juízo, em movimento.
Quem o representa é batizado de inventariante.

i) Inventário e Partilha:
Inventário é um procedimento obrigatório que tem por finalidade arrecadar
a herança e partilhá-la. Nesse procedimento é realizada uma arrecadação do
patrimônio do falecido, apurando os ativos e passivos. Depois dessa
arrecadação é feita a partilha, que é justamente a divisão patrimonial.
• Trata-se, portanto, de um procedimento bifásico (inventário +
partilha).
• Atualmente já se permite que sejam realizados o inventário e partilha
por meio extrajudicial, como estudaremos no decorrer do semestre.
11) Princípios:
a) Princípio de Saisine ou Droit Saisine:
Este princípio tem origem no direito dos primórdios franceses da
expressão “le mort saisit le vif, son hoir pel plus proche, habile à lui suceder”,
ou seja, o morto prende o vivo, seu herdeiro mais próximo, hábil a lhe
suceder.
A saisine é presente no art. 724 do Código Civil francês o qual remete
a ideia de que com a morte a herança do morto se transmite imediatamente
aos sucessores, independentemente de qualquer ato do herdeiro.

O Princípio de Saisine é conhecido também como delação ou


devolução sucessória ou ainda de delação hereditária, de modo que com a
morte do hereditando, os seus herdeiros recebem as suas obrigações, sua
propriedade de coisas móveis e imóveis e seus direitos.
Art. 1.784, CC: Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos
herdeiros legítimos e testamentários.

Art. 1.207, CC: O sucessor universal continua de direito a posse do seu


antecessor, e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do seu
antecessor para os efeitos legais.

⁂ Consequências:
• Os herdeiros já são titulares da herança mesmo sem o registro da mesma
no cartório competente, ainda que se trate de bem imóvel (é uma
EXCEÇÃO à exigência do registro público típica dos direitos reais).
• O herdeiro obtém a propriedade antes mesmo do processo de inventário
ser concluído (a decisão da partilha tem efeito ex tunc – retroativos – à
data do óbito).
☆ OBS.: A transmissão imediata da propriedade se condiciona a um evento
futuro, qual seja, o da aceitação da herança (art. 1.805, CC – efeito ex tunc).
A legislação brasileira admite a renúncia da herança, a exclusão, a
indignidade..
♥ FCC. 2016. Defensor Público (DPE-BA)
No direito das sucessões, o droit de saisine
a) não foi incorporado ao direito brasileiro, uma vez que é necessário a
aceitação da herança para que seja transferida a propriedade e a posse dos
bens herdados.
b) se aplica ao Município quando ele é sucessor em razão da vacância da
herança, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
c) determina que a herança será transmitida, desde logo, tanto aos herdeiros
legítimos como aos testamentários, no exato momento da morte,
independentemente de quaisquer outros atos.
d) permite que o herdeiro ceda qualquer bem da herança considerado
singularmente antes da ultimação da partilha.
e) estabelece que os herdeiros legítimos adquirirem a posse da herança no
exato momento em que tomam ciência do falecimento do autor da herança.
Gabarito: C
b) Princípio da Coexistência:
Para se aplicar o Direito de Sucessão é preciso haver, a um só tempo,
sucessor e sucedido, ou seja, hereditando e herdeiro, testador e legatário.
Nesse sentido, é fundamental também que o sucessor esteja vivo quando do
falecimento do de cujus.

Art. 1.788, CC: Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no
testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado
nulo.

Súmula 590 do STF: Ação Anulatória. Pretensão de subsistência de sucessão legítima.


Inadmissibilidade se existe testamento válido. Interpretação do art. 1.575, CC.

• A referida súmula afirma que a existência de testamento válido afasta


a subsistência da sucessão legítima.
• Taturce sustenta que o período entre a data do óbito (art. 1.784, CC) e
a data da aceitação da herança (art. 1.805, CC) é denominado de delação
hereditária ou devolução sucessória. E é nesse período que o ideal da
coexistência deve ser buscado.
c) Princípio da Intangibilidade da Legítima:
A legislação brasileira se preocupa em destacar uma parte da propriedade
hereditária (espólio) em benefício dos herdeiros necessários. Essa parte da
propriedade é denominada de LEGÍTIMA. Desse modo, havendo herdeiros
necessários. Eventual testamento somente poderá dispor sobre metade da
herança (art. 1.189, CC).

♥ CESPE. 2016. Juiz de Direito Substituto (TJ/DFT)


O testador só poderá dispor de um terço da herança no caso de haver
herdeiros necessários (INCORRETA).

Aqui no Brasil a liberdade de testar não é plena. Isso porque há uma


limitação de ordem pública em função do respeito à legítima. Os herdeiros
necessários (legitimatários ou herdeiros forçados) são titulares dessa parte
indisponível.
⁂ Quem são os herdeiros necessários?
• Descendentes
• Ascendentes
• Cônjuge
Então, se o de cujus possuir filhos, netos, bisnetos (descendentes), ou pais, avós,
bisavós (ascendentes), ou se for casado, significa dizer que o testamento somente
poderá dispor de metade de herança.

Art. 1.845, CC: Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos
bens da herança, constituindo a legítima.

☆ Curiosidade! A lei civil não inseriu o companheiro no rol dos herdeiros


necessários, aspecto que acarreta um problema de interpretação jurídica,
principalmente por força do princípio da igualdade.
Todavia, o companheiro, por interpretação extensiva, é considerado herdeiro
necessário, ocupando a mesma condição do cônjuge. Essa é um tendencia que já
é consolidada na doutrina majoritária e também é presente em algumas decisões
recentes do STJ.
Enunciado 641 da VIII Jornada em Direito Civil: A decisão do Supremo Tribunal Federal
que declarou que a inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil não importa
equiparação absoluta entre o casamento e a união estável. Estendem-se à união estável
apenas as regras aplicáveis ao casamento que tenham por fundamento a solidariedade
familiar. Por outro lado, é constitucional a distinção entre os regimes, quando baseada na
solenidade do ato jurídico que funda o casamento, ausente na união estável.

♥ CONSUPLAN. 2018. Titular de Serviços de Notas e de Registro (TJ/MG)


O companheiro sobrevivente
Gabarito: é herdeiro necessário.

♥ FCC. 2018. Defensor Público (DPE-AM)


Cirilo e Maria Joaquina viveram em regime de união estável desde 1987. Morto Cirilo,
Maria Joaquina pede que seja considerada a única herdeira de seu companheiro, o que é
contestado por dois primos-irmãos dele, únicos parentes seus, colaterais em quarto grau,
que pleiteiam dois terços da herança. Nessas circunstancias, o pedido
Gabarito: de Maria Joaquina deverá ser deferido, uma vez que, no sistema constitucional
vigente, decidiu-se ser inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre
cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado em ambos os casos o regime jurídico
estabelecido para os cônjuges.
d) Tempus regit actum:
O tempo rege o ato, é essa expressão de origem latina tempus regit
actum. Isso significa que os fatos, atos e negócios jurídicos são regidos
pela norma do momento que aconteceram.

Art. 1.787, CC: Regula-se a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao
tempo da abertura daquela.

Art. 2.041, CC: As disposições deste Código relativas à ordem de vocação


hereditária (arts. 1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua
vigência, prevalecendo o disposto na lei anterior.

A norma não se preocupa com alterações futuras que, eventualmente,


venham a incluir alguém na qualidade de herdeiro, pois isto não irá
interferir na sucessão, muito menos nos legitimados a suceder.
INTERVALO!

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