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ESTUDO DE JURISPRUDÊNCIA DE DIREITO CIVIL

DIREITO DAS SUCESSÕES


Sucessão legítima:
 Não há direito real de habitação sobre imóvel comprado pelo falecido em copropriedade com
terceiro.
- O direito real de habitação é uma exceção e deve ser suportado pelos herdeiros do de cujus (não quem
já era proprietário do imóvel antes do óbito).
- TESE 10: não subsiste o direito real de habitação se houver copropriedade sobre o imóvel antes da
abertura da sucessão ou se, àquele tempo, o falecido era mero usufrutuário do bem.
- art. 1.831 do CC e art. 6º, caput, da CF/88 e art. 1º, III, da CF.

 O espólio não possui legitimidade passiva ad causam na ação de ressarcimento de remuneração


indevidamente paga após a morte de ex-servidor e recebida por seus herdeiros.
- Espólio é o ente despersonalizado que representa a herança em juízo ou fora dela;
1) Não possui personalidade jurídica;
2) Capacidade para praticar atos jurídicos;
3) Legitimidade processual.

- É representado pelo inventariante ou por um administrador provisório.


- A ação deverá ser proposta contra os herdeiros, pois o recebimento indevido configurou ato ilícito,
conforme 884 do CC.
- O espólio seria responsável se o morto tivesse deixado dívidas, o que não ocorreu – art. 796 do CC.

 Se o herdeiro renunciou a herança, não tem legitimidade para ação que busca a nulidade de uma
alienação realizada pelo de cujus em vida considerando que, mesmo se anulada a venda, não terá
qualquer direito sobre esse bem. (irmã que vendeu imóvel para irmão sem outro saber. O irmão
que renunciou sentiu lesado e quis desfazer a venda).
- Aceitação: pura e total.
Expressa, tácita e presumida (o herdeiro ficar calado dentro do prazo de manifestação atribuído
pelo juiz).
- Renúncia: SEMPRE EXPRESSA – TERMO JUDICIAL OU INSTRUMENTO PÚBLICO.
Abdicativa: o herdeiro renuncia pura e simplesmente a herança. A parte que lhe cabia na herança é
dividida igualmente entre os demais herdeiros como se o renunciante nunca tivesse existido.
Translativa: o herdeiro “ renuncia” a herança em favor de alguém. Na verdade, tecnicamente não seria
uma renúncia, mas sim uma cessão de direitos em favor de uma pessoa e ninguém pode ceder algo que
renunciou.

 O cônjuge ou companheiro sobrevivente possui direito real de habitação mesmo que seja
proprietário de outros bens.
- O objetivo da lei é permitir que o cônjuge/companheiro sobrevivente permaneça no mesmo imóvel
familiar que residia ao tempo da morte como forma, não apenas de concretizar o direito constitucional à
moradia, mas também por razões de ordem humanitária e social, já que não se pode negar a existência
de vínculo afetivo e psicológico estabelecido pelos cônjuges/companheiros com o imóvel em que, no
transcurso de sua convivência, constituíram não somente residência.
- Desde que o imóvel integre o patrimônio comum ou particular do de cujus.
- ÚNICO IMÓVEL A INVENTARIAR - 1) não pode haver mais de um imóvel destinado a fins
residenciais; e 2) relativização, pois defendem que por razões de ordem humanitária e social, tendo em
vista o apego emocional do cônjuge/companheiro sobrevivente em relação a este lar.
IMPORTANTE: - o regime de bens do casamento não interfere no reconhecimento do direito real de
habitação.
- Os filhos exclusivos do de cujus não interfere no direito real de habitação.
- Direito vitalício para o CC/02. O CC/16 previa esse direito apenas até o novo vínculo matrimonial do
cônjuge sobrevivente. O STJ já decidiu que em sucessões abertas na vigência do CC de 1916 o cônjuge
sobrevivente tem direito real de habitação enquanto permanecer viúvo.
- O Direito de habitação não precisa ser inscrito no registro imobiliário.
Mas a Lei nº 9.278/96 ainda persiste? Ainda está em vigor mesmo com o Código Civil de 2002?
SIM. O Código Civil de 2002 não revogou as disposições constantes da Lei nº 9.278/96, subsistindo a norma
que confere o direito real de habitação ao companheiro sobrevivente diante da omissão do Código Civil em
disciplinar tal matéria em relação aos conviventes em união estável, consoante o princípio da especialidade.
- A companheira ou cônjuge tem o direito de habitação mesmo se o de cujus deixar valor suficiente em seguro
de vida ao cônjuge para que este compre uma nova residência. O Seguro de vida não está sujeito às dívidas do
segurado, nem se considera herança para todos os efeitos de direito. Dessa forma, se o dinheiro não se insere no
patrimônio do de cujus, não há falar em restrição do direito real de habitação, porquanto o imóvel adquirido
pela companheira sobrevivente não faz parte dos bens a inventariar.
 Em caso de sucessão causa mortis do companheiro deverão ser aplicadas as mesmas regras da
sucessão causa mortis do cônjuge.
- Sucessão legítima é a transmissão do patrimônio do falecido para os seus herdeiros, segundo uma ordem,
que chamada de ordem de vocação hereditária, sendo prevista no art. 1.829 do CC.
No art. 1.845 do CC há o rol dos herdeiros necessários e nele não consta o companheiro sobrevivente. O
STF chegou a analisar este dispositivo? Pode-se afirmar que, pela decisão do STF, o companheiro
sobrevivente é agora herdeiro necessário?
NÃO. Veja o que diz o art. 1.845 do CC:
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
 
O STF, em embargos de declaração, afirmou que “não houve discussão a respeito da integração do
companheiro ao rol de herdeiros necessários” (STF. Plenário. RE 878694 ED, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 26/10/2018). Em outras palavras, o STF não analisou o art. 1.845 do CC. Não houve uma
declaração expressa se o companheiro sobrevivente é ou não herdeiro necessário.
Particularmente, entendo que o companheiro deve ser considerado herdeiro necessário. Essa é a posição
majoritária da doutrina. No entanto, o que estou afirmando é que não houve ainda decisão expressa do STF
nesse sentido.
O STF apreciou o tema em sede de recurso extraordinário submetido à repercussão geral e fixou a seguinte
tese:
No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre
cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no artigo 1.829
do Código Civil.
STF. Plenário. RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso e RE 878694/MG,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 10/5/2017 (repercussão geral) (Info 864).

 Cláusula de incomunicabilidade
- A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem transferido por doação ou testamento só produz
efeitos enquanto viver o beneficiário, sendo que, após a morte deste, o cônjuge sobrevivente poderá se
habilitar como herdeiro do referido bem, observada a ordem de vocação hereditária.
- A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem não interfere na vocação hereditária. Assim, se o
indivíduo recebeu por doação ou testamento bem imóvel com a referida cláusula, sua morte não impede
que seu herdeiro recebe o mesmo bem.
- O objetivo da cláusula é evitar que o bem transmitido fique pertencendo também ao cônjuge do
beneficiário. Ela perde a eficácia quando à morte da beneficiaria.
 Discussão de culpa na sucessão do cônjuge separado de fato há mais de dois anos.
- O art. 1.830 do CC – que discute a culpa ainda está em vigência e é aplicado segundo STJ.
- A doutrina critica a culpa nas relações familiares.
- Em regra, o cônjuge separado há mais de dois anos não é herdeiro, salvo se ele provar que não teve
culpa pela separação.

I – Situações em que o cônjuge herda em II – Situações em que o cônjuge não herda


concorrência com os descendentes em concorrência com os descendentes
·  Regime da comunhão parcial de ·   Regime da comunhão parcial de
bens,                 se existirem bens particulares bens,                  se não havia bens
do falecido. particulares do falecido.
·  Regime da separação convencional de bens ·   Regime da separação legal (obrigatória) de
(é aquela que decorre de pacto antenupcial). bens (é aquela prevista no art. 1.641 do CC).
·  Regime da participação final nos aquestos. ·   Regime da comunhão universal de bens.

MUDANDO DE ASSUNTO: O cônjuge independente de qual seja o regime de bens adotado pelo casal, é
herdeiro necessário. No regime de separação convencional de bens o cônjuge sobrevivente concorre com os
descendentes do falecido. A lei afasta a concorrência apenas quanto ao regime da separação legal de bens
previsto no art. 1.641 do CC. SÚMULA SOBRE O ASSUNTO
 Direito de o herdeiro exigi a colação mesmo que ainda não concebido no momento da doação.
(INFO 563)
- Segundo STJ é irrelevante se o herdeiro nasceu antes ou após a doação, não havendo também
diferença entre os descendentes, se são eles irmãos germanos ou unilaterais ou se supervenientes à
eventual separação ou divórcio do doador.
 União estável alegada em ação de manutenção de posse para assegurar direito real de habitação.
- É admissível que a companheira, mesmo que não tenho buscado em ação própria o reconhecimento da
união estável antes do falecimento, invoque o direito real de habitação em ação possessória, a fim de ser
mantida na posse do imóvel em que residia com o falecido.
- Decidir ao contrário é negar proteção justamente a pessoa para o qual o instituto foi desenvolvido e em
momento qual ele é o mais efeito.
 ESPOSA SUPÉRSTITE NÃO TEM DIREITO REAL DE HABITAÇÃO SE O IMÓVEL
PERTENCIA TAMBÉM AOS IRMÃOS DO FALECIDO.

 COMPANHEIRA SOBREVIVENTE TEM DIREITO REAL DE HABITAÇÃO DE QUE


TRATA O ART. 1.831 DO CC.
- A companheira faz jus ao direito real de habitação sobre o imóvel no qual convivia com o
companheiro falecido, ainda que tenha adquirido outro imóvel residencial com o dinheiro recebido do
seguro de vida do de cujus.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 50: UNIÃO ESTÁVEL
 
1) Os princípios legais que regem a sucessão e a partilha não se confundem: a sucessão é disciplinada pela lei
em vigor na data do óbito; a partilha deve observar o regime de bens e o ordenamento jurídico vigente ao tempo
da aquisição de cada bem a partilhar.
 
2) A coabitação não é elemento indispensável à caracterização da união estável.
 
3) A vara de família é a competente para apreciar e julgar pedido de reconhecimento e dissolução de união
estável homoafetiva.
 
4) Não é possível o reconhecimento de uniões estáveis simultâneas.
A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a exceção do artigo 1.723,
§ 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para
fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento
jurídico-constitucional brasileiro.
STF. Plenário. RE 1045273, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/12/2020 (Repercussão Geral –
Tema 529).
 
5) A existência de casamento válido não obsta o reconhecimento da união estável, desde que haja separação de
fato ou judicial entre os casados.
 
6) Na união estável de pessoa maior de setenta anos (art. 1.641, II, do CC/02), impõe-se o regime da separação
obrigatória, sendo possível a partilha de bens adquiridos na constância da relação, desde que comprovado o
esforço comum.
 
7) São incomunicáveis os bens particulares adquiridos anteriormente à união estável ou ao casamento sob o
regime de comunhão parcial, ainda que a transcrição no registro imobiliário ocorra na constância da relação.
 
8) O companheiro sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel no qual convivia com o falecido,
ainda que silente o art. 1.831 do atual Código Civil.
 
9) O direito real de habitação pode ser invocado em demanda possessória pelo companheiro sobrevivente, ainda
que não se tenha buscado em ação declaratória própria o reconhecimento de união estável.
 
10) Não subsiste o direito real de habitação se houver copropriedade sobre o imóvel antes da abertura da
sucessão ou se, àquele tempo, o falecido era mero usufrutuário do bem.
 
11) A valorização patrimonial dos imóveis ou das cotas sociais de sociedade limitada, adquiridos antes do
início do período de convivência, não se comunica, pois não decorre do esforço comum dos companheiros, mas
de mero fator econômico.
 
12) A incomunicabilidade do produto dos bens adquiridos anteriormente ao início da união estável (art. 5º, § 1º,
da Lei n. 9.278/96) não afeta a comunicabilidade dos frutos, conforme previsão do art. 1.660, V, do Código
Civil de 2002.
 
13) Comprovada a existência de união homoafetiva, é de se reconhecer o direito do companheiro sobrevivente à
meação dos bens adquiridos a título oneroso ao longo do relacionamento.
 
14) Não há possibilidade de se pleitear indenização por serviços domésticos prestados com o fim do casamento
ou da união estável, tampouco com o cessar do concubinato, sob pena de se cometer grave discriminação frente
ao casamento, que tem primazia constitucional de tratamento.
 
15) Compete à Justiça Federal analisar, incidentalmente e como prejudicial de mérito, o reconhecimento da
união estável nas hipóteses em que se pleiteia a concessão de benefício previdenciário.
 
16) A presunção legal de esforço comum quanto aos bens adquiridos onerosamente prevista no art. 5º da Lei n.
9.278/1996, não se aplica à partilha do patrimônio formado pelos conviventes antes da vigência da referida
legislação.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 44: BEM DE FAMÍLIA
 
1) A impenhorabilidade do bem de família prevista no art. 3º, III, da Lei n. 8.009/90 não pode ser oposta ao
credor de pensão alimentícia decorrente de vínculo familiar ou de ato ilícito.
 
2) Os integrantes da entidade familiar residentes no imóvel protegido pela Lei n. 8.009/90 possuem
legitimidade para se insurgirem contra a penhora do bem de família.
 
3) A proteção contida na Lei n. 8.009/1990 alcança não apenas o imóvel da família, mas também os bens
móveis indispensáveis à habitabilidade de uma residência e os usualmente mantidos em um lar comum.
 
4) É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda
obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família (Súmula n. 486/STJ).
Pela Lei nº 8.009/90, somente seria impenhorável o imóvel próprio utilizado pelo casal ou pela entidade
familiar para moradia permanente. O STJ, por meio de uma interpretação teleológica e valorativa, amplia a
proteção.
 
5) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para
efeito de penhora. (Súmula n. 449/STJ)
 
6) O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas e viúvas. (Súmula n. 364/STJ)
 
7) A impenhorabilidade do bem de família é oponível às execuções de sentenças cíveis decorrentes de atos
ilícitos, salvo se decorrente de ilícito previamente reconhecido na esfera penal.
 
8) A exceção à impenhorabilidade prevista no artigo 3º, II, da Lei n. 8.009/90 abrange o imóvel objeto do
contrato de promessa de compra e venda inadimplido.
 
9) É possível a penhora do bem de família para assegurar o pagamento de dívidas oriundas de despesas
condominiais do próprio bem.
 
10) O fato do terreno encontrar-se desocupado ou não edificado são circunstâncias que sozinhas não obstam a
qualificação do imóvel como bem de família, devendo ser perquirida, caso a caso, a finalidade a este atribuída.
 
11) Afasta-se a proteção conferida pela Lei n. 8.009/90 ao bem de família, quando caracterizado abuso do
direito de propriedade, violação da boa-fé objetiva e fraude à execução.
 
12) A impenhorabilidade do bem de família hipotecado não pode ser oposta nos casos em que a dívida
garantida se reverteu em proveito da entidade familiar.
 
13) A impenhorabilidade do bem de família não impede seu arrolamento fiscal.
 
14) A preclusão consumativa atinge a alegação de impenhorabilidade do bem de família quando houver decisão
anterior acerca do tema.
 
15) É legítima a penhora de apontado bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, ante o que
dispõe o art. 3º, inciso VII, da Lei n. 8.009/1990 (Recurso Repetitivo - TEMA 708) (Súmula n. 549/STJ)
Para o STF, o entendimento acima não se aplica para o fiador de locação comercial:
Não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de locação comercial.
Em outras palavras, não é possível a penhora de bem de família do fiador em contexto de locação comercial.
STF. 1ª Turma. RE 605709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa Weber, julgado em 12/6/2018
(Info 906).
 
16) É possível a penhora do bem de família de fiador de contrato de locação, mesmo quando pactuado antes da
vigência da Lei n. 8.245/91, que acrescentou o inciso VII ao art. 3º da Lei n. 8.009/90.
 
17) A impenhorabilidade do bem de família é questão de ordem pública, razão pela qual não admite renúncia
pelo titular.
 
18) A impenhorabilidade do bem de família pode ser alegada em qualquer momento processual até a sua
arrematação, ainda que por meio de simples petição nos autos.
 
19) A Lei n. 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência. (Súmula n. 205/STJ)

NOÇÕES GERAIS DE SUCESSÃO

 O montante recebido a título de aluguéis de imóvel particular do “de cujus” não se comunica à
companheira supérstite após a data da abertura da sucessão.
 Se o companheiro é proprietário de um bem particular e o aluga, o valor dos aluguéis é considerado bem
que entra na comunhão (art. 1.6660, V, CC), de forma que a companheiro é meeira dessa quantia.
Depois que ele morre, essa comunhão termina e a companheira não terá mais direito à metade desse
valor. Os aluguéis que vencerem depois da abertura da sucessão, não estão abrangidos pelo art. 1.660,
V, do CC e devem ser submeter à divisão da herança.
- Lei nº 8.245/91, art. 10.
- Os alugueis integrariam a meação da companheira se estivessem pendentes de pagamentos. Ou seja,
aqueles vencidos e não pagos ao tempo do óbito do proprietário.
 A reserva da quarta parte da herança prevista no art. 1.832 do CC, não se aplica à hipótese de
concorrência sucessória híbrida.
Concorrência sucessória híbrida: ocorre quando o cônjuge/companheiro estiver concorrendo com
descendentes comuns e com descendentes exclusivos do falecido.
- a reserva de ¼ da herança em favor do consorte do falecido ocorrerá apenas quando concorra com seus
próprios descendentes.

Como é feita a divisão da herança entre o cônjuge herdeiro e os descendentes do falecido?


Se o cônjuge estiver concorrendo com Se o cônjuge estiver concorrendo com
filhos, netos ou bisnetos do falecido que filhos, netos ou bisnetos do falecido que não
também sejam seus descendentes sejam seus descendentes
(o cônjuge está concorrendo apenas com (o cônjuge está concorrendo com herdeiros
herdeiros comuns) comuns e com herdeiros exclusivos do
falecido)
Em regra, o cônjuge deverá receber quinhão Em regra, o cônjuge deverá receber quinhão
igual ao que for recebido pelos herdeiros que igual ao que for recebido pelos herdeiros que
sucederem por cabeça. sucederem por cabeça.
Mesmo que sejam muitos herdeiros para Não existe essa previsão de que o cônjuge
dividir, o cônjuge não poderá receber menos deverá receber, no mínimo, 1/4 da herança.
que 1/4 da herança.
Ex1: João faleceu e deixou Maria (cônjuge) e Ex1: Rui faleceu e deixou Laura (cônjuge) e
dois filhos. Significa que Maria e cada um dos dois filhos fruto de outro casamento. Significa
filhos terá direito a 1/3 da herança. que Laura e cada um dos seus enteados terá
Ex2: Pedro faleceu e deixou como herdeiros direito a 1/3 da herança.
Rosa (cônjuge) e 5 filhos. Rosa receberá 1/4 Ex2: José faleceu e deixou como herdeiros
da herança e os outros 3/4 serão divididos Paula (cônjuge) e 5 filhos, sendo 3 filhos
entre os 5 filhos. também de Paula e 2 de um outro casamento
anterior de José. Paula e cada um dos demais
herdeiros receberá 1/6 da herança.
Trata-se daquilo que Giselda Hironaka chama
de “concorrência sucessória híbrida”.

- O art. 1.790 do CC foi declarado, incidentalmente, inconstitucional pelo STF, quando do julgamento
do RE 878.694, sendo determinado que se apliquem também para a união estável as regras do regime
sucessório do casamento. Lembrar que o STF não discutiu se o companheiro é herdeiro necessário (não
analisou o art. 1.845 do CC).
 Herdeiro necessário não precisa trazer à colação os valores que ele economizou ao morar gratuitamente
no imóvel do autor da herança enquanto este era vivo.
- o art. 2002 do CC, ao tratar sobre a colação, fala em doação, o que não se confunde com comodato (é o
empréstimo gratuito de coisas não fungíveis – art. 579 do CC). Da mesma forma, o empréstimo gratuito
não pode ser considerado gasto, para os fins do art. 2.010 do CC, na medida em que o autor da herança
nada despendeu em favor da herdeira a fim de justificar a necessidade de colação.
Colação é...
- o dever imposto pelo Código Civil;
- aos herdeiros necessários do falecido;
- no sentido de que, se eles receberam alguma doação do falecido quando este ainda era vivo;
- serão obrigados a trazer de volta para o monte esses bens;
- a fim de que, reunido todo o patrimônio que pertencia ao morto;
- ele seja partilhado entre os herdeiros na forma prevista na lei.

 Se o falecido deixou apenas companheira (sem ascendentes ou descendentes), ela herdará a totalidade
da herança.
O art. 1.790 do CC é inconstitucional porque viola:
• o princípio da igualdade que deve existir entre casamento e união estável;
• a dignidade da pessoa humana;
• o princípio da proporcionalidade (na modalidade de proibição à proteção deficiente) e
• o princípio da vedação ao retrocesso.

 pedido de abertura de inventário com a regularização processual por meio de nomeação de advogado
implica aceitação tácita da herança.
- a concordância com a avaliação dos bens que compõem a herança também é uma forma de aceitação
tácita da herança. Aceita a herança o herdeiro pode celebrar um negócio jurídico de doação,
transferência, alienação ou de cessão dos direitos hereditários de que seja titular.
 a abertura e processamento da herança jacente constituem poder-dever do magistrado, sendo inadequado
o indeferimento da petição inicial em virtude de irregular instrução do feito por qualquer dos outros
legitimados ativos.
A herança jacente é um procedimento especial de jurisdição voluntária que consiste na arrecadação
judicial de bens da pessoa falecida, com declaração, ao final, da herança vacante, ocasião em que se
transfere o acervo hereditário para o domínio público, salvo se comparecer em juízo quem
legitimamente os reclame.
- esse procedimento poderá ser iniciado por qualquer interessado, pelo MP, pela DF, pela FP, bem como
pelo Juiz, de ofício.
- a herança jacente é uma exceção ao princípio da demanda – inércia da jurisdição – devendo ser
iniciada de ofício pelo juiz, quando este tomar conhecimento que uma pessoa faleceu sem deixar
herdeiros.
 A viúva meeira não faz jus ao usufruto vidual previsto no art. 1.611,§ 1º, do CC de 1916.
- ela não terá direito porque já foi comtemplada com a metade do patrimônio do falecido.
- O CC/02 não previu o usufruto vidual, porém, em compensação, estendeu o direito real de habitação a
todos os regimes de bem, sem as restrições então previstas. Além disso, o cônjuge passou a ser herdeiro
necessário.

 A constituição de procurador com poder especial para renunciar (não existe renuncia tácita) à herança
de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo deve ser feita por instrumento público ou termo
judicial para ter validade.
 A capacidade para suceder é regida pela lei da época da abertura da sucessão. Até o advento da CF/88 o
filho adotivo não tinha direito à sucessão hereditária. A aplicação da CF não poderá retroagir para
contemplar o direito ao filho adotado, devendo o magistrado aplicar a lei vigência a época da abertura
da sucessão.
 O cálculo do valor de colação dos bens doados deverá ser feito tendo como critério o tempo da
liberalidade ou da abertura da sucessão?
- o CC/02, art. 2004, entende que dever ser conforme o valor atribuído no ato da liberalidade do bem.
- CPC/73 estabelece o valor será calculado conforme o valor que tiverem ao tempo da abertura da
sucessão.
- o STJ decidiu que deveria ser utilizado o valor calculado no momento da doação, acrescido de
correção monetária.
- Entretanto, o CPC/2015, inovou em seu art. 639, estabelecendo que o valor deverá ser calculado no
tempo da abertura da sucessão.
- Como o CPC é posterior o CC, pelo critério cronológico, deverá prevalecer o CPC, mas não foi o que
decidiu o STJ no Resp 1166568/SP
 A renúncia (art. 108 do CC) à meação deve feita por escritura pública, sendo insuficiente a redução a
termo do ato os autos do inventário.
- a renúncia à meação não pode ser equiparado ao de renúncia à herança porque são instituto diferentes.
Portanto, o ato de disposição patrimonial pretendido por Maria, ou seja, a cessão gratuita da sua meação
em favor dos herdeiros, configura uma verdadeira doação, inclusive para fins tributários.
 É legitimidade do espólio para cobrar indenização securitária que deveria ter sido recebida pelo de
cujus. O de cujus deveria ter recebido em vida o seguro, mas não recebeu.
 Responsabilidade dos herdeiros pelo pagamento de dívida divisível do autor da herança ajuizada após a
partilha, cada herdeiro beneficiado pela sucessão responde na proporção da parte que lhes coube na
herança.
- Os credores do autor da herança têm a faculdade de, antes da partilha dos bens transmitidos, habilitar
seus créditos no juízo do inventário ou, então, de ajuizarem ações de cobrança contra o espólio.
- feita a partilha, a ação será proposta contra os herdeiros do falecido. Art. 796 do CPC/15. Os herdeiros
responderão pela parte da dívida na proporção à parte que lhe couber – art. 1.792 do CC.
 A cessão de direitos hereditários sobre bem singular viabiliza a transmissão da posse, que pode ser
objeto de tutela específica na via dos embargos de terceiro. A cessão de direitos hereditários sobre bem
individualizado não é eivada de nulidade (não se trata de negócio jurídico nulo). No máximo, essa
cessão será ineficaz em relação aos coerdeiros que com ela não anuíram.
- Cessão de direito hereditários:
O Min. Ricardo Villas Bôas Cueva expõe as seguintes conclusões sobre o § 2º do art. 1.793:
a) a cessão de direitos hereditários sobre bem singular, desde que celebrada por escritura pública e não envolva
o direito de incapazes, não é negócio jurídico nulo, tampouco inválido, ficando apenas a sua eficácia
condicionada a evento futuro e incerto, consubstanciado na efetiva atribuição do bem ao herdeiro cedente por
ocasião da partilha;
b) a ineficácia se opera somente em relação aos demais herdeiros;
c) se celebrado pelo único herdeiro ou havendo a anuência de todos os coerdeiros, o negócio é válido e eficaz
desde o seu nascimento, independentemente de autorização judicial, pois o que a lei busca evitar é que um
único herdeiro, em prejuízo dos demais, aliene um bem que ainda não lhe pertence, e
d) se o negócio não é nulo, mas tem apenas a sua eficácia suspensa, a cessão de direitos hereditários sobre bem
singular viabiliza a transmissão da posse, que pode ser objeto de tutela específica na via dos embargos de
terceiro.
Embargos de terceiros:
- ação de conhecimento;
- rito especial;
- por meio da qual uma pessoa objetiva livrar um bem do qual tenha posse;
- bem este que está sofrendo ou na iminência de sofrer;
- constrição judicial.
 A parte, antevendo que o pedido que será formulado não se enquadra na competência do juízo do
inventário, já pode ajuizar a ação autônoma no juízo competente, aplicando-se o art. 612 do CPC.
- Assim, é cabível o ajuizamento de ação autônoma perante o juiz cível quando se constatar, desde logo,
a necessidade de dilação probatória incompatível com o rito especial do inventário.
- o juízo do inventário decide todas as questões que dependerem apenas de prova documental, se os
fatos precisarem ser comprovados por outros meios de prova (perícia, testemunha) deverão ser decididas
pelas vias ordinárias.
 A viúva meeira que não ostente a condição de herdeira é parte ilegítima para figurar no polo passivo de
ação de petição de herança na qual não tenha sido questionada a meação, ainda que os bens integrantes
de sua fração encontram em condomínio “pro indiviso” com os bens pertencentes ao quinhão
hereditário.
- exemplo: ação de investigação de paternidade post mortem.

 Parente colateral não possui legitimidade ativa para ação pedindo anulação de adoção realizada pelo seu
parente falecido, caso este tenha deixado companheira viva. Inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC.
 Qual é o termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento da ação de petição de herança em
caso de reconhecimento póstumo da paternidade?
• 3ª Turma: o prazo prescricional só começa a ser contado com o trânsito em julgado da decisão que
reconheceu a paternidade.
Na hipótese em que ação de investigação de paternidade post mortem tenha sido ajuizada após o trânsito
em julgado da decisão de partilha de bens deixados pelo de cujus, o termo inicial do prazo prescricional
para o ajuizamento de ação de petição de herança é a data do trânsito em julgado da decisão que
reconheceu a paternidade, e não o trânsito em julgado da sentença que julgou a ação de inventário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1475759-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/5/2016 (Info
583).
 
• 4ª Turma: o prazo prescricional começa a ser contado com a abertura da sucessão (data da morte do
autor da herança), ou, em se tratando de herdeiro absolutamente incapaz, da data em que completa 16
anos.
O termo inicial do prazo prescricional da pretensão de petição de herança conta-se da abertura da
sucessão, ou, em se tratando de herdeiro absolutamente incapaz, da data em que completa 16 (dezesseis)
anos, momento em que, em ambas as hipóteses, nasce para o herdeiro, ainda que não legalmente
reconhecido, o direito de reivindicar os direitos sucessórios (actio nata) Resp 479648 de 2019.

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
 É válido por testamento particular que, a despeito de não ter sido assinado de próprio punho pela
testadora, contou com a sua impressão digital.
- Por outro lado, não se admite o cumprimento de testamento público que não foi assinado por tabelião.
Assinatura dele é indispensável para a validade, pois é quem possui fé pública para dar autenticidade ao
testamento.
- Testamento:
- Negócio jurídico;
- Unilateral;
- Solene;
- Personalíssimo
- Revogável;
- Por meio do qual o testador, observada a legislação vigente, determina quem irá ficar com seu
patrimônio depois que ele vier a falecer, podendo ainda prever outras regras de caráter não patrimonial.

ESPÉCIES: Ordinário – público, cerrado, particular;


Extraordinário – marítimo; aeronáutico e militar.
 O indivíduo que recebeu um imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade pode transferir esse
imóvel por testamento, considerando que a cláusula de inalienabilidade vitalícia dura apenas enquanto o
beneficiário estiver vivo.
- A clausula pode ser de duas formas: por ato de liberalidade inter vivo (doação) e por ato relacionado
com a morte (testamento).
Cláusula de inalienabilidade – o beneficiário não pode dispor da coisa. Essa restrição pode ser imposta
por tempo determinado ou de forma vitalícia. Por força do princípio da livre circulação dos bens é
possível a inalienabilidade perpétua. A cláusula de inalienabilidade até pode ser vitalícia, mas não pode
ser perpétua.
Cláusula de impenhorabilidade – consiste na proibição de constrição judicial do bem gravado para
pagamento de débito do herdeiro/beneficiário.
Cláusula de incomunicabilidade - proíbe que o bem seja transferido para a fração ideal do cônjuge em
caso de casamento ou união estável. Mesmo casando com comunhão de bens.
 Validade de testamento feito por cego mesmo sem que tenham sido realizadas duas leituras e ainda que
não tenha sido feito o registro da condição de cego no instrumento.
- art. 18 da LINDB autoriza que as autoridades consulares brasileiras, fora do território nacional,
celebrem testamento público.
- juízo compete para o inventário é a competência territorial, será competente o foto do domicílio do
autor da herança.

 Na elaboração de testamento particular, é possível sejam flexibilizadas as formalidades prescritas em lei


na hipótese em que o documento foi assinado por testador e por testemunhas idôneas.
 Princípio da soberania da vontade do testador (art. 1.899 do CC).
- na existência de cláusula testamentária duvidosa, que remete a interpretações distintas, deve-se
compreendê-la de modo que melhor se harmonize com a vontade manifestada pelo testador, em atenção
ao princípio da soberania da vontade desse, insculpido nos arts. 12 e 1.899 do CC.

 É possível que o herdeiro testamentário suceda o autor da ação de investigação de paternidade cumulada
com nulidade de partilha.
- ocorrido o falecimento do autor da ação de investigação de paternidade cumulada com nulidade da
partilha antes de prolação da sentença, sem deixar herdeiros necessários, detém o herdeiro
testamentário, que o sucedeu a título universal legitimidade e interesse para prosseguir com o feito,
notadamente, pela repercussão patrimonial advinda do potencial reconhecimento do vínculo biológico
do testador.
- art. 1.606 do CC
 Testamento particular redigido de próprio punho não é valido se não for assinado pelo testador, pois é
pressuposto de validade do ato que não pode ser relativizado. Isso porque, não havendo assinatura, o
próprio testamento é apócrifo, não sendo seguro exprimir a vontade real do testador.

INVENTÁRIO E PARTILHA

 Aplica-se a tese fixada no tema 809/STF ao inventário em que ainda não foi proferida a sentença de
partilha, ainda que tenha havido, o curso do processo, a prolação de decisão que, aplicando o art.
1.790/CC.
- Considerando que a lei incompatível com o texto constitucional padece do vício de nulidade, a
declaração de sua inconstitucionalidade, de regra, produz efeito ex tunc, ressalvadas as hipóteses em
que, no julgamento pelo STF, houver a modulação temporal dos efeitos, que é excepcional.
- Ao declarar a inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC/2002 (Tema 809), o STF modulou
temporalmente a aplicação da tese para apenas “os processos judiciais em que ainda não tenha havido
trânsito em julgado da sentença de partilha”, de modo a tutelar a confiança e a conferir previsibilidade
às relações finalizadas sob as regras antigas (ou seja, às ações de inventário concluídas nas quais foi
aplicado o art. 1.790 do CC/2002).
- Dessa forma, aplica-se a tese fixada no Tema 809/STF às ações de inventário em que ainda não foi
proferida a sentença de partilha, ainda que tenha havido, no curso do processo, a prolação de decisão
que, aplicando o art. 1.790 do CC/2002, excluiu herdeiro da sucessão e que a ela deverá retornar após a
declaração de inconstitucionalidade e a consequente aplicação do art. 1.829 do CC/2002. Isso porque,
desde a reforma promovida pela Lei nº 11.232/2005, a declaração superveniente de
inconstitucionalidade de lei pelo Supremo Tribunal Federal torna inexigível o título que nela se funda,
tratando-se de matéria suscetível de arguição em impugnação ao cumprimento de sentença - ou seja,
após o trânsito em julgado da sentença (art. 475, II e §1º, do CPC/1973) -, motivo pelo qual, com muito
mais razão, deverá o juiz deixar de aplicar a lei inconstitucional antes da sentença de partilha, marco
temporal eleito pelo Supremo Tribunal Federal para modular os efeitos da tese fixada no julgamento do
tema n. 809/STF.

 declarada a inexistência jurídica da sentença na própria ação de inventário, deve ser aplicada a tese
firmada pelo STF no julgamento do TEMA 809, por meio do qual foi declarada a inconstitucionalidade
do art. 1.790 do CC/02.
 É possível o inventário extrajudicial, ainda que exista testamento, se os interessados forem capazes e
concordes e estiverem assistidos por advogado.

Segundo a lição tradicional que se encontra nos manuais de Direito Civil, o inventário extrajudicial
exigiria o cumprimento de quatro requisitos cumulativos:
1) herdeiros capazes: todos os herdeiros devem ser capazes; havendo interessado incapaz, deve ser feito
o inventário judicial.
2) consenso: deve haver consenso entre os herdeiros quanto à divisão dos bens; todos devem ser
concordes.
3) advogado: todas as partes interessadas devem estar assistidas por advogado ou por defensor público.
4) inexistência de testamento: o falecido não pode ter deixado testamento; pela lei, havendo testamento,
deveria ser feito inventário judicial.

O Min. Luis Felipe Salomão, relator do recurso especial, propôs uma nova forma de interpretar o art. 610 do
CPC, de modo que, mesmo havendo testamento, seria possível o inventário extrajudicial.
Para ele, a partir de uma leitura sistemática do caput e do § 1º do art. 610 do CPC/2015 c/c os arts. 2.015 e
2.016 do CC/2002, mostra-se possível o inventário extrajudicial, ainda que exista testamento, se os interessados
forem capazes e concordes e estiverem assistidos por advogado, desde que o testamento tenha sido previamente
registrado judicialmente ou haja a expressa autorização do juízo competente

 É legítima a decisão judicial que determina a averbação, no respectivo registro, das modificações
realizadas em bens imóveis submetidos à partilha como condição de procedibilidade da ação de
inventário. A lei de registro público traz como requisito obrigatório a averbação das modificações
realizadas em bens imóveis, sendo assim, a exigência do juiz é válida, principalmente, para facilitação
na hora de avaliar a divisão dos bens.
 Em ação anulatória de partilha em que os imóveis recebidos pelos herdeiros já foram registrados, o
cônjuge do herdeiro casado sob o regime de comunhão universal de bens deve integrar a lide como
litisconsorte necessário.
- como já foi registrado o imóvel, o bem passou a integrar ao patrimônio do cônjuge herdeiro
(patrimônio comum de ambos).

 Tendo sido declinados na petição inicial todos os dados pessoais indispensáveis à correta identificação
dos herdeiros, inclusive os seus respectivos endereços, devem ser eles citados pessoalmente por carta
com aviso de recebimento, vedada a citação por oficial de justiça – art. 626, § 1, CPC.

 Sob a égide do CC/16, o prazo prescricional para propor ação de nulidade de partilha amigável em que
se incluiu no inventário pessoa incapaz de suceder é de 20 anos.
- A inclusão de pessoa que não é herdeira torna a partilha nula de pleno direito. Isso porque representa
violação à ordem de vocação hereditária prevista da norma jurídica.

 A fixação de determinado valor a ser recebido mensalmente pelo herdeiro a título de adiantamento de
herança não configura o negócio jurídico processual atípico do art. 190 CPC
- O acordo firmado entre os herdeiros para autorizar a retirada mensal dos valores não é um acordo
puramente processual. Isso porque o seu objeto é o próprio direito material que se discute e que se
pretende obter na ação de inventário, ou seja, a divisão do patrimônio do autor da herança. O que se está
fazendo, portanto, é simplesmente antecipar a fruição e uso do direito material.

 É cabível, após a decisão homologatória da partilha, a efetivação de penhora no rosto dos autos do
inventário para garantia objeto de execução movida por terceiro em face de um dos herdeiros do
falecido.
- Esse dispositivo não se aplica no caso concreto porque ele trata sobre os credores do espólio (e não
sobre os credores do herdeiro). Espólio e herdeiro não é o mesmo.
A homologação da partilha possui o condão de impedir, tão somente, que credores do espólio requeiram
ao juízo do inventário o pagamento de dívidas contraídas pelo falecido.

Assim, o art. 642 do CPC tem por objetivo regular o procedimento para quitação das dívidas
do falecido. Esse dispositivo, por outro lado, não impede que os credores do herdeiro peçam a penhora
no rosto dos autos mesmo que já tenha havido a homologação da partilha.
- penhora no rosto dos autos – é expressão prevista no CPC de 73, mas ainda utilizada pela doutrina e
jurisprudência.

A 2ª seção do STJ, no Resp 1382.170/SP, pacificou o entendimento que: a) o conjuge/companheiro não


concorrem com os descendentes do falecido no regime de separação obrigatória. A herança caberá
apenas aos descendentes; b) o conjuge/companheiro concorrem com os descendentes do falecido no
regime de separação convencional. A herança será partilhada entre o conjuge/companheiro e os
descendeste do falecido.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 113: DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DA UNIÃO ESTÁVEL -
 
1) O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia partilha dos bens. (Súmula n. 197/STJ)
 
2) É de quatro anos o prazo decadencial para anular partilha de bens em dissolução de sociedade conjugal ou de
união estável, nos termos do art. 178 do Código Civil.
 
3) As verbas de natureza trabalhista nascidas e pleiteadas na constância da união estável ou do casamento
celebrado sob o regime da comunhão parcial ou universal de bens integram o patrimônio comum do casal e,
portanto, devem ser objeto da partilha no momento da separação.
 
4) Deve ser reconhecido o direito à meação dos valores depositados em conta vinculada ao Fundo de Garantia
de Tempo de Serviço - FGTS auferidos durante a constância da união estável ou do casamento celebrado sob o
regime da comunhão parcial ou universal de bens, ainda que não sejam sacados imediatamente após a
separação do casal ou que tenham sido utilizados para aquisição de imóvel pelo casal durante a vigência da
relação.
 
5) A valorização patrimonial dos imóveis ou das cotas sociais de sociedade limitada, adquiridos antes do
casamento ou da união estável, não deve integrar o patrimônio comum a ser partilhado quando do término do
relacionamento, visto que essa valorização é decorrência de um fenômeno econômico que dispensa a comunhão
de esforços do casal.
 
6) Os valores investidos em previdência privada fechada se inserem, por analogia, na exceção prevista no art.
1.659, VII, do Código Civil de 2002, consequentemente, não integram o patrimônio comum do casal e,
portanto, não devem ser objeto da partilha.
 
7) Após a separação de fato ou de corpos, o cônjuge que estiver na posse ou na administração do patrimônio
partilhável - seja na condição de administrador provisório, seja na de inventariante - terá o dever de prestar
contas ao ex-consorte, enquanto perdurar o estado de mancomunhão.
 
8) Na separação e no divórcio, o fato de certo bem ainda pertencer indistintamente aos ex-cônjuges, por
ausência de formalização da partilha, não representa automático empecilho ao pagamento de indenização pelo
uso exclusivo do bem por um deles, desde que a parte que toca a cada um tenha sido definida por qualquer meio
inequívoco, visto que medida diversa poderia importar enriquecimento sem causa.
 
9) Admite -se o arbitramento de aluguel a um dos cônjuges por uso exclusivo de bem imóvel comum do casal
somente na hipótese em que, efetuada a partilha do bem, um dos cônjuges permaneça residindo no imóvel.
 
10) Na ação de divórcio, a audiência de ratificação prevista no art. 1.122 do Código de Processo Civil de 1973
não é obrigatória, cabendo ao juiz decidir pela oportunidade de realizá-la, não sendo, portanto, causa de
anulação do processo.

11) Comprovada a separação de fato ou judicial entre os casados, a existência de casamento válido não obsta o
reconhecimento da união estável.

GUARDA

 É possível a fixação de guarda compartilhada mesmo que um dos genitores possua domicílio em cidade
distinta.
- a guarda compartilhada é a modalidade de guarda mais adequada para preservar os interesses do
menor, quando ambos os genitores estiverem aptos. A lei 13.58/2014, que alterou o § 2 do art. 1.584 do
CC, esclareceu que a guarda compartilhada não é apenas prioritária ou preferencial, mas sim
obrigatória, só sendo afastada quando: a) um genitor declarar que não deseja a guarda; ou b) um genitor
não estiver apto ao exercício do poder familiar.
- hoje com o avanço tecnológico, passa a ser plenamente possível que os genitores compartilhem as
responsabilidades referentes aos filhos, mesmo que à distância.
Espécies de guarda:
Existem quatro espécies de guarda que serão vistas abaixo. As duas primeiras estão previstas
expressamente no CC e as duas outras são criações da doutrina. O CC fala em guarda unilateral (um tem
apenas direito de visitas) e em guarda compartilhada. As outras são a guarda alternada (períodos
exclusivos de guarda) aninhamento (criança cega) evita da criança sofrer transtornos psicológicos por
ter que abandonar o meio em que já vivia e estava familiarizada.
-
DIREITO DA PERSONALIDADE

 É admissível a exclusão de prenome da criança na hipótese em que o pai informou, perante o cartório de
registro civil, nome diferente daquele que havia sido consensualmente escolhido pelos genitores
- nomear o filho é típico ato de exercício do poder familiar, que pressupõe bilateralidade e consensualidade.

 Não se admite a declaração de incapacidade absoluta às pessoas com enfermidade ou deficiência mental
- curador do interditando: é o curador nomeado caso a ação seja julgada procedente.
- curador especial: é o curador designado no início do processo para resguardar os direitos pessoais,
- não é mais possível inserir as pessoas com enfermidade ou deficiência mental no rol dos absolutamente
incapazes.
- a curatela passou ser medida protetiva extraordinária. Art. 84 § 3 da Lei nº 13.146/2015 - ela afetará apenas os
atos de natureza negocial e patrimonial.
- hoje a pessoa incapaz de certos atos da vida civil será considerada relativamente incapaz art. 4º III do CC.

É admissível o retorno ao nome de solteiro do cônjuge ainda na constância do vínculo conjugal.


- o art. 1.565, menciona apenas acrescer, entretanto, admite-se a substituição de um dos patronímicos de
solteiro pelo do cônjuge.
- o nome é imutável (imutabilidade relativa do nome civil). A regra de inalterabilidade relativa do nome civil
preconiza que o prenome e sobrenome reveste-se de definitividade, admitindo-se sua modificação,
excepcionalmente, nas hipóteses expressamente previstas em lei ou reconhecidas como excepcionais por
decisão judicial.
- a modificação do nome é excepcional. O mero desejo pessoal não é motivo justificável para a alteração do
prenome.
- a viuvez também permite o cônjuge a voltar utilizar o nome de solteiro. Não há previsão legal, apenas em caso
de divórcio. Entretanto, o STJ vem admitindo essa possibilidade por ser hipótese de dissolução do vínculo
conjugal.
- É possível a retificação do registro civil para acréscimo do segundo patronímico do marido ao nome da
mulher durante a convivência matrimonial. O art. 1.565, § 1º, não estabeleceu tempo máximo para o acréscimo
do nome. Ação de retificação do registro civil.
- é possível a alteração de assento registral de nascimento para inclusão do patronímico do companheiro na
constância de uma união estável, em aplicação analógica do art. 1.565, § 1º, do CC, desde que:
1) seja feita prova documental de relação por instrumento público e
2) haja anuência do companheiro cujo nome será adotado.
- homologação de acordo extrajudicial de retificação de registro civil não é admitido no direito Brasileiro. 1)
direito da personalidade/filiação são direitos indisponíveis, não podendo ser transacionado, principalmente, por
terceiros.
- Transexual pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem fazer a cirurgia de
transgenitalização.
- a pessoa pode alterar o nome antes ou após a obtenção de outra nacionalidade.
- direito de a pessoa retificar seu patronímico no registro de nascimento de seu filho após divórcio.

Obs: casamento avuncular (casamento entre colaterais de terceiro grau).

A veiculação de matéria jornalística sobre delito histórico que expõe a vida cotidiana de terceiros não
envolvidos no fato criminoso, em especial de criança e de adolescente, representa ofensa ao princípio da
intranscendência.
- direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda que verídico,
ocorrido em determinado momento de sua vida, seja exposto ao público em geral causando-lhe sofrimento ou
transtornos - “direito de estar só”.
- Exemplo histórico é o caso Lebach (Tribunal Alemão).
- o direito ao esquecimento é uma decorrência da dignidade da pessoa humana, direito à vida privada,
intimidade e honra. (art. 1ª, III e art. 5º X, da CF e art. 21 do CC).
- Enunciado 531: a tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento.
- O STJ acolhe a tese do direito ao esquecimento?
SIM. Existem julgados do STJ nos quais já se afirmou que o sistema jurídico brasileiro protege o direito ao
esquecimento (REsp 1.335.153-RJ e REsp 1.334.097-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgados em
28/5/2013). Contudo, o deferimento, ou não, do direito ao esquecimento depende da análise do caso concreto e
da ponderação dos interesses envolvidos.

Jurisprudência em Teses (Ed. 137)


10) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento, ou
seja, o direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos desabonadores à
honra. (Vide Enunciado n. 531 da IV Jornada de Direito Civil do CJF)
11) Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de sua
análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento.
- Deve-se analisar se existe um interesse público atual na divulgação daquela informação.
Se ainda persistir, não há que se falar em direito ao esquecimento, sendo lícita a publicidade daquela notícia.
É o caso, por exemplo, de “crimes genuinamente históricos, quando a narrativa desvinculada dos envolvidos
se fizer impraticável” (Min. Luis Felipe Salomão).
Por outro lado, se não houver interesse público atual, a pessoa poderá exercer seu direito ao esquecimento,
devendo ser impedidas notícias sobre o fato que já ficou no passado.
- Resp 1.334.097 - chacina da Candelária
O STJ entendeu que o réu condenado ou absolvido pela prática de um crime tem o direito de ser esquecido, pois
se a legislação garante aos condenados que já cumpriram a pena o direito ao sigilo da folha de antecedentes e a
exclusão dos registros da condenação no instituto de identificação (art. 748 do CPP), logo, com maior razão,
aqueles que foram absolvidos não podem permanecer com esse estigma, devendo ser assegurado a eles o direito
de serem esquecidos.
- Resp. 1.335.153 Caso Aída Curi
A 4ª Turma do STJ entendeu que não seria devida a indenização, considerando que, nesse caso, o crime em
questão foi um fato histórico, de interesse público e que seria impossível contar esse crime sem mencionar o
nome da vítima, a exemplo do que ocorre com os crimes históricos, como os casos “Dorothy Stang” e
“Vladimir Herzog”.
Caso entrou para o domínio público.
Direito a memória: regulamentado pela Lei n.º 12.528/2011, que criou a Comissão Nacional da Verdade,
destinada a apurar as circunstâncias em que ocorreram violações a direitos humanos durante o período de
ditadura militar.
O direito ao esquecimento impede que seja exercido o direito à memória?
NÃO. O direito ao esquecimento não tem o condão de impedir a concretização do direito à memória. Isso
porque as violações de direitos humanos ocorridas no período da ditadura militar são fatos de extrema
relevância histórica e de inegável interesse público. Logo, em uma ponderação de interesses, o direito
individual ao esquecimento cede espaço ao direito à memória e à verdade histórica.
Proibido censura prévia de notícias – quando se proíbe a veiculação de notícias.
- Princípio da intransferência ou da pessoalidade da pena – caso da Paula (filhos foram citados pela revista)
STF 
Posteriormente a esse julgado, o STF decidiu que ordenamento jurídico brasileiro não consagra o
denominado direito ao esquecimento:
 
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício
da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade
em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível.
STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema
786) (Info 1005).

Para o STF, o direito ao esquecimento é compatível com a Constituição Federal?


NÃO. O STF decidiu que é incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento.
 
A previsão ou aplicação de um “direito ao esquecimento” afrontaria a liberdade de expressão.
O “direito ao esquecimento” caracteriza restrição excessiva e peremptória às liberdades de expressão e de
manifestação de pensamento e ao direito que todo cidadão tem de se manter informado a respeito de fatos
relevantes da história social, bem como equivale a atribuir, de forma absoluta e em abstrato, maior peso aos
direitos à imagem e à vida privada, em detrimento da liberdade de expressão, compreensão que não se
compatibiliza com a ideia de unidade da Constituição.
 
A liberdade de expressão não é absoluta, no entanto, a sua restrição pela mera passagem do tempo não
encontra amparo no ordenamento jurídico
O ordenamento jurídico brasileiro está repleto de previsões constitucionais e legais voltadas à proteção da
personalidade, com repertório jurídico suficiente a que esta norma fundamental se efetive em consagração à
dignidade humana. Em todas essas situações legalmente definidas, é cabível a restrição, em alguma medida, à
liberdade de expressão, sempre que afetados outros direitos fundamentais, mas não como decorrência de um
pretenso e prévio direito de ver dissociados fatos ou dados por alegada descontextualização das informações em
que inseridos, por força da passagem do tempo.
A existência de um comando jurídico que eleja a passagem do tempo como restrição à divulgação de
informação verdadeira, licitamente obtida e com adequado tratamento dos dados nela inseridos, precisaria estar
prevista, de modo pontual, em lei.
 
Mesmo se reconhecendo que não existe direito ao esquecimento, a honra, privacidade e direitos da
personalidade permanecem protegidos por outros instrumentos
A ordem constitucional protege a honra, a privacidade e os direitos da personalidade e oferece, pela via da
responsabilização, proteção contra informações inverídicas, ilicitamente obtidas ou decorrentes do abuso no
exercício da liberdade de expressão. Essa proteção se estende tanto para o âmbito penal como cível.
 
A tese fixada pelo STF foi a seguinte:
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder
de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos
e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais.
Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser
analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à proteção da
honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões
legais nos âmbitos penal e cível.

O uso da imagem de torcedor inserido no contexto de uma torcida não induz a reparação por danos
morais quando não configurada a projeção, a identificação e a individualização da pessoa nela
representada.
- súmula 403 do STJ:
- gerar dano in re ipsa significa que tem o dever de indenizar mesmo que a publicação não tenha conotação
ofensiva ou vexatória.
- não há violação à imagem se este não for distinguível, como, por exemplo, fotografias ou imagens de
multidão nas quais não há destaque de alguma pessoa ou de alguma característica marcante.
- a pessoa que se encontra em evento público, como jogo de futebol, consente tacitamente que sua imagem seja
veiculada pela torcida do tipo.
- Direito a imagem – art. 5º V e X – deve ser permitido de forma expressa pelo titular.
Utilização, sem autorização, da imagem de pessoa pública:
• Para ilustrar matéria jornalística: em regra, não haverá dano moral.
• Para fins econômicos: haverá dano moral (mesmo sem prova do prejuízo).
• Para fins publicitários: haverá dano moral (mesmo sem prova do prejuízo).

Desse modo, o STJ decidiu que o uso não autorizado da imagem de atleta em cartaz de propaganda de evento
esportivo, ainda que sem finalidade lucrativa ou comercial, enseja reparação por danos morais,
independentemente da comprovação de prejuízo.
A obrigação da reparação pelo uso não autorizado de imagem decorre da própria utilização indevida do direito
personalíssimo. Assim, a análise da existência de finalidade comercial ou econômica no uso é irrelevante. O
dano, por sua vez, conforme a jurisprudência do STJ, apresenta-se in re ipsa, sendo desnecessária, portanto, a
demonstração de prejuízo para a sua aferição (REsp 299.832-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 21/2/2013).
Na exposição pornográfica não consentida, o fato de o rosto da vítima não estar evidenciado de maneira
flagrante é irrelevante para a configuração dos danos morais.
- constitui grave lesão aos direitos da personalidade da pessoa exposta indevidamente.
- Lei 12.965/2014 Marco Civil da Internet
- art. 218-c do CP.

Inexistência do direito à indenização em razão da divulgação, no jornal, de imagem do cadáver morto


em via pública.
- isso é censura e a CF garante a liberdade de informação jornalística.

Exclusão dos sobrenomes paternos em razão do abandono pelo genitor.


- Justifica pelo próprio papel que o nome desempenha na formação e consolidação da personalidade de uma
pessoa.

Exclusão do patronímico do ex-padastro, a mãe era casada e estava grávida de outro. Ao nascer a criança,
essa levou o sobrenome do padrasto que constava no nome da mãe. Com o divórcio da mãe e a retirada do
nome do ex-marido também é possível a retirada do sobrenome da criança.

CASO Giovana Antonelli: a) indenização por danos morais; b) indenização por danos materiais, c) restituição
de todos os benefícios econômicos que a ré obteve na venda de seus produtos (restituição do “lucro da
intervenção”).

- ela não precisa provar prejuízo para ser indenizada – súmula 403 do STJ: independe de prova do prejuízo a
indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
- lucro de intervenção: lucro obtido por aquele que, sem autorização, interfere nos direitos ou bens jurídicos
de outra pessoa e que decorre justamente desta intervenção. Trata-se, portanto, de uma vantagem patrimonial
obtida indevidamente com base na exploração ou aproveitamento, de forma não autorizada, de um direito
alheio.
É o dever de restituir aquilo que foi indevidamente auferido às custas de outrem.

- LUCRO DE INTERVENÇÃO X REPARAÇÃO INTEGRAL


O princípio da reparação integral do dano visa reparar todo o dano, tanto sofrido pela vítima quanto o autor do
ilícito.
Art. 944 do CC.
Art. 866 do CC.
- para a configuração o enriquecimento sem causa por intervenção, não se faz imprescindível a existência de
deslocamento patrimonial, com o empobrecimento do titular do direito violado, bastando a demonstração de
que houve enriquecimento o interventor.
- a quantificação do lucro de intervenção deverá ser feita por meio de perícia realizada na fase de liquidação de
sentença, devendo o perito observar os seguintes critérios:
a) apuração do quantum debeatur com base no denominado lucro patrimonial;
b) delimitação do cálculo ao período no qual se verificou a indevida intervenção no direito de imagem da
autora;
c) aferição do grau de contribuição de cada uma das partes e
d) distribuição do lucro obtido com a intervenção proporcionalmente à contribuição de cada partícipe da relação
jurídica.

São constitucionais o art. 28, §1 e art. 30 da Lei 13.146/2015, que determinam que as escolas privadas
ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem que possam
cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para
cumprimento dessa obrigação.
Para que seja publicada uma biografia não é necessária a autorização prévia do indivíduo biografado,
das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de
censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pelo CF/88. Caso o biografado
ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela
publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária,
como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de
direito de resposta.
- também é desnecessário autorização das pessoas apresentadas como coadjuvantes do documentário. Não
gerando indenização.

- existe dois tipos de biografias: autorizadas e não autorizadas.

- art. 20 do CC – cônjuge, ascendente ou descendentes.


Este artigo refere-se a três acepções de imagem:
a) Imagem-retrato: são as características fisionômicas da pessoa, exemplo: pintura, fotografia, desenho.
b) Imagem-atributo: são as características imateriais (morais) por meio das quais os outros enxergam
aquela pessoa. É a personalidade, o caráter, o comportamento da pessoa segundo a visão de quem a conhece. A
imagem-atributo é captada pelo coração.
c) Imagem-voz: são as características do timbre de voz da pessoa. É a identificação da pessoa pela voz, exemplo:
locutores de TV. A imagem-voz é captada pelo ouvido.
- o STF julgou procedente a ADI e conferiu interpretação conforme a Constituição aos arts. 20 e 21 do CC para
declarar que não é necessária a autorização prévia para a publicação de biografias.
a) a Constituição assegura como direitos fundamentais a liberdade de pensamento e de sua expressão, a
liberdade de atividade intelectual, artística, literária, científica e cultural;
b) a Constituição garante o direito de acesso à informação e de pesquisa acadêmica, para o que a biografia seria
fonte fecunda;
c) a Constituição proíbe a censura de qualquer natureza, não se podendo concebê-la de forma subliminar pelo
Estado ou por particular sobre o direito de outrem;
d) a Constituição garante a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e da imagem da pessoa; e
e) a legislação infraconstitucional não poderia amesquinhar ou restringir direitos fundamentais constitucionais,
ainda que sob pretexto de estabelecer formas de proteção, impondo condições ao exercício de liberdades de
forma diversa da constitucionalmente fixada.
- A biografia poderá ser lançada mesmo sem autorização do biografado, mas se ficar constatado que houve
abuso da liberdade de expressão e violação à honra do indivíduo retratado, este poderá pedir:
• a reparação dos danos morais e materiais que sofreu;
• a retificação das informações veiculadas;
• o direito de resposta;
• e até mesmo, em último caso, a responsabilização penal do autor da obra.
 A ordem de legitimados para o ajuizamento de ação de interdição não é preferencial, mas é taxativa.
Curatela – jurisdição voluntária. Parente no inciso II do art. 747 do CPC – refere-se também aos parentes por
afinidade.

Tutela x Curatela
TUTELA CURATELA
Instrumento jurídico para proteger a criança ou Instrumento jurídico voltado para a proteção de uma
adolescente que não goza da proteção do poder pessoa que, apesar de ser maior de 18 anos, necessita
familiar em virtude da morte, ausência ou destituição da assistência de outra para a prática de determinados
de seus pais. atos de cunho patrimonial como uma forma de lhe
A tutela é uma espécie de colocação da criança ou proteger.
adolescente em família substituta.
 
Repare que a Lei nº 13.146/2015 retirou do art. 1.767 do CC às menções que eram feitas à deficiência
mental e outras expressões congêneres. Diante disso, indaga-se: pode-se dizer que acabou a possibilidade de
a pessoa com deficiência ser submetida à curatela? Isso deixou de existir?
NÃO. Mesmo depois da Lei nº 13.146/2015, ainda existe a possibilidade de a pessoa com deficiência ser
submetida à curatela quando essa medida protetiva extraordinária se mostrar necessária.
- art. 84 do Estatuto do Deficiente.
- A morte do interditando no curso de ação de interdição não implica, por si só, a extinção do processo sem
resolução de mérito da ação de exigir contas por ele ajuizada mediante seu curador provisório, tendo o espólio
legitimidade para prosseguir com a ação de exigir de contas. STJ. 3ª Turma. REsp 1444677-SP, Rel. Min. João
Otávio de Noronha, julgado em 3/5/2016 (Info 583).
- ação de interdição é personalíssima, entretanto, a ação de prestar contas não é, cabendo sucessão processual.
 Ainda que se trate de pessoa pública, o uso não autorizado da sua imagem, com fins exclusivamente
econômicos e publicitários, gera danos morais. Assim, a obrigação de indenizar, tratando-se de direito à
imagem, decorre do próprio uso indevido desse direito, não sendo necessário provar a existência de
prejuízo. Trata-se de dano in re ipsa. STJ. 3ª Turma. REsp 1102756-SP, Rel. Min. Nancy Andrigui,
julgado em 20/11/2012).
- A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da
honra ou da imagem. Não é possível pessoa jurídica de direito público pleitear, contra particular, indenização
por dano mora relacionado à violação da honra ou da imagem. Resp. 1.722.423/RJ.

 É cabível indenização do DPVAT por morte do feto em acidente de trânsito.


 Não se exige que o indivíduo tenha deixado um documento escrito dizendo que desejava ser submetido à
criogenia, podendo essa vontade ser provada por outros meios, como a declaração do familiar mais
próximo.
- A criogenia (ou criopreservação) é a técnica de congelamento do corpo humano após a morte, em baixíssima
temperatura, a fim de conservá-lo, com o intuito de reanimação futura da pessoa caso sobrevenha alguma
importante descoberta científica que possibilite o seu retorno à vida.
 Excepcionalmente, é possível que o Judiciário determine o rompimento do vínculo estabelecido por sites
de busca entre o nome da pessoa, utilizado como critério exclusivo de busca, e a notícia desabonadora
apontada nos resultados

 O uso, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada isoladamente em local público, em
meio a cenário destacado, configura dano moral mesmo que não tenha havido nenhuma conotação ofensiva ou
vexaminosa na divulgação. O dano moral é decorrente tão somente pelo fato de ter sido usada a imagem da
pessoa sem a sua autorização.

 Determinado candidato ao cargo de vereador preparou um folheto para a sua campanha no qual ele aparecia
entregando um diploma de conclusão de curso profissional a João.
- Ocorre que João não autorizou a utilização de sua imagem na campanha.
- João terá direito de ser indenizado por isso. Configura dano moral indenizável a divulgação não autorizada da
imagem de alguém em material impresso de propaganda político-eleitoral, independentemente da comprovação
de prejuízo.

EDIÇÃO N. 137: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE - I


 
1) O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja
permanente nem geral. (Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF)
 
2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível.
 
3) A ampla liberdade de informação, opinião e crítica jornalística reconhecida constitucionalmente à
imprensa não é um direito absoluto, encontrando limitações, tais como a preservação dos direitos da
personalidade.
 
4) No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem não ter a mesma
extensão daquela conferida aos particulares, já que comprometidos com a publicidade, restará
configurado o abuso do direito de uso da imagem quando se constatar a vulneração da intimidade ou da
vida privada.
 
5) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de image m de
pessoa com fins econômicos ou comerciais. (Súmula n. 403/STJ)
 
6) A divulgação de fotografia em periódico (impresso ou digital) para ilustrar matéria acerca de
manifestação popular de cunho político-ideológico ocorrida em local público não tem intuito econômico
ou comercial, mas tão-somente informativo, ainda que se trate de sociedade empresária, não sendo o caso
de aplicação da Súmula n. 403/STJ.
 
7) A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que
sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade.
(Enunciado n. 278 da IV Jornada de Direito Civil do CJF)
 
8) O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada isoladamente
em local público, em meio a cenário destacado, sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa,
configura dano moral decorrente de violação do direito à imagem por ausência de autorização do titular.
 
9) O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano moral in re ipsa.
 
10) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento, ou seja, o direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a
fatos desabonadores à honra. (Vide Enunciado n. 531 da IV Jornada de Direito Civil do CJF)
Superada. Isso porque o STF decidiu que o ordenamento jurídico brasileiro não consagra o denominado
direito ao esquecimento:
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício
da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade
em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário. RE
1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005). 
 
11) Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de
sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento.
 
Jurisprudência em Teses do STJ
EDIÇÃO N. 138: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE - II
 
1) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo ou da coletividade como
realidade massificada, não sendo necessária a demonstração de da dor, da repulsa, da indignação, tal
qual fosse um indivíduo isolado.
 
2) A imunidade conferida ao advogado para o pleno exercício de suas funções não possui caráter
absoluto, devendo observar os parâmetros da legalidade e da razoabilidade, não abarcando violações de
direitos da personalidade, notadamente da honra e da imagem de outras partes ou de profissionais que
atuem no processo.
 
3) A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja como direito autônomo ou como
parte integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal.
 
4) O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível,
assentado no princípio da dignidade da pessoa humana.
 
5) A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do prenome, um direito da personalidade que
designa o indivíduo e o identifica perante a sociedade, cuja modificação revela-se possível, no entanto,
nas hipóteses previstas em lei, bem como em determinados casos admitidos pela jurisprudência.
 
6) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de
gênero no registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em
respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à personalidade.
 
7) É possível a modificação do nome civil em decorrência do direito à dupla cidadania, de forma a
unificar os registros à luz dos princípios da verdade real e da simetria.
 
8) A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, à exceção dos impedimentos elencados pela
legislação civil, afirma-se como direito inerente à personalidade, integrando-se à identidade civil da
pessoa e identificando-a em seu entorno social e familiar.
 
9) O direito ao nome, enquanto atributo dos direitos da personalidade, torna possível o restabelecimento
do nome de solteiro após a dissolução do vínculo conjugal em decorrência da morte.
 
10) Em caso de uso indevido do nome da pessoa com intuito comercial, o dano moral é in re ipsa.
 
11) Não se exige a prova inequívoca da má-fé da publicação (actual malice), para ensejar a indenização
pela ofensa ao nome ou à imagem de alguém.
 
12) Os pedidos de remoção de conteúdo de natureza ofensiva a direitos da personalidade das páginas de
internet, seja por meio de notificação do particular ou de ordem judicial, dependem da localização
inequívoca da publicação (Universal Resource Locator - URL), correspondente ao material que se
pretende remover.
 

COMPLETO – DIA 01/09

PESSOA JURÍDICA - ok

Em regra, não é cabível a condenação em honorários advocatícios em qualquer incidente


processual, ressalvados os casos excepcionais. Tratando-se de incidente de desconsideração da
personalidade jurídica, não cabe a condenação nos ônus sucumbenciais em razão da ausência de
previsão legal. Logo, é irrelevante apurar quem deu causa ou foi sucumbente no julgamento final
do incidente.
- quando requerido na petição inicial, o requerente deverá demonstrar que a ação de cobrança é
direcionada a pessoa jurídica, entretanto, irá requerer a extensão da responsabilidade patrimonial,
direcionado contra o sócio, sendo ele o responsável patrimonial, uma vez que estão preenchidos os
requisitos do direito material para a desconsideração da personalidade jurídica.
- desconsideração inversa ocorre quando a ação é proposta contra um dos sócios, mas o autor já pede,
desde logo, seja afastada a autonomia patrimonial e se atinjam os bens da pessoa jurídica.
- o sócio citado na petição inicial será considerado réu, e não terceiro.
- resolvida a desconsideração na sentença, caberá apelação.
- o juiz não pode instaurar de ofício o pedido da desconsideração, são legitimados a parte ou
Ministério Público, quando lhe couber intervir ao processo.
- é admitido o incidente de desconsideração em todas as fases do processo de conhecimento, no
cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.
- o incidente também é aplicado ao juizado especial.
- ele pode ser instaurado em segunda instância, que será decidido monocraticamente pelo Relator – art.
932, VI, do CPC.
- instauração, por si só, não necessita da oitiva do MP.
- recurso: 1ª instância: agravo de instrumento – art. 1.015, IV do CPC.
2ª instância: agravo interno – art. 136, parágrafo único.
- os honorários sucumbenciais são devidos em sentença, quando o legislador quis que o condenado
pagasse honorários em decisões interlocutória, ele mesmo fez menção no CPC – art. 85, § 1, CPC.
Portanto, a desconsideração não está incluída nesse rol. (art. 85, 85, parágrafo primeiro, 136 do CPC).
- a inexistência ou não localização de bens da pessoa jurídica não é condição para a desconsideração da
personalidade jurídica. O que se exige é a demonstração da prática de desvio de finalidade ou de
confusão patrimonial. Portanto, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser
instaurado mesmo nos casos em que não for comprovada a inexistência de bens do devedor.
- na hipótese em que tenha sido determinada a desconsideração da personalidade jurídica de sociedade
limitada modesta na qual as únicas sócias seja mãe e filha cada uma com metade das quotas sociais, é
possível responsabilizar pelas dívidas dessa sociedade a sócia que, de acordo com o contrato social não
exerça funções de gerencia ou administração.
O STJ entende que desconsideração da personalidade jurídica no caso de sociedades limitadas
somete atinge os sócios gerentes, entretanto, essa hipótese era diferente, isso porque Joana, juntamente
com sua mãe são as únicas sociais da sociedade limitada e cada uma detém 50 % das quotas sociais.
Logo, Joana não é sócia minoritária.
- a primeira lei a prever a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica no Brasil foi o
CDC. Depois a Lei Antitruste e a Lei de Crimes Ambientais. Em 2002, o Código Civil.
- mesmo o cônjuge companheiro pertencendo a mesma pessoa jurídica, ela tem legitimidade para
requerer a inversão da desconsideração da personalidade jurídica quando o cônjuge transfira seus bens
particulares com a finalidade de prejudicar o cônjuge na partilha de bens em casos de divórcio.
- Lei 13.874/2019 – princípio da autonomia patrimonial – a personalidade jurídica é o que diferencia
dos seus investidores – art. 49 – A do CC.
Incentiva as pessoas a empreender, pois em caso de insucesso, o patrimônio pessoa não será atingido.
Entretanto, muitas pessoas começaram a utilizar desse benefício e abusar da autonomia patrimonial da
pessoa jurídica, utilizando-a como meio de fraudar seus credores. Essas fraudes começaram a acontecer
vice-versa, do nome do sócio pra sociedade, da sociedade pro nome do sócio.
Sendo assim, a jurisprudência passou a permitir a desconsideração da personalidade nesses casos.
- a desconsideração prevista no CC pode ocorrer em duas hipóteses: Desvio de finalidade ou confusão
patrimonial, também conhecida como teoria maior (porque exige maior número de requisitos).
- art. 50, §4: a mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput
deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.
- art. 50, § 5, não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da
atividade econômica específica da pessoa jurídica.
- a pessoa jurídica tem legitimidade para impugnar decisão interlocutória que desconsidera sua
personalidade para alcançar o patrimônio de seus sócios ou administradores, desde que o faça com o
intuito de defender a sua regular administração e autonomia – isto é, a proteção da sua
personalidade -, sem se imiscuir indevidamente na esfera de direitos dos sócios ou administradores
incluídos no polo passivo por força da desconsideração.
- o encerramento das atividades ou dissolução da sociedade ainda que irregulares, não é causa, por si só,
para desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código Civil. (não se aplica a súmula 435 do
STJ – presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal,
sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente).
- em caso de divórcio no qual se pede a desconsideração inversa da personalidade jurídica, deve-se
incluir no povo passivo a pessoa que teria participado do conluio com o cônjuge.
- desconsideração indireta: quando uma empresa controladora comete fraudes por meio de empresa
controlada ou coligada em prejuízo de terceiro. Atinge-se o patrimônio da empresa controladora.
- desconsideração expansiva – atingir patrimônio do sócio oculto da sociedade, quando há utilização
de laranjas (pessoa que intermedia transações fraudulentas, emprestando seu nome, documentos ou
conta bancária para ocultar a identidade de quem a contrata) para cometimento de atos ilícitos.
- a sócia da empresa, cuja personalidade jurídica se pretende desconsiderar, que teria sido beneficiada
por suposta transferência fraudulenta de cotas sociais por um dos cônjuges, tem legitimidade passivo
para integrar a ação de divórcio cumulada com partilha de bens, no bojo da qual se requereu a
declaração de ineficácia do negócio jurídico que teve por propósito transferir a participação do sócio/ex-
marido a sócia remanescente, dias antes da consecução da separação de fato.
- membros do conselho fiscal de uma cooperativa não podem ser atingidos pela desconsideração da
personalidade jurídica se não praticaram nenhum ato de administração. (cooperativa que promove um
empreendimento habitacional assume posição jurídica equiparada a uma incorporadora imobiliária,
estando sujeita, portanto, as disposições do CDC).
- a desconsideração da personalidade jurídica, ainda que com fundamento na Teoria Menor, não pode
atingir o patrimônio pessoal de membros do Conselho Fiscal sem que haja a mínima presença de
indícios de que estes contribuíram, ao menos culposamente e com desvio de função, para a prática de
atos de administração. A desperto de não se exigir prova de abuso ou fraude para fins de aplicação da
Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica, tampouco de confusão patrimonial, o § 5º
do art. 28 do CDC não dá margem para admitir a responsabilização pessoal de quem jamais
atuou como gestor da empresa.

Não se partilha a verba do Fundo de Reserva e Assistência Técnica Educacional e Social – com o
associado excluído ou que se retira do quadro social da cooperativa.
O percentual obrigatoriamente pago ao FATES, no percentual mínimo de 5% das sobras líquidas
apuradas no final do exercício social não é disponível e seu destino independe da vontade dos
cooperados.

As cooperativas possuem natureza jurídica de "sociedades simples", conforme determina


o art. 982, parágrafo único do CC. Se uma cooperativa quiser se transformar em uma
sociedade empresária ela não precisará primeiro ser dissolvida e liquidada para depois ser
constituída uma nova pessoa jurídica (sociedade empresária). Isso pode ser feito direto, ou
seja, ao mesmo tempo que a cooperativa deixa de existir, ela passa a ser uma sociedade
empresária, permitindo-se que ela mantenha o mesmo número do CNPJ. Enfim, a alteração
no CNPJ da razão social de sociedade cooperativa que modificou sua forma jurídica não
exige o prévio cancelamento de sua autorização para funcionar e de seu registro. STJ. 2ª
Turma. REsp 1528304-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/8/2015 (Info 568).

A autonomia das entidades desportivas não é absoluta. O art. 59 do CC é compatível com a


autonomia constitucional conferida aos clubes pelo art. 217, I, da CF/88. STF. 

O Código Civil, ao tratar sobre a responsabilidade das sociedades simples, estabelece o


seguinte: Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os
sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de
responsabilidade solidária. Esse dispositivo NÃO se aplica às associações civis. As
associações civis são caracterizadas pela união de pessoas que se organizam para a
execução de atividades sem fins lucrativos. Sociedades simples são formas de execução
de atividade empresária, com finalidade lucrativa. STJ. 3ª Turma.REsp 1.398.438-SC, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/4/2017 (Info 602).

A responsabilidade do ex-cooperado pelo rateio dos prejuízos acumulados não se limita ao prazo
de 2 anos contados do desligamento da cooperativa, previsto no art. 1.003, parágrafo único, e no
art. 1.032, do CC.

Exemplo: João fazia parte de uma cooperativa e saiu formalmente em 2010. Em 2014, a cooperativa
ajuizou ação contra João cobrando o pagamento de parte proporcional de prejuízo que a entidade sofreu
em 2009. O STJ afirmou o ex-cooperado pode responder porque não se aplica o limite de prazo de 2
anos, previsto no art. 1.003, parágrafo único e no art. 1.032, do Código Civil: Art. 1.003 (...) Parágrafo
único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente
com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. Art. 1.032. A
retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas
obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois
primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação. Esses
dispositivos mencionados pertencem ao regime das sociedades simples e somente se aplicariam às
cooperativas caso a lei fosse omissa (art. 1.096 do CC). Ocorre que o art. 89 da Lei nº 5.764/71 trata
sobre o tema e não estipula prazo. Por fim, vale mencionar que o prazo prescricional para cobrança de
ato cooperativo é de 10 anos, nos termos do art. 205 do CC. STJ. 3ª Turma. REsp 1774434-RS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/09/2020 (Info 682)

- Ficam suspensas as ações judiciais propostas contra cooperativa que esteja em liquidação extrajudicial;
esta suspensão, contudo, não pode ser superior a 1 ano, prorrogável por mais 1 ano.

É constitucional a exigência de que o capital social da EIRELI não seja inferior a 100 vezes o
maior salário-mínimo vigente no país) – art. 7, IV, da CF/88. A indicação é meramente
referencial. A menção do salário serve apenas para determinar o parâmetro do valor do capital
social.
Na avaliação e na partilha de bens em processo de dissolução de sociedade de advogados, não
podem ser levados em consideração elementos típicos de sociedade empresária, tais quais bens
incorpóreos, como a clientela e a sua expressão econômica e a estrutura do escritório.
O princípio da porta aberta deve ser interpretado no sentido de ser possível a exigência de
processo seletivo para admissão de novo cooperado, desde que haja previsão estatutária e a
condição não tenha a finalidade de restringir o acesso de forma abusiva.
É lícita a previsão, em estatuto social de cooperativa de trabalho médico, de processo seletivo
público como requisito de admissão de profissionais médicos para compor os quadros da
entidade, devendo o princípio da porta aberta ser compatibilizado com a possibilidade técnica de
prestação de serviços e a viabilidade estrutural econômico-financeira da sociedade cooperativa.
Se o titular da EIRELI está sendo executado, o juiz somente poderá deferir a penhora dos bens da
EIRELI se houver desconsideração da personalidade jurídica.

TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL


O arrendamento mercantil (também chamado de leasing) é uma espécie de contrato de locação, no qual
o locatário tem a possibilidade de, ao final do prazo do ajuste, comprar o bem pagando uma quantia
chamada de valor residual garantido (VRG).
 

Opções do arrendatário:
Ao final do leasing, o arrendatário terá três opções:
•    Renovar a locação, prorrogando o contrato;
•    Não renovar a locação, encerrando o contrato;
•    Pagar o valor residual e, com isso, comprar o bem alugad
- a cobrança antecipada do valor residual garantido não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil.
- não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos
pelo Decreto- Lei 911/69.
- Ler a Lei 13.874/2019

Por si só, a pactuação do IGPM como índice de correção monetária não revela ilegalidade ou
abusividade.
Por si só, a pactuação do IGPM como índice de correção monetária não revela ilegalidade ou abusividade. STJ.
4ª Turma. AgInt no REsp 1935166/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão Weber, julgado em 23/08/2021.
Obs: vale ressaltar que as ações revisionais se tornaram corriqueira durante a pandemia do COVID19,
com a invocação do caso fortuito/força maior (art.393 do CC) atrelado à tese da onerosidade
excessiva/imprevisão (art. 478 do CC) e que isso não foi apreciado nos recursos especiais acima.
É possível o ajuizamento de ação possessória, fundada em cláusula resolutiva expressa, decorrente de
inadimplemento contratual do promitente comprador, sendo desnecessária a prévia propositura de ação
para resolução do contrato.
Não se pode impor à parte já prejudicada pelo inadimplemento ter o ônus de ajuizar demanda judicial para obter
a resolução do contrato quando já existe uma cláusula resolutória expressa em seu favor. Exigir isso seria impor
ônus demasiado e obrigação contrária ao texto expresso da lei, desprestigiando o princípio da autonomia da
vontade, da não intervenção do Estado nas relações negociais, criando obrigação que refoge à verdadeira
intenção legislativa. Fundamento legal: Código Civil / Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno
direito; a tácita depende de interpelação judicial. A cláusula resolutiva expressa é aquela expressamente
estipulada pelas partes no momento da celebração do negócio jurídico ou em oportunidade posterior (por meio
de aditivo contratual), porém, sempre antes da verificação da situação de inadimplência nela prevista, que
constitui o suporte fático para a resolução do ajuste firmado. Nesta cláusula, as partes indicam as hipóteses que
geram a extinção do contrato. STJ. 4ª Turma. REsp 1789863-MS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em
10/08/2021 (Info 704).
STJ disse que é admitido ação de reintegração de posse sem a necessidade de da propositura da ação de
resolução contratual.
A impossibilidade da prestação de alimentos não está configurada pelo simples fato de o genitor se
encontrar preso.
O fato de o devedor de alimentos estar recolhido à prisão pela prática de crime não afasta a sua obrigação
alimentar, tendo em vista a possibilidade de desempenho de atividade remunerada na prisão ou fora dela a
depender do regime prisional do cumprimento da pena. STJ. 3ª Turma. REsp 1882798-DF, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 10/08/2021 (Info 704).

O locatário não possui legitimidade para ajuizar ação contra o condomínio para questionar a forma pela
qual a coisa comum é gerida
O locatário não possui legitimidade para ajuizar ação contra o condomínio no intuito de questionar o
descumprimento de regra estatutária, a ausência de prestação de contas e a administração de estabelecimento
comercial. STJ. 4ª Turma. REsp 1630199-RS, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 05/08/2021 (Info
704). Caso fica oneroso para o locatário deverá este reclamar com o locador, e não com o condomínio.
Há três modalidades distintas de shopping center:
a) Shopping center típico: todos os espaços são locados. Não possui condomínio.
b) Shopping center vendido: existem vários proprietários das unidades autônomas, que formam um condomínio
comercial. Essas unidades autônomas (espaços) são vendidos ou locados. Trata-se de um condomínio
comercial, mas com características típicas de shopping, como mix, publicidade conjunta e normas de
funcionamento com horários preestabelecidos. Neste modelo existe, portanto, uma convenção de condomínio
que rege o shopping e, normalmente, é escolhido um síndico.
c) Centro comercial: mero aglomerado de lojas, sem um sistema organizado de funcionamento.

A exceção à impenhorabilidade do bem de família, prevista para o crédito decorrente do financiamento


destinado à construção ou à aquisição do imóvel, estende-se ao imóvel adquirido com os recursos
oriundos da venda daquele bem
Exemplo hipotético: João contraiu empréstimo para a aquisição de um apartamento.Ele conseguiu obter o
dinheiro com o Banco e se comprometeu a pagar o mútuo em 60 prestações mensais.Com os recursos obtidos,
João comprou o referido apartamento e nele passou a viver com a sua família. Algum tempo depois, João
alienou o apartamento e, com o dinheiro, comprou uma casa. Se o devedor atrasar as parcelas, será possível que
o banco execute o contrato e consiga a penhora da casa com base na autorização excepcional prevista no inciso
II do art. 3º da Lei nº 8.009/90. Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil,
fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:(...)II - pelo titular do crédito decorrente
do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos
constituídos em função do respectivo contrato; STJ. 3ª Turma. REsp 1935842-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 22/06/2021 (Info 702).
Depois de 20 meses do financiamento, João decidiu vender o apartamento e, com o dinheiro, comprou uma
casa. Ele e a família se mudaram para a casa. Eles não possuem qualquer outro imóvel. Assim, a casa pode ser
enquadrada como bem de família legal.
Passados mais alguns meses, João deixou de pagar as parcelas do financiamento ao Banco.
Diante disso, a instituição financeira ingressou com execução do contrato (execução de título executivo
extrajudicial) e o juiz determinou a penhora da casa onde João mora.
O devedor apresentou exceção de pré-executividade alegando que essa penhora não seria possível porque se
trata de bem de família.
 
O argumento do devedor será acolhido?
NÃO. Será possível a manutenção da penhora da casa.
A autorização excepcional para penhora do bem de família, prevista no inciso II do art. 3º da Lei nº 8.009/90,
aplica-se também para o imóvel adquirido com os recursos oriundos da venda do primeiro imóvel que foi
objeto do financiamento.
O apartamento foi adquirido com dinheiro do financiamento. Posteriormente, o apartamento foi vendido e a
casa comprada com o produto dessa alienação.
O imóvel atual de sua moradia foi adquirido com recursos obtidos a partir da venda do primeiro. Daí porque a
situação jurídica de um se sub-roga no outro.
Se o primitivo bem de família pode ser penhorado para a satisfação de dívida relativa ao próprio bem, o novo bem
de família, adquirido com os recursos da alienação do primeiro, também estará sujeito à referida exceção.
Desse modo, não pode o devedor adquirir novo bem de família com os recursos provenientes da venda de bem
de família anterior para, posteriormente, se furtar ao adimplemento da dívida contraída com a compra do
primeiro, notadamente tendo em vista a máxima de que a ninguém é dado beneficiar-se da própria torpeza.

Se a parte que recebeu as arras não cumpre a sua obrigação contratual, ela deverá devolver as arras
mais o equivalente (é como se tivesse que devolver o valor das arras em dobro)
Da inexecução contratual imputável, única e exclusivamente, àquele que recebeu as arras, estas devem ser
devolvidas mais o equivalente. Se a parte que recebeu as arras não cumprir sua obrigação contratual (arras
confirmatórias) ou exercer seu direito de arrependimento (arras penitenciais), ela terá que pagar para a parte
inocente o valor das arras mais o equivalente. Assim, a restituição somada ao “equivalente” ocorre tanto no
caso de arras confirmatórias como nas arras penitenciais. STJ. 3ª Turma. REsp 1927986-DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 22/06/2021 (Info 702).

O fato de a cobrança de taxa de manutenção estar prevista no contrato-padrão registrado no RI vincula


os adquirentes somente à obrigação de pagar as taxas a partir da aquisição, não abrangendo os débitos
do anterior proprietário
A taxa de manutenção de loteamento urbano cobrada por associação de moradores, prevista no contrato-padrão
registrado no Cartório de Imóveis, vincula os adquirentes somente à obrigação de pagar as taxas a partir da
aquisição, não abrangendo os débitos do anterior proprietário. STJ. 3ª Turma. REsp 1941005-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado 22/06/2021 (Info 702). Segundo o STJ a taxa da associação tem natureza
pessoal.

Se o credor de alimentos ingressou com execução pedindo a prisão civil, mas esta não pode ser realizada
em virtude da pandemia da Covid-19, deve ser autorizada a expropriação de bens do devedor, mesmo
sem a mudança do rito
É possível a penhora de bens do devedor de alimentos, sem que haja a conversão do rito da prisão para o da
constrição patrimonial, enquanto durar a impossibilidade da prisão civil em razão da pandemia do coronavírus.
STJ. 3ª Turma. REsp 1914052-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/06/2021 (Info 702).

A operadora não pode ser obrigada a oferecer plano individual a idoso usuário de plano coletivo extinto
se ela não disponibiliza no mercado tal modalidade contratual
A operadora que resiliu unilateralmente plano de saúde coletivo empresarial não possui a obrigação de fornecer
ao usuário idoso, em substituição, plano na modalidade individual, nas mesmas condições de valor do plano
extinto. STJ. 3ª Turma. REsp 1924526-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 22/06/2021 (Info 703).

Habeas corpus não é via adequada para questionar decisão fundamentada que fixou guarda unilateral
A deliberação judicial acerca da regulamentação da guarda dos filhos, no bojo de uma ação de divórcio -
passível, naturalmente, de questionamentos e irresignações por parte de um dos genitores, ou de ambos, a serem
veiculados pela via recursal adequada -, não importa, por si, em cerceamento do direito de locomoção da
criança, sobretudo porque, de acordo com o regime de convivência e de visitas, especificamente estabelecido
pelo Juízo para a família, a criança não estará privada da companhia do outro genitor com quem não resida.
STJ. 3ª Turma. HC 636744/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 15/06/2021.
Em ação demolitória, não há obrigatoriedade de litisconsórcio passivo necessário dos coproprietários do
imóvel
Exemplo hipotético: João e Pedro são vizinhos. Pedro construiu, em seu imóvel, um terraço para realização de
festas. Ocorre que essa construção desrespeitou as normas sobre direito de vizinhança, tendo em vista que não
obedeceu à distância mínima de afastamento lateral imposta pelo Código Civil no art. 1.301. Diante disso, João
exigiu o desfazimento da obra. Como não aceitou desfazer a obra, João ajuizou ação demolitória contra Pedro.
Pedro contestou a demanda afirmando que o imóvel pertence a ele e aos seus irmãos Ricardo e André e que,
portanto, a ação demolitória deveria ter sido ajuizada contra os três, em litisconsórcio passivo necessário. A tese
de Pedro não foi acolhida pelo STJ. Em ação demolitória, como na hipótese, não se discute a propriedade do
imóvel, caso em que, dada a incindibilidade do direito material, os demais proprietários deveriam
necessariamente integrar a relação processual. A diminuição do patrimônio é consequência natural da
efetivação da decisão judicial que impôs ao réu a obrigação de demolir as benfeitorias e acessões erigidas
ilicitamente. Portanto, na condição de coproprietário, a parte sofrerá os efeitos materiais da sentença, mas isso
não é suficiente para caracterizar o litisconsórcio necessário, até porque o direito de propriedade permanecerá
intocado. STJ. 3ª Turma. REsp 1721472-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 15/06/2021
(Info 701).

É vedado o ajuizamento de ação de imissão na posse, de juízo petitório, na pendência de ação possessória
sobre o mesmo bem
O art. 557 do CPC e o art. 1.210, §2º, do CC estabelecem a vedação da exceção de domínio. Há uma separação
absoluta entre os juízos petitório, baseado na propriedade, e o juízo possessório, baseado na posse. Isso porque
a posse é fenômeno fático-social digno de tutela, sendo totalmente autônomo e distinto da propriedade. Um dos
efeitos da posse é justamente a sua proteção através da tutela estatal. Portanto, havendo uma ação possessória
em curso, não é cabível o ajuizamento de ação petitória ou a discussão a respeito da propriedade. Ademais, a
vedação à exceção de domínio não deve ser compreendida como limitação aos direitos constitucionais de
propriedade ou de ação, seja porque a propriedade deve obedecer à sua função social, seja porque o não debate
sobre o domínio nas ações possessórias representa apenas uma condição suspensiva no exercício do direito de
ação fundada na propriedade. A ação de imissão na posse, apesar do nome, não se baseia na posse, mas sim na
propriedade, sendo uma ação petitória. É a ação cabível para o proprietário obter a posse que nunca teve.
Assim, havendo uma ação possessória em curso, caso seja ajuizada a ação de imissão na posse, esta deverá ser
extinta sem resolução de mérito, ante a falta de pressuposto negativo de constituição e desenvolvimento válido
do processo, qual seja, a ausência de ação possessória pendente sobre o bem como requisito para o manejo de
ação petitória. STJ. 3ª Turma. REsp 1909196-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/06/2021 (Info
701).

Responsabilidade do clube mandante do jogo por danos causados a torcedores


A entidade esportiva mandante do jogo responde pelos danos sofridos por torcedores, em decorrência de atos
violentos provocados por membros de torcida rival. STJ. 3ª Turma. REsp 1924527-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 15/06/2021 (Info 701).
Nos contratos de seguro de vida em grupo, a obrigação de prestar informações aos segurados recai sobre
o estipulante
No contrato de seguro de vida em grupo, cuja estipulação é feita em favor de terceiros, três são as partes
interessadas: a) estipulante, responsável pela contratação com o segurador (ex: empresa ou associação); b)
seguradora, que oferece a cobertura dos riscos especificados na apólice; c) o grupo segurado, usufrutuários dos
benefícios, que assumem suas obrigações para com o estipulante (ex: trabalhadores ou associados). Uma pessoa
está decidindo se irá ou não aderir a um seguro de vida em grupo oferecido pelo empregador(estipulante). De
quem é o dever de informar previamente ao segurado a respeito das cláusulas limitativas/restritivas do contrato?
Esse dever é da seguradora ou do estipulante? Estipulante. Nos contratos de seguro de vida em grupo, a
obrigação de prestar informações aos segurados recai sobre o estipulante. No seguro de vida em grupo, o
estipulante é o mandatário dos segurados, sendo por meio dele encaminhadas as comunicações entre a
seguradora e os consumidores aderentes. Nesse contexto, o dever de informação, na fase pré-contratual, é
satisfeito durante as tratativas entre seguradora e estipulante, culminando com a celebração da apólice coletiva
que estabelece as condições gerais e especiais e cláusulas limitativas e excludentes de riscos. Na fase de
execução do contrato, o dever de informação, que deve ser prévio à adesão de cada empregado ou associado,
cabe ao estipulante, único sujeito do contrato que tem vínculo anterior com os componentes do grupo segurável.
A seguradora, na fase prévia à adesão individual, momento em que devem ser fornecidas as informações ao
consumidor, sequer tem conhecimento da identidade dos interessados que irão aderir à apólice coletiva, cujos
termos já foram negociados entre ela e o estipulante. A obrigação de prestar informações sobre os termos,
condições gerais e cláusulas limitativas de direito estabelecidos no contrato de seguro de vida em grupo ao qual
aderiu o segurado (consumidor) é, portanto, do estipulante, conforme estabelecido no inciso III, do art. 3º, da
Resolução CNSP 107/2004, constituindo-se esse dever em pressuposto lógico da aceitação da proposta de
adesão pelo interessado. STJ. 4ª Turma. REsp 1850961-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
15/06/2021 (Info 702).

É de 10 anos o prazo prescricional para pretensão indenizatória decorrente de vício construtivo.


Imagine a situação em que uma pessoa ingressa com uma ação de indenização contra a construtora pleiteando a
condenação da ré ao pagamento de danos materiais em virtude da metragem a menor da vaga de garagem, do
que foi previsto no contrato de compra e venda. Há incidência de prazo prescricional ou decadencial? De
quanto seria o prazo para ingressar com a ação? A pretensão seria de natureza indenizatória (de ressarcimento
pelo prejuízo decorrente dos vícios do imóvel), não havendo incidência de prazo decadencial, sujeitando-se a
ação ao prazo de prescrição. Assim, a orientação do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de se
aplicar o prazo prescricional disposto no art. 205 do Código Civil à pretensão indenizatória decorrente do vício
construtivo. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.889.229, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em
15/06/2021. Cuidado! O prazo será decadencial de 1 anos, se a pretensão da parte autora for: a) complemento
da área; b) reclamar a resolução do contrato; ou c) o abatimento proporcional do preço. Na hipótese em que as
dimensões de imóvel adquirido não correspondem às noticiadas pelo vendedor, cujo preço da venda foi
estipulado por medida de extensão (venda ad mensuram), aplica-se o prazo decadencial de 1 (um ano, previsto
no art. 501 do CC/2002 para exigir: • o complemento da área; • reclamar a resolução do contrato; ou • o
abatimento proporcional do preço. STJ. 3ª Turma. REsp 1890327/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
20/04/2021 (Info 693)

É possível a usucapião mesmo em uma área irregular (área na qual não houve regularização fundiária)
É cabível a aquisição de imóveis particulares situados no Setor Tradicional de Planaltina/DF, por usucapião,
ainda que pendente o processo de regularização urbanística. STJ. 2ª Seção. REsp 1818564-DF, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 09/06/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1025) (Info 700).

Usufrutuário havia arrendado o imóvel objeto do usufruto; usufrutuário morreu; com isso, extingue-se o
usufruto; porém, enquanto o proprietário não reivindicar a posse, os sucessores do usufrutuário poderão
pleitear os direitos contratuais em face do arrendatário
A morte de usufrutuário que arrenda imóvel, durante a vigência do contrato de arrendamento, sem a
reivindicação possessória pelo proprietário, torna precária e injusta a posse exercida pelos seus sucessores, mas
não constitui óbice ao exercício dos direitos provenientes do contrato de arrendamento pelo espólio perante o
terceiro arrendatário. STJ. 3ª Turma. REsp 1758946-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
08/06/2021 (Info 700).

É obrigatório o fornecimento, a qualquer interessado, das informações relativas à participação individual


de cada artista nas obras musicais coletivas
As associações de gestão coletiva de direitos autorais, a despeito de possuírem natureza jurídica de direito
privado, exercem, tal qual dispõe o art. 97, § 1º, da Lei nº 9.610/98, atividade de interesse público, devendo
atender a sua função social. Nos termos do art. 98, § 6º, da Lei nº 9.610/98, introduzido pela Lei nº
12.853/2013, as associações deverão manter um cadastro centralizado de todos os contratos, declarações ou
documentos de qualquer natureza que comprovem a autoria e a titularidade das obras e dos fonogramas, bem
como as participações individuais em cada obra e em cada fonograma, prevenindo o falseamento de dados e
fraudes e promovendo a desambiguação de títulos similares de obras. Ainda, nos moldes do que dispõe o § 7º
do mencionado dispositivo legal, tais informações são de interesse público e o acesso a elas deverá ser
disponibilizado por meio eletrônico a qualquer interessado, de forma gratuita. STJ. 3ª Turma. REsp 1921769-
PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/06/2021 (Info 700).
A cláusula contratual que circunscreve e particulariza a cobertura securitária não encerra, por si,
abusividade nem indevida condição potestativa por parte da seguradora
É da própria natureza do contrato de seguro a prévia delimitação dos riscos cobertos a fim de que exista o
equilíbrio atuarial entre o valor a ser pago pelo consumidor e a indenização securitária de responsabilidade da
seguradora, na eventual ocorrência do sinistro. A restrição da cobertura do seguro às situações específicas de
invalidez por acidente decorrente de “qualquer tipo de hérnia e suas consequências”, “parto ou aborto e suas
consequências”, “perturbações e intoxicações alimentares de qualquer espécie, bem como as intoxicações
decorrentes da ação de produtos químicos, drogas ou medicamentos, salvo quando prescritos por médico
devidamente habilitado, em decorrência de acidente coberto” e “choque anafilático e suas consequências” não
contraria a natureza do contrato de seguro nem esvazia seu objeto, apenas delimita as hipóteses de não
pagamento do prêmio. STJ. 4ª Turma. REsp 1358159-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
08/06/2021 (Info 701). Cuidado com decisão da 3ª Turma do STJ em sentido ligeiramente contrário: É abusiva
cláusula prevista em seguro de acidentes pessoais que exclua complicações decorrentes de gravidez, parto,
aborto, intoxicações alimentares, exames e tratamentos (STJ. 3ª Turma. REsp 1635238-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 11/12/2018).

Cabe ao juízo estatal julgar a ação de despejo, ainda que exista cláusula compromissória no contrato de
locação
Compete ao juízo estatal julgar a pretensão de despejo por falta de pagamento, mesmo existindo cláusula
compromissória. A cláusula arbitral, uma vez contratada pelas partes, goza de força vinculante e caráter
obrigatório, definindo ao juízo arbitral eleito a competência para dirimir os litígios relativos aos direitos
patrimoniais acerca dos quais os litigantes possam dispor, derrogando-se a jurisdição estatal. No entanto, apesar
da referida convenção arbitral excluir a apreciação do juízo estatal, tal restrição não se aplica aos processos de
execução forçada, haja vista que os árbitros não são investidos do poder de império estatal à prática de atos
executivos, não sendo detentores de poder coercitivo direto. No caso de ação de despejo por falta de pagamento
e imissão de posse, o juízo arbitral não poderá decidir a causa porque se busca uma ordem para restituir o
imóvel com o desalojamento do ocupante. Logo, há uma peculiaridade procedimental e uma natureza executiva
ínsita, exigindo a atuação do juízo estatal. STJ. 4ª Turma. REsp 1481644-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 01/06/2021 (Info 699).
Nos processos de execução forçada, é possível o juízo estatal rever controvérsias que digam
respeito ao mérito?
REGRA: NÃO. Na execução lastreada em contrato com cláusula arbitral, haverá limitação material do
seu objeto de apreciação pelo magistrado: o Juízo estatal não deterá competência para resolver as
controvérsias que digam respeito ao mérito dos embargos, às questões atinentes ao título ou às
obrigações ali consignadas (existência, constituição ou extinção do crédito) e às matérias que foram
eleitas para serem solucionadas pela instância arbitral (kompetenz e kompetenz), que deverão ser
dirimidas pela via arbitral.
Isso é conhecido como aplicação do princípio da kompetenz-kompetenz (competência-competência)
considerando que compete ao próprio árbitro dizer se ele é ou não competente para conhecer aquele
conflito.

MULTIPROPRIEDADE

- é inválida a penhora da integralidade de imóvel submetido ao regime de multipropriedade (time-sharing) em


decorrência de dívida de condomínio de responsabilidade do organizador do compartilhamento.
- natureza jurídica de direito real

Em ação demolitória, não há obrigatoriedade de litisconsórcio passivo necessário dos coproprietários do


imóvel. Porque ação demolitória não se discute a propriedade do imóvel, mesmo que o coproprietário
sofra os efeitos materiais da sentença, mas isso não é suficiente para caracterizar o litisconsórcio
necessário, até porque o direito de propriedade permanecerá intocado.
É vedado o ajuizamento de ação de imissão na posse, de juízo petitório, na pendência de ação
possessória sobre o mesmo bem.
- alienação fiduciária: quando o fiduciante não paga a dívida, a lei afirma que ocorre a consolidação da
propriedade em nome do fiduciário – art. 26 da Lei nº 9.514/97.
- posse é o exercício de fato sobre algum dos poderes inerentes à propriedade.
-posse direita, ou seja, da pessoa que tem a coisa em seu poder ou posse indireta, de quem cedeu o
direito ao possuidor direto.
SÚMULA 263 DO STJ – o atual possuidor, o fato do outro possuidor ter perdido à posse não o retira o
direito à propriedade. Pois, a posse direta não retira a posse indireta (art. 1.197 do CC).
- a aquisição de propriedade não ocorrerá meramente por uma situação de fato. A propriedade imóvel
será adquirida pelo registro, usucapião, acessão ou pelo direito sucessório, enquanto a propriedade da
coisa móvel pode ser adquirida por tradição.
- posse é autônoma e não se confunde com a propriedade.

Caso analisado: Ricardo ingressou com ação possessória, tendo João utilizado o argumento da
propriedade para sua defesa, por meio do ajuizamento da ação petitória. Assim, João utilizou uma
exceção de domínio (art. 557 do CPC e o art. 1.210, § 2º do CC).

3 ações possessórias:
a) Ação de reintegração de posse: pessoa que sofreu um esbulho, ou seja, perdeu a posse.
b) Ação de manutenção de posse: pessoa está sofrendo uma turbação. EX. o agressor ingressa várias
vezes, mas depois sai novamente ou o agressor invadiu apenas parte do imóvel.
c) Interdito proibitório: pessoa estiver sofrendo ameaças de efetiva ofensa à posse, sem que tenha
havido, contudo, um ato material concreto, ex., os invasores já foram vistos várias vezes rondando a
localidade, demonstrando que podem entrar no terreno.
- causa de pedir de uma ação possessória é a posse – procedimento especial.
- causa de pedir de uma ação petitória é a propriedade ou outro direito real – procedimento comum.

Não é possível debater posse e propriedade porque há separação entre os juízos possessórios e
petitórios.

A título de complementação, veja algumas outras ações que podem ser utilizadas nas
demandas a respeito de bens imóveis, posse e direitos reais:
 
a) Ação de adjudicação compulsória: é a ação cabível para a obtenção de decisão judicial que substitua a
outorga de escritura definitiva de um bem imóvel. Ou seja, houve a promessa de compra e venda, o promitente
comprador efetuou o pagamento, mas o promitente vendedor recusou-se a outorgar a escritura definitiva. A
sentença na ação de adjudicação compulsória irá substituir a obrigação de fazer do vendedor. Registre-se a
súmula 239/STJ: “O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de
compra e venda”.
b) Ação de despejo: ação do locador para reaver o imóvel do locatário, nos termos da lei de locação de imóveis
urbanos (lei 8.245/91). Ou seja, mesmo se o locador for o proprietário do imóvel (possuidor indireto), a ação
adequada para reaver o imóvel do locatário (possuidor direto) será a de despejo.
c) Embargos de terceiro: utilizada por terceiro, ou seja, quem não faz parte do processo, mas sofre constrição ou
ameaça em bens sobre os quais possui posse ou outro direito. Trata-se de procedimento especial, previsto nos
artigos 674 a 681 do Código de Processo Civil.
d) Ação de nunciação de obra nova: visa impedir continuação de obras no terreno vizinho, as quais prejudiquem
o possuidor ou proprietário ou estejam em desacordo com os regulamentos. No âmbito do CPC/75, seguia um
procedimento especial; já no CPC/15, deve observar o procedimento comum.
e) Ação de dano infecto: utilizada para acautelar aquele que tem justo receio de sofrer dano iminente em seu
imóvel, pelo uso anômalo de propriedade alheia. É baseada nos artigos 1.280 e 1.281 do Código Civil.
f) Ação Publiciana: ação para recuperar a posse de coisa com fundamento na propriedade adquirida pela
usucapião, ainda não declarada por sentença judicial.
g) Ação ex empto: ação utilizada pelo adquirente de imóvel na modalidade ad mensuram, quando verificar que
as dimensões do imóvel alienado não correspondem aos dados constantes na escritura de compra e venda,
podendo exigir a complementação da área ou a redução do preço.
h) Ação negatória de servidão: utilizada pelo proprietário do prédio serviente para declarar a inexistência de
servidão.
i) Ação confessória: utilizada para obter o reconhecimento judicial da existência de servidão, usufruto, uso,
habitação.
j) Ação demarcatória: ação para cessar a confusão de limites entre imóveis vizinhos, fixando novos limites ou
aviventando os limites existentes, mas apagados.
k) Ação divisória: Ação utilizada para individualizar o imóvel que era objeto de condomínio.
SÚMULA 637 STJ – o ente público detém legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente, na ação
possessória entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, se for o caso, o domínio.
Condomínios residenciais podem impedir, por meio da convenção condominial, o usa de imóveis para
locação pelo Airbnb.
- Airbnb é um serviço online que une pessoas que querem alugar acomodações.
- no caso analisado, o sindicou alegou que os apartamentos só podem ser utilizados com fins
residenciais, então, a disponibilização em aplicativo caracteriza destinação comercial, sendo vedado
pela convenção do condomínio.
- esse tipo de aluguel caracteriza contrato de hospedagem (habitação temporária) na modalidade atípica.
Não há necessidade de se suspender a ação possessória até que se julgue a ação de usucapião.
Recurso Repetitivo – usucapião extraordinário e possiblidade de área do imóvel ser inferior ao módulo
urbano. O fato de o imóvel não atender ao mínimo os módulos urbanos exigidos pela legislação
municipal para a respectiva área não é motivo suficiente para se negar esse direito, pois não há na
legislação ordinária própria à disciplina da usucapião regra que especifique área mínima.
- também para que seja deferido o direito à usucapião especial urbana basta o preenchimento dos
requisitos exigidos pelo texto constitucional, de movo que não se pode impor obstáculos, de índole
infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de parte interessada, o modo originário de
aquisição de propriedade.
- usucapião extraordinária – prazos: 15 anos de posse (regra) ou 10 anos se o possuir houver
estabelecido no imóvel a sua moradia habitual ou nele tiver realizado obras ou serviços de caráter
produtivo.
- após a citação, é possível a mera juntada da planta e do memorial descritivo, sem a anuência do
demandado, desde que não implique em alteração do pedido formulado na petição inicial da ação de
usucapião.
- o interesse jurídico no ajuizamento direto de ação de usucapião independe de prévio pedido na via
extrajudicial.
- não cabe intervenção de terceiros na modalidade de oposição na ação de usucapião.
- é possível o reconhecimento da usucapião de bem imóvel com a implementação do requisito temporal
no curso da demanda. Isso ocorre porque o art. 493 do CPC, permite que o juiz pode considerar fato
modificativo, constitutivo ou extintivo de direito após a propositura da ação.
A contestação apresentada pelo réu não impede o transcurso do lapso temporal porque ela não é apta a
interromper o prazo da prescrição aquisitiva. A contagem de tempo somente seria interrompida se o
proprietário conseguisse reaver a posse.
- ausência de citação dos confinantes gera nulidade relativa.
- em nosso ordenamento jurídico existe duas formas de prescrição: a extintiva (perca da pretensão de
defender de um direito) e a aquisitiva. O Juiz poderá agir de ofício apenas na prescrição extintiva – art.
487, II, CPC. O juiz ao sentenciar não pode decidir em causa não articulada pelo demandante, ainda que
por ela seja possível acolher o pedido do autor.
- decretada a usucapião, extingue-se a hipoteca judicial que gravava o bem. A sentença de usucapião
produz efeitos ex tunc e sua forma é originária de aquisição de propriedade, não decorrente da antiga e
não guardando com ela relação de continuidade.
- A alegação da União de que determinada área constitui terreno de marinha, sem que
tenha sido realizado processo demarcatório específico e conclusivo pela Delegacia de
Patrimônio da União, não obsta o reconhecimento de usucapião. Nesse caso, na sentença
que reconhecer a usucapião, o juiz deverá ressalvar que a União poderá fazer uma
eventual e futura demarcação no terreno. Se ficar constatado, efetivamente, que o imóvel
está localizado em terreno de marinha, a União será declarada proprietária da área, não
havendo preclusão sobre o tema. Aplica-se o mesmo raciocínio constante na Súmula 496
do STJ: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de
marinha não são oponíveis à União. Com isso, não haverá prejuízo à União.
STJ. 4ª Turma. REsp 1090847-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/4/2013
(Info 524).
Bens da marinha são bens da união, portanto, não podem ser objeto de usucapião.
Portanto, a competência deverá ser declinada para a Justiça Federal.
Portanto poderá ser usucapido área que a União ainda não tenha realizado o demarcatório
específico.

CONTRATOS 2022

CASO CAMPARI
Para o STJ, a autora não tem direito à indenização.
Nos contratos de distribuição é normal que o produtor seja amplamente informado e participe das
técnicas mercadológicas usuais de venda desenvolvidas pela distribuidora e de seu campo de atuação.
Essas informações não configuram expertise singular indenizável, ou seja, não é cabível, em regra,
indenização pelo simples fato de o produtor utilizar essas informações para continuar vendendo o
produto no futuro sem a participação da empresa distribuidora.
Para que a Campari fosse condenada a indenizar seria necessário se provar que ela se utilizou de know-
how secreto e original da distribuidora, o que não é o caso.
Sem essa demonstração, o que se conclui é que a Campari utilizou-se dos conhecimentos e informações
que adquiriu ao longo de todos esses anos de contrato em função do exercício legítimo do seu poder de
controle na qualidade de fornecedor sobre o seu distribuidor exclusivo.
Vale ressaltar que, por força do próprio contrato, a empresa distribuidora deveria fornecer à Campari as
informações sobre estratégias de vendas, marketing, base de consumidores etc. Assim, aquilo que a
autora afirma que a ré se apropriou são informações que, pelo contrato, já deveriam ser fornecidas. Isso
afasta o caráter original e/ou secreto desses dados.
Ademais, a formação de clientela está normalmente associada às estratégias de marketing utilizadas pelo
fabricante, à qualidade do produto e à notoriedade da marca, e não ao esforço e à dedicação do
distribuidor.
Dessa feita, no caso, não se identifica nenhum elemento ou técnica distintiva original ou protegida por
sigilo, legal ou contratualmente, a indicar apropriação indevida de know-how, sendo certo que a
organização de lista de clientes ou a dinâmica de vendas transferida contratualmente não tem o condão
de embasar pedido indenizatório de danos emergentes ou de lucros cessantes.

a condição resolutiva de doação verbal estabelecida entre pai e filho e desconhecida por terceiros não
produz efeitos jurídicos contra estes.
A cláusula de eleição de foro firmada entre a autora do dano e o segurado não é oponível à seguradora
sub-rogada em ação regressiva na qual pleiteia o ressarcimento do valor pago ao segurado.
Termo inicial dos juros de mora incidentes sobre as diferenças entre os valores do aluguel estabelecido
no contrato e aquele fixado na ação renovatória será a data para pagamento fixada própria sentença
transitada em julgado (mora ex re); ou a data da intimação do devedor para pagamento na fase de
cumprimento de sentença (mora ex persona).
O seguro de vida não pode ser instituído por pessoa casada em benefício de parceiro em reação
concubinária. Interpretação teleológica dos arts. 550 e 793 do CC. Esse entendimento harmoniza com o
recente julgamento pelo STF RE 1.045.273/SE. A preexistência de casamento ou de união estável de um
dos conviventes, ressalvada a exceção do art. 1.723, § 1 do CC, impede o reconhecimento de novo
vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração do
dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro.
Na ação de nulidade de doação inoficiosa, o prazo prescricional é contado a partir do registro do ato
jurídico que se pretende anular, salvo se houver anterior ciência inequívoca do suposto prejudicado.
- doação inoficiosa é a que invade a legítima dos herdeiros necessários. A pessoa que tenha herdeiros
necessários só pode doar até o limite máximo da metade de seu patrimônio, considerando que a outra
metade é a chama legítima e pertence aos herdeiros necessários.
- prazo prescricional de 10 anos a partir do registro do ato jurídico que se pretende anular, salvo se o
prejudicado teve ciência inequívoca do ato.
a contagem do prazo prescricional de 1 ano que o segurado possui para exigir a indenização da
seguradora somente se inicia na data em que o segurado toma ciência de que a seguradora se recusou a
pagar.
A impugnação ao cumprimento de sentença arbitral, devido à ocorrência dos vícios elencados no art. 32
da Lei nº 9.307/96, possui prazo decadencial de 90 dias.
se a parte executada quiser alegar algum dos vícios do art. 32 da Lei nº 9.307/96: ela possui o prazo de
90 dias. Assim, se já tiver se passado 90 dias da notificação da sentença, ela não poderá apresentar
impugnação alegando um dos vícios do art. 32.
A escolha entre a ação de nulidade e a impugnação ao cumprimento de sentença em nada interfere na
cristalização ou não da decadência, de modo que, escoado o prazo de 90 dias para o ajuizamento da ação
de nulidade, não poderá a parte suscitar as hipóteses de nulidade previstas no art. 32 da Lei de
Arbitragem pela via da impugnação.

• mesmo que já tenha se passado o prazo de 90 dias, a parte ainda poderá alegar uma das matérias do §
1º do art. 525 do CPC. Não é cabível a impugnação ao cumprimento da sentença arbitral, com base nas
nulidades previstas no art. 32 da Lei nº 9.307/96, após o prazo decadencial nonagesimal.
Prazo prescricional para pedir a restituição da caução prestada em contrato de locação: 3 anos – art. 206,
§ 3º I do CC.
Na hipótese de perda total do bem segurado, o valor da indenização só corresponderá ao montante
integral da apólice se o valor segurado, no momento do sinistro, não for menor.
O termo inicial dos juros de mora relativos às diferenças dos alugueis vencidos será a data para
pagamento fixada na sentença ou a data da intimação do devedor – prevista no art. 523 do CPC – para
pagamento na fase de cumprimento de sentença.
- se, na sentença, for prevista uma data para pagamento: o termo inicial dos juros será esse dia. Assim,
se a própria sentença marcar data para pagamento das diferenças, incorrerá em mora o devedor que não
adimplir no termo estipulado, pois esta data integrará, definitivamente o título executivo. Trata-se de
hipótese de mora ex re.
- se, na sentença, não for prevista data para pagamento: os juros serão contados a partir da data em que o
devedor for intimado para pagar na fase de cumprimento de sentença. Inexistindo o referido prazo na
própria sentença, o devedor deverá ser interpelado para pagar, sob pena de incidir em mora. Trata-se,
aqui, de mora ex persona. Art. 523 CPC.
a pretensão do segurado contra o segurador envolvendo inadimplemento contratual ou do segurador
contra o segurado prescreve em 1 ano em qualquer dos deveres ( principais, secundários ou anexos) art.
206, § 1, II, b, do CC/02. Não alcançado os seguros-saúde e os planos de saúde- dada a natureza sui
generis desses contratos. Para os seguros-saúde e os planos de saúde são aplicados os prazos
prescricionais decenal ou trienal, a depender da natureza da pretensão.
Não é possível usucapião de imóvel vinculados ao sistema financeiro de habitação, ainda que em
situação de abandono.
- o imóvel vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação porque afetado à prestação de serviço público,
deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível. O eventual abandono do imóvel público
não possuir o condão de alterar a natureza jurídica que o mesmo possui.
Na rescisão de contrato de compra e venda de imóvel residencial não edificado, o adquirente não pode
ser condenado ao pagamento de taxa de ocupação.
O termo inicial da prescrição da pretensão dos herdeiros ao arbitramento dos honorários advocatícios,
não pagos ao de cujus que renunciara ao mandato, conta-se da data da renúncia ou revogação.
Não é aceitável que a parte provoque a manifestação do juízo arbitral e, depois, de obter o
pronunciamento acerca da matéria, venha a pleitear a nulidade da decisão ao argumento de que não
poderia ter enfrentado o tema.
Em ação renovatória do contrato de locação de espaço em shopping center a dissonância entre o locativo
percentual contratado e o valor de mercado não autoriza, por si só, a alteração do aluguel. Os contratos
são diferentes dos contratos de mercado, pois eles possuem algumas características especiais do
empreendimento. Fundamento utilizado na decisão foi art. 54, 8.245/91, arts. 317 e 479 do CC/02.
Para que ocorra a rescisão contratual de compromisso de compra e venda de imóvel em loteamento, o
art. 32 da Lei 6.766/79 exige a constituição em mora do devedor; para o STJ isso pode ser feito
mediante carta com AR, desde que assinado pelo próprio devedor, nos termos do art. 49 da mesma Lei.
- art. 32 – vencida e não paga a prestação, o contrato será considerado rescindido 30 dias depois de
constituído em mora o devedor.

- Art. 49. As intimações e notificações previstas nesta Lei deverão ser feitas pessoalmente ao intimado ou
notificado, que assinará o comprovante do recebimento, e poderão igualmente ser promovidas por meio dos
Cartórios de Registro de Títulos e Documentos da Comarca da situação do imóvel ou do domicílio de quem
deva recebê-las.
§ 1º Se o destinatário se recusar a dar recibo ou se furtar ao recebimento, ou se for desconhecido o seu
paradeiro, o funcionário incumbido da diligência informará esta circunstância ao Oficial competente que a
certificará, sob sua responsabilidade.
§ 2º Certificada a ocorrência dos fatos mencionados no parágrafo anterior, a intimação ou notificação será
feita por edital na forma desta Lei, começando o prazo a correr 10 (dez) dias após a última publicação.
Decai em 1 ano pedido do adquirente para restituição de valor pago por área excedente, decorrente da
aquisição de imóvel entregue em metragem menor do que a contratada.
Na hipótese em que as dimensões de imóvel adquiridos não correspondem às noticiadas pelo vendedor, cujo
preço da venda foi estipulado por medida de extensão (venda ad mensuram), aplica-se o prazo decadencial de 1
ano, previsto no art. 501 do CC/02 para exigir: o complemento da área; reclamar a resolução do contrato; ou o
abatimento proporcional do preço. CUIDADO: se a pretensão for indenizatória, aplica-se o prazo prescricional
de 10 anos.
Em regra, a partir da data em que o advogado toma ciência da morte. Em caso de falecimento do mandante,
o termo inicial da prescrição, em regra, é a data da ciência desse fato pelo advogado (mandatário). Desse
modo, extinto o contrato de prestação de serviços advocatícios pela morte do cliente, nos termos do art. 682,
II, do C/02, nasce para o advogado a pretensão de postular a verba honorária em juízo. A exceção ocorre se
houver cláusula quota litis. A existência de cláusula quota litis em contrato de prestação de serviços
advocatícios faz pôster o início da prescrição até o momento da implementação da condição suspensiva.
É válida e eficaz a cláusula de reversão em favor de terceiro, aposta em contrato de doação celebrado à luz
do CC/2016, ainda que a condição resolutiva se verifique apenas sob a vigência do CC/2002.
É devida indenização por lucros cessantes pelo período em que o imóvel objeto de contrato de locação
permaneceu indisponível para uso, após sua devolução pelo locatário em condições precárias. Pode pedir
indenização por perdas e danos.
A Lei 1.046/50 não ampara a extinção do débito de empréstimo consignado em razão do óbito de servidor
público estadual ou municipal. Porque a referida Lei foi direcionada aos servidores da União. Ocorre que a
Lei foi revogada pela 8.112/90, pois disciplinou a consignação em pagamento evolvendo servidores públicos
federais (ab-rogação tácita).
É lícito à parte lesada optar pelo cumprimento forçado ou pelo rompimento do contrato, não lhe cabendo,
todavia, o direito de exercer ambas a alternativas simultaneamente.
O art. 475 do Código Civil afirma que, “...a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do
contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas
e danos...” Note-se, portanto, que esse artigo dá o direito de a parte lesada optar pelo cumprimento forçado
do contrato ou então pelo seu rompimento. É um ou outro (e não os dois). A escolha, uma vez feita, pode ser
alterada, desde que antes da sentença.
Nos contratos de mútuo imobiliário regidos pelo Plano de Equivalência Salarial - PES, segurados pelo
Fundo de Compensação de Valorizações Salariais - FCVS, o reconhecimento de anatocismo não gera direito
a repetição de indébito se tal procedimento impactou apenas no valor do saldo devedor do contrato.
O termo inicial de contagem do prazo para a denúncia vazia, nas hipóteses de que trata o art. 47, v, da Lei
8.245/91, coincide com a formação do vínculo contratual originário, e não da prorrogação do contrato.
Denúncia vazia é a possibilidade de o locador solicitar a retomada do imóvel sem a necessidade de
apresentar justificativas. Em contrapartida, fala-se em denuncia cheia quando a lei exige, para a retomada
do imóvel, que o locador demonstre que existe alguma das hipóteses previstas na Lei.
A emancipação legal proveniente de relação empregatícia, prevista no art. 5º, parágrafo único, V, parte final,
do CC/2002, pressupõe: i) que o menor possua ao menos dezesseis anos completos; ii) a existência de
vínculo empregatício; e iii) que desse liame lhe sobrevenha economia própria.
Por decorrer diretamente do texto da lei, essa espécie de emancipação prescinde de autorização judicial, bem
como dispensa o registro público respectivo, bastando apenas que se evidenciem os requisitos legais para a
implementação da capacidade civil plena.
Além disso, a autorização judicial não é pressuposto de validade de contratos de gestão de carreira e de
agenciamento de atleta profissional celebrados por atleta relativamente incapaz devidamente assistido pelos
pais ou responsável legal. O menor antecipado não pode adotar por faltar a legitimação do art. 1.618 do CC.
Nem pode tirar carteira de motorista por conta do art. 140 do CTB c/c art. 27 do CP.
- a emancipação é um ato dos detentores do poder familiar. Mesmo sendo separados, os pais devem fazer a
emancipação conjuntamente.

A vontade do menor é relevante?


Segundo a moderna doutrina sim. Há doutrinadores defendendo que o menor deve ser
ouvido sobre a sua emancipação.
Atenção: o tutor não pode emancipar voluntariamente o tutelado, considerando que a tutela
se trata de um múnus público, não estando, portanto, sob a livre disponibilidade do tutor.
 
A emancipação é, em regra, definitiva, irrevogável e irretratável.
Em caso de fraude, é possível a anulação da emancipação.
Existe posição doutrinária no sentido de que os pais podem ser responsabilizados
solidariamente pelos danos causados pelo filho que emanciparam. Esse entendimento existe
para que a vítima não fique sem qualquer ressarcimento (posição de Carlos Roberto
Gonçalves).
 - a emancipação é uma forma de extinção do poder familiar.
A impugnação ao cumprimento de sentença arbitral devido à ocorrência dos vícios
elencados no art.32 da Lei 9.307/96, possui prazo decadencial de 90 dias.
É desnecessária a notificação previa do comodatário para fins de comprovação do
esbulho possessório quando verificada a ciência inequívoca do intuito de reaver o
imóvel.
Nos contratos de comodato firmados por prazo determinado, mostra-se
desnecessária a promoção de notificação prévia - seja extrajudicial ou judicial - do
comodatário, pois, logicamente, a mora constituir-se-á de pleno direito na data em
que não devolvida a coisa emprestada, conforme estipulado contratualmente.
Por outro lado, no caso de comodato por prazo indeterminado, é indispensável a
prévia notificação para rescindir o contrato, pois, somente após o término do prazo
previsto na notificação premonitória, a posse exercida pelo comodatário,
anteriormente tida como justa, tornar-se-á injusta, de modo a configurar o esbulho
possessório.

No caso concreto, todavia, a despeito de o comodato ter-se dado por tempo


indeterminado e de não ter havido a prévia notificação do comodatário, não se pode
conceber que este detinha a posse legítima do bem. Isso porque foi ajuizada uma
outra ação antes da propositura da própria ação possessória e nessa primeira ação
já se demonstrou o intuito de retomar o bem, mostrando-se a notificação
premonitória uma mera formalidade, inócua aos fins propriamente pretendidos.
Assim, verificada a ciência inequívoca do comodatário para que providenciasse a
devolução do imóvel cuja posse detinha em função de comodato com a falecida
proprietária, configurado está o esbulho possessório, hábil a justificar a procedência
da lide.

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