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1. Noções Introdutórias
Temos que o direito das sucessões é tratado no último livro do Código Civil de 2002 (Livro V –
Do Direito das Sucessões) e é o ramo do direito civil que trata da sucessão mortis causa. É
neste ramo do direito que se estudam noções gerais como herança, testamento, espólio e
outros termos relacionados à sucessão decorrente da morte.
O direito à herança encontra, inclusive, previsão constitucional, encontrando-se plasmado no
art. 5º, XXX da CF/88, de forma bastante objetiva, enfatizando a natureza de garantia
constitucional de tal direito: “XXX – é garantido o direito de herança”. E diferente não poderia
ser, já que o direito de herança é indissociável das noções de direito de propriedade e sua
função social.
2. Abertura da Sucessão
A sucessão se abre com a morte, imediatamente. E para evitar a existência de direitos, deveres
e bens sem um titular, a lei cria um efeito que se opera com a abertura da sucessão, ou seja,
com a morte, que é transmissão automática da posse dos bens do falecido para os seus
herdeiros, e assim, todos os herdeiros, até que se ultime a partilha dos bens eventualmente
deixados pelo falecido, terão a composse destes bens. Esta posse se transmite de forma
imediata e automática, sem a necessidade de nenhum ato por parte dos herdeiros.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.
Veja-se: “Aberta a sucessão” = morte;
“transmite-se, desde logo” = imediata e automaticamente
Verifica-se, portanto, que nosso sistema adota do Princípio da Saisine, e nas palavras de
Anderson Schereiber, “esse imediatismo na transmissão dos bens impede que o patrimônio
permaneça por qualquer instante sem titular, o que serve para evitar abusos e conflitos
decorrentes do esbulho e heranças abertas” (SCHEREIBER, 2020; p. 1.014).
Código Civil
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da
herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
A administração da herança regula-se pelas normas relativas ao condomínio, e o espólio
possui legitimidade judicial ativa e passiva, desde que devidamente representado pelo
inventariante (art. 75, VII do CPC).
Ao inventariante cabe a administração da herança (art. 1.991, CC), e até que o inventariante
assuma este compromisso, a administração é regulada na forma do art. 1.797 do CC:
Art. 1.991. Desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha, a
administração da herança será exercida pelo inventariante.
Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá,
sucessivamente:
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão;
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um
nessas condições, ao mais velho;
III - ao testamenteiro;
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes,
ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.
Ademais, a lei confere à sucessão aberta a natureza jurídica de bem imóvel, conforme art. 80
do CC, ainda que o falecido somente tenha deixado bens móveis. Significa que uma vez aberta
a sucessão, e antes de ultimada a partilha com a transmissão definitiva dos bens aos novos
titulares, estes bens, considerados enquanto universalidade, tem, por força de lei, natureza de
bem imóvel: