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Prazo para a abertura de inventário

Artigo 1796 do Código Civil, artigo 983 do Código de Processo Civil e


artigo 611 do novo Código de Processo Civil.

A não observância dos prazos acima gera consequência de ordem


administrativa, mas não afeta o direito material do herdeiros.

Indivisibilidade da herança

A herança é uma universalidade de direitos e até a partilha todos os


herdeiros encontram-se como verdadeiros condôminos, art. 1.791 do
Código Civil. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que sejam
vários herdeiros.

Até a partilha nenhum herdeiro pode alienar ou hipotecar a sua parte da


herança, podendo apenas fazer a cessão de sua quota ideal.

Parágrafo único do art 1.791 do Código Civil, até a partilha a propriedade e


posse da herança são regidas pelas regras jurídicas relativas ao condomínio
(artigos 1.314 a 1.322 do Código Civil).

Art. 1.792 do Código Civil - o herdeiro não responde por encargos


superiores às forças da herança.

A prova do excesso é feita através do processo de inventário.

Cessão de direito hereditário

Cessão de direito
___________________+___________+_________________+________
Expectativa de direito abertura da sucessão inventário partilha

- Aberta a sucessão, com o evento morte, surge a figura do herdeiro e


ocorre a transferência imediata do patrimônio em razão do Princípio
saisine.

- Como titular do patrimônio o herdeiro pode aliená-lo, art. 1.228 do


Código Civil.

- O herdeiro pode ceder gratuita ou onerosamente o seu direito hereditário a


outrem (herdeiro, legatário ou terceiro), a isso se chama cessão de direito
hereditário. Contudo, existem restrições ao direito do herdeiro em ceder o
quinhão hereditário a outrem.

- O ato para dispor de meação do cônjuge ou companheiro sobrevivente


não se equipara à cessão de direitos hereditários. Trata-se de doação,
conforme art. 541 do Código Civil – (STJ, REsp 1.196.992/MS, 3ª Turma,
Rel. Min. Nancy Andrigui, j. 06.08.2013, DJe 22.08.2013)

- O Código Civil de 1916 não previa normas específicas sobre a cessão de


herança ou cessão de direito hereditário. Portanto, aplicavam-se as regras
da cessão de crédito (art. 286 Código Civil).

- O Código Civil de 2002 trouxe regras específicas sobre a cessão de direito


hereditário, art. 1.793 e seguintes do referido estatuto.

- A cessão tem natureza contratual, pois a herança é bem imóvel por ficção
legal, nos termos do art. 80, II do Código Civil.

- Se o cedente for casado, será necessária outorga conjugal (uxória ou


marital), exceto se o regime adotado pelo casal for o da separação absoluta
de bens (regime da separação convencional), nos termos do art. 1.647, I do
Código Civil e artigo 842 do novo Código de Processo Civil. No regime
dos aquestos, o pacto antenupcial pode dispensar a necessidade de outorga
para cessão onerosa de bens, conforme art. 1.656 do Código Civil.

- A falta de outorga pode gerar a anulabilidade do negócio jurídico, art.


1.649 do Código Civil. Examinar a norma dos artigos 1.648 e 1.650 do
Código Civil.

- A cessão tem que ser feita por escritura pública. Na hipótese de


desobediência ao preceito legal, a cessão terá validade? Sobre o tema
existem duas correntes doutrinárias:

1ª corrente doutrinária - Promessa de cessão, instrumento particular, gera


direito obrigacional. Há acórdãos do TJMG neste sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - INVENTÁRIO - HABILITAÇÃO -


LIMINAR - INSTRUMENTO PARTICULAR DE CESSÃO DE
DIREITOS HEREDITÁRIOS - LICITUDE - INEFICÁCIA PERANTE O
JUÍZO - 'FUMUS BONI IURIS' - AUSÊNCIA. 'A Cessão de Direitos
Hereditários que tem por objeto um determinado bem considerado
singularmente, firmada por instrumento particular e sem autorização pelo
juízo sucessório, por co-herdeiros maiores e capazes, apesar de lícita, não
possui validade e eficácia perante o acervo hereditário, constituindo mera
promessa de venda, após o término do Inventário, com validade apenas
entre os contratantes, podendo, em caso de inadimplemento, ser convertida
em perdas e danos.' Ausente a comprovação do 'fumus boni iuris', requisito
necessário ao deferimento do pedido liminar, deve ser mantida a decisão de
primeiro grau que indeferiu a medida. (1 - Processo: Agravo de
Instrumento Cv 1.0702.09.653924-3/001, Relator(a): Des.(a) Teresa
Cristina da Cunha Peixoto, Data de Julgamento: 20/05/2010)

2ª corrente doutrinária - Há nulidade do negócio jurídico, nos termos do


art. 166, IV do Código Civil.

- Euclides Benedito de Oliveira e Luiz Sebastião Amorim. Inventário e


partilha. Direito das Sucessões. Teoria e prática, p. 242, entendem que a
cessão pode ser feita por escritura pública ou instrumento particular.

- Para ter eficácia perante terceiros a escritura pública teria que ser
registrada no Cartório de Títulos e Documentos, conforme arts. 129, nº 9, e
130 da Lei de Registros Públicos.

- Se a cessão for gratuita assemelha se à doação.

- Se a cessão for onerosa assemelha se à compra e venda.

- O art. 1793 do Código Civil prevê que o objeto da cessão é a


universalidade (bens, direitos, obrigações, ações) que foi transferida ao
herdeiro.

- O cessionário da herança adquire por ato entre vivos. É uma aquisição a


título universal, porque recebe uma quota parte do patrimônio. Escritura de
cessão não pode ser objeto de matrícula no registro imobiliário, CRI.

- Cessão de crédito, art. 295 do Código Civil.

- Na cessão de herança o herdeiro é obrigado a garantir sua condição de


herdeiro. Porém, o herdeiro não se responsabiliza pelo maior ou menor
conteúdo da herança.

- O negócio jurídico, cessão de direito hereditário, antes do inventário é


aleatório e não responde o herdeiro pela evicção (perda do bem em virtude
de decisão judicial), arts. 447 e seguintes do Código Civil.
- A qualidade de herdeiro não se transfere. O negócio jurídico tem
conteúdo patrimonial. O cessionário assume posição semelhante a do
herdeiro no processo de inventário. Os direitos cedidos ficam no limite do
que havia no momento da cessão. O formal de partilha é expedido em
nome do cessionário.

- A cessão não pode prejudicar credores do espólio.

- A herança é indivisa e os vários herdeiros são condôminos da coisa,


portanto tem que se observar as regras dos artigos 504, 1.314, 1.791,
parágrafo único, 1.794 e 1.795 todos do Código Civil.

- Os coerdeiros têm preferência em relação a estranhos.

- A cessão é negócio jurídico que está sujeito aos vícios de nulidade e


anulabilidade dos negócios jurídicos em geral, artigos 104 e 138 e
seguintes do Código Civil.

- Antes da morte qualquer cessão de direito hereditária é nula, art. 426 do


Código Civil.

- Art. 1.793, §1º do Código Civil - princípio segundo o qual ninguém pode
transferir mais direito do que tem. Cessão interpreta-se restritivamente.

- Art. 1.793, §2º do Código Civil – cessão de bem individualizado, trata-se


de hipótese excepcional. Exemplos: custeio do inventário, evitar
perecimento de bem, necessidade de herdeiro, dentre outras hipóteses.

- Art. 1.794 do Código Civil – limitação à autonomia privada. A norma


consagra o direito de preferência. Neste sentido é a norma do art. 504 do
Código Civil.

- Art. 1.795 do Código Civil – direito do herdeiro preterido. Se vários


herdeiros exercerem o direito de preferência legal, aplicar-se-á a norma do
art. 1.795, parágrafo único do Código Civil.

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