Você está na página 1de 34

Direito das Sucessões – Prof.

Laura Mattos Pamela Pilar

Aula 01 – 02/08/16.

PROVAS E TRABALHOS
P1: 27/09 SEM CÓDIGO
P2: 08/11 SEM CÓDIGO E CUMULATIVA
PE: 22/11
Trazer até 2 jurisprudências para comentar em aula. Cada uma vale 1 ponto em cada prova.

Direito das Sucessões: está no livro IV do CC. O livro é dividido em quatro títulos:
I. Parte geral (artigos 1.784-1827).
II. Sucessão Legítima (é aquela determinada pela Lei em razão da morte de uma pessoa física. A pessoa jurídica
nasce e é extinta; artigo 1.829)
III. Sucessão Testamentária (artigos 1.857-1.990. O testamento é um documento público. A transmissão
hereditária se opera por ato de última vontade).
IV. Inventário e Partilha (artigos 1.991-2.027).
OBS: O NCPC estabelece que é cabível a tutela da evidência no inventário e na partilha. Há possibilidade de
realizar ambos de forma extrajudicial, se não envolverem menores ou incapazes.

1. Abertura da sucessão.
Ocorre no momento da morte da pessoa natural (artigo 1784). O efeito da abertura da sucessão é de que
a herança transmite-se desde logo e automaticamente aos herdeiros legítimos e, havendo testamento, aos
testamentários.

Portanto, com a abertura da sucessão (morte natural), todas as relações patrimoniais (ativas e passivas)
são transmitidas automática e imediatamente aos seus herdeiros.

A abertura da sucessão não se confunde com a abertura do inventário. A abertura da sucessão transmite
a posse e a propriedade do patrimônio como um todo aos herdeiros (saisine), e a abertura do inventário dá início
ao processo de partilha do monte mor entre os herdeiros. Havendo pluralidade de herdeiros, a forma de
administração dos bens será regida pelas regras do condomínio, ou seja, composse, estabelecidas no CC. A
situação de condomínio é provisória, terminando com a partilha dos bens.

2. Morte Civil da pessoa natural:

2.1. Morte real: se exige declaração médica de ocorrência de morte cerebral para que seja lavrada a
certidão de óbito (artigo 6º CC).

2.2. Morte Presumida sem declaração de ausência: é a morte presumida porque não há presença
de cadáver, todavia é extremamente provável que a pessoa esteja morta. Produz os mesmos efeitos da morte real
(artigo 7º CC).

2.3. Morte Presumida por ausência: prevista no artigo 22 CC. Pessoa que saiu de casa e não
apareceu mais. Existem três etapas para os bens da pessoa ausente.

a) primeiro se determina a curadoria para os bens do ausente (a jurisprudência é consolidada no sentido


de que o companheiro pode exercer a curadoria).

b) procede-se a sucessão provisória. Se o ausente voltar e sua ausência tiver sido injustificada, ele perderá
em favor de seu sucessor o direito a reaver os bens.

c) sucessão definitiva: prevista no artigo 37 do CC. Inicia-se 10 anos para a sucessão definitiva e 5 anos
se o ausente tiver mais de 80 anos.

1
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar
OBS: a venda dos bens só pode acontecer em casos excepcionais capazes de consumir a herança em sua
totalidade.

Requisitos para a sucessão:


a) morte real ou ausência de pessoa natural e titular do patrimônio;
b) parente suscetível ou testamento;
c) capacidade do herdeiro ou legatário para suceder;
d) aceitação da herança ou legado.

3. Efeitos Jurídicos do Reconhecimento da morte do titular da herança;


A lei que será aplicada para regrar a sucessão será a lei vigente na data da morte do sujeito.

Serão legitimados a suceder os nascidos ou concebidos no momento da morte. No caso de testamento, o


morto poderá testar em favor de futuro filho de pessoa indicada pelo testador (prole eventual), em favor de
pessoa jurídica ou ainda as pessoas jurídicas cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de
fundação.

A competência para o processamento do inventário será o último domicílio do morto (artigo 1798 CC).
As normas sucessórias a serem observadas em caso de conflito de leis no espaço são as do domicílio do de cujus,
seguindo-se, pois, o princípio do lex loci domicilii.

Havendo herdeiros necessários o falecido somente poderá dispor da metade de seu patrimônio em
testamento.

4. Espécies de Sucessão

4.1. Legítima: é aquela deferida às pessoas indicadas pelo legislador e, para que ocorra de forma
pública, é indispensável que a herança ocorra sem a existência de testamento (artigo 1788 CC).

4.2. Testamentária: trata-se de disposição de última vontade e, para que seja pura, o autor da herança
não pode ter deixado herdeiros necessários (artigo 1857 CC).

4.3. Mista: ocorre quando o morto deixou testamento e herdeiros necessários ao mesmo tempo. Desta
forma, haverá reserva de metade do patrimônio aos herdeiros necessários e o restante será parte disponível. O
sistema brasileiro de sucessão trata essa forma de sucessão de divisão necessária, sendo impedido o morto de
dispor de mais da metade de seu patrimônio em testamento.

5. Destinação dos bens.

5.1. Sucessão à título universal: quando os herdeiros sub-rogam-se na posição patrimonial do morto
em caráter indivisível até a última ação da partilha. Os herdeiros participam da totalidade do patrimônio.

5.2. Sucessão à título singular: quando houver legado. Ou seja, o morto destina certos bens a
determinadas pessoas, independentemente de serem herdeiros necessários ou não. Em outras palavras, ocorre
quando os bens do patrimônio são destinados por testamento e os beneficiados são chamados legatários. Os
legatários não respondem pelas dívidas do espólio (arts. 1912 até 1940 CC).

2
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

6. Da herança e sua administração.


O direito à sucessão aberta é considerado um bem imóvel (artigo 80, II do CC).

Enquanto o inventário não terminar, os coerdeiros serão tratados como condôminos.

A administração da herança, antes que o inventariante preste compromisso, caberá, sucessivamente, ao


cônjuge/companheiro, ao herdeiro possuidor e administrador dos bens (havendo mais de um nessas condições,
ao mais velho), ao testamentário, e, na falta/escusa destes ou ainda quanto tiver que ser afastada por motivo
grave, caberá ao juiz indicar pessoa de confiança.

6.1. Benefício do inventário: a abertura do inventario garante que, no caso de o morto deixar mais
dividas do que bens, as dividas somente serão quitadas no valor que a herança cobrir, não afetando o patrimônio
dos herdeiros (artigo 1792 do CC). Exemplo: se a herança é de 100 mil e a dívida do falecido é de 500 mil, não
haverá divisão do inventário, porque todo valor será usado para pagar a dívida. Porém, jamais, os inventariantes
vão precisar dispor de sua própria renda. Assim só haverá partilha se houver o que dividir, se sobrar dinheiro
(artigo 1997 CC).

7. Aceitação da herança: Pode ser:

7.1. Expressa: não precisa ser por instrumento público (art. 1805 CC, primeira parte).

7.2. Tácita: condutas próprias da qualidade de herdeiro (art. 1805, segunda parte).

7.3. Presumida: 30 dias sem se manifestar após receber a citação da abertura do inventário (art. 1807
CC). O lapso temporal existente entre a morte e a manifestação de aceite ou de recusa da herança é denominado
de delação ou devolução histórica. Ambos os atos de renúncia ou aceitação da herança são irrevogáveis. Depois
que eu manifestei a vontade não posso voltar atrás.

3
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

8. Renúncia da Herança – IRREVOGÁVEL.


A renúncia na herança constitui ato abdicativo puro e simples em que, por meio de escritura pública ou
termo nos autos do inventário, o herdeiro recursa a herança que lhe foi confiada. A renúncia sempre será em
caráter gratuito e o que era de direito do herdeiro renunciante volta ao monte mor (o mesmo que monte
hereditário). Exemplo: pai morreu e deixou uma herança de 300 mil. Tem três filhos A, B e C. assim, cada herdeiro
ficará com 100 mil. Se o filho A renunciar, a divisão será entre B e C e cada um ficará com 150 mil.

8.1. Aceitação Direta: quando um herdeiro renuncia no intuito de prejudicar seus credores. Os
credores podem aceitar a herança em nome do herdeiro renunciante (artigo 1813 CC).

Exceto no regime da separação total de bens, a outorga uxória/marital é necessária. Não havendo a
outorga do cônjuge, a renúncia será anulável por até dois anos após o término da sociedade conjugal.

8.2. No caso de renúncia, os herdeiros do renunciante não poderão herdar o direito de


representação: No caso de ser o renunciante o único herdeiro, a herança será passada aos herdeiros de classe
subsequente. Sempre lembrando que, havendo descendentes, estres excluirão os ascendentes, portanto, somente
serão chamados a receber a herança quando não houverem mais descendentes legitimados a suceder.

8.3. Cessão de direitos hereditários: é possível que um herdeiro ceda parte ou toda sua herança
através de escritura pública a partir da abertura da sucessão até a conclusão do inventário. Terminado o
inventário NÃO É POSSÍVEL FAZER A CESSÃO DE DIREITO HEREDITÁRIO (art. 1793 CC). A cessão pode ser feita
ao coerdeiro ou para alguém estranho à sucessão. No caso de cessão à terceiro, os coerdeiros tem o direito de
preferência, se ninguém quiser a quota, então poderá ceder à terceiro. O cessionário sub-roga-se nos direitos do
cedente.

8.4. Petição da Herança: a pessoa preterida em inventário pode peticionar a herança no prazo de 10
anos contados da abertura da sucessão. A petição serve para que a pessoa seja reconhecida como herdeira e
possa receber os bens compuseram o acervo hereditário (incluindo os rendimentos e acessórios, arts. 1824 e
1825 CC), mesmo que em posse de terceiro (art. 1827 CC). Exemplo: inventário ter tramitado e o herdeiro não
ter conhecimento de que o morto é o seu pai. Com a ação, os herdeiros que receberam o inventário terão que
devolver para o novo herdeiro a parte dele.

8.5. Comoriência: É um fenômeno jurídico que ocorre quando dois ou mais indivíduos falecem na
mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumindo-se
simultaneamente mortos. Nota-se que não é necessário que a morte tenha ocorrido no mesmo local. A presunção
da morte simultânea tem como principal efeito que, não havendo tempo ou oportunidade para a transferência
de bens entre os comorientes, um não herda do outro (artigo 8º CC).

Quando ocorrer a comoriência, na distribuição do patrimônio presume-se que o comoriente era pré-
morto. Por exemplo: pai e filho morrem juntos (comorientes), quando for distribuir o patrimônio do pai,
distribui-se como se o ilho já fosse pré-morto, e quando for distribuir o patrimônio do filho, distribui-se como se
o pai fosse pré-morto.

A SUCESSÃO PODE SER:

Inter vivos Causa mortis


Ato entre pessoas físicas vivas. Exemplo: compra e É um direito hereditário. Imposto maior.
venda. Incide o Imposto de Transmissão e se dá a Transferência, total ou parcial, de herança, por morte
título individual ou singular. de alguém, a um ou mais herdeiros.

4
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

RELAÇÕES DE PARENTESCO:
Consanguinidade Afinidade Civil
As pessoas possuem um Advém do vínculo conjugal entre Nasce da adoção, relativamente ao
ascendente em comum. marido e mulher (afins). vínculo que se cria entre o adotante e o
Denominado também parentesco Sogro(a), genro, nora, padrasto, adotado, ou inseminação artificial.
biológico ou natural. enteado, cunhado.

Art. 1.591: São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para
com as outras na relação de ascendentes e descendentes.

O parentesco em linha reta é infinito e dependendo do grau podemos ser


herdeiros necessários. Cada flecha corresponde a um grau de parentesco.
Já o parentesco colateral não é infinito, terminando no 4º grau, conforme
estabelece o CC:
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o
quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem
descenderem uma da outra.

5
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Diferença entre meação e sucessão:


Meação Sucessão/Herança
A meação é a metade ideal do patrimônio Já o direito de herança está relacionado com a
comum do casal, a que faz jus cada um dos sucessão, com o fim da vida. É direito daquele
cônjuges. Está relacionada com o regime de que é herdeiro dentro da linha hereditária.
bens do casamento/união estável.
Regime de bens: direito de família. Herança: regras do direito sucessório.

A confusão ocorre quando alguém que era casado falece.

Isso porque haverá situações em que o cônjuge será herdeiro e meeiro e situações em que ele
será somente herdeiro. No caso de união estável, o companheiro é somente meeiro, não
cabendo falar em herança.
Em relação ao cônjuge, ele sempre será herdeiro e concorrerá com os demais herdeiros
necessários, se houver, no patrimônio do falecido. E a condição e meação dependerá do regime
de bens.
A condição de meeiro deve ser verificada primeiramente, pois o patrimônio a ser meado não
integra a herança, mas sim o patrimônio do cônjuge sobrevivente. Somente após a meação é
que fixa o patrimônio do falecido e fala-se em herança a ser partilhada entre todos os herdeiros
e o cônjuge.
No caso do companheiro, na união estável, é somente meeiro, não concorrendo com os
herdeiros necessários no caso de falecimento.

Exemplo: José era casado com Maria no regime de comunhão universal de bens, possuindo um
patrimônio estimado em 1 milhão de reais. José faleceu e teve dois filhos com Maria.
A meação é o que pertence a cada cônjuge. Se o patrimônio era de 1 milhão de reais, cada cônjuge tem
500 mil reais. Não incide imposto sobre a meação. Portanto, 500 mil são de Maria e os outros 500 mil
são a herança de José. O imposto incide sobre a herança.
A herança de José será distribuída entre os filhos: 250 mil para cada um. Maria não herda mas é meeira
dos outros 500 mil.
Nessas situações sempre é preciso saber:
1. o morto era casado ou unido estavelmente?
2. se era casado, qual era o regime de bens?
3. se era unido estavelmente, existia um contrato de convivência?
4. se não existe o contrato de convivência vale o regime estabelecido pela lei (regime legal do CC):
comunhão parcial de bens.

REGIME DE BENS MEAÇÃO HERANÇA


Comunhão Universal Sim Não
Separação Obrigatória Sim (Súmula 377) Não
Sep. Convencional ou total Não Sim
Comunhão Parcial Sim Sim (só sobre bens particulares)
Part. Final Aquestos Sim Sim

6
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Aula 02 – 09/08/16.
Questão da OAB 2015: Márcia era viúva e tinha 3 filhos: Hugo, Aurora e Fiona. Aurora era
divorciada e tinha 2 filhos: Rui e Júlia. Márcia Faleceu. Aurora renunciou à herança da mãe. Como
ficará a divisão da herança de Márcia?
- A aquisição da herança no Brasil, se dá no momento da morte, automaticamente. Isso é chamado de
Princípio da “saisine”. Não existe patrimônio acéfalo ou sem titularidade. Esse princípio está no artigo
1.784 do CC.
No direito romano a sucessão só inicia se o herdeiro expressamente aceita a herança. No brasil não
temos isso mas podemos renunciar ao direito de herança.
Efeitos da “saisine”:
a) A prescrição contra os herdeiros tem termo inicial no momento da morte do de cujus.
b) Imediatamente após a morte, mesmo que o herdeiro não esteja na posse ou propriedade do bem, já
pode tomar medidas conservatórias.
c) herdeiros podem pedir a partilha ou divisão dos bens de imediato.
Márcia morreu e automaticamente o seu patrimônio passou para os seus três filhos.
- A aceitação é automática, conforme o artigo 1804 do CC. Para que o herdeiro aceite basta que ele fique
quieto. Se o herdeiro não quer receber a herança ou legado ele deve se manifestar para renunciar (artigo
1805 do CC).
- A renúncia tem forma indispensável prevista em lei e deve ser por termo nos autos (quando há
processo judicial) ou por escritura pública. Qualquer uma das formas exige a manifestação expressa de
vontade. A renúncia tem efeito retroativo: retroage à data da morte sendo admissível a qualquer
herdeiro, sendo ele necessário, facultativo, nomeado em testamento. A renúncia é irrevogável e tem
efeito imediato.
Resposta: como são três filhos, cada um teria direito a 1/3 da herança. Aurora renunciou e por isso
seus filhos não terão direito à herança, por isso Hugo e Fiona tem direito à toda herança, metade para
cada um. Quando alguém renuncia à herança a linha sucessória daquela pessoa é cortada e retirada da
sucessão. Assim, os netos de Márcia, filhos de Aurora, não terão direito à herança da avó.
Artigo 5º, inciso XXXV da CF: prevê o direito de herança/garantia constitucional.
No Brasil existe uma vedação ao pacto sucessório (artigo 426 do CC; contrato sobre a herança de
pessoa viva é nulo, não existe e não gera efeitos).
Sujeitos/titulares do direito que se transmite por ocasião da morte:
Autor da herança/Sujeito ativo da relação sucessória: é sempre o morto.
Sucessores/Sujeitos passivos: são aqueles arrolados pela Lei.
1. herdeiros legítimos: artigo 1829 do CC (ordem de vocação hereditária).
2. herdeiros necessários: artigo 1845 do CC (presença obrigatória na sucessão).
3. herdeiros testamentários: recebe quota ideal ou % da herança (ver artigo 1857 do CC).
4. herdeiros legatários: recebe um bem ou um direito específico.
7
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

OBS: o testamento pode perder o objeto e ser revogado.


OBS: Nos herdeiros necessários, o cônjuge sobrevivente está em concorrência com os demais herdeiros.
Nos herdeiros necessários não estão incluídos os colaterais, que são herdeiros facultativos. Se só
existem herdeiros colaterais, o morto pode dispor da integralidade do seu patrimônio.
Legítima: 50% do patrimônio do morto, ele não pode dispor sobre 50% do patrimônio se tiver
herdeiros necessários (ascendentes, descendentes) se só tem herdeiros colaterais pode dispor. A
legítima é calculada no momento da abertura da sucessão/da sua morte. Excluem-se as dívidas e
despesas com o funeral. Se o falecido em vida fez doação de bem a um herdeiro, ele deve trazer esse
bem no momento da sucessão. A doação só será válida se os demais herdeiros concordarem com a
doação. Quem avalia os bens é o fisco estadual porque ele recolhe impostos.
A regra é da transmissibilidade de todos os direitos que tinha em vida o falecido (bens móveis e
imóveis).
A exceção é a intransmissibilidade:
a) direitos personalíssimos se extinguem com a morte do seu titular. Exemplo: o morto fez uma
cirurgia e houve um erro médico. O dano moral sofrido é do morto e não dos filhos. Os filhos não podem
entrar em juízo para cobrar os danos pelo morto. Mas se o morto entrou com o processo antes de morrer
os filhos podem continuar com a ação.
b) direito de revogar doação (artigo 560 do CC). Exemplo: O morto fez uma doação. Se ele não
revogou em vida, não podem os herdeiros se habilitaram para revoga-la.
c) direito de uso (artigo 1413 do CC). O uso é considerado um usufruto restrito, porque ostenta as
mesmas características de direito real, temporário e resultante do desmembramento da propriedade,
distinguindo-se, entretanto, pelo fato de o usufrutuário auferir o uso e a fruição da coisa, enquanto ao
usuário não é concedida senão a utilização restrita aos limites das necessidades suas e de sua família.
d) direito de habitação (artigo 1416 do CC). Aplicam-se à habitação as mesmas normas relativas ao
usufruto, excetuando-se as que forem contrárias à sua natureza.
e) direito de usufruto (artigo 1410, inciso I do CC). O Usufruto é um direito real que recai sobre coisa
alheia, de caráter temporário, inalienável e impenhorável, concedido a outrem para que este possa usar
e fruir coisa alheia como se fosse própria, sem alterar sua substância e zelando pela sua integridade e
conservação. Diz-se que este instituto possui caráter temporário porque não se prolonga além da vida
do usufrutuário (conforme disposição do artigo 1410 do Código Civil). O usufruto pode admitir menor
duração quando convencionado a termo ou condição resolutiva.
f) instituição de renda vitalícia (artigo 1926 do CC).
g) direito real de habitação (artigo 1831 do CC). Exemplo: João e Maria são companheiros e vivem
no apartamento do tio de João. João morre. Maria, companheira e viúva pode ficar no imóvel.
Aula 03 – 16/08/16.
Arts. 549, 1789, 1846, 2007, §3º. Doação inoficiosa.
Ação de redução de doação inoficiosa (propor em vida)
Redução das disposições testamentárias (pode ser um ajuste que se faz na partilha, não precisa ser em
ação).

8
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

RENÚNCIA (ARTIGO 1.816 DO CC) CESSÃO DE DIREITOS


O patrimônio que seria meu não vem, não Eu recebi o patrimônio, mas transmiti. Incide
havendo a transmissão. Não incide nenhum imposto. Sempre ocorre depois da morte. Não
tributo. pode transacionar sobre herança de pessoa viva
(426 do CC).
Ato de vontade própria; o efeito principal é Só poder ser feita por escritura pública (artigo
que os bens voltam para a herança e os 1.793 do CC). A pessoa cede os direitos em favor
demais herdeiros. Pode ser feita por termo de uma determinada pessoa (que já é herdeira
nos autos ou por escritura pública. ou é um terceiro qualquer), de forma gratuita ou
onerosa.
Eficácia ex tunc = retroage à data da Eficácia ex nunc = os efeitos da cessão para
abertura da sucessão. A pessoa que frente. Transferência no ato.
renuncia à herança nunca foi herdeira.

Sucessão legítima: é aquela determinada pela lei - Ordem de vocação hereditária:


Leva em consideração a linha reta descendente: primeiro herdam os descendentes. Exemplo: morto ->
filho -> neto.
Depois se leva em consideração a linha reta ascendente: avô -> pai -> morto.
Sempre deve ser observado se o morto tem um cônjuge ou um companheiro. Se ele tem um cônjuge
temos que saber qual o regime de bens que rege o casamento. Se ele tem um companheiro temos que
saber se há contrato de convivência.
Se o morto não tem descendentes, não tem ascendentes e não tem cônjuge, quem vai herdar são os
colaterais.
Morto -> seus pais -> seu irmão = 2º grau.
Morto -> seus pais -> seus avós -> seu tio -> seu primo = 4º grau.
Inovações do CC/2002 em relação ao CC/1916.
a) Introdução do sistema de “concorrência” do cônjuge (artigo 1.829) e o companheiro (artigo
1.790 – versão discriminatória em relação ao companheiro).
b) Direito real de habitação passa a ser um direito sucessório do cônjuge casado em qualquer
regime de bens. Direito à posse, que se extingue com a morte do cônjuge, não passando para os
descendentes (artigo 1.831).
c) Direito real de habitação do companheiro (não está expresso no código – quem garante esse
direito real é a jurisprudência do STJ. Porque? CF/88, artigo 226. O estado reconhece o casamento e a
união estável entre o homem e a mulher. Em 1994/1996 surgiram duas leis para regulamentar a união
estável, um dos dispositivos garantia ao companheiro o direito real de habitação. O CC/2002 não
reproduz esse dispositivo mas também não revoga. Por isso a jurisprudência, de forma protetiva,
continuou aplicando esse direito).
d) o cônjuge concorre com os descendentes a depender do regime de bens; o cônjuge concorre
com os ascendentes independente do regime de bens.
Ordem de vocação hereditária no CC/1916:
Quem sucede o morto?
9
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

1 – os descendentes (herdeiros necessários – deve ser preservada a legítima)


2 – os ascendentes (herdeiros necessários – deve ser preservada a legítima)
3 – cônjuge (herdeiros necessários – deve ser preservada a legítima)
4 – colaterais (herdeiros facultativos – a eles não precisa ser preservada a legítima)
* no CC/1916 – sociedade paternalista e patrimonialista. A família e os filhos só eram reconhecidos se
ela advinha do casamento. O regime legal era o da comunhão universal de bens. Se um dos cônjuges
morria, o patrimônio se comunicava integralmente, então o cônjuge sobrevivente já estava protegido
pela ordem jurídica, porque já tinha 50%.
* Lei 6.515/77: Lei do divórcio, estabelece que o regime legal é o da comunhão parcial de bens. Só se
divide o que foi adquirido onerosamente no curso da união. O que vem de doação e herança não se
comunica. Se um dos cônjuges morre, só vai dividir aquilo que foi adquirido onerosamente. O cônjuge
perdeu prestígio. E por esse motivo o CC/2002 resolveu favorecer o cônjuge.
A ordem de vocação hereditária no CC/2002 – artigo 1.829:
1 – os descendentes em concorrência com o cônjuge (há exceções, mas a regra é a da concorrência).
2 – os ascendentes e o cônjuge (sem depender do regime de bens)
3 – na falta deles, o cônjuge. Mas ele já participou nas duas hipóteses anteriores.
4 – os colaterais até o 4º grau.
Exemplo: José tem 71 anos e se casa com Maria, que tem 25 anos. José tem um irmão chamando Pedro,
que tem 65 anos (linha colateral). Como José tem 71 anos ele se casa com Maria sobre o regime de
separação obrigatória de bens, conforme o artigo 1.641, inciso II. Quando José se casou com Maria, já
tinha um patrimônio de R$ 50.000.000,00. José morreu 5 anos após o casamento e não deixou
testamento. Quem vai ficar com o patrimônio?
1º passo: Maria tem direito à meação? Não, porque ela casou pelo regime da separação obrigatória de
bens. Maria não é meeira.
2º: herança do José: sem testamento. Seguindo a ordem de vocação hereditária (1.829):
José não tem descendentes e nem ascendentes, mas tem a cônjuge Maria, que receberá a integralidade
da herança por direito sucessório.

Aula 04 – 23/08/16.
REsp 1196992-MT, Min. Nancy Andrighi. Meação (é a ametade) x Doação. Para ceder direitos é preciso
ser herdeiro.
Ordem de vocação hereditária: Possibilidade de chamar os que sucedem após a morte.
Art. 1.798 do CC: Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da
abertura da sucessão.
Direito de concorrência do cônjuge:
1º meação: direito de família
2º herança/sucessão: direito das sucessões.
José e Maria eram casados no regime de comunhão universal de bens, não possuindo filhos. José morreu
e deixou um patrimônio de R$ 1.000.000,00. A meação de Maria é a metade: 500.000,00.

10
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Pela ordem de vocação hereditária maria receberá também a sucessão, porque é a terceira na ordem do
artigo 1829, receberá R$ 500.000,00. Nessa situação haverá incidência tributária. Maria só é herdeira
porque não existe nenhum herdeiro na classe descendente e ascendente.
Análise do artigo 1.829: ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente (REGRA: concorrência entre cônjuge
e descendentes),
Salvo se (EXCEÇÕES):
(1) casado este com o falecido no regime da comunhão universal,
Significa que no regime da comunhão universal de bens não há concorrência entre o cônjuge e
os descendentes.
Exemplo: José é casado com Maria pelo regime da comunhão universal de bens. No curso do casamento,
tiveram dois filhos: Pedro e Ana. Antes de casar com Maria, José adquiriu uma casa no valor de R$
600.000,00. Posteriormente se casou com Maria. Depois do casamento o casal comprou um
apartamento que corresponde a R$ 600.000,00. A casa é um bem particular porque foi adquirido antes
do casamento e somente por José. O apartamento é um bem comum. No regime da comunhão universal
todos os bens, antes, durante e depois do casamento, são comuns. José morreu deixando o patrimônio
de 1 milhão e 200 mil reais. O que vai acontecer em relação aos seus bens?
Existe meação? Maria é meeira? No regime da comunhão universal de bens não há concorrência entre
o cônjuge e os descendentes. Maria tem direito há 600 mil que decorrem da meação. Maria é meeira
mas não herdeira. O regime adotado pelo casal já protegeu Maria, dando metade do patrimônio.
Os outros 600 mil serão divididos entre os filhos, porque não há concorrência do cônjuge com os
descendentes. Então Pedro terá R$ 300 mil e Ana terá R$ 300 mil.
(2) ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou
Separação obrigatória é a determinada pela Lei.
Exemplo: José e Maria são casados pelo regime de separação obrigatória de bens.
Maria era casada antes e se separou sem realizar a partilha (causa suspensiva do casamento). Ela pode
casar novamente com José, porém, só poderá casar em separação obrigatória com ele, para que não
exista confusão entre patrimônio do primeiro casamento e do segundo. Então Maria casou com José e
teve os dois filhos: Pedro e Ana. José tinha uma casa de 600 mil e casa com Maria. No curso do casamento
eles compram um apartamento de 600 mil. José morre. O que acontece?
Existe meação? Pela letra fria da lei não existe meação para a Maria. No entanto, a jurisprudência do STJ
aplica a súmula 377 do STF nesses casos. REsp 11.63074/PB.
Súmula 377 do STF: “No regime de separação legal de bens, comunicam-se os bens adquiridos na
constância do casamento”.
O bem adquirido durante o casamento é dividido pela metade com Maria: 300 mil de meação. A outra
metade era do José (300 mil). Herança: a outra metade do apartamento bem comum = 300 mil + a
integralidade do bem particular que é a casa = herança de 900 mil. Não haverá concorrência de Maria e
os filhos. O valor de 900 mil será dividido entre os filhos, 450 mil para cada um.
Maria teve direito a meação, mas a herança é dos filhos.

11
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

- Essa linha de raciocínio seria alterada se o José tivesse deixado um testamento dispondo da sua
parte disponível para Maria. Se fosse assim, na herança, teríamos uma situação testamentária (metade
do patrimônio disponível 450 mil seria a herança de Maria). Ficaria também com os 300 da meação. Os
outros 450 seriam divididos entre os dois filhos.
Outra situação: José e Maria são casados pela separação convencional de bens. No artigo 1829 não existe
menção à separação convencional de bens. Aquilo que a lei não veda está liberado. Maria e José decidem
casar, mas já tem filhos e patrimônio do primeiro casamento. Resolvem casar em separação
convencional de bens. Tem os mesmos bens do exemplo anterior.
Do ponto de vista legal não há meação. Não se aplica a súmula 377 do STF.
A herança será de 1 milhão e 200 mil.
A regra é que o cônjuge concorre com o descendente, a separação convencional não se encaixa em
nenhuma das hipóteses do inciso I. a separação convenciona não é comunhão universal, não é separação
obrigatória, não é comunhão parcial. Por isso vale a regra geral, Maria terá direito à herança.
1 milhão e 200 mil será dividido por 3 (Maria e os dois filhos): 400 mil para cada um.
Acórdão que confunde meação com herança: REsp 992749/MT. Polemica. Um homem doente casa e faz
um pacto antenupcial pelo regime da separação convencional de bens. 10 meses depois ele morre. O
REsp diz que aquilo que eu regrei para a vida, regrei para a morte. Argumento contrário: não é possível
transacionar herança de pessoa viva. Ideia contrária: REsp 1382170/SP julgado pela segunda seção do
STJ. Nesse REsp houve uma pacificação em abril de 2015: prevalecendo o entendimento de que no
regime da separação convencional de bens o cônjuge concorre com os descendentes, porque não existe
previsão legal disso.
Artigo 1.641: É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: II – da pessoa maior de 70
(setenta) anos;
Para a professora esse artigo é inconstitucional. Princípio da Autonomia privada e da Liberdade.
Aula 05 – 30/08/16.
Questão da P1: na sucessão do cônjuge em concorrência ou não, terá ele mais um direito sucessório, o
direito real de habitação sob o imóvel de residência do casal. Mas o cônjuge sobrevivente pagará valor
relativo aos herdeiros do falecido. Isso é falso!!!
Art. 1.831 do CC. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem
prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel
destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
De um lado temos o direito de assistência/solidariedade entre os cônjuges. De outro, o direito de
propriedade.
Artigo 1.829: descendentes em concorrência com o cônjuge;
(3) se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
Regime supletório. José casado com Maria pela comunhão parcial de bens. No curso do apartamento o
casal adquire um apartamento de 600 mil. Antes do casamento, José tinha uma casa de 600 mil. No curso
do casamento adquiriram só o apartamento de 600 mil. Com a morte de José, Maria tem direito a metade
dos bens adquiridos onerosamente no curso do casamento. O primeiro passo é a meação de 300 mil
para Maria (metade do bem adquirido onerosamente durante o casamento). Os outros 300 mil são a
herança que será dividida entre os filhos.

12
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Outra situação: bem particular (casa 600 mil) e bem comum (apartamento 600 mil).
Meação: metade do bem particular é da Maria.
E a herança? É polêmico. Soluções:
a) Maria concorre só sobre o bem particular: 600 divide por 3 (Maria e 2 filhos) 200 mil para cada.
O bem comum será 300 de meação da Maria e 150 para cada filho.
Maria: 300 meação + 200 bem particular = 500
Pedro: 200 + 150 = 350
Ana: 200 + 150 = 350
OU
b) Maria concorre na totalidade da Herança: tirando a meação sobra a herança de 900 dividido
pelos 3 (Maria e filhos) = 300 para cada um
Mas tem a meação da Maria: 300, então Maria ficará na verdade com 600 e os filhos com 300.
REsp 1368123/SP: ler mas está superado. Não se aplica
2ª Seção do STJ, Min. Sidnei Benetti (2015) só haverá concorrência se o falecido deixar bens
particulares. Não há nenhum tipo de concorrência no bem comum.
Enunciado 270 do STJ: Art. 1.829: O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o
direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da
separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou
participação final nos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a
concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados
exclusivamente entre os descendentes.
Artigo 1.829:
II – ascendentes (herdeiros necessários = fazem jus a legítima, artigo 1.845 CC)
Os mais próximos excluem os mais remotos.
Exemplo: José não tem descendentes mas tem pais vivos. Se o José morrer, a sua herança será dividida
em partes iguais para os pais. Se os pais dele já tivessem morrido, mas ele tem os 4 avós, cada um
receberá ¼ da herança.
III – não existem ascendentes e nem descendentes, a herança é do cônjuge.
É herdeiro necessário (deve preservar legítima), está arrolado no artigo 1.845. Meação é aquilo que já
é do cônjuge sobrevivente, não vai haver transmissão de patrimônio. Regime de bens: terá ou não
meação. Sobre a meação não incide imposto. Sobre o resto, que é a herança, vai incidir imposto.
Separação de bens (arts. 1.687/1.688) = a integralidade dos bens do falecido = herança. Não haverá
meação. Nos demais regimes: o cônjuge tem direito à meação.
Direito Real de habitação: artigo 1.831. Direito sucessório do cônjuge sobrevivente, de permanecer
na moradia comum. Princípio da solidariedade. Independente do regime de bens.
REsp 1315606 – Min. Salomão. 4ª Turma do STJ. Ao companheiro não há direito real de habitação
(artigo 1.790). Essa omissão é totalmente injustificada. O cônjuge pode mas o companheiro não.
13
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Aula 06 – 06/09/16.
Está sendo discutida a constitucionalidade do artigo 1790 do CC, companheiro: só sucede o que foi
adquirido onerosamente no curso da união estável. Não existe hierarquia entre os tipos de família. Não
é legítimo separar a família formada por casamento da formada por união estável.
Análise do artigo 1829: O cônjuge tem posição muito privilegiada porque sempre concorre com os
descendentes e ascendentes, que se não existirem, o próprio cônjuge herdará a integralidade da
herança.
Inciso IV: colaterais – herdeiros facultativos, aos colaterais não é reservada a legítima (metade
da herança). Por isso, só vão herdar na falta das demais ordens de vocação.
O falecido pode clausular restritivamente se fizer de forma justificada, se não justificar o
testamento é ineficaz: artigos 1.848 e 2.042 do CC.
a) cláusula de incomunicabilidade (o testador pode passar o patrimônio de forma que ele fique
incomunicável. Exemplo: doar um imóvel só para a sobrinha e deixar o marido dela de fora).
b) cláusula de inalienabilidade
c) cláusula de impenhorabilidade
Nos incisos I, II e III do 1829: temos herdeiros necessários, sendo reservada a legítima (metade dos bens
da herança – artigo 1845). O artigo 1845 não fala em companheiro.
Os colaterais são herdeiros até o quarto grau:
Irmãos são herdeiros colaterais em segundo grau; Na falta dos irmãos, os herdeiros do terceiro grau são
os sobrinhos e tios; Na falta deles, vai para o quarto grau: sobrinhos netos, tios avós, primos.
Artigo 1.840 do CC: os mais próximos excluem os mais remotos.
Na ausência de parentes colaterais de 2º grau (irmãos), os sobrinhos preferem os tios. Certo: artigo
1.843 do CC

PAI IRMÃO DO PAI

MORTO IRMÃ (pré morta)

Manoel Joana

Critérios sucessórios:
1º: herdam na linha descendente
Preferem os demais
* herdam os filhos e não os pais do falecido (artigo 1836)
* os sobrinhos preferem os tios (artigo 1843)
2º: parente + próximo exclui o + remoto
Artigo 1829: herdeiros
Artigos 1833, 1836 §1º, 1840 = entre os graus de parentesco.

14
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

3º: herdeiros da mesma classe e do mesmo grau recebem quinhões iguais.


Quinhão é a parte da herança destinada a cada herdeiro. Exemplo: o pai morre e deixa 200 mil de
herança, os filhos recebem partes iguais da herança: 100 mil “herdar por cabeça ou por direito próprio”
– artigo 1.834.
Existem duas exceções:
a) na sucessão da linha reta dos descendentes, há direito de representação: artigo 1.833 do CC.
Exemplo: herdeiros de graus diferentes herdam por direito de representação e herdam por extirpe.

MARIA FALECEU DEIXANDO


PATRIMONIO DE R$ 800 MIL

Mário José Carlos Edson (filho


pré morto)

Joaquim Lucas

Os 800 mil serão divididos entre os três filhos vivos e os netos, porque o filho Edson já morreu. Cada
um dos filhos receberá 200 mil. Os 200 mil de Edson serão divididos entre os netos de forma igual (100
mil para cada). A mulher de Edson não terá direito a nada.
b) sucessão ascendente: não há direito de representação: artigo 1836, §1º. A herança é dividida na
linha materna e paterna. Divide-se por linha de ascendência.
Sucessão do Companheiro: está sendo julgada pelo STF.
Artigo 1.790 do CC x Artigo 226, §3º da CF.
CC/2002: delimita a união estável no artigo 1.723 do CC, dizendo que ela é pública, contínua e
duradoura, com intuito de constituir família. Antes da CF/88 a união estável não tinha proteção
nenhuma. A união estável era uma sociedade de fato e para estabelecer a partilha, tanto em vida quanto
em morte, era necessário o esforço comum. Aplicava-se a súmula 380 do STF. Após a CF/88 a união
estável foi reconhecida como entidade familiar, mas não havia delimitação sobre o instituto. Por isso
surgiram duas Leis: 8.971/94 (vigência até o CC/2002) estabelecia o prazo de 5 anos ou qualquer tempo
se tivesse filhos para configurar união estável. O falecido deveria ser solteiro, separado ou viúvo. Ao
companheiro sobrevivente era assegurado como direito sucessório o direito real de habitação, que teria
direito a ¼ da herança do falecido, em concorrência com os filhos (descendentes). Se tinha ascendentes
o companheiro recebia a metade do patrimônio do morto. Essa lei dava mais benefícios para o
companheiro.

Aula 07 – 13/09/16.
Sucessão do companheiro: artigo 1.790 CC. Inconstitucional. O CC estabelece diferenças entre o
cônjuge e o companheiro. União estável é situação fática recolhida pelo legislador com força normativa.
Art. 226 da CF: A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

15
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

Art. 1.723 do CC: É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição
de família.
Observar: convivência pública; contínua; duradoura; constituir família.
O casamento tem um processo de habilitação previsto na lei, é um ato jurídico solene totalmente
diferente da união estável. A CF/88 deu um caráter normativo à união estável.

Evolução da União estável:

1. antes da CF/88 a união estável não era reconhecida. Não era uma entidade familiar e as partes não
tinham nenhum direito sucessório.

2. a solução da jurisprudência foi equiparar a união estável à uma sociedade de fato e aplicar a súmula
380 do STF. As dissoluções dessas sociedades eram de competência das varas cíveis (direito
obrigacional) e não das varas de família. Partilhavam-se os bens comuns de acordo com o
esforço/participação.

Súmula 380 do STF: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua
dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.

No início, o esforço do lar que a mulher fazia não era considerado esforço comum. Até 1994 esse era o
pensamento predominante. Deveria marcar a data do falecimento (abertura da sucessão) para saber
que lei usar na sucessão – lei do momento da morte.

A inconstitucionalidade do artigo 1790 do CC terá efeito retroativo? A professora acha que não pode
retroagir porque causaria uma insegurança jurídica muito grande.

3. Lei 8.971/1994: ficou em vigor somente 2 anos.


3.1. Havia uma previsão de que a união estável era uma convivência entre duas pessoas durante um
período de mais de 5 anos ou qualquer tempo se tivesse filhos.
3.2. O falecido não poderia ser casado, ele deveria ser solteiro, viúvo, separado judicialmente ou
divorciado.
3.3. Ao companheiro sobrevivente era assegurado, como modalidade de direito sucessório, o direito
real de habitação de ¼ da herança do falecido, em concorrência com os filhos.
Muitas vezes o companheiro não tinha filhos comuns, mas tinha que viver com os filhos do falecido.
3.4. Na falta de descendentes o companheiro teria direito à metade da herança.
3.5. Na falta de descendentes e ascendentes o companheiro tinha direito à totalidade da herança, pois
era o terceiro na ordem de vocação hereditária.
3.6. A Lei assegurava o direito à meação ao companheiro, dos bens adquiridos onerosamente no curso
da união estável. A súmula 380 do STF foi deixada de lado.

4. Sucessões abertas - mortes ocorridas de 1994 (Lei nº 8.971) até 1996 (Lei nº 9.278/96):
Direitos do companheiro:
4.1. Direito à meação dos bens adquiridos onerosamente.
4.2. Direito real de habitação do companheiro sobrevivente sobre o imóvel da moradia da família. No
CC/2002 o companheiro não tem o direito real de habitação.

16
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

A Lei nº 9.278/96 diferenciou o direito real de habitação do cônjuge e do companheiro:

Cônjuge Companheiro
É resolúvel, o direito real de habitação se
Direito real de habitação é vitalício. resolvia se o companheiro tivesse uma nova
união estável ou casamento.

5. Código Civil de 2002.


Dispositivo específico para a sucessão do companheiro: artigo 1.790.
Enquanto o cônjuge está na ordem de vocação, o companheiro tem só um artigo pra ele. O legislador
quis diferenciá-los. O artigo 1.790 ficou como um apêndice do artigo 1.829 do CC. Houve um retrocesso.
O companheiro já tinha direitos assegurados ao companheiro e o CC trouxe direitos totalmente
diferentes para ele.
5.1. Os bens que serão objeto de partilha de herança serão exclusivamente os adquiridos onerosamente
no curso da união estável. Ficam excluídos os bens particulares. Assegura-se a meação e o companheiro
sobrevivente.
5.2. Sem relação com o regime de bens.
5.3. O companheiro não é a terceira classe na ordem de vocação hereditária (artigo 1.790).
5.4. Se não houver parentes sucessíveis o companheiro tem direito à totalidade da herança (artigo
1.790, inciso IV). Para que o companheiro herde, o morto não pode ter nenhum descendente, nenhum
ascendente e nenhum parente colateral (irmão, sobrinho).
5.5. O companheiro não concorre quanto aos bens particulares com os filhos, mas o cônjuge sim. O
companheiro está em desvantagem. Na verdade ele não concorre com ninguém, nem com os
ascendentes, nem descendentes, nem colaterais.

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens
adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao
filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada
um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

José tinha união


estável com
Maria

Pedro Maria

Bem Particular do José = uma casa de 600 mil.


Depois da união estável = adquiriram um apartamento de 600 mil (bem comum).
1º meação da Maria = metade do bem comum = 300 mil
2º herança: bem particular só dos filhos = 600 dividido entre os dois filhos, 300 para cada.
Bem comum = 300 mil dividido entre os 2 filhos e Maria = 100 mil para cada.
Maria = 300 da meação + 100 da herança = 400 mil
Filhos = 300 (bem particular) + 100 (herança) = 400 mil.

17
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

José Maria
Inciso I: Filhos comuns (descendentes de ambos) = concorre
no bem comum.
Maria = 100; Ana = 100; Pedro = 100.
Filho
Inciso II: Filhos são só do falecido José. Filho A e B recebem
dos
Filho 120 cada um. Maria receberá 60. Maria recebe a metade da
do dois cota que cada um dos filhos herdeiros recebeu.
José
Inciso III: Filiação híbrida. José mantém união estável com
Maria. José já tinha um filho do primeiro casamento. Durante a união estável José e Maria tiveram um
filho comum.
a) Orientação da jurisprudência majoritária: divide tudo, aplicando o inciso I do 1.790. Trata-se os dois
filhos de forma igualitária.
b) aplica-se o inciso II e Maria receberá a metade do que recebem os filhos.
Herança jacente ou vacante: artigo 1.844 do CC. Quando não tem herdeiros para nenhum dos lados.

3 modos de partilhar a herança:

Por Estirpe: ocorre a


Por cabeça: ocorre a
partilha decorrente do Por Linhas: sucessão
partilha na sucessão
direito de dos ascendentes.
por direito próprio.
representação.

Modos de suceder:

Por Direito Próprio: Por Direito de


Ocorre quando todos Por Direito de Transmissão: ocorre
os herdeiros sao Representação: ocorre depois de aberta a
chamados à sucessão e quando alguns sucessão, sendo
encontram-se na herdeiros são transmitida para outra
mesma classe e no chamados para suceder pessoa. Pode ser objeto
mesmo grau. no lugar de outros. de negócio jurídico os
bens de pessoa morta.

18
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Aula 08 – 04/10/16. P2
Sucessão Testamentária
Questão da OAB. Roberval não possuía filhos e seus pais já eram falecidos. Seu único parente era seu
irmão Ângelo. Sendo certo que Roberval e Ângelo jamais se casaram ou viveram em união estável.
Roberval tinha um imóvel na Tijuca e outro menor no Flamengo. Decidiu beneficiar Caio, seu melhor
amigo. Estabeleceu em testamento que por ocasião de sua morte, Caio receberia o imóvel da Tijuca. Caio
venha a falecer antes, o imóvel deve ser destinado aos filhos de Caio. Quando Roberval faleceu, Caio
tinha um filho de 5 anos.
Roberval poderia beneficiar seu amigo Caio? Sim, pois ele é herdeiro facultativo. Roberval poderia
dispor da totalidade de seu patrimônio, porque não há herdeiros necessários.
Descreva a sucessão de Roberval: Sucessão testamentária.
Imóvel da Tijuca foi destinado ao filho de Caio, em usufruto para o Caio (artigo 1952, § único CC).
Imóvel do Flamengo entrará na sucessão legítima: artigo 1829 CC. Não tem nenhum parente só o irmão.
Então o imóvel da Tijuca, pelo artigo 1829, IV, caberá ao herdeiro colateral Ângelo, irmão de Roberval.
Ver se o testamento existe, é válido e é eficaz, pois ele pode ter sido feito sem observar a preservação
da legítima. Se Roberval tivesse filhos deveria preservar a legítima.
Totalidade do patrimônio = 150. A legítima é 150 dividido por 2 = 75
Então se Roberval tivesse filhos ele deveria preservar 75 para o filho. Então o testamento seria anulado?
Não. Eles poderiam entrar num acordo e vender tudo, dividindo entre o herdeiro do testamento e o
herdeiro necessário. Respeitar a legítima e a vontade do falecido.

Testamento
Representa uma das principais formas de expressão e autonomia da vontade privada. Declaração
unilateral de vontade que produz efeitos após a morte. Existência, validade e eficácia = planos a
serem considerados. Enquanto o testamento é só uma ideia na cabeça da pessoa testadora ele é
inexistente. No momento em que se dá forma e conteúdo para o testamento ele entra no plano da
existência. A assinabilidade é um dos requisitos que faz com que os atos jurídicos entrem no mundo
jurídico e gerem efeitos.
Validade: três requisitos – o agente deve ser capaz; objeto lícito; forma prevista em lei; a forma mais
comum do testamento é a escritura pública, mas existem outras.
Eficácia: o testamento é eficaz se a pessoa que fez morreu.
O testamento é ato revogável pelo qual alguém, de conformidade com a Lei, dispõe total ou
parcialmente de seu patrimônio, para depois de sua morte (CC/16), ou faz outras declarações de última
vontade (CC/02). Previsão Legal: Art. 1857 e ss. do CC.
Princípios: Autonomia da vontade/Autonomia privada. Testatio mentis: Atestados da vontade, aquilo
que está na mete do autor da herança, sempre analisar qual era a vontade do testador.

Observações sobre o Testamento:

OBS 3: Herdeiros Necessários


são: Ascendentes,
OBS 1: A testemunha de um OBS 2: O testamento é o
Descendentes e Cônjuge.
testamento não pode ser instrumento para deserdar
Quando tem herdeiros
beneficiada pelo testamento alguém
necessários, só pode passar
no testamento 50% dos bens

19
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

É manifestação de vontade (livre e


espontânea)

É expressão da liberdade individual (o


testamento não pode ser conjuntivo e
nem sob coação porque macula a
vontade do testador. Por isso, nenhuma
das modalidades é aceita no Brasil, nem
sob coação e nem conjuntivo – artigo
1863 CC);

É negócio jurídico especial e sui generis


(artigo 1.857 CC);

CARACTERÍSTICAS
PRIMORDIAIS DO É unilateral (basta a vontade do testador
TESTAMENTO: para que o testamento produza efeitos)

É gratuito (o legatário é instituído


gratuitamente);

É ato revogável (artigo 1858 CC) se


existem cláusulas conflitantes valerá o
que foi estabelecido no último
testamento.

É ato personalíssimo e formal

Ato Personalíssimo – Somente o testador pode fazer, em hipótese alguma, outra pessoa ir ao Cartório
e fazer o testamento por procuração
Negócio Jurídico Unilateral (não receptício) e unipessoal – Art. 1863 CC – A pessoa que receberá o
testamento não precisa aceitar, a vontade é somente do testamentário. Um testamento NÃO pode ser
feito em conjunto (unipessoal), ex.: Feito pelo esposo e esposa.
Negócio Jurídico Gratuito/Benéfico – Quem recebe o bem, NÃO pode exigir algo a mais.
Revogável (Art. 1858 c/c 1969 CC)
Negócio Jurídico Formal e Solene – Ad probationem (Formas que devem ser observadas) e Ad
solemnistatem (Solenidade que deverá obedecer. Ex.: Um testamento público tem que ter a presença de
2 testemunhas (elas tem que saber ler e escrever).

20
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Sujeitos da Sucessão:
Sublegatário:
Testamentar um
bem que ainda
não tem. Também
Pré-legatário:
é possível um
Legatário: Recebe Sucede tanto pela
Autor da herança: Herdeiro: Sucede a testador só dar um
a título singular legítima e pela
(de cujus) título universal bem como
(bem específico) sucessão
herança a outra
testamentária
pessoa, se ele
receber um
determinado bem
de outro testador

Aula 09 – 11/10/16.

Jurisprudência: Herdeiros de má-fé abrem inventário escondendo que a falecida deixou testamento.
Como a falecida não tinha herdeiros necessários, só colaterais (facultativos) ela poderia dispor da
totalidade do seu patrimônio. Ela testa todos os bens para dois primos dela e indica como legatária a
santa Casa de misericórdia. O inventário que foi aberto é inexistente. Durante o inventário os herdeiros
foram gastando o dinheiro da falecida. Porém eles não eram herdeiros pela sucessão legítima, porque
eles foram excluídos integralmente pela sucessão testamentária. Não pode haver abertura de inventário
sem juntar a certidão do colégio notarial, que diz se o falecido deixou ou não testamento. O juiz analisará
a regularidade do testamento (no sentido formal – se preenche os requisitos, objeto lícito, pessoa
capaz). O testamento produz efeitos quando é registrado.

Questão da OAB XVIII: Suzana Carvalho, viúva, tinha como únicos parentes vivos sua irmã Clara
Pereira e seu sobrinho Alberto, filho de Clara. Em 2010, Suzana elaborou testamento público nomeando
como sua herdeira universal (herda a integralidade dos bens do morto) sua amiga Marta de Araújo. Em
2012, Suzana mudou de ideia sobre o destino de seus bens e lavrou testamento cerrado, no qual
contemplou com todo o seu patrimônio seu sobrinho Alberto Pereira. No final de 2013, Alberto faleceu
num trágico acidente. Suzana faleceu há um mês. Clara Pereira e Marta de Araújo disputam a sua
herança. Marta alega que não ocorreu a revogação do testamento de Suzana lavrado em 2010,
vez que um testamento público só pode ser revogado por outro testamento público.
Clara procura você como advogado e indaga a quem deve caber a herança de Suzana. Diante disso, com
base nos dispositivos legais pertinentes à matéria, responda aos itens a seguir.

A) Suzana podia dispor de todo o seu patrimônio por meio de testamento? (Valor: 0,40)
Suzana podia dispor de todo o seu patrimônio, uma vez que não tinha herdeiros necessários, sendo
certo que os colaterais são herdeiros facultativos, nos termos do Art. 1.850 do Código Civil.

B) um testamento cerrado pode revogar um testamento público? (Valor: 0,30)


O testamento público pode ser revogado por qualquer outra forma testamentária. De fato, não há
hierarquia entre as formalidades testamentárias, dependendo a revogação de um testamento da
validade do testamento revogatório, conforme o que dispõe o Art. 1.969 do Código Civil.
21
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

C) com o falecimento de Alberto, quem deve suceder à Suzana? (Valor: 0,55)


Nesse caso, a sucessão obedecerá às regras da sucessão legítima, cabendo toda a herança de Suzana à
sua irmã Clara Pereira, nos termos do Art. 1.829, inciso IV, do Código Civil.

Art. 1.863 CC: É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo.
Exemplo: Testamento em que o marido doa para a mulher e a mulher doa para ele. Não se admite o
testamento conjuntivo, quando um pode influenciar ou coagir o outro.

Regras fundamentais sobre a capacidade para testar:

Capacidade ativa: Maiores de 16 anos + Pleno discernimento – Aqui ocorre uma exceção, pois o
maior de 16 anos e menor de 18 anos pode fazer o testamento sem ser assistido, porém, não pode se
encaixar em nenhuma hipótese de falta de discernimento. A única exceção de pessoa não ter pleno
discernimento e poder fazer um testamento é o caso do pródigo.

Capacidade passiva – Arts. 1798 e 1799


- Pessoa Natural/Jurídica
- Nascituro – Já foi concebido mas ainda não nasceu, devendo nascer para ter a partilha
- Prole Eventual – Deixar os bens para alguém que irá ter filhos. No momento que o testador morre, se
não tiver estipulado nenhum prazo, o pai tem até 2 ANOS para “conseguir” um filho e o filho herdar os
bens
- Fundação a ser constituída – Pessoa Jurídica que ainda não existe, porém só é possível na forma de
fundação

Não legitimados passivamente: Art. 1801 CC – NÃO podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
a) a pessoa que escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e
irmãos;
b) as testemunhas do testamento;
c) O amante do testador casado, salvo se o testador sem culpa, estiver separado de fato do cônjuge há
mais de 5 anos;
d) O tabelião, civil ou militar, o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer
ou aprovar o testamento;

Art. 1802 CC – “São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder,
ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa”

Pessoas interpostas são os ascendentes, descendentes, irmãos e o cônjuge ou companheiro do não


legitimado a suceder

Art. 1.857 CC: Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte
deles, para depois de sua morte.
§ 1º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente
a elas se tenha limitado.
O testamento pode ter caráter extrapatrimonial: é possível colocar valores que a família deve seguir.
É possível colocar que todos da família devem casar em separação obrigatória de bens e se não o fizerem
não receberão ações da empresa da família, por exemplo. Os herdeiros devem publicar minha biografia
após a minha morte. Se essa biografia lesar direito de terceiros quem responderá por esse dano moral?

22
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Disposições testamentárias de caráter extrapatrimonial:


1. Reconhecimento de filho – Art. 1609, III CC – Pode reconhecer um filho via testamento, porém, esse
ato é um ato irrevogável
2. Nomeação de tutor – Art. 1729, § único CC
3. Reabilitação do in digno – Art. 1818 CC – Também é um ato irrevogável
4. Testamento genético – Também é um ato irrevogável

Art. 1.858 CC. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.

Art. 1.859 CC. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado
o prazo da data do seu registro.

Art. 1.860 CC. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno
discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.

Art. 1.861 CC. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o
testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.

O que importa é a saúde mental e física da pessoa no momento do ato de testar. Se o testador ficar
demenciado depois de fazer o testamento não importa. A idade avançada, surdez, cegueira, enfermidade
grave, embriaguez permanente não impedem a pessoa de testar se no momento em que ela testa ela
tinha condições de discernir. O testamento público é feito na frente de um tabelião e ele fará uma
entrevista com o testador, para verificar a capacidade mental.

Art. 1.865 CC. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o
declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias.

Art. 1.866 CC. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber,
designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.

Art. 1.867 CC. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes,
uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo
testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.

Art. 1.798 CC. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura
da sucessão.
Regra geral da ordem de vocação hereditária.

Art. 1.799 CC. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se
a sucessão;
II - as pessoas jurídicas;
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação.
Pessoa jurídica de direito público não é obrigada a cumprir as determinações do testamento porque
tem princípios de direito público envolvido.
É importante evitar o condomínio.

Art. 1.801 CC. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
sob pena de NULIDADE DO TESTAMENTO
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus
ascendentes e irmãos;
23
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino (hoje é a união estável) do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver
separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que
fizer ou aprovar o testamento.

Aula 10 – 18/10/16.

Artigo 1857, §1º do CC: a regra é que o testamento não atinge a legítima.
Exemplo: A tem um patrimônio de 1 milhão, mas tem herdeiro necessário (cônjuge) e faz um testamento
doando um apartamento de 700 mil para seu sobrinho. O testamento ultrapassa aquilo que poderia
testar. A disposição testamentária ficará sujeita à redução testamentária: a vontade do falecido será
cumprida, mas o imóvel será vendido (200 mil para o cônjuge e 500 para o sobrinho, ou o sobrinho paga
200 mil para o cônjuge e fica com o apartamento). Existe uma tendência a cumprir vontade do morto.
Caso o testamento exceda a legítima não é necessário decretar a nulidade do testamento.
O testamento só será nulo se não preencher uma nulidade formal, porque se o testamento fosse nulo
nesse caso, o sobrinho seria excluído da ordem de vocação hereditária e o cônjuge herdaria tudo pela
ordem de vocação hereditária e isso não era a vontade do morto.

Artigo 1859 do CC, regra especial: prazo de 5 anos para impugnar a validade do testamento. Quando
a pessoa morre deve entrar com a ação de registro de testamento (os herdeiros entram normalmente).
O juiz analisará os aspectos formais do testamento, o MP tem vista obrigatória. O juiz dará uma sentença
dizendo que o testamento está registrado, a partir dessa sentença inicia o prazo de 5 anos. Essa regra é
especial porque prevalece sobre os prazos gerais (178 e 179 CC não se aplicam ao testamento).

Formas/Modalidades previstas em lei:


OBS: em qualquer modalidade está vedado o artigo 426 CC. Duas pessoas não podem testar ao mesmo
tempo e no mesmo ato, mas podem renunciar ao mesmo tempo (exemplo: marido e mulher casados no
regime de comunhão universal – os dois devem renunciar).
OBS: não há hierarquia entre os tipos de testamento. É possível revogar o testamento público por um
testamento particular, desde que seja uma forma prevista em lei e que seja formalmente válido.

TESTAMENTO

COMUM, art. 1862 CC ESPECIAIS, art. 1886 CC

Público Cerrado Particular Codicilo Marítimo Aeronáutico Militar

RESP 93603: é importante assegurar a autonomia do testador. Foi afastada a possibilidade de


testamento conjuntivo. O falecido deixou cotas de sua empresa para sua ex sócia e concubina.
Compareceram no tabelião no mesmo dia, mas cada um fez um testamento diferente.

24
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Testamento Público Cerrado Particular


Testador + Auto de
Solenidade Tabelião ou Substituto Testador
aprovação
Testemunhas 02 02 03
Manual ou Manual ou Manual ou
Forma
mecanicamente mecanicamente mecanicamente
Língua Nacional Nacional/Estrangeira Nacional/Estrangeira
Pessoa Cega Pode fazer testamento Não pode fazer Não pode fazer
Pessoa
Pode fazer testamento Não pode fazer Não pode fazer
Analfabeta

Aula 11 – 25/10/16.

Questão da OAB: Gilberto fez um testamento que ultrapassou a legítima. O testamento de Gilberto não
é nulo, mas é ineficaz na parte em que excede a legítima, pois Gilberto tem filhos que são herdeiros
necessários. Deve ser feita a redução das disposições testamentárias. Deve acontecer uma redução de
20%, conforme o artigo 1968 do CC.

Testamentos Ordinários ou Comuns:

1. Testamento Público.
É feito na frente de um serventuário da justiça que tem fé pública. O tabelião poderá ir a juízo contar
como aquele testamento foi feito. Confere mais segurança ao ato lavrado. Em geral, a pessoa procura
um advogado para saber como deve testar. O advogado fará uma minuta de testamento, onde ele coloca
a vontade do falecido, descreve bens e destina quais serão os herdeiros legatários. Deve colocar todos
os dados que tiver sobre os herdeiros. É feito através de declarações ao tabelião (o advogado é
dispensável). O tabelião fará uma entrevista com o testador, para verificar se o testador tem ou não
algum problema mental. Lei nº 8.935/1994: Lei dos notários e registradores + artigo 236 da CF. os
notários exercem função de caráter privado por delegação do poder público. Atividade notarial: escrita
e registro. O tabelião tem formação jurídica. Deve conter: data, local, dados do testador, “pessoa idônea
e por mim reconhecida”, capacidade civil, testemunhas, declaração de leitura – o ato foi lido perante o
testador, as 2 testemunhas e o tabelião. No CC de 1916 eram necessárias 5 testemunhas. Por isso é
necessário verificar a data do ato (antes de 2002 eram necessárias 5 testemunhas).
Quem não pode ser testemunha?

Art. 228 CC: Não podem ser admitidos como testemunhas:


I - Os menores de dezesseis anos (entre 16 e 18 pode);
II e III - revogados.
IV - O interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;
V - Os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das
partes, por consanguinidade, ou afinidade.
§ 1º Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se
refere este artigo.
§ 2º A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de condições com as demais pessoas,
sendo-lhe assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva.

RESP 147959: apego à forma do testamento. A forma deve prevalecer sobre o conteúdo (2001).
RESP 302767 (mais atual): em sentido contrário, deve se valorizar o conteúdo e mitigar questões
formais.

25
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

A vontade do testador nem sempre deve ser levada em consideração. Se ele doar um bem com
clausula de inalienabilidade, por exemplo, se a pessoa que recebe o bem precisa vender para sobreviver,
a vontade do testador não interessa, pois deve ser levada em conta a função social da propriedade.

Não pode fazer escritura pública de inventário e partilha se o morto deixou testamento. Pois será
preciso registrar o testamento. Os tabeliões têm a prerrogativa do exercício da atividade notarial e de
registro. O tabelião tem competência para formalizar a vontade das partes, no caso do testamento.
Podem intervir em atos e negócios jurídicos, no caso da escritura pública de compra e venda. Ele pode,
também, autenticar fatos jurídicos em forma de ata notarial.

Artigo 7º, II, da Lei 8.935/94: competência exclusiva do tabelião para a lavratura do testamento. A forma
prevista em lei para esse ato é a escritura pública.

Requisitos de validade da escritura pública:


Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo
prova plena.
§ 1º Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:
I - data e local de sua realização;
II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por
si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;
III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais
comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro
cônjuge e filiação;
IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato;
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram;
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal,
encerrando o ato.
§ 2º Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz assinará por ele, a
seu rogo.
§ 3º A escritura será redigida na língua nacional.
§ 4º Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não entender o idioma
em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o havendo
na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes.
§ 5º Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por
documento, deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e atestem sua
identidade.

Em relação ao testador, não existe nenhuma competência territorial para a elaboração da escritura
pública do testamento, ou até mesmo as escrituras públicas em geral. Mas o tabelião tem uma área de
atuação, prevista no artigo 9º da Lei nº 8.935/94.

Artigo 1.865 do CC: Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal
assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas
instrumentárias.
A pedido do testador, desde que na escritura conste que a pessoa em decorrência de uma doença, por
exemplo, não pode assinar, mas não há nenhum tipo de problema em relação à saúde mental. O
analfabeto pode testar.

Art. 1.866 do CC: O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber,
designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.
26
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Art. 1.867 do CC: Ao cego só se permite o testamento público (O CERRARO E O PARTICULAR NÃO),
que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por
uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no
testamento. * DEVE TER DISCERNIMENTO.

Mesmo que o testamento seja feito por escritura pública, não significa que qualquer pessoa pode ter
acesso ao conteúdo do testamento se o testador ainda está vivo. Depois que o testador falece o conteúdo
será público.

Qualquer interessado pode registrar o testamento em juízo, não existe registro do testamento perante
o tabelião. Nessa ação de registro de testamento também se anexa a certidão de óbito e tudo o que for
importante. Não tem réu. O juiz vai verificar a formalidade do testamento. O MP dá o parecer sobre o
testamento. O Juiz dá uma sentença abrindo o testamento. Depois da abertura do testamento, tem um
prazo de 5 anos para anular o testamento.

2. Testamento Cerrado.
Carta sigilada: não é possível saber o conteúdo até a morte do testador. Pouca aplicabilidade.
Desvantagens: (1) se a integralidade ou o lacre do documento for atingida ou deteriorada o testamento
sai do mundo jurídico e será revogado tacitamente. (2) o testador terá a certeza do sigilo até a sua morte.

Requisitos essenciais: artigo 1.868 do CC: O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a
seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal,
observadas as seguintes formalidades:
I - Que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas;
II - Que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado;
III - Que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia,
em seguida, ao testador e testemunhas;
IV - Que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador.
O auto de aprovação não contém a vontade do testador porque a sua vontade está no testamento.

Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor
numere e autentique, com a sua assinatura, todas as páginas.

Art. 1.869 do CC: O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra
do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das
testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado.

Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da aprovação, o
tabelião aporá nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto.

Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não obstante, aprová-lo.

Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou
por outrem, a seu rogo.

Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler.

Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de
sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do
papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede.
27
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará,
no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue.

Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar,
ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de
falsidade.

O registro do testamento cerrado é feito pela ação de registro de testamento, da mesma forma que o
testamento público. A sentença que sai do registro de testamento é juntada no processo de inventário
e partilha.

3. Testamento Particular.
É o que apresenta o menor número de formalidades, não é necessária a presença do notário/tabelião
para elaborar o testamento.

Art. 1.876 do CC: O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo
mecânico.

§ 1º Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem
o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever.

§ 2º Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser
assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o
subscreverão.

Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos herdeiros legítimos.

Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, sobre a sua
leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, o testamento
será confirmado.

Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma delas o
reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua
veracidade.

Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio


punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz.

Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as
testemunhas a compreendam.

O requisito de eficácia para o testamento é a morte. Os requisitos formais são outros: exige 3
testemunhas e não pode ser feito por cego e analfabeto.

OBS: Art. 1878 e 1879 CC.


Se uma das testemunhas morrer, o testamento será válido.
Se duas testemunhas ou não haver nenhuma testemunha por causa de morte ou ausência, o testamento
poderá ser confirmado, a critério do Juiz, se houver prova suficiente de sua veracidade

28
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

FORMAS ESPECIAIS DE TESTAMENTO


Testamento Marítimo Aeronáutico Militar
Autoridade Comandante Comandante Maior patente
Caducidade 90 dias 90 dias 90 dias
Forma Público/Cerrado Público/Cerrado Público/Cerrado

Testamento Nuncupativo: Quando estiver em combate ou ferida, a pessoa pode testar oralmente,
confiando sua última vontade a 2 testemunhas. Porém, NÃO terá efeito se a pessoa não morrer na guerra
ou convalescer do ferimento.

Aula 12 – 01/10/16.

Questão de Prova: Manoel elabora um testamento e clausula, indica o herdeiro legatário, deixando um
imóvel com cláusula de inalienabilidade. O imóvel fica alienado para que ele possa servir de herdeiro
legatário. O tempo fez com que esse imóvel se desvalorizasse e ele deixa de cumprir a finalidade
designada pelo testador. Havendo alterações supervenientes na vida do herdeiro essa cláusula pode ser
destituída?
SIM! Pelo entendimento do STJ. RESP 80480/SP não permitir que a propriedade seja alienada é não
permitir o acesso à propriedade.

Testamentos extraordinários:

Art. 1.886. São testamentos especiais:


I - o marítimo;
II - o aeronáutico;
III - o militar.
Art. 1.887. Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados neste Código.

a) marítimos e aeronáuticos: são aqueles realizados em alto mar ou em avião. Em função militar ou
comercial.

Art. 1.888. Quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, pode testar
perante o comandante, em presença de duas testemunhas, por forma que corresponda ao testamento
público ou ao cerrado.

Parágrafo único. O registro do testamento será feito no diário de bordo.

OBS: o navio ou a aeronave devem estar em movimento, se estiverem em algum porto não vale o
testamento.

Art. 1.889. Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode testar perante
pessoa designada pelo comandante, observado o disposto no artigo antecedente.

Art. 1.890. O testamento marítimo ou aeronáutico ficará sob a guarda do comandante, que o entregará
às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra recibo averbado no
diário de bordo.

Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem
nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária,
outro testamento.

29
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Art. 1.892. Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma viagem, se, ao tempo em
que se fez, o navio estava em porto onde o testador pudesse desembarcar e testar na forma ordinária.

b) Militar: no CC 1916 era 5 testemunhas e agora é 2.

Art. 1.893. O testamento dos militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas em campanha,
dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações interrompidas,
poderá fazer-se, não havendo tabelião ou seu substituto legal, ante duas, ou três testemunhas, se o
testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas.

§ 1º Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será escrito pelo
respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior.

§ 2º Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelo respectivo oficial
de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento.

§ 3º Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele que o substituir.

Art. 1.894. Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu punho, contanto que o date
e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na presença de duas testemunhas ao auditor, ou
ao oficial de patente, que lhe faça as vezes neste mister.

Parágrafo único. O auditor, ou o oficial a quem o testamento se apresente notará, em qualquer parte
dele, lugar, dia, mês e ano, em que lhe for apresentado, nota esta que será assinada por ele e pelas
testemunhas.

Art. 1.895. Caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o testador esteja, noventa dias seguidos,
em lugar onde possa testar na forma ordinária, salvo se esse testamento apresentar as solenidades
prescritas no parágrafo único do artigo antecedente.

Art. 1.896. As pessoas designadas no art. 1.893, estando empenhadas em combate, ou feridas, podem
testar oralmente, confiando a sua última vontade a duas testemunhas.

Parágrafo único. Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou convalescer do
ferimento.

Estão no CC mas não são ordinários e nem extraordinários:

a) Testamento vital ou biológico

b) Codicilo (para coisas de pequeno valor); pode ser feito à mão, mas é importante
autenticar/reconhecer firma.

Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer
disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas
pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou jóias,
de pouco valor, de seu uso pessoal.

Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo direito de terceiro, valerão como codicilos,
deixe ou não testamento o autor.

30
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão nomear ou substituir testamenteiros.

Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e consideram-se
revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar ou modificar.

Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamento cerrado.

O codicilo é um mini testamento onde o testador de uma maneira mais informal irá dispor de
bens de pouca monta. Segundo o entendimento Jurisprudencial, são considerados bens de pouca
monta os que NÃO ultrapassem 10% dos bens hereditários.

Requisitos do Codicilo
Revoga-se por
testamento
Revoga-se: por posterior que não o
Datado e assinado, Pessoa capaz e
Escrito – Manual ou outro codicilo confirme – No
sob pena de conteúdo dos arts.
mecanicamente (desde que silencio entende-se
nulidade 1881 e 1883 CC
incompatível) que prevalece o
testamento
revogando o codicilo

Regras de interpretação das disposições testamentárias:

1. Regra Geral (Art. 1899 CC): Vontade do Testador: Sempre vamos tentar buscar o que o testador quis
dizer.
2. Disposição Geral (Art. 1902 CC): Em casos de Caridade: A interpretação será sempre a que mais faz
sentido do que o testador quis dizer. Sempre será privilegiada as Instituições Particulares (parágrafo
único).
3. Erra na designação (Art. 1903 CC): Em casos de erro na hora de fazer o testamento, pode ser pedida
a Anulabilidade
4. Sem discriminação da parte (Art. 1904 CC): Nos casos de não deixar dividida a parte para cada um,
será dividido igual
5. Herdeiros Individuais X Herdeiros Coletivos (Art. 1905 CC): Quando acontece esse tipo de conflito,
será feita a divisão de forma coletiva, ex.: Deixarei a minha herança para meu irmão X, meu irmão Y e
para os 2 filhos do meu irmão Z. Nesse caso a herança será dividida em 3, sendo metade de 1/3 para os
2 filhos do irmão Z
6. Sem comprometimento de toda a quota (Art. 1906 CC)
7. Quinhões Determinados X Indeterminados (Art. 1907 CC)
8. Exclusão expressa (Art. 1908 CC)
9. Regras Proibitivas: arts. 1898 e 1900 CC.

Art. 1.897 CC. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição,
para certo fim ou modo, ou por certo motivo.

Não é preciso justificar o porquê estou indicando o herdeiro testamentário ou legatário: é pura e
simples. É um ato de vontade que não precisa ser justificado.

31
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Art. 1.900 CC. É nula a disposição: algumas cláusulas são nulas de pleno direito.
I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por
testamento, em benefício do testador, ou de terceiro;
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar;
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro;
IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado;
V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802.

Art. 1.901 CC. Valerá a disposição:


I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou mais pessoas
mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um
estabelecimento por ele designado;
II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda
que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado.

Art. 1.902 CC. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de caridade,
ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar do domicílio do testador ao
tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em
mente beneficiar os de outra localidade.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições particulares preferirão sempre às públicas.

Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada anula a
disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se
puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se.

Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um,
partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador.

Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança
será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados.

Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o
remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária.

Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por
igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros.

*Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto,
dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos.

Art. 1.909. São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação.

Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de quando o
interessado tiver conhecimento do vício.

Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não
teriam sido determinadas pelo testador.

32
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Espécies de Legados:
1) De Coisa – São do mesmo gênero
2) De Crédito e de Quitação de Dívida (Art. 1918 e 1919 CC)
3) De Alimentos (Art. 1920 CC) – A pessoa morreu, o legatário já tem o direito aos alimentos
4) De Usufruto (Art. 1921 CC)
5) De Imóvel (Art. 1922 CC)
6) De Dinheiro (Art. 1925 + 1923, §2º CC) – Deixar certa quantia em dinheiro à outra pessoa. Só começa
a correr juros a partir da mora daquele que é obrigado a cumprir o legado
7) De Renda ou Pensão Periódica (Arts. 1926 a 1928 CC) – Caso em que deixa uma renda para
determinada pessoa durante um período. O legatário só terá o direito quando for encetado o período
estipulado, por exemplo, se for estipulado uma renda a cada mês e o de cujus morrer no dia 10, o
legatário só terá direito para receber no dia 10 do outro mês
8) alternativo (Art. 1932, 1933 e 1939 CC).

Efeitos do Legado:
Art. 1923 CC – Propriedade X Posse
Art. 1936 CC – Despesas e riscos correm por conta do legatário durante o inventário, e não do herdeiro
Art. 1937 CC – Encargos repassados ao legatário

Caducidade dos legados (Art. 1939 e 1940 CC)


Caducidade não confunde com eficácia. Acontece a Caducidade quando:
A) ocorre a modificação substancial da coisa legada
B) o testador alienar no todo ou em parte a coisa legada
C) o perecimento ou evicção da coisa legada, SEM culpa do herdeiro ou legatário encarregado do
cumprimento da disposição
D) acontece a exclusão do legatário da sucessão
E) premoriência

Direito de Acrescer entre Herdeiros


Espécie de chamamento à herança de alguém que, inicialmente, não era chamado a essa cota da herança,
passa a sê-lo, quando herdeiro ou legatário instituído NÃO quiser ou NÃO puder herdar.
Só é possível ter o direito de acrescer na sucessão testamentária
Art. 1943 CC – Em razão de pré-morte, renuncia, exclusão (indignidade), não implemento da condição
e, ainda, falta de legitimação para suceder

Redução das Disposições Testamentárias: a redução ocorre quando o testador extrapola o valor
da legítima.

Art. 1.966. O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, quando o testador só em parte dispuser
da quota hereditária disponível.

Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites dela, de
conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes.
§ 1º Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível, serão
proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde baste, e, não
bastando, também os legados, na proporção do seu valor.
§ 2º Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência, certos herdeiros e
legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-se a seu respeito a ordem
estabelecida no parágrafo antecedente.

33
Direito das Sucessões – Prof. Laura Mattos Pamela Pilar

Art. 1.968. Quando consistir em prédio divisível o legado sujeito a redução, far-se-á esta dividindo-o
proporcionalmente.
§ 1º Se não for possível a divisão, e o excesso do legado montar a mais de um quarto do valor do prédio,
o legatário deixará inteiro na herança o imóvel legado, ficando com o direito de pedir aos herdeiros o
valor que couber na parte disponível; se o excesso não for de mais de um quarto, aos herdeiros fará
tornar em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio.
§ 2º Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário, poderá inteirar sua legítima no mesmo
imóvel, de preferência aos outros, sempre que ela e a parte subsistente do legado lhe absorverem o
valor.

Cláusulas restritivas:
Essa foi a grande inovação do CC/2002 em relação ao de 1916:

Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.
§ 1º Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros de espécie
diversa.
§ 2º Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados,
convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros.

O justo motivo deve ser declarado pelo testador.


Se as cláusulas não são justificadas elas ficam caducas porque não podem entrar no mundo jurídico.
É possível clausular a legítima e também a parte disponível que está no testamento, por exemplo. No
CC/1916 não poderia clausular sobre a legítima.

Art. 2.042. Aplica-se o disposto no caput do art. 1.848, quando aberta a sucessão no prazo de um ano
após a entrada em vigor deste Código, ainda que o testamento tenha sido feito na vigência do anterior,
Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916; se, no prazo, o testador não aditar o testamento para declarar a
justa causa de cláusula aposta à legítima, não subsistirá a restrição.

Cláusula de inalienabilidade: veda a transmissão de bens, não pode doar nem vender o bem. RESP
856699/MS. A cláusula de inalienabilidade implica em ônus real, impedindo temporariamente o direito
de exercer a coisa. O bem inalienável pode ser adquirido por usucapião. Não é admitida essa cláusula
de forma perpetua, por isso quando o bem é passado com essa cláusula para o X, quando ele morrer e o
bem for para o seu herdeiro, a cláusula não valerá mais para o herdeiro.

Cláusula de Incomunicabilidade:
Art. 1.668 CC. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
Essa cláusula deve ser disposta no testamento. OBS: Os frutos de bens particulares são comunicáveis.

Cláusula de Impenhorabilidade: o bem objeto dessa cláusula não pode ser objeto de penhora,
que é uma constrição judicial sobre o bem. Só há penhora quando tem ordem judicial.
 Existindo essa cláusula ficam afastadas as dívidas do herdeiro, não as dívidas do testador.
 Se a cláusula atinge os frutos: os frutos e rendimentos de bens impenhoráveis podem ser
alienados. Exemplo: casa comercial que rende 50 mil por mês. A casa não pode ser penhorada,
mas os 50 mil (frutos) podem. RESP 209046/RJ.
 Art. 834 NCPC. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos
bens inalienáveis.

34

Você também pode gostar