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Peça 3 – Primeiras declarações (Antônio Ricardo Borges) - Partilha

de Olga e Antônio Borges.

PRIMEIRA SUCESSÃO: OLGA BORGES


• Abertura da sucessão: 14 de janeiro de 2011
o (Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo
da abertura daquela)
• Brasileira
• Do lar
• Residia em Duque de Caxias
o (Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.)
• Sem testamento
o (Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos)
• Casada em comunhão de bens com: Antônio Borges
• Com 3 filhos maiores:
o Antônio Ricardo Borges
o Anderson Borges
o Andréa Borges
• Com os seguintes bens:
1. Casa 01
2. Apt. 101
3. Loja A
4. Loja B
5. Terreno

-> Considerações:
Os bens listados pertencem conjuntamente ao casal, ou seja, 100% é dos dois,
havendo uma única massa patrimonial.

O cônjuge sobrevivente, no regime da comunhão universal de bens, não é


herdeiro, mas sim meeiro haja vista que ao adotar esse regime patrimonial, todos os
bens passam a pertencer ao casal como um todo, ou seja, os adquiridos antes da
união e os adquiridos durante a união passam a ser de ambos. Dessa forma, como já
é proprietário, não se pode falar em herança. Portanto, o herdeiro não se confunde
com o meeiro, uma vez que este decorre do direito matrimonial enquanto o primeiro
é o sucessor dos bens da pessoa falecida.

Ademais, no regime da comunhão universal de bens, o cônjuge sobrevivente


terá direito a 50% da integralidade do patrimônio, mas como mencionado acima,
receberá como meeiro e não como herdeiro, haja vista que nesse regime não há
distinção entre bens particulares e bens em comum. Sendo assim, os 50% restantes,
serão partilhados entre os demais herdeiros do de cujus.

Para corroborar o entendimento acima, ementa do TJSC:

APELAÇÃO CÍVEL. PETIÇÃO DE HERANÇA. PRETERIÇÃO DE


HERDEIRO EM INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL. INSURGÊNCIA QUANTO AO
QUINHÃO A SER DEFINIDO NA PARTILHA. REGIME DO MATRIMÔNIO.
COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS. GARANTIA DA MEAÇÃO. CÔNJUGE NÃO
HERDEIRO. ARTIGO 1.829, I, DO CÓDIGO CIVIL. RECURSO PROVIDO. "O
cônjuge não concorre com os descendentes se casado no regime da
comunhão universal de bens. Não concorre, nesse caso, porque, pela
comunhão universal, tem meação de todo o patrimônio. Recorde-se que a
meação não é direito hereditário, mas próprio do cônjuge, preexistente à abertura
da sucessão, que decorre não da morte do de cujus, mas da comunhão resultante
do regime de bens do casamento, matéria do direito de família. Protegido o cônjuge
pela meação, a outra metade é que compõe a herança, deferida, nesse caso, aos
descendentes sem concorrência do cônjuge" (ANTONINI, Mauro. Código civil
comentado: doutrina e jurisprudência. 10 ed. São Paulo: Manole, 2016. p. 2.107).

(TJ-SC - AC: 00227937320098240033 Itajaí 0022793-73.2009.8.24.0033,


Relator: Fernando Carioni, Data de Julgamento: 04/10/2016, Terceira Câmara de
Direito Civil) - grifo nosso-

Neste caso, o Sr. Antônio Borges será meeiro de todo o patrimônio de Olga
Borges. Logo, terá 50% do patrimônio. Os outros 50% serão partilhados entre
herdeiros necessários, os três filhos do casal.

*Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo


se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou
no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado
bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;


III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.

Dessa forma, pode-se ilustrar o caso concreto com o gráfico a seguir:

16,6

50 16,6

16,6

Cabe ressaltar que o valor lançado aos bens imóveis é totalmente irrelevante, uma
vez que todos os bens estão em condomínio.
*Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.
*Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os
herdeiros.

Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à


propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas
normas relativas ao condomínio.

-> Partilha dos bens de Olga Borges em frações:

Obs.: Explicação sobre os cálculos de conversão de porcentagem em fração:


50% = 1/2;
1/2 ÷ 3 = 1/6.
Logo, o todo será 6/6.
50% de 6/6 = 3/6.

A) Meação de Antônio de Almeida Borges


• 3/6 da casa 1
• 3/6 do apt. 101
• 3/6 da loja A
• 3/6 da loja B
• 3/6 do terreno

Total: 50%

B) Herança de Antônio Ricardo Antunes Borges

• 1/6 da casa 1
• 1/6 do apt. 101
• 1/6 da loja A
• 1/6 da loja B
• 1/6 do terreno

Total: 16,6%

C) Herança de Anderson Willians Antunes Borges

• 1/6 da casa 1
• 1/6 do apt. 101
• 1/6 da loja A
• 1/6 da loja B
• 1/6 do terreno

Total: 16,6%

D) Herança de Andrea Cristina Antunes Borges

• 1/6 da casa 1
• 1/6 do apt. 101
• 1/6 da loja A
• 1/6 da loja B
• 1/6 do terreno

Total: 16,6%
SEGUNDA SUCESSÃO: ANTÔNIO BORGES
• Abertura da sucessão: 15 de dezembro de 2021
o (Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo
da abertura daquela)
• Brasileiro
• Aposentado
• Residia em Duque de Caxias
o (Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.)
• Sem testamento
o (Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos)
• Viúvo
• Com 3 filhos maiores:
o Antônio Ricardo Borges
o Anderson Borges
o Andréa Borges

• Com os seguintes bens:

MONTE:

1. ½ Casa 01 (partilha anterior)


2. ½ Apt. 101 (partilha anterior)
3. ½ Loja A (partilha anterior)
4. ½ Loja B (partilha anterior)
5. ½ terreno (partilha anterior)
6. ½ das Casas 01,02,03,04,05
7. Saldo 1 de 60.294,95
8. Saldo 2 de 30.801,74
9. Dívida de 40.000; Credora: Solange Batista.
-> Considerações:

É essencial apontar inicialmente que, antes de proceder à partilha de um


inventário, é imprescindível que as dívidas do falecido sejam devidamente quitadas.
Essa medida é crucial devido às dívidas representarem passivos no patrimônio do
falecido e, de acordo com os princípios do direito sucessório, devem ser pagas antes
de qualquer divisão de herança. Isso porque deve-se garantir que os herdeiros
recebam os bens líquidos, livres de encargos e pendências financeiras que possam
incidir sobre o patrimônio deixado pelo falecido, além de proteger os interesses dos
credores do falecido, assegurando que eles recebam o que lhes é devido.

O processo de quitação de dívidas durante um inventário geralmente passa


por etapas que incluem identificar e verificar todas as dívidas, notificar os credores,
analisar e validar as reivindicações, efetuar os pagamentos a partir dos ativos
disponíveis, e, por fim, distribuir o restante do patrimônio entre os herdeiros.

De acordo com o art. 1.847 do Código Civil, calcula-se a legítima sobre o valor
dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do
funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação.

Para reafirmar a aplicação do artigo supramencionado, ementa do TJSC:

AGRAVO INTERNO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. SUCESSÕES.


INVENTÁRIO. Havendo dívidas que devem ser pagas, descontadas do monte-mor,
antes da realização da partilha, e mesmo assim não sobrar o montante para efetivar
a meação (integralidade do apartamento), é matematicamente impossível a
pretensão da recorrente, e juridicamente inviável (art. 1.847 do CC). Decisão que
indeferiu a expedição de formal de partilha mantida.RECURSO DESPROVIDO.

(TJ-RS - AGT: 70083217901 RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro,


Data de Julgamento: 27/11/2019, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação:
28/11/2019)

No caso em questão deve-se descontar do monte a dívida trabalhista em favor


de Solange Batista da Silva.
Como há no caso saldo total de R$ 91.096,69 (60.294,95 + 30.801,74), restará
R$ 51.096,69 a serem partilhados entre os herdeiros necessários de Antônio Borges.
Assim sendo, o valor de R$ 51.096,69 será dividido entre os seus três filhos, que irão
receber R$ 17.032,23 cada.

Ainda, em relação aos bens imóveis do de cujus, estes serão dados em


condomínio entre os herdeiros.

Além disso, o Sr. Antônio não contraiu novo matrimônio e nem se manteve em
união estável com outra pessoa depois do falecimento de sua esposa Olga Borges.
Logo, seus únicos herdeiros serão seus três filhos que partilharão da herança na
seguinte proporção:

33,3%

33,3%
33,3%

33,3%

-> Partilha dos bens de Antônio Borges em frações:


Levando-se em consideração que o Sr. Antônio Borges recebeu 3/6 na primeira
partilha, podemos continuar com a mesma linha de raciocínio. (3/6 ÷ 3 = 1/6)

Assim, restará na nova partilha mais 1/6 dos imóveis da partilha anterior.

Ademais, como mencionado acima, em relação aos saldos do monte, ficará o


valor de R$ 17.032,23 para cada herdeiro.

Por último, resta mencionar que o Sr. Antônio Borges detinha ½ das Casas
01,02,03,04,05. Nesse viés, cabe reparti-la entre seus três filhos. Assim ½ ÷ 3 = 1/6

A) Herança de Antônio Ricardo Antunes Borges

• 1/6 da casa 1
• 1/6 do apt. 101
• 1/6 da loja A
• 1/6 da loja B
• 1/6 do terreno
• 1/6 das casas 01,02,03,04,05.
• Saldo de R$ 17.032,23

Total: 33,3%

B) Herança de Anderson Willians Antunes Borges

• 1/6 da casa 1
• 1/6 do apt. 101
• 1/6 da loja A
• 1/6 da loja B
• 1/6 do terreno
• 1/6 das casas 01,02,03,04,05.
• Saldo de R$ 17.032,23

Total: 33,3%

C) Herança de Andrea Cristina Antunes Borges


• 1/6 da casa 1
• 1/6 do apt. 101
• 1/6 da loja A
• 1/6 da loja B
• 1/6 do terreno
• 1/6 das casas 01,02,03,04,05.
• Saldo de R$ 17.032,23

Total: 33,3%

Por fim, resta alertar que os herdeiros de Antônio Borges já detinham 1/6 da
casa 1, do apt. 101, da loja A, da loja B e do terreno. Consequentemente, ao final das
duas sucessões terão 1/3 (1/6 +1/6) de cada imóvel aqui mencionado, mais saldo de
R$ 17.032,23 e 1/6 das casas 01, 02, 03, 04 e 05.

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