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(atividade 8)
INVENTÁRIO
1. TERMINOLOGIA DO DIREITO DAS SUCESSÕES
1.1 “AUTOR DA HERANÇA”
É o “de cujus” ou “extinto”. Mas nem todo morto é de cujus, apenas a pessoa
que morreu e deixou seu patrimônio.
1.2. “SUCESSOR”
É quem vai ser convocado para dar continuidade às relações patrimoniais do
falecido. É o gênero. São sucessores:
1.2.1. “Herdeiro”: Sucessor a título universal. Pode ser:
-“Testamentário”: é o herdeiro que possui direito a herança em decorrência de
disposição testamentária. Difere do legatário (ver abaixo), pois para o herdeiro
testamentário não se deixa bem certo e determinado, mas sim uma fração
ideal da herança, ou seja, um quinhão hereditário.
-“Legítimo” (1.829 e 1790): sucessor por força de lei. São eles: descentes,
ascendentes, cônjuge sobrevivente, companheiro sobrevivente e colaterais até
o 4º grau (primos). Os três primeiros (descendentes, ascendentes e cônjuges)
são herdeiros legítimos “necessários”, os dois últimos (companheiro e
colaterais até 4º) são herdeiros legítimos “facultativos”. Quem estabelece a
regra é o art. 1845.
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. (DAC)
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes (necessário), em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o
autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes (necessário), em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente (necessário);
IV - aos colaterais. (facultativo)
Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas
no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
(facultativo)
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente
se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem
separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa
convivência se tornara impossível.
1.2.2. “Legatário”
Sucessor a título singular. Tem direito a um bem certo e determinado.
Depende de testamento, se não tem testamento não é legatário.
1.3. “LEGÍTIMA”
“Herança”
Conjunto de relações jurídicas patrimoniais que foi transmitido. A herança
pode ser negativa, se o morto transmitir mais dívida do que crédito.
3.7.2. “Espólio”
É a representação da herança em juízo e fora dele. As relações patrimoniais do
falecido são representadas pelo espólio. E quem representa o espólio? O
inventariante.
Na prática, para que o espólio tenha um inventariante custa tempo, enquanto
o juiz não nomeia o inventariante, quem representa o espólio é o
administrador provisório, que é quem está na posse dos bens, se for mais de
um, todos eles serão os administradores.
Assim, o espólio somente representa os interesses patrimoniais do falecido, os
interesses existenciais do falecido, dizem respeito aos seus herdeiros e não ao
seu espólio.
(...)
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou
se toda a herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.
Quatro partes:
OBS: não é possível rever a totalidade dessas regras por falta de tempo hábil.
Sugiro, portanto, a realização de pesquisa que aborde os quatro tópicos,
seguindo as normas da ABNT. Valor: 0,5 (fora da média), para somar com os
3,0 pontos de trabalho.
4. ACEITAÇÃO DA HERANÇA
4.1. PREVISÃO LEGAL
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição
ou a termo.
A aceitação no Brasil é plena e integral, não aceitando nenhuma condição
nem termo.
O art. 1808, §2º traz uma exceção: aquele que sucede por mais de um título
(exemplo: quem é herdeiro e legatário ao mesmo tempo), pode aceitar apenas
um, alguns ou todos.
Neste caso, portanto seria permitida uma ‘aceitação parcial’. Chaves: não há
aceitação parcial, há aceitação total: é aceitação integral de cada um dos
títulos.
Art. 1.808
§ 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a
herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.
§ 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto
aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
5. RENÚNCIA À HERANÇA
5.1. PREVISÃO LEGAL
Diferentemente da aceitação, ela deve ser sempre expressa, mas tal qual a
aceitação ela é sempre irrevogável ou irretratável.
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à
herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do
renunciante. (aceitação indireta)
§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao
conhecimento do fato.
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao
remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
Ela deve ser sempre por escritura pública ou termo judicial, sob pena de
nulidade (a herança é um bem imóvel).
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento
público ou termo judicial.
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à
herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do
renunciante. (aceitação indireta)
§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao
conhecimento do fato.
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao
remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
Ela deve ser sempre por escritura pública ou termo judicial, sob pena de
nulidade (a herança é um bem imóvel).
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento
público ou termo judicial.
5.2. REQUISITOS DA RENÚNCIA À HERANÇA
São dois: capacidade do renunciante e consentimento do cônjuge.
5.2.1. Capacidade do renunciante
Se for incapaz, somente pode renunciar com autorização judicial, ouvido o MP.
Exemplo: quando o passivo da herança for maior que o ativo, isso para que o
menor não tenha despesas com honorários advocatícios.
Exemplo: filho não reconhecido que ajuíza ação contra irmãos. Os demais
herdeiros vão ser condenados a devolver parte.
No que tange à legitimidade ativa, vale afirmar que por se tratar de ação
universal, o herdeiro tem legitimidade para pleitear toda a herança ou o seu
quinhão hereditário, não sendo permitido ao legatário se utilizar da petição de
herança para reivindicar o bem individualizado, devendo intentar a ação de
petição de legado.
Ademais, apesar do art. 1824 só mencionar a figura do herdeiro, o professor
Eduardo de Oliveira Leite admite a legitimação do inventariante, do síndico da
falência do morto ou do herdeiro, do administrador no concurso de credores,
do testamenteiro, do curador da herança jacente do falecido ou do herdeiro,
em virtude do evidente interesse econômico que envolve a atuação de tais
interessados.
6.2. LEGITIMIDADE ATIVA
No que tange à legitimidade ativa, vale afirmar que por se tratar de ação
universal, o herdeiro tem legitimidade para pleitear toda a herança ou o seu
quinhão hereditário, não sendo permitido ao legatário se utilizar da petição de
herança para reivindicar o bem individualizado, devendo intentar a ação de
petição de legado.
Ademais, apesar do art. 1824 só mencionar a figura do herdeiro, o professor
Eduardo de Oliveira Leite admite a legitimação do inventariante, do síndico da
falência do morto ou do herdeiro, do administrador no concurso de credores,
do testamenteiro, do curador da herança jacente do falecido ou do herdeiro,
em virtude do evidente interesse econômico que envolve a atuação de tais
interessados.
Porém, há quem entenda que a demanda em questão só pode ser ajuizada por
quem se afirma herdeiro, através de prova pré-constituída ou produzida no
curso da demanda, vedada a legitimação ao espólio do hereditando, por não
possuir interesse de agir (Paulo Nader).
6.3. LEGITIMIDADE PASSIVA
Segundo o art. 1824, a petição de herança pode ser proposta tanto em face de
quem ostente a qualidade de herdeiros (possessor pro herede) como em face
de terceiro que detenha bens da herança sem título jurídico (possessor pro
possessore). Porém, para parte da doutrina, a petição da herança só pode ser
proposta contra herdeiro aparente ou sem título, cabendo ação reivindicatória
contra terceiros que detenham o bem.
Para uma primeira corrente (Zeno Veloso e Caio Mário), a petição de herança é
ação real, uma vez que predomina o pedido de entrega do quinhão
hereditário indevidamente possuído.
Todavia, para uma segunda corrente (Orlando Gomes e Washington de Barros
Monteiro), a referida ação possui natureza mista, ou seja, é pessoal em
relação à pretensão do reconhecimento da qualidade de herdeiro e real em
relação à pretensão de entrega ou restituição do quinhão hereditário do autor
da demanda.
Há ainda uma terceira corrente, minoritária, que sustenta ser esta ação
estritamente pessoal, em consonância com a parte final da SÚMULA 149 DO
STF: “É IMPRESCRITÍVEL A AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE, MAS
NÃO É A DE PETIÇÃO DA HERANÇA”.
6.5. PROCEDIMENTO
1. CONCEITO
Falar de inventário e partilha pressupõe lembrar o princípio da “saisine”,
segundo o qual, com a abertura da sucessão, transmitem-se automaticamente
a posse e a propriedade de todas as relações patrimoniais do falecido.
Assim, o droit de saisine traz consigo a transmissão automática da titularidade
da posse e da propriedade.
Desta forma, inventário e partilha é o procedimento especial de jurisdição
CONTENCIOSA tendente a enumerar e descrever os bens e direitos
transmitidos automaticamente por saisine, separando a meação do cônjuge ou
companheiro e dividindo os haveres entre todos os sucessores.
OBS.: tal qual o procedimento do júri, o inventário e partilha é um
procedimento bifásico e escalonado.
Na primeira fase são enumerados e descritos os bens (fase de inventariança).
Na segunda fase são divididos os haveres (fase de partilha).
Por conta da transmissão automática pela saisine, o inventário tem natureza
puramente declaratória.
Obs.: inventário vem da expressão latina invenire, que significa relacionar,
descrever.
2. PROCEDIMENTO DE INVENTÁRIO
Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da
lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a 663.
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação,
quando houver herdeiro único.
§ 2o Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de
adjudicação, será lavrado o formal de partilha ou elaborada a carta de
adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás referentes aos bens e às
rendas por ele abrangidos, intimando-se o fisco para lançamento
administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura
incidentes, conforme dispuser a legislação tributária, nos termos do § 2o do
art. 662.
O art. 659, caput, do Novo CPC prevê o cabimento do arrolamento sumário
quando todos os herdeiros forem capazes e existir acordo entre eles quanto à
partilha. O tema também é tratado pelo art. 2.015 do CC, que prevê que,
sendo os herdeiros capazes, poderão fazer partilha amigável, por escritura
pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo
juiz. Apesar da exigência dos arts. 659, caput, do Novo CPC e 2.105 do CC, o
art. 665 do Novo CPC permite o arrolamento sumário mesmo quando houver
interessado incapaz, desde que concordem todas as partes e o Ministério
Público.
CC Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável,
por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular,
homologado pelo juiz.
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação,
quando houver herdeiro único.
§ 2o Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou
adjudicação, o respectivo formal, bem como os alvarás referentes aos bens por
ele abrangidos, só serão expedidos e entregues às partes após a comprovação,
verificada pela Fazenda Pública, do pagamento de todos os tributos.
Diante da ausência de conflitos de interesses em razão da convergência de
vontades dos herdeiros ou, ainda mais evidente, no caso de herdeiro único, a
melhor doutrina aponta para a natureza de jurisdição voluntária do
arrolamento sumário.
Também para provar que o falecido não deixou bens para responder por suas
dívidas (art. 1792, CC).
Nos termos do art. 615, caput, do Novo CPC, cabe a quem estiver na posse e
na administração do espólio o requerimento de inventário e de partilha dentro
do prazo legal, dando a entender que esse sujeito seja o administrador
provisório. Administrador provisório é aquele que já se encontra na
administração dos bens por ocasião da abertura da sucessão, de forma que a
sua designação independe de decisão judicial.
Trata-se do legitimado preferencial à propositura do inventário, anda que a
legitimação ativa para esse tipo de ação seja concorrente disjuntiva.
O dispositivo legal cria um dever para o administrador provisório, de forma que enquanto
os legitimados pelo art. 616 do Novo CPC podem dar início ao inventário, o administrador
provisório deve, respondendo por perdas e danos perante os herdeiros em razão de sua
omissão em propor a ação de inventário no prazo legal.
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
I - o cônjuge ou companheiro supérstite;
II - o herdeiro;
III - o legatário;
IV - o testamenteiro;
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse;
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do
cônjuge ou companheiro supérstite.
Os arts. 615 e 616 do Novo CPC regulamentam a legitimidade ativa para a
propositura da ação de inventário. Apesar de ser em regra proposto pelo
administrador provisório, trata-se de espécie de legitimidade concorrente, de forma
que qualquer dos sujeitos indicados pela lei pode indistintamente dar início ao
processo. Apesar de a legitimidade do Ministério Público estar condicionada à
presença de herdeiros incapazes (art. 616, VII, do Novo CPC), existe corrente
doutrinária que defende tal legitimidade em outras situações, desde que haja
interesse público.
Trata-se de legitimação ativa concorrente e não subsidiária, de forma que qualquer
dos legitimados previstos nos arts. 615 e 616 do Novo CPC tem legitimidade, a
qualquer momento após o falecimento do autor da herança, de propor a ação de
inventário e partilha. Como qualquer dos legitimados pode sozinho propor a ação,
além de concorrente a legitimidade ativa no inventário e partilha é disjuntiva.
4.4. A FIGURA DO INVENTARIANTE
4.4.1. Noções gerais