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NAS ENTIDADES DO
TERCEIRO SETOR
Laudelino Jochem
DOAÇÕES E SUBVENÇÕES NAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR
Prof. Laudelino Jochem
1. Conceitos e definições
As entidades do Terceiro Setor costumam fazer convênios com órgãos públicos, como
prefeituras, governo estadual, federal e outros órgãos da administração direta ou
indireta. Os valores que são recebidos em decorrência desses convênios são denominados
subvenções. Por outro lado, muitas dessas entidades recebem doações. A seguir
encontra-se demonstrado o passo a passo para o reconhecimento destas receitas.
Segundo passo: à medida que a entidade vai recebendo os valores do órgão público,
ela vai transferi-los da conta do ativo “Contratos de convênio a receber” para o caixa
ou banco, conforme a seguir:
Terceiro passo: dentro da mesma lógica, à medida que entidade vai cumprindo com as
obrigações previstas no contrato firmado com o órgão público, ela vai reconhecendo a
receita no resultado, conforme a seguir:
D – Contrato de Convênio (Passivo)
Se as doações recebidas não tiverem aplicação específica, ou seja, o doador não exigir
que o valor doado seja aplicado a uma única finalidade, os valores efetivamente
recebidos devem ser contabilizados conforme a seguir:
Já as doações que tenham destino específico devem ser reconhecidas dentro da mesma
política contábil adotada para as subvenções.
O benefício econômico obtido com empréstimo governamental por uma taxa de juros
abaixo da praticada pelo mercado deve ser tratado como subvenção governamental.
Exemplo prático
Primeiro passo: estimar o valor dos juros praticados pelo mercado. Após pesquisa de
mercado, chegou-se ao percentual de 1,5% a.m.
Reconhecimento inicial
Quinto passo: mês a mês, assim que as parcelas forem sendo quitadas, a entidade
reconhece a receita de subvenção1 , conforme a seguir:
1
Uma subvenção governamental deve ser reconhecida como receita ao longo do período e confrontada com as despesas que
pretende compensar, em base sistemática. A subvenção governamental não pode ser creditada diretamente no patrimônio
líquido.
2
DRP – Demonstração do Resultado do Período.
C – AVP (PC)............................................................................................ 15.000,00
Sétimo passo: após o fechamento mensal é preciso transferir o saldo da subvenção que
transitou pelo resultado para o Patrimônio Líquido, conforme a seguir:
A subvenção governamental pode estar representada por ativo não monetário, como
terrenos e outros bens ou direitos, para uso da entidade. Nessas circunstâncias, tanto
estes ativos, quanto a subvenção governamental devem ser reconhecidos pelo seu
valor justo. Apenas na impossibilidade de verificação desse valor justo, é que o ativo e
a subvenção governamental poderão ser registrados pelo seu valor nominal.
Exemplo prático
Quanto às formalidades mínimas que um laudo de avaliação deve ter, o CFC – Conselho
Federal de Contabilidade determinou que o relatório deve conter:3
3
Item 34, ITG 10
✓ Antecedentes externos: informações referentes ao ambiente econômico onde a
entidade opera, novas tecnologias, benchmarking, recomendações e manuais de
fabricantes e taxas de vivência dos bens;
Valor residual dos bens para as situações em que a entidade tenha o histórico e a
prática de alienar os bens após um período de utilização; e
Condições contratuais:
Reclassificação da subvenção do PNC para o PC. Para atender à segregação dos passivos
em circulantes e não circulantes é preciso reclassificar uma parcela do Não Circulante
para o Circulante, conforme a seguir:
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A subvenção governamental relacionada a ativos, incluindo aqueles ativos não monetários mensurados ao valor justo,
deve ser apresentada no balanço patrimonial em conta de passivo, como receita diferida, ou deduzindo o valor contábil do
ativo relacionado. São considerados aceitáveis dois métodos de apresentação, nas demonstrações contábeis, da subvenção
(ou parte apropriada de subvenção) não vinculada a obrigações futuras, relacionada com ativos. Um dos métodos reconhece
a subvenção governamental como receita diferida no passivo, sendo reconhecida como receita em base sistemática e racional
durante a vida útil do ativo. O outro método deduz a subvenção governamental do valor contábil do ativo relacionado com
a subvenção para se chegar ao valor escriturado líquido do ativo, que pode ser nulo. A subvenção deve ser reconhecida como
receita durante a vida do ativo depreciável por meio de crédito à depreciação registrada como despesa no resultado.
5
O item nº 17 da NBC TG 07 (R2) determina que a subvenção relacionada a ativo depreciável deve ser reconhecida como
receita ao longo do período da vida útil do bem, e na mesma proporção de sua depreciação. Perceba que neste caso somente
as edificações são depreciáveis. Assim, à medida que as edificações forem sendo depreciadas (no caso em questão 10 anos ou
120 meses) a Receita Diferida também será reconhecida na mesma razão. Como o terreno não é depreciável, mas ao final do
contrato de comodato, desde que cumpridas as obrigações assumidas, será de propriedade da empresa, desta forma a Receita
Diferida relativa ao terreno deverá ser reconhecida pelo tempo do contrato.
Saldo....................................................................................................................... 4.166,66
A ITG 2002 (R1), no item 9B, determina que as imunidades tributárias não se enquadram
no conceito de subvenções previsto na NBC TG 07. Portanto, não devem ser reconhecidas
como receita no resultado. Neste sentido, é preciso fazer uma análise sobre a quais
imunidades tributárias a interpretação está se referindo. Parece ser lógico que se trata
da imunidade constitucional prevista no artigo 150 da Constituição Federal, e também
das isenções § 3º do art. 12 da Lei 9.532/97 e demais legislações esparsas que tratam
de isenções genéricas e de abrangência de todas as entidades sem finalidade de lucros.
Há que se esclarecer que tanto a imunidade, quanto a isenção prevista na legislação
anteriormente citada, embora estabeleçam exigências e requisitos, alcançam todo
universo de entidades que se enquadram dentro de tais ditames legais. Voltando o
raciocínio para a questão da isenção da quota patronal prevista para as entidades que
possuem cadastro no CEBAS, a situação é algo específico e a entidade precisa, além de
atender uma série de exigências, optar por tal cadastro. Desta maneira, está-se diante
do previsto no item 9A da ITG 2002 (R1), que determina que as subvenções concedidas
em caráter particular enquadram-se na NBC TG 07, e por isso precisam ser reconhecidas
contabilmente.
Primeiro passo:
Segundo passo:
a) Elas não devem ser creditadas diretamente no patrimônio líquido, mas, sim,
reconhecidas como receitas nos períodos apropriados;