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OBS: Este é um parecer jurídico para analisar um benefício APÓ S a sua concessã o, para

apurar a RMI e eventuais inconsistências que possam levar a uma revisã o judicial ou
administrativa da aposentadoria.
É possível elaborar diversos formatos de "pareceres jurídicos", sendo preciso encontrar o
mais adequado para cada caso concreto. Essa presente forma de relató rio também pode ser
adequada ao seu cliente, dependendo da situaçã o.
No caso que analisaremos a seguir houve uma reduçã o do valor da aposentadoria do
segurado em 60%. Certamente o imenso prejuízo poderia ter sido evitado se tivesse
buscado a ajuda de um especialista antes de, por conta pró pria e na pressa, fazer o pedido
sem muito conhecimento da causa. Isso demonstra a importâ ncia de um planejamento
previdenciá rio, que traça os melhores cená rios para uma eventual concessã o de benefício,
minimizando as perdas.
Há um modelo de PLANEJAMENTO PREVIDENCIÁ RIO AQUI, que pode ser adaptado de
acordo com o caso concreto de seu cliente evitar perdas extremas no valor do benefício,
como a que veremos a seguir.
Há tó picos do PLANEJAMENTO PREVIDENCIÁ RIO desenvolvido e publicado por mim que
foram usados também neste modelo (acessar o planejamento AQUI).
Vamos ao modelo do parecer!

PARECER JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE


CONTRIBUIÇÃO

(fazer um cabeçalho com as informações mais imediatas no topo do documento)


SEGURADO: (nome do cliente)
DCB - data de concessão do benefício: XX/XX/XXXX
NÚMERO DO BENEFÍCIO: XXXXXXXXXXX
RMI - renda mensa inicial: R$ XXXX,XX
I. INFORMAÇÕES PARA ACESSO AO “MEU INSS”

II. INFORMAÇÕES PESSOAIS BÁSICAS

III. PERÍODOS DE CONTRIBUIÇÃO CONSIDERADOS PELO INSS


IV. PERÍODOS NÃO COMPUTADOS NO CÁLCULO DO BENEFÍCIO PASSÍVEIS DE
EVENTUAL “REVISÃO DA VIDA TODA*”
* Para concessão de benefícios após 29/11/1999 o INSS apenas considera as contribuições
vertidas a partir de julho de 1994, com base art. 3º da lei 9.876/99. Ocorre que, antes de
1994, muitas pessoas contribuíam com altos valores ao INSS, que são integralmente
desconsiderados. A “Revisão da vida toda” visa incluir os valores anteriores a 1994 no cálculo
da RMI – renda mensal inicial – se essa revisão for mais benéfica ao segurado (em alguns
casos a revisão pode diminuir o valor do benefício).
(nesse tó pico devem ser incluídos os períodos anteriores a julho de 1994 que,
provavelmente, foram desconsiderados pelo INSS no cá lculo da RMI - renda mensal inicial.)
V. ANÁLISES DO EXTRATO CONTRIBUTIVO – CNIS

a. EVENTUAIS INCONSISTÊNCIAS NO CNIS ( ANEXO A)


O Cadastro Nacional de Informaçõ es Sociais, mais conhecido por CNIS, é um documento
onde constam todos os vínculos trabalhistas e previdenciá rios do cidadã o (o documento
está em anexo a este relató rio, identificado por “anexo A”).
Por erros do pró prio sistema do INSS ou erros cometidos pelo empregador ou contribuinte,
algumas informaçõ es podem constar erradas no documento, ou podem estar faltando ou
podem apresentar diversos outros problemas que podem prejudicar o requerente no
momento que solicita o benefício ou mesmo posteriormente, quando já foi concedido
(como a suspensã o ou bloqueio por divergência de informaçõ es).
A identificaçã o de eventuais inconsistências no CNIS que possam prejudicar algum
benefício ocorre através da aná lise de todos os vínculos empregatícios e informaçõ es
registradas, muitas vezes quase passando despercebidas. Entretanto, algumas
inconsistências podem estar identificadas no campo específico chamado “INDICADORES”,
como abaixo se exemplifica:
Se houver inconsistências no CNIS, algumas estarã o identificadas através de SIGLAS, na
“aba” INDICADORES do CNIS. Cada sigla representa uma inconsistência diferente. Ao final
do documento CNIS estã o relacionadas todas as siglas (inconsistências) constantes no
documento e seu significado, como abaixo se exemplifica:
Ao observar os indicadores no CNIS (se houver), é fundamental a busca de um profissional
especializado para identificar as inconsistências e proceder à s suas correçõ es, para que
benefícios futuros nã o venham a ser prejudicados.
Conclusão: da análise do CNIS da beneficiária, percebe-se que NÃO HÁ INDICADORES
SIGNIFICATIVOS QUE POSSAM LHE CAUSAR FUTURAMENTE ALGUM TRANSTORNO.

b. ATIVIDADES CONCOMITANTES
A expressã o "atividades concomitantes" significa que o segurado tem mais de uma
atividade e, consequentemente, mais de um salá rio de contribuiçã o em um mesmo mês
(dois empregos, que resultam em dois recolhimentos previdenciá rios no mesmo mês, um
em cada emprego). Exemplos comuns de pessoas nesta situaçã o sã o professores,
médicos, enfermeiras, etc., pois normalmente trabalham em mais de um estabelecimento
ao mesmo tempo.
Assim, ao contribuir simultaneamente em dois empregos o segurado pode acreditar que
está “adiantando” a aposentadoria, o que nã o é verdade, pois o INSS nã o considera em
dobro o período de atividade concomitante. A atividade considerada será a principal, sendo
que será descartada a atividade secundá ria. Por exemplo:
EXEMPLO 1: Maria trabalhou na empresa X por 10 anos e, quando ainda trabalhava na
empresa X, entrou na empresa Y e lá trabalhou por 9 anos. Maria saiu no mesmo período
das empresas X e Y. Assim, Maria tem 10 anos trabalhados na empresa X e 9 anos
trabalhados na empresa Y (observe que ela trabalhou em 2 empregos simultaneamente).
PORÉM, nesta situaçã o, Maria nã o tem 19 anos de contribuiçã o, mas sim 10 anos de
contribuiçã o, pois todo o período que trabalhou na empresa Y (atividade secundá ria) será
descartado pelo INSS. ATENÇÃO: o descarte deste período é apenas para a contagem do
TEMPO de contribuiçã o, pois todos os VALORES que foram recolhidos enquanto Maria
trabalhava na empresa Y serão considerados para o cá lculo do valor do benefício (o
salá rio da empresa X deverá ser somado com o salá rio da empresa Y), o que eventualmente
poderá aumentar o valor final do benefício que Maria irá receber (é importantíssimo
consultar um profissional especializado para analisar essa situaçã o).
Conclusão: A segurada não tem períodos concomitantes em seu CNIS que
eventualmente possam ser considerados para elevar o valor do benefício em uma
possível revisão.

VI. ANÁLISE DO BENEFÍCIO “APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO”


CONCEDIDO
O benefício (NB XXXXXXXX) foi requerido em (data) sendo concedido com DIB – data de
início de benefício – na data de entrada do requerimento (data).
Na data de solicitaçã o do benefício, a Sra. (nome) tinha 49 anos de idade e 28 anos, 6 meses
e 17 dias de tempo de contribuiçã o. A aposentadoria por tempo de contribuiçã o para
mulher tem como requisito ter 30 anos de tempo de contribuiçã o, independente da idade
(antes da reforma). Da seguinte forma:
Como se observa, na DER – data de entrada do requerimento – faltou 1 ano, 3 meses e 19
dias para integralizar os 30 anos necessá rios para a aposentadoria por tempo de
contribuiçã o. Nessa situaçã o, o INSS faz a APOSENTADORIA DE CONTRIBUIÇÃ O
PROPORCIONAL, sendo que o segurado apenas terá direito a 70% do valor do benefício. É
uma prá tica do INSS que vem sendo criticada, inclusive judicialmente, pois muitas vezes o
segurado pede a APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃ O INTEGRAL, porém ao
analisar os requisitos e constatar que falta período para completar os 30 anos necessá rios a
essa aposentadoria, o INSS concede, sem consultar o segurado, a APOSENTADORIA POR
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃ O PROPORCIONAL, com isso o segurado passa a receber apenas
70%b do valor do benefício.

Como se observa, na DER – data de entrada do requerimento – faltou 1 ano, 3 meses e 19


dias para integralizar os 30 anos necessá rios para a aposentadoria por tempo de
contribuiçã o. Nessa situaçã o, é realizada a APOSENTADORIA DE CONTRIBUIÇÃ O
PROPORCIONAL, sendo que o segurado apenas terá direito a 70% do valor do benefício.
Foi o que ocorreu com a segurada, sendo que, se houvesse completado o período faltante (1
ano e 3 meses para os 30 anos necessá rios), teria aposentado com 100% do salá rio de
benefício (integral). Como faltou o período, lhe foi concedido apenas 70% do salá rio de
benefício (proporcional). Abaixo o cá lculo realizado pelo INSS, sem considerar a revisã o da
vida toda:
• MÉDIA DOS 80% MAIORES SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO: R$ 1.542,52 (esse é o salário
de benefício, ou seja, o valor final do benefício depois da soma da média aritmética das
80% maiores contribuições);
Sobre este valor do benefício, que seria o valor inicial da aposentadoria que a segurada
deveria receber, incidiu o FATOR PREVIDENCIÁ RIO no valor de 0,5597. Assim,
multiplicando o SB (salá rio de benefício) pelo fator previdenciá rio, chega-se ao seguinte
valor:
• R$ 1.542,52 (salário de benefício) x 0,5597 (fator previdenciário) = R$ 863,34.
O valor final deste cá lculo (R$ 863,34.) passa a ser entã o o salá rio de benefício final da
segurada, sendo a renda mensal inicial – RMI - da aposentadoria. Ocorre que, nã o bastasse
o fator previdenciá rio, como a beneficiá ria ainda nã o havia integralizado os 30 anos para o
tempo de contribuiçã o integral, ela teria direito apenas à aposentadoria proporcional. Essa
aposentadoria corresponde a 70% do valor do salá rio de benefício. Assim, o valor do
salá rio de benefício da segurada é de R$ 863,34 (depois de reduzido pelo fator
previdenciá rio). Com a aposentadoria proporcional, ela passa a receber 70% de R$ 863,34
(salá rio de benefício). Da seguinte forma:
• R$ 863,34 (salário de benefício) x 70% (valor proporcional) = R$ 604,33
Com isso, no final de tudo, apó s a reduçã o do salá rio de benefício pela aplicaçã o do fator
previdenciá rio e a reduçã o do valor proporcional (70%), a segurada passaria a receber em
2015 (data de entrada do requerimento) o valor de R$ 604,33 a título de aposentadoria por
tempo de contribuiçã o. Como a legislaçã o veda a percepçã o de benefício abaixo do salá rio-
mínimo, esse valor foi automaticamente corrigido para R$ 788,00 (salá rio-mínimo em
2015).
Com isso tudo, conclui-se que o o benefício da segurada foi prejudicado pela concessã o da
aposentadoria por tempo de contribuiçã o proporcional (R$ 788,00), quando lhe faltava
pouco mais de 1 ano para a concessã o da aposentadoria integral (R$ 1.542,52).
Há dois problemas para tentar reverter essa situaçã o para “recuperar” a aposentadoria
integral: 1º) os tribunais vem considerando que os atos do INSS tem presunçã o de
legalidade, assim, o segurado é que tem que provar que houve dolo ou má -fé na conduta do
INSS em conceder o benefício dessa forma (ao menos provar que nã o houve esclarecimento
do INSS quanto a isso); 2º) já é consolidado nos tribunais que as aposentadorias sã o
irreversíveis e irrenunciá veis apó s o saque do primeiro pagamento (art. 181-b do decreto
3.048/99). Com isso, fica bem difícil modificar a aposentadoria no sentido de converter a
aposentadoria proporcional em integral (o STF também já declarou a ilegalidade da
“desaposentaçã o” e da “reaposentaçã o”).

VII. POSSIBILIDADE DE REVISÃO DA VIDA TODA


A revisã o da vida toda é uma forma de corrigir o valor do benefício pago ao segurado.
O INSS, no cá lculo do valor do benefício, apenas considera as contribuiçõ es realizadas a
partir de 07/1994, desconsiderando todas as contribuiçõ es realizadas ANTES dessa data,
que “ficam perdidas”. A revisã o da vida toda consiste em refazer o cá lculo do benefício
CONSIDERANDO o período descartado pelo INSS (anterior a 07/1994). Desta forma, se o
segurado contribuía com valores altos, a revisã o pode aumentar o valor do benefício. Mas a
revisã o também pode ser prejudicial ao segurado, caso em que o segurado contribuía sobre
o mínimo e, com a inclusã o das contribuiçõ es anteriores a 07/94, aumenta a quantidade de
meses a entrarem na média aritmética do cá lculo do benefício, se esses meses foram
recolhidos sobre o valor mínimo, pode ocorrer uma drá stica reduçã o da RMI do segurado.
O cá lculo anterior foi realizado para demonstrar como o INSS chegou ao valor da RMI –
renda mensal inicial – da segurada. Se aplicar a “revisã o da vida toda” naquele cá lculo, o
seu salá rio de benefício vai de R$ 1.542,52 para R$ 1.624,14 (aumento de R$ 81,62).
OBS: para realizar esse cálculo da revisão da vida toda utilizei a versão "pro" da ferramenta
"Previdenciarista"
Na imagem acima, observa-se que o coeficiente é 1 (fator previdenciá rio que ainda nã o foi
aplicado). Porém, como no cá lculo do INSS, aqui também se aplicará o fator previdenciá rio
de 0,5597, da seguinte forma:
• R$ 1.624,14 (salário de benefício após a revisão) x 0,5597 (fator previdenciário) = R$
909,03
Nesse novo cá lculo, levando em conta a revisã o do benefício, apó s a aplicaçã o do fator
previdenciá rio, o salá rio de benefício da segurada ainda seria R$ 909,03 (RMI em 2015,
naquela época começaria recebendo esse valor). Porém, mais uma vez surge o problema da
aposentadoria proporcional que foi aplicada pelo INSS. Com isso desse salá rio de benefício
de R$ 909,03, a beneficiá ria somente receberia os 70% desse total, ou seja: R$ 636,32. Mais
uma vez, por causa dessas duas reduçõ es (fator previdenciá rio e 70% da aposentadoria
proporcional), o salá rio de benefício da segurada ficaria abaixo do salá rio-mínimo e, de
qualquer forma, seria complementado até chegar em R$ 788,00 (salá rio mínimo em 2015).
Ou seja, das duas formas, com a revisã o da vida toda ou nã o, o salá rio de benefício da
segurada seria de um salá rio-mínimo por causa das duas reduçõ es que foram aplicadas ao
seu benefício.

VIII. CONCLUSÃO
Observa-se que a “revisã o da vida toda” aumentaria o salá rio de benefício da segurada, em
média, em R$ 81,00. No entanto, o que prejudicou de forma significativa o seu benefício nã o
foi esse critério.
O fator previdenciá rio aplicado causou uma perda no salá rio de benefício de R$ 679,18.
Depois, com a aplicaçã o da aposentadoria proporcional (70%), houve uma perda de mais
R$ 259,01. Somando todas as perdas, houve uma reduçã o na aposentadoria no valor de R$
938,19 (60,82%).
Isso se deve exclusivamente à aplicaçã o do fator previdenciá rio e da aplicaçã o da
aposentadoria proporcional, como demonstrado.
Infelizmente é bem difícil reverter a situaçã o, pois quando saca a primeira parcela do
benefício nã o se pode mais desistir dele. A consulta prévia a um advogado previdenciarista
certamente teria evitado esse prejuízo.
A revisã o da vida toda acaba se tornando algo irrisó rio, pois mesmo que fosse feita, o fator
previdenciá rio ia reduzir novamente o valor pela metade, e depois a regra da proporçã o
(70%) pegaria a outra parte, resultando no fim das contas no salá rio-mínimo.
Como o STF decidiu pela ilegalidade da “desaposentaçã o” e “reaposentaçã o”, isso acabou
sendo vedado também, o que torna inviá vel que seja feito algo nesse sentido.
Assim, nesse momento, com base na presente legislaçã o e consolidaçã o dos Tribunais, nã o
há forma jurídica de promover à revisã o/correçã o do benefício "aposentadoria por tempo
de contribuiçã o" concedido em 2015.
Considerando todas as informaçõ es disponibilizadas, era o que nos cumpria apresentar.
Relatório elaborado em (data) por (nome do advogado ou do escritório e assinatura)

VER TAMBÉM:

[ MODELO ] Planejamento previdenciá rio para aposentadoria - Modelo de relató rio


[ MODELO ] Cumprimento de sentença contra o INSS - implantaçã o de benefício e
pagamento dos atrasados
[ MODELO ] Benefício assistencial BPC/Loas suspenso: pedido de restabelecimento

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