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2024
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Artigo 1.788, CC
“Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o
mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e
subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo”
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Parte Geral das Sucessões
- Herdeiros legítimos: aqueles indicados no artigo 1.829, CC
A ordem preferencial para a transmissão dos bens da legítima
seguirá uma ordem prevista no artigo supra.
A sucessão poderá, ainda, ser legítima e testamentária, quando o
testamento não abranger todos os bens do falecido, pois os bens
não incluídos serão dos herdeiros legítimos.
- Sucessão testamentária: o testador pode dispor livremente da
metade “disponível” para o testamento. A outra metade será
constituirá a legítima (artigo 1.789, CC)
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Parte Geral das Sucessões
Espécies de sucessores
- Legítimo: indicado pelo lei 1.829, CC
- Testamentário (instituído): é o bene ciado pelo testador
com parte ideal do acervo, sem individualização dos bens
- Legatário: bene ciado pelo testador com coisa certa e
determinada.
- Herdeiro necessário (legitimário ou reservatário): é o
descendente ou ascendente, o cônjuge e o companheiro.
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Vocação hereditária
Artigo 1798, CC
Possuem direitos de herdeiros as pessoas nascidas e ainda vivas na
época da abertura da herança, bem como os nascituros.
Artigo 1801, CC
Não podem ser nomeados (por testamento) herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou
companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver
separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se
zer, assim como o que zer ou aprovar o testamento.
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Vocação hereditária
continuação …
Não será transferida a Tício se houver uma condição suspensiva pendente, p.ex.: José deverá
passar no vestibular de medicina da determinada Universidade. Ocorre que José faleceu
antes de concluir (implementar) a condição. Assim Tício não será sequer herdeiro daquele
legado de João.
Continua …
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Aceitação e renúncia da herança
Se não houver condição pendente, Tício poderá manifestar em nome de seu pai que
aceita a herança de João, mas deverá antes manifestar que aceita a herança de seu
pai (artigo 1809, parag. único, CC)
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Titulo universal
Aceitação e renúncia da herança
4. Irretratabilidade da aceitação
Artigo 1.812, CC
“São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da
herança”
Artigo 1804, CC
“Aceita a herança, torna-se de nitiva a sua transmissão ao
herdeiro, desde a abertura da sucessão”
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Aceitação e renúncia da herança
1. Espécies de renúncia
b) translativa (cessão)
É a renúncia em favor de pessoa determinada.
Na verdade trata-se de aceitação tácita, seguida de uma doação.
Essa distinção é apenas relevante para o Direito Tributário, pois
gerará a tributação de dois imposto
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“mortis causa”e de doação.
5. Irrevogabilidade da renúncia
Artigo 1.812, CC
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Excluídos da herança
O direito sucessório está fundado num sentimento de
gratidão e afeição
Se essa regra for quebrado pode-se falar que o autor da
herança optaria em excluir da qualidade de sucessor aquele
que herdaria seus bens.
A exclusão da herança visa renegar a entrega da herança
aquele que praticou algumas condutas contra o autor da
herança.
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Excluídos da herança
No artigo 1.814, CC estão previstas as hipóteses de exclusão
da herança, onde se vê o que pretendeu o legislador tutelar,
ou seja, a vida, a honra e a liberdade de testar do “de
cujus”
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Excluídos da herança
Causas de exclusão por indignidade (artigo 1.814, CC)
Inciso I.
Prática de crime doloso na forma consumada ou tentada contra a vida do autor da
herança.
Exclui-se a prática culposa.
Diante da independência da responsabilidade civil em relação à penal, deve-se
promover uma ação na esfera cível para obter a declaração de indignidade,
independentemente da ação penal.
Sabe-se que a coisa julgada na justiça criminal faz coisa julgada na esfera cível, mas
o artigo 1.815, é enfático ao obrigar que a indignação seja declarada por sentença.
Caso haja a prescrição da pretensão executória no âmbito penal, não exclui a
apreciação da culpa para a declaração da indignidade no processo cível.
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Excluídos da herança
Inciso II
Duas hipóteses
1. Denunciação caluniosa do falecido em juízo
Artigo 339, CP (Denunciação caluniosa) “Dar causa à instauração de
investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa
contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente”
Há a necessidade de ser instaurado um processo em juízo penal.
Se o “de cujus” realmente praticou o crime não se fala em indignidade.
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Excluídos da herança
2. Crimes contra a honra do hereditando
Calúnia, Difamação e Injúria (arts. 138, 139 e 149, CP)
Excluídos da herança
Indignidade e institutos assemelhados
Assemelha-se à indignidade a falta de legitimação e a deserdação.
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Excluídos da herança
Procedimento
É necessária a declaração por sentença (artigo 1.815, CC) de natureza
declaratória.
Embora a sentença penal transitada em julgado gere efeitos na esfera cível,
ela terá apenas força probatória, sendo indispensável o processo no juízo
cível.
Os interessados para propor a ação são os coerdeiro(s) e o donatário(s)
Se os coerdeiros não promoverem a ação declaratória nada acontecerá com
o “indigno”, não podendo nem o MP insurgir nesse direito, com exceção do
pr. 2º do artigo 1815, CC.
O prazo para ingressar com a ação34 declaratória é decadencial de 4 anos
Excluídos da herança
Reabilitação (Artigo 1.818)
É ato solene, que se faz por testamento ou ato autêntico.
Ato autêntico é uma declaração por instrumento público ou
particular autenticado por escrivão.
O escrito particular não tem validade, como p.ex.: carta.
A reabilitação pode ser tácita nos termos do parág. único.
P.ex.:depois da ofensa o “indigno” é contemplado pelo autor
da herança.
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Excluídos da herança
Efeitos
Será considerado excluído da herança e seus descendentes o representarão, como se
ele fosse morto (é equiparado à morte civil do direito romano) Artigo 1.816, caput, CC
Os bens retirados do indigno são chamados eriptícios.
Os efeitos retroagem à data da abertura, ou seja, somente após a sentença
declaratória que retroagirá os efeitos.
Com isso, o excluído deverá restituir os frutos e rendimentos obtidos até a sua exclusão
(artigo 1.817, parag. único, CC).
Também não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens (artigo 1.816,
parag. único, CC)
Atos praticados pelo herdeiro aparente
Artigo 1.818, CC
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Herança jacente e herança vacante
Conceito de herança jacente
Jacente: é a herança que não há herdeiro certo e determinado, ou
pelo menos não se sabe a existência dele.
Dá-se também no caso de renúncia.
Artigo 1.819, CC
“Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo
notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de
arrecadados, carão sob a guarda e administração de um curador,
até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à
declaração de sua vacância”. 37
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Herança jacente e herança vacante
Efeitos da declaração de vacância
Artigo 1.822, CC
a) devolução da herança à União (bens localizados no DF ou Territórios)
ou aos Municípios;
b) possibilidade dos herdeiros reclamarem os bens vagos, habilitando-se
legalmente no prazo de 5 anos da abertura da sucessão;
c) Os colaterais cam excluídos da sucessão legítima se não
providenciarem sua habilitação até a declaração de vacância.
d) Os herdeiros que pretendem reivindicar sua qualidade após a sentença
declaratória da vacância transitada em julgado, apenas poderá fazer por
meio de ação direta (artigo 743,41CPC)
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Petição de herança
Conceito
“É ação pela qual o herdeiro procura o reconhecimento judicial de sua qualidade com
vista a recuperar todo ou parte do seu patrimônio sucessório, indevidamente em poder
de outrem” (GONÇALVES, p. 142).
É a ação pela qual o herdeiro busca o reconhecimento judicial de sua qualidade, com
vistas a recuperar todo ou parte do patrimônio sucessório.
ARTIGO 1.824, CC
Natureza jurídica
Ação REAL, pois o que o excluído busca é um bem à título universal e também por ser
considerada a herança aberta um bem imóvel.
Não é ação de ESTADO, pois busca-se não apenas o direito sucessório, busca-se também a
recuperação de bens. Com isso sua carga principal é condenatória
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Petição de herança
Legitimados
- Ativo: é aquele que se intitula herdeiro e reivindica esse título.
Deverá o autor fazer prova da sua qualidade de herdeiro.
- Passivo: é o possuidor dos bens hereditários.
“herdeiro aparente” ou “pro herede” é aquele que se julga herdeiro. É aquele que
está na posse de bens hereditários como se fosse legítimo titular do direito à
herança.
Petição de herança
- Quanto ao terceiro adquirente
Artigo 1.827, caput, CC
a) à título gratuito: deverá devolver os bens ao herdeiro.
b) à título oneroso:
b.1) Se o adquirente for de boa-fé: Não ca obrigado a restituição, e quem deverá
restituir a herança é o alienante.
Artigo 1.827, parag. único, CC.
b.2) Se o adquirente for de má-fé: o ato é ine caz devendo restituir os bens.
- Quanto ao herdeiro aparente que paga um legado: Se de boa-fé pagou esse legado,
nada deverá de restituir.
Caberá ao autor da petição de herança demandar contra quem recebeu o legado.
Artigo 1.828, CC
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Petição de herança
Prescrição
Há que se veri car em qual o tipo de demanda se está lidando.
Se for ação real ou reivindicatória não há prescrição;
O STF, por outro lado, tem entendimento que é prescritível
Súmula 149: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade,
mas não o é a de petição de herança”
Com isso, conclui-se que o direito de ser reconhecido com herdeiro é
imprescritível, todavia a pretensão econômica juridicamente prescreve.
A prescrição será então de 10 anos, nos moldes do artigo 205, CC.
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Herdeiros Necessários
Herdeiro necessário (legitimário ou reservatário)
É o parente em linha reta, não excluído por indignidade ou
deserdação, como o descendente ( lho, neto, bisneto etc.) ou
ascendente (pai, avô, bisavô etc) e mais o cônjuge do falecido
Artigo 1.845, CC
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Herdeiros Necessários
Legítima
É a porção de bens que a lei assegura ao(s) herdeiro(s)
necessário(s), retirando do autor da herança o direito de
disposição sobre essa quota.
Artigo 1.846, CC
Herdeiros Necessários
Pode o autor da
herança dispor
livremente Quota-parte Parte destinada aos herdeiros
dessa parte Legítima
disponível necessários
Herdeiros Necessários
O herdeiro necessário que receber por testamento parte da
quota-disponível do autor da herança, não perderá o direito à
legítima
Artigo 1.849, CC.
Nesse sentido o artigo 1.848, §1º, CC, também veda (sem ressalvas) a disposição
testamentária que os bens de legítima sejam obrigatoriamente convertidos em
outros bens.
P.ex.: devem os herdeiros converter todo o dinheiro deixado na poupança em
imóveis 53
Herdeiros Necessários
Cláusulas restritivas
Não é proibido ao herdeiro que recebeu a deixa, testar sobre esse bem que durante sua
vida pesou a referida cláusula, pois seu testamento apenas fará efeitos depois sua morte.
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Herdeiros Necessários
b) Cláusula de impenhorabilidade
É a imposição pelo testador sobre os bens da legítima que visa impedir a constrição judicial
em execuções, onde o patrimônio do herdeiro arcará com elas.
Obs. Corrente majoritária prega que a impenhorabilidade alcançam apenas o bem principal e
não seus frutos. P.ex.: imóvel impenhorável e aluguéis penhoráveis.
c) Cláusula de incomunicabilidade
O testador determina que a legítima do herdeiro necessário, qualquer que seja o regime de
bens convencionado, não entrará na comunhão, em virtude de casamento.
Essa cláusula não gerará a inalienabilidade, apenas o impedimento de ingresso deles na
comunhão conjugal.
Havendo necessidade de alienação de bens gravados, poderá ser feito, desde que
determinada por juiz e que os bens sejam substituídos por outros com a mesma
características. (artigo 1.848, §2º, CC)
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Direito de Representação
Direito de representação é a convocação legalmente prevista para suceder em lugar do outro
herdeiro, parente mais próximo do falecido, mas anteriormente falecido (pré-morto).
Assim, os descendentes de uma pessoa falecida são chamados a substituí-la na sua qualidade
de herdeiro da legítima.
Artigo 1.851 e 1.854, CC
O representante herdará, portanto, diretamente do “de cujus”, ou seja, ocupará o lugar do
representado.
A representação se dá linha reta DESCENDENTE e nunca na
ascendente. (artigo 1.852, CC).
Vale lembrar!
Por cabeça: divide-se a herança em partes iguais entre herdeiros da mesma classe.
Por estirpe: é a forma de partilha em que os herdeiros sucedem em graus distintos por direito
de representação. 56
Direito de Representação
- Requisitos do direito de representação
a) que o representado tenha falecido antes do autor da herança.
Exceção: se o representado é ausente, indigno ou deserdado.
O herdeiro renunciante não será substituído por representante (artigo 1.811, CC)
b) que o herdeiro seja descendente do representado
Artigo 1.852,CC
c) que o representante tenha legitimação para herdar do representado, no momento da abertura
da sucessão.
P.ex.: O lho que praticou ato contra o pai e foi excluído da sua sucessão, poderá representá-lo
na do seu avô (artigo 1.856, CC)
Direito de Representação
neste grau herdam
autor da herança
herdeiros necessários 100 por direito próprio
quinhões iguais
25 25 25 25
representantes herdam
por direito próprio
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Sucessão Representação
Morto
Pai Morto
Mãe
Autor
100 Irmão
Morto Cunhada
Sobrinho
Morto
Sobrinho
Art. 1.853. Na linha transversal, somente 100
se dá o direito de representação em favor
Sobrinho neto
dos lhos de irmãos do falecido, quando
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com irmãos deste concorrerem.
A representação sempre se dará em linha reta descendente ou na
colateral em favor dos sobrinhos60de irmãos falecidos.
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Sucessão Testamentária
Considerando até agora que a lei atribuiu parte da herança os herdeiros
necessários, poderá o autor da herança dispor sobre a parte disponível por
testamento.
Se não houver testamento a herança será deferida na integralidade para os
herdeiros necessários respeitando a ordem legalmente prevista (vocação
hereditária).
A sucessão testamentária é aquela que se “dá em obediência à vontade do
defunto, prevalecendo, contudo, as disposições legais naquilo que constitua o “ius
cogens”, bem como naquilo que for omisso o instrumento” (PEREIRA, p. 167)
Em outras palavras, a sucessão testamentária “decorre da expressa manifestação
de última vontade do falecido, a que a lei assegura a liberdade de testar, limitada
apenas pelos direitos dos herdeiros necessários (GONÇALVES, p. 225)
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Sucessão Testamentária
Testamento “é o ato personalíssimo, unilateral, gratuito,
solene e revogável, pelo qual alguém, segundo a norma
jurídica, dispõe no todo ou em parte, de seu patrimônio para
depois de sua morte, ou determina providência de caráter
pessoal ou familiar” (OLIVEIRA, apud Diniz, p. 1.377)
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Sucessão Testamentária
Características
a) ator personalíssimo: não se admite ser feito por procurador ou gestor
de negócio, muito embora seja permitida a assistência de um terceiro
(advogado, tabelião etc) desinteressado e honesto para orientação na
elaboração sem interferência.
b) negócio jurídico unilateral: basta a manifestação de vontade para gerar
efeitos jurídicos. É um negócio jurídico não-receptício.
Não se admite testamento em conjunto (artigo 1.863, CC).
c) Solenidade: observância obrigatória daquilo que está prescrito pela lei.
P.ex.: o testamento nuncupativo (de viva-voz) só é admissível para os
testamentos militares (artigo 1.896, CC).
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Sucessão Testamentária
d) gratuidade: não visa obter vantagem para o testador.
A imposição de encargo não é considerada benefício ao testador,
pois dela não se bene ciará.
e) revogabilidade: é nula a cláusula testamentária que obsta a
revogação ou alteração do seu conteúdo (artigos 1.858 e 1.969, CC).
f) “causa mortis”: produz efeito apenas após a morte do testador.
Vale lembrar que é proibido pacto sucessório, ou melhor, herança de
pessoa viva (artigo 426, CC).
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Sucessão Testamentária
Capacidade para testar
A capacidade pode ser ativa, ou seja, para elaborar testamento
válido, bem como pode ser passiva, sendo característica daqueles que
podem adquirir por testamento.
- Capacidade ativa
Tratando-se o testamento de um negócio jurídico, os elementos de
validade constantes no artigo 104, CC devem estar presentes.
Soma-se ao supracitado artigo a capacidade testamentária prevista
no artigo 1.860, CC
Obs. Não se fala em capacidade65 de testar de pessoas jurídicas.
Sucessão Testamentária
- incapacidade em razão da idade.
Podem testar os maiores de 16 anos (artigo 1.860, parág. único,
CC), não carecendo de assistência para o ato, pois esse é um ato
personalíssimo.
- incapacidade por falta de discernimento
Se houver sentença declaratória de interdição é nulo o testamento. E
caso a incapacidade ainda não seja declarada por sentença, caberá
ao interessado provar inequivocamente, através de ação própria,
que o testador sofria de falta de discernimento.
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Sucessão Testamentária
- incapacidade dos relativamente incapazes.
São relativamente incapazes de exercer autonomamente os ator da vida civil aqueles
constantes no Artigo 4º, CC
Observar que a redação do artigo 1.860, CC é taxativa ao usar a expressão “Além dos
incapazes, não podem…..”
Pergunta-se: a vontade do legislador era excluir inclusive os relativamente incapazes?
Parece que não, e esse é o entendimento majoritário da doutrina, o que se deve
considerar é a aptidão no momento de testar e o discernimento que possui o testador.
P.ex.: o pródigo é impedido de dispor de bens por dilapidá-los, porém não deve ser
privado de testar, pois o testamento só faz efeito “mortis causa”, não fazendo sentido
a vedação ao testamento.
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Sucessão Testamentária
- Hipóteses não geradoras de incapacidade
a) velhice;
b) proximidade com a morte;
c) enfermidade grave, desde que não suprima o discernimento (requer-se a capacidade mental
e não a do corpo);
d) Ira;
e) suicídio:
g) insolvência;
h) mulher casada;
i) analfabetismo (embora tenha capacidade, somente poderá testar pela forma pública);
j) cego (restrição apenas à forma cerrada e particular);
l) índios (desde sejam adaptados à civilização);
m) surdo, mas não mudo, é lícito testar por qualquer forma;
n) mudo.
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Sucessão Testamentária
- Momento que se exige a capacidade
Artigo 1.861, CC
A capacidade é exigida no momento em que se redige ou se
elabora o testamento.
Se posteriormente se tornou incapaz o testador, o testamento
continua válido.
Se no momento da elaboração era incapaz e posteriormente se
tornou capaz o testamento é nulo. Nesse caso, não basta a
rati cação, deve ser feito novo instrumento, pois negócio nulo não
se con rma (artigo 169, CC).
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Sucessão Testamentária
- Impugnação de validade do testamento
O momento de impugnar o testamento é após a morte do seu autor, pois além de poder
ser modi cado por quem o elaborou a qualquer tempo, seus efeitos se dão apenas pós-
morte.
Artigo 1.859, CC
O prazo é decadencial de cinco anos para se discutir a validade do testamento, contados
do registro, ou melhor, da apresentação da cédula testamentária em juízo.
Sucessão Testamentária
Formas ordinárias do testamento
Artigo 1.862, CC
Ordinário: Público, Cerrado e Particular.
* Especiais: Marítimo, Aeronáutico e Militar (artigo1.886, CC)
Sucessão Testamentária
Testamento Público
É escrito pelo tabelião em livros de notas, contendo as disposições do testador
e escrito em língua nacional
Artigo 1.864, CC
Requisitos
I. Escrito por tabelião, admitindo-se que o testador sirva-se de escrito
preparado anteriormente.
O tabelião deve se certi car da identidade civil do testador e das testemunhas.
O testador faz suas declarações ao tabelião, que promove a escrituração no
livro.
Se levar a minuta pronta o tabelião, deverá, o testador, lê-la para o o cial.
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Sucessão Testamentária
II. Leitura em voz alta pelo tabelião
Servirá para que demonstre-se que a vontade do testador é aquela
repetida pelo tabelião no ato do registro.
As DUAS testemunhas devem estar presentes no começo ao m da
leitura. Refere-se essa obrigação à expressão “a um só tempo”
prevista na lei.
Poderá o testador ler o termo de registro em voz alta se preferir.
Sucessão Testamentária
A lei admite que o testamento público seja mecanicamente escrito
(máquina de escrever ou computador).
Artigo 1.864, parágrafo único, CC.
Sucessão Testamentária
Testamento Cerrado
Também chamado de místico ou secreto.
É o testamento escrito pelo testador ou por alguém a seu
pedido e assinado pelo próprio testador em caráter sigiloso.
Esse instrumento será levado ao tabelião de registro que
lavrará sua aprovação (autenticação) na presença de 2
(duas) testemunhas.
Artigo 1.868, CC
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Sucessão Testamentária
Formalidades
I. Cédula testamentária
É o instrumento inscrito manual ou mecanicamente pelo testador ou por alguém a seu rogo (artigo
1.868, caput e Parág. Ún. , CC).
É requisito que o testamento seja assinado pelo testador, sendo inadmissível a assinatura por
procurador (artigo 1.868, parag. único, CC).
Está impedido de fazer testamento cerrado aquele que não sabe ler e escrever - Analfabeto -
(artigo 1.872, CC).
Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo alfabetizado, desde que o assine (artigo 1.873,CC).
A cédula testamentária poderá ser escrita em língua estrangeira (artigo 1.871, CC), pois no
momento da abertura o juiz mandará traduzir o seu conteúdo para o vernáculo (art.162, CPC).
Obs. Estão impedidos de escrever a cédula testamentária aqueles previstos no artigo 1.801, I, CC.
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Sucessão Testamentária
II. Ato de entrega do testamento cerrado
O testador deverá entregar a cédula testamentária ao tabelião na
presença de 2 (duas) testemunhas (artigo 1.868, I, CC).
O ato de entregar é personalíssimo, não podendo ser entregue por
procurador ou gestor de negócios.
Nesse momento devem estar presentes 2 (duas) testemunhas
Declarará o testador ao tabelião na presença das testemunhas que
aquele seu documento é o seu testamento (artigo 1.868, II, CC)
O testamento NÃO será lido pelo tabelião nem pelas testemunhas.
Essas testemunhas servirão apenas para validar o ato de entrega.
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Sucessão Testamentária
III. Auto de aprovação (ou autenticação) e o cerramento
Logo que apresentado o testamento, deverá o tabelião na presença das testemunhas
lavrar o auto de aprovação, após a leitura (do auto de aprovação).
Momento de começar o auto de aprovação: logo após a última palavra do testador
(artigo 1.869, CC).
Depois de lido e lavrado o auto de aprovação, o tabelião o dobrará juntamente com a
cédula testamentária num só invólucro, que deverá cerrar e coser em cinco pontos de
retrós, lacrando o testamento.
Sucessão Testamentária
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Sucessão Testamentária
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Sucessão Testamentária
Testamento Particular
Testamento particular (ou hológrafo) é aquele escrito e assinado pelo
próprio testador e lido em voz alta perante 3 (três) testemunhas, que
também o assinarão.
Vantagem: desnecessidade da presença do tabelião, sendo mais
simples, cômodo e econômico
Desvantagem: menor segurança e consequentemente pode se perder
facilmente.
Tornou-se rara a sucessão por testamento particular, pois as exigências
legais para sua validade e e cácia são demasiadamente severas.
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Sucessão Testamentária
Requisitos
Artigo 1.876, CC
I. Pode ser escrito de próprio ou por meio mecânico.
Trata-se de atividade personalíssima, não se admitindo a confecção manuscrita por
outra pessoa, inviabilizando assim que o analfabeto se utilize desse instrumento.
Todavia, já se admite que aquele que está impossibilitado de fazer dite sua
declaração de última vontade para que alguém digite em meio mecânico (artigo
1.876, §2º, CC).
O STJ já reconheceu a validade de testamento escrito não pelo próprio testador,
mas sob seu ditado, na presença das testemunhas, que con rmaram o fato em
juízo (RSTJ 60/242).
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Sucessão Testamentária
II. Deve ser lido na presença de 3 (três) testemunhas em conjunto, não se admitindo a
leitura em separado, que logo após a leitura assinem com o testador (artigo 1.876 §1º, CC);
III. Testamento simpli cado: é aquele que apenas escrito, datado e assinado pelo
testador, sem a presença das testemunhas.
Essa modalidade é admitida apenas em caráter excepcional declaradas no próprio
testamento (artigo 1.879, CC). P.ex.: testador está em lugar isolado, perdido, sem
comunicação.
Será aceito apenas na forma manuscrita, pois a excepcionalidade está intimamente ligada a
uma situação emergencial, muito embora não tenha essa modalidade um prazo
decadencial.
Entende-e que se o testador sobreviver a emergência deveria se servir da forma ordinária
para refazer o instrumento.
Portanto, na falta de prazo decandencial, será o juiz que decidirá
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Sucessão Testamentária
- Publicação e con rmação do testamento particular
Após a morte do testador será publicado em juízo o testamento, com a citação
dos herdeiros legítimos (artigo 1.877, CC)
As três testemunhas serão inquiridas em juízo para reconhecer a autenticidade
do instrumento.
Se as testemunhas reconhecerem a autenticidade das respectivas assinaturas e
o fato da leitura do testador, será con rmado o testamento (artigo 1.878, CC)
Se pelo menos uma testemunha reconhecer a autenticidade caberá ao juiz
deliberar.
Se todas as testemunhas falecerem ou estiverem ausentes, não será cumprido
o testamento (artigo 1.878, parag. único, CC)
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Sucessão Testamentária
Codicilo
“É o ato de última vontade pelo qual o dispoente traça
diretrizes sobre assuntos pouco importantes, despesas e
dádivas de pequeno valor” (MAXIMILIANO, apud DINIZ, p.
1392).
Codicilo é o diminutivo de “codex”, quer dizer pequena carta.
Artigo 1.881, CC
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Sucessão Testamentária
Objetivo
a) disposições sobre o enterro;
b) deixar esmolas de pequena monta;
c) legar móveis, roupas ou jóias (de pouco valor);
d) nomear e substituir o testamenteiro (artigo 1.883, CC)
e) reabilitar o indigno;
f) reconhecer lho.
89
Sucessão Testamentária
- Redução do valor ou dos bens deixados
Tendo em vista que a lei não xou o valor que se pode deixar em codicilo,
jurisprudencialmente tem-se entendido que a deixa não poderá extrapolar
10% (dez por cento) do monte-mor.
Sucessão Testamentária
Não impede que o autor da herança deixe codicilo e testamento.
Espécies
-Autônomo: tenha ou não o autor da herança deixado testamento.
- Complementar: completam o autônomo
Artigo 1.882, CC
Se houver testamento posterior que não con rma o codicilo ou o
modi ca, este será revogado (artigo 1.884, CC)
Execução
Da mesma forma que o testamento particular
Artigo 1.885, CC
92
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fi
fi
Sucessão Testamentária
Testamentos especiais
93
Sucessão Testamentária
1. Testamento marítimo
“É a declaração de última vontade feita, por tripulante ou passageiro, a bordo de navio
NACIONAL, de guerra ou mercante, em viagem no mar ou em prolongado percurso uvial
ou lacustre” (OLIVEIRA, apud Maria Helena Diniz, p. 1371).
Artigo 1.888, CC
Requisitos
a) Navio nacional;
b) Navio de guerra ou mercante;
c) Testador esteja a bordo do navio e o navio não esteja parado no porto;
d) Cédula testamentária seja registrada em livro de bordo;
e) Testamento deverá car sob a guarda do comandante, que deverá entregá-lo à
autoridade administrativa do primeiro porto (artigo 1.890, CC).
94
fi
Sucessão Testamentária
Necessidade de 2 testemunhas em
ambas as formas
Formas
Pode ser feito de forma similar ao público ou cerrado (parte nal do artigo 1.888, CC).
Se o testador não puder assinar, o comandante assim declarará e uma das duas
testemunhas assinará a rogo.
Aplicam-se ao testamento marítimo as proibições do artigo 1.801, CC
É o nulo o testamento marítimo se ao tempo em que foi feito o navio estava parado em
porto, onde o testado pudesse desembarcar para testar.
Artigo 1.892, CC
A simples parada momentânea não
se aplica aqui
Obs. Nada obsta que o testamenteiro faça testamento particular previsto no artigo 1.876, CC
95
Sucessão Testamentária
2. Testamento Aeronáutico
É aquele feito por quem estiver a bordo de avião militar ou comercial
nos mesmos termos do artigo 1.888, CC (testamento marítimo).
Artigo 1.889, CC
Sucessão Testamentária
3. Testamento Militar
É a declaração de última vontade feita por militar a demais pessoas
a serviço das forças armadas em campanha, dentro ou fora do país,
ou em praça sitiada, ou com as comunicações interrompidas, ante a
impossibilidade de fazer o uso das formas ordinárias de testamento.
Artigo 1.893, CC
fi
Sucessão Testamentária
Requisitos
a) Que o testador esteja em “campanha” ou em praça sitiada, dentro ou fora do país,
sem possibilidade de afastar-se das tropas ou do campo de batalha;
b) Que não haja no local um tabelionato;
c) Que a situação de perigo seja real.
Artigo 1.893 e seus parágrafos
Formas
a) Similar ao Público: O comandante atuará como “tabelião” na tropa, assim como o
o cial de saúde ou diretor do hospital em caso de testador recolhido.
Será lavrado na presença de duas testemunhas e assinado por elas e pelo testador, ou
por três testemunhas no caso da impossibilidade do testador não puder ou não souber
assinar.
Se o testador for o cial mais graduado, poderá o seu substituto escrever o testamento.
99
Sucessão Testamentária
b) Similar ao Cerrado: Sabendo escrever, o testador poderá fazer seu
testamento (de seu punho), assinando, datando e posteriormente
entregando a cédula testamentária ao auditor*, ou ao o cial de patente.
Artigo 1.894, CC
Aquele que receber a cédula testamentária dará nota com dia, mês e ano,
assinada por duas testemunhas e por ele em qualquer lugar da cédula e
devolverá o testamento ao testador.
Artigo 1.894, parágrafo único, CC.
Sucessão Testamentária
Disposições testamentárias em geral
Sucessão Testamentária
- Erro na designação
Artigo 1.903, CC
Sucessão Testamentária
A deixa testamentária que estabelece quotas para os herdeiros não abarcando
toda a parte disponível da herança o remanescente integrará a legítima.
Artigo 1.906, CC
“A ine cácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não
teriam sido determinadas pelo testador”
Artigo 1.910, CC
P.ex.: Deixa de uma fazendo contendo 10 vacas. Se a fazenda foi vendida antes da morte
do testador, é óbvio as vacas não serão entregue.
107
Sucessão Testamentária
2. Regras proibitivas
É não escrita a cláusula que nomeia herdeiro a termo, ou seja,
a deixa testamentária é valida, sendo apenas inexistente o
“dies ad quem”
Artigo 1.898, CC
Sucessão Testamentária
3. Regras permissivas
Permite-se estabelecer algumas cláusulas testamentárias, sendo não
escrita a condição para o qual se testou como causa para a
produção de efeitos do próprio testamento.
P.ex.: “Esse é o meu testamento caso não sobreviva à cirurgia….”
Mesmo que o testador sobreviva o testamento continuará válido.
fi
fi
Sucessão Testamentária
- Nomeação sob condição: relaciona-se com a teoria dos elementos acidentais do
negócio jurídico. É a estipulação de condição. P.ex.: Deixa de R$ 10.000,00 para legatário abrir
escritório se se formar em Direito e passar no Exame de Ordem da OAB/SP (condição supensiva).
Então o implemento da condição suspensiva produz efeito “ex tunc” e o implemento da condição
resolutiva produz efeito “ex nunc”
Sucessão Testamentária
- Nomeação com imposição de encargos (ou modo)
É a imposição ao bene ciário de uma contraprestação.
P.ex.: estipulação que o legatário receberá certo terreno para nele
construir um orfanato.
Em caso de não cumprimento haverá a necessidade de propositura de
ação revocatória por parte de qualquer coerdeiro, ou da pessoa em
favor da qual se instituiu o encargo ou do testamenteiro.
Sucessão Testamentária
- Disposição com cláusula de inalienabilidade
É facultado ao testador impor aos bens deixados a cláusula de
inalienabilidade.
A inalienabilidade importa em impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Artigo 1.911, CC
Sucessão Testamentária
- Classi cação dos legados
1. Legado de coisas
1.1 Legado de coisa alheia
É ine caz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no
momento da abertura da sucessão.
Artigo 1.912, CC
P.ex.: o testador deixou para “A” uma casa que não lhe pertencia na
época da confecção do testamento, e depois veio a adquirir, essa deixa é
e caz.
Porém se o bem deixado foi vendido pelo testador antes de sua morte,
será ine caz a deixa.
116
fi
fi
fi
fi
fi
fi
Sucessão Testamentária
Exceções:
a) Se o testador ordenar que o legatário entregue um bem seu (do
legatário) a outrem como condição de receber um legado. Esse terceiro
bene ciário é chamado de sublegatário.
Sucessão Testamentária
1.2 Legado de coisa comum
Se o objeto do legado pertencer ao testador ou ao herdeiro ou legatário apenas
em partes, apenas quanto a parte do “de cujus” valerá a deixa
Artigo 1.914, CC
Sucessão Testamentária
2. Legado de crédito (legatum nominis) ou de quitação de dívida (legatum
liberationis)
Artigo 1.918, CC
- Legado de crédito: haverá cessão de crédito e o legatário poderá cobrar o devedor.
Nessa modalidade deve-se entregar o título do crédito (§1º)
Sucessão Testamentária
3. Legado de alimentos
É a deixa que abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o
legatário viver, além da educação, se ele for menor.
Artigo 1.920, CC
4. Legado usufruto
O testador poderá deixar gravada cláusula de usufruto em bem a favor de
legatário, deixando ao herdeiro (proprietário) a nua-propriedade.
Artigo 1.921, CC
Não estipulado o prazo de usufruto, entender-se-á por toda a vida.
Poderá o legatário colher frutos.
122
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Sucessão Testamentária
5. Legado de imóvel
É possível legar um imóvel, todavia, ocorrendo aquisições posteriores,
contínuas ou não ao prédio, não estão elas contidas no legado.
Artigo 1.922, CC
123
Sucessão Testamentária
Efeitos e pagamento do legado
Embora o princípio da “saisine”importa que aberta a sucessão haverá a
aquisição desde logo da propriedade e a posse da herança, tal princípio
não se aplica integralmente aos legados. (artigo 1.923,§1º, CC).
Assim sendo, o legatário adquire o domínio da coisa certa legada, bem
como a posse indireta dela, e a posse direta apenas será entregue no
momento em que o herdeiro lhe entregar o objeto do legado.
O pedido de entrega do legado se dará no inventário.
Costuma-se a entregar o legado antes do inventário se todos os herdeiros
estiverem de acordo. 124
Sucessão Testamentária
- Legado puro e simples: é aquele que produz efeitos
independentemente de qualquer fato.
- Legado condicional: é condicionado seu efeito a evento futuro e
incerto, sendo que o legatário se tornará proprietário após o
implemento da condição suspensiva.
- Legado a termo: é condicionado a evento futuro e certo. O legatário
poderá apenas pleiteá-lo no “dies a quo”
Artigo 1.924, CC
125
Sucessão Testamentária
- Legado modal ou com encargo: é igual ao puro e simples,
importando a aquisição do domínio e o direito de pedir, desde logo.
Ocorrerá, ainda, a sujeição do legatário ao cumprimento do encargo.
Para o tratamento dessa matéria deverão ser observadas as
disposições que tratam as doações com encargo (artigo 1.938, CC).
fi
Sucessão Testamentária
Os frutos da coisa legada pertencem ao legatário desde a morte do
testador, SALVO se pendente condição suspensiva ou termo inicial (artigo
1923, § 2º CC).
Se o legado for de dinheiro, só vencerão os juros no dia em que se
constituiu em mora o devedor a prestá-lo (artigo 1.925, CC). Assim, deverá
o legatário reclamar o pagamento ao herdeiro, para constituí-lo em mora.
Se o legado for condicional ou a termo, o legatário terá direito ao próprio
legado e aos frutos apenas com o implemento da condição ou na data
estipulada.
127
Sucessão Testamentária
Não se fala de frutos no legado de coisa incerta ou não encontrada
nos bens do falecido, pois seria injusto ao herdeiro ou testamenteiro
ser onerado com o pagamento de juros de bens que sequer existem.
- Legado de renda ou pensão
O início da renda se dará com a morte do autor da herança (artigo
1.926, CC).
Se o legatário demorar para pedir a renda por período de até três
anos, será devida toda ela desde a morte do autor da herança,
todavia após 3 anos ocorrerá prescrição (artigo 206, §3º, II, CC).
128
Sucessão Testamentária
- Legado em quantidades certas, em prestações periódicas
Se o testador não determinar o início do pagamento, será portanto o da data do óbito
(artigo 1.927, CC).
O legatário terá direito à prestação sempre que se iniciar um novo período, mesmo que
venha a falecer antes do termo.
P.ex.:O Autor da herança falece em 10 de janeiro. Estipulou a entrega de R$ 1.000,00 por
mês ao legatário todo dia 10.
Em 10 de janeiro nasce o direito do legatário receber a primeira parcela. Nos dias 10 de
cada mês receberá novamente o valor de R$ 1.000,00.
Se o legatário morrer no dia 9 de outubro, seus herdeiros não receberão a quantia de R$
1.000,00 pois o direito apenas se torna exigível no dia 10, logo o direito só torno exigível
no dia seguinte a morte.
129
Sucessão Testamentária
- Legado de coisa incerta
Obrigação incerta é aquela é instituída apenas pelo gênero e pela
quantidade. Falta a qualidade (ou espécie).
Quando a deixa for de coisa incerta, caberá ao herdeiro a
determinação (“electionis”, escolha), que deverá fazê-la pelo meio-
termo quanto à qualidade dentre aquelas disponíveis (“nec optimus
nec pessimus” ou seja, nem a melhor e tampouco a pior).
Artigo 1.929, CC.
130
Sucessão Testamentária
A escolha pode ser feita por terceiro se houver a determinação nesse
sentido pelo testador, que deverá utilizar-se da mesma forma do
artigo anterior (artigo 1.930, CC).
A escolha pode, ainda, ser feita pelo legatário (“legatum optionis”),
que poderá escolher a melhor coisa do gênero que houver na
herança, ou se esta não existir, o herdeiro deverá adquiri-la para
entregar, de acordo com um critério de meio-termo (artigo 1931, CC)
131
Sucessão Testamentária
- Legado alternativo
Obrigação alternativa é aquela que compreende dois ou mais objetos
e se extingue com a prestação de apenas um.
Nessa modalidade haverá a presunção “juris tantum”, de que o
testador deixou ao herdeiro a opção de entregar ao legatário uma
entre duas ou mais coisas (Artigo 1.932, CC).
Se o herdeiro ou o legatário a quem couber a escolha falecer antes
de exercer a escolha, esse direito será transmitido aos seus herdeiros
(Artigo 1933, CC).
132
Sucessão Testamentária
A RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DO TESTAMENTO compete ao
herdeiro, que retirará do acervo hereditário o bem, incorporará ao
seu patrimônio e entregará ao legatário.
O testador pode indicar quem fará o cumprimento do legado.
Se não o zer, caberá a todos os herdeiros pagarem o legado, de
forma solidária, na medida de suas cotas (Artigo 1.934, CC).
Se a coisa legada pertencer ao herdeiro (artigo 1913, CC) ou a outro
legatário, ele deverá cumprir o encargo, podendo cobrar dos outros
coerdeiros aquilo que pagou (Artigo 1.935,CC).
133
Sucessão Testamentária
134
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Sucessão Testamentária
Caducidade do Legado
Sucessão Testamentária
O legado poderá caducar por falta do objeto ou por falta do bene ciário.
- Causas (artigo 1.939, CC)
I. Modi cação da coisa legada;
II. Alienação da coisa legada;
III. Perecimento da coisa;
IV. Exclusão do herdeiro por indignidade;
V. Falecimento do legatário antes de testador.
Sucessão Testamentária
- Disposições conjuntas
Sucessão Testamentária
Se morrer um coerdeiro ou colegatário antes do testador nas
condições dos artigos 1.941 ou 1.942; ou se houver renúncia
à herança ou ao legado; ou se houver a exclusão, acrescerá o
quinhão ao do outro coerdeiro ou colegatário.
Artigo 1.943, CC
Sucessão Testamentária
O legado de um só usufruto gerará o acréscimo ao colegatário quando faltar outro
usufrutuário.
Artigo 1.946, CC
P.ex.: testador deixou o usufruto de um imóvel para Ana e Fernando. Se Fernando
morreu antes do testador, o usufruto é exclusivo de Ana.
Mas, não haverá acrescimento se houve quota determinada ou a disposição não foi
conjunta. Não havendo direito de acrescer, a propriedade vai-se consolidando com o
nu-proprietário, até a consolidação plena.
Artigo 1946, p.u.
P.ex.: O testador deixou o usufruto de imóvel: 25% de usufruto para Ana e 25% do
usufruto para Fernando. Se um dos legatários não puder receber sua parte, a outra
parte não poderá acrescer, pois nesse caso a parte do falecido será acrescida ao do
nú-proprietário.
142
Sucessão Testamentária
Substituições
Substituição é a indicação de certa pessoa para receber a herança ou
legado no caso do nomeado faltar.
É uma substituição subsidiária.
Artigo 1.947, CC
Sucessão Testamentária
- Espécies
1. Vulgar
É a substituição que o testador designa uma ou mais pessoas para
ocupar o lugar do herdeiro ou legatário, que não quiser, ou não puder
aceitar o benefício.
Pode ser nomeado substituto um estranho ou herdeiro legítimo, não se
aplica aos herdeiros necessários, pois se este não quiser ou não puder
receber a herança, seu quinhão permanecerá dentro da legítima.
Todavia, a substituição vulgar alcançará o herdeiro legítimo na parte
excedente de sua quota reservatária.
144
Sucessão Testamentária
- 1.1. Espécies de substituição vulgar (artigo 1.948, CC)
- Substituição vulgar simples (singular): designado apenas um substituto para muitos
herdeiros ou legatários;
- Substituição vulgar coletiva (plural): mais de um substituto a serem chamados
simultaneamente;
- Substituição vulgar recíproca: são nomeados dois ou mais bene ciários, estabelecendo
que reciprocamente se substituam.
145
Sucessão Testamentária
- 1.2 Substituição deicomissária
O testador impõe a um herdeiro, ou legatário ( duciário), a
obrigação de, por sua morte, ou a certo tempo, ou após o
implemento da condição, a transmissão do herança ou
legado a outra pessoa ( deicomissário)
após sua morte, certo tempo ou implemento
Artigo 1951, CC de condição pelo deicomissário, transferirá a
herança ou legado
Sucessão Testamentária
Requisitos
a) Dupla vocação: direta para o duciário e indireta para o deicomissário;
b) Ordem sucessiva, ou seja, primeiro o duciário e depois o
deicomissário;
c) Obrigação de conservar os bens ao duciário
d) Substituição duciária SOMENTE se admite no caso de deicomissário
ainda não concebido (artigo 1.952, CC). Será admitida essa modalidade
quando o deicomissário for nascido, tornando o duciário usufrutuário.
São nulos os deicomissos para além do segundo grau (Artigo 1.959, CC)
148
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fi
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fi
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Sucessão Testamentária
- Direitos do duciário
a) ser titular da propriedade resolúvel
b) exercer todos os direitos inerentes ao domínio (podendo inclusive alienar o bem, desde que
preste caução ao deicomissário)
c) receber indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias
d) ajuizar ações que competem ao herdeiro;
e) sub-rogar o deicomisso para outros bens (com o consentimento do deicomissário)
- Deveres
a) proceder ao inventário dos bens gravados (artigo 1.953, parág. único, CC);
b) Prestar caução de restituir os bens (artigo 1.953, parag. único CC);
c) responder pelas despesas do inventário e pelos ITCMD;
d) responder pela deterioração da coisa;
e) conservar e administrar o bem
f) restituir a coisa
149
Sucessão Testamentária
- Direitos do deicomissário
a) promover ações para conservação dos bens;
b) exigir que o duciário proceda o inventário;
c) receber, se aceitar, a herança, com acréscimos (artigo, 1.956, CC);
d) renunciar (artigo 1.955, CC);
e) aceitar a herança ou legado;
- Deveres do deicomissário
a) Responder pelos encargos da herança que o duciário não pôde
satisfazer (artigo 1.957, CC);
b) indenizar o duciário pelas benfeitorias necessárias e úteis
150
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
Sucessão Testamentária
- Caducidade do deicomisso
Se faltar o deicomissário por morrer depois do testador e antes do
duciário, ou antes do termo ou da realização da condição (artigo 1.958,
caput, primeira parte, CC)
Assim consolida-se a propriedade a favor do duciário
- Nulidade do deicomisso
Artigo 1.960, CC
Será nula a disposição que determinar que o deicomissário entregue a
terceiro os bens que recebeu do duciário, mas prevalecerá a deixa
instituída em benefício do duciário.
151
Sucessão Testamentária
DESERDAÇÃO
Para lembrar
Herdeiro necessário é aquele tem direito à legítima, ou seja, metade da herança.
São eles: descendentes, ascendentes e cônjuge (artigo 1.845, CC)
152
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
Sucessão Testamentária
Esse instituto muito se parece com a indignação, porém difere por ser feito
pelo próprio “de cujus” através de testamento, quando a indignidade é
proposta em juízo por terceiro pós-morte do autor da herança.
153
Sucessão Testamentária
Causas (artigo 1.963, CC)
- Praticada pelo ascendente face ao descendente
a) as da indignidade (artigo 1.814, CC);
b) ofensas físicas, leves ou graves;
c) injúria grave que atinja a honra;
d) relações ilícitas com a mulher ou companheira do lho ou a do
neto, ou com o marido ou companheiro da lha ou o da neta);
e) desamparo do lho ou neto com de ciência mental ou grave
enfermidade
154
fi
fi
fi
fi
Sucessão Testamentária
Existiu um projeto de lei nº 699/2011 que pretendia acrescentar o artigo
1.963-A com a seguinte redação:
Artigo 1.963-A. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a
deserdação do cônjuge:
I – prática de ato que importe grave violação dos deveres do casamento, ou
que determine a perda do poder familiar;
II – recusar-se, injusti cadamente, a dar alimentos ao outro cônjuge ou aos
lhos comuns;
III – desamparado do outro cônjuge ou descendente comum com de ciência
mental ou grave enfermidade”.
155
Sucessão Testamentária
Para que a deserdação gere os efeitos esperados, deve-se
observar o artigo 1.964, CC
- existência de herdeiros necessários
- testamento válido
- expressa declaração da causa prevista
- propositura de ação ordinária por parte daquele a quem
aproveite a deserdação (outros herdeiros legítimos, inclusive
o Município) - Artigo 1.965, CC
Prazo: 04 anos (p.u,. art. 1965, CC)
156
fi
fi
fi
Sucessão Testamentária
REDUÇÃO TESTAMENTÁRIA
Sucessão Testamentária
Haverá a redução das disposições testamentárias para que se
recomponha a legítima.
Sofrerá redução primeiramente os herdeiros instituídos e não
bastando, serão reduzidas a herança dos legatários.
Artigo 1.967, caput e §1º, CC
Sucessão Testamentária
160
fi
Sucessão Testamentária
Revogação do testamento
Sucessão Testamentária
- Formas de revogação (Artigo 1.969, CC)
A revogação não prescinde de uma forma. Deve apenas observar as formalidades para a
confecção do testamento. Com isso, um testamento público pode ser revogado por outro
testamento público, ou por particular, ou cerrado, ou marítimo etc.
Atenção: o codicilo não pode revogar o testamento, apenas poderá alterá-lo nas disposições
codicilares.
A revogação pode ser tácita ou expressa
a) Tácita: é a incompatibilidade entre o primeiro testamento com o testamento posterior (artigo
1.970, parag único, segunda parte, CC). Prevalecerá sempre a disposição mais recente.
Ocorrerá também revogação tácita no caso de abertura ou dilaceração do testamento cerrado
(artigo 1.972, CC).
b) Expressa: feita por testamento indicando objetivamente a revogação do testamento anterior.
162
fi
fi
Sucessão Testamentária
- Revogação quanto à extensão (Artigo 1.970, CC)
a) Parcial (artigo 1.970, parag. Único): haverá revogação parcial se o
testamento posterior não revogar na totalidade o anterior, OU for
contrário com ele em partes apenas.
b) Total: o testamento posterior contem cláusula revogatória integral
OU é totalmente incompatível com seu antecessor.
- Revogação por testamento ine caz
É imprescindível que o testamento posterior seja válido para se dar a
revogação, pois não valerá a revogação se o segundo testamento for
anulado por omissão ou infração à solenidade ou por vícios (artigo
1.971, segunda parte)
163
Sucessão Testamentária
Para lembrar
Revogação é o ato do próprio testador expressa ou tacitamente retirar a e cácia do seu testamento.
Caducidade: é a ine cácia por causa posterior da disposição testamentária.
164
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fi
fi
Sucessão Testamentária
Rompimento do testamento
Dá-se o rompimento do testamento quando houver descendente sucessível
ao testador, que NÃO O TINHA ou DESCONHECIA quanto testou.
Artigo 1.973, CC
É evidente que a intenção do legislador foi interpretar que, se o testador
soubesse que havia herdeiro descendente, seu testamento seria outro.
Trata-se de uma revogação presumida
A superveniência de descendente sucessível apenas é motivo para o
rompimento do testamento quando o autor da herança não possuía nenhum
herdeiro descendente. Se já possuir um herdeiro descendente e faz o
testamento , a superveniência não gerará a ruptura do testamento.
165
Sucessão Testamentária
A discussão sobre o tema sugere uma re exão.
- Se o testador SABIA da existência de um herdeiro descendente no momento que
testou, e mesmo assim testou, não se rompe o testamento.
- Se o testador NÃO SABIA da existência de um herdeiro descendente no
momento que testou, rompe-se o testamento.
Essa tese é adotada atualmente pelo STJ e aplica-se a mesma regra para o caso
de nascituro, quando o testador testou se tinha ciência ou não da concepção.
Se o testador souber da existência de herdeiros necessários e mesmo assim
dispuser de sua quota (disponível), o testamento será válido e deve ser cumprido
Artigo 1.975, CC.
166
fl
Sucessão Testamentária
167
Sucessão Testamentária
Testamenteiro
É a pessoa encarregada a dar cumprimento às disposições de última vontade
do autor da herança, recebendo poderes e cumprindo com obrigações
impostas pelo testador.
Artigo 1.976, CC
“Testamentaria” é o conjunto de funções pertinentes da pessoa do
testamenteiro, constituindo um complexo de obrigações.
A natureza jurídica do testamenteiro é controvertida.
Trata-se de um instituto “sui generis” que muito se assemelha com um
mandato, pois impõe-se a alguém um encargo baseado em con ança para
que se scalize o cumprimento das disposições de última vontade.
168
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Sucessão Testamentária
Espécies
- Instituído: é o nomeado pelo testador;
- Dativo: é o nomeado pelo juiz (artigo 1.984, CC)
-Universal: é aquele a que se confere a posse e a administração dos bens (artigo 1.977,
caput, CC).
- Particular: é aquele cuja função restringe-se à mera scalização da execução
testamentária, podendo exigir judicialmente o cumprimento do testamento.
Obs. O testador pode conferir a posse da herança ao testamenteiro apenas se não houver
cônjuge sobrevivo, descendente e ascendente, ou se esses não aceitarem ou não puderem
desempenhar essa função.
Tendo o testamenteiro a posse e a administração dos bens, terá o dever de requerer o
inventário dos bens da herança, prestar as primeiras declarações, cobrar dívidas etc.
(Artigo 1.978, CC).
169
Sucessão Testamentária
Nomeação
A nomeação do testamenteiro é feita pelo testador em testamento ou em
codicilo.
Na falta de disposição do testamenteiro, a execução testamentária será
desempenhada pelo cônjuge (ou companheiro(a)) supérstite, e na falta
dele será nomeado um herdeiro dativo (artigo 1.984, CC).
Aceitação
Pode o nomeado aceitar ou recusar livremente a nomeação sem justi car-
se.
Se aceita a nomeação, apenas poderá renunciar apresentando justi cativa.
170
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fi
Sucessão Testamentária
Atribuições
a) apresentar ou requerer o registro do testamento em juízo
(artigo 1.979, CC).
b) executar as disposições testamentárias (artigo 1.980, CC)
c) defender a validade do testamento (artigo 1.981, CC)
d) desempenhar a função de inventariante quando lhe for
concedida a posse e a administração da herança.
O testamenteiro será sempre intimado para o inventário e ouvido
nos atos do processo.
É obrigado a prestar contas da
171
testamentaria.
Sucessão Testamentária
O prazo para cumprir o testamento é de 180 dias, contados
da aceitação da testamentaria, salvo se o testador estipulou
prazo superior ou se não houver litígio quanto ao testamento.
Artigo 1.983, CC.
Responsabilidade do testamenteiro
Artigo 1.980, CC
Deverá cumprir o prazo para cumprimento das disposições e
deverá prestar contas, sob pena de ser responsabilizado em
caso de dano.
172
Sucessão Testamentária
Remuneração
O testamenteiro que não seja herdeiro, tem direito a um prêmio,
chamado de “vintena”.
Vintena é o prêmio legalmente instituído como remuneração pelos
serviços prestados, desde de que não seja herdeiro ou legatário
(Artigo 1.987, CC).
Sucessão Testamentária
174
fi
Sonegados
No processo de inventário, os herdeiros devem declarar e
restituir bens do espólio que têm em seu poder, e indicar os que
saibam encontrarem-se em mãos de terceiros.
Estão obrigados, ainda, a conferir o valor das doações que em
vida receberam do de cujus, trazendo-os à colação para igualar
a legítima dos herdeiros necessários
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do
ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a
conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob
pena de sonegação.
175
Sonegados
Art.1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os
descrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou, com o
seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que
os deva levar, ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que
sobre eles lhe cabia.
Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o
sonegador for o próprio inventariante, remover-se-á, em se
provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens,
quando indicados.
176
Sonegados
Se o bem sonegado não mais se encontrar em seu
patrimônio, o sonegador será responsável pelo seu valor,
mais as perdas e danos (CC, art. 1.995).
Mesmo que haja restituído o bem que ocultou e sofrida a
pena prevista nos arts. 1.992 e 1.994, terá de indenizar os
danos que, com o ato ilícito praticado, veio a causar, na
conformidade das regras gerais da responsabilidade civil
177
Sonegados
A sonegação se reconhece por pedido do inventariante após o
encerramento da descrição dos bens no processo de
inventário.
Artigo 1996, CC: Só se pode argüir de sonegação o
inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com
a declaração, por ele feita, de não existirem outros por
inventariar e partir, assim como argüir o herdeiro, depois de
declarar-se no inventário que não os possui.
178
Pagamento de dívidas do falecido
É sabido que o patrimônio do devedor que responde por suas
dívidas.
Enquanto vivia, o patrimônio do devedor representava a
garantia genérica dos credores. Se morre o devedor, não se
consideram, só por isso, pagas e quitadas as suas dívidas. O
direito dos credores remanesce no acervo que ele deixou. Os
credores acionarão o espólio e receberão da herança o que
lhes for devido (GONÇALVES, p 211).
179
182
Colações
Colação é o ato pelo qual os herdeiros descendentes que concorrem à sucessão do ascendente
comum declaram no inventário as doações que dele em vida receberam, sob pena de
sonegados, para que sejam conferidas e igualadas as respectivas legítimas (CC, art. 2.002).
Vale destacar que o Código Civil só obriga à colação apenas os descendentes em relação às
doações recebidas dos ascendentes ( lhos que receberam dos pais, netos que receberam dos
avós e representarão o pai pré-morto cf. artigo 2009, CC).
Obs. se o avô faz doação ao neto, estando vivo o pai deste, não está obrigado o neto a trazer o
valor da doação à colação, se, futuramente, for chamado à sucessão do avô, pois, no momento
da doação, o herdeiro necessário era o lho do doador, não o neto.
O artigo acima não impôs a obrigação do cônjuge colacionar, todavia ele é obrigado conforme
disposição do artigo 544 do CC, que prevê “a doação de ascendentes a descendentes, ou de um
cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança”
Assim, conclui-se que o cônjuge também está sujeito à colação.
183
Colações
A nalidade do instituto é claramente igualar as legítimas dos descendentes e do
cônjuge sobrevivente (artigo 2.003, CC).
O valor dos bens será conforme artigo 2.004, CC, que prevê:
O valor de colação dos bens doados será aquele, certo ou estimativo, que lhes atribuir
o ato de liberalidade.
§ 1 o Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver estimação feita
naquela época, os bens serão conferidos na partilha pelo que então se calcular
valessem ao tempo da liberalidade.
§ 2 o Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o das benfeitorias
acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo também à conta
deste os rendimentos ou lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem.
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Colações
Dispensa-se da colação as doações que o doador determinar
saiam da parte disponível, contanto que não a excedam,
computado o seu valor ao tempo da doação (artigo 2.005, CC).
Artigo 2005, Parágrafo único. Presume-se imputada na parte
disponível a liberalidade feita a descendente que, ao tempo do
ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro
necessário (é o que se vê na doação feita por avô para neto,
quanto o pai deste era vivo).
Vide também artigo 2.006 CC
185
Colações
Também dispensa-se a colação os gastos do ascendente com o descendente menor.
Art. 2.010. Não virão à colação os gastos ordinários do ascendente com o
descendente, enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário,
tratamento nas enfermidades, enxoval, assim como as despesas de casamento, ou
as feitas no interesse de sua defesa em processo-crime.
Art. 2.011. As doações remuneratórias de serviços feitos ao ascendente também não
estão sujeitas a colação.
Entende-se nesse caso que não são liberalidades, mas contraprestação, fornecida
pelo doador, que paga pelos favores recebidos do donatário.
P.ex.: lho maior, vivendo a expensas do pai, compensa os favores recebidos com
uma assistência cotidiana, amparando-o em sua velhice, e lhe compensa por isso,
não será considerado para colação.
186
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Colações
A doação feito por ambos os cônjuges para descendente
comum, observará a regra do artigo 2.012 do CC.
Art. 2.012. Sendo feita a doação por ambos os cônjuges, no
inventário de cada um se conferirá por metade.
P.ex.: Pai e mãe doam um bem em conjunto para o lho.
Quando o pai morrer e a mãe continuar viva, o lho que
recebeu a doação apenas precisará colacionar a metade do
que recebeu. A outra metade deverá colacionar apenas no
falecimento da mãe.
187
Procedimentos Especiais
Inventário
• Inventário
“É um procedimento especial de jurisdição contenciosa que tem
como nalidade discriminar quais os bens e obrigações que
integram o acervo hereditário, e indicar os herdeiros e legatários do
de cujus, estabelecendo o quinhão que caberá a cada um na
partilha, e o que caberá a eventuais credores (GONÇALVES, p. 333)”
189
Procedimentos Especiais
Inventário
Finalidades do inventário
Procedimentos Especiais
Inventário
- Desnecessidade de inventário
Alguns bens também não precisam ser inventariados nos termos do artigo 666 CPC e
da Lei nº 6.858/80
Art. 1º: Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das
contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de
Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão
pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou
na forma da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos
sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de
inventário ou arrolamento.
Art. 2º - O disposto nesta Lei se aplica às restituições relativas ao Imposto de Renda e
outros tributos, recolhidos por pessoa física, e, não existindo outros bens sujeitos a
inventário, aos saldos bancários e de contas de cadernetas de poupança e fundos de
investimento de valor até 500 (quinhentas) Obrigações do Tesouro Nacional.
Basta que o interessado requeira ao juiz da Vara de Família e Sucessões a liberação das
quantias através de Alvará Judicial.
A competência é da Justiça Estadual, inclusive para os valores do PIS/PASEP (Súmula
161, STJ).
192
Procedimentos Especiais
Inventário
193
Procedimentos Especiais
Inventário
- Partilha
É o estabelecimento de quanto caberá a cada herdeiro, ou seja,
é a identi cação de qual o quinhão que corresponderá a cada
um dos herdeiros.
195
Procedimentos Especiais
Inventário
196
Procedimentos Especiais
Inventário
- Valor da causa e custas iniciais
Deve-se atribuir a causa o valor consta na Lei de Organização do Judiciário
dos Estados, considerando o monte mor.
197
Procedimentos Especiais
Inventário
- Abertura do inventário
Procedimentos Especiais
Inventário
- Administrador provisório
200
Procedimentos Especiais
Inventário
A ordem para se estabelecer esse administrador provisório é a
contida no:
Artigo 1.797, CC: Até o compromisso do inventariante, a
administração da herança caberá, sucessivamente:
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao
tempo da abertura da sucessão;
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens,
e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho;
III - ao testamenteiro;
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das
indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser
afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.
Procedimentos Especiais
Inventário
- Inventariante
Será o representante do espólio após assinatura do termo de compromisso.
O inventariante pode apenas ser pessoa capaz, respeitando a ordem
estabelecida no artigo 617, CPC.
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo
com o outro ao tempo da morte deste;
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não
houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser
nomeados;
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na
administração do espólio;
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se
toda a herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.
202
Procedimentos Especiais
Inventário
- Deveres do inventariante
Procedimentos Especiais
Inventário
204
Procedimentos Especiais
Inventário
- Remoção do inventariante
Procedimentos Especiais
Inventário
O pedido de remoção gera um incidente processual e pode
ser requerido a qualquer tempo e será apensado aos autos
(artigo 623, CPC)
206
Procedimentos Especiais
Inventário
- Primeiras declarações
Procedimentos Especiais
Inventário
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se
encontram, extensão da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos,
números das matrículas e ônus que os gravam;
c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos;
g) direitos e ações;
Procedimentos Especiais
Inventário
- Impugnações
Se a matéria alegada no item “III” não for possível apurar apenas por
documentos, o juiz remeterá as partes para as vias ordinárias, e sobrestará a
entrega do quinhão ao herdeiro contestado, até julgamento da ação (artigo
627, § 3º, CPC).
210
Procedimentos Especiais
Inventário
Quem não for incluído no processo, poderá ingressar na ação até
o momento da partilha (artigo 628, CPC).
Procedimentos Especiais
Inventário
212
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Procedimentos Especiais
Inventário
- Avaliações
213
Procedimentos Especiais
Inventário
Se necessária a avaliação, o juiz nomeará um perito avaliador.
Essa perícia seguira os termos dos artigos 872 e 873, CPC (artigo
631, CPC).
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Procedimentos Especiais
Inventário
- Últimas Declarações
Procedimentos Especiais
Inventário
- Cálculo do tributo
216
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Procedimentos Especiais
Inventário
- Impostos
Após apresentadas as últimas declarações, será calculado o imposto causa
mortis.
Destaca-se que outros impostos como p.ex.: IPTU, IPVA, INSS etc. devem ser
quitados antes da partilha.
Cálculo do imposto:
SÚMULA Nº 112, STF: O IMPOSTO DE TRANSMISSÃO "CAUSA MORTIS" É
DEVIDO PELA ALÍQUOTA VIGENTE AO TEMPO DA ABERTURA DA SUCESSÃO.
SÚMULA Nº 113, STF: O IMPOSTO DE TRANSMISSÃO "CAUSA MORTIS" É
CALCULADO SOBRE O VALOR DOS BENS NA DATA DA AVALIAÇÃO.
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Procedimentos Especiais
Inventário
- Colações
Colação é o ato pelo qual descendentes que concorrem à sucessão de ascendente
comum trazem ao espólio o bem que recebeu em vida para igualar a legítima, sob
pena de sonegação
Artigo 2.002, CC: Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente
comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que
dele em vida receberam, sob pena de sonegação.
Artigo 2.003, CC: A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste
Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando
também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem
os bens doados.
Artigo 2.014, CC: No prazo estabelecido no art. 1.000, o herdeiro obrigado à colação
conferirá por termo nos autos os bens que recebeu ou, se já os não possuir, trar-
lhes-á o valor.
218
Procedimentos Especiais
Inventário
O cálculo das colações deve seguir a seguinte regra
Artigo 2.004, CC: O valor de colação dos bens doados será aquele,
certo ou estimativo, que lhes atribuir o ato de liberalidade.
§1º Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver
estimação feita naquela época, os bens serão conferidos na
partilha pelo que então se calcular valessem ao tempo da
liberalidade.
§2º Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o
das benfeitorias acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro
donatário, correndo também à conta deste os rendimentos ou
lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem.
Procedimentos Especiais
Inventário
220
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Procedimentos Especiais
Inventário
- Pagamento das dívidas
Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, Ihe sejam adjudicados, para o seu
pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando
todas as partes (§4º).
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Procedimentos Especiais
Inventário
223
Procedimentos Especiais
Inventário
Se a partilha for judicial seguirá o procedimento do artigo 647,CPC.
Não quer dizer que cada herdeiro receberá uma fração ideal e proporcional a
sua parte na herança. A partilha não signi ca mero fracionamento, deve-se
evitar quanto possível a subsistência de condomínio.
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Procedimentos Especiais
Inventário
O artigo 649 do CPC reproduziu o artigo 2.019 do CC.
Procedimentos Especiais
Inventário
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Procedimentos Especiais
Inventário
O Formal de Partilha pode ser emendado convindo todas
as partes, para correção de inexatidão material (656, CPC).
- Anulação da partilha
Procedimentos Especiais
Inventário
- Sobrepartilha
Os bens que não foram partilhados no curso do inventário
serão posteriormente partilhados através da sobrepartilha
(arts. 669 e 670, CPC).
- Inventário conjunto
É a possibilidade de se fazer o inventário do cônjuge em
conjunto do outro cônjuge também falecido (artigo 672,
CPC).
Procedimentos Especiais
Inventário
- Arrolamento sumário
Tese Firmada