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Direito Civil

Direito das Sucessões


Professor Luis Gustavo Zanini Borelli
e-mail: lborelli@cruzeirodosul.edu.br

2024
todos os direitos reservados©

Parte Geral das Sucessões


Abertura da Sucessão
Artigo 1.784, CC
“Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos
herdeiros legítimos e testamentários”.
Herança é a soma dos bens, créditos, dívidas, débitos, direitos,
obrigações do falecido.

Para se falar em sucessão deve-se estudar o início da sua


e cácia, ou seja, com a morte da pessoa natural.
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Parte Geral das Sucessões
Transmissão da posse - Princípio da “saisine”
Artigo 1.784, CC, de acordo com o princípio da “saisine”.
Para a transmissão é necessário que o herdeiro exista ao tempo da delação e que não seja
incapaz de herdar.
- “abertura” é o nascimento do direito de herdar
- “delação” ou “deferimento” é o ato de oferecer legalmente a herança.

Via de regra, ocorrem abertura e delação simultaneamente, mas excepcionalmente elas se


darão em momentos distintos, quando p.ex. há a imposição de um encargo para o herdeiro.
Artigo 1.791, CC
A herança passa ao(s) herdeiro(s) desde a abertura da sucessão, o mesmo não se pode
dizer da qualidade e quantidade dos bens de que há de compor o quinhão de cada herdeiro
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Parte Geral das Sucessões


ESPÉCIES DE SUCESSÃO E DE SUCESSORES
1. Sucessão legítima e testamentária
Artigo 1.786, CC
“A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade”.

- Legítima (“ab intestato”): por força da lei


- Testamentária: decorre da manifestação de última vontade

Artigo 1.788, CC
“Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o
mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e
subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo”
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Parte Geral das Sucessões
- Herdeiros legítimos: aqueles indicados no artigo 1.829, CC
A ordem preferencial para a transmissão dos bens da legítima
seguirá uma ordem prevista no artigo supra.
A sucessão poderá, ainda, ser legítima e testamentária, quando o
testamento não abranger todos os bens do falecido, pois os bens
não incluídos serão dos herdeiros legítimos.
- Sucessão testamentária: o testador pode dispor livremente da
metade “disponível” para o testamento. A outra metade será
constituirá a legítima (artigo 1.789, CC)
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Parte Geral das Sucessões


Sucessão à título universal e a título singular
A Sucessão a título universal é aquela que o(s) herdeiro(s) é(são) chamado(s)
a suceder(em) na totalidade da herança.

Na Sucessão à título singular o testador deixa ao(s) bene ciário(s) certo e


determinado bem chamado de legado.
Herdeiro é diferente de legatário.
O herdeiro sucede à título universal.
O legatário sucede à título singular.
Portanto, a sucessão legitima é sempre à título universal e a sucessão
testamentária pode ser à título universal
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ou a título singular.

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Parte Geral das Sucessões
Espécies de sucessores
- Legítimo: indicado pelo lei 1.829, CC
- Testamentário (instituído): é o bene ciado pelo testador
com parte ideal do acervo, sem individualização dos bens
- Legatário: bene ciado pelo testador com coisa certa e
determinada.
- Herdeiro necessário (legitimário ou reservatário): é o
descendente ou ascendente, o cônjuge e o companheiro.
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Vocação hereditária
Artigo 1798, CC
Possuem direitos de herdeiros as pessoas nascidas e ainda vivas na
época da abertura da herança, bem como os nascituros.

Artigo 2º, CC.


Nascituro é o ser já concebido, mas ainda no ventre materno.
“o nascituro é tido como nascido no que se refere aos seus
interesses”.

- Princípio da coexistência: o herdeiro deve sobreviver ao “de


cujus”. 8
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Vocação hereditária
Não podem ser nomeados herdeiros testamentários

Artigo 1801, CC
Não podem ser nomeados (por testamento) herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou
companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver
separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se
zer, assim como o que zer ou aprovar o testamento.
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Vocação hereditária
continuação …

É a incapacidade passiva por se considerarem essas pessoas suspeitas (incisos I,


II e IV)
No caso do inciso III o que se pretendeu proteger é a família e coibir o adultério.
Serão nulas as disposições testamentárias a favor destes
O Artigo 1802, CC prevê duas modalidade de nulidade testamentária, ainda.
a) o testador dissimula a liberalidade sob a aparência de contrato oneroso. P.ex:
o testador confessa uma falsa dívida para uma pessoa não legitimada a suceder
b) recorre a um intermediário para bene ciar outrem. P.ex.: o testador casado
deixa bens para o lho de sua concubina (artigo 1802, parag. único)
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fi
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Aceitação e renúncia da herança
Aceitação (ou adição)
É o ato pelo qual o herdeiro concorda com transmissão dos bens do “de cujus” com a
abertura da herança.
É um ato con rmatório, pois a aquisição dos direitos se dá com a abertura da
herança.
É uma faculdade de deliberar se aceita ou não a herança.
Essa fase entre a abertura e a aceitação é chamada de “fase de deliberação”
É um negócio jurídico unilateral e não-receptício.
Artigo 1804, CC
Aceita a herança, torna-se de nitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura
da sucessão.
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não veri cada quando o herdeiro renuncia
à herança. 11

Aceitação e renúncia da herança


Espécies de aceitação
1. Quanto à sua forma
- Expressa (artigo 1805, caput, primeira parte, CC): manifestada mediante
declaração (escritura pública ou particular, carta);
- Tácita (artigo 1805, caput, segunda parte, CC): prática de atos próprios de
herdeiro, no sentido de aceitar a herança. P.ex.: herdeiro que ingressa na
ação de inventário para concordar com as primeiras declarações prestadas
pelo inventariante.
Obs. O requerimento de abertura de inventário, por si só, não representa a
aceitação, pois a abertura é obrigação legal.
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fi
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Aceitação e renúncia da herança
- Presumida (artigo 1807, CC): ocorrerá na inércia do herdeiro quanto este for
noti cado para manifestar se aceita e permanece inerte.
Atos que não con guram aceitação da herança (artigo 1.805, §§ 1º e 2º, CC).
§1º
- Atos o ciosos: são atos altruísticos e desinteressados;
- Meramente conservatório: são atos necessário e urgentes que visam apenas
impedir a deterioração dos bens;
- Administração e guarda provisória: é o cuidado que se tem para a conservação
e posterior entrega do bens.
§2º
A cessão gratuita aos herdeiros equivale à renúncia
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Aceitação e renúncia da herança


2. Quanto ao agente
- Direta: emana do próprio herdeiro
- Indireta: é feita por preposto.
a) Aceitação por sucessores (artigo 1809, caput, CC)
É a sucessão hereditária do direito de aceitar.
P.ex.: João, deixou legado a José. José antes de manifestar-se se aceita a herança também
falece. Esse direito de aceitar é transmitido para Tício, lho de José.

Não será transferida a Tício se houver uma condição suspensiva pendente, p.ex.: José deverá
passar no vestibular de medicina da determinada Universidade. Ocorre que José faleceu
antes de concluir (implementar) a condição. Assim Tício não será sequer herdeiro daquele
legado de João.
Continua …
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fi
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Aceitação e renúncia da herança
Se não houver condição pendente, Tício poderá manifestar em nome de seu pai que
aceita a herança de João, mas deverá antes manifestar que aceita a herança de seu
pai (artigo 1809, parag. único, CC)

b) Aceitação por mandatário ou gestor de negócios: não é obstáculo para essa


modalidade;
c) Aceitação pelo tutor ou curador (do incapaz): Artigo 1.748, CC
“Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;”
d) aceitação por credores (artigo 1.813, CC): é o afastamento da possibilidade da
renúncia lesiva para fraudar aos credores.
Atenção o prazo é contado a partir do conhecimento da renúncia do herdeiro.
Fora desse prazo restará aos credores 15a ação pauliana.

Aceitação e renúncia da herança


3. Características da aceitação
É um negócio jurídico unilateral de natureza não-receptícia.
É um negócio jurídico puro, pois não pode ser vinculada a uma condição
ou termo. Também não pode ser parcial (artigo 1.808, caput, CC).
Se o herdeiro necessário é também legatário, poderá aceitar apenas a
legítima ou o legado. (artigo 1.808, §1º, CC) Titulo singular

Se o herdeiro necessário é também testamentário (instituído), poderá


aceitar apenas um dos quinhões (percentual) - artigo 1.808, §1º, CC

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Titulo universal
Aceitação e renúncia da herança
4. Irretratabilidade da aceitação
Artigo 1.812, CC
“São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da
herança”
Artigo 1804, CC
“Aceita a herança, torna-se de nitiva a sua transmissão ao
herdeiro, desde a abertura da sucessão”

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Aceitação e renúncia da herança


Renúncia
É o negócio jurídico unilateral pelo qual o herdeiro
manifesta a intenção de se demitir dessa qualidade.

Sendo certo que o herdeiro não é obrigado a receber a


herança, poderá então repudiá-la.

A declaração de renúncia retroagirá ao momento da


abertura da herança. Assim, o herdeiro que renuncia é tido
como se nunca tivesse sido herdeiro.
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Aceitação e renúncia da herança
Artigo 1.806, CC
“A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo
judicial”.
Por se tratar de negócio solene a observância à validade do ato depende da forma
prescrita em lei (“ad substancia”) , não admitindo, portanto, renúncia tácita ou
presumida.
O instrumento público é a escritura lavrada perante um notário de qualquer
localidade.
O termo judicial é a declaração lavrada no próprio processo que o herdeiro repudia a
herança.
Essa declaração pode ser assinada pelo próprio herdeiro ou por procurador com
poderes especiais.
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Aceitação e renúncia da herança


O escrito particular não é válido de acordo com entendimento
do STJ (REsp 431.695-SP 3a.T,. DJU 5-8-2002)

O termo lavrado nos autos não depende de homologação por


se tratar de direito potestativo.

Pode-se renunciar a favor de outrem nos próprios autos, seja


por termo ou por escritura pública.

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Aceitação e renúncia da herança
1. Espécies de renúncia

a) abdicativa (ou propriamente dita)


É a verdadeira renúncia, feita gratuita e genericamente em favor de
todos os coerdeiros.

b) translativa (cessão)
É a renúncia em favor de pessoa determinada.
Na verdade trata-se de aceitação tácita, seguida de uma doação.
Essa distinção é apenas relevante para o Direito Tributário, pois
gerará a tributação de dois imposto
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“mortis causa”e de doação.

Aceitação e renúncia da herança


2. Restrições ao direito de renunciar
a) Capacidade jurídica plena: é capacidade jurídica de exercício autônomo do
direito. E diante da incapacidade deverá ser a renúncia por tutor ou curador.
b) anuência conjugal: por ser a herança aberta direito imóvel (artigo 80, II,
CC) aquele que decidir renunciar e estiver casado por regime que não o da
separação absoluta, necessitará da vênia conjugal.
Discute-se se há a necessidade dessa concordância, pois o artigo 1647, I, CC
emprega o verbo “alienar” para a necessidade dessa concordância, e temos
que a renúncia não é ato de transferir patrimônio, pois os bens não foram
incorporados ao patrimônio do herdeiro ainda.
Se se tratar de renúncia translativa, haverá a necessidade de concordância.
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Aceitação e renúncia da herança
c) Não cause prejuízo a credores (artigo 1.813, CC)
Direito de
3. Efeitos da renúncia acrescer

a) Exclusão do herdeiro: o renunciante será excluído da herança, como se


jamais tivesse sido herdeiro.
b) acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da mesma
classe: Os bens a ele cabíveis serão transmitidos aos demais herdeiros
(artigo 1.810, primeira parte, CC), salvo se o renunciante optou pela
renúncia translativa.
P.ex.: Pai deixa bens para 3 lhos. Se um deles renuncia sua parte será
atribuída aos outros irmãos em concorrência
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com o cônjuge

Aceitação e renúncia da herança



Continuação
Se não houver herdeiro da mesma classe, devolve-se a herança aos da
classe subsequente.
P.ex.: o defunto tinha apenas um único lho, e este renuncia, devolve-se a
herança aos ascendentes (em concorrência com o cônjuge)

Se o herdeiro possui dois lhos (únicos herdeiros legítimos) e ambos


renunciam, a herança automaticamente será devolvida aos herdeiros da
classe subsequente, ou seja aos ascendentes, não havendo ascendente
serão chamados os lhos dos renunciantes. A herança será dividida em
partes iguais para os lhos - artigo 1.811, CC
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fi
fi
fi
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Aceitação e renúncia da herança
4. Ine cácia e invalidade da renúncia
Ine caz é a renúncia que pretende lesar os devedores (artigo 1.813, CC).
Inválida é a renúncia que não observar a forma (escritura pública ou
termo nos autos)
No caso do cônjuge que não outorgou sua concordância será de dois
anos, contados após nda a sociedade conjugal, o prazo para pleitear a
nulidade do ato nos termos do artigo 1.649, CC.

5. Irrevogabilidade da renúncia
Artigo 1.812, CC
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Excluídos da herança
O direito sucessório está fundado num sentimento de
gratidão e afeição
Se essa regra for quebrado pode-se falar que o autor da
herança optaria em excluir da qualidade de sucessor aquele
que herdaria seus bens.
A exclusão da herança visa renegar a entrega da herança
aquele que praticou algumas condutas contra o autor da
herança.
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fi
Excluídos da herança
No artigo 1.814, CC estão previstas as hipóteses de exclusão
da herança, onde se vê o que pretendeu o legislador tutelar,
ou seja, a vida, a honra e a liberdade de testar do “de
cujus”

Indignidade é a sanção civil para aqueles que praticarem um


das condutas previstas no artigo supra.

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Excluídos da herança
Causas de exclusão por indignidade (artigo 1.814, CC)
Inciso I.
Prática de crime doloso na forma consumada ou tentada contra a vida do autor da
herança.
Exclui-se a prática culposa.
Diante da independência da responsabilidade civil em relação à penal, deve-se
promover uma ação na esfera cível para obter a declaração de indignidade,
independentemente da ação penal.
Sabe-se que a coisa julgada na justiça criminal faz coisa julgada na esfera cível, mas
o artigo 1.815, é enfático ao obrigar que a indignação seja declarada por sentença.
Caso haja a prescrição da pretensão executória no âmbito penal, não exclui a
apreciação da culpa para a declaração da indignidade no processo cível.
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Excluídos da herança
Inciso II
Duas hipóteses
1. Denunciação caluniosa do falecido em juízo
Artigo 339, CP (Denunciação caluniosa) “Dar causa à instauração de
investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa
contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente”
Há a necessidade de ser instaurado um processo em juízo penal.
Se o “de cujus” realmente praticou o crime não se fala em indignidade.
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Excluídos da herança
2. Crimes contra a honra do hereditando
Calúnia, Difamação e Injúria (arts. 138, 139 e 149, CP)

Não é necessário o processo penal para que seja excluído da


herança o indigno nessa modalidade.

As duas hipóteses deste inciso protegem a honra do “de


cujus” e também do cônjuge ou companheiro(a).
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Excluídos da herança
Inciso III
Atos que inibam ou obstem o autor da herança de dispor
livremente de seus bens por ato de última vontade
Inibir é cercear a liberdade
Obstar é impedir

P.ex.: O herdeiro constrange o “de cujus” a testar; ou impede


de revogar testamento.
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Excluídos da herança
Indignidade e institutos assemelhados
Assemelha-se à indignidade a falta de legitimação e a deserdação.

A falta de legitimidade é um obstáculo para a pessoa na linha


hereditária, portanto não se transmite a ele a herança no momento
de sua abertura. A pessoa simplesmente não é herdeiro por
disposição legal.

Na indignidade não afasta o herdeiro da sucessão. Aberta a


sucessão lhe transmitem os bens, e somente após uma sentença
declaratória será excluído. 32
Excluídos da herança
A deserdação está prevista nos artigos 1.961 a 1.965, CC.
É a exclusão da herança por força da vontade do “de cujus”.
Essa modalidade só ocorre por disposição testamentária
Não se postula, apenas se observa.
A indignidade é a exclusão por força da lei.
Essa modalidade independe da vontade do autor da herança é presumida pela
própria lei.
É postulada pelos interessados.

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Excluídos da herança
Procedimento
É necessária a declaração por sentença (artigo 1.815, CC) de natureza
declaratória.
Embora a sentença penal transitada em julgado gere efeitos na esfera cível,
ela terá apenas força probatória, sendo indispensável o processo no juízo
cível.
Os interessados para propor a ação são os coerdeiro(s) e o donatário(s)
Se os coerdeiros não promoverem a ação declaratória nada acontecerá com
o “indigno”, não podendo nem o MP insurgir nesse direito, com exceção do
pr. 2º do artigo 1815, CC.
O prazo para ingressar com a ação34 declaratória é decadencial de 4 anos
Excluídos da herança
Reabilitação (Artigo 1.818)
É ato solene, que se faz por testamento ou ato autêntico.
Ato autêntico é uma declaração por instrumento público ou
particular autenticado por escrivão.
O escrito particular não tem validade, como p.ex.: carta.
A reabilitação pode ser tácita nos termos do parág. único.
P.ex.:depois da ofensa o “indigno” é contemplado pelo autor
da herança.
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Excluídos da herança
Efeitos
Será considerado excluído da herança e seus descendentes o representarão, como se
ele fosse morto (é equiparado à morte civil do direito romano) Artigo 1.816, caput, CC
Os bens retirados do indigno são chamados eriptícios.
Os efeitos retroagem à data da abertura, ou seja, somente após a sentença
declaratória que retroagirá os efeitos.
Com isso, o excluído deverá restituir os frutos e rendimentos obtidos até a sua exclusão
(artigo 1.817, parag. único, CC).
Também não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens (artigo 1.816,
parag. único, CC)
Atos praticados pelo herdeiro aparente
Artigo 1.818, CC
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Herança jacente e herança vacante
Conceito de herança jacente
Jacente: é a herança que não há herdeiro certo e determinado, ou
pelo menos não se sabe a existência dele.
Dá-se também no caso de renúncia.

Artigo 1.819, CC
“Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo
notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de
arrecadados, carão sob a guarda e administração de um curador,
até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à
declaração de sua vacância”. 37

Herança jacente e herança vacante


Hipóteses
1. Sem testamento e com herdeiros desconhecidos
2. Sem testamento e todos herdeiros renunciarem à herança
3. Com testamento e o herdeiro não existir ou renunciar a herança.

Outros exemplos são citados pela doutrina especializada


- Enquanto se aguarda a formação ou constituição de uma PJ e ela
não for constituída
- Se houver em testamento condição suspensiva e ela não for
cumprida
38
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Herança jacente e herança vacante
Conceito de herança vacante
Vacante: é a herança devolvida à fazenda pública após o transcurso da jacência.
Artigo 1.820, CC
“Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos
editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem
que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante”

O CPC trata da matéria nos artigos 738 a 743

A declaração da vacância põe m ao estado de jacência e promove


a transferência dos bens ao Estado, ainda que de forma resolúvel

A declaração de vacância também ocorrerá quando todos os


chamados a suceder renunciarem - Artigo 1.823, CC
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Herança jacente e herança vacante


Procedimento
- O juízo nomeará livremente um curador (artigo 739, CPC)
- O juiz fará a arrecadação dos bens
- Após a arrecadação serão publicados editais na rede de
computadores ou na imprensa (artigo 741, CPC).
- Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital (art.
743, CPC) e não havendo herdeiro habilitado nem
habilitação pendente, será a herança declarada vacante

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Herança jacente e herança vacante
Efeitos da declaração de vacância
Artigo 1.822, CC
a) devolução da herança à União (bens localizados no DF ou Territórios)
ou aos Municípios;
b) possibilidade dos herdeiros reclamarem os bens vagos, habilitando-se
legalmente no prazo de 5 anos da abertura da sucessão;
c) Os colaterais cam excluídos da sucessão legítima se não
providenciarem sua habilitação até a declaração de vacância.
d) Os herdeiros que pretendem reivindicar sua qualidade após a sentença
declaratória da vacância transitada em julgado, apenas poderá fazer por
meio de ação direta (artigo 743,41CPC)

Herança jacente e herança vacante


Credores na herança jacente
Artigo 1.821, CC
“É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das
dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança”
Artigo 741, §4º, CPC
“Os credores da herança poderão habilitar-se como nos
inventários ou propor a ação de cobrança”.

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Petição de herança
Conceito
“É ação pela qual o herdeiro procura o reconhecimento judicial de sua qualidade com
vista a recuperar todo ou parte do seu patrimônio sucessório, indevidamente em poder
de outrem” (GONÇALVES, p. 142).
É a ação pela qual o herdeiro busca o reconhecimento judicial de sua qualidade, com
vistas a recuperar todo ou parte do patrimônio sucessório.
ARTIGO 1.824, CC
Natureza jurídica
Ação REAL, pois o que o excluído busca é um bem à título universal e também por ser
considerada a herança aberta um bem imóvel.
Não é ação de ESTADO, pois busca-se não apenas o direito sucessório, busca-se também a
recuperação de bens. Com isso sua carga principal é condenatória
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Petição de herança
Legitimados
- Ativo: é aquele que se intitula herdeiro e reivindica esse título.
Deverá o autor fazer prova da sua qualidade de herdeiro.
- Passivo: é o possuidor dos bens hereditários.
“herdeiro aparente” ou “pro herede” é aquele que se julga herdeiro. É aquele que
está na posse de bens hereditários como se fosse legítimo titular do direito à
herança.

Cumulação de pedidos na ação


Comumente haverá o pedido de investigação de paternidade cumulado com a petição
de herança.
Nesse caso serão demandados todos os possuidores dos bens hereditários, formando-
se assim um litisconsórcio passivo necessário
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Petição de herança
Efeitos da sentença
Procedente a ação, serão os bens transmitidos para o autor, sendo que os
efeitos desse reconhecimento retroagirá até a abertura da herança.
- Quanto ao herdeiro aparente: deverá restituir os bens do acervo,
inclusive os acessórios e frutos.
Artigo 1.826, CC.
Responderá por perdas e danos, salvo se estiver de boa fé.
Faz jus ao ressarcimento (ou retenção) pelas benfeitorias necessárias,
ainda que de má-fé. As benfeitorias úteis lhe serão pagas apenas se
estiver de boa-fé. Já as voluptuárias serão apenas passíveis de retiradas
se não dani car a coisa. 45

Petição de herança
- Quanto ao terceiro adquirente
Artigo 1.827, caput, CC
a) à título gratuito: deverá devolver os bens ao herdeiro.
b) à título oneroso:
b.1) Se o adquirente for de boa-fé: Não ca obrigado a restituição, e quem deverá
restituir a herança é o alienante.
Artigo 1.827, parag. único, CC.
b.2) Se o adquirente for de má-fé: o ato é ine caz devendo restituir os bens.
- Quanto ao herdeiro aparente que paga um legado: Se de boa-fé pagou esse legado,
nada deverá de restituir.
Caberá ao autor da petição de herança demandar contra quem recebeu o legado.
Artigo 1.828, CC
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Petição de herança
Prescrição
Há que se veri car em qual o tipo de demanda se está lidando.
Se for ação real ou reivindicatória não há prescrição;
O STF, por outro lado, tem entendimento que é prescritível
Súmula 149: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade,
mas não o é a de petição de herança”
Com isso, conclui-se que o direito de ser reconhecido com herdeiro é
imprescritível, todavia a pretensão econômica juridicamente prescreve.
A prescrição será então de 10 anos, nos moldes do artigo 205, CC.
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Herdeiros Necessários
Herdeiro necessário (legitimário ou reservatário)
É o parente em linha reta, não excluído por indignidade ou
deserdação, como o descendente ( lho, neto, bisneto etc.) ou
ascendente (pai, avô, bisavô etc) e mais o cônjuge do falecido
Artigo 1.845, CC

Esses herdeiros não podem ser afastados da sucessão por vontade


do “de cujus”, exceto no caso de indignidade ou deserdação.

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Herdeiros Necessários
Legítima
É a porção de bens que a lei assegura ao(s) herdeiro(s)
necessário(s), retirando do autor da herança o direito de
disposição sobre essa quota.
Artigo 1.846, CC

A composição da legítima é formada pela divisão dos bens do


falecido em duas quotas-partes iguais. Sendo uma delas
disponível e a outra formadora da legítima.
Atenção, deve-se considerar o regime de casamento do falecido
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Herdeiros Necessários
Pode o autor da
herança dispor
livremente Quota-parte Parte destinada aos herdeiros
dessa parte Legítima
disponível necessários

Se não existir descendente, ascendente ou cônjuge, o autor da herança pode testar


livremente seus bens.
Se o regime do casamento é o da comunhão universal de bens, o patrimônio do casal é
dividido em duas meações. A primeira metade não é herança. A segunda metade seguirá a
regra do grá co acima 50
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Herdeiros Necessários
Legítima
Quota-parte disponível
A Legítima poderá superar a parte disponível se o
autor da herança tiver feito doações em vida. Essas
doações deverão vir à colação

Forma de cálculo (artigo 1.847, CC)


Em primeiro lugar deve-se subtrair do acervo hereditário as dívidas do falecido e as
despesas do funeral. Assim restou o patrimônio líquido e real
- Cálculo da quota-parte disponível: veri ca-se o regime do casamento e se houver meação
deverá esta ser respeitada, pois a metade do cônjuge sobrevivente não é herança.
- Cálculo da legítima: Se o autor da herança doou bem ao descendente (art. 2.002, CC) ou
ao cônjuge (art. 544, CC) em vida deverá adicioná-lo à metade líquida apurada.
A colação tem por m conferir e igualar 51a legítima dos herdeiros necessários.

Herdeiros Necessários
O herdeiro necessário que receber por testamento parte da
quota-disponível do autor da herança, não perderá o direito à
legítima
Artigo 1.849, CC.

Tendo em vista que os colaterais não são herdeiros necessários,


e no caso do autor da herança não possuir nenhum herdeiro
necessário, basta dispor dos bens para quem pretender em
testamento que dessa forma os colaterais nada receberão.
Artigo 1.850, CC
52
fi
fi
Herdeiros Necessários
O autor da herança pode indicar os bens que comporão a legítima.
Não se admitirá apenas, a ofensa aos quinhões dos herdeiros necessários que
formam a legítima. Artigo 2.014,CC
O atual Código Civil veda a imposição testamentária de cláusulas restritivas aos
bens que deixará aos herdeiros necessários. Tais cláusulas excepcionalmente são
admitidas. Evidentemente que essas cláusulas por
serem subjetivamente instituídas dará
Artigo 1.848, caput, CC. margem à discussões judiciais

Nesse sentido o artigo 1.848, §1º, CC, também veda (sem ressalvas) a disposição
testamentária que os bens de legítima sejam obrigatoriamente convertidos em
outros bens.
P.ex.: devem os herdeiros converter todo o dinheiro deixado na poupança em
imóveis 53

Herdeiros Necessários
Cláusulas restritivas

a)Cláusula de inalienabilidade: os bens assim gravados cam fora do comércio


transitoriamente, pois a cláusula não supera a vida do herdeiro.
P.ex.: Pai estabelece em testamento a inalienabilidade aos bens deixados para o lho,
pois este é casado com um caçadora de dotes.

Não é proibido ao herdeiro que recebeu a deixa, testar sobre esse bem que durante sua
vida pesou a referida cláusula, pois seu testamento apenas fará efeitos depois sua morte.

A cláusula de inalienabilidade implicará na impenhorabilidade e incomunicabilidade.


Artigo 1.911, CC

54

fi
fi
Herdeiros Necessários
b) Cláusula de impenhorabilidade
É a imposição pelo testador sobre os bens da legítima que visa impedir a constrição judicial
em execuções, onde o patrimônio do herdeiro arcará com elas.
Obs. Corrente majoritária prega que a impenhorabilidade alcançam apenas o bem principal e
não seus frutos. P.ex.: imóvel impenhorável e aluguéis penhoráveis.
c) Cláusula de incomunicabilidade
O testador determina que a legítima do herdeiro necessário, qualquer que seja o regime de
bens convencionado, não entrará na comunhão, em virtude de casamento.
Essa cláusula não gerará a inalienabilidade, apenas o impedimento de ingresso deles na
comunhão conjugal.
Havendo necessidade de alienação de bens gravados, poderá ser feito, desde que
determinada por juiz e que os bens sejam substituídos por outros com a mesma
características. (artigo 1.848, §2º, CC)
55

Direito de Representação
Direito de representação é a convocação legalmente prevista para suceder em lugar do outro
herdeiro, parente mais próximo do falecido, mas anteriormente falecido (pré-morto).
Assim, os descendentes de uma pessoa falecida são chamados a substituí-la na sua qualidade
de herdeiro da legítima.
Artigo 1.851 e 1.854, CC
O representante herdará, portanto, diretamente do “de cujus”, ou seja, ocupará o lugar do
representado.
A representação se dá linha reta DESCENDENTE e nunca na
ascendente. (artigo 1.852, CC).

Vale lembrar!
Por cabeça: divide-se a herança em partes iguais entre herdeiros da mesma classe.
Por estirpe: é a forma de partilha em que os herdeiros sucedem em graus distintos por direito
de representação. 56
Direito de Representação
- Requisitos do direito de representação
a) que o representado tenha falecido antes do autor da herança.
Exceção: se o representado é ausente, indigno ou deserdado.
O herdeiro renunciante não será substituído por representante (artigo 1.811, CC)
b) que o herdeiro seja descendente do representado
Artigo 1.852,CC
c) que o representante tenha legitimação para herdar do representado, no momento da abertura
da sucessão.
P.ex.: O lho que praticou ato contra o pai e foi excluído da sua sucessão, poderá representá-lo
na do seu avô (artigo 1.856, CC)

d) que haja descontinuidade no encadeamento dos graus entre representante e representado.


Não pode o lho representar o pai vivo na herança do avô, com exceção do pai deserdado ou
indigno. 57

Direito de Representação
neste grau herdam
autor da herança
herdeiros necessários 100 por direito próprio
quinhões iguais

25 25 25 25

Filho Filho Filho


Morto
Filho Morto
.
Filho Filho Filho Filho
12,5 12,5 25 0
Art. 1.855. O quinhão do
representantes herdam
representado partir-se-á por igual
por estirpe
entre os representantes. 58
fi
fi
Direito de Representação
Todos herdeiros
autor da herança
100 descendentes de 1º
graus são pré-mortos

Filho Filho Filho


Morto
Filho Morto Morto Morto
.
Filho Filho Filho Filho
25 25 25 25

representantes herdam
por direito próprio
59

Sucessão Representação
Morto
Pai Morto
Mãe

Autor
100 Irmão
Morto Cunhada

Sobrinho
Morto
Sobrinho
Art. 1.853. Na linha transversal, somente 100
se dá o direito de representação em favor
Sobrinho neto
dos lhos de irmãos do falecido, quando
0
com irmãos deste concorrerem.
A representação sempre se dará em linha reta descendente ou na
colateral em favor dos sobrinhos60de irmãos falecidos.
fi
Sucessão Testamentária
Considerando até agora que a lei atribuiu parte da herança os herdeiros
necessários, poderá o autor da herança dispor sobre a parte disponível por
testamento.
Se não houver testamento a herança será deferida na integralidade para os
herdeiros necessários respeitando a ordem legalmente prevista (vocação
hereditária).
A sucessão testamentária é aquela que se “dá em obediência à vontade do
defunto, prevalecendo, contudo, as disposições legais naquilo que constitua o “ius
cogens”, bem como naquilo que for omisso o instrumento” (PEREIRA, p. 167)
Em outras palavras, a sucessão testamentária “decorre da expressa manifestação
de última vontade do falecido, a que a lei assegura a liberdade de testar, limitada
apenas pelos direitos dos herdeiros necessários (GONÇALVES, p. 225)
61

Sucessão Testamentária
Testamento “é o ato personalíssimo, unilateral, gratuito,
solene e revogável, pelo qual alguém, segundo a norma
jurídica, dispõe no todo ou em parte, de seu patrimônio para
depois de sua morte, ou determina providência de caráter
pessoal ou familiar” (OLIVEIRA, apud Diniz, p. 1.377)

Para se chegar no conceito acima é necessário fazer a soma


do que está previsto nos artigos 1.857 e 1.858, CC.

62
Sucessão Testamentária
Características
a) ator personalíssimo: não se admite ser feito por procurador ou gestor
de negócio, muito embora seja permitida a assistência de um terceiro
(advogado, tabelião etc) desinteressado e honesto para orientação na
elaboração sem interferência.
b) negócio jurídico unilateral: basta a manifestação de vontade para gerar
efeitos jurídicos. É um negócio jurídico não-receptício.
Não se admite testamento em conjunto (artigo 1.863, CC).
c) Solenidade: observância obrigatória daquilo que está prescrito pela lei.
P.ex.: o testamento nuncupativo (de viva-voz) só é admissível para os
testamentos militares (artigo 1.896, CC).
63

Sucessão Testamentária
d) gratuidade: não visa obter vantagem para o testador.
A imposição de encargo não é considerada benefício ao testador,
pois dela não se bene ciará.
e) revogabilidade: é nula a cláusula testamentária que obsta a
revogação ou alteração do seu conteúdo (artigos 1.858 e 1.969, CC).
f) “causa mortis”: produz efeito apenas após a morte do testador.
Vale lembrar que é proibido pacto sucessório, ou melhor, herança de
pessoa viva (artigo 426, CC).
64
fi
Sucessão Testamentária
Capacidade para testar
A capacidade pode ser ativa, ou seja, para elaborar testamento
válido, bem como pode ser passiva, sendo característica daqueles que
podem adquirir por testamento.
- Capacidade ativa
Tratando-se o testamento de um negócio jurídico, os elementos de
validade constantes no artigo 104, CC devem estar presentes.
Soma-se ao supracitado artigo a capacidade testamentária prevista
no artigo 1.860, CC
Obs. Não se fala em capacidade65 de testar de pessoas jurídicas.

Sucessão Testamentária
- incapacidade em razão da idade.
Podem testar os maiores de 16 anos (artigo 1.860, parág. único,
CC), não carecendo de assistência para o ato, pois esse é um ato
personalíssimo.
- incapacidade por falta de discernimento
Se houver sentença declaratória de interdição é nulo o testamento. E
caso a incapacidade ainda não seja declarada por sentença, caberá
ao interessado provar inequivocamente, através de ação própria,
que o testador sofria de falta de discernimento.
66
Sucessão Testamentária
- incapacidade dos relativamente incapazes.
São relativamente incapazes de exercer autonomamente os ator da vida civil aqueles
constantes no Artigo 4º, CC
Observar que a redação do artigo 1.860, CC é taxativa ao usar a expressão “Além dos
incapazes, não podem…..”
Pergunta-se: a vontade do legislador era excluir inclusive os relativamente incapazes?
Parece que não, e esse é o entendimento majoritário da doutrina, o que se deve
considerar é a aptidão no momento de testar e o discernimento que possui o testador.
P.ex.: o pródigo é impedido de dispor de bens por dilapidá-los, porém não deve ser
privado de testar, pois o testamento só faz efeito “mortis causa”, não fazendo sentido
a vedação ao testamento.
67

Sucessão Testamentária
- Hipóteses não geradoras de incapacidade
a) velhice;
b) proximidade com a morte;
c) enfermidade grave, desde que não suprima o discernimento (requer-se a capacidade mental
e não a do corpo);
d) Ira;
e) suicídio:
g) insolvência;
h) mulher casada;
i) analfabetismo (embora tenha capacidade, somente poderá testar pela forma pública);
j) cego (restrição apenas à forma cerrada e particular);
l) índios (desde sejam adaptados à civilização);
m) surdo, mas não mudo, é lícito testar por qualquer forma;
n) mudo.
68
Sucessão Testamentária
- Momento que se exige a capacidade
Artigo 1.861, CC
A capacidade é exigida no momento em que se redige ou se
elabora o testamento.
Se posteriormente se tornou incapaz o testador, o testamento
continua válido.
Se no momento da elaboração era incapaz e posteriormente se
tornou capaz o testamento é nulo. Nesse caso, não basta a
rati cação, deve ser feito novo instrumento, pois negócio nulo não
se con rma (artigo 169, CC).
69

Sucessão Testamentária
- Impugnação de validade do testamento
O momento de impugnar o testamento é após a morte do seu autor, pois além de poder
ser modi cado por quem o elaborou a qualquer tempo, seus efeitos se dão apenas pós-
morte.
Artigo 1.859, CC
O prazo é decadencial de cinco anos para se discutir a validade do testamento, contados
do registro, ou melhor, da apresentação da cédula testamentária em juízo.

Após esse prazo não se reclama mais desse testamento


Contradição: O artigo 169 do CC, prega que negócio jurídico eivado de nuliade não é
suscetível de con rmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.
Nesse sentido há uma derrogação desse dispositivo geral, uma vez que após 5 anos há a
decadência.
70
fi
fi
fi
fi
Sucessão Testamentária
Ocorre que o artigo 1.909, CC prescreve:
Art. 1.909. "São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de
erro, dolo ou coação".
Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a
disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício”

O que o legislador quis era que a nulidade de todo o testamento seja


atacada por ação própria cujo direito decai em 5 anos.
E quando o interessado estiver interessado em discutir uma disposição
testamentária maculada por vício do consentimento poderá propor a ação
até 4 anos da descoberta do fato.
71

Sucessão Testamentária
Formas ordinárias do testamento

Artigo 1.862, CC
Ordinário: Público, Cerrado e Particular.
* Especiais: Marítimo, Aeronáutico e Militar (artigo1.886, CC)

Não se admite nenhuma outra forma senão essas.


Testamento, assim como o casamento, são os atos mais solenes
previstos no direito civil, portanto a inobservância da forma gerará
a nulidade.
72
Sucessão Testamentária
- Testamento conjuntivo (de mão comum ou mancumunado) é
aquele que duas ou mais pessoas postam suas declarações de
última vontade no MESMO INSTRUMENTO.

Essa modalidade é proibida


Artigo 1.863, CC É proibido o testamento conjuntivo,
Espécies: seja simultâneo, recíproco ou correspectivo
- simultâneo: os testadores dispõe em benefício de terceiros;
- recíproco: os testadores instituem benefícios mútuos;
- correspectivo: os testadores efetuam entre eles, disposições em
retribuição de outras correspondentes, sendo uma mais intensa que
a outra.
73

Sucessão Testamentária
Testamento Público
É escrito pelo tabelião em livros de notas, contendo as disposições do testador
e escrito em língua nacional
Artigo 1.864, CC
Requisitos
I. Escrito por tabelião, admitindo-se que o testador sirva-se de escrito
preparado anteriormente.
O tabelião deve se certi car da identidade civil do testador e das testemunhas.
O testador faz suas declarações ao tabelião, que promove a escrituração no
livro.
Se levar a minuta pronta o tabelião, deverá, o testador, lê-la para o o cial.
74
fi
fi
Sucessão Testamentária
II. Leitura em voz alta pelo tabelião
Servirá para que demonstre-se que a vontade do testador é aquela
repetida pelo tabelião no ato do registro.
As DUAS testemunhas devem estar presentes no começo ao m da
leitura. Refere-se essa obrigação à expressão “a um só tempo”
prevista na lei.
Poderá o testador ler o termo de registro em voz alta se preferir.

III. Data e assinatura


Assinarão o tabelião, o testador e as testemunhas
75

Sucessão Testamentária
A lei admite que o testamento público seja mecanicamente escrito
(máquina de escrever ou computador).
Artigo 1.864, parágrafo único, CC.

Se o testador for analfabeto ou não puder assinar (P.ex.: estar com


a mão quebrada ou com mal de Parkinson), o tabelião declarará
essa circunstância assinando neste ato pelo testador uma das
testemunhas (chamadas de testemunha instrumentária)
Artigo 1.865, CC
76
Sucessão Testamentária
O surdo (completamente surdo) poderá efetivar testamento público, por
voz, emitindo sua vontade ao tabelião na presença de testemunhas.
Se soube ler, o lerá; se não souber, indicará um pessoa, testemunha
suplementar que o fará na presença de duas testemunhas e do tabelião
Artigo 1.866, CC

Ao cego somente será permitido fazer testamento público, que lhe


será lido em voz alta duas vezes.
Uma leitura será feita pelo notário e outra por uma testemunha.
Artigo 1.867, CC.
77

Sucessão Testamentária
Testamento Cerrado
Também chamado de místico ou secreto.
É o testamento escrito pelo testador ou por alguém a seu
pedido e assinado pelo próprio testador em caráter sigiloso.
Esse instrumento será levado ao tabelião de registro que
lavrará sua aprovação (autenticação) na presença de 2
(duas) testemunhas.
Artigo 1.868, CC
78
Sucessão Testamentária
Formalidades
I. Cédula testamentária
É o instrumento inscrito manual ou mecanicamente pelo testador ou por alguém a seu rogo (artigo
1.868, caput e Parág. Ún. , CC).
É requisito que o testamento seja assinado pelo testador, sendo inadmissível a assinatura por
procurador (artigo 1.868, parag. único, CC).
Está impedido de fazer testamento cerrado aquele que não sabe ler e escrever - Analfabeto -
(artigo 1.872, CC).
Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo alfabetizado, desde que o assine (artigo 1.873,CC).
A cédula testamentária poderá ser escrita em língua estrangeira (artigo 1.871, CC), pois no
momento da abertura o juiz mandará traduzir o seu conteúdo para o vernáculo (art.162, CPC).
Obs. Estão impedidos de escrever a cédula testamentária aqueles previstos no artigo 1.801, I, CC.
79

Sucessão Testamentária
II. Ato de entrega do testamento cerrado
O testador deverá entregar a cédula testamentária ao tabelião na
presença de 2 (duas) testemunhas (artigo 1.868, I, CC).
O ato de entregar é personalíssimo, não podendo ser entregue por
procurador ou gestor de negócios.
Nesse momento devem estar presentes 2 (duas) testemunhas
Declarará o testador ao tabelião na presença das testemunhas que
aquele seu documento é o seu testamento (artigo 1.868, II, CC)
O testamento NÃO será lido pelo tabelião nem pelas testemunhas.
Essas testemunhas servirão apenas para validar o ato de entrega.
80
Sucessão Testamentária
III. Auto de aprovação (ou autenticação) e o cerramento
Logo que apresentado o testamento, deverá o tabelião na presença das testemunhas
lavrar o auto de aprovação, após a leitura (do auto de aprovação).
Momento de começar o auto de aprovação: logo após a última palavra do testador
(artigo 1.869, CC).
Depois de lido e lavrado o auto de aprovação, o tabelião o dobrará juntamente com a
cédula testamentária num só invólucro, que deverá cerrar e coser em cinco pontos de
retrós, lacrando o testamento.

Deverá ser entregue ao testador o testamento depois de aprovado e cerrado, logo


após ser lançado nos livros de registro o ato de aprovação, constando dia, mês e ano
(artigo 1.874, CC).
Obs. O registro deve ser escrito em língua nacional.
81

Sucessão Testamentária

82
Sucessão Testamentária

- Abertura, registro e cumprimento do testamento cerrado

Falecendo o testador, deverá o instrumento ser levado à


juízo, quando será aberto pelo próprio juiz, que o registrará
e dará o cumprimento, se veri cada a validade.

O rito processual está previsto no artigo, 735 CPC.

83

Sucessão Testamentária
Testamento Particular
Testamento particular (ou hológrafo) é aquele escrito e assinado pelo
próprio testador e lido em voz alta perante 3 (três) testemunhas, que
também o assinarão.
Vantagem: desnecessidade da presença do tabelião, sendo mais
simples, cômodo e econômico
Desvantagem: menor segurança e consequentemente pode se perder
facilmente.
Tornou-se rara a sucessão por testamento particular, pois as exigências
legais para sua validade e e cácia são demasiadamente severas.
84
fi
fi
Sucessão Testamentária
Requisitos
Artigo 1.876, CC
I. Pode ser escrito de próprio ou por meio mecânico.
Trata-se de atividade personalíssima, não se admitindo a confecção manuscrita por
outra pessoa, inviabilizando assim que o analfabeto se utilize desse instrumento.
Todavia, já se admite que aquele que está impossibilitado de fazer dite sua
declaração de última vontade para que alguém digite em meio mecânico (artigo
1.876, §2º, CC).
O STJ já reconheceu a validade de testamento escrito não pelo próprio testador,
mas sob seu ditado, na presença das testemunhas, que con rmaram o fato em
juízo (RSTJ 60/242).
85

Sucessão Testamentária
II. Deve ser lido na presença de 3 (três) testemunhas em conjunto, não se admitindo a
leitura em separado, que logo após a leitura assinem com o testador (artigo 1.876 §1º, CC);
III. Testamento simpli cado: é aquele que apenas escrito, datado e assinado pelo
testador, sem a presença das testemunhas.
Essa modalidade é admitida apenas em caráter excepcional declaradas no próprio
testamento (artigo 1.879, CC). P.ex.: testador está em lugar isolado, perdido, sem
comunicação.
Será aceito apenas na forma manuscrita, pois a excepcionalidade está intimamente ligada a
uma situação emergencial, muito embora não tenha essa modalidade um prazo
decadencial.
Entende-e que se o testador sobreviver a emergência deveria se servir da forma ordinária
para refazer o instrumento.
Portanto, na falta de prazo decandencial, será o juiz que decidirá
86
fi
fi
Sucessão Testamentária
- Publicação e con rmação do testamento particular
Após a morte do testador será publicado em juízo o testamento, com a citação
dos herdeiros legítimos (artigo 1.877, CC)
As três testemunhas serão inquiridas em juízo para reconhecer a autenticidade
do instrumento.
Se as testemunhas reconhecerem a autenticidade das respectivas assinaturas e
o fato da leitura do testador, será con rmado o testamento (artigo 1.878, CC)
Se pelo menos uma testemunha reconhecer a autenticidade caberá ao juiz
deliberar.
Se todas as testemunhas falecerem ou estiverem ausentes, não será cumprido
o testamento (artigo 1.878, parag. único, CC)
87

Sucessão Testamentária
Codicilo
“É o ato de última vontade pelo qual o dispoente traça
diretrizes sobre assuntos pouco importantes, despesas e
dádivas de pequeno valor” (MAXIMILIANO, apud DINIZ, p.
1392).
Codicilo é o diminutivo de “codex”, quer dizer pequena carta.

Artigo 1.881, CC

88
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fi
Sucessão Testamentária
Objetivo
a) disposições sobre o enterro;
b) deixar esmolas de pequena monta;
c) legar móveis, roupas ou jóias (de pouco valor);
d) nomear e substituir o testamenteiro (artigo 1.883, CC)
e) reabilitar o indigno;
f) reconhecer lho.

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Sucessão Testamentária
- Redução do valor ou dos bens deixados
Tendo em vista que a lei não xou o valor que se pode deixar em codicilo,
jurisprudencialmente tem-se entendido que a deixa não poderá extrapolar
10% (dez por cento) do monte-mor.

Questão que surge é no caso da deixa codicilar ultrapassar esse


percentual.
Será declarada nula pelo juiz, ou pode o magistrado suprimi-la até o
percentual acima descrito?
R. Caio Mário diz que não é possível a redução. Já Zeno Veloso e Pontes de
Miranda, seguidos por outros doutrinadores a rmam que sim, pode haver
a redução judicial para prestigiar os bene ciário.
90
fi
fi
fi
fi
Sucessão Testamentária
Requisitos
- Forma: escrita e simpli cada. Pode ser manuscrita, mas não
se impede a forma escrita por meio mecânico.
Não se admite a assinatura a rogo.
Admite-se ainda a forma pública e cerrada, muito embora
não seja prática essa modalidade.
- Data: é exigência essencial.
- Assinatura: exigência essencial
91

Sucessão Testamentária
Não impede que o autor da herança deixe codicilo e testamento.
Espécies
-Autônomo: tenha ou não o autor da herança deixado testamento.
- Complementar: completam o autônomo
Artigo 1.882, CC
Se houver testamento posterior que não con rma o codicilo ou o
modi ca, este será revogado (artigo 1.884, CC)
Execução
Da mesma forma que o testamento particular
Artigo 1.885, CC
92
fi
fi
fi
Sucessão Testamentária
Testamentos especiais

Seguindo o princípio da tipicidade, onde os testamentos


poderão ser apenas aqueles que a lei determina a forma,
surge uma nova modalidade além daquela ordinária
estudada anteriormente.
Artigo 1.887, CC

93

Sucessão Testamentária
1. Testamento marítimo
“É a declaração de última vontade feita, por tripulante ou passageiro, a bordo de navio
NACIONAL, de guerra ou mercante, em viagem no mar ou em prolongado percurso uvial
ou lacustre” (OLIVEIRA, apud Maria Helena Diniz, p. 1371).
Artigo 1.888, CC

Requisitos
a) Navio nacional;
b) Navio de guerra ou mercante;
c) Testador esteja a bordo do navio e o navio não esteja parado no porto;
d) Cédula testamentária seja registrada em livro de bordo;
e) Testamento deverá car sob a guarda do comandante, que deverá entregá-lo à
autoridade administrativa do primeiro porto (artigo 1.890, CC).
94
fi
Sucessão Testamentária
Necessidade de 2 testemunhas em
ambas as formas
Formas
Pode ser feito de forma similar ao público ou cerrado (parte nal do artigo 1.888, CC).
Se o testador não puder assinar, o comandante assim declarará e uma das duas
testemunhas assinará a rogo.
Aplicam-se ao testamento marítimo as proibições do artigo 1.801, CC
É o nulo o testamento marítimo se ao tempo em que foi feito o navio estava parado em
porto, onde o testado pudesse desembarcar para testar.
Artigo 1.892, CC
A simples parada momentânea não
se aplica aqui

Obs. Nada obsta que o testamenteiro faça testamento particular previsto no artigo 1.876, CC

95

Sucessão Testamentária
2. Testamento Aeronáutico
É aquele feito por quem estiver a bordo de avião militar ou comercial
nos mesmos termos do artigo 1.888, CC (testamento marítimo).
Artigo 1.889, CC

Formas: Similar ao Cerrado ou público


A característica diferenciadora dessa modalidade para a modalidade
marítima é que o comandante da aeronave pode designar pessoa
para o ato, pois di cilmente poderá o comandante deixar de pilotar a
aeronave.
96
fi
fi
Sucessão Testamentária
- Peculiaridades dos testamentos marítimos e aeronáuticos
“O testamento marítimo ou aeronáutico cará sob a guarda
do comandante, que o entregará às autoridades
administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional,
contra recibo averbado no diário de bordo.”(artigo 1.890, CC);
“Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o
testador não morrer na viagem, nem nos noventa dias
subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer,
na forma ordinária, outro testamento” (artigo 1.891, CC).
97

Sucessão Testamentária
3. Testamento Militar
É a declaração de última vontade feita por militar a demais pessoas
a serviço das forças armadas em campanha, dentro ou fora do país,
ou em praça sitiada, ou com as comunicações interrompidas, ante a
impossibilidade de fazer o uso das formas ordinárias de testamento.
Artigo 1.893, CC

Podem testar dessa forma todas as pessoas que estejam expostas


aos mesmos riscos e perigos, como p.ex.: correspondentes de
guerra, médicos, enfermeiros, voluntários etc.
98

fi
Sucessão Testamentária
Requisitos
a) Que o testador esteja em “campanha” ou em praça sitiada, dentro ou fora do país,
sem possibilidade de afastar-se das tropas ou do campo de batalha;
b) Que não haja no local um tabelionato;
c) Que a situação de perigo seja real.
Artigo 1.893 e seus parágrafos

Formas
a) Similar ao Público: O comandante atuará como “tabelião” na tropa, assim como o
o cial de saúde ou diretor do hospital em caso de testador recolhido.
Será lavrado na presença de duas testemunhas e assinado por elas e pelo testador, ou
por três testemunhas no caso da impossibilidade do testador não puder ou não souber
assinar.
Se o testador for o cial mais graduado, poderá o seu substituto escrever o testamento.
99

Sucessão Testamentária
b) Similar ao Cerrado: Sabendo escrever, o testador poderá fazer seu
testamento (de seu punho), assinando, datando e posteriormente
entregando a cédula testamentária ao auditor*, ou ao o cial de patente.
Artigo 1.894, CC

Aquele que receber a cédula testamentária dará nota com dia, mês e ano,
assinada por duas testemunhas e por ele em qualquer lugar da cédula e
devolverá o testamento ao testador.
Artigo 1.894, parágrafo único, CC.

* Auditor é o militar encarregado da justiça no acampamento, ou o juiz


militar que julga os soldados.
100
fi
fi
fi
Sucessão Testamentária
c) Testamento Nuncupativo: feito oralmente na presença de duas
testemunhas, por testador em campo de batalha ou ferido.
Artigo 1.896, CC
As testemunhas deverão escrever suas declarações e apresentá-las, depois
de assinarem, ao auditor (DINIZ, p. 1375).
Não terá efeito o testamento se o testador não morrer na guerra ou
convalescer do ferimento (artigo 1.896, parag. único)

Caducará o testamento militar se depois dele, por noventa dias seguidos o


testador estiver em lugar onde possa testar na forma ordinária, salvo se o
testamento contiver as solenidades do artigo 1.894, parag. único
Artigo 1.895, CC
101

Sucessão Testamentária
Disposições testamentárias em geral

O testamento é um ato jurídico unilateral onde o testador poderá


dispor sobre bens de cunho patrimonial, bem como de caráter
pessoal (p.ex.: reconhecer lho havido fora do casamento ou
perdoar o indigno).

A análise das características intrínsecas serão tratadas pelos artigos


1.897 a 1911, CC
Serão analisadas as regras interpretativas, permissivas e proibitivas,
quanto ao testamento.
102
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Sucessão Testamentária
1. Interpretação dos testamentos
Interpretar o testamento é atividade judicial de resguardar o máximo possível a vontade do
testador.
A expressão "vontade testamentária" se dá através da escrita, que por sua vez pode
comportar uma série de dúvidas quanto a real vontade do testador, seja por erros
ortográ cos, seja por expressões costumeiras, seja pelo vocabulário empregado entre outras.
A tarefa do juiz será investigar a verdadeira vontade do testador.
Princípio “voluntas spectanda”. A interpretação do testamento requer a determinação precisa
da verdadeira intenção do testador, fazendo que o sentido subjetivo prevaleça sobre o
objetivo (artigo 1.899, CC).
É preciso desvendar a real vontade contida testamento
103

Sucessão Testamentária
- Erro na designação
Artigo 1.903, CC

Será nula a disposição testamentária por erro substancial quanto as


qualidades essenciais da pessoa do herdeiro ou da coisa legada.

Será aproveitável a deixa testamentária quando por documentos ou fato


inequívocos, se puder identi car a pessoa ou a coisa a que o testador queria
referir-se
P.ex.: Testador deixou para o sobrinho engenheiro determinado bem.
Quando na verdade o sobrinho é arquiteto.
104
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Sucessão Testamentária
O testamento que contempla mais de um herdeiro com o mesmo bem será
partilhado em partes iguais pelos bene ciados.
Artigo 1.904, CC

Quando o testador bene ciar individualmente uns e coletivamente outros,


serão divididas em quotas quantas forem os indivíduos e os grupos.
Artigo 1.905, CC
P.ex.: Deixa testamentária para Laura e para os lhos de João.
A herança será dividida em duas quotas. Uma para Laura e a outra para
os lhos de João, que será divida em partes iguais entre eles.
105

Sucessão Testamentária
A deixa testamentária que estabelece quotas para os herdeiros não abarcando
toda a parte disponível da herança o remanescente integrará a legítima.
Artigo 1.906, CC

Quando houver a atribuição de quinhões para os herdeiros testamentários, as


quotas determinadas serão atendidas primeiras e o restante será divido em
partes iguais.
P.ex.: deixa de 30% dos bens disponíveis para Laura e o restante para Fernando,
Henrique, Luis, Gustavo.
Será pago a Laura seus 30% e para o restante será dividido em partes iguais (5%
para cada)
Artigo 1.907, CC
106
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fi
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Sucessão Testamentária
Se o testador determinar, no testamento, que não caberá ao herdeiro instituído
determinado objeto dentre os da herança, o bem excluído por disposição de última
vontade será considerado como remanescente do acervo e entregue ao herdeiros
legítimos.
Artigo 1.908, CC
P.ex.: Deixa testamentária para Laura com exceção de certo bem. Esse bem será integrado
à legitima.

“A ine cácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não
teriam sido determinadas pelo testador”
Artigo 1.910, CC
P.ex.: Deixa de uma fazendo contendo 10 vacas. Se a fazenda foi vendida antes da morte
do testador, é óbvio as vacas não serão entregue.
107

Sucessão Testamentária
2. Regras proibitivas
É não escrita a cláusula que nomeia herdeiro a termo, ou seja,
a deixa testamentária é valida, sendo apenas inexistente o
“dies ad quem”
Artigo 1.898, CC

É nula a instituição de herdeiro sob condição captatória.


A condição captatória refere-se a cláusula que impõe dever ao
bene ciário que teste em benefício do testador ou de terceiro
Artigo 1.900, I, CC
108
fi
fi
Sucessão Testamentária
É nula a disposição que favoreça pessoa incerta, pois seria impossível a
contemplação e entrega do(s) bem(s).
Artigo 1.900, II, CC
É nula a disposição a pessoa incerta, a ser identi cada por terceiro.
Artigo 1.900, III, CC
É nula a disposição que deixe ao arbítrio do herdeiro, ou de outrem, xar o
valor do legado.
Artigo 1.900, IV, CC
É nula a disposição para pessoas dos artigos 1.801 e 1.802 do CC
Artigo 1.900, V, CC
109

Sucessão Testamentária
3. Regras permissivas
Permite-se estabelecer algumas cláusulas testamentárias, sendo não
escrita a condição para o qual se testou como causa para a
produção de efeitos do próprio testamento.
P.ex.: “Esse é o meu testamento caso não sobreviva à cirurgia….”
Mesmo que o testador sobreviva o testamento continuará válido.

Artigo 1.897, prevê algumas cláusulas que se podem incluir no


testamento.
- Nomeação pura e simples é a forma mais comum, onde o testador
nomeia herdeiro ou legatário.
110

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Sucessão Testamentária
- Nomeação sob condição: relaciona-se com a teoria dos elementos acidentais do
negócio jurídico. É a estipulação de condição. P.ex.: Deixa de R$ 10.000,00 para legatário abrir
escritório se se formar em Direito e passar no Exame de Ordem da OAB/SP (condição supensiva).
Então o implemento da condição suspensiva produz efeito “ex tunc” e o implemento da condição
resolutiva produz efeito “ex nunc”

Frustrada a condição suspensiva, não se dá aquisição do direito e se o herdeiro ou legatário


falecer ocorrerá a caducidade da disposição e seus herdeiros nada receberão.

Já frustrada a condição resolutiva e com os efeitos da retroatividade o herdeiro nomeado ou


legatário devolverá o bem deixado, assegurando a ele apenas os frutos e rendimentos que
colheu.
Na modalidade condição resolutiva, podem os herdeiros legítimos exigir caução, denominada
muciana, para que se assegure a devolução da coisa
111

Sucessão Testamentária
- Nomeação com imposição de encargos (ou modo)
É a imposição ao bene ciário de uma contraprestação.
P.ex.: estipulação que o legatário receberá certo terreno para nele
construir um orfanato.
Em caso de não cumprimento haverá a necessidade de propositura de
ação revocatória por parte de qualquer coerdeiro, ou da pessoa em
favor da qual se instituiu o encargo ou do testamenteiro.

Efeito da sentença (constitutiva negativa) é “ex nunc”, ou seja, anula-


se o benefício sem restituição dos frutos e rendimentos colhidos pelo
bene ciário.
112
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Sucessão Testamentária
- Para certo m (disposição motivada ou “por certo motivo”)
Doutrinariamente entende-se que a deixa motivada é equiparada à “razão determinante"
do artigo 140,CC.
Motivo é sinônimo de razões subjetivas, que para o negócio jurídico é irrelevante, como
p.ex.: não importa para a validade da compra e venda, saber o motivo que impulsionou o
comprador a comprar, nem vice-versa.
O erro quanto ao objeto não vicia, a princípio, o negócio jurídico, a não ser que ele seja a
sua razão essencial. P.ex.: nomeação de herdeiro testamentário não pertencente à família
do testador, com expressa declaração deste, de que assim procede porque teve notícia da
morte de seu único lho, não tendo outros descendentes. Apurado que o lho está vivo,
caracterizado está o falso motivo.
O erro quanto a pessoa também torna o negócio anulável. P.ex.: deixa para João que salvou
o testador do incêndio, quando na verdade quem salvou foi Pedro.
113

Sucessão Testamentária
- Disposição com cláusula de inalienabilidade
É facultado ao testador impor aos bens deixados a cláusula de
inalienabilidade.
A inalienabilidade importa em impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Artigo 1.911, CC

Se o bem for desapropriado os bens que forem postos no seu lugar


deverão ser gravados com as mesmas restrições.
Da mesma forma, que sendo necessária a alienação por motivos
econômicos, haverá necessidade de autorização judicial e o produto da
venda deverá suportar as mesmas restrições (art.1.911, parag. único)
114
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Sucessão Testamentária
LEGADO
É a disposição testamentária a título singular onde o testador deixa a um
bene ciado objeto(s) individualizado(s) ou uma certa quantia em dinheiro.
A única forma de legado é a testamentária.
A deixa de legado à herdeiro legítimo denomina-se “prelegado” (ou legado
precípuo).
O herdeiro encarregado de pagar o legado ao legatário é chamado de
onerado ou gravado.
O legatário é aquele bene ciado com a deixa, chamado também de honrado.
A pluralidade de legatários denomina-se colegatários.
115

Sucessão Testamentária
- Classi cação dos legados
1. Legado de coisas
1.1 Legado de coisa alheia
É ine caz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no
momento da abertura da sucessão.
Artigo 1.912, CC
P.ex.: o testador deixou para “A” uma casa que não lhe pertencia na
época da confecção do testamento, e depois veio a adquirir, essa deixa é
e caz.
Porém se o bem deixado foi vendido pelo testador antes de sua morte,
será ine caz a deixa.
116
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fi
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Sucessão Testamentária
Exceções:
a) Se o testador ordenar que o legatário entregue um bem seu (do
legatário) a outrem como condição de receber um legado. Esse terceiro
bene ciário é chamado de sublegatário.

b) Se há legado de coisa que se determine APENAS pelo gênero ou espécie


(legado de coisa genérica) - Artigo 1.915, CC -
Essa deixa é e caz e deve ser cumprida.
P.ex.: o testador deixa um cavalo de certa raça a determinada pessoa. Não
existe um cavalo nos bens do testador, portanto caberá ao testamenteiro
comprar um, e a escolha cabe ao herdeiro.
117

Sucessão Testamentária
1.2 Legado de coisa comum
Se o objeto do legado pertencer ao testador ou ao herdeiro ou legatário apenas
em partes, apenas quanto a parte do “de cujus” valerá a deixa
Artigo 1.914, CC

1.3 Legado de coisa singularizada


Se o dispoente vier a separar o objeto legado, individualizando-o de todos os seus
bens, só terá e cácia o legado se a coisa singularizada for encontrada entre os
bens da herança, em caso contrário, será ine caz.
Se os bens existirem em quantidade menor à do legado, será e caz quanto aos
existentes.
Artigo 1.916, CC
118
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fi
fi
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Sucessão Testamentária
1.4 Legado de coisa localizada
O legado de coisa que deva encontrar-se em certo lugar só terá
e cácia se nele for achada, exceto se removida a título transitório
(artigo 1917)
P.ex.: legado de móveis que estão numa certa casa. Se lá estiverem
será e caz. Se o testador vendeu antes de sua morte será ine caz e
se os móveis forem removidos para uma obra e o testador faleceu
nessa data, a deixa é e caz, pois os móveis foram transitoriamente
removidos.
119

Sucessão Testamentária
2. Legado de crédito (legatum nominis) ou de quitação de dívida (legatum
liberationis)
Artigo 1.918, CC
- Legado de crédito: haverá cessão de crédito e o legatário poderá cobrar o devedor.
Nessa modalidade deve-se entregar o título do crédito (§1º)

- Legado de quitação: o legatário é perdoado da dívida (remissão nos termos do


artigo 386, CC);
A quitação faz efeito apenas até a data do testamento (§2º)
O limite para a cessão de crédito é para a remissão vão até o limite do próprio
crédito ou da dívida.
120
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fi
fi
Sucessão Testamentária
No caso de o testador ser devedor do legatário, o legado não compensará o
débito, salvo se houver expressa declaração nesse sentido.
Com isso, o legatário, além de bene ciário da deixa testamentária, poderá
ainda cobrar seu crédito do espólio.
Artigo 1.919, CC
Se o testador vier a pagar a dívida depois do testamento, sendo o legado de
dívida, não haverá o legado.

Se a dívida for contraída depois do testamento, e se o testador a pagou


antes de seu falecimento, não haverá qualquer compensação com o legado,
que então subsistirá (artigo 1.919, CC)
121

Sucessão Testamentária
3. Legado de alimentos
É a deixa que abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o
legatário viver, além da educação, se ele for menor.
Artigo 1.920, CC

4. Legado usufruto
O testador poderá deixar gravada cláusula de usufruto em bem a favor de
legatário, deixando ao herdeiro (proprietário) a nua-propriedade.
Artigo 1.921, CC
Não estipulado o prazo de usufruto, entender-se-á por toda a vida.
Poderá o legatário colher frutos.
122
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Sucessão Testamentária

5. Legado de imóvel
É possível legar um imóvel, todavia, ocorrendo aquisições posteriores,
contínuas ou não ao prédio, não estão elas contidas no legado.
Artigo 1.922, CC

As benfeitorias feitas no imóvel legado, pertencerá ao legatário.


Artigo 1.922, parág único, CC

123

Sucessão Testamentária
Efeitos e pagamento do legado
Embora o princípio da “saisine”importa que aberta a sucessão haverá a
aquisição desde logo da propriedade e a posse da herança, tal princípio
não se aplica integralmente aos legados. (artigo 1.923,§1º, CC).
Assim sendo, o legatário adquire o domínio da coisa certa legada, bem
como a posse indireta dela, e a posse direta apenas será entregue no
momento em que o herdeiro lhe entregar o objeto do legado.
O pedido de entrega do legado se dará no inventário.
Costuma-se a entregar o legado antes do inventário se todos os herdeiros
estiverem de acordo. 124
Sucessão Testamentária
- Legado puro e simples: é aquele que produz efeitos
independentemente de qualquer fato.
- Legado condicional: é condicionado seu efeito a evento futuro e
incerto, sendo que o legatário se tornará proprietário após o
implemento da condição suspensiva.
- Legado a termo: é condicionado a evento futuro e certo. O legatário
poderá apenas pleiteá-lo no “dies a quo”
Artigo 1.924, CC
125

Sucessão Testamentária
- Legado modal ou com encargo: é igual ao puro e simples,
importando a aquisição do domínio e o direito de pedir, desde logo.
Ocorrerá, ainda, a sujeição do legatário ao cumprimento do encargo.
Para o tratamento dessa matéria deverão ser observadas as
disposições que tratam as doações com encargo (artigo 1.938, CC).

Se houver o descumprimento encargo, poderá qualquer interessado


promover as ações para declarar a ine cácia de deixa testamentária.
126

fi
Sucessão Testamentária
Os frutos da coisa legada pertencem ao legatário desde a morte do
testador, SALVO se pendente condição suspensiva ou termo inicial (artigo
1923, § 2º CC).
Se o legado for de dinheiro, só vencerão os juros no dia em que se
constituiu em mora o devedor a prestá-lo (artigo 1.925, CC). Assim, deverá
o legatário reclamar o pagamento ao herdeiro, para constituí-lo em mora.
Se o legado for condicional ou a termo, o legatário terá direito ao próprio
legado e aos frutos apenas com o implemento da condição ou na data
estipulada.
127

Sucessão Testamentária
Não se fala de frutos no legado de coisa incerta ou não encontrada
nos bens do falecido, pois seria injusto ao herdeiro ou testamenteiro
ser onerado com o pagamento de juros de bens que sequer existem.
- Legado de renda ou pensão
O início da renda se dará com a morte do autor da herança (artigo
1.926, CC).
Se o legatário demorar para pedir a renda por período de até três
anos, será devida toda ela desde a morte do autor da herança,
todavia após 3 anos ocorrerá prescrição (artigo 206, §3º, II, CC).
128
Sucessão Testamentária
- Legado em quantidades certas, em prestações periódicas
Se o testador não determinar o início do pagamento, será portanto o da data do óbito
(artigo 1.927, CC).
O legatário terá direito à prestação sempre que se iniciar um novo período, mesmo que
venha a falecer antes do termo.
P.ex.:O Autor da herança falece em 10 de janeiro. Estipulou a entrega de R$ 1.000,00 por
mês ao legatário todo dia 10.
Em 10 de janeiro nasce o direito do legatário receber a primeira parcela. Nos dias 10 de
cada mês receberá novamente o valor de R$ 1.000,00.
Se o legatário morrer no dia 9 de outubro, seus herdeiros não receberão a quantia de R$
1.000,00 pois o direito apenas se torna exigível no dia 10, logo o direito só torno exigível
no dia seguinte a morte.
129

Sucessão Testamentária
- Legado de coisa incerta
Obrigação incerta é aquela é instituída apenas pelo gênero e pela
quantidade. Falta a qualidade (ou espécie).
Quando a deixa for de coisa incerta, caberá ao herdeiro a
determinação (“electionis”, escolha), que deverá fazê-la pelo meio-
termo quanto à qualidade dentre aquelas disponíveis (“nec optimus
nec pessimus” ou seja, nem a melhor e tampouco a pior).
Artigo 1.929, CC.
130
Sucessão Testamentária
A escolha pode ser feita por terceiro se houver a determinação nesse
sentido pelo testador, que deverá utilizar-se da mesma forma do
artigo anterior (artigo 1.930, CC).
A escolha pode, ainda, ser feita pelo legatário (“legatum optionis”),
que poderá escolher a melhor coisa do gênero que houver na
herança, ou se esta não existir, o herdeiro deverá adquiri-la para
entregar, de acordo com um critério de meio-termo (artigo 1931, CC)

131

Sucessão Testamentária
- Legado alternativo
Obrigação alternativa é aquela que compreende dois ou mais objetos
e se extingue com a prestação de apenas um.
Nessa modalidade haverá a presunção “juris tantum”, de que o
testador deixou ao herdeiro a opção de entregar ao legatário uma
entre duas ou mais coisas (Artigo 1.932, CC).
Se o herdeiro ou o legatário a quem couber a escolha falecer antes
de exercer a escolha, esse direito será transmitido aos seus herdeiros
(Artigo 1933, CC).
132
Sucessão Testamentária
A RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DO TESTAMENTO compete ao
herdeiro, que retirará do acervo hereditário o bem, incorporará ao
seu patrimônio e entregará ao legatário.
O testador pode indicar quem fará o cumprimento do legado.
Se não o zer, caberá a todos os herdeiros pagarem o legado, de
forma solidária, na medida de suas cotas (Artigo 1.934, CC).
Se a coisa legada pertencer ao herdeiro (artigo 1913, CC) ou a outro
legatário, ele deverá cumprir o encargo, podendo cobrar dos outros
coerdeiros aquilo que pagou (Artigo 1.935,CC).
133

Sucessão Testamentária

As despesas e a responsabilidade dos riscos, decorrentes de força


maior ou caso fortuito correm por conta do legatário.
Artigo 1.936, CC

Os acessórios e os encargos acompanham a coisa e serão todos do


legatário.
Artigo 1.937, CC

134
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Sucessão Testamentária
Caducidade do Legado

O legado pode não gerar os efeitos que dele se espera se houver a


revogação ou a caducidade.

Revogação é o ato do próprio testador expressa ou tacitamente retirar a


e cácia do seu testamento.
Caducidade: é a ine cácia por causa posterior da disposição testamentária.

Atenção!!! Não confundir caducidade com nulidade. A nulidade decorre de


invalidade pela inobservância das formalidades legais ou em razão da
incapacidade do agente.
135

Sucessão Testamentária
O legado poderá caducar por falta do objeto ou por falta do bene ciário.
- Causas (artigo 1.939, CC)
I. Modi cação da coisa legada;
II. Alienação da coisa legada;
III. Perecimento da coisa;
IV. Exclusão do herdeiro por indignidade;
V. Falecimento do legatário antes de testador.

Se o legado for alternativo (escolha entre duas ou mais coisas), subsistirá o


legado quanto às restantes (artigo 1.940, CC).
136
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Sucessão Testamentária
Direito de acrescer entre herdeiros e legatários

Ocorre o direito de acrescer quando o testador contemplar diversos


bene ciários, deixando-lhes a mesma herança ou a mesma coisa
determinada e certa, em porções não determinadas, e um desses
bene ciários vem a faltar.
Artigo 1941, CC
P.ex.: Deixa testamentária dos 50% disponíveis da herança para
João e Maria, sem indicar qual a porção de cada um. João não quer
o benefício e renuncia. A parte do João será entregue à Maria.
137

Sucessão Testamentária
- Disposições conjuntas

a) Conjunção real: os bene ciários são chamados ao mesmo bem em


frases distintas. P.ex.: Deixo o quadro “X” para Laura. Deixo o quadro
“X” para Fernando.

b) Conjunção mista: os bene ciário são chamados na mesma frase


para a mesma coisa sem distribuição de partes. P.ex.:deixo para Tício
e Caio o imóvel “A”.
138
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Sucessão Testamentária
- O direito de acrescer entre coherdeiros (artigo 1.941, CC)
Requisitos:
a) nomeação dos herdeiros na mesma cláusula testamentária;
b) incidência na mesma quantia da herança ou nos mesmos bens;
c) não indicação pelo testador de substituto.

- O direito de acrescer entre os colegatários (artigo 1.942, CC)


Requisitos:
a) Nomeação conjuntamente, não havendo a indicação de
substituto;
b) A coisa legada for certa ou indivisível.
139

Sucessão Testamentária
Se morrer um coerdeiro ou colegatário antes do testador nas
condições dos artigos 1.941 ou 1.942; ou se houver renúncia
à herança ou ao legado; ou se houver a exclusão, acrescerá o
quinhão ao do outro coerdeiro ou colegatário.
Artigo 1.943, CC

Se não houver o direito de acrescer, os bens serão entregues


ao herdeiros legítimos.
Artigo 1.944, CC
140
Sucessão Testamentária
Não pode aquele que recebeu o acréscimo repudiá-lo sem a renúncia total da
herança, salvo se o acréscimo lhe gerar encargos especiais.
Operando a possibilidade de repúdio do acréscimo, reverterá àquele que em favor de
quem aqueles encargos foram instituídos.

P.ex.: O tentador deixou um terreno para José e Maria. Na cláusula testamentária,


Maria (apenas ela), deveria fazer uma doação de R$ 100.000 para uma instituição
de caridade “X”. Ocorre que Maria morreu antes do testador e o direito de acrescer da
parte do terreno de Maria seria entregue à José. Ocorre que o direito de acrescer vem
acompanhado de encargo especial. Nesse caso, José poderá renunciar ao acréscimo
da parte de Maria, sem perder sua parte do terreno, mas a instituição de caridade
receberá a parte do terreno que se de Maria
Artigo 1.945, CC.
141

Sucessão Testamentária
O legado de um só usufruto gerará o acréscimo ao colegatário quando faltar outro
usufrutuário.
Artigo 1.946, CC
P.ex.: testador deixou o usufruto de um imóvel para Ana e Fernando. Se Fernando
morreu antes do testador, o usufruto é exclusivo de Ana.
Mas, não haverá acrescimento se houve quota determinada ou a disposição não foi
conjunta. Não havendo direito de acrescer, a propriedade vai-se consolidando com o
nu-proprietário, até a consolidação plena.
Artigo 1946, p.u.
P.ex.: O testador deixou o usufruto de imóvel: 25% de usufruto para Ana e 25% do
usufruto para Fernando. Se um dos legatários não puder receber sua parte, a outra
parte não poderá acrescer, pois nesse caso a parte do falecido será acrescida ao do
nú-proprietário.
142
Sucessão Testamentária
Substituições
Substituição é a indicação de certa pessoa para receber a herança ou
legado no caso do nomeado faltar.
É uma substituição subsidiária.
Artigo 1.947, CC

Atenção para as expressões:


“não querer” = renúncia;
“não poder” = premoriência, exclusão por indignidade ou por não
implemento de condição imposta pelo testador.
143

Sucessão Testamentária
- Espécies
1. Vulgar
É a substituição que o testador designa uma ou mais pessoas para
ocupar o lugar do herdeiro ou legatário, que não quiser, ou não puder
aceitar o benefício.
Pode ser nomeado substituto um estranho ou herdeiro legítimo, não se
aplica aos herdeiros necessários, pois se este não quiser ou não puder
receber a herança, seu quinhão permanecerá dentro da legítima.
Todavia, a substituição vulgar alcançará o herdeiro legítimo na parte
excedente de sua quota reservatária.
144
Sucessão Testamentária
- 1.1. Espécies de substituição vulgar (artigo 1.948, CC)
- Substituição vulgar simples (singular): designado apenas um substituto para muitos
herdeiros ou legatários;
- Substituição vulgar coletiva (plural): mais de um substituto a serem chamados
simultaneamente;
- Substituição vulgar recíproca: são nomeados dois ou mais bene ciários, estabelecendo
que reciprocamente se substituam.

O substituto ca sujeito aos encargos e às condições impostas àquele que substitui,


quando compatível com a natureza da substituição(artigo 1.949,CC).
P.ex.: José substitui Maria, sendo que o legado de Maria possuía uma condição resolutiva
caso case-se com Fernando. Essa condição não precisa ser observada pela substituto.

145

Sucessão Testamentária
- 1.2 Substituição deicomissária
O testador impõe a um herdeiro, ou legatário ( duciário), a
obrigação de, por sua morte, ou a certo tempo, ou após o
implemento da condição, a transmissão do herança ou
legado a outra pessoa ( deicomissário)
após sua morte, certo tempo ou implemento
Artigo 1951, CC de condição pelo deicomissário, transferirá a
herança ou legado

Autor da herança duciário deicomissário


( deicomitente)
146
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fi
fi
fi
fi
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Sucessão Testamentária
Características
Propriedade restrita, ou seja, resolúvel do duciário
Artigo 1.953, CC
Espécies
a) Quanto ao tempo
- Vitalício, a termo ou condicional
b) Quanto ao montante de herança transferido
- universal (toda a herança); particular (bens individualmente
legado)
147

Sucessão Testamentária
Requisitos
a) Dupla vocação: direta para o duciário e indireta para o deicomissário;
b) Ordem sucessiva, ou seja, primeiro o duciário e depois o
deicomissário;
c) Obrigação de conservar os bens ao duciário
d) Substituição duciária SOMENTE se admite no caso de deicomissário
ainda não concebido (artigo 1.952, CC). Será admitida essa modalidade
quando o deicomissário for nascido, tornando o duciário usufrutuário.

São nulos os deicomissos para além do segundo grau (Artigo 1.959, CC)
148
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Sucessão Testamentária
- Direitos do duciário
a) ser titular da propriedade resolúvel
b) exercer todos os direitos inerentes ao domínio (podendo inclusive alienar o bem, desde que
preste caução ao deicomissário)
c) receber indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias
d) ajuizar ações que competem ao herdeiro;
e) sub-rogar o deicomisso para outros bens (com o consentimento do deicomissário)
- Deveres
a) proceder ao inventário dos bens gravados (artigo 1.953, parág. único, CC);
b) Prestar caução de restituir os bens (artigo 1.953, parag. único CC);
c) responder pelas despesas do inventário e pelos ITCMD;
d) responder pela deterioração da coisa;
e) conservar e administrar o bem
f) restituir a coisa

149

Sucessão Testamentária
- Direitos do deicomissário
a) promover ações para conservação dos bens;
b) exigir que o duciário proceda o inventário;
c) receber, se aceitar, a herança, com acréscimos (artigo, 1.956, CC);
d) renunciar (artigo 1.955, CC);
e) aceitar a herança ou legado;

- Deveres do deicomissário
a) Responder pelos encargos da herança que o duciário não pôde
satisfazer (artigo 1.957, CC);
b) indenizar o duciário pelas benfeitorias necessárias e úteis
150
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Sucessão Testamentária
- Caducidade do deicomisso
Se faltar o deicomissário por morrer depois do testador e antes do
duciário, ou antes do termo ou da realização da condição (artigo 1.958,
caput, primeira parte, CC)
Assim consolida-se a propriedade a favor do duciário

- Nulidade do deicomisso
Artigo 1.960, CC
Será nula a disposição que determinar que o deicomissário entregue a
terceiro os bens que recebeu do duciário, mas prevalecerá a deixa
instituída em benefício do duciário.
151

Sucessão Testamentária
DESERDAÇÃO

É o ato pelo qual o falecido exclui da sucessão, através de


testamento, com expressa declaração da causa, herdeiro necessário
Artigo 1.961, CC

Para lembrar
Herdeiro necessário é aquele tem direito à legítima, ou seja, metade da herança.
São eles: descendentes, ascendentes e cônjuge (artigo 1.845, CC)

152
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Sucessão Testamentária
Esse instituto muito se parece com a indignação, porém difere por ser feito
pelo próprio “de cujus” através de testamento, quando a indignidade é
proposta em juízo por terceiro pós-morte do autor da herança.

Causas (artigo 1.962, CC)


- Praticada pelo descendente face ao ascendente
a) as da indignidade (artigo 1.814, CC);
b) ofensas físicas, leves ou graves;
c) injúria grave que atinja a honra;
d) relações ilícitas com a madrasta ou com padrasto (incestuosa ou adúltera);
e) desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade

153

Sucessão Testamentária
Causas (artigo 1.963, CC)
- Praticada pelo ascendente face ao descendente
a) as da indignidade (artigo 1.814, CC);
b) ofensas físicas, leves ou graves;
c) injúria grave que atinja a honra;
d) relações ilícitas com a mulher ou companheira do lho ou a do
neto, ou com o marido ou companheiro da lha ou o da neta);
e) desamparo do lho ou neto com de ciência mental ou grave
enfermidade

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Sucessão Testamentária
Existiu um projeto de lei nº 699/2011 que pretendia acrescentar o artigo
1.963-A com a seguinte redação:
Artigo 1.963-A. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a
deserdação do cônjuge:
I – prática de ato que importe grave violação dos deveres do casamento, ou
que determine a perda do poder familiar;
II – recusar-se, injusti cadamente, a dar alimentos ao outro cônjuge ou aos
lhos comuns;
III – desamparado do outro cônjuge ou descendente comum com de ciência
mental ou grave enfermidade”.

155

Sucessão Testamentária
Para que a deserdação gere os efeitos esperados, deve-se
observar o artigo 1.964, CC
- existência de herdeiros necessários
- testamento válido
- expressa declaração da causa prevista
- propositura de ação ordinária por parte daquele a quem
aproveite a deserdação (outros herdeiros legítimos, inclusive
o Município) - Artigo 1.965, CC
Prazo: 04 anos (p.u,. art. 1965, CC)
156
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Sucessão Testamentária
REDUÇÃO TESTAMENTÁRIA

É o instituto criado para assegurar a intangibilidade da


legítima, para que não sofra diminuição dos 50% reservados
aos herdeiros necessários.

A redução resguardará os direitos dos herdeiros necessários


fazendo a restituição da legítima.
Artigo 1.966, CC
157

Sucessão Testamentária
Haverá a redução das disposições testamentárias para que se
recomponha a legítima.
Sofrerá redução primeiramente os herdeiros instituídos e não
bastando, serão reduzidas a herança dos legatários.
Artigo 1.967, caput e §1º, CC

Pode o testador modi car essa ordem estabelecendo outra


Artigo 1.967, §2º, CC
158
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Sucessão Testamentária
- Redução e a indivisibilidade dos bens (artigo 1.968, CC)
a) Imóvel divisível: Se o legado sujeito a redução consistir em prédio
indivisível, será feita a redução dividindo-se proporcionalmente o imóvel.
Deve-se deixar em apartado a parcela necessária para a recomposição da
legítima desfalcada (artigo 1.968, §1º, primeira parte, CC);
b) Imóvel indivisível: Se o excesso do legado for superior a 1/4 do valor do
imóvel, o legatário não receberá o prédio, mas terá direito de reclamar dos
herdeiros o valor que lhe couber na parte disponível.
Se o excesso for inferior a 1/4, o legatário terá direito de car com o bem
legado, pagando aos herdeiros “em dinheiro”, o valor correspondente ao
excesso (artigo 1.968, §1º, segunda parte, CC)
159

Sucessão Testamentária

Se o legatário for herdeiro necessário, terá o direito de


conservar o imóvel legado, levando em conta o excesso que
se apurar à conta de sua legítima, repondo apenas o
excedente aos demais herdeiros necessários (artigo 1.968,
§2º, CC)

160

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Sucessão Testamentária
Revogação do testamento

É o ato que se dá pela manifestação da vontade do testador com o


propósito de tornar ine caz o testamento.

Não gera efeitos a cláusula testamentária que torna o testamento


irrevogável.

A única disposição testamentária que é irrevogável é o


reconhecimento de lho havido fora do casamento (artigo 1.609,
III, CC).
161

Sucessão Testamentária
- Formas de revogação (Artigo 1.969, CC)
A revogação não prescinde de uma forma. Deve apenas observar as formalidades para a
confecção do testamento. Com isso, um testamento público pode ser revogado por outro
testamento público, ou por particular, ou cerrado, ou marítimo etc.
Atenção: o codicilo não pode revogar o testamento, apenas poderá alterá-lo nas disposições
codicilares.
A revogação pode ser tácita ou expressa
a) Tácita: é a incompatibilidade entre o primeiro testamento com o testamento posterior (artigo
1.970, parag único, segunda parte, CC). Prevalecerá sempre a disposição mais recente.
Ocorrerá também revogação tácita no caso de abertura ou dilaceração do testamento cerrado
(artigo 1.972, CC).
b) Expressa: feita por testamento indicando objetivamente a revogação do testamento anterior.
162
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Sucessão Testamentária
- Revogação quanto à extensão (Artigo 1.970, CC)
a) Parcial (artigo 1.970, parag. Único): haverá revogação parcial se o
testamento posterior não revogar na totalidade o anterior, OU for
contrário com ele em partes apenas.
b) Total: o testamento posterior contem cláusula revogatória integral
OU é totalmente incompatível com seu antecessor.
- Revogação por testamento ine caz
É imprescindível que o testamento posterior seja válido para se dar a
revogação, pois não valerá a revogação se o segundo testamento for
anulado por omissão ou infração à solenidade ou por vícios (artigo
1.971, segunda parte)
163

Sucessão Testamentária
Para lembrar
Revogação é o ato do próprio testador expressa ou tacitamente retirar a e cácia do seu testamento.
Caducidade: é a ine cácia por causa posterior da disposição testamentária.

A revogação valerá se o testamento posterior vier a caducar por exclusão,


incapacidade, renúncia ou pré-morte do herdeiro nomeado, ou por não ter
cumprido a condição que lhe foi imposta (artigo 1.971, primeira parte, CC)

O testamento revogador que venha a ser revogado posteriormente não


tem força de dar validade àquele que foi feito em primeiro lugar.
Portanto, não existe uma repristinação testamentária.

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Sucessão Testamentária
Rompimento do testamento
Dá-se o rompimento do testamento quando houver descendente sucessível
ao testador, que NÃO O TINHA ou DESCONHECIA quanto testou.
Artigo 1.973, CC
É evidente que a intenção do legislador foi interpretar que, se o testador
soubesse que havia herdeiro descendente, seu testamento seria outro.
Trata-se de uma revogação presumida
A superveniência de descendente sucessível apenas é motivo para o
rompimento do testamento quando o autor da herança não possuía nenhum
herdeiro descendente. Se já possuir um herdeiro descendente e faz o
testamento , a superveniência não gerará a ruptura do testamento.
165

Sucessão Testamentária
A discussão sobre o tema sugere uma re exão.
- Se o testador SABIA da existência de um herdeiro descendente no momento que
testou, e mesmo assim testou, não se rompe o testamento.
- Se o testador NÃO SABIA da existência de um herdeiro descendente no
momento que testou, rompe-se o testamento.
Essa tese é adotada atualmente pelo STJ e aplica-se a mesma regra para o caso
de nascituro, quando o testador testou se tinha ciência ou não da concepção.
Se o testador souber da existência de herdeiros necessários e mesmo assim
dispuser de sua quota (disponível), o testamento será válido e deve ser cumprido
Artigo 1.975, CC.
166
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Sucessão Testamentária

O rompimento também se aplica nos casos de inexistirem


herdeiros necessários ou o desconhecimento deles pelo
testador no momento que testou.
Artigo 1.974, CC

167

Sucessão Testamentária
Testamenteiro
É a pessoa encarregada a dar cumprimento às disposições de última vontade
do autor da herança, recebendo poderes e cumprindo com obrigações
impostas pelo testador.
Artigo 1.976, CC
“Testamentaria” é o conjunto de funções pertinentes da pessoa do
testamenteiro, constituindo um complexo de obrigações.
A natureza jurídica do testamenteiro é controvertida.
Trata-se de um instituto “sui generis” que muito se assemelha com um
mandato, pois impõe-se a alguém um encargo baseado em con ança para
que se scalize o cumprimento das disposições de última vontade.
168
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Sucessão Testamentária
Espécies
- Instituído: é o nomeado pelo testador;
- Dativo: é o nomeado pelo juiz (artigo 1.984, CC)
-Universal: é aquele a que se confere a posse e a administração dos bens (artigo 1.977,
caput, CC).
- Particular: é aquele cuja função restringe-se à mera scalização da execução
testamentária, podendo exigir judicialmente o cumprimento do testamento.
Obs. O testador pode conferir a posse da herança ao testamenteiro apenas se não houver
cônjuge sobrevivo, descendente e ascendente, ou se esses não aceitarem ou não puderem
desempenhar essa função.
Tendo o testamenteiro a posse e a administração dos bens, terá o dever de requerer o
inventário dos bens da herança, prestar as primeiras declarações, cobrar dívidas etc.
(Artigo 1.978, CC).
169

Sucessão Testamentária
Nomeação
A nomeação do testamenteiro é feita pelo testador em testamento ou em
codicilo.
Na falta de disposição do testamenteiro, a execução testamentária será
desempenhada pelo cônjuge (ou companheiro(a)) supérstite, e na falta
dele será nomeado um herdeiro dativo (artigo 1.984, CC).
Aceitação
Pode o nomeado aceitar ou recusar livremente a nomeação sem justi car-
se.
Se aceita a nomeação, apenas poderá renunciar apresentando justi cativa.

170

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Sucessão Testamentária
Atribuições
a) apresentar ou requerer o registro do testamento em juízo
(artigo 1.979, CC).
b) executar as disposições testamentárias (artigo 1.980, CC)
c) defender a validade do testamento (artigo 1.981, CC)
d) desempenhar a função de inventariante quando lhe for
concedida a posse e a administração da herança.
O testamenteiro será sempre intimado para o inventário e ouvido
nos atos do processo.
É obrigado a prestar contas da
171
testamentaria.

Sucessão Testamentária
O prazo para cumprir o testamento é de 180 dias, contados
da aceitação da testamentaria, salvo se o testador estipulou
prazo superior ou se não houver litígio quanto ao testamento.
Artigo 1.983, CC.

Responsabilidade do testamenteiro
Artigo 1.980, CC
Deverá cumprir o prazo para cumprimento das disposições e
deverá prestar contas, sob pena de ser responsabilizado em
caso de dano.
172
Sucessão Testamentária
Remuneração
O testamenteiro que não seja herdeiro, tem direito a um prêmio,
chamado de “vintena”.
Vintena é o prêmio legalmente instituído como remuneração pelos
serviços prestados, desde de que não seja herdeiro ou legatário
(Artigo 1.987, CC).

O valor da vintena pode ser xado pelo testador e na omissão será


arbitrado pelo juiz é de 1% a 5%.

O prêmio arbitrado será pago à conta da parte disponível, quando


houver herdeiro necessário (artigo 1.987, parag. único, CC).
173

Sucessão Testamentária

O testamenteiro que for herdeiro ou legatário, poderá


renunciar à herança ou ao legado, para receber a vintena,
caso essa seja mais vantajosa.
Artigo 1.988, CC

174
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Sonegados
No processo de inventário, os herdeiros devem declarar e
restituir bens do espólio que têm em seu poder, e indicar os que
saibam encontrarem-se em mãos de terceiros.
Estão obrigados, ainda, a conferir o valor das doações que em
vida receberam do de cujus, trazendo-os à colação para igualar
a legítima dos herdeiros necessários
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do
ascendente comum são obrigados, para igualar as legítimas, a
conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob
pena de sonegação.
175

Sonegados
Art.1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os
descrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou, com o
seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que
os deva levar, ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que
sobre eles lhe cabia.
Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o
sonegador for o próprio inventariante, remover-se-á, em se
provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens,
quando indicados.

176
Sonegados
Se o bem sonegado não mais se encontrar em seu
patrimônio, o sonegador será responsável pelo seu valor,
mais as perdas e danos (CC, art. 1.995).
Mesmo que haja restituído o bem que ocultou e sofrida a
pena prevista nos arts. 1.992 e 1.994, terá de indenizar os
danos que, com o ato ilícito praticado, veio a causar, na
conformidade das regras gerais da responsabilidade civil

177

Sonegados
A sonegação se reconhece por pedido do inventariante após o
encerramento da descrição dos bens no processo de
inventário.
Artigo 1996, CC: Só se pode argüir de sonegação o
inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com
a declaração, por ele feita, de não existirem outros por
inventariar e partir, assim como argüir o herdeiro, depois de
declarar-se no inventário que não os possui.

178
Pagamento de dívidas do falecido
É sabido que o patrimônio do devedor que responde por suas
dívidas.
Enquanto vivia, o patrimônio do devedor representava a
garantia genérica dos credores. Se morre o devedor, não se
consideram, só por isso, pagas e quitadas as suas dívidas. O
direito dos credores remanesce no acervo que ele deixou. Os
credores acionarão o espólio e receberão da herança o que
lhes for devido (GONÇALVES, p 211).
179

Pagamento de dívidas do falecido


Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita
a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na
herança lhe coube.
§ 1 o Quando, antes da partilha, for requerido no inventário o pagamento de
dívidas constantes de documentos, revestidos de formalidades legais, constituindo
prova bastante da obrigação, e houver impugnação, que não se funde na alegação
de pagamento, acompanhada de prova valiosa, o juiz mandará reservar, em poder
do inventariante, bens su cientes para solução do débito, sobre os quais venha a
recair oportunamente a execução.
§ 2 o No caso previsto no parágrafo antecedente, o credor será obrigado a iniciar a
ação de cobrança no prazo de trinta dias, sob pena de se tornar de nenhum efeito
a providência indicada.
180
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Pagamento de dívidas do falecido

As despesas funerária devem observar o artigo 1998 do CC


A cobrança das dívidas do falecido faz-se, em regra, pela
habilitação do credor no inventário (artigo 642 do CPC).
O credor do herdeiro também pode se habilitar no inventário
para receber aquilo que lhe é devido.
Conforme o artigo 2.000 do CC, os credores do espólio tem
preferência aos credores do herdeiro.
181

Pagamento de dívidas do falecido


Pode ocorrer o fato de um herdeiro ser devedor do falecido e
com isso, sua parte da herança pode será responsável pelo
pagamento.
Art. 2.001. Se o herdeiro for devedor ao espólio, sua dívida
será partilhada igualmente entre todos, salvo se a maioria
consentir que o débito seja imputado inteiramente no
quinhão do devedor.

182
Colações
Colação é o ato pelo qual os herdeiros descendentes que concorrem à sucessão do ascendente
comum declaram no inventário as doações que dele em vida receberam, sob pena de
sonegados, para que sejam conferidas e igualadas as respectivas legítimas (CC, art. 2.002).
Vale destacar que o Código Civil só obriga à colação apenas os descendentes em relação às
doações recebidas dos ascendentes ( lhos que receberam dos pais, netos que receberam dos
avós e representarão o pai pré-morto cf. artigo 2009, CC).
Obs. se o avô faz doação ao neto, estando vivo o pai deste, não está obrigado o neto a trazer o
valor da doação à colação, se, futuramente, for chamado à sucessão do avô, pois, no momento
da doação, o herdeiro necessário era o lho do doador, não o neto.
O artigo acima não impôs a obrigação do cônjuge colacionar, todavia ele é obrigado conforme
disposição do artigo 544 do CC, que prevê “a doação de ascendentes a descendentes, ou de um
cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança”
Assim, conclui-se que o cônjuge também está sujeito à colação.
183

Colações
A nalidade do instituto é claramente igualar as legítimas dos descendentes e do
cônjuge sobrevivente (artigo 2.003, CC).

O valor dos bens será conforme artigo 2.004, CC, que prevê:
O valor de colação dos bens doados será aquele, certo ou estimativo, que lhes atribuir
o ato de liberalidade.
§ 1 o Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver estimação feita
naquela época, os bens serão conferidos na partilha pelo que então se calcular
valessem ao tempo da liberalidade.
§ 2 o Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o das benfeitorias
acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo também à conta
deste os rendimentos ou lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem.
184
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Colações
Dispensa-se da colação as doações que o doador determinar
saiam da parte disponível, contanto que não a excedam,
computado o seu valor ao tempo da doação (artigo 2.005, CC).
Artigo 2005, Parágrafo único. Presume-se imputada na parte
disponível a liberalidade feita a descendente que, ao tempo do
ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro
necessário (é o que se vê na doação feita por avô para neto,
quanto o pai deste era vivo).
Vide também artigo 2.006 CC
185

Colações
Também dispensa-se a colação os gastos do ascendente com o descendente menor.
Art. 2.010. Não virão à colação os gastos ordinários do ascendente com o
descendente, enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário,
tratamento nas enfermidades, enxoval, assim como as despesas de casamento, ou
as feitas no interesse de sua defesa em processo-crime.
Art. 2.011. As doações remuneratórias de serviços feitos ao ascendente também não
estão sujeitas a colação.
Entende-se nesse caso que não são liberalidades, mas contraprestação, fornecida
pelo doador, que paga pelos favores recebidos do donatário.
P.ex.: lho maior, vivendo a expensas do pai, compensa os favores recebidos com
uma assistência cotidiana, amparando-o em sua velhice, e lhe compensa por isso,
não será considerado para colação.
186
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Colações
A doação feito por ambos os cônjuges para descendente
comum, observará a regra do artigo 2.012 do CC.
Art. 2.012. Sendo feita a doação por ambos os cônjuges, no
inventário de cada um se conferirá por metade.
P.ex.: Pai e mãe doam um bem em conjunto para o lho.
Quando o pai morrer e a mãe continuar viva, o lho que
recebeu a doação apenas precisará colacionar a metade do
que recebeu. A outra metade deverá colacionar apenas no
falecimento da mãe.
187

Procedimentos Especiais
Inventário
• Inventário
“É um procedimento especial de jurisdição contenciosa que tem
como nalidade discriminar quais os bens e obrigações que
integram o acervo hereditário, e indicar os herdeiros e legatários do
de cujus, estabelecendo o quinhão que caberá a cada um na
partilha, e o que caberá a eventuais credores (GONÇALVES, p. 333)”

Com a morte (real ou presumida) extingue-se a personalidade


jurídica da pessoa natural.
É nesse exato momento que se transfere aos herdeiros a
propriedade dos bens do falecido, pelo princípio da saisine (artigo
1.784, CC)

A herança é uma universalidade de bens (artigo 91, CC) que será


transmitida integralmente aos herdeiros ou legatários como uma
massa indivisível que se atribui o nome de espólio.
188
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Procedimentos Especiais
Inventário

O espólio não é dotado de personalidade jurídica, mas tem


capacidade para ser parte nas ações patrimoniais que
interessam à massa.

Assim, o inventário se presta para enumerar e descrever


todos os bens e obrigações do de cujus.

Deve-se excluir do inventário a parte dos bens que


pertencem exclusivamente à viúva meeira.

Isola-se o que pertencia ao falecido daquilo que pertencia


ao cônjuge supérstite.

189

Procedimentos Especiais
Inventário
Finalidades do inventário

- permitir que sejam elencados os bens, direitos e obrigações


do de cujus;
- isolar tais bens da meação do cônjuge;
- elencar os herdeiros e legatários do falecido;
- veri car se a herança tem forças para pagar as dívidas;
- estabelecer a forma que serão feitos os pagamentos;
- dispor sobre a forma pala qual se realizará a partilha entre os
herdeiros e legatários;
- permitir que oportunamente seja regularizada a situação dos
imóveis perante o registro;
- permitir que o Ministério Público scalize interesse de
incapazes;
- permitir que sejam regularizados os aspectos tributários.
190
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Procedimentos Especiais
Inventário
- Inventário negativo
Quando o de cujus não deixa bens é preciso que os herdeiros ou o
cônjuge supérstite obtenham uma declaração desse fato.
Não há previsão legal desse procedimento, mas ele tem se
mostrado útil para demonstrar para os credores que
eventualmente pretendam cobrar dívidas do falecido.
É útil para habilitar o(a) viúvo(a) a contrair novo casamento, nos
termos do artigo 1.523 do Código Civil:
Art. 1.523, CC: Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto
não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros.

- Obrigatoriedade do inventário judicial


Art. 610, caput, CPC: Havendo testamento ou interessado
incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial.
191

Procedimentos Especiais
Inventário
- Desnecessidade de inventário
Alguns bens também não precisam ser inventariados nos termos do artigo 666 CPC e
da Lei nº 6.858/80
Art. 1º: Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das
contas individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de
Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos respectivos titulares, serão
pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou
na forma da legislação específica dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos
sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de
inventário ou arrolamento.
Art. 2º - O disposto nesta Lei se aplica às restituições relativas ao Imposto de Renda e
outros tributos, recolhidos por pessoa física, e, não existindo outros bens sujeitos a
inventário, aos saldos bancários e de contas de cadernetas de poupança e fundos de
investimento de valor até 500 (quinhentas) Obrigações do Tesouro Nacional.
Basta que o interessado requeira ao juiz da Vara de Família e Sucessões a liberação das
quantias através de Alvará Judicial.
A competência é da Justiça Estadual, inclusive para os valores do PIS/PASEP (Súmula
161, STJ).
192
Procedimentos Especiais
Inventário

É, também, desnecessária, a Ação de Inventário, quando


todos os interessados forem capazes e não se não houver
testamento (artigo 610, §1º, CPC), podendo a partilha ser
feita através de escritura pública em tabelionato, sendo as
partes obrigatoriamente assistidas por advogado ou
defensor público (artigo 610, §2º, CPC).

193

Procedimentos Especiais
Inventário
- Partilha
É o estabelecimento de quanto caberá a cada herdeiro, ou seja,
é a identi cação de qual o quinhão que corresponderá a cada
um dos herdeiros.

Não é necessária a partilha se houver apenas um herdeiro.

Poderá ser amigável no caso de todos os herdeiros estarem de


acordo com seus termos, podendo ser resolvida judicial ou
extrajudicialmente quando a lei permitir.

Se for levada ao Poder Judiciário, será feito nos termos do


artigo 2.015, CC: Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer
partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do
inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz
194
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Procedimentos Especiais
Inventário
- Competência

É exclusiva da autoridade judiciária brasileira, quando houver bens situados no


Brasil (Artigo 23, II, CPC)

As regras de competência interna para ação de Inventário estão no artigo 48,


CPC:

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para


o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última
vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as
ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo,
é competente: Trata-se de
competência relativa
I - o foro de situação dos bens imóveis; (Sum 71, TJ/SP)
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

195

Procedimentos Especiais
Inventário

- Prazo para ajuizamento da ação.

É de dois meses o prazo, nos termos do artigo 611, CPC.

Se não for ajuizada a ação no prazo legal, será imposta


multa sobre o imposto a recolher.

Em SP a multa é de 10% do valor do imposto se o atraso


se der entre 61 e 180 dias. A partir de 181 dias a multa será
de 20 %.

196
Procedimentos Especiais
Inventário
- Valor da causa e custas iniciais
Deve-se atribuir a causa o valor consta na Lei de Organização do Judiciário
dos Estados, considerando o monte mor.

Em SP há uma tabela nos termos da Lei 11.608/2003 - SP que determina o


valor a ser pago de custas iniciais

197

Procedimentos Especiais
Inventário
- Abertura do inventário

Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem


estiver na posse e na administração do espólio, no prazo estabelecido
no art. 611.

Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:


I - o cônjuge ou companheiro supérstite;
II - o herdeiro;
III - o legatário;
IV - o testamenteiro;
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse;
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do
autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite.
198
Procedimentos Especiais
Inventário
A abertura se dá com um pedido feito por petição
subscrita por advogado, devendo informar ao juiz o óbito e
requerendo a abertura do inventário, bem como a
nomeação de inventariante.

A petição será instruída com a certidão de óbito e dos


documentos que comprovem que o requerente possui
interesse na abertura do inventário (artigo 615, par. ún.
CPC).

Estando em ordem o pedido, o juiz nomeará inventariante


a que competirá prestar compromisso no prazo de cinco
dias (artigo 617 parág. único, CPC,).
199

Procedimentos Especiais
Inventário

- Administrador provisório

Entre a abertura da herança e a propositura da ação de


inventário, pode existir um lapso temporal de dias, meses
ou anos.

Nesse interregno o espólio é representado pelo


administrador provisório (artigo 613, CPC).

As obrigações desse administrador provisório e a


representação do espólio estão elencadas no artigo 614,
CPC.

200
Procedimentos Especiais
Inventário
A ordem para se estabelecer esse administrador provisório é a
contida no:
Artigo 1.797, CC: Até o compromisso do inventariante, a
administração da herança caberá, sucessivamente:
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao
tempo da abertura da sucessão;
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens,
e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho;
III - ao testamenteiro;
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das
indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser
afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.

Quando aberto o inventário e a assinatura do compromisso do


inventariante, cessa a atividade do administrador.
201

Procedimentos Especiais
Inventário
- Inventariante
Será o representante do espólio após assinatura do termo de compromisso.
O inventariante pode apenas ser pessoa capaz, respeitando a ordem
estabelecida no artigo 617, CPC.
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo
com o outro ao tempo da morte deste;
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não
houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser
nomeados;
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na
administração do espólio;
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se
toda a herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.
202
Procedimentos Especiais
Inventário
- Deveres do inventariante

Artigo 618, CPC:

I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele,


observando-se, quanto ao dativo, o disposto no art. 75, § 1o;
II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência que
teria se seus fossem;
III - prestar as primeiras e as últimas declarações pessoalmente ou por
procurador com poderes especiais;
IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os
documentos relativos ao espólio;
V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver;
VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou
excluído;
VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe
determinar;
VIII - requerer a declaração de insolvência.
203

Procedimentos Especiais
Inventário

Mais deveres do inventariante:

Artigo 619, CPC

I - alienar bens de qualquer espécie;

II - transigir em juízo ou fora dele;

III - pagar dívidas do espólio;

IV - fazer as despesas necessárias para a conservação e o


melhoramento dos bens do espólio.

204
Procedimentos Especiais
Inventário
- Remoção do inventariante

É a punição aplicada ao inventariante que não desempenhou sua


função de maneira satisfatória.

Art. 622. O inventariante será removido de ofício ou a requerimento:


I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas
declarações;
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas
infundadas ou se praticar atos meramente protelatórios;
III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem
dilapidados ou sofrerem dano;
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de
cobrar dívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para
evitar o perecimento de direitos;
V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas;
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.
205

Procedimentos Especiais
Inventário
O pedido de remoção gera um incidente processual e pode
ser requerido a qualquer tempo e será apensado aos autos
(artigo 623, CPC)

O inventariante terá um prazo de 15 dias para se defender.

Se o juiz acolher o pedido será nomeado um novo


inventariante respeitada a ordem do artigo 617, CPC (artigo
624, CPC).

O removido deverá dar a administração e a posse dos bens


ao novo inventariante sob pena de busca e apreensão e
multa eventualmente multa - astreintes (artigo 625, CPC).

206
Procedimentos Especiais
Inventário
- Primeiras declarações

Art. 620. Dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou o


compromisso, o inventariante fará as primeiras declarações, das quais se
lavrará termo circunstanciado, assinado pelo juiz, pelo escrivão e pelo
inventariante, no qual serão exarados:

I - o nome, o estado, a idade e o domicílio do autor da herança, o dia e o lugar


em que faleceu e se deixou testamento;

II - o nome, o estado, a idade, o endereço eletrônico e a residência dos


herdeiros e, havendo cônjuge ou companheiro supérstite, além dos respectivos
dados pessoais, o regime de bens do casamento ou da união estável;

III - a qualidade dos herdeiros e o grau de parentesco com o inventariado;

IV - a relação completa e individualizada de todos os bens do espólio, inclusive


aqueles que devem ser conferidos à colação, e dos bens alheios que nele forem
encontrados, descrevendo-se:
207

Procedimentos Especiais
Inventário
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se
encontram, extensão da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos,
números das matrículas e ônus que os gravam;

b) os móveis, com os sinais característicos;

c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos;

d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-


se-lhes especificadamente a qualidade, o peso e a importância;

e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de


sociedade, mencionando-se-lhes o número, o valor e a data;

f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a origem da


obrigação e os nomes dos credores e dos devedores;

g) direitos e ações;

h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.


208
Procedimentos Especiais
Inventário
- Citações

Art. 626. Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os


termos do inventário e da partilha, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros
e os legatários e intimar a Fazenda Pública*, o Ministério Público, se houver
herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se houver testamento.

§ 1º O cônjuge ou o companheiro, os herdeiros e os legatários serão


citados pelo correio, observado o disposto no art. 247, sendo, ainda,
publicado edital, nos termos do inciso III do art. 259.

Trata-se o inventário de ação de direito pessoal, não real, sendo


desnecessária a citação do cônjuge do herdeiro, muito embora existem
divergência jurisprudencial nesse sentido.

* A Fazenda Pública (Estadual) será citada por conta do seu interesse no


imposto de transmissão causa mortis.
209

Procedimentos Especiais
Inventário
- Impugnações

Após concluídas as citações, no prazo comum de 15 dias, as partes se


manifestarão sobre as primeiras declarações (artigo 627, CPC). Podem elas:
se omitir, concordar ou impugnar.

Pode ser arguido em sede impugnação:

I - arguir erros, omissões e sonegação de bens;

II - reclamar contra a nomeação de inventariante

III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro.

Se a matéria alegada no item “III” não for possível apurar apenas por
documentos, o juiz remeterá as partes para as vias ordinárias, e sobrestará a
entrega do quinhão ao herdeiro contestado, até julgamento da ação (artigo
627, § 3º, CPC).
210
Procedimentos Especiais
Inventário
Quem não for incluído no processo, poderá ingressar na ação até
o momento da partilha (artigo 628, CPC).

Serão ouvidas as partes no processo no prazo de 15 dias (artigo


628, § 1º, CPC).

Após o juiz decidirá.

Se necessário mais que provas documentais, o juiz remeterá o


requerente para as vias ordinárias, reservando uma fração do
quinhão que lhe caberia, até a decisão nal do litígio (artigo 628, §
2º, CPC).

A decisão que julga qualquer das impugnações é decisão


interlocutória passível de agravo de instrumento (artigo 1.015, par.
ún. CPC).
211

Procedimentos Especiais
Inventário

Findo o prazo para as manifestações, a Fazenda Pública


(em 15 dias) informará ao juízo o valor dos bens de raiz
(bens imóveis), caso já não haja o valor levado ao
processo pelo inventariante com a comprovação do valor
venal (artigo 629, CPC).

212

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Procedimentos Especiais
Inventário

- Avaliações

Será necessário nomear perito para avaliação dos bens, se


na comarca não houver avaliador judicial (artigo 630, CPC)

Finalidade: calcular o imposto e veri car a correção da


partilha para que nenhum herdeiro que prejudicado.

A avaliação pode ser dispensada se todas as partes forem


capazes, e se a Fazenda Pública não impugnar o valor
atribuído aos bens nas primeiras declarações (artigo 633,
CPC).

213

Procedimentos Especiais
Inventário
Se necessária a avaliação, o juiz nomeará um perito avaliador.
Essa perícia seguira os termos dos artigos 872 e 873, CPC (artigo
631, CPC).

Trata-se de mera avaliação, não cabendo a indicação de


assistente técnico.

As partes poderão se manifestar sobre o laudo no prazo de 15 dias


Artigo 635, CPC.
[…]
§ 1º: Versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz
a decidirá de plano, à vista do que constar dos autos.
§ 2º: Julgando procedente a impugnação, determinará o juiz que o
perito retifique a avaliação, observando os fundamentos da
decisão.
214

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Procedimentos Especiais
Inventário
- Últimas Declarações

Art. 636: Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas


a seu respeito, lavrar-se-á em seguida o termo de últimas
declarações, no qual o inventariante poderá emendar, aditar ou
completar as primeiras.

Art. 637: Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo


comum de 15 (quinze) dias, proceder-se-á ao cálculo do tributo.

Função: permitir que o inventariante emende, complete ou adite as


primeiras declarações.
Se nada houver a ser alterado, pode o inventariante apenas
rati car as primeiras declarações, informando que não tem nada a
alterar.
215

Procedimentos Especiais
Inventário

- Cálculo do tributo

Art. 638: Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as


partes no prazo comum de 5 (cinco) dias, que correrá em
cartório, e, em seguida, a Fazenda Pública.

§ 1º Se acolher eventual impugnação, o juiz ordenará nova


remessa dos autos ao contabilista, determinando as
alterações que devam ser feitas no cálculo.

§ 2º Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do


tributo.

216
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Procedimentos Especiais
Inventário
- Impostos
Após apresentadas as últimas declarações, será calculado o imposto causa
mortis.
Destaca-se que outros impostos como p.ex.: IPTU, IPVA, INSS etc. devem ser
quitados antes da partilha.
Cálculo do imposto:
SÚMULA Nº 112, STF: O IMPOSTO DE TRANSMISSÃO "CAUSA MORTIS" É
DEVIDO PELA ALÍQUOTA VIGENTE AO TEMPO DA ABERTURA DA SUCESSÃO.
SÚMULA Nº 113, STF: O IMPOSTO DE TRANSMISSÃO "CAUSA MORTIS" É
CALCULADO SOBRE O VALOR DOS BENS NA DATA DA AVALIAÇÃO.

O cálculo será feito com base no Código Tributário Nacional e na base da


Legislação Estadual.

Obs. Deve-se desconsiderar a metade da viúva nos casos da meação para o


cálculo do imposto.

217

Procedimentos Especiais
Inventário
- Colações
Colação é o ato pelo qual descendentes que concorrem à sucessão de ascendente
comum trazem ao espólio o bem que recebeu em vida para igualar a legítima, sob
pena de sonegação
Artigo 2.002, CC: Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente
comum são obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que
dele em vida receberam, sob pena de sonegação.

Artigo 2.003, CC: A colação tem por fim igualar, na proporção estabelecida neste
Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente, obrigando
também os donatários que, ao tempo do falecimento do doador, já não possuírem
os bens doados.

O descendente que recebeu em vida doação de seu ascendente deve colacionar os


bens após a citação (artigo 639, CPC)

Artigo 2.014, CC: No prazo estabelecido no art. 1.000, o herdeiro obrigado à colação
conferirá por termo nos autos os bens que recebeu ou, se já os não possuir, trar-
lhes-á o valor.
218
Procedimentos Especiais
Inventário
O cálculo das colações deve seguir a seguinte regra
Artigo 2.004, CC: O valor de colação dos bens doados será aquele,
certo ou estimativo, que lhes atribuir o ato de liberalidade.
§1º Se do ato de doação não constar valor certo, nem houver
estimação feita naquela época, os bens serão conferidos na
partilha pelo que então se calcular valessem ao tempo da
liberalidade.
§2º Só o valor dos bens doados entrará em colação; não assim o
das benfeitorias acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro
donatário, correndo também à conta deste os rendimentos ou
lucros, assim como os danos e perdas que eles sofrerem.

A interpretação deve ser no sentido de se atualizar o valor do bem


considerando a data da liberalidade e a data da abertura da
sucessão.
219

Procedimentos Especiais
Inventário

Mesmo que o herdeiro bene ciado com a liberalidade


renuncie a herança, deverá colacionar os bens recebidos
(artigo 640, CPC)

Dispensa-se a colação se o doador determinar que os


bens doados saíram da sua parte disponível, desde que
não a exceda

Se o herdeiro negar o recebimento de bens


Artigo 641, CPC.

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Procedimentos Especiais
Inventário
- Pagamento das dívidas

Trata-se de verdadeira habilitação de crédito.

Pode o credor peticionar no próprio inventário requerendo o pagamento de uma


dívida, desde que o faça antes da partilha (artigo 642, caput, CPC).

A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por


dependência e autuada em apenso aos autos do processo de inventário (§1º)

Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor,


mandará que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens
su cientes para o seu pagamento (§ 2º)

Para o pagamento do juiz determinará a venda de bens em leilão (§3º)

Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, Ihe sejam adjudicados, para o seu
pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando
todas as partes (§4º).
221

Procedimentos Especiais
Inventário

Não havendo concordância das partes na dívida, o credor


será remetido para as vias ordinárias (artigo 643, CPC)

O juiz mandará, porém, reservar em poder do inventariante


bens su cientes para pagar o credor, quando a dívida
constar de documento que comprove su cientemente a
obrigação e a impugnação não se fundar em quitação.

Podem os credores de dívidas não vencidas se habilitarem


no inventário (artigo 644, CPC)

Se as partes concordarem, se separará bens para o futuro


pagamento.
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Procedimentos Especiais
Inventário
- Partilha

É a divisão dos bens entre os sucessores


É a fase que se inicia depois de encerrada a fase do inventário.

Para que se chegue ao monte partível é preciso que se faça o


pagamento das dívidas e se isole a meação do cônjuge supérstite.

Partilha amigável: será feita entre os herdeiros (desde que todos


sejam capazes). Serão os próprios herdeiros que resolverão a
divisão dos bens.
Será apenas homologada pelo juiz (artigo 659, CPC)

Partilha judicial: será obrigatória quando houver incapazes, ou não


houver acordo entre os herdeiros sobre a divisão dos bens.

223

Procedimentos Especiais
Inventário
Se a partilha for judicial seguirá o procedimento do artigo 647,CPC.

Ao se estabelecer o monte partível, o juiz concederá o prazo de 15 dias para


as partes formularem o pedido de quinhão.

Em seguida decidirá sobre a deliberação da partilha, designando os bens que


devem constituir cada quinhão.

É possível o juiz decidir antecipadamente o exercício do direito de usar e fruir


de certo bem, condicionando que ao m da ação o referido bem integre a
cota desse herdeiro (artigo 647, par. ún., CPC).

O juiz ao decidir sobre a partilha deverá observar quanto ao valor, natureza e


qualidade dos bens, a maior igualdade possível (artigo 2.017, CC).

Não quer dizer que cada herdeiro receberá uma fração ideal e proporcional a
sua parte na herança. A partilha não signi ca mero fracionamento, deve-se
evitar quanto possível a subsistência de condomínio.
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Procedimentos Especiais
Inventário
O artigo 649 do CPC reproduziu o artigo 2.019 do CC.

Artigo 2.019, CC : Os bens insuscetíveis de divisão cômoda, que não


couberem na meação do cônjuge sobrevivente ou no quinhão de um
só herdeiro, serão vendidos judicialmente, partilhando-se o valor
apurado, a não ser que haja acordo para serem adjudicados a todos.

§ 1º Não se fará a venda judicial se o cônjuge sobrevivente ou um ou


mais herdeiros requererem lhes seja adjudicado o bem, repondo aos
outros, em dinheiro, a diferença, após avaliação atualizada.

§ 2º Se a adjudicação for requerida por mais de um herdeiro,


observar-se-á o processo da licitação.

Será adjudicado o bem por meio de licitação àquele que oferece o


maior preço.
225

Procedimentos Especiais
Inventário

Ao nascituro será reservado o seu direito até o nascimento


com vida (artigo 650, CPC).

A partir desse momento, será feito o esboço da partilha,


nos termos do artigo 651 a 653, CPC.

Após o esboço da partilha serão pagos os impostos (artigo


654, CPC).

Ao m será expedido o formal da partilha (artigo 655,


CPC).

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Procedimentos Especiais
Inventário
O Formal de Partilha pode ser emendado convindo todas
as partes, para correção de inexatidão material (656, CPC).

- Anulação da partilha

A partilha amigável pode ser anulada, por dolo, coação,


erro essencial ou intervenção de incapaz, no prazo de 1
ano (artigo 657, CPC).

A partilha judicial é rescindível assim como a partilha


amigável, ou se faltarem as formalidades legais ou feitas
com preterição de herdeiro ou inclusão de quem não é
herdeiro (artigo 658, CPC).
227

Procedimentos Especiais
Inventário
- Sobrepartilha
Os bens que não foram partilhados no curso do inventário
serão posteriormente partilhados através da sobrepartilha
(arts. 669 e 670, CPC).

- Inventário conjunto
É a possibilidade de se fazer o inventário do cônjuge em
conjunto do outro cônjuge também falecido (artigo 672,
CPC).

O segundo inventário poderá ou não ser distribuído por


dependência ao primeiro, com a nomeação de apenas um
inventariante (artigo 672, par. ún, CPC).
228
Procedimentos Especiais
Inventário
- Arrolamento

É a forma simpli cada de se inventariar bens cujo monte


não ultrapasse o valor de 1.000 salários mínimos (artigo
664, CPC)

Admite-se nessa modalidade inclusive se houver interesse


de incapaz (artigo 665, CPC).

As regras desse procedimento serão observadas


obrigatoriamente. O que não constar nelas serão utilizadas
as do procedimento de inventário, como p.ex.:pagamento
dos credores (artigo 667, CPC).
229

Procedimentos Especiais
Inventário
- Arrolamento sumário

É uma espécie de inventário amigável e com todos herdeiros capazes.

Aqui é irrelevante o valor dos bens deixados.

Artigo 659 a 662, CPC.

Tese Firmada

Tema Repetitivo 1074 - STJ: No arrolamento sumário, a homologação da


partilha ou da adjudicação, bem como a expedição do formal de partilha
e da carta de adjudicação, não se condicionam ao prévio recolhimento
do imposto de transmissão causa mortis, devendo ser comprovado,
todavia, o pagamento dos tributos relativos aos bens do espólio e às
suas rendas, a teor dos arts. 659, § 2º, do CPC/2015 e 192 do CTN.
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