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Roteiro 04
1.1. Aceitação
Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves, a aceitação ou adição da herança é ato pelo qual o
herdeiro anui à transmissão dos bens do de cujus, ocorrida por lei com a abertura da sucessão,
confirmando-a.
Que o herdeiro poderá renunciar a herança, e os efeitos dessa renuncia são ex-tunc,
retroagindo desde a data da abertura da sucessão - principio da saisine.
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a
abertura da sucessão.
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à
herança.
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.
Obs.: A aceitação pode ser expressa, tácita ou presumida (Ver: art. 1805/CC)
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando
tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte
dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para,
nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.
Silencio qualificado
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.
Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar
passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva,
ainda não verificada.
Ver: art.1809/CC
De acordo com Caio Mário, no caso do falecimento do herdeiro sem declarar se aceita ou não
a herança, a faculdade passa aos seus sucessores, valendo a declaração destes, como se
daquele partisse. Ainda conforme o referido autor, com a morte do herdeiro, não poderá ser
transmitido ao sucessor a herança ainda não aceita, mas será transferido o poder de
aceitação ou repúdio, pertinente ao herdeiro desde a abertura da sucessão.
1.2.Renúncia
De acordo com Caio Mário, a renúncia não poderá ser feita antes de aberta a sucessão e não
será possível renunciar caso o herdeiro pratique qualquer ato que equivale à aceitação.
Obs1.: O Agente para renunciar deverá ser capaz. Poderá ser realizada por mandatário, que
deverá ter poderes para tanto. Em recente decisão o STJ entendeu que a renúncia realizada
por procurador deverá ser feita por instrumento público. (REsp. 1236671)
Renúncia à herança só pode ser feita por procurador constituído por instrumento público
Por maioria de votos, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que,
quando a renúncia à herança é feita por procurador, este não pode ser constituído mediante
instrumento particular. A outorga da procuração precisa ser feita por instrumento público ou
termo judicial.
Acompanhando o voto-vista do ministro Sidnei Beneti, a Turma entendeu que, se o artigo 1.806
do Código Civil (CC) estabelece que a renúncia deve constar expressamente de instrumento
público ou termo judicial, então a concessão de poderes para essa renúncia também tem de ser
realizada por meio dos mesmos instrumentos.
A questão discutida pelos ministros não foi em relação à possibilidade ou não da renúncia por
procurador, a qual é inteiramente válida quando a procuração dá poderes específicos para a
renúncia. A Turma discutiu a forma de constituição do procurador para a renúncia, ou seja, a
necessidade de instrumento público para a transmissão de poderes.
Cautela
Beneti ressaltou que a exigência de instrumento público, constante no artigo 1.806 do CC, é
decorrente do disposto no artigo 108 do mesmo código, que considera a escritura pública
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem “à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis”.
Segundo o ministro, “a exigência da lei tem toda razão de ser, pois, caso contrário, seria aberto
caminho fácil à atividade fraudulenta por intermédio de escritos particulares”. Assim, ele
concluiu que o acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) violou o artigo 1.806 do CC,
ao validar renúncia à herança feita por procurador constituído por instrumento particular.
Por isso, seguindo o voto de Beneti, a maioria dos ministros da Turma deu provimento ao
recurso, restabelecendo a sentença de primeiro grau. Ficou vencido o relator, ministro Massami
Uyeda, que negava provimento ao recurso e mantinha a decisão do TJSP.
Irrevogável
Efeito ex-tunc
Requer capacidade
Obs2: Se a herança é bem imóvel, a renúncia do herdeiro casado pode depender de vênia
conjugal.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização
do outro, exceto no regime da separação absoluta:
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Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves, o herdeiro renunciante será tratado como se jamais
houvesse sido chamado, portanto, a renúncia tem por efeito afastar o renunciante da
sucessão.
Caio Mário aduz, “Ao propósito, costuma-se distinguir da renúncia abdicativa a chamada
renúncia translativa, que implica a transmissão a determinada pessoa, designada pelo
renunciante. A primeira (abdicativa) é verdadeira renúncia, ao passo que a segunda
(translativa ou translatícia) envolve duas declarações de vontade, importando em aceitação e
alienação simultânea ao favorecido.”
Em sua obra, Rosenvald e Cristiano Chaves, aduzem o seguinte: a renúncia é ato simples de
despojamento da herança, não sendo possível destinar o patrimônio repudiando ao benefício
de terceiros. Ou seja, a renúncia não tende ao favorecimento de terceiros, tratando-se,
portanto, de ato abdicativo. Ainda, entendem que na renuncia translativa, o herdeiro estaria
aceitando a herança para em seguida cede-la gratuitamente à terceiros, por isso, se trata na
verdade de uma cessão de direitos hereditários.
Imposto Estadual
Art. 1.810/CC Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da
mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente.
Nas palavras de Tartuce, o art. 1810/CC prevê, na hipótese de renúncia, que a parte do
herdeiro renunciante, seja devolvida aos herdeiros da mesma classe. Aduz ainda o referido
autor, que ninguém poderá suceder representando o herdeiro renunciante, pois a renúncia
gera um tratamento ao renunciante como se ele nunca tivesse existido como pessoa.
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De acordo com Maria Berenice Dias, com a renúncia, opera-se o direito de acrescer: o quinhão
volta automaticamente aos herdeiros. Neste caso, os descendentes do renunciante não
podem representa-lo porque ele nada recebeu.
Credores
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão
eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
*** Somente cabível àqueles que já eram credores quando do repúdio à herança.
Obs.: Falência – ato de renúncia é ineficaz em relação à massa falida se operada até dois anos
antes da decretação da falência.
Lei 11.101/2005
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento
do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar
credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por
qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizadas dentro do termo legal, por qualquer
forma que não seja a prevista pelo contrato;
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal,
tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de
outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca
revogada;
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver
oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do
registro de títulos e documentos;
Questão discursiva:
b) Bruno poderá aceitar a herança em nome de Roberto, desde que o faça no prazo de
quarenta dias seguintes ao conhecimento do fato.
2. Márcia era viúva e tinha três filhos: Hugo, Aurora e Fiona. Aurora, divorciada, vivia
sozinha e tinha dois filhos, Rui e Júlia. Márcia faleceu e Aurora renunciou à herança da
mãe.
3. Heitor, solteiro e pai de dois filhos também solteiros (Roberto, com trinta anos de idade, e
Leonardo, com vinte e oito anos de idade), vem a falecer, sem deixar testamento. Roberto,
não tendo interesse em receber a herança deixada pelo pai, a ela renuncia formalmente por
meio de instrumento público. Leonardo, por sua vez, manifesta inequivocamente o seu
interesse em receber a herança que lhe caiba. Sabendo-se que Margarida, mãe de Heitor,
ainda é viva e que Roberto possui um filho, João, de dois anos de idade, assinale a
alternativa correta.
a) Roberto não pode renunciar à herança, pois acarretará prejuízos a seu filho, João, menor de
idade.
b) Roberto pode renunciar à herança, o que ocasionará a transferência de seu quinhão para
João, seu filho.
c) Roberto pode renunciar à herança, e, com isso, o seu quinhão será acrescido à parte da
herança a ser recebida por Leonardo, seu irmão.