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Sucessão Legítima (ou ab intestato) —> decorre da lei; morrendo a pessoa sem
testamento transmite-se a herança aos herdeiros legítimos indicados pela lei. Também
será legítima se o testamento caducar ou for declarado nulo.
Efeitos da renúncia:
• O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão; seus
efeitos retroagem à data da abertura da sucessão. O que repudia a herança pode
aceitar legado.
• O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-se de imediato
aos outros herdeiros da mesma classe (direito de acrescer). Os descendentes do
renunciante não herdam por representação. No entanto, se ele for o único da classe
seus filhos herdam por direito próprio e por cabeça.
• O renunciante não perde o usufruto e nem a administração dos bens que, pelo seu
repúdio, foram transmitidos aos seus filhos menores.
• A renúncia da herança é irretratável e irrevogável.
Herança Vacante
Superada esta primeira fase, os bens passam, então, para a propriedade do Estado
(em sentido amplo). Mas ainda não de forma plena, mas apenas resolúvel
(propriedade resolúvel —> é a que pode se “resolver”, ou seja, se extinguir). Somente
após 05 (cinco) anos da abertura da sucessão a propriedade passa para o domínio
público (Município, Distrito Federal ou União). Comparecendo herdeiro, converte-se a
arrecadação em inventário regular.
O Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol de herdeiros apontados na
ordem de vocação hereditária. É, portanto, um sucessor irregular, desde que haja
sentença que declare a vacância dos bens.
SUCESSÃO LEGÍTIMA
Arts 1829 – 1844 do Código Civil. Sucessão Legítima é aquela em que o de cujus
faleceu sem testamento (ou ab intestato), ou o testamento deixado caducou, ou é
ineficaz. Há uma relação preferencial das pessoas que são chamadas a suceder o
finado. Se deixou testamento, mas havia herdeiro necessário, é possível que ocorra
uma redução das disposições testamentárias para respeitar a quota dos mesmos,
prevista em lei.
Portanto, na sucessão legítima os herdeiros são apresentados pelo legislador e essa
sequência é denominada ordem de vocação hereditária.
Ascendentes: mais próximos excluem remotos. Não há distinção entre linha materna
e paterna (Art 1836, § 2º), o que interessa é o grau. Não há direito de representação
para ascendentes (Art 1852).
Observações importantes:
1. Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da classe precedente.
Exemplo: os ascendentes só serão chamados na sucessão se não houver
descendentes.
2. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, exclui o mais remoto.
Exemplo: o de cujus deixou um filho e este possui dois filhos (que são netos do de
cujus); a herança irá somente para o filho, excluindo, neste caso, os netos.
3. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente são considerados
herdeiros necessários; neste caso o testador só poderá dispor por testamento de
metade da herança. Isto é, metade de seus bens irá obrigatoriamente para os
herdeiros necessários (salvo alguma hipótese de deserdação). A outra metade ele
poderá dispor em testamento.
4. Todos os filhos herdam em igualdade de condições (Constituição Federal, art. 227,
§ 6º: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação”). Assim, um filho não pode ser chamado de adulterino ou bastardo.
Tanto faz seja ele proveniente de um casamento ou de uma relação extraconjugal: é
filho do mesmo jeito e terá direito à herança.
5. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer exatamente desta
forma, ou seja, pode haver algumas modificações.
Restrições do testamento
Não se pode dispor de mais da metade dos bens havendo herdeiros necessários
(descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente), salvo se os mesmos forem
deserdados. As disposições que excederem à metade disponível será reduzida ao
limite dela. Reduzem-se também as doações feitas em vida, que atingiram a legítima
dos herdeiros necessários (são chamadas doações inoficiosas).
Um testamento pode ser revogado por outro (de qualquer espécie), total ou
parcialmente. Não há hierarquia entre os testamentos.
FORMAS DE TESTAMENTO
1) ORDINÁRIO: a) Público; b) Particular; c) Cerrado
2) ESPECIAL: a) Militar; b) Marítimo; c) Aeronáutico
TESTAMENTO ORDINÁRIO
Requisitos:
• Escrito (em língua nacional ou estrangeira – art. 1.871 CC) e assinado pelo testador;
pode ser escrito mecanicamente, desde que todas as páginas sejam numeradas e
autenticadas com sua assinatura (art. 1.868, parágrafo único CC).
• Entregue ao oficial na presença de 02 (duas) testemunhas.
• Oficial pergunta se este é o testamento e exara o auto de aprovação, tendo-o por
bom, firme e valioso.
• Leitura do auto de aprovação.
• É cerrado (fechado e lacrado) e costurado.
Morto o testador, deve o testamento cerrado ser apresentado ao Juiz para as
formalidades da abertura, e para que o Juiz mande registrar, arquivar e cumprir (arts.
1.125 e 1.126 do C.P.C.).
Observações:
1. Estão proibidas de usar este testamento as pessoas que não saibam ler
(analfabetos e cegos).
2. As testemunhas, ao contrário do testamento público, não sabem quais são as
disposições testamentárias.
3. Desvantagens: possui muitas formalidades, pode ser ocultado; qualquer vício o
invalida (ex: lacre rompido).
Requisitos:
• Escrito de próprio punho pelo testador ou mediante processo mecânico (art. 1.876
CC)– neste caso não pode conter rasuras ou espaços em branco.
• 03 (três) testemunhas.
• Leitura do testamento pelo testador.
• Publicação, em juízo, após a morte do testador.
• Homologação do testamento pelo Juiz.
• Sobrevivência de pelo menos uma das testemunhas. Se as testemunhas forem
afirmativas (contestes) sobre o fato ou pelo menos da leitura perante elas e
reconheçam suas assinaturas o testamento será confirmado. Em casos excepcionais o
testamento sem testemunhas poderá ser confirmado pelo Juiz, desde que se
convença da sua veracidade.
Morto o testador, será publicado em juízo, com citação dos herdeiros legítimos. Pelo
menos uma das testemunhas deve reconhecer sua autenticidade. Após isso e ouvido
o Ministério Público o Juiz confirmará o testamento.
TESTAMENTOS ESPECIAIS
São os de caráter provisório, feitos em situações de emergência.
Testamento Militar
Testamento militar é a declaração de última vontade feita por militares e demais
pessoas a serviço do exército em campanha, dentro ou fora do país. Deve ser escrito
por autoridade militar, na presença de duas testemunhas. Admite a forma nuncupativa,
isto é, feita por pessoa ferida; neste caso, pode ser feito de viva voz na presença de
duas testemunhas.
Em qualquer hipótese, se o testador não morrer na guerra ou nos 90 dias
subsequentes em lugar onde possa testar na forma ordinária, o testamento caducará.
DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
O Código Civil Brasileiro dispõe de um Capítulo somente sobre as Disposições
Testamentárias, ou seja, aquelas coisas que podem ou não ser ditas em testamentos.
A rigor, predomina o Princípio da Autonomia da Vontade do Testador, ou seja, a
maneira que ele dispor será absoluta quanto aos bens. Contudo, nem mesmo a
disposição de última vontade do de cujus poderá ferir a legislação, nem mesmo a
vontade do testador pode se opor à licitude da lei ou os princípios morais.
Como sabemos, no testamento podem conter disposições patrimoniais ou disposições
exclusivamente pessoais. As disposições patrimoniais podem ser encontradas mais
facilmente nos testamentos comuns, e, até certos autores vêem o testamento apenas
como meio de disposição do patrimônio. Contudo, existem também diversas
disposições de ordem não patrimonial que podem ser aditadas a um testamento, por
exemplo, reconhecimento de filho, nomeação de tutor, recomendações sobre o
funeral, o destino do corpo do de cujus, e outras relativas a direito pessoal.
Convém salientar que serão consideradas como não escritas quaisquer cláusulas
chamadas de derrogativas, aquelas onde o testador contraria o Princípio da
Irrevogabilidade do Testamento, ou dispensa qualquer das suas solenidades.
Existem, contudo, uma variada gama de cláusulas possíveis de serem apostas em um
testamento.
Pode-se num testamento, instituir herdeiros, através de um antigo instituto conhecido
desde o Direito Romano como heredis institutio, válido ainda em nosso ordenamento
jurídico. Existem duas regras gerais, a primeira, onde diz que somente o testador tem
o poder de instituir os herdeiros, e a segunda, é que não existe nenhuma restrição
acerca da quantidade de herdeiros. A Instituição de algum herdeiro gera efeitos
imediatos, cabendo aos herdeiros testamentários o direito à sua parte.
É lícito ao testador impor alguma condição sobre os bens dispostos em testamento, de
modo que podem haver condições que, enquanto não forem atendidas, o bem não se
transmitirá. Por exemplo, um herdeiro testamentário receberá o bem quando colar
grau em curso superior.
Conforme a vontade do testador, podem ser apostos sobre os bens determinados
encargos, que podem variar indefinidamente. Podendo ser o encargo em favor de
terceira pessoa, ou da sociedade em geral.
O testador, da mesma forma, pode colocar no testamento, algumas razões que
levaram ele a realizar a divisão dos bens como foi feita, dá-se o nome dessa
disposição de Disposição Causal.
Finalmente, pode impor ônus e gravames sobre os bens que serão herdados. Os mais
conhecidos desses ônus são as cláusulas restritivas à propriedade, que consistem na
cláusula de incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade. Sobre essas
últimas, se faz necessário que o disponente, no próprio instrumento, mencione um
motivo bastante justificado para a aposição dessas cláusulas no testamento.
LEGADOS
Legado é a disposição testamentária a título singular, pela qual o testador deixa a
pessoa estranha ou não à sucessão legítima, um ou mais objetos individualizados ou
uma certa quantia em dinheiro. O legado é típico de sucessão testamentária, recaindo
sobre uma coisa certa e determinada (ex.: deixo a meu amigo minha biblioteca; deixo
a meu sobrinho o meu piano, etc.).
O conceito jurídico atual de legado é um ato de liberalidade feita em testamento a uma
pessoa determinada, chamada de legatário.
O legatário não é obrigado a aceitar o legado, podendo renunciar tácita ou
expressamente. Os legados podem caducar (ex.: anulação do testamento; alienação,
modificação ou perecimento da coisa; falecimento do legatário antes do testador;
revogação; indignidade, etc.).
Enquanto a herança consiste na totalidade ou de uma fração ideal dos bens do de
cujus, como uma universalidade de bens, sendo considerada um único bem imóvel,
conforme o art. 80, II do CC, o legado é a sucessão que incide sobre uma coisa certa
e determinada. A herança é indefinida e o legado é definido.
Quando o legado é deixado para um herdeiro legítimo, que passa a acumular os
papéis de herdeiro e legatário, é chamado de legado precípuo ou prelegado.
O legado, quanto ao objeto, pode ser de coisas corpóreas ou incorpóreas, crédito ou
de quitação de dívidas, alimentos; usufruto, imóvel, dinheiro; renda ou pensão
periódica.
O legado de coisas pode se dar sobre uma coisa específica ou genérica, de modo
que, nesse último caso, a escolha somente será feita depois, pelo legatário, ou outra
pessoa designada pelo testador. Como a coisa legada é definida apenas pelo gênero,
o legado se cumprirá mesmo que tal coisa não exista entre os bens do testador,
segundo reza o art. 1.915 do CC. Além disso, o código veda totalmente o legado de
coisa alheia, conforme o disposto no art. 1.912.
Também pode um crédito de propriedade do de cujus ser objeto de legado, para se
transferir ao legatário, de modo que o novo crédito agora seja devido ao mesmo, de
modo igual ao que ocorre em uma cessão de crédito. Pode ser transmitida uma
quitação de dívida ao legatário, e se transfere pela própria entrega do instrumento de
quitação do herdeiro para o legatário.
Os alimentos podem ser transmitidos por legado. Através dessa modalidade de
legado, cria-se uma relação jurídica que obriga o pagamento da pensão alimentícia,
como aquela devida aos filhos. Os alimentos devem compreender o necessário à
manutenção da vida do legatário (alimentado), levando sempre em conta as
circunstâncias e o meio-termo, de modo que o valor estipulado dos alimentos não seja
praticamente uma “esmola”, mas também não seja muito alto, de modo que seja um
aproveitamento ilícito do alimentado.
Essa modalidade de legado tem fulcro legislativo no art. 1.920 do CC: “O legado de
alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver,
além da educação, se ele for menor.”
O testador, se possuir plena propriedade de um bem, pode legar o seu usufruto para
uma terceira pessoa, de modo que essa fique no uso e fruição do bem, em todo o
prazo estipulado. Se não houver um prazo estipulado pelo testador, há uma presunção
iure et de iure de que este prazo seja vitalício com relação ao legatário, conforme o
disposto no art. 1.921.
Quanto ao legado de bem imóvel deve-se observar a disposição do art. 1.922: “Se
aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda que
contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário
do testador”. E, no parágrafo único: “Não se aplica o disposto neste artigo às
benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio legado”.
Pode-se também legar dinheiro. O pagamento deve ser feito logo após a partilha, de
forma que os juros correrão a partir do momento em que o herdeiro pagador se
constituir em mora, ou seja, no momento em que for feito a partilha e o legatário não
receber o dinheiro.
O Legado de Renda ou Pensão Periódica é o gênero do qual o legado de Alimentos é
espécie. Nesta modalidade, é legada uma renda, de caráter vitalício ou não, renda
esta fixada pelo próprio testador.
Há o legado alternativo quando o testador coloca duas ou mais opções de legado ao
herdeiro incumbido de cumprir o legado. Está amparado no art. 1.932 do Código: “No
legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção.”
O art. 1.924 do Código Civil assinala que o direito de pedir o legado não se exercerá,
enquanto se litigue sobre a validade do testamento, e, no legados condicionais, ou a
prazo, enquanto esteja pendente a condição ou o prazo não se vença.
Requisitos
• Nomeação de co-herdeiro ou co-legatário, na mesma disposição testamentária.
• Deixa dos mesmos bens ou da mesma porção de bens.
• Ausência de cotas hereditárias.
SUBSTITUIÇÕES E FIDEICOMISSO
Substituição hereditária é a disposição testamentária na qual o testador chama uma
pessoa para receber, no todo ou em parte, a herança ou o legado, na falta ou após o
herdeiro ou o legatário nomeado em primeiro lugar. O testador, prevendo a hipótese
de um herdeiro ou legatário não aceitar ou não poder aceitar a herança, nomeia-lhe
substitutos.
Pode ocorrer nas hipóteses de premoriência (morrer primeiro), exclusão por
indignidade, renúncia, não implemento de condição imposta pelo testador, etc.
Espécies de substituição:
1) Vulgar ou Ordinária
a) simples (ou singular)
b) coletiva (ou plural)
c) recíproca
2) Fideicomissária
3) Compendiosa
1 – Substituição Vulgar ou Ordinária – Ocorre a substituição vulgar quando o testador
designa uma ou mais pessoas para ocupar o lugar do herdeiro ou legatário que não
quiser ou não puder aceitar o benefício. Estabelece a vocação direta (é uma
substituição direta), pois o substituto herda diretamente do de cujus, e não do
substituído.
Fideicomisso X Usufruto
Usufruto – é um direito real sobre coisa alheia, sendo que o domínio se divide em
duas partes, cada uma com seu titular (nu proprietário – direito de dispor e reaver – e
usufrutuário – direito de usar e fruir), que exercem seus direitos simultaneamente.
DESERDAÇÃO
Deserdação é o ato unilateral pelo qual o de cujus exclui da sucessão, mediante
testamento com expressa declaração de causa, herdeiro necessário, privando-o de
sua legítima, por ter praticado alguma conduta prevista na lei como causa.
Requisitos de Eficácia: A deserdação exige a concorrência dos seguintes requisitos:
• Existência de herdeiros necessários.
• Testamento válido (só pode haver deserdação por testamento, sendo proibido por
escritura pública, instrumento particular, termo judicial ou codicilo – veremos este
termo mais adiante).
• Expressa declaração da causa prevista em lei.
• Propositura de ação ordinária.
Causas de Deserdação: Além das causas que autorizam a indignidade (art. 1.814 CC),
acrescenta-se:
A) Deserdação dos descendentes por seus ascendentes (art. 1.962 CC): ofensa física,
injúria grave; relações ilícitas com a madrasta ou padrasto; desamparo do ascendente,
em alienação mental ou grave enfermidade.
B) Deserdação dos ascendentes pelos descendentes (art. 1.963 CC): ofensa física;
injúria grave; relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto com
o marido ou companheiro da filha ou o da neta; desamparo do filho ou do neto com
deficiência mental ou grave enfermidade.
Efeitos da Deserdação: Os efeitos da deserdação são pessoais, isto é, atingem o
herdeiro excluído, como se ele morto fosse. Mas os seus descendentes herdam por
representação, ante o caráter personalíssimo da pena civil.
Não basta que o testador deserde o herdeiro. Cumpre aos outros herdeiros promover,
no prazo de 04 anos (contados da abertura do testamento) ação de deserdação para
confirmar a vontade do morto. O deserdado terá direito de defesa. Não se provando o
motivo da deserdação, o testamento produzirá efeitos em tudo o que não prejudicar a
legítima do herdeiro necessário.
Mera reconciliação do testador com o deserdado não gera ineficácia da deserdação.
Deve ser realizada a revogação por testamento (trata-se do perdão).
Revogação
Revogação é o ato pelo qual o testador, conscientemente, torna ineficaz o testamento
anterior, manifestando vontade contrária à que nele se encontra expressa. Um
testamento só pode ser revogado por outro, mesmo que de modalidade diversa (um
testamento público pode revogar um cerrado; um testamento particular pode revogar
um cerrado, etc.). O importante é que o novo testamento seja válido. No entanto é
irrevogável o testamento na parte em que o testador reconhece filho havido fora do
casamento.
O testamento revogado não se restaura pelo fato deste ter sido revogado
posteriormente (não há repristinação no testamento).
Um codicilo não pode revogar um testamento, mas este pode revogar o codicilo.
A revogação, quanto a sua extensão, pode ser classificada em:
a) total – o testamento superveniente retira a eficácia de todas as disposições
testamentárias anteriores.
b) parcial – retira algumas das disposições, subsistindo as demais.
Já quanto à forma utilizada, pode ser classificada em:
a) expressa (ou direta) – declaração inequívoca, explícita do testador —» novo
testamento revoga o anterior (pode ser total ou parcial).
b) tácita (ou indireta) —> quando o testador não declara que revoga o anterior, mas há
incompatibilidade entre as disposições deste e as do novo testamento ou em caso de
dilaceração ou abertura do testamento cerrado, pelo testador, ou por outrem, com o
seu consentimento, ou quando o testado alienar voluntariamente a coisa legada.
Rompimento
É a inutilização do testamento por perda de validade em razão da ocorrência de certos
fatos previstos em lei. Exemplo: superveniência de descendente sucessível ao
testador, que o não tinha ou não o conhecia quando testou ou quando o testamento foi
feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessários. O testador não teria
disposto de seus bens em testamento se soubesse da existência de algum herdeiro
necessário. Também é chamado de revogação presumida (o testamento é chamado
de rupto).
Caducidade
Ocorre a caducidade quando as disposições testamentárias não prevalecerão, embora
válidas, pela ocorrência de obstáculo superveniente. Exemplo: herdeiro morreu antes
do testador; herdeiro renúncia ou foi excluído; perecimento da coisa legada, etc.
Caducará o testamento marítimo e o militar, três meses após o momento em que o
testador podia testar de forma ordinária e não o fez.
Nulidade e Anulabilidade
O testamento pode ser anulado se contiver defeito leve ou grave. Pode atingir o
testamento em sua totalidade (neste caso abre-se a sucessão legítima) ou em parte
(prevalece a parte válida do testamento, abrindo-se sucessão legítima, se for o caso,
quanto ao que for anulado).
TESTAMENTEIRO
Art. 1976 do Código Civil. O testamenteiro é a pessoa encarregada de executar o
testamento. Quando o testador nomeia um, este será o testamenteiro instituído. Caso
o testador não tenha nomeado, o juiz nomeará um testador dativo, de acordo com uma
ordem estabelecida por lei. Podem também haver mais de um testamenteiro, quando
trabalham em conjunto (dois ou mais testamenteiros agindo ao mesmo tempo,
podendo cada um ter uma função específica ou não) ou separados (testamentária
sucessiva, apenas um atua, mas, havendo necessidade, é substituído pelos outros
testamenteiros já nomeados).
Os atos do testador são pessoais e indelegáveis, podendo constituir formalmente um
mandato para outro. Pode também o indicado recusar, já que não é obrigatório.
INVENTÁRIO E PARTILHA
I. Inventário: procedimento de formalização da transmissão dos bens do de cujus aos
sucessores. A figura do inventário está em outras situações, como o ususfruto e o
fundo de comércio, mas no Direito Sucessório diz respeito aos bens que compõem o
acervo hereditário, por meio de identificação de bens e apuração de valores para dar o
quinhão ao sucessor.
Sentido técnico: procedimento especial de jurisdição contenciosa. É sempre judicial,
com participação do Estado-juiz; jurisdição contenciosa, pois, o litígio está na
iminência devido à existência de pretensões resistidas.
Espécies de inventário:
Emenda da partilha: juiz pode alterar o conteúdo de sua decisão de 1ª instância para
sanar erro ou inexatidão materiais ou inexatidão na descrição ou identificação dos
bens.
Sobrepartilha (Art 2022): nova partilha nos próprios autos do inventário da partilha
inicial, ocorre quando nem todos os atos são partilhados, possibilidades: a) bens
sonegados: bem retirado do sonegador e partilhado; b) bens desconhecidos no
momento do inventário; c) bens litigiosos – ainda se discute a propriedade do bem
(falta?).
Prazos do inventário: a) início (Art 983 CPC): 30 dias após a morte – não é muito
seguido, porque a única sanção é fiscal (há multa após 60 e ela dobra após 180); b)
fim – 180 a partir do requerimento da abertura. Legitimidade para requerer abertura
(Arts 987 e ss CPC). Bens situados no Brasil – inventário tramita aqui e a recíproca é
verdadeira, independentemente de nacionalidade ou domicílio do de cujus e
sucessores.
Valor da causa: somatório dos bens vinculados ao acervo hereditário (influi no valor
das custas), bens imóveis: critérios fiscais mais objetivos, bens móveis: critérios
aleatórios e arbitrários (se houver irregularidade pode-se impugnar por perícia). Em
SP, a meação do cônjuge compõe o valor da causa, tabela de custas Lei 11608/03.
COLAÇÕES
Noção: ato de retorno à herança de bens que foram retirados por ato de liberalidade
do de cujus. Bens que ultrapassaram os limites da legítima. (Arts 1014 e ss CPC).
O Art 2002 – retorno das doações feitas aos descendentes, não menciona o cônjuge,
há críticas: muitos falam que os bens doados aos cônjuges também deveriam retornar
por ser herdeiro necessário, mas o CC não prevê isso, há projeto de lei para mudar.
Excluído ou deserdado (Arts 2008 e 1015 CPC), descendente deve trazer bens a ele
doados à colação.
Observar que a colação, que ocorre nos autos do processo de inventário em prazo de
10 dias após citação do último herdeiro (Arts 1000 e 1014 CPC), não traz o bem de
volta ao espólio (§ ún Art 2002), por isso, sobre eles não incide imposto causa mortis
(Art 155, I, CF), ela também não aumenta a parte disponível da herança, mas sim
soma bens à parte indisponível.
Sonegação: quem sonega sofre penal civil – perde o bem sonegado, se este for o
inventariante ou o testamenteiro perde a função e o bem, o último ainda perde a
vintena.
Art 2004: valor do bem à época da doação e não da abertura, Enunciado 119
Conselho de Justiça – valor à época do falecimento – entendimento não muito aceito.
Presunção de que o bem doado a descendente seja a título de adiantamento da
legítima, se não for, o de cujus deve dizê-lo expressamente (Art 2005).
Bens que não devem ser trazidos à colação Arts § 2º 2004, 2010, 2011 e 2012 (só
metade) e indenizações a título de seguro de vida ou acidente pessoal (Art 794).
Ex: A doa bem para B (filho de A) e C (casado com B), A morre: o bem deve ser todo
trazido à colação ou só metade? Doutrina maior entende que só a metade (afinal C
não é descendente, Art 2002), S. Rodrigues entende que o todo deve ser trazido, pois,
a intenção de A era contemplar B e só contemplou C em virtude do casamento.
SONEGADOS
É a ocultação dolosa de bens que devem ser inventariados ou levados à colação.
Pode ser praticada pelo inventariante (quando omite intencionalmente bens e valores
ao prestar as primeiras e as últimas declarações) ou pelos herdeiros (que não indicam
bens em seu poder).
A pena de sonegados tem caráter civil e consiste, para o herdeiro, na perda do direito
sobre o bem sonegado, que é devolvido ao monte e partilhado aos outros herdeiros,
como se o sonegador nunca tivesse existido. Se o bem não existir mais, será
responsável por seu valor, mais perdas e danos. Quando o sonegador for o
inventariante a pena imita-se à remoção da inventariança.
A ação de sonegados prescreve em 10 anos e deve ser ajuizada no foro do inventário
e pode ser proposta pelos herdeiros legítimos, testamentários e credores.