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7º SEMESTRE
DIREITO DAS SUCESSÕES
Universidade Presbiteriana Mackenzie – 1/2016
Prof: Paulo Amaral
CONCEITO
O direito à sucessão aberta está na Constituição Federal, sendo impossível a supressão desse
direito por uma lei ordinária.
ESPÉCIES DE SUCESSÃO
Existem duas espécies (legítima e testamentária), que não excluem a outra. A sucessão será
testamentária se o morto deixou um testamento válido. Pode ocorrer das duas espécies ocorrem
simultaneamente, nos casos do de cujus deixar mais do que ele poderia dispor em seu testamento para
quem não é herdeiro (ex: homem que morre deixando viúva e filho, e fez testamento deixando 100% de
seu patrimônio para o Corinthians).
SUJEITOS DA SUCESSÃO
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens
adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída
ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a
cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
ABERTURA DA SUCESSÃO
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura
daquela.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da
herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
A abertura da sucessão se dá com a morte do legatário. A data da morte é a data em que cessa a
atividade cerebral do ser humano. Pode-se ocorrer a morte de duas ou mais pessoas de forma simultânea,
sem que se possa determinar quem faleceu antes ou depois. Caso isso aconteça, ocorre o que se chama
de comoriência – um não herda do outro.
Aberta a sucessão, o patrimônio dele é imediatamente transmitido aos seus herdeiros legítimos e
testamentários. É o chamado princípio da saisine2.
É da data da morte que se determina quem pode ou não pode ser considerado sucessor do de
cujus – ou seja, a lei que estiver em vigor na data da morte será a que será considerada para se determinar
quem é ou não herdeiro legítimo.
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Há uma divergência na doutrina em reconhecer o conveniente sobrevivente como herdeiro legítimo do
morto.
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Lê-se “sesini” (francês).
Marcelo Soldi 3
Cada co-herdeiro não tem direito de defender apenas o seu quinhão, mas sim o todo, porque a
herança é considerada única e indivisível, da abertura da sucessão até a data do transito em julgado da
partilha. É o chamado princípio da indivisibilidade da herança.
ACEITAÇÃO OU RENÚNCIA
Com a morte do de cujus, o sucessor pode ou aceitar receber o patrimônio, ou recusar a recebe-
lo, renunciando à qualidade de sucessor.
A aceitação é ato jurídico, podendo ser direita ou indireta, pessoal ou impessoal. A aceitação direta
e pessoal é aquela feita pelo próprio sucessor, enquanto que a direta e impessoal se dá quando o sucessor
constitui um procurador (interposta pessoa) para a aceitação. Se o sucessor for incapaz, a aceitação será
sempre indireta, por intermédio do representante legal do incapaz.
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita,
há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte
dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele,
se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.
Ela pode ser ainda expressa, tácita ou presumida. Quando expressa, obrigatoriamente deve ser
feita de forma escrita (não precisa ser feita mediante instrumento público). Não obstante, a aceitação,
quando tácita, há de resultar de atos próprios da qualidade de herdeiro. Por fim, a aceitação pode ser
presumida (exceção).
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.
Não pode o herdeiro aceitar parte de seu quinhão hereditário (trata-se de uma formalidade, pois
na realidade isso costuma acontecer). O patrimônio é um bem disponível, logo os herdeiros, sendo
maiores e capazes, podem dispor deles da forma que quiserem (ex: três irmãos, acordam que um deles
ficará com menos e o outro com mais). Não pode também aceitar a herança sob condição (evento futuro
e incerto) ou termo (evento futuro e certo).
Quem recebe legados (oriunda da parte disponível do de cujus), pode aceita-los e aceitar a
herança; pode aceitar o legado e renunciar a herança; pode renunciar o legado e aceitar a herança. Ele
não pode, no entanto, aceitar parte da herança e parte do legado.
Alguém que é herdeiro legítimo e testamentário, ao mesmo tempo, na mesma herança, pode
decidir o quinhão que aceita, e o quinhão que renuncia.
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A aceitação também não pode ser objeto de arrependimento, desde que tenha sido feita sem
nenhum tipo de vício (coação, etc), sendo ela inalterável.
A renúncia se trata de um ato de liberalidade, do sucessor, seja ele herdeiro do morte (legítimo ou
testamentário), ou legatário, no qual ele se despoja do exercício de um direito que a lei confere a ele. A
doutrina classifica a renúncia em duas categorias: a pura/própria/abdicativa (o renunciante não está
abrindo mão de seu direito em favor de alguém específico) e a impura/imprópria/translativa (trata-se, no
caso, de uma cessão de direito sucessório). Para renunciar, em regra, deve ser maior e capaz. No entanto,
incapaz pode renunciar, pois patrimônio é bem disponível, só que o representante legal, sozinho, não
pode renunciar à herança: ele precisará de autorização judicial.
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo
judicial.
A renúncia só pode ser feita expressamente, por escrito, através de instrumento público ou termo
judicial. Na prática, no entanto, ela pode ser feita também por escrito particular homologado pelo juiz (é
a maneira mais comum, inclusive).
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma
classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente.
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1) descendente; 2) ascendente; 3) cônjuge sobrevivente; 4) colaterais até 4º grau.
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Quando nomeia alguém como seu herdeiro em seu testamento, o falecido tem a liberdade de
nomear um substituto. Caso não haja, havendo renúncia, a disposição do testamento caduca, e é dividido
entre os herdeiros legítimos.
Por fim, isso pode se dar quando testador não individualizou quanto caberia aos nomeados.
Exemplo: nomeia os três irmãos como herdeiros testamentários, só que 25% fica para o caçula e os 25%
restantes divididos entre os dois irmãos. Por fim, quando há renúncia por exclusão da herança ante a
indignidade ou deserdação.
Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único
legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os
filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.
Na classe dos descendentes, os filhos sempre herdam do pai ou da mãe por direito próprio e por
cabeça. Os demais descendentes (netos, bisnetos, etc) herdam de duas maneiras: por direito próprio e
por cabeça, ou por representação (sucessão por estipe).
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a
suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.
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Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de
irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.
Para que haja direito de representação, é necessário que haja alguns pressupostos: só ocorre na
linha reta descendente (excepcionalmente, numa única hipótese, ocorre na linha colateral, quando vier a
se dar a hipótese prevista no art. 1.853); o representado deve ser filho ou irmão do autor da herança; o
representante deve ser descendente do representado; não pode haver salto de graus entre representado
e representante.
EXCLUSÃO DA SUCESSÃO
Só se autoriza a exclusão o herdeiro que praticar o crime de denunciação caluniosa contra o pai,
tendo cometido o mesmo em juízo. Exclui-se também da herança herdeiro que praticar crime contra a
honra contra o autor da herança, seu cônjuge ou companheiro4. Também pode ser excluído da sucessão
aquele que, mediante violência ou meio fraudulento, obstar o de cujus de deixar um testamento, ou se
ele rasga um testamento particular.
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes
por seus ascendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.
Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes
pelos descendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou
companheiro da filha ou o da neta;
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
Também pode ser deserdado o herdeiro que ofender fisicamente o autor da herança5. A injúria
grave também, só que isso já veio previsto no inciso II do artigo 1.814, por se tratar de crime contra a
honra. A relação ilícita, no caso afetivo, que o descendente tenha com a madrasta ou padrasto também
autoriza a deserdação. Hipótese mais comum, autoriza-se a deserdação quando há o desamparo do
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Há uma corrente que entende que se o autor da herança for vítima e ele não tomar nenhuma medida
contra o ofensor no âmbito penal, essa inércia equivaleria a um perdão tácito que ofendido concedeu ao
ofensor.
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Idem nota de rodapé nº 4.
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ascendente com grave enfermidade ou alienação mental. As mesmas hipóteses também deserdam o
herdeiro ascendente caso o autor da herança seja o descendente.
Vigora-se o princípio da tipicidade: sem lei anterior que o defina, não pode se aplicar a analogia
para se punir alguém que cometeu o ato ilícito. Assim, o homem pode deserdar a cônjuge apenas com
base no que está previsto no artigo 1.814, não podendo aplicar o que consta nos artigos 1.962 e 1.963.
Efeitos da exclusão
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem,
como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens
que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
Caso um herdeiro seja excluído da herança, seus descendentes o sucederão, como se ele estivesse
morto (caráter pessoal da exclusão). Caso não possua descendentes, os irmãos do excluído receberão a
sua parte.
Além disso, quem é excluído da herança não poderá administrar e nem usufruir os bens de seus
sucessores, nem poderá suceder eventualmente se eles vierem a falecer. Caso não tenha herdeiros, o
Poder Público receberá a herança.
Reabilitação do excluído
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a
suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato
autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do
ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite
da disposição testamentária.
A herança jacente é a hipótese em que alguém morre e não se sabe se o falecido deixou herdeiros
legítimos ou se ele deixou herdeiros testamentários ou legatários. É a situação na qual uma pessoa morre
e se ignora se o autor da herança possui herdeiros legítimos, até o quarto grau da linha colateral, e se
ignora se deixou ou não testamento.
NCPC. Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver
domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.
O processo de herança jacente, geralmente, se dá para estrangeiros, que moram no Brasil e aqui
deixam patrimônio. Para se entrar com a ação, basta a certidão de óbito do morto, a indicação de que ele
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foi enterrado/cremado, e que não apareceu herdeiro até quarto grau da linha colateral. O juiz nomeará
oficial de justiça para providenciar a arrecadação e arrolamento dos bens, bem como mandará ofício ao
Colégio Notarial do Brasil para verificar se o de cujus deixou ou não testamento. Publicam-se editais em
três oportunidades, convocando eventuais herdeiros legítimos do falecido a se habilitarem no
procedimento de herança jacente. Se surgir um herdeiro, comprovadamente, o procedimento de herança
jacente se converterá em inventário.
Após um ano da primeira publicação, o juiz declarará os bens deixados pelo falecido vacantes
(herança vacante). Uma vez transitada em julgado essa decisão, ficam excluídos definitivamente da
sucessão os parentes colaterais do falecido e também a companheira/companheiro sobrevivente do de
cujus.
PETIÇÃO DE HERANÇA
Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu
direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade
de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.
A ação de petição de herança constitui a proteção específica da qualidade de sucessor, com o fim
de ser reconhecido o seu direito sucessório e obter, em consequência, a restituição da herança, no todo
ou em parte, de quem a possua, na qualidade de herdeiro. Isso se dá quando o herdeiro não era
conhecido, porque não se encontrou testamento ou este veio a ser anulado, ou por se tratar de filho não
reconhecido. Assim, nesses casos, caberá ao sucessor prejudicado demonstrar a sua qualidade, para obter
do possuidor da herança a restituição do que a ele compete.
SUCESSÃO LEGÍTIMA
A sucessão legítima se opera por força de lei e ocorre em caso de inexistência, invalidade ou
caducidade de testamento6, e, também, em relação aos bens nele não compreendido.
Na sucessão legítima, o patrimônio do morto vai para pessoas vinculadas ao falecido por uma
relação de parentesco ou afeto. Ele será transferido para classes sucessórias, que obedecem uma ordem:
descendentes, ascendentes, cônjuge sobrevivente, colaterais até 4º grau (nessa ordem, trazida pelo artigo
1.829). Cada uma dessas classes herda de uma forma diferente uma da outra. A sucessão que não
obedecer à referida ordem preferencial é considerada irregular ou anômala.
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O testamento pode ser: (i) nulo, pelo agente ser ineficaz; a forma não for prevista em lei; objeto ser
ilícito; (ii) anulável, por vício de consentimento (coação, simulação, erro, etc); (iii) caduco, por inexistência
da pessoa nomeada pelo testador e/ou do objeto testado.
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I – DESCENDENTES
A lei privilegia a classe dos descendentes, colocando-os em primeiro plano no rol dos herdeiros
sucessíveis. São contemplados todos os descendentes (filhos, netos, etc.), porém os mais próximos em
grau excluem os mais remotos, salvo os chamados por direito de representação.
II – ASCENDENTES
Ascendentes são os pais, avós, bisavós, etc. São chamados para suceder na ausência de
descendentes do de cujus. Nesse caso, a sucessão orienta-se por dois princípios: o grau mais próximo
exclui o mais remoto; e havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha
paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.
Na falta de ascendentes, a herança da pessoa que tenha falecido enquanto casada ou separada
de fato há menos de dois anos será deferida, por inteiro, ao cônjuge sobrevivente, que ocupa sozinho
a terceira classe da ordem da sucessão hereditária.
estando separado de fato, não importando por quanto tempo e de quem foi a
culpa da separação (pois não se discute mais culpa no Direito de Família), já é
suficiente para excluir o direito sucessório do cônjuge sobrevivente.
IV – COLATERAIS
Herdam sozinhos
O irmão bilateral (germano) receberá o dobro do que o irmão unilateral (consanguíneo). Isso pode ser
evitado mediante testamento.
Embora sobrinhos e tios sejam parentes colaterais em terceiro grau, a lei dá preferência aos primeiros,
ou seja, à energia mais nova (art. 1.843). No entanto, os sobrinhos filhos de irmãos unilaterais receberão
metade do que os sobrinhos filhos de irmãos bilaterais.
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.
Testamento é ato jurídico personalíssimo, unilateral, não receptício (não depende da aceitação de
ninguém), solene (deve atender formalidades estabelecidas em lei), gratuito, revogável, pelo qual alguém
dispõe a respeito de seu patrimônio, ou ainda determina a sua vontade para valer após a sua morte (pode
dispor de questões de ordem pessoal, podendo, por exemplo, nomear tutor testamentário de seu filho
ou se quer se cremado).
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno
discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
Quem tem capacidade para praticar esse ato jurídico são os maiores de dezesseis anos, sozinho,
em qualquer das formas testamentárias previstas em lei. Não podem testar os menores de dezesseis anos,
ou aqueles que não tem pleno discernimento no momento da manifestação de vontade.
Formas de testamento
A lei contempla duas formas de testamento: a forma ordinária ou comum, e a forma extraordinária
ou especial. Todas as formas, no entanto, demandam que o testamento seja feito de forma escrita. Já o
conteúdo do testamento deve obedecer ao ordenamento jurídico em vigor na data em que o testador
faleceu.
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• Ordinário ou comum:
Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim
o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas
instrumentárias.
Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber,
designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.
Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes,
uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo
testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.
§ Público: recebe esse nome porque ele é elaborado por um oficial público, e o seu
conteúdo é acessível ao público geral desde que comprovada a morte do testador.
Ele deve ser elaborado em português, por escrito, podendo se basear em uma
minuta previamente entregue ao tabelião pelo testador, ou feito com base de um
ditado. Ele deverá ser lido pelo tabelião ao testador (ou o contrário), na presença
de duas testemunhas. Essas formalidades tornam-no mais seguro do que as outras
espécies de testamento (afinal, se o testador perder sua cópia, será simples obter
uma nova), apesar do inconveniente de permitir a qualquer pessoa o conhecimento
de seu teor. É o único tipo de testamento que pode ser feito por pessoas que
possuem algum tipo de deficiência (ex: cego, mudo, etc.), analfabetos. Ele pode ser
feito no Brasil, ou no exterior.
Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele
assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes
formalidades:
I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas;
II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado;
III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o
leia, em seguida, ao testador e testemunhas;
IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador.
Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor
numere e autentique, com a sua assinatura, todas as paginas.
Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião
lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue.
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Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará
registrar, ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou
suspeito de falsidade.
Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo
mecânico.
§ 1o Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por
quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever.
§ 2o Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco,
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É vedado ao herdeiro instituído ou legatário, o seu cônjuge ou companheiro, ou os ascendentes e irmãos,
de escreverem a cédula testamentária a rogo do testador (art. 1801, I).
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devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três
testemunhas, que o subscreverão.
Com a morte deste, a pessoa que detém a posse desse documento deverá levar o
testamento particular para ser confirmado. O juiz marcará uma audiência de
confirmação, e convocará as três testemunhas. Caso não se encontre as três
testemunhas (ou estejam elas mortas), o testamento não será confirmado. Pelo
menos uma das três testemunhas deverá comparecer à audiência. Ela será
questionada apenas se serviu, de fato, como testemunha para o testamento.
Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem,
nem nos noventa dias subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma
ordinária, outro testamento.
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Caso seja escrito em língua estrangeira, as testemunhas deverão compreender o idioma.
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Caso seja lido por outra pessoa, ele será nulo, por se tratar de requisito formal. Logo, o cego, mudo e
analfabeto não podem fazer testamento particular.
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Codicilo
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado,
fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e
determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar
móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal.
• Há uma corrente que entende que pequeno valor é aquele que seja igual ou inferior à 10% do
patrimônio líquido do codicilante, ainda que o bem seja de valor elevado.
• Outra corrente, majoritária, entende que pequeno valor é o do objeto em si, intrinsicamente, ou
seja, considerado por si só, devendo ser igual ou inferior à 40 salários mínimos (mesmo critério do
JEC).
Codicilo não tem força para revogar testamento, mas o contrário é admitido. Ex: no testamento
fala que quer ser cremado, e no codicilo, feito posteriormente, fala que quer ser enterrado – o de cujus
será cremado.
O codicilo que não for confirmado por um testamento posterior também considerar-se-á como
revogado.
Disposições testamentárias
Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob
condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo.
limitação ao direito do beneficiário, e a estipulação produz seus efeitos logo que se abre a
sucessão.
• Sob encargo (para certo fim ou modo / modal): quando o testador impõe ao herdeiro ou legatário
uma obrigação, normalmente de fazer algo. Deverá ser cumprida pelo nomeado sob pena de, não
cumprida a obrigação, não será aquela pessoa considerada herdeira ou legatária. O encargo deve
ser cumprido com aquilo que o testador deixou de patrimônio para o nomeado. Ao contrário da
condição, o encargo pode ser transmissível aos herdeiros do herdeiro/legatário.
• Por certo motivo (ou certa causa): o testador justifica e esclarece o motivo de ter escolhido tal
pessoa como sua herdeira ou legatária. Não prevalecerá a nomeação se a causa não ocorrer ou se
a justificativa dizer respeito à outra pessoa (art. 140). Ex: nomeia fulano por ter salvado a vida do
seu filho, mas isso nunca aconteceu na verdade. Caso tenha havido confusão e outra pessoa tenha
salvo a vida do filho, será considerado herdeira essa pessoa (entendimento majoritário).
Algumas disposições podem ser consideradas nulas, permanecendo válido o testamento no geral
É nula a disposição que nomeie herdeiro ou legatário sob condição de que esse escolhido também nomeie
como seu herdeiro ou legatário o próprio testador ou um terceiro (ex: A nomeie B desde que esse nomeie
A como seu herdeiro). Isso impede que o testador obtenha qualquer vantagem ilícita. Também será nula
a disposição que nomeie pessoa incerta que não possa ser identificável, ou que nomeie terceiro para
identificar essa pessoa incerta; que determine que o herdeiro, ou um terceiro, fixe ele mesmo o valor do
legado a receber; ou nomeie como herdeiro uma testemunha que participou da elaboração do
testamento, ou o tabelião que lavrou a escritura pública, e demais pessoas indicadas nos artigos 1.801 e
1.802.
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As condições podem ser suspensiva ou resolutiva. Condição suspensiva é aquisitiva de direito, enquanto
que condição resolutiva é extintiva de direito. No caso de condição resolutiva, o testador deve prestar
uma caução mussiana (próprio patrimonio deixado pelo testador) pelo prazo máximo de de 5 anos.
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A ilicitude deve ser considerado em relação ao ordenamento jurídico vigorante na data da abertura da
sucessão.
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A revogação é uma das causas que obstam a que o testamento produza seus efeitos jurídicos.
Constitui a revogação do testamento o ato pelo qual se manifesta a vontade consciente do testador, com
o propósito de torna-lo ineficaz. A revogação pode ser total (retira a inteira eficácia do testamento) ou
parcial (atinge somente algumas cláusulas) – se revogado parcialmente, ele subsiste em tudo aquilo que
não for contrário às disposições testamentárias do testamento revogador.
Em relação à forma, a revogação pode ser feita de três maneiras: expressa, tácita, ou legal. A
revogação legal se subdivide em duas hipóteses: (i) abertura ou dilaceramento do testamento cerrado;
(ii) rompimento do testamento.
Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia
quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente
sobreviver ao testador.
Art. 1.974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outros herdeiros
necessários.
INVENTÁRIO E PARTILHA
Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
O inventário e a partilha são o procedimento12 pelo qual o patrimônio do autor da herança é efetivamente
transferido para o domínio de seus sucessores, sejam eles herdeiros ou legatários do morto. Tal
procedimento visa apurar quem é o autor da herança, qualificando-o; quem são seus sucessores e a
qualidade a que sucedem; saber a extensão e o valor do patrimônio deixado pelo de cujus. O
procedimento especial do inventário vem regulado no Código de Processo Civil nos artigos 610-673.
Existem dois tipos de inventário: o judicial e o extrajudicial. O inventário judicial ocorre nas
seguintes hipóteses: se o morto deixou testamento, se há herdeiro incapaz ou ausente, ou quando houver
discordância entre os herdeiros quanto à partilha.
Depois que o inventariante é nomeado pelo juiz, ele prestará compromisso e deverá apresentar
no prazo de 20 dias as Primeiras Declarações – trata-se de uma síntese informando qualificação do
falecido e sucessores, bem como a relação dos bens que compreendem o patrimônio. Os bens deverão
ser descritos com individuação e clareza.
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Processo tem um autor, um requerente, e requer no polo passivo alguém que oferece uma resistência
a pretensão do autor. Procedimento, por outro lado, não requer isso.
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Não se trata de prazo decadencial, mas poderá incidir multa sobre o ITCMD (porcentagem estabelecida
por cada Estado)
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Apenas se houver herdeiro incapaz ou ausente.
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as pessoas domiciliadas na comarca por onde corre o inventário; as demais, serão citadas por edital, com
prazo de vinte a sessenta dias (não há expedição de carta precatória para citação nesse procedimento).
Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes pelo prazo comum de 10 dias, para dizerem sobre
as primeiras declarações. A parte poderá arguir erros ou omissões, reclamar contra a nomeação do
inventariante, e contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro15. O juiz decidirá sobre
todas as questões de direito e de fato, quando se achar provado por documento; as questões de alta
indagação ou que dependem de outras provas serão remetidas aos meios ordinários.
Ato seguinte, haverá a avaliação dos bens inventariados, que servirá de base de cálculo do ITCMD
e possibilitará uma correta partilha dos bens. Bens situados fora da comarca serão avaliados mediante
carta precatória. Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que as partes se manifestem sobre ele no
prazo de dez dias.
Após a manifestação das partes sobre as Últimas Declarações, procede-se ao cálculo do ITCMD,
sobre o qual serão ouvidas todas as partes, incluindo a Fazenda Pública. Homologado por sentença, são
expedidas guias para o pagamento, encerrando-se o inventário.
Passa-se, em seguida, à fase de partilha. O juiz vai decidir sobre como será feita a partilha, em
despacho de deliberação da partilha, que é irrecorrível. Nessa decisão, ele observará a plena igualdade
de quinhões de herdeiros que são da mesma classe e a igualdade na natureza dos bens, resolvendo as
solicitações e designando os bens que devam constituir o quinhão de cada herdeiro e legatário.
15
Se o juiz julgar procedente a impugnação apresentada por esse motive, por contistuir matéria de alta
indagação, remeterá o juiz a parte para os meios ordinários e sobrestará, até o julgamento final da ação
a ser proposta, o quinhão que couber na partilha ao herdeiro admitido.