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Disciplina: DIREITO CIVIL III – Direito das Sucessões

1ª Etapa

* Teste – 03/09 - sexta

- Valor: 20 pontos

* Prova – 28/09 – terça

- Valor: 20 pontos

2ª Etapa

* Teste - 05/11 – sexta

- Valor: 20 pontos

* Prova – 30/11

- Valor: 20 pontos

Roteiro 01

Professora: Ássima Casella

Unidade I – Da sucessão em geral

1. Sucessão inter vivos e mortis causa

De acordo com Carlos Roberto Gonçalves, a palavra sucessão, sem sentido amplo,
significa o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na
titularidade de determinados bens.

Nas palavras de MHD, a sucessão mortis causa é a transferência, total ou parcial da


herança, por morte de alguém, a um ou mais herdeiros.

*** Fundamento constitucional

Art. 5°,XXX/CF XXX - é garantido o direito de herança;

- Será alvo de nosso estudo a sucessão decorrente do óbito da pessoa natural.

2. Direito das Sucessões:

- Conceito:

De acordo com Tartuce “Direito das Sucessões como o ramo do Direito Civil que tem
como conteúdo as transmissões de direitos e deveres de uma pessoa a outra, diante
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do falecimento da primeira, seja por disposição de última vontade, seja por


determinação da lei, que acaba por presumir a vontade do falecido”.

De acordo com Cristiano Chaves, “O direito das sucessões é o conjunto de regras e


princípios que disciplina a transmissão das relações jurídicas patrimoniais de alguém
que faleceu para os seus sucessores”.

Caio Mário define como o modo de adquirir, a titulo universal ou a titulo singular, bens
e direitos que passam de um sujeito que morre, aos que lhe sucedem, isto é, passam a
ocupar a sua situação jurídica.

- Conteúdo Direito das Sucessões:

O direito das sucessões é dividido em quatro diferentes setores:

1º) Sucessão em geral: são as regras sucessórias universais (aplicáveis a toda e


qualquer sucessão);

2º) Sucessão legítima: é aquela que se opera por força de lei;

3º) Sucessão testamentária: é a que ocorre pela vontade do autor da herança;

4º) Inventário e partilha: são as regras sucessórias processuais.

3. Sucessão legitima e testamentaria

Ver: art. 1786/CC

De acordo com Tartuce, há duas modalidades básicas de sucessão mortis causa:

a) Sucessão legítima – Aquela que decore por lei, que enuncia a ordem hereditária,
legislador prevê por lei quem terá direito aos bens deixados pelo de cujus. Presumindo
a vontade do autor da herança. Também pode ser denominada como sucessão ad
intestato por NÃO exigir testamento.

b) Sucessão testamentária – Advém do ultimo ato de vontade do de cujus, por


testamento, legado ou codicilo. Manifestação da vontade por meio de um negocio
jurídico, especificando quem irá receber a sua herança. Independe de grau de
parentesco.

- Sucessor: É aquele que será convocado para dar continuidade às relações


patrimoniais do falecido. No Brasil existem dois tipos de sucessores:

- Legatário: é sucessor a título singular;

- Herdeiro: é sucessor a título universal (a herança é universalidade).

- Legatário > é sucessor a título singular


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- Herdeiro > é sucessor a título universal, podendo ser:

- Herdeiros testamentários: a titulo universal ou legatário a titulo singular

- Testamentário: decorre da vontade do testador;

- Legítimo: decorre da lei e divide-se em:

- Necessários - têm a seu favor a proteção da legítima, composta por metade


do patrimônio do autor da herança (art. 1.846 do CC). Calcula-se a legítima sobre o
valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do
funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos à colação (art. 1.847).
Para a concreta proteção da legítima, prevê o art. 1.789 do CC que, em havendo
herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança. Faz o
mesmo o art. 549 do CC no tocante à doação, ao dispor que nula é a doação quanto à
parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em
testamento (nulidade parcial da doação inoficiosa).

- Facultativos - não têm a seu favor a proteção da legítima, podendo ser


preteridos por força de testamento (art. 1.850 do CC).

Os herdeiros legítimos facultativos não têm direito a legitima.

Colaterais ate o 4º grau.

*** Herdeiros necessários:

Art. 1.845/CC São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto


aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições
seguintes:

I - se concorrer com filhos comuns terá direito a uma quota equivalente à que por lei
for atribuída ao filho;

II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do


que couber a cada um daqueles;

III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;

IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

Obs.: Em razão da declaração de inconstitucionalidade do art. 1790/CC, atualmente o


companheiro é equiparado ao cônjuge a fins sucessórios.
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Tratando-se de herdeiros necessários, havendo descendentes, esses herdarão com


preferencia em relação aos ascendentes. Os descendentes afastam os ascendentes
para fins sucessórios.

Cônjuge/companheiro, via de regra, herda em concorrência com os ascendentes ou


descendentes, somente ira herdar sozinha na ausência de ambos.

Há depender do regime de bens o cônjuge não ira herdar juntamente com os


descendentes.

Na linha ascendentes e descendentes, o mais próximo exclui o mais remoto.

*** Legítima:

Limitação aos atos de liberalidade, ou seja, doação e testamento. Portanto havendo


herdeiros necessários não poderá dispor de metade do patrimônio.

Art. 1.846/CC Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens
da herança, constituindo a legítima.

Art. 1.788/CC Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros
legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no
testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado
nulo.

Obs.: A sucessão legitima é regra e a testamentaria exceção, visto que subsistira a


legitima se o testamento for não operar efeitos.

3.1. Sucessão contratual

Por estarem expressamente proibidos os pactos sucessórios, nosso direito não admite
a sucessão contratual.

Ver: art. 426/CC – Pacta corvina – Efeito: Nulidade

Obs.: Art. 2018/CC

Art. 2.018/CC É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última
vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.

Nos dizeres de Maria Berenice Dias, não se pode reconhecer como pacto sucessório a
possibilidade de o ascendente proceder a partilha da parte disponível de seus bens por
ato entre vivos (art. 2018/CC). Da mesma forma, não é pacto sucessório a doação feita
de ascendentes para descendentes, o que configura adiantamento de legitima (art.
544/CC). Isso porque ambas as liberalidades são levadas a efeito pelo seu titular, não
pelos herdeiros.
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De acordo com Caio Mário a natureza jurídica da partilha em vida define-se como uma
sucessão antecipada.

4. Morte

Conforme Maria Berenice Dias, a morte é o pressuposto/necessário para a sucessão.

Principio da saisine: Trata-se de princípio fundamental do Direito Sucessório, em que a


morte opera a imediata transferência da herança aos seus sucessores legítimos e
testamentários, visando impedir que o patrimônio deixado fique sem titular, enquanto
se aguarda a transferência definitiva dos bens aos sucessores do falecido.

Com a morte haverá a abertura da sucessão.

Portanto, os herdeiros passam a ter direito à herança.

- Morte real e a morte presumida.

Procedimento de justificação de orbito.

Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de
pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer
outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for
possível encontrar-se o cadáver para exame. (Renumerado do art. 89 pela Lei nº 6.216,
de 1975).

Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em


campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo
85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito.

Ver: arts. 6º e 7º/CC.

Art. 6° A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto
aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

- Abre-se a sucessão somente com o óbito, real ou presumido.

Obs. A ausência não induz sucessão.

Art. 7° Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até


dois anos após o término da guerra.
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Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a
data provável do falecimento.

4.1. Comoriência:

Em caso de comoriência, não haverá, partilha de herança entre os comorientes.

- Brasil: Adota a presunção relativa de simultaneidade, ou seja, não é necessário que o


evento seja único, o que importa é que haja a efetiva simultaneidade, a dificuldade em
se apurar a efetiva precedência de falecimentos.

Art. 8°/CC Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos.

5. Momento da transmissão da herança

Com a morte do de cujus, já ocorre o deferimento da herança. Entretanto é possível


renuncia-la posteriormente.

Os herdeiros, até a partilha, tem a propriedade da herança de forma indivisível.

- Princípio da saisine, droit de saisine.

De acordo com Paulo Lobo, a saisine e mecanismo jurídico de investidura automática e


legal na titularidade da herança, dos que o ordenamento considera sucessores, na
ordem estabelecida. Ainda, de acordo com o referido autor, a essência da norma
brasileira é que a morte da pessoa não gera um vazio na titularidade sobre a herança
que deixou.

Art. 1.784/CC Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.

*** A transmissão de Saisine é uma ficção jurídica, é ope legis.

Obs.: Art. 1791/CC

A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e
posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.

6. Regras que definem a sucessão/ Efeitos da saisine

- A abertura da sucessão se dá no domicílio do falecido, na forma do artigo 1.785/CC,


combinado com os artigos 48 e 49/CPC.
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Art. 48/CPC O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o


inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade,
a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o
espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.

Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:

I - o foro de situação dos bens imóveis;

II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;

III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

Art. 49/CPC A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último
domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o
cumprimento de disposições testamentárias.

Art. 70/CC

Regra para abertura de inventario = domicilio.

6.1. Pessoa falecida domiciliado no estrangeiro:

Art. 10/LNDB A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação
dos bens.

§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei


brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente,
sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal do de cujus.

§ 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.

Art. 5, XXXI/CF - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
mais favorável à lei pessoal do "de cujus”.

6.1. - Regra de conexão internacional

Caso onde o inventario será processado no Brasil, mas poderá ser aplicado a lei
estrangeira.

Competência

Art. 23/CPC Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer


outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;


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II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento


particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional;

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha


de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domicílio fora do território nacional.

Art. 376/CPC A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou


consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.

7. Aplicação da lei sucessória

Art. 1.787/CC Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da
abertura daquela.

ITCMD - Imposto de transmissão causa mortis e doação

Súmula 112/STF

O IMPOSTO DE TRANSMISSÃO "CAUSA MORTIS" É DEVIDO PELA ALÍQUOTA VIGENTE


AO TEMPO DA ABERTURA DA SUCESSÃO.

ITCMD

Súmula 331/STF: É legítima a incidência do imposto de transmissão "causa mortis" no


inventário por morte presumida.

8. Responsabilidade dos herdeiros

Os herdeiros respondem até o limite das forcas da herança.

Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança;
incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse,
demostrando o valor dos bens herdados.

Ex: O de cujus deixa divida de 10 mil, mas uma patrimônio/herança de 8mil, os


credores irão receber os 8mil.

Os herdeiros não irão suprir a quantia que falta.

Os herdeiros respondem ate a força da herança.

Obs. Tributos
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A responsabilidade pelos tributos é do espolio. Os herdeiros são responsáveis após a


partilha de bens, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou
meação. (art. 131/CTN)

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