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09/04/2023

Direito Civil IX: Sucessões


2023 – Moisés C. Castro

RECAPITULAÇÃO
•Duas modalidades de sucessão:

• a) legítima ou ab intestado: que decorre da lei ou sucessão


sem testamento válido;

•b) testamentária: por disposição de última vontade, ou seja,


com testamento válido.

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RECAPITULAÇÃO
•Testamento – negócio jurídico – pressupostos de existência,
validade e eficácia.

•Agente capaz, manifestação livre da vontade, objeto definido –


bens e herdeiros determináveis, forma e formalidades de
acordo com a lei.

RECAPITULAÇÃO
•Há três tipos primários de testamentos:

•a) Testamento – destina-se parte ou percentual da herança.

•b) Legado – destina-se um bem certo e determinado a uma


pessoa nomeada especificamente.

•c) Codicilo – escrito particular com disposições para serem


cumpridas depois da morte.

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RECAPITULAÇÃO
•Liberdade para testar: relativa ou plena.

•Liberdade relativa: quando há herdeiros necessários, apenas


50% do patrimônio particular.

•Liberdade plena: 100% do patrimônio quando não houver


herdeiros necessários.

•Legítima – Metade do patrimônio que pertence aos herdeiros


necessários – não pode ser objeto de doação e testamento.
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RECAPITULAÇÃO
•A determinação da legítima deve considerar os regimes de
bens.

•Importante estabelecer o patrimônio particular do autor da


herança e considerar a meação, em caso de meação

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TIPOS DE HERDEIROS
•1. Herdeiro testamentário ou legatário: constituído por
disposição de última vontade (testamento, legado ou codicilo).

•2. Herdeiro legítimo: indicado pela lei conforme a ordem da


vocação hereditária (art. 1.829, CC): descendentes,
ascendentes, cônjuges (companheiros) e colaterais.

•*Cuidado!: colaterais são legítimos, mas não são necessários.

TIPOS DE HERDEIROS
•3. Herdeiros Necessários ou Obrigatórios: também chamados
de “reservatários ou legitimatários”. De acordo com o art.
1.845, do CC, são herdeiros necessários: os descendentes, os
ascendentes e o cônjuge/companheiro. A estes herdeiros é
reservada a “legítima”, metade dos bens do autor da herança
que não pode ser disposta em testamento.

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TIPOS DE HERDEIROS
•4. Herdeiros Facultativos: são os herdeiros colaterais, não-
obrigatórios, que podem ser excluídos da sucessão pelo
testamento. Serão chamados à sucessão apenas quando não
houver herdeiros necessários e não forem excluídos por
testamento.

•CC, art. 1.850 – Para excluir da sucessão os herdeiros


colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio
sem os contemplar.
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TIPOS DE HERDEIROS
•CC, art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas
condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a
suceder os colaterais até o quarto grau.

•Irmãos, bilaterais ou unilaterais (colaterais de segundo grau);


os tios e sobrinhos (colaterais de terceiro grau); e, os primos,
tios-avós e sobrinhos-netos (colaterais de quarto grau).

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Sobrinho-
neto

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OBERVAÇÕES
•1. Não confunda a “legítima” (parte da herança que não pode
entrar no testamento) com “sucessão legítima” (modalidade de
sucessão ab intestato, sem testamento).

•2. Os colaterais não são herdeiros necessários, por isso não


têm direito à legítima, mas são herdeiros legítimos, pois entram
no rol dos herdeiros chamados à sucessão do art. 1.829.

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OBSERVAÇÕES
•3. Os colaterais são facultativos, pois só herdarão se não
houver algum herdeiro necessário ou se o testador não deixou
testamento que os exclua. Também não recolherão a herança
quando esta for decretada vacante.

•4. O testador poderá excluir plenamente da herança os


herdeiros colaterais (facultativos), mas não poderá excluir
totalmente os herdeiros necessários.
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OBSERVAÇÕES
•5. Além da legítima (metade a que têm direito), os herdeiros
necessários poderão ser contemplados no testamento com os
bens constantes da outra metade. Os herdeiros necessários
poderão ser herdeiros legítimos e testamentários, ao mesmo
tempo.
•CC, art. 1.849 – O herdeiro necessário, a quem o testador
deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o
direito à legítima.
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ABERTURA DA SUCESSÃO
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ABERTURA DA SUCESSÃO
•A abertura da sucessão ocorre com a morte, que põe fim
definitivo à pessoa natural.

CC, art. 6º - A existência da pessoa natural termina com a


morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em
que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

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PRINCÍPIO DA SAISINE
•O princípio da saisine ou direito de saisine representa a
transmissão imediata da posse da herança aos herdeiros –
sucessores legítimos e testamentários.

CC, art. 1.784 – Aberta a sucessão, a herança transmite-se,


desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

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PRINCÍPIO DA SAISINE
•Saisine significa, literalmente, “posse”. Vem do latim, sacire,
“apropriar-se”; “apoderar-se de”; “imitir-se na posse”, “por para
dentro”.

•Expressão: le mort saisit le vif – “o morto é substituído pelo


vivo”.

•Os eventos: morte, abertura da sucessão e transmissão da


herança ocorrem ao mesmo tempo.
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LEI QUE REGULA A SUCESSÃO


•Princípio do tempus regit actum: lei vigente ao tempo da morte,
ou seja, da abertura da sucessão.

CC, art. 1.787 – Regula a sucessão e a legitimação para


suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.

Súmula 112 – STF: O imposto de transmissão causa mortis é


devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da
sucessão.
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MORTE PARA O DIREITO SUCESSÓRIO


•Para o direito sucessório, trata-se de MORTE CIVIL.

•De acordo com Flávio Tartuce, a morte civil da pessoa natural


engloba três modalidades: a) morte real; b) morte presumida
sem declaração de ausência; c) morte presumida com
declaração de ausência.

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MORTE REAL
•Morte de “corpo presente”, constatada pela morte cerebral ou
encefálica, conforme dispõe a Lei de Transplantes no Brasil:

Lei 9.434/1997, art. 3º – A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes


do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser
precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois
médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a
utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do
Conselho Federal de Medicina.

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MORTE REAL
•Para a comprovação da morte real, a legislação exige, além da
prova do “corpo presente”, a constatação da morte cerebral ou
encefálica por um laudo médico.

•Após o laudo médico, faz-se o atestado de óbito no Cartório de


Registro Civil, contendo alguns dados importantes para a
sucessão (art. 9º, I, CC, e Lei 6.015/1973).

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MORTE REAL
• Local, data e hora da morte.

• Nome do cônjuge sobrevivente, ou do cônjuge pré-morto, se


viúvo; nome dos ascendentes; informação se houver
testamento conhecido; nome e idade dos filhos; informação se
há filhos menores ou interditados.

• Informação sobre os bens deixados.

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MORTE PRESUMIDA SEM DEC. DE AUSÊNCIA


•Também conhecida como “morte por justificação”, conforme a
Lei de Registros Públicos (Lei 6015/1973):

•Não há corpo presente, mas, há uma justificação plausível da


ocorrência da morte.

•Não há necessidade do decurso de prazo de ausência da


pessoa, pois presume-se o desaparecimento imediato no
momento da ocorrência da situação.
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MORTE PRESUMIDA SEM DEC. DE AUSÊNCIA


•Exige uma situação prevista em lei.

•Trata-se de presunção relativa juris tantum (“apenas de


direito”), pois admite prova em contrário, visto que é possível o
retorno da pessoa viva a qualquer tempo.

•Não há fases para que a morte seja declarada, como existe na


morte por declaração de ausência. Basta que ocorra a situação
prevista e sejam verificados os seus requisitos.
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MORTE PRESUMIDA SEM DEC. DE AUSÊNCIA


•Há três situações de morte presumida sem decretação da
ausência: duas no art. 7º, CC e uma, em legislação especial.

•CC, art. 7º - Pode ser declarada a morte presumida, sem


decretação de ausência:
• I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo
de vida;
• II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não
for encontrado até dois anos após o término da guerra.
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MORTE PRESUMIDA SEM DEC. DE AUSÊNCIA


•CC, at. 7º, Parágrafo único. A declaração da morte presumida,
nesses casos, somente poderá ser requerida depois de
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar
a data provável do falecimento.

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MORTE PRESUMIDA SEM DEC. DE AUSÊNCIA


•A Lei 6.015/1973 – Lei de Registro Públicos:

• Art. 88 – Poderão os juízes togados admitir justificação para o assento de óbito


de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou
qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do
desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame.

• Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de


desaparecimento em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o
registro...

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PERIGO DE VIDA/MORTE
•Catástrofes naturais, enchentes, quedas de avião etc.
•A pessoa estava no local da catástrofe ou acidente.
•Perigo de vida (morte).
•As buscas e averiguações foram encerradas.
•Sentença declarando a morte e a data provável do falecimento.

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PERIGO DE VIDA/MORTE
•A Lei 6.015/1973 – Lei de Registro Públicos, também, faz a
previsão da morte por justificação ou sem decretação da
ausência em caso de perigo de morte:

• Art. 88 – Poderão os juízes togados admitir justificação para o


assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação,
incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver
provada a sua presença no local do desastre e não for possível
encontrar-se o cadáver para exame.

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DESAPARECIDO EM CAMPANHA/PRISIONEIRO
•Situação de conflitos armados, guerras, missões internacionais
pela ONU em locais de conflito.
•Desaparecimento durante a campanha ou feito prisioneiro.
•Após dois anos do término da guerra – presume-se que as
buscas e averiguações foram encerradas.
•Sentença declarando a morte e a data provável do falecimento.

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DESAPARECIDO NA DITADURA MILITAR


•Lei 9.140/1995, art. 1º - São reconhecidas como mortas, para
todos os efeitos legais, as pessoas que tenham participado, ou
tenham sido acusadas de participação, em atividades políticas,
no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988,
e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes
públicos, achando-se, deste então, desaparecidas, sem que
delas haja notícias.

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REGRESSO DO MORTO PRESUMIDO


•Como se trata de presunção relativa, a morte provável poderá
ser refutada com o aparecimento do “ex-de cujus”.

•O que fazer com a herança que já foi distribuída na abertura da


sucessão? Em que estado o “ex-morto” receberá seus bens?

•O CC não traz uma solução clara a respeito.

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REGRESSO DO MORTO PRESUMIDO


•Nesse caso, doutrinadores como Sílvio Sávio Venosa, por
exemplo, entendem que devem ser aplicadas as disposições
da sucessão definitiva, conforme a “morte presumida com
decretação de ausência”.

•De acordo com o art. 39, CC, o ausente, que teve sua morte
presumida, e, por decorrência, foi aberta a sucessão definitiva,
passando seus bens aos herdeiros, caso regresse, receberá:

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REGRESSO DO MORTO PRESUMIDO


•Os bens existentes no estado em que se acharem.

•Os bens sub-rogados em seu lugar;

•O preço que os herdeiros e demais interessados houverem


recebido pelos bens alienados.

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NOVO CASAMENTO DO CÔNJUGE SUPÉRSTITE


•O suposto viúvo casa-se novamente, mas o “ex-morto” retorna.
Qual casamento terá validade?

•Para o art. 1.571, CC, a sociedade conjugal termina com a


morte dos cônjuges. Para o § 1º, aplica-se a morte presumida
como uma das causas de dissolução do casamento,
equivalendo ao divórcio.

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NOVO CASAMENTO DO CÔNJUGE SUPÉRSTITE


•Por essa regra, o primeiro casamento seria dissolvido e o
segundo, válido.
•Mas, a presunção da morte não é absoluta, mas relativa (juris
tantum). Sendo relativa, a presunção da morte se desfaz com a
prova de vida.
•Desfeita a presunção, seria lógico considerar, também, desfeita
a dissolução do casamento (pela morte), restaurando o status
quo ante.
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NOVO CASAMENTO DO CÔNJUGE SUPÉRSTITE


•Como consequência, o segundo casamento é nulo em razão
do casamento anterior.

•Assim, o cônjuge que se casou pela segunda vez, deverá se


divorciar do primeiro e se casar “novamente”, caso deseje.

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MORTE PRESUMIDA-DECRETAÇÃO AUSÊNCIA


•A morte presumida, bem como os desdobramentos
sucessórios, estão amparados no CC, arts. 22 a 39.

•CC, art. 22 – Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio


sem dela haver notícia, se não houver deixado representante
ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público,
declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.

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MORTE PRESUMIDA-DECRETAÇÃO AUSÊNCIA


•Para que ocorra a ausência, deve-se constatar:
•A pessoa está em local incerto e não sabido.
•O desaparecido não deixou um representante.
•Não há indícios das razões do seu desaparecimento.
•Não há indícios de que a pessoa estivesse passando por risco
de morte (nesse caso seria morte presumida sem decretação
de ausência).
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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•1. Curadoria dos bens do ausente – arts. 22 a 25, CC: fase da
arrecadação dos bens do ausente, em que se declara a
ausência, nomeia-se um curador para guardar e administrar os
bens do ausente.

•Nessa fase ocorre: a) desaparecimento da pessoa; b) pedido


de um interessado ou do MP para que o juiz decrete a
ausência; c) decretação da ausência; d) arrecadação dos bens;
e, e) nomeação de um curador para os bens do ausente.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•2. Abertura da sucessão provisória: será aberta após um ano
da arrecadação dos bens do ausente e a pedido de um
interessado. Se nenhum interessado requerer, pode o MP
requerer a sucessão provisória.
•*Se o ausente tiver deixado um administrador para os seus
bens, esse prazo aumenta para 3 anos (CC, art. 26).
•*CPC, art. 745, § 1º, possibilita ao juiz a possibilidade de
estipular outro prazo diferente.
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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória
produzirá efeitos em 180 dias depois de publicada na
imprensa.
•Partilha dos bens do ausente: após esse trânsito em julgado
(180 dias) ocorre:
•a. Habilitação dos herdeiros.
•b. Abertura do testamento, se houver.
•c. Inventário e partilha dos bens.
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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Obs. 1. Duração da sucessão provisória: A sucessão provisória
durará 10 anos, pois o prazo para se requerer a sucessão
definitiva é de 10 anos a partir do trânsito em jugado da
sentença que decretou a sucessão provisória (180 dias),
conforme art. 37, CC.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Obs. 2. Não comparecimento e não habilitação de herdeiro: Se
não comparecer herdeiro ou interessado para requerer o
inventário até trinta dias depois de passar em julgado a
sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-
á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida
nos arts. 1.819 a 1.823, do CC. (esses artigos tratam da
herança vacante e jacente). [Vamos ver isso mais à frente].

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Obs. 3. Garantias dos herdeiros habilitados: os herdeiros que
se habilitarem para a sucessão provisória precisam prestar
garantias que assegurem o valor dos quinhões que receberem
na partilha dos bens.

CC, art. 30 – Os herdeiros, para se imitirem na posse dos


bens do ausente, darão garantias da restituição deles,
mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões
respectivos.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


 Ascendentes, descendentes e cônjuge, independente de
garantia poderão entrar na posse dos bens.

Outros herdeiros, se não puderem prestar garantias, serão


excluídos, ficando sua parte sob a administração de um
curador ou de outro herdeiro, nomeado pelo juiz, que prestar a
garantia.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Obs. 4. Posse provisória dos bens: Nessa segunda fase, de
sucessão provisória, a posse dos bens pelos herdeiros,
também, será provisória.
•Obs. 5. Alienação dos imóveis: Imóveis só poderão ser
alienados com autorização do juiz com o fim de evitar sua
ruína.
•Obs.6. Frutos dos bens: Descendentes, ascendentes e
cônjuge, enquanto sucessores provisórios, ficam com todos os
frutos e rendimentos dos bens sob sua posse.
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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Obs. 7. Frutos dos bens: Outros sucessores provisórios ficam
com a metade dos frutos e rendimentos e devem capitalizar a
outra metade, prestando contas ao juiz anualmente.

•Obs. 8: O sucessor que não puder prestar garantia para entrar


na posse provisória dos bens da herança, poderá requerer a
metade dos frutos e rendimentos que teria direito se entrasse
na posse.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Obs. 9. Ocorrência da morte do ausente: Se durante a posse
provisória se provar a morte do ausente, será considerada
aberta a sucessão na data do falecimento.

•Obs. 10. Aparecimento do ausente nessa fase: Se o ausente


aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e
injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos
frutos e rendimentos.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Obs. 11. Aparecimento do ausente: Se o ausente aparecer ou
ficar provada a sua existência, depois de estabelecida a posse
provisória, cessarão as vantagens dos sucessores provisórios,
ficando obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas,
até a entrega dos bens a seu dono (ausente).

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•3. Abertura da sucessão definitiva – arts. 37 a 39, CC:
Representa a terceira e última fase do direito sucessório diante
da morte presumida com decretação de ausência e consiste na
conversão da sucessão provisória em definitiva.

a. Prazo para a conversão da sucessão provisória em definitiva:


10 anos, contados do trânsito em julgado da sentença que
decretou a sucessão provisória – art. 37, CC.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•3. Abertura da sucessão definitiva – arts. 37 a 39, CC:
Representa a terceira e última fase do direito sucessório diante
da morte presumida com decretação de ausência e consiste na
conversão da sucessão provisória em definitiva.
a. Prazo para a conversão da sucessão provisória em definitiva:
10 anos, contados do trânsito em julgado da sentença que
decretou a sucessão provisória – art. 37, CC. Requerimento
pelos interessados.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•O prazo cai para 5 anos quando o ausente tiver mais de 80
anos e o prazo é contado do seu desaparecimento:

•CC, art. 38 – Pode-se requerer a sucessão definitiva, também,


provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que
de cinco datam as últimas notícias dele.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


b. Regresso do Ausente: CC, art. 39. Regressando o ausente
nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou
algum de seus descendentes ou ascendentes*, aquele ou estes
haverão só os bens existentes no estado em que se acharem,
os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e
demais interessados houverem recebido pelos bens alienados
depois daquele tempo.

* Aqueles que não se habilitaram na sucessão provisória e aparecem para pedirem a


herança que tinham direito e foi passada a outros herdeiros. (colaterais, por exemplo).

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


c. Não regresso do ausente e nenhum interessado promoveu a
sucessão definitiva: aplica-se a regra da herança jacente.

•CC, art. 39, parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere
este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado
promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão
ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados
nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da
União, quando situados em território federal.

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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Outra questão: Se houve casamento do “viúvo” após a
decretação da morte, qual casamento é válido após o regresso
do “morto”?

•Art. 1.571, CC, a sociedade conjugal termina com a morte.


Para o § 1º, aplica-se a morte presumida como uma das
causas de dissolução do casamento, equivalendo ao divórcio.

•Por essa regra, o primeiro casamento seria dissolvido e o


segundo, válido.
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FASES DO PROCIDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Como já vimos, os estudiosos, na morte presumida sem
decretação de ausência, o casamento anterior permanece
válido com o regresso do cônjuge dado como morto, em razão
da presunção da morte ser relativa (juris tantum). Sendo
relativa, a presunção da morte se desfaz com a prova de vida.
•Para a morte presumida com decretação de ausência,
considera-se um longo prazo que envolve todo o processo.
Dado o longo prazo, considera-se o casamento do ausente
totalmente desfeito.
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FASES DO PROCEDIMENTO DA AUSÊNCIA


•Nesse caso, estando legalmente dissolvido o primeiro
casamento, contraído com o ausente, prevalecerá o segundo
casamento.
Yussef Said Cahali: Entende-se assim que, no sistema ora
implantado em nosso direito, a declaração judicial da ausência de um
dos cônjuges produz os efeitos de morte real do mesmo no sentido
de tornar irreversível a dissolução da sociedade conjugal; o seu
retorno a qualquer tempo em nada interfere no novo casamento do
outro cônjuge, que tem preservada, assim, a sua plena validade.

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MANHÃ

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COMORIÊNCIA
•A “comoriência” é a presunção relativa (juris tantum – admite
prova contrária) de morte simultânea de duas ou mais pessoas,
em razão do mesmo evento ou não. No direito sucessório, está
relacionada ao momento de transmissão da herança.
•Produz efeitos, apenas, quando os comorientes possuírem
relações que indiquem a existência de direitos sucessórios
entre eles, ou seja, pessoas que são reciprocamente herdeiras
– marido e mulher, companheiro e companheira, pais e filhos,
irmãos entre outros.
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COMORIÊNCIA
CC, art. 8º – Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes
precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
•Principal efeito da comoriência: entre os comorientes não há
transmissão de herança. Quando morrem ao mesmo tempo,
não há tempo para haver transmissão entre eles.

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COMORIÊNCIA
Um não pode herdar do outro, uma vez que a transmissão da
herança ocorre imediatamente, “desde logo”, ao herdeiro no
momento da abertura da sucessão (no mesmo instante da
morte).

CC, art. 1784 – Aberta a sucessão, a herança transmite-se,


desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

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COMORIÊNCIA
•Para que ocorra a comoriência (presunção de morte
simultânea), não pode haver meios que indiquem quem morreu
primeiro. Como ensina Maria Berenice Dias:

•“Não havendo a possibilidade de saber quem é herdeiro de


quem, a lei presume que as mortes foram concomitantes.
Desaparece o vínculo sucessório entre ambos. Com isso, um
não herda do outro e os bens de cada um passam aos seus
respectivos herdeiros.” (Manual de direito das sucessões).

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COMORIÊNCIA
Obs. 1: Para fins sucessórios, a prova da comoriência ou da
premoriência deve ser o laudo médico. Não vale a opinião do
policial, por exemplo, que tenha presenciado o fato. A opinião
do policial será útil ao laudo médico. Não havendo laudo
médico ou se não for possível constatar, por meios científicos,
premoriência de um em relação ao outro, deve-se considerar
que morreram ao mesmo tempo (presunção relativa juris
tantum), admite prova em contrário.
Obs. 2: A comoriência pode ocorrer em lugares diferentes.
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LUGAR DA ABERTURA DA SUCESSÃO


•CC, art. 1.785 – A sucessão abre-se no lugar do último
domicílio do falecido.
•É possível que a pessoa tenha mais de um domicílio, conforme
art. 71, CC – pluralidade domiciliar – domicílios alternativos.
• CPC, art. 48, parágrafo único – Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é
competente:
• I – o foro de situação dos bens imóveis.
• II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes.
• III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

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LUGAR DA ABERTURA DA SUCESSÃO


•Sucessão envolvendo estrangeiros ou bens no exterior,
aplicam-se as disposições específicas da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro, de acordo com o direito
internacional privado.
•Bens de estrangeiros situados no país: CF, 5º, XXXI – “A
sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do de cujus”.
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