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FACULDADE SANTA LÚCIA PÁGINA

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MATERIAL DE APOIO DO SEMESTRE
DISCIPLINA: Direito Civil VII
PROFESSOR: Dr. Marcelo Vanzella Sartori
CURSO: DIREITO – 7º SEMESTRE – 2023

MATERIAL ELABORADO UTILIZANDO-SE AS BIBLIOGRAFIAS:


DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito das sucessões. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 6.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 7
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito das sucessões. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005. v. 7.

DIREITO DAS SUCESSÕES

• Conceito
Em sentido amplo, o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na titularidade de
determinados bens.
Ex: Compra e venda – comprador sucede o vendedor, adquirindo todos os direitos que a este pertenciam.
Sucessão inter vivos (também no direito das coisas, quando se dá a tradição da coisa; no direito de família,
quando os pais decaem do poder familiar e são substituídos pelo tutor etc; e não só no direito das
obrigações).
Em sentido estrito, usa-se o mesmo vocábulo para designar tão somente a decorrente da morte de alguém,
ou causa mortis.

• CF de 88
Art. 5º XXX (inclui entre as garantias fundamentais o direito de herança)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes (...)
XXX - é garantido o direito de herança;

Art. 227, §6º (assegura a paridade de direitos, inclusive sucessórios, ente todos os filhos, havidos ou não da
relação do casamento, assim como por adoção).
Art. 227 (...)
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

Leis relevantes: 8971/94 e 9278/96, regulam o direito de sucessão entre companheiros.

CC de 2002 (10.406/02): inúmeras inovações destacando-se a inclusão do cônjuge como herdeiro


necessário e concorrente com descendentes e ascendentes.

• Fundamento do direito das sucessões


- Não apenas o direito de propriedade como também o direito de família, com intenção de protegê-la, uni-la
e perpetuá-la.
- Art. 5º, XXXI e XXX da CF de 88.
- na antiguidade: por motivos religiosos, para fortalecimento das famílias (no sentido da família ser chefiada
pelo varão mais velho); igualdade de direitos entre herdeiros, capitalismo etc.
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• Conteúdo do direito das sucessões


- CF: XXX do art. 5° – direito de herança
- CC de 02: 4 títulos – sucessão em geral (normas de administração de herança, aceitação e renúncia,
vocação hereditária, legitimados a suceder, herança jacente, petição de herança e excluídos da sucessão por
indignidade) tanto decorrentes da lei quanto de testamento.
Sucessão legítima (da que se opera por força de lei em favor das pessoas constantes da ordem de vocação
hereditária, quer por direito próprio, quer por direito de representação);
Sucessão testamentária (regras de transmissão de bens por ato de última vontade); e Inventário e
partilha.

• Abertura da Sucessão
- art. 1784 CC: abrange a herança, o patrimônio do de cujus que não se constitui só de bens materiais e
corpóreos (imóvel, carro), mas representa uma universalidade de direito, o complexo de relações jurídicas
dotadas de valor econômico (91, CC).

Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor
econômico.

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

- compreendem o ativo e o passivo de que era titular o falecido.

- sucessão se dá com a morte real (art. 6°, CC); acontecendo a morte, abre-se a sucessão,
transmitindo-se automaticamente a herança aos herdeiros legítimos e testamentários do falecido, sem
solução de continuidade e ainda que estes ignorem o fato.
Ficção jurídica que garante a continuidade na titularidade das relações jurídicas do defunto por meio da
transferência imediata da propriedade aos herdeiros.

- Pressupostos da sucessão: que o de cujus tenha falecido (óbito real ou presumido); e que lhe sobreviva
herdeiro.

- Ausente: arts. 22 a 38, CC.

- Morte presumida: art. 7°, I e II CC. Parágrafo único determina que a sentença fixe a provável data do
falecimento.

• Momento da transmissão da herança


- com a morte (porém, a aceitação da herança a torna definitiva. Há hipótese onde o herdeiro pode
renunciar).

- delação: aberta a sucessão, devolve-se a herança, ou melhor, defere-se o acervo hereditário a este ou
àquele herdeiro. Tal abertura é denominada delação ou devolução sucessória e beneficia desde logo os
herdeiros.
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- para haver sucessão, necessário que o herdeiro sobreviva ao hereditando. Há casos em que o falecimento
de ambos resta impossível de ser apontado e, se ocorreu ou não, a sobrevivência do herdeiro. Portanto, a lei
determina o apontamento da comoriência (art. 8°, CC).
Isto resulta na não transferência de bens e direitos entre comorientes (se morre um casal em acidente sem
deixar descendentes e ascendentes, sem poder se precisar qual morreu primeiro, um não herda do outro.
Assim, os colaterais da mulher ficarão com a meação dela e os colaterais do marido ficarão com a meação
dele.

• Princípio da saisine (transmissão da posse)


- tem relação direta com a abertura da sucessão. Resume-se no próprio defunto que transmite ao sucessor o
domínio e a posse da herança (le mort saisit le vif).

- Efeitos:
a) regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela (1787, CC);
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.
b) o sucessor universal continua, de direito, a posse do seu antecessor, com os mesmos caracteres (1206,
CC);
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
c) o herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda que por um instante, herda os bens deixados e os transmite
aos seus sucessores, se falecer em seguida;
d) abre-se a sucessão no lugar do último domicílio do falecido (1785, CC) que é o foro competente para o
processamento do inventário.
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Questões:
Sucessão e inventário devem se dar no mesmo momento?
E se na época da abertura da sucessão vigorava outra lei?

• Espécies de sucessão
- Quanto à fonte
a) sucessão legítima: decorre da lei. Morrendo a pessoa sem deixar testamento, ou se este caducar ou for
julgado nulo, transmite-se a herança a seus herdeiros legítimos (1788, CC) indicados na lei (1829, CC), de
acordo com uma ordem preferencial. A sucessão poderá ser simultaneamente legítima e testamentária
quando o testamento não compreender todos os bens do de cujus. (1788, 2ª parte do CC)
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá
quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento
caducar, ou for julgado nulo.

b) sucessão testamentária: decorre de disposição de última vontade (testamento ou codicilo). Havendo


herdeiros necessários, o testador só poderá dispor de metade da herança (1789), pois a outra constitui a
legítima, àqueles assegurada no art. 1846 do CC. Não ocorrendo, plena será a sua liberdade de testar,
podendo afastar da sucessão os colaterais (1850);
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.

Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a
legítima.
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Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio
sem os contemplar.

c) contratual: não admitida. Art. 426, CC: proibidos os pactos sucessórios, não podendo ser objeto de
contrato herança de pessoa viva. Exceção: podem os pais, por atos entre vivos, partilhar o seu patrimônio
entre os descendentes (Art. 2018, CC).

Quanto aos efeitos:

A título Universal: qdo herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou porcentagem
dela. Pode ocorrer tanto na legítima quanto na testamentária.

A título Singular: testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado, denominado legado. Ex:
carro, terreno. Legatário é diferente de herdeiro? Sim, pois herdeiro sucede a título universal e legatário
sucede a título singular (coisa certa e individuada).

Sucessão anômala: disciplinada por normas excepcionais, não observando a ordem de vocação hereditária
do 1829 para a sucessão legítima. Ex: 520, CC.

Espécies de herdeiros:

Legítimos: indicados pela lei, em ordem preferencial. (art. 1829, CC)

Testamentários (instituídos): beneficiado pelo testador no ato de última vontade (testamento), com parte
ideal do acervo, sem individuação de bens. Pessoa contemplada com coisa certa não é herdeiro, é legatário.

Necessário: (legitimário ou reservatário): descendente ou ascendente sucessível e o cônjuge. 1845.

Universal: herdeiro único, que recebe a totalidade da herança, mediante auto de adjudicação lavrado no
inventário.

Lugar de abertura da sucessão


Art. 1785, CC
Regra: lugar do último domicílio do falecido. Competente como foro para processamento do inventário,
mesmo se a morte ocorreu em outro lugar ou mesmo se outros forem os locais da situação dos bens.
Novo CPC
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a
arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha
extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no
estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
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Se vários os domicílios do de cujus, abrirá o inventário em qualquer um dos domicílios. Art. 46, § 1°,
NCPC.
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra,
no foro de domicílio do réu.
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou
no foro de domicílio do autor.
§ 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio
do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer
deles, à escolha do autor.
§ 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde
for encontrado.

Inventários conjuntos: 672 e 673, NCPC;

Bens situados fora do Brasil: 23 do NCPC.

ATENÇÃO
Pergunta: Abertura da sucessão é o mesmo que abertura de inventário?
Resposta: Não. A primeira se dá com a morte e a segunda, ocorre como ato processual a ser providenciado
pelo(s) interessado(s).

DA HERANÇA E DA SUA ADMINISTRAÇÃO

Comentários Gerais
O patrimônio (ativo e passivo) do falecido chama-se espólio, ou seja, o conjunto de direitos e deveres do
falecido. O espólio é uma massa patrimonial administrada pelo inventariante (art. 1.991, CC) sob
condomínio dos herdeiros (parágrafo único do art. 1.791, CC).

Princípio da indivisibilidade da herança


Parágrafo único do 1791 CC: Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto á propriedade e posse da
herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
Até a partilha a herança é indivisível, por ser considerada um todo unitário, havendo a formação de um
condomínio forçado (imposto pela lei) sendo que, na maioria das vezes, mais de uma pessoa será
proprietária de algo indivisível. Assim, utiliza-se do instituto do condomínio para regrar tal situação
(copossuidores).
O co-herdeiro pode alienar apenas sua quota ideal, sendo esta em razão de seu direito à sucessão aberta.

Responsabilidade dos herdeiros


Art. 1792, CC – herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança.
A aceitação da herança no Brasil, por ordem legal, é sempre a benefício do inventário.
Quem deve provar a existência de mais passivo (dívidas) do que ativo no patrimônio do falecido é o
herdeiro, salvo se houver inventário para tal.
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Cessão de direitos hereditários


Se o co-herdeiro cede seu direito hereditário sobre determinado bem considerado singularmente, de forma
individuada antes da partilha, esta será ineficaz. Vide artigo 1793, §º2, CC.
Porém, pode ceder a sua quota ideal (seguindo-se as regras do art. 80, II, CC – escritura pública e outorga
uxória, se for o caso)

Pergunta: Imagine um bem imóvel a ser transmitido, em razão da morte do seu proprietário, a dois de seus
herdeiros, que sofre um esbulho. Caberia a quem ingressar com a devida ação de reintegração de posse?
Resposta: vide arts. 1825 e 1827, c/c Parágrafo único do 1791, CC. Em razão da indivisibilidade qualquer
deles pode reclamar a universalidade da herança contra terceiros.

Preferência do co-herdeiro
Art. 1795, CC – direito de preferência ao co-herdeiro que não tiver conhecimento da cessão do outro.
Poderá depositar o preço para haver para si a quota indevidamente cedida a terceiro. Para isso, deverá
exercer tal direito em até 180 dias após a transmissão.

Administração da herança
Art. 611 do NCPC – prazo de 02 meses para instauração do inventário, a contar da abertura da sucessão.
(1796, CC – revogado)
Cabe a administração provisória da herança (até o compromisso do inventariante) àqueles descritos no art.
1797, CC.

DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA

Neste capítulo o legislador trata da legitimação para invocar a titularidade da herança.

Regra: LEGITIMIDADE PASSIVA – art. 1798, CC – não se legitima, portanto, as expressamente


excluídas.
Aplica-se à legítima e à testamentária.
Nascituro está ressalvado, pois já concebido no momento da abertura da sucessão.
Somente pessoas são legitimadas. Naturais e jurídicas, de direito público e privado.
Excluídas as coisas inanimadas e entidades místicas.
Caducam as disposições testamentárias que beneficiarem pessoas já falecidas.

Na sucessão testamentária podem ser chamados a suceder: vide artigo 1799, CC:
I – (exceção à regra) permite instituir em favor da prole eventual (somente filhos) de pessoa designada pelo
testador desde que ela esteja viva no momento da abertura da sucessão. Vide art. 1800, CC. Para Maria
Helena Diniz, a adoção não gera direitos na prole eventual. Para Franscisco José Cahali, gera.
*Direito sucessório daquele concebido por inseminação artificial post mortem. – Discussões doutrinárias e
jurisprudenciais sobre o tema
Vide arts. 1784 e 1789, CC. também, 1597 do CC e 227, §6º da CF.
Vide GONÇALVES, Carlos Roberto.
“Em princípio, não se pode falar em direitos sucessórios daquele que foi concebido por inseminação artificial post
mortem, uma vez que a transmissão da herança se dá em conseqüência da morte (CC, art. 1784) e dela participam as
‘pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão’ (art. 1798). A questão, no entanto, é
tormentosa e cabe à doutrina e à jurisprudência fornecer subsídios para a sua solução. A doutrina brasileira inclina-
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se no sentido de negar legitimação para suceder aos filhos havidos por métodos de reprodução assisitda, quer na
hipótese de a morte do ascendente preceder à concepção, quer na de implantação de embriões depois de aberta a
sucessão. Solução favorável à criança ocorreria se houvesse disposição legislativa favorecendo o fruto de
inseminação post mortem.
Não há como esquivar-se, todavia, do disposto nos arts. 1597 do CC e 227, §6º, da CF. o primeiro afirma que se
presumem ‘concebidos’ na constância do casamento ‘os filhos havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo
que falecido o marido’ (inciso III). O segundo consagra a absoluta igualdade de direitos sucessórios dos filhos,
proibindo qualquer distinção ou discriminação. Se assim, na sucessão legítima, são iguais os direitos sucessórios
dos filhos, e se o Código Civil de 2002 trata os filhos resultantes de fecundação artificial homóloga, posterior ao
falecimento do pai, como tendo sido ‘concebidos na constância do casamento’, não se justifica a exclusão de seus
direitos sucessórios. Entendimento contrário conduziria à aceitação da existência, em nosso direito, de filho que não
tem direitos sucessórios, em situação incompatível com o proclamado no mencionado art. 227, §6º, da CF.”

II – pessoas jurídicas. Vide art. 45, CC e discussões acerca de sociedades de fato.


III – Fundação (criada por escritura pública ou por testamento) – Art. 62, CC.

Falta de legitimação para ser nomeado herdeiro ou legatário


Artigo 1801, CC
Será estudado com maior propriedade quando da análise da Sucessão testamentária.

DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA

Comentários Gerais
Aceitação, o mesmo que adição, da herança é o ato pelo qual o herdeiro anui, concorda com, aceita a
transmissão dos bens do falecido quando da abertura da sucessão, confirmando-a.
É o ato pelo qual o sucessor manifesta sua vontade de receber a herança ou o legado.

Conforme o princípio da saisine, a transmissão do patrimônio do hereditando aos sucessores é automática


(1.784), mas ninguém está obrigado a aceitar a herança. Geralmente os motivos apontados são ligados a
questões de ética, orgulho, problemas pessoais com o extinto.
Ou ainda, para não ter que cumprir um encargo, o herdeiro pode renunciar à herança.

No passado, o herdeiro respondia pelas dívidas do falecido além dos limites da herança e Dante disso, a
renúncia era mais comum. Hoje, com a limitação do art. 1.792 a renúncia se tornou rara, mas pode ocorrer.

Espécies:
a) expressa: feita por qualquer documento escrito (art. 1805, 1ª parte);
b) tácita: e o Ocorre quando o sucessor assume comportamentos típicos de herdeiro (1.805), por exemplo:
pedir ao Juiz para abrir o inventário, nomear advogado para tratar dos documentos do morto, pagar o
imposto de transmissão, etc. Esta é a espécie mais comum.
Atenção às especificações do § 1º do 1.805).
c) presumida: Ocorre quando um terceiro interessado força o herdeiro a se manifestar se vai aceitar ou não
(1.807). Ex: um credor do herdeiro, ao tomar conhecimento da morte do pai dele, exige que o herdeiro se
manifeste para que o credor, se for o caso, aceite a herança no lugar do herdeiro e possa satisfazer seu
crédito (1.813). O silêncio do herdeiro implica em aceitação da herança.
O prazo para tal manifestação não pode ser superior a 30 dias.

Características
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Natureza jurídica da aceitação:


É negócio jurídico unilateral (depende da vontade do herdeiro) e puro (a aceitação é simples), ou seja, por
uma questão de segurança jurídica não pode o herdeiro impor condições, afinal a herança é um todo
universal, 1.808 e 91.
Ex: é vedado só aceitar a herança se não tiver que pagar os impostos sobre os bens.
Atenção!!! Em sendo a sucessão testamentária e uma mesma pessoa ser herdeira e legatária, pode aceitar a
herança e renunciar ao legado, e vice-versa (§ 1º do 1.808).
Não cabe retratação da aceitação nos termos do artigo 1.804 do CC.
De natureza não receptícia: independe de comunicação a outra pessoa para que produza seus efeitos.
É indivisível e incondicional: vide art. 1808, CC
Aceitação pelos sucessores: pode ocorrer do herdeiro morrer antes de aceitar a herança, então o herdeiro
do herdeiro vai ter esse direito (1.809). Nada impede que o neto aceite a herança do pai, mas renuncie à do
avô (parágrafo único do 1.809).

Renúncia da herança
Exige mais formalidades em relação à aceitação.
É ato solene pelo qual o herdeiro abdica à herança. É negócio jurídico unilateral pelo qual herdeiro
manifesta a intenção de se demitir dessa qualidade.

Características
A renúncia exige forma escrita, e não é qualquer escrito como na aceitação, mas documento público perante
o Tabelião ou o Juiz (1.806).

A renúncia é rara, pois quando o sucessor não deseja a herança ele simplesmente cede seu quinhão aos
demais herdeiros (§ 2º do 1.805).
A renúncia também não pode estar sujeita a condições (1.808).
O herdeiro casado não tem legitimidade para renunciar sem outorga do cônjuge (80, II e 1.647, I). O
incapaz também não pode renunciar (104, I).
O herdeiro insolvente que renuncia à herança para prejudicar seus credores comete fraude, mas se o
herdeiro tem bens para pagar seus credores pode renunciar sem problemas (1.813).
Não se pode renunciar a herança de pessoa viva.
Como a aceitação, a renúncia é também irretratável.

Espécies
Abdicativa: quando o herdeiro não pratica qualquer ato que exprima aceitação. É pura e simples, isto é, em
benefício do monte, sem indicar qualquer favorecido. (art. 1805, 2°)
Translativa: quando o herdeiro renuncia em favor de determinada, individualizada (cessão ou desistência
da herança).

Pressupostos
Capacidade jurídica do renunciante
Anuência do cônjuge, se casado o renunciante (menos no regime de separação absoluta – 1647, CC) em
razão da equiparação a bem imóvel o direito à sucessão aberta – art. 80, I, CC.
Inexistência de prejuízo para credores. (credores podem ingressar na partilha, aceitando.)

Efeitos da renúncia:
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1) Exclusão: renunciante é considerado como se nunca tivesse sido chamado à sucessão. Chamado de efeito
retroativo: a renúncia retroage ao dia da morte do de cujus.
2) Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros de mesma classe. (art. 1810, CC)
Os filhos do renunciante não herdam em seu lugar, pois estes não poderão aceitar a herança do avô no lugar
do pai, passando os bens para seus tios e primos (1.811).
3) o renunciante pode representar o hereditando na sucessão de terceiros (ex: João renuncia a herança de
seu pai, mas pode representar o pai na herança do avô, 1856).

Atenção!!!
Na sucessão legítima, a parte do renunciante vai para seus irmãos e não para seus filhos; se o renunciante
não tiver irmãos, transfere-se a herança para seus filhos, mas não por direito de representação e sim por
direito próprio (1.810). Trataremos adiante de direito de representação.
Na sucessão testamentária, a parte do renunciante vai para o substituto previsto no testamento (1.947),
podendo ainda acontecer do quinhão do renunciante ir para os herdeiros conforme a sucessão legítima
(1.829).

Irretratabilidade
Renúncia é irretratável – art. 1812, CC – porque retroage à data da abertura da sucessão, presumindo-se que
os demais herdeiros herdaram na referida data.

Invalidade
Absoluta: se não tiver sido feita por escritura pública ou termo judicial. Também, quando manifestada por
pessoa absolutamente incapaz, sem representação e sem autorização judicial.
Relativa: quando proveniente de erro, dolo ou coação. Também, quando realizada sem anuência do cônjuge
quando das hipóteses legais.

Ineficácia da renúncia
Pode ocorrer quando da suspensão temporária dos seus efeitos pelo juiz – art. 1813, CC

DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO

Conceito de indignidade: é uma sanção civil imposta ao herdeiro ou legatário, privando-o do direito
sucessório por haver praticado contra o de cujus os atos considerados ofensivos, descritos na lei – 1)
atentado contra a vida, 2) contra a honra, 3) contra a liberdade de testar – art. 1814, CC.

Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:


I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa
de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua
honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente
de seus bens por ato de última vontade.

- É a privação do direito de suceder alguém por tê-lo ofendido ou a seus familiares (1.814). O indigno não
tem afeto e nem solidariedade pelo falecido, sofrendo esta “pena civil”.
- O art. 1814, CC é exaustivo, sendo que não há outros casos de indignidade fora esses.
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- O homicídio do 1814, I, é só o doloso, o culposo não.


- O menor pode ser indigno, embora menor seja inimputável, por isso indigno é quem comete o fato,
mesmo que não seja criminalmente culpado, até porque a responsabilidade civil é independente da penal
(art. 935, CC).
- No inciso III vemos um caso de indignidade após a morte do hereditando (ex: filho esconde o testamento
que beneficiava um primo para herdar tudo sozinho).

Causas de exclusão:
a) autoria ou participação em crime de homicídio doloso, ou em sua tentativa, contra o autor da herança, seu
cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
b) acusar o de cujus caluniosamente em juízo ou incorrer em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou
companheiro;
c) inibir ou obstar, por violência ou meios fraudulentos, o de cujus de dispor livremente de seus bens por
ato de última vontade (testamento ou codicilo)

Características e efeitos da indignidade


1 – não é automática, precisando de sentença transitada em julgado (1.815 e parágrafo único do CC)

Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por
sentença.
Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos,
contados da abertura da sucessão.

2 – os efeitos da indignidade são pessoais, só atinge o herdeiro. Pois sendo uma “pena”, não poderia
ultrapassar a pessoa do infrator. Afirma-se assim, que os filhos do indigno receberão a herança face ao
direito de representação (1.816).
• Para os filhos do excluído é melhor a indignidade do que a renúncia (1.811).

Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele
morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus
sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.

3 – o indigno fica obrigado a devolver os frutos da herança que porventura tenha auferido (parágrafo único
do 1.817), pois pelo princípio da saisine o herdeiro se tornou dono imediatamente após a morte do
hereditando. Com a sentença de indignidade, que pode levar alguns anos para ser proferida, o indigno terá
que devolver os frutos.
- Os bens retirados do indigno são chamados de bens ereptícios.

Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de
administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste,
quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da
herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles.

4 – São válidas as alienações onerosas feitas pelo indigno antes da sentença a terceiro de boa-fé (1.817).
Assim, no conflito entre a propriedade dos demais herdeiros e a boa-fé do terceiro adquirente, o legislador
optou por esta, por uma questão de segurança jurídica. De qualquer modo os demais herdeiros exigirão do
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indigno o equivalente, mediante ação pessoal de perdas e danos. Não cabe aos demais herdeiros ação real
sobre a coisa vendida, não havendo direito de sequela sobre a coisa alienada ao terceiro de boa-fé. Mas se a
alienação foi gratuita (ex.: doação) cabe direito de sequela, afinal o terceiro não vai perder nada, vai apenas
deixar de ganhar.

Reabilitação do indigno
O artigo 1818 do CC possibilita a reabilitação ou perdão do indigno, permitindo-lhe ser admitido a suceder
se o ofendido, cujo herdeiro ele for, assim o determinar em testamento ou em outro ato autêntico. Pode este
ser considerado qualquer declaração, por instrumento público ou particular, autenticada pelo escrivão.

Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o
ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido,
quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição
testamentária.

- Reabilitação do indigno: trata-se do perdão do indigno, podendo ser feita expressamente pelo hereditando (1.818). A
reabilitação pode ser tácita nos termos do parágrafo único.

Procedimento para obtenção da exclusão


A exclusão do indigno depende de propositura de ação específica, intentada por quem tenha interesse na
sucessão, no prazo decadencial de 4 anos, contado da abertura da sucessão (art. 1815, parágrafo único, CC).
Só estão legitimados para o ajuizamento da ação os que venham a se beneficiar com a exclusão.

Distinção entre indignidade e deserdação


Deserdação: o efeito é o mesmo da indignidade, punir quem ofendeu o extinto, pois o deserdado fica
também excluído da sucessão. Vejamos as diferenças:
1 - a indignidade vem prevista em lei como a vontade presumida do extinto, atingindo qualquer herdeiro; já
a deserdação é declarada em testamento, é a vontade real do falecido, e só atinge herdeiros necessários
(1.961, 1.845). Na indignidade decorre da lei (onde a sanção é prevista somente nos casos do artigo 1814 do
CC); na deserdação, é o autor da herança quem pune o responsável, em testamento, desde que fundada em
motivo legal – vide também artigos 1962 e 1963, CC.
2 - só vamos encontrar deserdação na sucessão testamentária (1.964), já a indignidade pode ocorrer tanto na
sucessão testamentária como na legítima. Os casos de deserdação, além do conhecido 1.814, estão no 1962
e 1.963
3 – Indignidade pode atingir todos os sucessores, legítimos e testamentários, inclusive legatários, ao passo
que a deserdação é utilizada pelo testador para afastar de sua sucessão os herdeiros necessários.

DA HERANÇA JACENTE E DA HERANÇA VACANTE

Herança Jacente
Nomina-se de jacente a herança quando a sucessão se abre e não há conhecimento da existência de algum
herdeiro, não tendo o de cujus deixado testamento.
Chama-se de jacente a herança quando não se conhecem os herdeiros que possam dela cuidar, assim o Juiz,
para evitar a ruína desses bens, nomeia um curador para arrecadar e administrar os bens do falecido (1.819).
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Concluído o inventário sem o surgimento de herdeiros, a herança se torna vacante e os bens passam para o
município (1.823 e 1.844).
A jacência é uma fase provisória que culmina ou com a entrega dos bens aos herdeiros que vierem a surgir,
ou com a declaração da vacância e a transferência ao Poder Público.

Natureza Jurídica
A herança jacente não tem personalidade jurídica, consistindo num acervo de bens, administrado por um
curador até a habilitação dos herdeiros. Entretanto lhe é reconhecida a legitimação ativa e passiva para
comparecer em juízo (art. 75, VII, NCPC).

Arrecadação
Não havendo herdeiro aparente, o juiz promove a arrecadação dos bens (art. 738, NCPC), para preservar o
acervo e entregá-lo aos herdeiros que se apresentem ou ao Poder Público, caso a herança seja declarada
vacante.
Enquanto isso, permanecerá sob a guarda de um curador, nomeado pelo juiz.
Serão publicados editais para que venham a habilitar-se os sucessores (arts. 739 a 744, NCPC).

Vacância da herança
Serão declarados vacantes os bens da herança jacente se, praticadas todas as diligências, não aparecerem
herdeiros (art. 1820, CC).
Tal declaração não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem.
Mas, decorridos 5 anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou
Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União
quando situados em território federal (art. 1822, CC).
Ficarão excluídos da sucessão os colaterais que não se habilitarem até a declaração de vacância (parágrafo
único).
Portanto temos que inicialmente, os bens são transferidos ao município sob propriedade resolúvel, mas após
cinco anos essa propriedade se torna plena, e nenhum herdeiro poderá mais exigi-los (1.822). Esses cinco
anos começam a correr da declaração de vacância da herança (1.820). Concluído o inventário, qualquer
discussão futura será feita contra a Fazenda Municipal (743, §2° do NCPC).

PETIÇÃO DE HERANÇA

É ação que compete ao sucessor preterido, para o fim de ser reconhecido o seu direito sucessório e obter,
em consequência, a restituição da herança, no todo ou em parte, de quem a possua, na qualidade de
herdeiro, ou mesmo sem título.

Legitimidade ativa
Cabe tal ação ser intentada por quem se intitula herdeiro e reivindica esse título, com o objetivo de obter a
restituição da herança, no todo ou em parte.

Legitimidade passiva
Será réu nessa ação a pessoa que está na posse da herança, como se fosse herdeiro, aparentando a qualidade
e assumindo a posição de herdeiro, sem que, verdadeiramente, herdeiro seja, ou o que tem a posse de bens
hereditários sem título algum que a justifique.
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Efeitos
A procedência da ação, decretada em sentença transitada em julgado, gera o reconhecimento da ineficácia
da partilha em relação ao autor da ação, dispensada a sua anulação.

Prescrição
A ação de petição de herança pode ser cumulada com a de investigação de paternidade.
A Súmula 149 do STF: “é imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é de petição de
herança”.

SUCESSÃO LEGÍTIMA
Ordem de Vocação hereditária

Sucessão Legítima
- Pode-se afirmar que é a sucessão legítima a mais frequente na sociedade.
- É legítima a sucessão quando, na falta de testamento, defere-se o patrimônio do morto a seus herdeiros
necessários e facultativos, convocados conforme relação preferencial da lei. Se houver testamento, mas não
abranger todos os bens, a sucessão legítima também será aplicada (art. 1.788).
- Também chamada de ab intestato – ou em caso de inexistência, invalidade ou caducidade de testamento e
sobre os bens não compreendidos no testamento.
- Vocação hereditária: é a relação preferencial da lei (beneficia os parentes próximos, por presumir o
legislador que os familiares são as pessoas mais queridas do extinto (1.829).
- Tal ordem determina primeiro o caminho que desce, em seguida sobe e depois se espalha.
- Os primeiros a herdar são os filhos e o cônjuge; se não houver filhos e cônjuge chamam-se os pais do
extinto; estes são os herdeiros necessários (1.845); finalmente convocam-se os herdeiros facultativos, que
são os parentes colaterais irmãos, tios, sobrinhos e primos até o quarto grau (vide arts. 1.594, 1.839).
- A companheira também herda, mas em situação inferior a da cônjuge.
- Se o hereditando não tiver cônjuge/companheiro ou sequer um parente de quarto grau, seus bens vão para
o Município (1.844)

Classes da vocação hereditária:


a) descendentes: filhos, netos, bisnetos, etc., não tem limite, os mais próximos excluindo os mais remotos;
b) ascendentes: pais, avós, bisavós, sem limite, os mais próximos excluindo os mais remotos;
c) cônjuge: elevado pelo código de 2002 à condição de herdeiro necessário, sendo chamado a suceder junto
com os filhos (1829, I – atentar-se para a imperfeição do legislador ao mencionar art. 1640, §1° quando na
verdade é art. 1641 do CC/02)
d) colaterais: só até o quarto grau, e os mais próximos (irmãos) excluem os mais remotos (primos, 1.840).
e) o Município e/ou União: o poder público não é herdeiro, ele é chamado diante da ausência de parentes,
a fim de que os bens do falecido não se deteriorem (1.844).

Regras da sucessão legítima para a vocação hereditária:


a) só se convoca uma classe nova quando não há herdeiros na classe precedente. Exemplo: não se
convocam os ascendentes se há descendentes (1.836 e 1.838).
b) na mesma classe os mais próximos excluem os mais remotos (1.833, então não se chama o neto se existe
filho, não se chama o avô se existe pai, § 1º do 1.836), salvo o direito de representação.
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Modos da sucessão legítima:


a) Direito Próprio: sucede-se por direito próprio quando se é herdeiro da classe chamada de imediato. Ex.: o
filho herda do pai por direito próprio.
b) Direito de Representação: sucede-se por direito de representação quando se toma o lugar de herdeiro pré-
morto (1.851) ou indigno da classe chamada (1.816). Ex: o filho morre antes do pai, então o neto herda
direto do avô, representando o pai pré-morto. O dir. de representação tem origem no Direito Canônico e se
justifica para proteger a família, trazendo à herança o filho do herdeiro pré-morto ou indigno, equilibrando
o patrimônio entre os descendentes (1.855). Não é justo que um neto não herde do avô apenas porque seu
pai morreu primeiro (1.854).
ATENÇÃO: o filho do herdeiro renunciante não pode representar o pai (1.811). A representação é
exclusiva da sucessão legítima (o art. 1.851 usa a expressão “a lei”), pois na sucessão testamentária se o
herdeiro morre, o legado ou herança não vai para seus filhos, mas sim volta ao espólio para beneficiar os
herdeiros legítimos.
Só há representação na linha descendente em qualquer grau (1.852) ou na linha colateral até o terceiro grau
(1.853. Ex: João morre sem mulher, descendentes e ascendentes, então sua herança vai para seus irmãos; se
um dos irmãos já tiver morrido, seus filhos, sobrinhos de João, herdarão por direito de representação, 1.840)
c) Direito de Transmissão: esse modo interessa à Fazenda Estadual para fins tributários, assim sucede-se
por direito de transmissão quando se substitui o herdeiro pertencente à classe chamada, depois da abertura
da sucessão e ainda antes da conclusão do inventário (1.796); ex: João morre e durante o inventário seu
filho morre também, então os netos virão suceder o pai e o avô João, pagando dois impostos de transmissão
(= bi-tributação), pois pelo princípio da saisine o patrimônio de João chegou a pertencer a seu filho antes de
ir para os netos.

Formas de partilha:
a) por cabeça: dá-se em partes iguais entre herdeiros da mesma classe, ex: João morre e seus três filhos vão
herdar por direito próprio e por cabeça 33% do patrimônio de João, por serem seus parentes mais próximos.
b) por estirpe: herda-se por estirpe para os que sucedem em graus diversos por direito de representação, ex:
João morre e tem um filho pré-morto que deixou dois netos, então seus dois filhos vivos vão herdar por
direito próprio e por cabeça 33% do patrimônio de João, enquanto cada um de seus netos vai herdar por
direito de representação e por estirpe 16,5% desse patrimônio (1.835). Aqueles que descendem por estirpe
estão representando alguém.
c) por linhas: a partilha por linhas só ocorre quando são chamados os ascendentes, ex: João morre sem
descendentes e cônjuge, seus pais igualmente já morreram, mas a avó paterna está viva, e o avô e a avó
materna também. Então caberá metade à avó paterna e metade aos outros dois avôs maternos (§§ 1º e 2º do
1.836).

Sucessão do descendente
- São contemplados genericamente todos os descendentes (filhos, netos, bisnetos) onde os mais próximos
em grau excluem os mais remotos (salvo os chamados por direito de representação). Ex: o neto, mesmo
sendo parente em linha reta em 2° grau do de cujus, exclui o genitor do falecido.
Art. 1835, CC/02
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Por cabeça:
MORTO

Descendentes de mesmo grau:


A divisão é igual!
Filho 1 Filho 2 Filho 3
1/3 1/3 1/3

MORTO em 2008

Linha dos filhos –


Filho 1 Filho 2 Filho 3 morreram antes do
Morto em 1990 Morto em 2000 Morto em 2004 autor da herança

Descendentes no
1/6 1/6 1/6 1/6 1/6 mesmo grau –
1/6
divisão igual

Por estirpe:
MORTO

Filho 1 Filho 2 Filho 3


1/3 1/3 (Premorto)
1/3

Herdeiros descendentes em graus


diferentes – os netos herdam por
Neto 1 Neto 2
representação!
1/6 1/6

Sucessão do ascendente
- Na linha ascendente não há representação (art. 1852, CC).
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- A sucessão é feita por linha materna – ascendentes da mãe que dividirão 50% dos bens deixados pelo
falecido, paterna – ascendentes do pai que dividirão os outros 50% dos bens deixados pelo falecido.

Sucessão do Cônjuge
- Na sucessão legítima, por opção do legislador de 2002, o cônjuge se tornou herdeiro necessário, sendo
elevado à mesma condição dos filhos e dos pais do hereditando (1.845). Antigamente o cônjuge era mero
herdeiro facultativo. Esta foi uma grande inovação do Código Civil e atinge os testamentos feitos antes de
2002, que terão que ser adaptados (1.787, 1.846).
- Então se o hereditando é casado, seu cônjuge irá herdar junto com os filhos, a depender do regime
matrimonial de bens (1.829, I); irá herdar com os ascendentes se não há filhos (1.829, II); ou irá herdar
sozinho se o extinto não deixou descendentes nem ascendentes (1838).
- Ressalto que o casal precisava estar vivendo junto na época do falecimento, senão o cônjuge sobrevivente
pode nada herdar (1.830).
- Esta opção do legislador em proteger mais o cônjuge tem por fundamento evitar situações ocorridas no
passado, quando o cônjuge viúvo, já idoso, perdia o marido/esposa e ainda podia perder sua condição
financeira, pois o patrimônio do extinto seguia apenas para os filhos.
- Porém, antes de prosseguirmos, é preciso diferenciar meação de herança: quando alguém enviúva, a
depender do regime de bens, uma parte do patrimônio do morto é do sobrevivente por direito próprio e não
por herança; ex: no regime da comunhão parcial, que é o mais comum na sociedade (1.640), metade dos
bens é do viúvo não por herança, mas por integrar o condomínio do casal (1.658, 1.660, I). Então, exclui-se
a meação do sobrevivente e o resto é herança para os herdeiros necessários, inclusive o cônjuge!
- Assim o cônjuge sobrevivente, a depender do regime de bens, vai receber igual a seus filhos, ou se tiver
mais de três filhos pelo menos 25% da herança; se os filhos forem só do falecido, o cônjuge herda igual a
eles, mesmo que sejam mais de três filhos (1.832).

Vejamos regime a regime:


a) separação obrigatória de bens (1.641): o viúvo não tem meação (1.687) e nem herança (1.829, I); só lhe
cabe direito real de habitação (1.831).

b) separação convencional: o sobrevivente não tem meação (1.687) mas tem herança (1.829, I; obs: se seu
cônjuge for rico, nunca se divorcie, espere enviuvar!)

c) comunhão parcial de bens: o viúvo tem meação (1.658), mas caso se divorcie não tem direito aos bens do
cônjuge (1.659, I); todavia, com a viuvez, o sobrevivente alcança estes bens por serem bens particulares do
cônjuge (1.829, I, in fine). Se o falecido não deixou bens particulares o cônjuge nada herda, fica apenas com
sua meação. Se o falecido só deixou bens particulares, e nada integra o patrimônio comum do casal, só
haverá herança e não meação.

d) participação final nos aquestos: regime complicado, que pelas contradições da nossa legislação e pela
sobrecarga da Justiça, tem pouco uso prático; todavia suas regras assemelham-se às da comunhão parcial de
bens.

e) comunhão universal: o viúvo tem meação de tudo (1.667), então não precisa herdar nada (1.829, I).

Cônjuge concorrendo com ascendentes do hereditando: concorrendo com o sogro e a sogra o viúvo terá
direito a um terço da herança, independente do regime matrimonial de bens (1.829, II, 1.837, obs: cônjuge
concorrendo com os avôs do marido herda metade).
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Sucessão do Companheiro
• (Discutir Recurso Extraordinário 878.694/MG {tema 809} e Recurso Extraordinário
646.721/RS {tema 498} do STF sobre inconstitucionalidade do artigo 1790 do Código
Civil de 2002)

Sucessão dos colaterais: os colaterais não são herdeiros necessários, e vão herdar quando não há
descendentes, ascendentes e nem cônjuge. Se houver testamento, os colaterais podem ser totalmente
excluídos (1.850).
Os mais próximos excluem os mais remotos, e o parente colateral mais próximo é o irmão em 2º grau
(revisem Parentesco em Direito de Família). Se o irmão for germano, ou seja, filho do mesmo pai e da
mesma mãe do extinto, herdará o dobro do que eventual irmão unilateral (1.841).
Não havendo irmãos, herdam os parentes em terceiro grau, prevalecendo os sobrinhos sobre os tios, por
serem aqueles em geral mais jovens, é a doutrina do “sangue novo”, presumindo-se que os sobrinhos vão
viver mais tempo do que os tios do hereditando (1.843).
Finalmente, não havendo parentes em 2º ou 3º grau, são chamados os tios- avós, sobrinhos-netos e primos,
parentes em 4º grau do extinto, herdando todos igualmente.

Do recolhimento da herança pelo Município e/ou União: Não havendo parente algum, a herança vai para
o Município (1.844). Todavia o poder público não é herdeiro, ele é chamado diante da ausência de parentes,
a fim de que os bens do falecido não se deteriorem; o princípio da saisine não se aplica ao Município, pois é
preciso aguardar a sentença de vacância (1.820).

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

Do testamento em geral

A sucessão testamentária decorre de expressa manifestação de última vontade em testamento ou codicilo.


Embora a sucessão legítima predomine na sociedade, nosso legislador regulamentou em maior numero de
artigos a sucessão testamentária, que é a conduzida pelo testamento, sendo um princípio de direito
sucessório o respeito à vontade do extinto. O testamento pode contemplar herdeiros, que sucedem a título
universal, e legatários, que sucedem a título singular. (Relembrem do início do curso. Também,
estudaremos com detalhes os Legados adiante).

Testamento: negócio jurídico solene pelo qual alguém, nos termos da lei, dispõe de seus bens, no todo ou
em parte, para depois de sua morte (1.857).

Características
Personalíssimo: só o testador (hereditando) pode testar, de modo individual e exclusivo, não se admitindo
testamento por procuração (1.858). Um advogado/contador pode ajudar a redigir, mas o testador tem que
estar presente.

É negócio jurídico unilateral porque trata de uma declaração de vontade que produz efeito jurídico. Não
se admite testamento feito por duas pessoas, inclusive para facilitar a mudança ou a revogação do ato
(1.863). Portanto, é proibido o testamento conjuntivo (de mão comum ou mancomunado) feito por duas ou
mais pessoas, seja ele na modalidade de simultâneo (disposição conjunta em favor de terceira pessoa);
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recíproco (instituindo benefícios mútuos); ou correspectivo (disposições em retribuição de outras


correspondentes).

Solene - testamento não pode ser verbal, mas sim escrito, conforme espécies e formalidades previstas em
lei.
A liberdade de testar é grande, mas a lei impõe um limite em respeito à família e aos herdeiros necessários
(§ 1º do 1.857 e 1.846).
ATENÇÃO!!! Via de regra as disposições testamentárias são patrimoniais, versam sobre os bens do extinto,
mas o testamento pode conter cláusulas extrapatrimoniais, como por exemplo, o reconhecimento de um
filho (§ 2º do 1.857, 1.609, III), a nomeação de um tutor para um filho menor (1.634, IV) ou determinações
sobre seu funeral.

Gratuito – não visa obtenção de vantagens para o testador. Ressalta-se que pode haver imposição de
encargo ao beneficiário, não lhe retirando a característica.

Revogável - o seu autor pode se arrepender, demorar a morrer, e querer mudar alguma disposição, então a
liberdade de revogar é a mesma de testar (1.858). Inclusive não se admite renúncia ao direito de revogar o
testamento, até porque o testamento só produz efeito após a morte do seu autor. Também possível
revogação total, parcial, em número ilimitado de vezes. Vide também art. 1969.
ATENÇÃO!!! Exceção: art. 1609, III – reconhecimento de filho.

Causa mortis – produz efeitos somente após a morte do testador.

Imprescritível: um adolescente de 16 anos já pode testar (1.860, parágrafo único), então mesmo que ele só
venha a morrer aos noventa anos, se não for revogado seu testamento continua válido embora redigido há
74 anos! E por que a capacidade de testar foi reduzida dos 18 para os 16 anos? Porque o testamento só
produz efeitos após a morte, então se o testamento prejudicar o adolescente, ele já morreu mesmo.

Capacidade de testar
Como todo negócio jurídico, o testamento deve atender ao art. 104 do CC.
Então quem pode testar? Qualquer pessoa física desde que lúcida e maior de 16 anos (1.860 e parágrafo
único e 1861)
Pessoa jurídica não pode testar porque não está sujeita a morte, e sua extinção ou falência interessa ao
Direito Empresarial.
Se o testador enlouquecer após redigir o ato, o testamento é válido (1.861). Testamento feito por incapaz é
nulo, e a nulidade é para sempre (166, I e 169).
Quem pode adquirir por testamento? Quem pode ser instituído herdeiro e designado legatário?
De regra todas as pessoas, físicas ou jurídicas (1.799, II e III).
Animais não podem ser herdeiros ou legatários, mas podem ser encargos (ex: deixo minha herança para
João com o ônus de cuidar do meu cachorro).
Pessoas não concebidas até a morte do testador não podem também adquirir por testamento (1.798), salvo
as hipóteses de fideicomisso que veremos em breve (1.799, I e 1.925).
Também não podem ser nomeadas herdeiras e legatárias aquelas pessoas sem legitimidade do art. 1.801. A
legitimidade é um freio da capacidade, então tais pessoas do 1.801 não são incapazes, apenas lhes faltam
autorização para herdar por razões morais e éticas. O deserdado é também excluído da sucessão, veremos
deserdação em breve.
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Formas de testamento

São várias as formas e espécies de testamento previstas em lei, cada uma com suas vantagens e
desvantagens, pelo que a orientação do advogado ou do tabelião é essencial para, caso a caso, verificar qual
a melhor opção para seu cliente.
Os testamentos têm formalidades exigidas pelo legislador por uma questão de segurança a fim de garantir a
autenticidade do ato, a espontaneidade da manifestação e a sanidade do declarante, preservando a vontade
do extinto.
Não se podem misturar as espécies, ou seja, é preciso escolher uma delas e atender às exigências da lei,
vejamos:

A – testamento ordinário: este pode ser usado pelas pessoas capazes em qualquer condição, e se divide em
público, cerrado e particular (1.862);

B – testamento especial: somente permitido a determinadas pessoas em situações peculiares, e se divide


em marítimo, militar e aeronáutico (1.886);

C – codicilo;

Trataremos de cada um deles:

A - Testamento ordinário

1 – público: feito por qualquer tabelião do cartório de notas do país e anotado em livro próprio (1.864).
Necessita de duas testemunhas.
Esta espécie é mais segura contra destruição, extravio ou modificação, pois consta do livro público do
cartório.
Outra vantagem é porque tal espécie é redigida pelo tabelião, ou seja, profissional habilitado, com fé
pública e experiência, que dificilmente vai errar e causar nulidade ao testamento.
Por ter que ser lido em voz alta, esta espécie é recomendada para os analfabetos, surdos e cegos (1.867).
Desvantagens: é pago, tem um custo já que o cartório cobra para redigir o testamento; é aberto, ou seja,
todos podem ficar sabendo seu conteúdo, provocando ciúmes e frustrações de quem não foi contemplado,
estando o testador ainda vivo.
Só não podem testar publicamente: os mudos e os surdos-mudos, por não poderem fazer declarações ao
tabelião de viva voz.
Podem testar publicamente: os surdos (que não sejam mudos), os alfabetizados em geral, os analfabetos e
os cegos.

Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público:


I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador,
podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos;
II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo
testador, se o quiser, na presença destas e do oficial;
III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião.
Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela
inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo
testador, se mais de uma.
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Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando,
neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias.

Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia
em seu lugar, presentes as testemunhas.

Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por
seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada
menção no testamento.

2 – cerrado: conhecido como secreto ou místico. Ao contrário do público, não é ditado pelo testador para o
tabelião digitar, mas sim entregue já escrito ao tabelião para aprová-lo. Essa aprovação é aquela do art.
1.869, ou seja, é um termo onde o tabelião confirma se tratar aquele documento da vontade autêntica do
hereditando. Sua maior vantagem é o sigilo, afinal só o testador conhece seu teor. Sua desvantagem é a
possibilidade de extravio, pois o documento é entregue ao testador que não mais estará vivo para dizer onde
ele se encontra quando o testamento precisar ser aberto (1.874). Analfabetos e cegos não podem usar esta
espécie, mas os surdos e mudos sim, desde que saibam ler (1.872).

Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se
aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes formalidades:
I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas;
II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado;
III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao
testador e testemunhas;
IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador.
Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique,
com a sua assinatura, todas as páginas.

Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra do testador,
declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas; passando a cerrar e
coser o instrumento aprovado.
Parágrafo único. Se não houver espaço na última folha do testamento, para início da aprovação, o tabelião aporá nele o
seu sinal público, mencionando a circunstância no auto.

Art. 1.870. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo do testador, poderá, não obstante, aprová-lo.

Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio testador, ou por outrem, a seu
rogo.

Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler.

Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao
entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o
seu testamento, cuja aprovação lhe pede.

Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota
do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue.

Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja
cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de falsidade.

3 – particular: é a mais rápida, simples e fácil espécie de testamento, dispensando até o tabelião. É aberto
(1.876). O testador precisa ter algum conhecimento jurídico para não cometer ilegalidades que venham a
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anular o ato. Deve-se datar o testamento. Outra desvantagem é que ele pode ser extraviado ou falsificado, já
que não tem a intervenção do cartorário. Mais uma desvantagem: as testemunhas precisam sobreviver ao
testador para confirmar a autenticidade do documento perante o juiz (1.878).
3.1 – testamento particular excepcional: admitido em situações emergenciais de risco iminente de
perder a vida, não havendo testemunhas disponíveis, como num desastre, naufrágio, sequestro, preso numa
caverna, dentro de um avião caindo, etc. (1.879). Tem que ser manuscrito. A doutrina o critica, pois é fácil
de ser fraudado. Cabe ao juiz aceitá-lo ou não.

Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico.
§ 1o Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na
presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever.
§ 2o Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo
testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão.

Art. 1.877. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação dos herdeiros legítimos.

Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e
se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, o testamento será confirmado.
Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma delas o reconhecer, o testamento
poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua veracidade.

Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado
pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz.

Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas a compreendam.

C – Codicilo
É um de “abrangência e alcance menores”; é uma carta; é um pequeno registro deixado pelo extinto, com
poucas formalidades e tratando de bens de pequeno valor (1.881), da nomeação de testamenteiro (é a pessoa
que vai cumprir o testamento, 1976 e 1.883), do reconhecimento de um filho, da deserdação de outro filho,
do perdão do indigno (1.818, sublinhem “ato autêntico”), ou finalmente da encomenda de missas (1.998).
As expressões “pouca monta” e “pouco valor” referidas no art. 1.881 são relativas e dependem, é claro, do
tamanho da herança, a ser examinada pelo juiz, em geral cerca de 10% do patrimônio do extinto. Um
testamento pode revogar um codicilo, mas o contrário não.

Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições
especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente,
aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal.

Art. 1.882. Os atos a que se refere o artigo antecedente, salvo direito de terceiro, valerão como codicilos, deixe ou não
testamento o autor.

Art. 1.883. Pelo modo estabelecido no art. 1.881, poder-se-ão nomear ou substituir testamenteiros.

Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e consideram-se revogados, se, havendo
testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar ou modificar.

Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamento cerrado.
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Testamento especial

Os testamentos especiais são mais simples e fáceis de fazer do que os testamentos ordinários, com menos
solenidades. Porém eles não são de livre escolha do cidadão, só podendo o testador optar por eles se estiver
numa situação especial.

Outra característica é a de que os testamentos especiais prescrevem, ou seja, têm prazo de eficácia e
precisam ser confirmados.

Espécies de testamento especial:

1 – marítimo: para aqueles que estão com medo de morrer em alto-mar. (1.892).
Caso necessário o comandante vai corresponder ao tabelião do cartório de notas (1.888). Esse testamento
precisa ser confirmado quando terminar a viagem, sob pena de caducidade (1.891).

2 – aeronáutico: essa espécie não se justifica, pois em vôos normais não há necessidade, podendo o
testador aguardar algumas horas até o desembarque (1.889); e se o avião estiver em perigo, aplica-se o
testamento particular excepcional.

3 – militar: feito por militares, médicos, engenheiros, padres, repórteres, reféns e prisioneiros em época de
guerra, em combate ou em cidades cercadas (1.893).
Tal ato caduca caso não confirmado três meses após o testador deixar a zona de guerra, ou cessarem os
combates (1.895).
3.1 - o testamento militar admite a espécie nuncupativa, ou seja “in extremis” quando o militar
ferido, agonizante, confia sua vontade oralmente a duas testemunhas... Depois as testemunhas terão que
escrever o que ouviram do moribundo e entregar o documento ao comandante do batalhão. Tal espécie é
muito fácil de ser fraudada, pelo menos é raríssima (1.896).

Disposições Testamentárias

Trata-se do conteúdo interno do testamento. Das cláusulas do testamento onde o falecido dá destino a seus
bens, instituindo herdeiros e legatários. O Código Civil tenta ajudar o juiz e os herdeiros a interpretar,
explicar e aplicar as cláusulas do testamento.
Estabelece o que pode e o que não pode conter e como deve ser interpretada a vontade do testador.

Regras interpretativas gerais:

- o que não estiver no testamento não tem validade. Ou seja, não terá aplicação se o nome do herdeiro
constar de uma escritura pública, de uma procuração, de uma declaração perante um juiz, etc., se não estiver
no testamento.

- respeito à vontade do falecido (arts. 112 e 1.899); nos arts. 1.902 e 1.903 o legislador presume em regras
detalhistas qual seria a vontade do extinto.
Deve-se apreciar o conjunto das disposições testamentárias e não cláusulas isoladas que possam deixar
dúvidas.
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Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor
assegure a observância da vontade do testador.

- A solução deve ser proveniente do testamento, não podendo ser buscada fora dele, com exceção do art.
1903, CC.
Assim, só se admite utilizar prova externa para esclarecer contradições ou obscuridades sobre HERDEIRO,
LEGATÁRIO ou da COISA LEGADA.

Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada anula a disposição, salvo se, pelo
contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o
testador queria referir-se.

- O art. 1902 procura suprir omissão do testador na indicação específica dos beneficiários.

Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de assistência
pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos
estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em mente beneficiar os de outra localidade.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições particulares preferirão sempre às públicas.

- O 1904 é bem claro.

Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar-se-á por igual,
entre todos, a porção disponível do testador.

- 1905, CC: Testador nomeia certos herdeiros individualmente (X, Y e Z) e outros coletivamente (os filhos
de Francisco), a herança será dividida em 4 partes, recebendo X, Y e Z cada um , uma cota. A cota
remanescente ficará para ser dividida entre os filhos de Francisco.

Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança será dividida em
tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados.

Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o remanescente
pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária.

Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual a estes
últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros.

Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre os da herança,
tocará ele aos herdeiros legítimos.

Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam sido
determinadas pelo testador.

Regras proibitivas

- art. 1898, CC – impede a nomeação de herdeiro a termo, com exceção nas disposições fideicomissárias,
considerando não escrita a fixação da data em que deva ter início o direito do herdeiro, onde o herdeiro não
terá que aguardar o prazo estabelecido pelo testador.
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- é nula a disposição: (art. 1900, I a V)


a) que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por
testamento, em benefício do testador, ou de terceiro;
b) que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar;
c) que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro;
d) que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, a fixação do valor do legado;
e) que favoreça as pessoas a que se referem os artigos 1801 e 1802.

Regras permissivas

Art. 1897, CC - Espécies de disposições:


- simples: é a cláusula pura, sem imposição de qualquer condição ou restrição, possuindo eficácia imediata
face ao princípio da saisine (ex: deixo 10% de meus bens para meu amigo João). A legítima do herdeiro
necessário deve sempre ser simples.

- condicional: depende de evento futuro e incerto (ex: deixo minha biblioteca para minha sobrinha se ela se
formar em Direito; trata-se do direito eventual a um legado condicionado a acontecimento futuro e incerto;
se a sobrinha morrer antes de se formar não terá herdado nada).

- a termo ou prazo: uma disposição a termo, com prazo, só vale para legatários (1.924), pois para herdeiros
é nula (1.898; ex: não se pode nomear alguém seu herdeiro por dez anos, pois uma vez herdeiro, sempre
herdeiro, mas um legado pode ser por prazo certo); enquanto a condição ou o termo não chegam, os bens
ficam com os herdeiros legítimos; o único caso de prazo para o herdeiro é no fideicomisso. Se um herdeiro
for nomeado a prazo, fora dos casos de fideicomisso, esse prazo não será considerado e a herança será tida
como simples.

- modal: é a cláusula que tem encargo ou ônus, ou seja, possui uma pequena contraprestação a ser cumprida
pelo sucessor; o encargo é imposto nas liberalidades como nas doações e testamentos. O descumprimento
do encargo pode levar o herdeiro legítimo a pedir a anulação da herança a fim de beneficiá-lo. Condições e
encargos ilícitos e imorais são nulos. A legítima do herdeiro necessário não se sujeita a condição ou
encargo.

- motivada: o testador indica as razões pelas quais está beneficiando aquela pessoa (1.897, in fine). Tal
motivação é dispensada pela lei, o testador indica se quiser, porém eventual motivação equivocada pode
anular a cláusula testamentária (art. 140).

Art. 1911 - Cláusula de inalienabilidade (CI):


Orlando Gomes chama com razão essa cláusula de “anacrônica, violenta, polêmica e antipática”. Trata-se
de uma cláusula restritiva que implica também em impenhorabilidade e incomunicabilidade, ou seja, se o
testador deixar seus bens com essa cláusula, tais bens não poderão ser vendidos ou doados pelo herdeiro
(inalienáveis), não poderão ser tomados pelo credor do herdeiro (impenhoráveis), e nem se transmitirão ao
cônjuge do herdeiro (incomunicabilidade, 1.911).

Conceito: é um meio de gravar o próprio bem em relação a terceiro beneficiário, que não poderá dispor
dele, gratuita ou onerosamente, recebendo-o apenas para usá-lo e fruí-lo.
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A CI não pode ser imposta aos bens do testador, pois não podemos gravar os nossos próprios bens, mas
apenas os bens que transferimos a terceiros por doação ou herança.

A CI não é obrigatória, mas uma vez presente no testamento a propriedade sobre os bens herdados ou
legados fica limitada. A CI dura no máximo uma geração, então não atinge os filhos do herdeiro. O herdeiro
ou legatário poderá usar, alugar e emprestar estes bens, mas não poderá vendê-los, ou seja, tais bens ficarão
fora do comércio.

Sub-rogação: excepcionalmente o juiz pode autorizar a venda, mas o produto da alienação continuará
gravado (§ 2º do 1.848 e parágrafo único do 1.911). Assim trocada a coisa, o novo bem fica sub-rogado na
inalienabilidade imposta pelo extinto.

Pode a CI incidir sobre os bens da legítima (1.846), mas exige justa causa (1.848), cabendo aos herdeiros
questionar judicialmente a “justiça” dessa causa, afinal o falecido pode estar apenas atrapalhando a vida de
filhos que não pôde excluir da herança. A causa deve ser clara e objetiva (ex: filho perdulário, toxicômano),
não se admitindo: “deixo uma casa para meu filho com a CI, pois não gosto da esposa dele...”

A CI precisa estar inscrita no Cartório de Registro de Imóveis para ter eficácia plena e ser de conhecimento
público. Se os bens herdados forem móveis (ex: uma jóia), a CI é inoperante, pois os bens móveis, salvo os
veículos, não se sujeitam a um registro organizado como os bens imóveis.

Fundamento: por que se justifica a CI?

1 – para respeitar a vontade do falecido, que é um dos princípios do Direito das Sucessões.

2 - para se criar um ônus real sobre o bem herdado, protegendo herdeiros inexperientes e pródigos contra
credores espertos ou um casamento ruim (1.848).

Críticas: por que se condena a CI?

1 – porque prejudica o credor do herdeiro. O credor do falecido não se prejudica, afinal ninguém pode
gravar seus próprios bens com a CI. Já o credor do herdeiro fica frustrado, pois o herdeiro não tinha bens
para pagar sua dívida, e agora não pagará com os bens que recebeu do pai face à impenhorabilidade,
causando insegurança jurídica.

2 – premia um herdeiro incompetente, desorganizado, tolo, incapaz de cuidar de seus próprios negócios.

3 – limita a circulação de riquezas, viola a lei fundamental da economia política, por retirar um bem do
comércio.

4 – prejudica o genro ou nora do hereditando, qualquer que seja o regime de bens do herdeiro, face à
incomunicabilidade decorrente da inalienabilidade.

Espécies de inalienabilidade:
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1) absoluta (em nenhuma hipótese o testador admite a venda) ou relativa (o extinto admite vender em alguns
casos, a certas pessoas ou em certas condições previstas pelo mesmo, ex: pode vender a João, mas não pode
a José; pode vender por motivo de saúde, etc.);

2) total (estende-se a todos os bens do testador) ou parcial (apenas sobre parte dos bens do hereditando);

3) temporária (ex: durante dez anos, até o herdeiro fazer 50 anos, etc.) ou vitalícia (prazo máximo de uma
geração).

Dos Legados

Duas são as espécies de sucessão: a testamentária (quando o falecido diz quem são seus herdeiros) e a
legítima (quando na falta de testamento, a lei prescreve quem são os herdeiros).
Na sucessão legítima só há herdeiros, mas na sucessão testamentária, além de herdeiros, poderemos
encontrar legatários. Ex.: o legatário difere do herdeiro, pois este herda uma fração a título universal (ex:
10% da herança, 1/3 da herança), enquanto o legatário sucede a título singular, recebendo coisa certa (ex:
uma joia, uma casa, uma cifra em dinheiro, um rebanho, um cavalo de raça, uma coleção de selos, uma loja
comercial, ações, etc.).

Conceito: Legado é a disposição testamentária a título singular pela qual o extinto deixa um ou mais
objetos individualizados a qualquer pessoa, inclusive um herdeiro.

Se o herdeiro também receber legado, será chamado de prelegatário (obs: o legado do herdeiro é o
prelegado). O herdeiro pode aceitar a herança e renunciar ao legado, e vice-versa (§ 1º do 1.808).

Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.
§ 1° O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-
los.

O legado é personalíssimo, então se o legatário morre antes do testador, não haverá direito de representação
em benefício dos filhos do legatário (a representação é exclusiva da sucessão legítima, e só pode existir
legado na sucessão testamentária).

Morrendo o legatário antes do testador, o legado será transferido aos herdeiros legítimos conforme 1.788.
Admite-se, todavia o substituto do legatário (1.947).

Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá
quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento
caducar, ou for julgado nulo.

Art. 1.947. O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado, para o caso de um ou
outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o legado, presumindo-se que a substituição foi
determinada para as duas alternativas, ainda que o testador só a uma se refira.
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Aquisição do legado: a posse da herança transmite-se imediatamente com a morte face ao princípio da
saisine (1.784), já o legado é de coisa determinada que precisa ser pedida pelo legatário aos herdeiros,
exercendo seu “direito de pedir” (§ 1º do 1.923).

Art. 1.923. Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o
legado estiver sob condição suspensiva.
§ 1o Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade própria.

Na prática é na partilha, ao final do processo de inventário, que o legatário recebe seu bem arcando com
eventuais despesas (ex: impostos, frete, 1.936). Recebido o legado (ex: uma fazenda), seus frutos (ex: crias
dos animais) serão do legatário desde a morte do testador, pois a propriedade retroage, mas a posse não
(1.923 e § 2º).

§ 2o O legado de coisa certa existente na herança transfere também ao legatário os frutos que produzir, desde a
morte do testador, exceto se dependente de condição suspensiva, ou de termo inicial.

O legado assemelha-se a uma doação, só que o legatário recebe o bem do herdeiro (e não do “doador”) já
morto. O legado será dos herdeiros legítimos caso o legatário não aceite o bem (ex: uma fazenda
hipotecada, cheia de dívidas trabalhistas, com servidão predial, etc., 1.937).

Art. 1.937. A coisa legada entregar-se-á, com seus acessórios, no lugar e estado em que se achava ao falecer o
testador, passando ao legatário com todos os encargos que a onerarem.

ATENÇÃO!!!! Como o legatário sucede a título singular, não responde pelas dívidas do extinto, dívidas
que cabem aos herdeiros por sucederem a título universal (no universo dos bens = patrimônio = ativo +
passivo), mas o legatário só recebe o bem se a herança for solvível, afinal onde só há dívidas não há herança
e nem legado. Só com o inventário, apurando-se o ativo e deduzindo-se o passivo do extinto, é que se
podem verificar as forças da herança.

O testador pode indicar quem será o herdeiro incumbido de cumprir o legado, chamado de onerado. Se o
testador não indicar o onerado, caberá a qualquer herdeiro pagar o legado na proporção do que herdar
(1.934).

Art. 1.934. No silêncio do testamento, o cumprimento dos legados incumbe aos herdeiros e, não os havendo, aos
legatários, na proporção do que herdaram.
Parágrafo único. O encargo estabelecido neste artigo, não havendo disposição testamentária em contrário,
caberá ao herdeiro ou legatário incumbido pelo testador da execução do legado; quando indicados mais de um,
os onerados dividirão entre si o ônus, na proporção do que recebam da herança.

Espécies de legado:
a) legado de coisa própria: é o mais comum, afinal ninguém pode dispor de mais direitos do que tem
(1.912). Se a coisa legada foi vendida pelo testador antes de morrer, essa disposição perde o objeto (1.916).

Art. 1.912. É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da
sucessão.
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Art. 1.916. Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao tempo do seu
falecimento, ela se achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em
quantidade inferior à do legado, este será eficaz apenas quanto à existente.

b) legado de coisa alheia: exceção à regra anterior, pois o testador pode deixar uma coisa genérica que ele
não tem para o legatário, mas a coisa tem que ser incerta (243, ex: o falecido deixa um cavalo de raça para
João, mas o falecido nunca teve cavalo, então o herdeiro-onerado deve comprar esse cavalo para dar ao
legatário, 1.915, 1.929).

Art. 1.915. Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal coisa
não exista entre os bens deixados pelo testador.

Art. 1.929. Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando o
meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade.

c) sublegado com encargo: o testador determina ao legatário que dê uma coisa dele para ganhar outra (ex:
o testador deixa uma casa para João se João der um carro a José; se João não der o carro não ganha a casa,
1.913; o testador impõe um encargo ao legatário; a casa é o legado e o carro é o sublegado; João é o
legatário e José o sublegatário).

Art. 1.913. Se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem, não
o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado.

d) legado alternativo: o falecido deixa para o legatário uma coisa ou outra, cabendo a escolha ao herdeiro-
onerado (252 e 1.932).

Art. 1.932. No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção.

e) legado de coisa de certo lugar: Ex: deixo para fulano meus quadros da casa de campo – art. 1.917; o
legado dos quadros não implica no legado da casa, mas se o legado for de uma casa presume-se que são
com os móveis, afinal a regra é o acessório seguir o principal.
Pergunta: se o falecido deixa para fulano uma fazenda, e após testar adquire uma fazenda vizinha a esta, o
legado será das duas fazendas contíguas? Resposta: Não, face ao 1.922.

Art. 1.917. O legado de coisa que deva encontrar-se em determinado lugar só terá eficácia se nele for achada,
salvo se removida a título transitório.

Art. 1.922. Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não
se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do testador.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas
no prédio legado.

f) legado de direito real limitado: ao invés da propriedade de um bem, o falecido deixa uma superfície,
habitação ou usufruto desse bem para o legatário, e a propriedade-nua para outra pessoa (1.921).

Art. 1.921. O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida.
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g) legado de créditos e débitos: o falecido pode deixar certa quantia em dinheiro para o legatário (1.925),
ou então perdoar uma dívida do legatário (1.918).

Art. 1.918. O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até a importância desta, ou
daquele, ao tempo da morte do testador.
§ 1o Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo.
§ 2o Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento.

Art. 1.925. O legado em dinheiro só vence juros desde o dia em que se constituir em mora a pessoa obrigada a
prestá-lo.

h) legado compensatório: o falecido deve mil a João e lhe deixa uma joia. Pode se tratar de compensação
da dívida se for expresso (1.919); se o credor não quiser a compensação, basta renunciar ao legado
compensatório e cobrar a dívida do espólio.

Art. 1.919. Não o declarando expressamente o testador, não se reputará compensação da sua dívida o legado
que ele faça ao credor.
Parágrafo único. Subsistirá integralmente o legado, se a dívida lhe foi posterior, e o testador a solveu antes de
morrer.

i) legado de alimentos: o testador determina ao onerado que alimente alguém, cabendo ao juiz fixar o valor
(1.920). Esse alimento pode ser em hospedagem ao invés de dinheiro (1.701).

Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver,
além da educação, se ele for menor.

j) legado de cota condominial: ex: João e José têm um barco, e João deixa esse barco para Maria, então se
trata apenas de metade do barco, e Maria será condômina do barco com José (1.914).

Art. 1.914. Se tão-somente em parte a coisa legada pertencer ao testador, ou, no caso do artigo antecedente, ao
herdeiro ou ao legatário, só quanto a essa parte valerá o legado.

Caducidade dos legados: a caducidade difere da nulidade do legado. A caducidade é a perda da eficácia, é
a decadência do legado. O legado foi celebrado validamente, porém pode deixar de existir. Já a nulidade
seria, por exemplo, o legado de substância entorpecente, o testamento celebrado por um incapaz, (166, I e
II), o legado a pessoa sem legitimidade (1.802 e 1.801), etc.

São cinco os casos de caducidade previstos no art. 1.939 do CC, vamos comentá-los:

I – ex: o falecido deixa madeira/mármore para o legatário, porém antes de morrer faz móveis/estátuas desse
material. Se deixar uma barra de ouro, mas depois viraram jóias, vale o legado? Se deixou um terreno nu,
mas depois lá construiu um edifício, vale o legado?

II – O falecido revoga tacitamente a cláusula testamentária se vender a coisa legada.

III – Ex: uma joia legada caiu no mar, ocorre o perecimento já que o resgate é impossível; se houver culpa
de alguém para a perda cabe responsabilidade civil;
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IV – são os casos de indignidade. (1815)

V – é a premoriência que não enseja direito de representação como dito acima (1.788).

Também:

Renúncia do legatário (1943) – que não pode ser parcial. Ou aceita totalmente o legado ou a ele renuncia
integralmente.

Falecimento do legatário antes do implemento da condição suspensiva a que estava subordinada a eficácia
da gratificação (1943)

Falta de legitimação do legatário no momento da abertura da sucessão, nos termos do artigo 1802.

Art. 1.939. Caducará o legado:


I - se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a
denominação que possuía;
II - se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada; nesse caso, caducará até onde
ela deixou de pertencer ao testador;
III - se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido
do seu cumprimento;
IV - se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815;
V - se o legatário falecer antes do testador.

Art. 1.943. Se um dos co-herdeiros ou co-legatários, nas condições do artigo antecedente, morrer antes do
testador; se renunciar a herança ou legado, ou destes for excluído, e, se a condição sob a qual foi instituído não
se verificar, acrescerá o seu quinhão, salvo o direito do substituto, à parte dos co-herdeiros ou co-legatários
conjuntos.
Do Direito de Acrescer

Direito de Acrescer
Ocorre quando numa mesma cláusula o testador deixa bens para várias pessoas (disposição conjunta), e
uma delas não quer ou não pode receber a herança ou legado (ex: renúncia, premoriência, indignidade),
hipótese em que a cota dos demais poderá aumentar com essa cota vaga (direito de acrescer, 1.941).

Em algumas disposições conjuntas pode não haver direito de acrescer entre os co-herdeiros, mas sim o
quinhão do faltoso beneficiar os herdeiros legítimos. (Não há direito de representação na sucessão
testamentária).

ATENÇÃO!!! Faltando alguém numa disposição conjunta a cota vai para o co-herdeiro/co-legatário
(direito de acrescer), ou vai para os herdeiros legítimos?
Resposta: é preciso interpretar o testamento para responder:

a) Presume-se que se o falecido, na mesma cláusula, nomeia vários herdeiros para uma parte da herança, ou
deixa a vários legatários o mesmo bem, sem quinhão determinado, sem determinar a porção de cada um.
Nesse caso, ele pretendia instituir direito de acrescer para os demais se um deles viesse a faltar (ex: A deixa
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uma fazenda para B, C e D, então se D renunciar ao legado, ou morrer antes de A, as cotas de B e C irão
aumentar - arts. 1.942, 1.943).

b) Porém, no mesmo exemplo, se A deixa a fazenda para B, C e D, com quinhão determinado,


caracterizando a parte de cada um, deixando expresso que é 1/3 para cada um, a morte de D implica na
transmissão desses 1/3 para os herdeiros legítimos, sem direito de acrescer para B e C (1.944).

Conceito: direito de acrescer é uma substituição presumida na lei em virtude da qual o co-herdeiro ou co-
legatário recolhe a porção atribuída ao faltoso em disposição conjunta.

Substituição: a lei admite a hipótese do testador ter um suplente para o herdeiro/legatário faltoso, o que
também exclui o direito de acrescer.

A substituição vem do Direito Romano, quando a falta de herdeiro era considerada uma vergonha, mas no
direito moderno esse instituto é raro.
Respeitando a legítima dos herdeiros necessários, a liberdade de testar é ampla. Não havendo herdeiros
necessários, todo o patrimônio do hereditando pode ser deixado para quem ele quiser, afastando os
familiares mais distantes (1.850).
Por isso a lei admite substituto, a fim de realmente excluir os parentes distantes (1.947).
Pode haver um só substituto para vários herdeiros ou legatários (1.948).
O substituto sucede o testador, e não o substituído, de modo que só há uma transmissão e uma tributação.

Fideicomisso: é uma espécie de substituição onde o substituto não herda no lugar do substituído, mas após
o substituído, beneficiando pessoas não concebidas ao tempo da morte do testador (Ex: deixo minha casa de
praia para o primeiro filho de minha sobrinha Ana, só que Ana é uma criança, então se um dia ela tiver um
filho, esse concepturo será o beneficiado (art. 1.952); enquanto o concepturo não vem, designo meu amigo
João para cuidar da casa).

Partes envolvidas no fideicomisso:


a) fideicomitente: é o morto/testador/hereditando;
b) fiduciário: é o amigo João;
c) fideicomissário: é o concepturo, é o filho de Ana; e
d) fideicometido: é a coisa, a casa na praia (1.951).

Conceito: instituto pelo qual o herdeiro ou legatário (fiduciário) tem a obrigação de, a certo tempo,
transmitir a herança ou legado a terceira pessoa (fideicomissário).

No fideicomisso há dois beneficiários: o fiduciário por um tempo, e depois o fideicomissário.


O fiduciário tem a propriedade da casa, mas resolúvel (1.953), ou seja, sua propriedade se extingue se Ana
tiver um filho.
O fideicomisso parece mas é diferente da disposição em favor de prole eventual do 1.799, I. Isto porque o
fiduciário difere do curador do art. 1.800, pois este só administra, enquanto o fiduciário pode se tornar
proprietário pleno se o fideicomissário não nascer.
Se o fideicomissário renunciar à herança, a propriedade do fiduciário se torna plena (1.955). Se é o
fiduciário que renunciar à herança, aplica-se até o advento do fideicomissário o art. 1.800.
32

Se o fiduciário vender o bem a terceiros, o negócio estará desfeito se o concepturo nascer. (1.359 e pú do
1.953).
O fideicomisso é um recurso legal para satisfazer o testador que quer beneficiar pessoa inexistente ao tempo
da abertura da sucessão. Confia o testador que o fiduciário vai cuidar da coisa e transferi-la oportunamente
ao concepturo. De qualquer modo, para não complicar mais ainda, não se admite o fideicomisso além do
segundo grau, ou seja, é vedado um fideicomisso para o fideicomissário (1.959, no exemplo acima seria
ilegal um fideicomisso para beneficiar alguém depois do filho de Ana).

Em quanto tempo o concepturo tem que nascer?


A princípio não há tempo, enquanto Ana tiver saúde pode gerar, porém, para não tornar muito longa e
instável a propriedade resolúvel nas mãos do fiduciário, parte da doutrina entende aplicável os dois anos do
§ 4º do art. 1.800. Todavia, tal prazo é muito curto e frustra a intenção do fideicomisso de beneficiar pessoa
inexistente ao tempo da abertura da sucessão, por isso outra parte da doutrina não aplica tal dispositivo,
inclusive porque está muito deslocado do capítulo do fideicomisso.

Elementos do fideicomisso:
a) dupla vocação: o testador beneficia duas pessoas com o mesmo bem, porém em momentos distintos;
b) ordem sucessiva: só se chama um beneficiário quando termina o prazo do outro; o fideicomissário é
herdeiro do fideicomitente, porém recebe o bem do fiduciário;
c) ônus de conservar para restituir: o instituto se baseia na fé/confiança do fideicomitente no fiduciário que
entregará oportunamente a coisa em bom estado ao fideicomissário.

Usufruto: o fideicomisso beneficia pessoas não concebidas, por isso ele vira usufruto se o concepturo
nascer antes da morte do testador (Ex: no caso acima o testador demora a morrer, quando vem a falecer Ana
já é adulta e tem filho), então a fim de que o fiduciário também tenha vantagem, a lei cria um usufruto em
favor do fiduciário, com a propriedade-nua em favor do fideicomissário, beneficiando a ambos (parágrafo
único do 1.952).

Deserdação: o efeito é o mesmo da indignidade, punir quem ofendeu o extinto, pois o deserdado fica
também excluído da sucessão.
Relembrar as diferenças:
1 - a indignidade vem prevista em lei como a vontade presumida do extinto, atingindo qualquer herdeiro, já
a deserdação é declarada em testamento, é a vontade real do falecido, e só atinge herdeiros necessários
(1.961, 1.845).
2 - só vamos encontrar deserdação na sucessão testamentária (1.964), já a indignidade pode ocorrer tanto na
sucessão testamentária como na legítima.
3 – os casos de deserdação, além do conhecido 1.814, estão nos arts. 1962 e 1.963.

Redução das disposições testamentárias

A legítima é obrigatória, por essa razão o testador não pode deixar de contemplar os seus herdeiros
necessários (art. 1.846).
Os herdeiros necessários são os descendentes, os ascendentes e o cônjuge (1.845), e só podem ser afastados
da herança nos casos já vistos de deserdação (1.961).
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Então, havendo herdeiros necessários e havendo testamento, é preciso ajustar o testamento para calcular
o valor da metade da herança. Essa metade é a legítima, e a outra metade é a parte disponível para quem
o hereditando quiser, inclusive qualquer herdeiro necessário (1.849, 1.847).
Se o testador por descuido, má-administração ou má-fé prejudicar seus herdeiros necessários não
respeitando a legítima, caberá a redução do testamento; o testamento não é anulado, é apenas enxugado.
O testador pode prever onde deverá ser feita a redução (§ 2º do 1.967); caso contrário a lei determina a
redução primeiro nas heranças e depois nos legados (§ 1º do 1.967).
O herdeiro sofre a redução antes do legatário, pois herda a título universal, cabendo ao herdeiro só o que
sobrar do espólio depois de satisfeitos os credores do extinto, a legítima dos herdeiros necessários e os
legados.
Esses cálculos são feitos pela Justiça através de um perito contador, mas só após a morte do hereditando
face ao pacta corvina do art. 426.
Havendo acordo entre os herdeiros, essa redução se faz dentro do inventário, porém surgindo litígio a ação
de redução correrá em processo próprio, visando reconhecer a parte excessiva para reintegrá-la à legítima.

Doação inoficiosa: se mesmo reduzindo o testamento a legítima continuar desrespeitada, anulam-se as


doações inoficiosas, pois o testador em vida não pode doar mais da metade dos seus bens (art. 549). Se o
fizer, as doações mais recentes devem ser anuladas. (O valor dos bens deve ser considerado ao tempo do
contrato, e não ao tempo da morte, de modo que se o doador empobrece posteriormente, válida terá sido a
doação.)
A doação e o testamento são assim ineficazes na parte excedente, só que na doação se apura o excesso no
momento do contrato, enquanto no testamento, quando morre o hereditando.
Como se vê, não dá para burlar o direito à legítima dos herdeiros necessários. O testador pode até
determinar os bens que devem constituir a legítima, mas sem reduzi-la.

Revogação do testamento
É característica do testamento a sua revogabilidade, face ao princípio da autonomia da vontade e da
liberdade do Direito Civil, onde o particular pode dispor de seus bens com grande autonomia (1.858).
O testamento novo revoga o anterior. Não se revoga testamento por escritura pública, codicilo, declaração
perante o juiz, etc. Só um testamento revoga outro, da mesma espécie ou não (1.969).
Espécies de revogação: a) expressa: o testamento novo expressamente revoga o anterior; b) tácita: o
testamento novo tem disposições incompatíveis com o velho, prevalecendo o mais recente, e onde não
houver incompatibilidade subsiste também o velho (parágrafo único do art. 1.970). Se o segundo testamento
for anulado, o primeiro subsiste (1.971, in fine). A alienação da coisa legada implica em revogação tácita e
parcial do testamento (1.916).
Observações:
- só não se revoga testamento na parte que reconhecer um filho (1.610).
- numa lei, num contrato, um artigo/cláusula inconsistente não anula a lei toda ou o pacto todo; igualmente
num testamento uma cláusula nula não invalida o testamento todo.
- a abertura do testamento ordinário cerrado implica em revogação (1.972), mesmo que feita por terceira
pessoa, afinal é um risco que se assume ao optar por essa espécie de testamento, que deve permanecer
secreto enquanto o testador for vivo.

Rompimento do testamento
O rompimento é uma revogação presumida pela lei, e independe da manifestação do testador. Ocorre
quando o testador tem um filho ou adota alguém após testar (1.973). Ocorre também se o testador
desconhecia a existência de um filho (1.974).
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Presume a lei que o surgimento de um filho novo faria o testador mudar radicalmente o testamento, por isso
ele fica automaticamente revogado.

Testamenteiro
Não confundam testamenteiro com inventariante; este é nomeado pelo Juiz para administrar o espólio em
toda sucessão, seja legítima ou testamentária. Já o testamenteiro é pessoa física nomeada pelo falecido
apenas na sucessão testamentária, em testamento ou codicilo, para fazer cumprir o testamento (1.976). O
testamenteiro é um fiscal fiel do testamento, sendo pessoa de confiança do hereditando (1.981).
Os herdeiros próximos podem não querer pagar os legados ou convocar os herdeiros distantes, então é
prudente alguém com a missão de fazer respeitar a vontade do extinto.
Pode acontecer do juiz designar inventariante o próprio testamenteiro nomeado pelo extinto, o que se chama
de testamenteiro universal (1.990). Se o falecido fizer testamento, mas não nomear testamenteiro aplica-se o
art. 1.984.
O testamenteiro exerce ofício privado (não é função pública, mas particular, nomeado pelo testador),
remunerado (1.987, chama-se esse prêmio de vintena) e de assunção facultativa (se a função é privada, não
pode ser obrigatória, 1.986).
Chamam-se testamentaria as atribuições do testamenteiro, que pode servir-se de advogados e contadores
para melhor desempenhar seu trabalho (1.985).
Extingue-se a testamentaria pela conclusão do serviço (1.983) pela remoção do testamenteiro desonesto
(1.980) e pela nulidade do testamento, afinal sem disposição de última vontade não há testamenteiro.

INVENTÁRIO
O inventário visa legalizar a disponibilidade da herança e se encerra com a partilha entre os sucessores
(1.796).
Conceito de inventário: procedimento especial instaurado no último domicílio do falecido visando
descrever os bens da herança, avaliar estes bens, pagar o imposto de transmissão, identificar os sucessores,
quitar as dívidas do extinto (1.997), quitar as despesas do funeral (1.998) e fazer a partilha pondo fim ao
condomínio decorrente da saisine (parágrafo único do artigo 1791).
O inventário apura o patrimônio do morto e liquida o acervo hereditário, realizando o ativo e pagando o
passivo.
O inventário também separa a herança da meação do viúvo, se o falecido foi casado pelo regime da
comunhão de bens.
O foro competente para o inventário é o da Comarca onde residia o extinto, mesmo que ele tenha bens em
outros lugares, pois se presume que onde ele vivia era mais conhecido (1.785).
Quem impulsiona o inventário, cuida dos bens do extinto, paga os impostos, contrata o advogado, etc., é o
inventariante, mas não o confundam com o testamenteiro, pois o inventariante é nomeado pelo juiz e não
existe testamenteiro na sucessão legítima (1.991).
Entre a morte e o ajuizamento da ação de inventário, a administração da herança cabe a um familiar
conforme art. 1.797. Provavelmente este familiar será mantido na função e nomeado inventariante pelo juiz.
Se o inventariante não desempenhar bem suas funções, não prestando contas dos seus atos, o juiz deve
removê-lo, trocando-o por outro parente do extinto (2.020).
O inventariante representa o espólio e administra o patrimônio do morto, exercendo função pública gratuita,
não sendo remunerado como na testamentaria, afinal o inventariante é um parente do morto, é herdeiro, e
está trabalhando para si mesmo.
• Verificar a leitura dos artigos 610 e seguintes do NCPC
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ATENÇÃO!!! Questões de alta indagação: discussão sobre a validade do casamento do morto;


reconhecimento de filhos, justificação de créditos, nulidade de testamento, deserdação etc, não podem ser
tratadas em inventário, mas em processo próprio.
O inventário é obrigatório, mesmo que só haja um herdeiro, face ao interesse público da Fazenda Estadual
em receber os impostos decorrentes da transmissão hereditária dos bens. Quando o herdeiro é único não há
partilha, mas adjudicação de todos os bens do extinto.

ESPÉCIES DE INVENTÁRIO

a) Inventário tradicional e solene, de aplicação residual e regulado nos arts. 610 e ss do NCPC;

Processamento:
- Ao despachar a petição inicial, o juiz nomeará o inventariante, que prestará o compromisso e, em 20 dias,
as primeiras declarações. 620, NCPC
- Serão citados os interessados: cônjuge ou companheiro(a) herdeiros, legatários, Fazenda Pública,
Ministério Público (se houver herdeiro incapaz ou ausente) e testamenteiro (se o falecido tiver deixado
testamento).
- Decididas as questões da 1ª fase, segue-se a avaliação dos bens inventariados §1° do art. 620, NCPC que
servirá de base de cálculo do imposto de transmissão causa mortis e da partilha;
- Resolvidas eventuais impugnações, lavrar-se-á em seguida o termo de últimas declarações 622, I, NCPC;
- Passa-se à Partilha. Juiz faculta às partes a formulação, em 10 dias, de pedido de quinhão e, após, profere
o despacho de deliberação da partilha, que é irrecorrível 647 e ss NCPC;
- O partidor organizará o esboço de acordo com a decisão do juiz. Contra a sentença que julga a partilha
cabe recurso de apelação.

Pode não haver inventário propriamente dito, nas seguintes situações:

b) arrolamento sumário, previsto no art. 659 e ss do NCPC, dispensa o inventário quando os herdeiros são
todos capazes e celebram partilha amigável (2.015, CC); não importa o valor do patrimônio do extinto, cabe
o arrolamento sumário se não houver incapazes e nem brigas entre os herdeiros. Aplica-se também em caso
de herdeiro único. O arrolamento é um processo mais simples do que o inventário
Os interessados, escolhendo essa espécie de procedimento, apresentarão a partilha amigável, por escritura
pública, termo nos autos do inventário (arrolamento sumário), ou escrito particular (CC, 2015), que será
simplesmente homologada, de plano, pelo juiz, provada a quitação;

c) arrolamento comum, previsto no art. 664 do NCPC, também dispensa o inventário quando a herança é
de pequeno valor, mesmo que haja menores e disputa pelos bens. (bens do espólio sejam igual ou inferior a
1.000 salários mínimos).
- O Inventariante nomeado apresentará as suas declarações, com a estimativa do valor dos bens do espólio
e o plano de partilha. Serão citados os herdeiros não representados. Se o valor atribuído aos bens for
impugnado, far-se-á a avaliação. Apresentado o laudo, em 10 dias, pelo avaliador nomeado, o juiz
deliberará sobre a partilha, decidindo de plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas não
impugnadas (664, §2°, NCPC). Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas
rendas, o juiz julgará a partilha. Após o julgamento será recolhido o imposto causa mortis, expedindo-se
competente formal ou carta de adjudicação.
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c) alvará judicial, previsto na lei 6.858/80, dispensa até o arrolamento quando a herança é pequena mesmo,
bastando uma simples autorização do juiz para levantamento do crédito (ex: o salário não recebido pelo
extinto no mês da sua morte, o depósito do FGTS, etc.). *(bens que não se inventariam: além destes,
tem-se os de possuidores com tempo escoado para usucapião, bens de família convencionais, bens
doados a marido e mulher – art. 551, parágrafo único do CC – valores de contas conjuntas)

d) escritura pública: artigo 610, §§1° e 2°, NCPC autoriza o inventário extrajudicial ou por via
administrativa, sem intervenção do juiz, podendo tudo ser feito no Cartório de Notas se não há testamento e
se os herdeiros são capazes e estão de acordo quanto à divisão de bens. É mais rápido, pois evita a
sobrecarregada Justiça, contudo é preciso pagar o cartorário. Vide RESOLUÇÃO 35 do CNJ

*INVENTÁRIO NEGATIVO
Não está previsto no Código de Processo, e é o modo judicial de se provar a inexistência de bens do extinto.
Ora, por que seria preciso provar que alguém não deixou bens? Por dois motivos:
- primeiro porque a lei exige o regime obrigatório da separação de bens quando o viúvo não abriu o
inventário do cônjuge falecido, e esse viúvo deseja casar de novo. O inventário de pessoa casada é assim
importante para evitar confusão patrimonial entre os bens do viúvo no 1º e 2º casamentos. Dessa forma, se
o viúvo não ajuizou o inventário porque o extinto nada deixou, isso precisa ser comprovado a fim de que o
viúvo possa se casar livremente (1.523, I, c/c 1.641, I).
- a segunda necessidade de inventário negativo é para excluir a responsabilidade do herdeiro por dívidas do
morto (1.792).
Desta forma, o viúvo/herdeiro instaura o inventário negativo e o juiz manda ouvir os familiares,
testemunhas, a Receita Federal, o Detran, Cartório de Imóveis do lugar onde vivia o extinto, Banco Central,
etc. Confirmando-se que o falecido nada possuía, o juiz profere uma sentença declarando a negatividade do
inventário.

Partilha
É a divisão dos bens da herança, pondo fim ao condomínio transitório decorrente da saisine. Com a partilha
os herdeiros saberão exatamente quais são os seus bens, e poderão registrar os imóveis no Cartório
Imobiliário e os veículos no Detran (2.023). Tal registro, ressalte-se, é apenas para dar publicidade e
permitir a alienação a terceiros, afinal a propriedade já foi adquirida desde o instante da morte do
hereditando.
Sendo o falecido casado pelo regime da comunhão de bens, a meação do viúvo também entra nesse estado
de indivisão, embora não integre a herança propriamente dita. A partilha vai separar a meação da herança; a
meação é entregue à viúva e a herança dividida com os herdeiros.
Espécies de partilha: amigável, litigiosa e em vida.
O ideal é a partilha ser amigável, evita traumas permanentes entre irmãos (2.015); e sempre é melhor um
acordo ruim do que uma briga boa, especialmente no seio familiar. A partilha amigável é negócio jurídico
solene e plurilateral, decorrente da vontade concordante de todos os herdeiros, que declaram como querem
dividir o espólio.
Todavia, infelizmente, havendo litígio é necessário celebrar partilha litigiosa, nomeando o juiz um partidor
para tanto (2.016 e 2.017). Se a partilha é amigável basta o juiz homologar, afinal no direito privado cada
um sabe o que faz com seus bens. Sendo litigiosa, o partidor na sua função deve seguir as seguintes regras:
- comodidade: a partilha deve beneficiar os herdeiros conforme sua idade e profissão; ex: um herdeiro idoso
que já more numa casa do espólio deve ficar com ela; deve caber a um filho advogado um escritório no
centro, enquanto a um filho agrônomo uma área rural.
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- igualdade econômica: os quinhões devem observar a maior igualdade possível quanto ao valor, natureza e
qualidade dos bens.
- prevenção de litígios futuros: essa regra visa evitar que dois irmãos já intrigados entre si, venham a herdar
a mesma propriedade, ou a ser vizinhos, sendo melhor vender o bem e dividir o dinheiro (2.019).
- sorteio: previsto no art. 817.
- escolha: aplicável quando só há dois herdeiros, então o juiz manda que um deles divida os bens do pai ao
meio, e autoriza o outro a escolher a metade que deseja.
Adjudicação: havendo só um herdeiro não há partilha, mas adjudicação de todos os bens do hereditando a
esse único sucessor. Também ocorre adjudicação quando todos os herdeiros alienam seus quinhões a uma
pessoa só durante o inventário (1.793).

Efeitos da partilha: (647 a 658, NCPC)


- retroativo: pelo princípio da saisine os bens são dos sucessores desde a morte do hereditando, então a
partilha tem efeito “ex tunc” (= desde então), de modo que o domínio do herdeiro sobre os bens partilhados
retroage ao momento da abertura da sucessão; a partilha é declaratória e não constitutiva da propriedade, ou
seja, a partilha diz quais são os bens de cada herdeiro, mas a propriedade foi constituída desde a saisine
(2.023).
- imissão na posse: o domínio retroage, tendo o herdeiro direito aos frutos (ex: as crias de um animal
herdado), mas pode ser que a posse da coisa herdada seja deferida só após a partilha, exigindo o herdeiro
que o inventariante lhe entregue a coisa (2.020).
- publicidade: com o formal de partilha em mãos, o herdeiro fará o registro em seu nome dos imóveis no
Cartório, ou dos veículos no Detran, dando publicidade e facilitando a venda a terceiros; nada impede
porém que, antes da partilha, o quinhão já seja vendido como vimos no art. 1793, caput e §§ 2º e 3º.
A partilha pode ser anulada por erro, dolo ou coação, como todo negócio jurídico, no prazo decadencial de
um ano (2.027 e parágrafo único).

Sobrepartilha:
É a partilha adicional de bens omitidos de propósito ou por desconhecimento. Omitem-se de propósito bens
em local de difícil acesso (ex: Fazenda no Acre) para não atrasar a partilha dos bens líquidos, certos e
presentes. Se um bem do falecido só é descoberto após a primeira partilha, também se justifica a
sobrepartilha (2.021). É preciso reabrir o processo de inventário para celebrar a sobrepartilha.

Sonegados
São os bens propositadamente escondidos pelo herdeiro, inventariante ou testamenteiro a fim de não pagar
o imposto de transmissão ou prejudicar outro herdeiro. A sonegação é a intenção de ocultar bens da herança
(ex: os bens doados pelo pai em vida a um filho). A sonegação exige dolo, cabendo ao herdeiro provar que
omitiu o bem por ignorância (1.992 e 1.993).
A sonegação não pode ser discutida no inventário, exigindo ação própria (1.994). Além de perder o direito
ao bem sonegado, a sonegação implica também em crime de apropriação indébita do art. 168, § 1º, II do
CP. O testamenteiro sonegador perde a vintena (1.987).

Pagamento das dívidas


Durante o inventário é preciso separar a meação da herança, pagar as dívidas do morto, as despesas do
funeral, a vintena do testamenteiro e cumprir os legados. Depois é que se dividem os quinhões hereditários,
mas sempre se respeitando a legítima dos herdeiros necessários.
O principal desse rol são as dívidas, afinal se as dívidas são muito altas não existe legado e nem herança.
Em caso de insolvência do espólio, o herdeiro não responde pelo excesso (1.792), aplicando-se o concurso
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de credores com o vencimento antecipado das dívidas, a arrecadação dos bens penhoráveis e a divisão dos
bens do morto (art. 955).
Obs: as dívidas do funeral do morto são privilegiadas, e devem ser pagas antes das obrigações
quirografárias (965, I e 1.998).
Sendo a herança solvente, o credor do extinto deve se habilitar no inventário e o juiz mandará reservar bens
para pagamento (§§ 1º e 2º do art. 1.997). O credor do extinto tem preferência sobre o credor do herdeiro,
por dívidas do morto, afinal as dívidas de qualquer pessoa são honradas com seu patrimônio (arts. 391, 942
e 2.000).
O herdeiro que pagar sozinho uma dívida deve cobrar a parte dos demais co-herdeiros (ex: um pai deve
cem e deixou quatro filhos, o filho que pagar sozinho vai cobrar vinte e cinco dos irmãos, 1.997 e 1.999).

Colação
É a obrigação legal dos filhos de restituir os bens recebidos em vida dos pais, a fim de que a partilha seja
igual. A colação corresponde a uma conferência dos bens que o falecido doou ao filho (2.002 e 2.003). A
colação só se aplica aos descendentes e cônjuge que fazem jus à legítima, mas ascendentes não. Igualmente
não se exige colação na sucessão testamentária.
Colação: igualdade entre os quinhões hereditários, afinal o afeto do pai pelos filhos geralmente é igual;
justifica-se também por se presumir que uma doação em vida implica em antecipação da herança (544), por
isso o pai deve ser expresso se quiser beneficiar um filho mais do que a outro (2.005).
A colação se dá pelo valor do bem, e não pelo bem em si (2.004 e § 2º), por isso o filho pode usar e vender
o bem doado livremente. Tal bem colacionado não paga imposto mortis causa, pois já pagou o imposto de
transmissão inter vivos quando foi doado antes.
Não haverá colação nas hipóteses dos arts. 2.010 e 2.011; Obs: se o filho for condenado nesse referido
processo criminal, deverá colacionar o gasto.

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