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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE (ESTADO)

Autos nº XXXXXXXXXXXXXXXX

(NOME), (naturalidade), (estado civil ou união estável), advogado, inscrito na


OAB/XX (XXXXX), com endereço profissional na (endereço completo). e endereço
eletrônico (XXXX), vem perante Vossa Excelência, impetrar uma ordem de

HABEAS CORPUS

(NOME), (naturalidade, estado civil ou união estável), (profissão), portador do


RG (XXXX) e inscrito sob o CPF nº (XXX.XXX.XXX-XX), endereço eletrônico
(XXXX), residente e domiciliado na (endereço completo), contra decisão exarada pelo
doutor Juiz de Direito da (XX) Vara Criminal da comarca de (CIDADE/ESTADO), que
decretou sua prisão preventiva (fls. XX), bem como a decisão que negou o pedido de
revogação da prisão questionada (fls. XX), sob a suposta justificativa para suprimir o
status libertatis do Paciente por “como garantia da ordem pública, conveniência
instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal,” sem que tenha havido
qualquer prova, mesmo que indiciária, de que poderia fugir ou atentar contra o bom
andamento da persecução, constituindo, assim, notório e indisfarçável constrangimento
ilegal, sanável com o presente remédio heroico de habeas corpus.
Tanto a representação pela decretação da prisão preventiva, quanto a decisão que
a decretou, não estão ancoradas em qualquer prova ou fato concreto que levasse a ilação
de que a medida extrema fosse necessária, pois a decisão abjurada foi editada com
singelos e perfunctórios argumentos, assim aduzidos in verbis:

(TRANSCREVER A DECISÃO)

Vê-se que a o decreto de prisão preventiva é no mínimo contraditório diante da


postulação exercitada pela autoridade policial, que explicitamente requereu a medida
cautelar por conveniência da instrução criminal, mesmo sem mencionar de modo claro e
direto em que fatos se ancorava, conforme texto da representação (fls. XX) adiante
colado:

(TRANSCREVER A DECISÃO)

Foi no mesmo ritmo o parecer do ministério público que deu guarida a


postulação da prisão preventiva. Vejamos:

(TRANSCREVER PARECER)

Desfigurada de qualquer sustentação fática foi também a decisão que indeferiu o


pedido de revogação, que assim proclamou:

(TRANSCREVER A DECISÃO)

Sem embargo do elevado conhecimento jurídico do prolator da decisão


conspurcada e com a devida vênia, verifica-se que a custódia cautelar, antes da sentença
condenatória, tida como medida excepcional “mal necessário” é uma ficção jurídica,
uma ilusão meramente acadêmica, vez que no dia a dia forense já se tornou regra,
quando deveria ser exceção. É o que está ocorrendo no caso vertente, onde os obreiros
do direito que manipularam a famigerada medida coercitiva, o fizeram sem qualquer
parcimônia e respaldo nos fatos concretos, violando os direitos e garantias individuais e
fundamentais do Paciente, mormente o da presunção de inocência e do devido processo
legal.

O Paciente, é pessoa radicada na cidade de (CIDADE/ESTADO) desde seu


nascimento, possui família regularmente constituída, a qual é sustentada,
exclusivamente, com os frutos de seu labor, exerce atividade lícita com endereço certo e
sabido (Dados do local de trabalho), gozando no meio social em que vive de respeito e
consideração, além de ser possuidor de bons antecedentes e primariedade, oferecendo,
assim, amplas garantias ao Juízo, inclusive, possui bem de raiz no distrito da culpa o
que demonstra que não há motivos para evadir-se com a intenção de fugir a eventual
aplicação da lei penal.
Verifica-se que o Magistrado motivou suas decisões de forma presumida, sem,
contudo, fundamentar de modo preciso e objetivo quanto aos fatos determinantes da
necessariedade da medida extrema, configurando notório e indisfarçável
constrangimento ilegal sanável pelo presente instituto do habeas corpus.

I. DO DIREITO

Consoante a doutrina mais abalizada, a prisão preventiva, como instituto de


exceção, deve ser aplicada parcimoniosamente. Com a devida vênia, não há como
concordar com aqueles que considerando a estupidez ou a gravidade do delito como
fundamento e usam como justificativa do decreto preventivo; a repercussão do crime,
como se este fosse, por si mesmo, causa e razão da custódia cautelar. Um crime grave
sempre provoca uma perturbação, um abalo social. Se esse abalo fosse motivo ou
requisito da prisão preventiva, esta seria obrigatória para determinadas infrações,
especialmente para os crimes desta ordem, como acontecia antigamente, nos delitos
punidos, no máximo, com pena superior a dez anos de reclusão.
Assim sendo prisão preventiva, não sendo obrigatória, só se decreta nas
situações previstas em lei, quando é indeclinável a sua necessidade.
A custódia provisória, desta sorte, na espécie ora em foco, esteia-se,
fundamentalmente, na necessidade e interesses sociais. Daí a correta observação de
Viveiros de Castro, trazido à colação por Aderson Perdigão Nogueira:

O juiz, ao decretar a prisão preventiva, "há de estar por completo dominado


não tanto pela idéia da culpabilidade do acusado, o que só o julgamento
posterior pode com segurança demonstrar, mas, principalmente, pela
indeclinabilidade da providência, para afastar, desfazer ou impedir certos atos
que ameaçam ou perturbam a ordem pública, a instrução do processo ou a
aplicação da pena.

No caso em apreço, pelo que se depreende dos documentos em apenso, a


sentença que instituiu a custódia preventiva do Paciente procurou agasalho nas
hipóteses previstas no art. 312 do CPP da “garantia da ordem pública” e para “assegurar
a aplicação da lei penal” sem, contudo indicar de modo preciso quais fatos propiciaram
esta conclusão, se limitando a repetir a fórmula lega, método este, repudiado pelos
nossos Superiores Sodalícios.
O STF assim vem decidindo:
Prisão preventiva - Inadmissibilidade se ausente a demonstração, em
concreto, do periculum libertatis do acusado. Irrelevância da gravidade
abstrata do crime imputado, ainda que qualificado de hediondo, da
reprovabilidade do fato e do conseqüente clamor público.

Do voto do Ministro-relator, porque relevante para a presente discussão, extrai-


se:
Tal como fundamentada, a prisão preventiva, data vênia, é insustentável.
Tanto o decreto impugnado quanto as decisões que o avalizaram e, agora, o
parecer da Procuradoria-Geral da República traem maldisfarçada nostalgia da
velha prisão preventiva obrigatória e o vezo que lhe era inerente de abuso da
detenção cautelar como forma de antecipação de sanção penal. São vícios
freqüentes nas prisões preventivas decretadas com base unicamente na
invocação de garantia da ordem pública, confundida com a autorização para
utilizar a medida com fins, não apenas de prevenção especial, já em si
discutível, mas sobretudo de prevenção geral, de todo incompatíveis com a
presunção constitucional de não culpabilidade. A jurisprudência do tribunal -
com raras exceções - tem sido rigorosamente avessa a expedientes do gênero:
assim, por exemplo, tem proclamado que nem a gravidade abstrata do crime,
ainda quando qualificado de hediondo (v.g., HC 65.950, Rezek, RTJ
128/147; HC 67.850, Pertence, RTJ 131/667; HC 76.730, Galvão,
10.03.1998; HC 79.204, Pertence, 1.°.06.1999), nem a reprovabilidade do
fato, nem o conseqüente clamor público (HC 71.289, Galvão, 09.08. 1994)
justificam por si sós a prisão preventiva, se não se demonstra em concreto a
ocorrência do periculum libertatis, que é medida da necessidade cautelar que
a legitima.

Neste prisma de entendimento, é imperiosa a conclusão de que a prisão


preventiva em razão da periculosidade do agente é incompatível com o estado atual de
nosso sistema penal, fundado na culpabilidade, consoante a iluminada lição de
TOURINHO FILHO:

Não se pode, sob pena de resvalar-se para o arbítrio e prepotência, presumir


que os fins do processo não serão alcançados sem a prisão do réu. Por outro
lado, sua maior ou menor periculosidade não pode exercer qualquer
influência no campo da prisão provisória. Justificá-la, pois, em face da
periculosidade do réu seria uma forma de burlar a lei, que, às expressas,
impede a aplicação da medida de segurança provisória, mesmo para as
pessoas inimputáveis referidas no art. 26 do CP.

Inexiste, até o presente momento qualquer fato concreto de leve a ilação de que
em liberdade o Paciente poderá atentar contra a ordem pública, a conveniência da
instrução criminal ou burlar a aplicação da lei penal ou que justifiquem a manutenção da
prisão preventiva imposta ao Paciente.
Com muita propriedade, acentua o festejado Heleno Fragoso:
Não bastam simples temores subjetivos do julgador. É necessário que os fatos
sejam objetivamente determinados para que possam existir os fundamentos
da prisão preventiva.
(in “Jurisprudência Criminal – Ed. Borsoi – pag. 392).

Da mesma forma são os pronunciamentos de nossos Tribunais de teto:

PROCESSUAL PENAL – HABEAS-CORPUS – PRISÃO PREVENTIVA –


PRESSUPOSTOS – FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE – A prisão
preventiva, medida extrema que implica sacrifício à liberdade individual,
concebida com cautela à luz do princípio constitucional da inocência
presumida, deve fundar-se em razões objetivas, demonstrativas da existência
de motivos concretos susceptíveis de autorizar sua imposição. – Meras
considerações sobre a gravidade do delito, bem como a possibilidade de fuga
não autorizam nem justificam a decretação de custódia cautelar. – Habeas-
corpus concedido. (STJ – HC – 16553 – SP – 6ª T. – Rel. Min. Vicente Leal
– DJU 17.09.2001 – p. 00198)

Mais despropositada e inoportuna, é presença da hipótese de “assegurar a


aplicação da lei penal” nas decisões conspurcadas, haja vista que em nenhum momento
o Paciente esboçou qualquer intenção e evadir-se para burlar ou tornar impossível a
aplicação de eventual reprimenda penal, alienando ou vendendo bens de raiz ou se
ausentando da cidade de Anápolis, onde fora preso no seu local de trabalho sem esboçar
qualquer resistência ao milicianos que cumpriram o mandado de prisão.
Após a decretação de sua custódia processual o Paciente instruiu seu pedido de
revogação com vasta documentação, dando conta que não se tratava daquela caricatura
humana, monstruosa, desenhada de forma distorcida, pela autoridade policial em sua
representação pela decretação da prisão, e sim, uma pessoa de bem, trabalhadora, pai de
família sem qualquer mácula judicial pretérita, preenchendo todos requisitos para
aguardar o persecutio criminis in judici em liberdade. Mesmo assim, o Juiz, aqui tido
como autoridade coatora, se portou de forma indiferente, desconsiderando aquele
material probatório, indeferindo o pedido de revogação inobstante a robusta prova
trazida a colação de que as informações prestadas pela autoridade policial eram
improcedentes e fundadas em meras suposições.
Deste modo, a manutenção da custódia processual do Paciente, constituiu franca
e luminosa coação ilegal, devendo ser sanada por Este Egrégio Sodalício.

IV - DO PEDIDO

Diante do exposto, espera o Impetrante, seja a presente ordem de HABEAS


CORPUS, conhecida e deferida, para fazer cessar a coação ilegal de que está sendo
vítima, o Paciente, mandando que se expeça, o competente ALVARÁ DE SOLTURA,
cassando e revogando a prisão cautelar de natureza processual contra ele exarada, pelos
fatos e fundamentos ut retro perfilados, oficiando-se o Juiz, aqui nominado autoridade
coatora, para prestar suas informações em caráter de urgência.

Termos em que,
Pede-se deferimento.

(Cidade/Estado), (XX) de (mês) de 20(XX).

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(NOME)
OAB/XX (XXXX)

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