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Direcção Académica

Departamento de Ciências Sociais e Humanidades

Curso: Licenciatura em Direito


Cadeira: Direitos Fundamentais
Ano de frequência: 2º ano

Tema:

DIREITOS FUNDAMENTAIS NO ESTADO


MOÇAMBICANO
Felicidade Amância Felizardo Monte Alfredo

Nampula, 01 de Junho de 2021


Direcção Académica
Departamento de Ciências Sociais e Humanidades

Tema:

DIREITOS FUNDAMENTAIS NO ESTADO


MOÇAMBICANO

Discente

Felicidade Amância Felizardo Monte Alfredo Trabalho de Investigação Científica


Apresentado em cumprimento às exigências
da cadeira de Direitos Fundamentais,
Licenciatura em Direito, Instituto Superior
de ciências e Educação a Distância -
Nampula, orientado pela Departamento de
Ciências Sociais e Humanidades.

Nampula, 01 de Junho de 2021


ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

1.1 Objectivos .................................................................................................................... 1

1.1.1 Geral ......................................................................................................................... 1

1.1.2 Específicos ............................................................................................................... 1

1.2 Hipótese ....................................................................................................................... 1

1.3 Problemática e Justificativa ......................................................................................... 2

1.4 Metodologia ................................................................................................................. 2

2 CONSTITUIÇÃO ................................................................................................... 3

3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 3

3.1 Estado de Direito ........................................................................................................ 3

3.2 Democracia ................................................................................................................. 4

3.3 Estado Laico ............................................................................................................... 4

4 DIREITOS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS ............................................... 5

4.1 Direito à vida .............................................................................................................. 5

4.2 Princípio de igualdade ............................................................................................... 5

4.3 Liberdade de expressão ............................................................................................. 6

4.4 Liberdade de imprensa .............................................................................................. 6

4.5 Liberdade de associação ............................................................................................ 7

4.6 Liberdade de constituir, participar e aderir a partidos políticos .......................... 7

4.7 Liberdade e consciência, de religião e de culto ....................................................... 8

4.8 Direito de propriedade .............................................................................................. 8

5 DIREITOS NO PROCESSO PENAL ................................................................... 8

5.1 Alguém só pode ser preso quando a lei prevê isso .................................................. 9

5.2 Alguém só pode ser condenado quando a lei prevê isso ......................................... 9

5.3 Presunção da inocência ................................................................................................ 9


5.4 Direito à defesa, audiências públicas e proibição da tortura ............................... 10

5.5 Prisão preventiva ..................................................................................................... 10

6 OUTRAS GARANTIAS ....................................................................................... 11

6.1 Acesso aos tribunais ................................................................................................. 11

6.2 Independência dos juízes ......................................................................................... 12

6.3 Direitos e garantias dos administrados .................................................................. 12

7 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 14

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 15


1 INTRODUÇÃO

A Constituição contém uma parte especificamente dedicada aos direitos fundamentais,


designada de “Direitos, Deveres, Liberdades e Garantias Fundamentais” que se estende entre o
artigo 16.º e o artigo 61.º, representando a segunda das sete partes em que a Constituição está
dividida.

É ao longo dos artigos referidos que se encontra o que pode se designar de regime dos direitos
fundamentais. Embora a Constituição o não refira expressamente e admitindo que surjam
opiniões diferentes, poderá dizer-se que o enquadramento de um regime geral dos direitos
fundamentais resulta da consagração de princípios gerais dos direitos fundamentais previstos
no Título I, entre os artigos 16.º e 28.º A Constituição dá-nos conta, através da epígrafe da Parte
II, da existência da categoria genérica de direitos, deveres, liberdades e garantias fundamentais,
que, por sua vez, se dividem em direitos, liberdades e garantias pessoais e em direitos e deveres
económicos, sociais e culturais que encontraremos nos Títulos II e III, respetivamente.

1.1 Objectivos
1.1.1 Geral
➢ O trabalho tem como objectivo geral, retratar o entendimento sobre Direitos
Fundamentais no Estado Moçambicano.

1.1.2 Específicos
➢ Conceituar a constituição;
➢ Identificar os princípios fundamentais;
➢ Detalhar sobre os direitos e liberdades fundamentais;
➢ Descrever os direitos no processo penal e certas garantias.

1.2 Hipótese
i. A Constituição da República de Moçambique não é o documento que estabelece a forma
de organização e funcionamento do Estado bem como reconhece os direitos, deveres e
liberdades fundamentais dos cidadãos
ii. A Constituição é a lei fundamental do nosso Estado e serve como base de todas as leis
que existem em Moçambique.

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1.3 Problemática e Justificativa
Os direitos fundamentais em Moçambique não são devidamente cumpridos, por da corrupção,
no entanto o trabalho visa divulgar e informar as populações sobre a Constituição da República
de Moçambique (C.R.M) aprovada no dia 22 de Dezembro de 2004 e que trata dos princípios
bem como dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. Pretende se que esta brochura
seja um instrumento importante para que as comunidades conheçam e saibam defender os seus
interesses e direitos.

1.4 Metodologia
A pesquisa foi elaborada a partir de livros, cujas fontes de consulta incluem a Internet, através
de páginas oficiais de organizações, abordando temas que buscam detalhar o assunto a ser
trabalhado. A revisão da literatura e a reflexão prévia permitiram focalizar objectivamente as
questões a serem investigadas e formular as suas respostas.

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2 CONSTITUIÇÃO

A Constituição é a lei fundamental de um determinado Estado. Pois, aí estão consagrados e


protegidos os direitos e garantias fundamentais do cidadão. Também estão estabelecidas as
regras de organização e funcionamento dos órgãos estatuais bem como princípios fundamentais
válidos nesse Estado.

3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

A Constituição da República de Moçambique estabelece alguns princípios que regem no nosso


país. Os mais importantes são: o princípio do Estado de Direito e o princípio de Democracia.
Além desses é para destacar que o nosso Estado é laico.

Artigo 3 da Constituição da República de Moçambique

(Estado de Direito Democrático)

A República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no pluralismo de expressão, na


organização política democrática, no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais
do homem.

3.1 Estado de Direito


O princípio de Estado de Direito trata do conteúdo, extensão e modo, como o Estado deve
proceder com as suas actividades. O princípio de Estado de Direito conforma as estruturas do
poder político e a organização da sociedade segundo a medida do direito. O direito estabelece
regras e medidas, prescreve formas e procedimentos, e cria instituições.

As características mais importantes do Estado de Direito são:

➢ Império da lei como expressão da vontade geral; todos os actos do Estado são limitados
pela lei;
➢ Divisão dos poderes: legislativo, executivo e judicial;
➢ Direitos e liberdades fundamentais;
➢ Garantia jurídica formal e efectiva realização.
No entanto, a Constituição da República de Moçambique consagra um vasto conjunto de
requisitos do Estado de Direito. salientar artigo 2:

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Artigo 2

(Soberania e Legalidade)

3. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade.

Neste artigo está consagrado que todos os actos do Estado devem cumprir com a Constituição
da República bem coma as leis.

3.2 Democracia
A República de Moçambique é uma democracia. Isto quer dizer que, é dirigido pelo povo. É
uma democracia representativa, significa que o povo exerce o seu poder através de
representantes eleitos por ele. A democracia como princípio fundamental da República de
Moçambique explicámos intensivamente na nossa outra brochura sobre: “Estrutura do Estado
e democracia em Moçambique”.

3.3 Estado Laico


Em Moçambique, a religião é separada do Estado. Há uma divisão total, em que a religião não
tem nada a ver com o Estado. A constituição reconhece a liberdade de se praticar a religião
assim como desenvolver actividades de interesse social, mas sempre em observância com as
leis do Estado.

Artigo 12
(Estado laico)

1. A República de Moçambique é um Estado laico.


2. A laicidade assenta na separação entre o Estado e as confissões religiosas.
3. As confissões religiosas são livres na sua organização e no exercício das suas funções
de culto e devem conformar-se com as leis do Estado.
4. O Estado reconhece e valoriza as actividades das confissões religiosas visando
promover um clima de entendimento, tolerância, paz e o reforço da unidade nacional, o
bem-estar espiritual e material dos cidadãos e desenvolvimento económico e social.

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4 DIREITOS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS

Além de abordar acerca da estrutura do Estado e os seus princípios fundamentais, a Constituição


da República de Moçambique consagra direitos e liberdades fundamentais. Esses se referem a
todos os cidadãos. Os mais importantes apresentaremos nesta brochura, tais como, o princípio
de igualdade, a liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de associação, direito
de propriedade etc.

4.1 Direito à vida


Artigo 40

1. Todo o cidadão tem direito à vida e à integridade física e moral e não pode ser sujeito à
tortura ou tratamento cruéis ou desumanos.
2. Na República de Moçambique não há pena de morte.

4.2 Princípio de igualdade


Artigo 35
(Princípio da universalidade e da igualdade)

Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitas aos
mesmos deveres, independentemente da cor, raças, sexo, origem étnica, lugar de nascimento,
religião, grau de instrução, posição social, estado civil dos pais, profissão ou opção política.

Artigo 36
(Princípio da igualdade de género)

O homem e a mulher são iguais perante a lei em todos os domínios da vida política, económica,
social e cultural.

A lei não distingue as pessoas quanto aos seus direitos de cidadão. Perante a lei não há ministro
nem camponês, nem branco nem negro, nem mulher nem homem, nem macena nem makonde,
nem que este nasceu em Cabo Delgado ou em Niassa, não há muçulmano nem católico, não há
rico nem pobre, nem doutor nem analfabeto. Não importa se os pais são casados pelo registo
ou não, se trabalham ou não, se são da PDD ou da FRELIMO. Todos cidadãos são iguais perante
a lei e gozam dos mesmos direitos.

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4.3 Liberdade de expressão
Artigo 48
(Liberdades de expressão e informação)
Todos os cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, bem como o
direito à informação.

1. O exercício da liberdade de expressão, que compreende nomeadamente, a faculdade de


divulgar o próprio pensamento por todos os meios legais, e o exercício do direito à
informação não podem ser limitadas por censura.
Artigo 48º da Constituição da República de Moçambique reconhece que cada um pode ter as
próprias opiniões e pode manifestá-las aos outros. As pessoas têm o direito de falarem aquilo
que sentem, desde que isso não prejudique o bem comum. Todos os cidadãos podem trocar
ideias com os outros e manifestar as suas próprias opiniões sem medo.

Contra este direito vai à proibição de exprimir as próprias opiniões. Também contra a lei é
quando alguém está sendo condenado porque ele tinha a coragem de manifestar as suas ideias.

A liberdade de expressão tem limites nos direitos dos outros. Há, no entanto, actos que a lei
pune como calúnia ou difamação.

4.4 Liberdade de imprensa


Artigo 48

3. A liberdade da imprensa compreende, nomeadamente, a liberdade de expressão e de


criação dos jornalistas, o acesso às fontes de informação, a protecção da independência
e do sigilo profissional e o direito de criar jornais, publicações e outros meios de difusão.

5. O Estado garante a isenção dos meios de comunicação social do sector público, bem
como a independência dos jornalistas perante o Governo, a Administração e os demais
poderes políticos.

A Constituição da República de Moçambique protege a liberdade da imprensa. Esta é um dos


direitos fundamentais mais importantes para uma democracia viva. Quando os jornalistas têm
o direito de acesso às fontes de informação, têm a possibilidade de exprimir livremente as suas
opiniões e os jornais podem publicá-las livremente etc. cria-se uma base para o pluralismo de
opiniões que é impertinente para uma sociedade democrática. Também importante é que
jornalistas podem ser formados e exercer a sua profissão sem intervenções do Estado.

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4.5 Liberdade de associação
Artigo 52
(Liberdade de associação)

1. Os cidadãos gozam da liberdade de associação.


2. 2. As organizações sociais e as associações têm direito de prosseguir os seus fins, criar
instituições destinadas a alcançar os seus objectivos específicos e possuir património
para a realização das suas actividades, nos termos da lei.
3. São proibidas as associações armadas de tipo militar ou paramilitar e as que promovam
a violência, o racismo, a xenofobia ou que prossigam fins contrários à lei.
É muito normal que o homem se reúna com outros para conversar, trabalhar, para resolver
problemas, para trocar experiências etc. O homem é um ser social, por isso tem necessidade de
conviver e de se associar aos outros.

Artigo 53º da Constituição da República de Moçambique consagra o direito de todos os


cidadãos para se juntarem em associações pacíficas. Existem associações com objectivos
culturais, religiosos, políticos, desportivos, estudantis etc.

4.6 Liberdade de constituir, participar e aderir a partidos políticos


Artigo 53
(Liberdade de constituir, participar e aderir a partidos políticos)

1. Todos os cidadãos gozam de liberdade de constituir ou participar em partidos políticos.


2. A adesão a um partido político é voluntária e deriva da liberdade dos cidadãos de se
associarem em torno dos mesmos ideais políticos.
Em Moçambique hoje trabalham mais de 30 partidos políticos. Eles ajudam pôr a democracia
na prática, porque formam um meio para formar e expressar a vontade política dos cidadãos.
Democracia é o governo pelo povo. No nosso país, a democracia é executada por
representantes, em primeiro lugar os deputados da Assembleia da República. Os partidos
políticos intervêm no processo eleitoral, mediante apresentação ou patrocínio de candidatura.

Os partidos políticos expressam o pluralismo político, concorrem para a formação e


manifestação da vontade popular e são um instrumento fundamental para a participação
democrática dos cidadãos na governação do país, art. 74º n.º 1 da Constituição da República de
Moçambique (veja também a nossa brochura sobre Democracia e Estrutura do Estada, pag.24).

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Essas funções, os partidos políticos só podem exercer, quando os cidadãos têm o direito de
livremente constituir e participar em partidos políticos, assim como está consagrado no art. 53º
da Constituição da República. Ao mesmo tempo, o Estado deve assegurar que cada cidadão
possa decidir sem pressão, se ele quer aderir a um partido ou não.

4.7 Liberdade e consciência, de religião e de culto


Artigo 54

(Liberdade de consciência, de religião e de culto)

1. Os cidadãos gozam de liberdade de praticar ou de não praticar uma religião.


2. Ninguém pode ser discriminado, perseguido, prejudicado, privado de direitos,
beneficiado ou isento de deveres por causa da sua fé, convicção ou prática religiosa.
A liberdade de religião abrange a possibilidade de escolher, praticar ou não praticar uma
religião. Cada pessoa é livre de seguir a sua religião, podendo praticá-la sozinho ou em grupo,
na sua casa ou em público. O Estado não tem o direito de intervir na escolha ou na prática ou
não prática da religião dos seus cidadãos.

4.8 Direito de propriedade


Artigo 82

(Direito de propriedade)

1. O Estado reconhece e garante o direito de propriedade.


2. A expropriação só pode ter lugar por causa de necessidade, utilidade ou interesse
públicos, definidos nos termos da lei e dá lugar a justa indemnização.
Art. 82º da Constituição da República de Moçambique protege o direito de propriedade. Embora
que a terra consoante art. 109º da Constituição da República de Moçambique seja do Estado,
cada cidadão pode ter outros bens, como casas, bicicletas, rádios etc. O Estado só tem direito
de tirar este direito do cidadão pagando uma justa indemnização.

5 DIREITOS NO PROCESSO PENAL

A Constituição da República de Moçambique também prevê alguns direitos que se referem


especialmente ao processo penal. Quando um cidadão fica preso por alegadamente ter cometido
um crime, ele perde um direito muitíssimo importante, que é a sua liberdade. Para assegurar
que a estadia na prisão assim como o julgamento não ultrapassem os limites do necessário para

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manter a ordem do Estado, a Constituição põe ao lado da pessoa acusada dum crime alguns
direitos.

5.1 Alguém só pode ser preso quando a lei prevê isso


Artigo 59

(Direito à liberdade e a segurança)

1. Na República de Moçambique, todos têm direito à segurança e ninguém pode ser preso
e submetido a julgamento senão nos termos da lei.
As pessoas em Moçambique só podem ser presas nos casos em que a lei o determina. Isso é,
por exemplo, quando a pessoa é encontrada a cometer um crime ou nos casos em que a pessoa
comete um crime punível com pena de prisão por mais de um ano (p.e. em caso alguém matar
uma outra pessoa).

5.2 Alguém só pode ser condenado quando a lei prevê isso


Artigo 59

3. Nenhum cidadão pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do mesmo crime,
nem ser punido com pena não prevista na lei ou com pena mais grave do que a
estabelecida na lei no momento da prática da infracção criminal.

Artigo 60

(Aplicação da lei criminal)

1. Ninguém pode ser condenado por acto não qualificado como crime no momento da sua
prática.
2. A lei penal só se aplica retroactivamente quando disso resultar benefício ao arguido.

5.3 Presunção da inocência


Artigo 59

2. Os arguidos gozam da presunção da inocência até decisão judicial definitiva.

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5.4 Direito à defesa, audiências públicas e proibição da tortura
Artigo 62

(Acesso aos tribunais)

1. O Estado garante o acesso dos cidadãos aos tribunais e garante aos arguidos o direito à
defesa e o direito à assistência jurídica e patrocínio judiciário.
2. O arguido tem o direito de escolher livremente o seu defensor para o assistir em todos
os actos do processo, devendo ao arguido, que por razões económicas não possa
constituir advogado, ser assegurada a adequada assistência jurídica e patrocínio judicial.
Cada pessoa, contra qual o Estado está a realizar uma investigação ou um processo criminal,
tem o direito de ser defendido por um advogado escolhido por ela. Se alguém não tem dinheiro
para pagar um advogado, o Estado deve disponibilizar um defensor.

Artigo 65

(Princípios de processo criminal)

2. As audiências de julgamento em processo criminal são públicas, salvo quando a


salvaguarda da intimidade pessoal, familiar, social ou da moral, ou ponderosas razões
de segurança da audiência ou de ordem pública aconselharem a exclusão ou restrição de
publicidade.

3. São nulas todas provas obtidas mediante tortura, coacção, ofensa da integridade física
ou moral da pessoa, abusiva intromissão na sua vida privada e familiar, no domicílio,
na correspondência ou nas telecomunicações.

5.5 Prisão preventiva


Artigo 64

(Prisão preventiva)

1. A prisão preventiva só é permitida nos casos previstos na lei, que fixa os respectivos
prazos.
2. O cidadão sob prisão preventiva deve ser apresentado no prazo fixado na lei à decisão
de autoridade judicial, que é a única competente para decidir sobre a validação e a
manutenção da prisão.
3. Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada imediatamente e de forma
compreensível das razões da sua prisão ou detenção e dos seus direitos.
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4. A decisão judicial que ordene ou mantenha uma medida de privação da liberdade deve
ser logo comunicada a parente ou pessoa da confiança do detido, por este indicado.
A prisão preventiva só é permitida nos casos previstos na lei. Estes são: Uma pessoa pode ser
presa preventivamente:

➢ quando for encontrada a praticar crime ou tendo acabada de o cometer;


➢ quando for perseguida logo após a prática do crime por qualquer pessoa;
➢ com mandado de captura.
Um mandado de captura pode ser emitido por:

➢ juízes dos tribunais judiciais ou equivalentes;


➢ procuradores;
➢ directores, inspectores e subinspetores da PIC;
➢ oficiais da PRM com funções de comando;
➢ administradores distritais, chefes de postos administrativos ou presidentes dos
conselhos municipais, onde não existam oficiais da PRM.
Dentro de 48 horas depois de captura, o cidadão na prisão preventiva tem que ser apresentado
ao juiz. Só esse pode determinar se se justifica manter a prisão preventiva.

6 OUTRAS GARANTIAS

Existem mais garantias da Constituição importantes para os cidadãos, por exemplo o princípio
de proporcionalidade, o princípio de divisão de poderes ou o princípio que o Estado só pode
interferir em direitos dos cidadãos quando uma lei admite este acto. Aqui queremos apresentar
mais dois princípios, quais são o acesso aos tribunais, a independência dos juízes bem como
direitos dos administrados.

6.1 Acesso aos tribunais


Artigo 70

(Direito de recorrer aos tribunais)

O cidadão tem o direito de recorrer aos tribunais contra os actos que violem os seus direitos e
interesses reconhecidos pela Constituição e pela lei.

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Artigo 253

(Direitos e garantias dos administrados)

3. É assegurado aos cidadãos interessados o direito ao recurso contencioso fundado em


ilegalidade de actos administrativos, desde que prejudiquem os seus direitos.

Pilar fundamental do Estado de Direito é o livre acesso à via aos tribunais. Este direito não só
está preconizado em caso que o cidadão sentir violado os seus direitos por um outro cidadão,
mas sim, também pelo actos do Estado. Qualquer cidadão, sofrendo uma violação dos seus
direitos, pode recorrer aos tribunais.

6.2 Independência dos juízes


Artigo 217

(Independência dos juízes)

1. No exercício das suas funções, os juízes são independentes e apenas devem obediência
à lei.
2. Os juízes têm igualmente as garantias de imparcialidade e irresponsabilidade.
6.3 Direitos e garantias dos administrados
Artigo 249

(Princípios fundamentais)

1. A Administração Pública serve o interesse público e na sua actuação respeita os direitos


e liberdades fundamentais dos cidadãos.
2. Os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei e actuam com
respeito pelos princípios da igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça.

Artigo 250

(Estrutura)

1. A Administração Pública estrutura-se com base no princípio de descentralização e


desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos seus serviços, sem
prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do Governo.
2. A Administração Pública promove a simplificação de procedimentos administrativos e
a aproximação dos serviços aos cidadãos.

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Artigo 253

(Direitos e garantias dos administrados)

1. Os cidadãos têm o direito de serem informados pelos serviços competentes da


Administração Pública sempre que requeiram sobre o andamento dos processos em que
estejam directamente interessados nos termos da lei.
2. Os actos administrativos são notificados aos interessados nos termos e nos prazos da lei
e são fundamentados quando afectam direitos ou interesses dos cidadãos legalmente
tutelados.
3. É assegurado aos cidadãos interessados o direito ao recurso contencioso fundado em
ilegalidade de actos administrativos, desde que prejudiquem os seus direitos.
A Administração Pública tem a tarefa de implementar as leis em todo o país, da capital até ao
nível das comunidades locais. Na sua função, serve o interesse público e na sua actuação
respeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. Consoante art. 249º da constituição
da República de Moçambique, os órgãos da Administração Pública obedecem à constituição e
à lei. Eles actuam com o respeito dos princípios da igualdade, da imparcialidade, da ética e da
justiça.

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7 CONCLUSÃO

Os direitos fundamentais permeiam toda a esfera da vida privada e as ações dos poderes
públicos, pelo que, ao fazer-se uma análise sistemática da Constituição, conclui se que existem
direitos fundamentais que se encontram dispersos pelo texto constitucional, para uma
compreensão das questões conceptuais dos direitos fundamentais que assegure a sua correcta
aplicação, é fundamental, para além de identificar as funções destes direitos, o seu âmbito de
protecção e os mecanismos necessários à sua positivação, determinar ainda quem são os
titulares dos direitos fundamentais.

A universalidade dos direitos fundamentais, como uma das suas principais características, tem
por base o reconhecimento segundo o qual “todos quantos fazem parte da comunidade política,
fazem parte da comunidade jurídica, são titulares dos direitos e deveres aí consagrados; os
direitos fundamentais têm ou podem ter por sujeitos todas as pessoas integradas na comunidade
política, no povo”, a hipótese (ii) é verdadeira.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Aprovada pela Assembleia


da República, aos 16 de Novembro de 2004.
2. CHIAVENATO, ILDALBERTO. 2007– Administração: Teoria, Processos e Prática. 4ª
ed. Rio de Janeiro: Campus - Elsevier, Bibliografia Básica.
3. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. 2012 – Direito Administrativo, são Paulo: Atlas.
4. GASPARINI, Diógenes. 2007 – Direito Administrativo, 8ª. Ed., são Paulo: Saraiva.

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