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Universidade Unitiva- wutiva

Faculdade de Direito

Curso de Direito EAD - 1º Ano

Estudante: ALBERTO RABISSONE SIVITA

Disciplina: História de Direito

Docente: Dr. Traquinho da Conceição Traquinho

Agénese e Funcionamento dos Tibunais Populares em Moçambique

Unitiva

AGOSTO, 2022
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Universidade Unitiva- wutiva

Faculdade de Direito

Curso de Direito EAD - 1º Ano

Estudante: ALBERTO RABISSONE SIVITA

Disciplina: História de Direito

Agénese e Funcionamento dos Tibunais Populares em Moçambique

O Presente trabalho é de Disciplina de


História de Direito de Faculdade de Direito
para efeito de avaliação.
Docente: Dr. Traquinho da C. Traquinho

Unitiva

AGOSTO, 2022
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Índice

Introdução..........................................................................................................................4

Os tribunais populares Moçambique.................................................................................5

1978 à 1992 - Implantação do Sistema de Justiça.............................................................5

Tribunais como órgãos de soberania.................................................................................6

Modo de organização e funcionamento.............................................................................7

Autonomia dos tribunais....................................................................................................8

Âmbito administrativo.......................................................................................................8

Órgãos auxiliares da administração da justiça...................................................................9

Organizanização Judiciária................................................................................................9

Conclusão........................................................................................................................11

Referências Bibliográficas...............................................................................................12
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Introdução

Naquela época, segundo informou o procurador Ribeiro Cuna, o Judiciário tinha


independência apenas formal, visto que o Tribunal Popular Supremo editava instruções
ou diretivas que deviam ser cumpridas por todos os juízes, e os Tribunais Populares
deviam prestar contas às Assembleias do Povo.
Em 1990 foi promulgada nova Constituição, adotando-se o sistema multipartidário e o
sistema capitalista. A Constituição de 1990 sofreu modificações em 2004 e logo ao
início reconhece o pluralismo jurídico, ou seja, a existência de vários sistemas
normativos e de resolução de conflitos.
Quanto a metodologia de pesquisa foi a apartir da pesquisa Bibliográfica.
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Os tribunais populares Moçambique

Os tribunais populares foram uma grande realização para Moçambique porque


permitiram que questões da comunidade fossem resolvidas pelas próprias comunidades,
deixando de lado as leis emanadas da constituição que em muitos casos não levam em
conta a realidade local e tão pouco se importam com a origem das pessoas, considera o
jurista e activista sul-africano Albie Sachs, que falava hoje, 19 de Novembro, em
palestra subordinada ao tema "Uma visão emancipadora do Estado de Direito".

Sachs afirma que todos são iguais perante a lei e que não existem nobres ou reis aos
olhos da lei. Segundo ele, o seu país, a África do Sul, está a procurar implementar os
tribunais populares para que estes resolvam questões directamente ligadas às
populações, como atritos familiares e outros.

1978 à 1992 - Implantação do Sistema de Justiça

A Lei nº 12/78, de 2 Dezembro - Lei da Organização Judiciária - marcou o início da


edificação de um sistema de administração da justiça em Moçambique.

O sistema caracterizava-se por apresentar uma estrutura unitária que se manifestava na


articulação entre o direito costumeiro e o direito estadual, subordinando-se estes aos
valores, princípios e objectivos fixados na constituição, isto por um lado, e por outro, na
interacção entre os tribunais formais e os tribunais informais.

Na organização dos tribunais, estava no topo da pirâmide o Tribunal Popular Supremo,


cujas funções foram interinamente exercidas pelo Tribunal Superior de Recurso, criado
pela Lei n.º 11/79, de 12 de Dezembro.

No que se refere ao Tribunal Popular Supremo, a sua constituição só veio a ocorrer em


1988, facto que representou o ponto mais alto da implementação do sistema iniciado
com a criação dos tribunais populares de base, concretamente os tribunais populares
provinciais, em substituição dos tribunais de comarca, os tribunais populares distritais,
substituindo os julgados municipais e os tribunais populares de localidade, onde tinham
funcionado os julgados de paz, culminando com a implantação dos tribunais populares
de bairro.

A Constituição de 1990 introduziu mudanças profundas na organização do Estado em


geral, as quais se reflectiram no próprio sistema da administração da justiça.
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Com efeito, aquela constituição veio a erigir, como princípios estruturantes, os


seguintes:

 Tribunais como órgãos de soberania (art. 109.º);


 Autonomia dos tribunais em relação aos demais poderes do Estado(art. 161.º);
 Cumprimento obrigatório das decisões dos tribunais(art. 163.º);
 Prevalência das decisões dos tribunais sobre as de outras autoridades(art. 163.º);
 Independência dos juízes no exercício das suas funções, devendo obediência à
lei e à Constituição (arts. 162.º e 164.º nº 1);
 Imparcialidade, irresponsabilidade e inamovibilidade dos juízes (arts. 164.º nº 2
e 165.º nº 2).
Após um longo período de guerrilha, Moçambique tornou-se independente de Portugal
em 1975, adotando o regime comunista, com apenas um partido político (Frente de
Libertação de Moçambique – Frelimo), e mantendo relações próximas com Cuba e a
extinta União Soviética.

Isso significa que, atenta a uma realidade que une diversas etnias e culturas, a Carta
Magna admite a existência de formas de solução fora do sistema judicial do Estado.
Procura-se, de forma inteligente, conciliar o antigo, representando pelas práticas
milenares das populações tradicionais, com o novo, trazido, via Portugal, por novas
práticas dos países da União Europeia, com ênfase ao Estado de Direito e à proteção dos
direitos fundamentais.

Tribunais como órgãos de soberania

A Constituição da República de Moçambique de 1990 criou um quadro jurídico novo,


alicerçado no principio de separação de poderes, decorrendo desse pressuposto a
elevação dos tribunais à qualidade de órgãos de soberania.

Com efeito, ao colocar os tribunais ao nível dos órgãos de soberania, a constituição


política dedica a estes um capitulo especial (VI) definindo os princípios gerais na secção
I, o Tribunal Supremo na secção II e o Tribunal Administrativo na secção III.

Apesar da Constituição dedicar um capítulo a cada um daqueles tribunais, o leque de


competências do Tribunal Supremo é reforçado ao ser definido como o mais alto órgão
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judicial com jurisdição em todo o território nacional (nº 2 do artº 168) e garante da
aplicação uniforme da lei (nº 3 do art. 168).

Para dissipar quaisquer dúvidas a esse respeito, o legislador consagrou mais claramente
essa posição na Lei da Organização Judiciária (lei nº 10/92, de 6 de Maio) ao referir no
seu artigo 33, alinea d) que compete ao Plenário do Tribunal Supremo em 2ª instância,
"julgar em última instância e em matéria de direito, os recursos interpostos das decisões
proferidas nas diversas jurisdições previstas na lei".

Temos ainda a destacar entre as atribuições do Tribunal Supremo as decorrentes do artº


208 da Constituição da República.

Modo de organização e funcionamento

A Constituição da República estabelece no seu artigo 167, o tipo de tribunais com


existência legal na República de Moçambique e afasta expressamente a constituição de
tribunais destinados ao julgamento de certas categorias de crimes. Como se pode
observar naquele comando, os tribunais foram escalonados atendendo à sua
especialização. O Tribunal Supremo e outros tribunais judiciais aparecem como um tipo
especifico.

A referência do nº 1 do art. 168 "Tribunal Supremo e demais tribunais estabelecidos na


lei" abriu caminho para a criação de outros tribunais judiciais por via da lei ordinária. E
de facto, a Lei da Organização Judiciária ao escalonar os tribunais judiciais no seu nº 1
do artigo 19, caminhando naquele mesmo sentido permite de forma expressa a criação
de tribunais judiciais de competência especializada (nº 2 do artº 19). Foram criados ao
abrigo desta lei, o Tribunal de Policia da Cidade de Maputo, o Tribunal de Menores da
Cidade de Maputo, e nas áreas das capitais provinciais, os tribunais judiciais de cidade
previstos no nº 3 do citado artº 19 (artºs 3, 6 e 8, todos do Decreto nº 40/93, de 31 de
Dezembro).

A Lei nº 18/92, de 14 de Outubro, criou os tribunais do trabalho e atribuiu competências


em matéria laboral aos tribunais judiciais enquanto aqueles não entrem em
funcionamento (vide o artº 28).
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Autonomia dos tribunais

Como órgãos de soberania que são, os Tribunais visam assegurar as atribuições que o
Estado se propõe, sejam, garantir e reforçar a legalidade como instrumento da
estabilidade jurídica, garantir o respeito pelas leis, assegurar os direitos e liberdades dos
cidadãos, assegurar os interesses jurídicos dos diferentes órgãos e entidades com
existência legal, etc (vide o artº 161 da Constituição).

Para prosseguir aqueles objectivos com isenção e imparcialidade o legislador


constituinte estabeleceu regrasou princípios essenciais ao exercício da magistratura, que
vão desde a irresponsabilidade do juiz no exercício de funções até à sua
inamovibilidade.

Fundamental e de base são as normas contidas no nº 2 do artigo 167 (proibição de


constituição de tribunais especiais), no artº 163 ( a prevalência das decisões judiciais
sobre as de outras autoridades) e a regra contida no art º 162 que funciona como um
limite do exercício da magistratura e como plena garantia da liberdade de interpretação
e da aplicação do Direito pelos magistrados.

Dos pressupostos referidos decorre que os tribunais são independentes quer em relação
aos demais poderes ou órgãos do Estado quer na relação entre sí.

Âmbito administrativo

Já observamos o leque de tribunais judiciais (artº 19 da Lei nº 10/92, de 6 de Maio).


Estes tribunais hierarquizam-se para efeitos de recurso das suas decisões e de
organização do aparelho judicial (artº 23), o que deixa a descoberto a existência de uma
hierarquia não apenas na área jurisdicional, mas também no âmbito organizativo.

De facto, esta hierarquia organizativa, digamos, administrativa, segue os pressupostos


do artº 28 nº 1, artº 48 e artº 56 nº 1, todos da Lei da Organização Judiciária.

A hierarquia administrativa manifesta-se de forma mais ampla no artº 13 da Lei nº


10/92, de 6 de Maio, que passamos a citar:

"1. O Tribunal Supremo e os tribunais judiciais de província podem emitir instruções e


directivas de carácter organizativo e metodológico, de cumprimento obrigatório para os
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tribunais de escalão inferior, a fim de assegurar a sua operacionalidade e a eficiência na


administração da justiça".

Não há hierarquia entre os tribunais e os diversos órgãos do poder do Estado. O que há,
isso sim, é uma relação de complementaridade que resulta das diversas atribuições
concorrentes para a satisfação das necessidades colectivas.

É esta relação que obriga que se observem as regras de gestão do património do Estado
e se prestem contas ao Tribunal Administrativo, que se observem as regras de
contratação do pessoal, que se dê informação do desempenho processual ao Instituto
Nacional de Estatística, entre outras.

Órgãos auxiliares da administração da justiça

Atendendo ao pressuposto de que Moçambique é um Estado de Direito, o legislador


constituinte dedicou um capítulo inteiro à Procuradoria Geral da República (VII),
importante auxiliar dos tribunais na realização da justiça.

De entre os órgãos auxiliares da administração da justiça, avultam o Instituto do


Patrocínio e Assistência Jurídica (Lei nº 6/94, de 13 de Setembro) e a Ordem dos
Advogados de Moçambique, (Lei nº 7/94 de 14 de Setembro).

Seguem, pois, os principais diplomas que edificam a estrutura e o funcionamento do


sistema judiciário de Moçambique, seja a Constituição da República, a Lei nº 10/92, de
6 de Maio, o Decreto nº 24/98, de 2 de Junho, a Resolução nº 6/CSMJ/P/95, de 20 de
Novembro, a Lei nº 18/92, de 14 de Outubro, o Decreto nº 40/93, de 31 de Dezembro, a
O Decreto nº 16/2001, de 15 de Maio, Lei nº 2/93 de 24 de Junho, a Lei nº 6/89, de 19
de Setembro, a Lei nº 7/94, de 14 de Setembro, a Lei nº 6/94, de 13 de Setembro, o
Decreto nº 8/86, de 30 de Dezembro, a Lei nº 10/91, de 30 de Julho, a Lei nº 6/96 de 5
de Julho, e a Lei nº 7/99 de 2 de Fevereiro.

Organizanização Judiciária

Aritgo 63º

Na República de Moçambique, a função Judicial será exercida pelos tribunais, através


do Tribunal Popular Supremo e dos demais tribunais determinados na lei sobre
organização judiciáris. A sua composição e composição serão fixadas por lei.
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ARTIGO 64º

O Presidente do Tribunal Popular Supremo é nomeado pelo Presidente da República.

Artigo 65º

No exercício das suas funções os juízes são independentes.

Artigo 66º

Junto dos tribunais existirão magistrados do Ministério Público a quem caberá a


representação do Estado.

O Procurador- Geral da República será responsável perante a Assembleia Popular.


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Conclusão

Os tribunais populares foram uma grande realização para Moçambique porque


permitiram que questões da comunidade fossem resolvidas pelas próprias comunidades,
deixando de lado as leis emanadas da constituição que em muitos casos não levam em
conta a realidade local e tão pouco se importam com a origem das pessoas, considera o
jurista e activista sul-africano Albie Sachs, que falava hoje, 19 de Novembro, em
palestra subordinada ao tema "Uma visão emancipadora do Estado de Direito".
Sachs afirma que todos são iguais perante a lei e que não existem nobres ou reis aos
olhos da lei. Segundo ele, o seu país, a África do Sul, está a procurar implementar os
tribunais populares para que estes resolvam questões directamente ligadas às
populações, como atritos familiares e outros.
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Referências Bibliográficas

Seminário Judicial e Gestão da Investigação Criminal, promovido pelo Pacedi em

Boletins Justiça Popular nº 3 ( set. 1981). 4 ( Dez. 1981) e 5 ( Jan. 1982).

Constituição da República Popular de Moçambique

Baltazar , Rui (1978): Palestra proferida aos estudantes da Faculdade de Direito da


Universidade Eduardo Mondlane. Maputo.

FRELIMO (1975): Datas e Documentos da História da Frelimo, Maputo. Imprensa


Nacional

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