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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Assif Ahomed Amin

Emirson Amade

Faith Marcos

Ignes Jonas Manuel

Libra Carlos Buramo

NAMPULA

2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Assif Ahomed Amin

Emirson Amade

Faith Marcos

Ignes Jonas Manuel

Libra Carlos Buramo

Trabalho em grupo de carácter


avaliativo, referente à cadeira de
Direito Penal I, ministrada na
Faculdade de Direito da UCM,
Licenciatura em Direito, 2o Ano, 1º
Semestre, Turma A. A ser entregue no
dia 28 de Fevereiro de 2023.

Docente: Dra. Tehssin M. Ikbal

NAMPULA

2023

ii
LISTA DE ABREVIATURAS

AR- Assembleia da República

Art.º – Artigo

CP – Código Penal

CRM – Constituição da República de Moçambique

Ed - Edição

Idem –A mesma obra

Nº - Numero

Ob. cit. - Obra citada

P - Página

PGRM- Procuradoria da Geral da República Moçambique.

Pp – Páginas

PRM- Presidente da República de Moçambique.

S/ed – Sem Edição

Ss – Seguintes

Vol.-Volume

iii
Índice

LISTA DE ABREVIATURAS....................................................................................................iii
1. Introdução............................................................................................................................2
2. Conceitos gerais...................................................................................................................3
2. APLICACAO DA LEI PENAL.....................................................................................3
2.1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO...........................................................3
2.2. PRINCÍPIO DA NÃO RETROATIVIDADE DA LEI PENAL E SUAS
EXCEPÇÕES.........................................................................................................................4
2.1APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO................................................................5
2.2.2. Lugar do crime.......................................................................................................5
2.3. Princípios da Aplicação da Lei Penal no Espaço......................................................6
2.3.1. Princípio da Territorialidade.................................................................................6
2.3.2. Princípio da defesa ou da protecção dos interesses nacionais.............................6
2.3.3. Princípio da nacionalidade.....................................................................................6
2.3.4. Princípio da universalidade ou da aplicação universal........................................7
Aplicação da lei penal quanto as pessoas.....................................................................................8
2.1. Generalidades...............................................................................................................8
3. APLICAÇÃO E EXECUÇÃO DAS PENAS.......................................................................9
3.1. Natureza e justificação ao principio da igualdade dos cidadãos perante a lei penal......9
3.2. Princípios da aplicação das penas...............................................................................10
1.3. Aplicação das penas quando há circunstâncias agravantes e atenuantes.....................11
1.3.2. 2ª fase: Circunstância de Atenuação e agravantes...................................................13
2. Causas de aumento e diminuição das penas.......................................................................15
5.1. Calculo das pena..............................................................................................................15
5.1.2. As principais causas de aumento da pena na parte geral...............................................15
5.1.3. As principais causas de diminuição da pena da geral são.............................................15
5. Validade da Lei Penal em Relação as Pessoas....................................................................17
8.2. Imunidades de direito publico interno e internacional................................................17
8.4. Responsabilidade das pessoas colectivas....................................................................18
8.5. Excepções processuais ou adjectivas..........................................................................19
CONCLUSÃO...........................................................................................................................21
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................22
Introdução

O crime é conduta humana contrária ao direito penal e lesiva a


determinados bens jurídicos que a lei penal se ocupa em tutelar, é possível ser cometido
de varias formas, por vezes determinado pela qualidade do agente, noutras pela conduta
das pessoas que o praticam, e noutras vezes o que determina o tipo de crime em questão
vai ser o resultado da conduta praticada. O presente trabalho, tem por objecto de
pesquisa e estudo, a teoria geral da lei penal, aplicação da lei penal no tempo e a
paliação da lei penal no espaço contemplados nas classificações acima mencionadas.

O trabalho tem como objectivo geral, fazer um estudo em torno dos


temas acima referidos, e tem como objectivo específico, fazer um enquadramento destes
temas no nosso ordenamento jurídico, isto é, saber conhecer os preceitos legais que
regulam estes temas, dentro do nosso ordenamento jurídico.

Como estrutura do nosso trabalho, apresentamos três capítulos com os


seus títulos, respectivos subtítulos e as suas enumerações. O primeiro capítulo apresenta
os vários aspectos tanto doutrinários assim como legais no que concerne a teoria geral
da lei penal, e o segundo capítulo faz uma abordagem também profunda sobre aplicação
da lei penal no tempo, e por terceiro e ultimo capítulo aborda sobre a aplicação da lei
penal no espaço que também fazem parte do nosso objecto de estudo.

Foram recorridas várias obras disponíveis na biblioteca da nossa


faculdade para a efectivação do nosso trabalho, tendo-se auxiliado com vários trabalhos
académicos (Monografias, artigos científicos, teses e dissertações) por um lado; e por
outro lado recorreu-se à internet. O trabalho obedece o tipo de pesquisa bibliográfica e
documental, e a escolha funda-se no recurso a doutrina para a sua realização e
subsidiariamente a documentos legislativos, isto é, a legislação penal moçambicana em
vigor até aos nossos dias, concretamente o Código Penal aprovado em 2019.

2
1. Conceitos gerais
Noção de lei
A lei é uma das fontes do Direito. Trata-se de fonte imediata do Direito, nos termos do
n.1 do art.1 do C.C, que estabelece o seguinte: lei é toda disposição genérica provinda
dos órgãos estaduais competentes. Isso em sentido lado, porque, em sentido restrito ou
formal, as leis são apenas normas elaboradas pela Assembleia.1
1. Aplicação da lei é qualquer sistema pelo qual alguns membros da
sociedade agem de maneira organizada para fazer cumprir a lei descobrindo,
dissuadindo, reabilitando ou punindo pessoas que violam as regras e normas que
regem essa sociedade.2
2. APLICACAO DA LEI PENAL

A regra em direito é a aplicação da lei vigente à época dos fatos (tempus


regit actum). No campo penal não ocorrer de maneira diversa: ao crime cometido em
determinada data, aplica-se a lei penal vigente exactamente no mesmo dia, ainda que
posteriormente venha a ser proferida na sentença.

Aplicação da lei é qualquer sistema pelo qual alguns membros da


sociedade agem de maneira organizada para fazer cumprir a lei descobrindo,
dissuadindo, reabilitando ou punindo pessoas que violam as regras e normas que regem
essa sociedade.3

2.1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO

Momento da prática do facto, por tanto é o momento da conduta. A lei


penal não tem efeito retroactivo não é retroactiva. Salvas as particularidades constantes
dos números seguintes previstos no artigo numero 3 consagrados no CP. Ou seja, regra
geral, a lei dispõe para o futuro. Quando a lei é benéfica ao réu pode ser retroactiva se
não lhe for benéfica não se aplica de forma retroactiva. Se existe uma lei temporária
para um período esse indivíduo deve ser condenado de acordo com o tempo do facto.

1
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil Moçambique actualizado pelo Decreto-Lei no 3 de
2006 de 23 de Agosto, Maputo, pag. 18.
2
BELEZA,T eresa Pizarro. Direito Penal,vol.1,2˚ed.Revista e actualizada.AAFDL,1998
3
BELEZA,T eresa Pizarro. Direito Penal,vol.1,2˚ed.Revista e actualizada.AAFDL,1998

3
A lei aplica-se para o futuro assim que entra em vigor cfr artg155 do CP
com a prescrição das penas no art.º 156 do CP. É o momento da execução do facto
criminoso e não do resultado ou seja, aplica-se logo após a sua entrada em vigor, sendo
assim é preciso ter em conta as regras de entrada em vigor das normas no geral 4 nos
termos do artigo 2 do CP.5

2.2. PRINCÍPIO DA NÃO RETROATIVIDADE DA LEI PENAL E


SUAS EXCEPÇÕES

Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado,
cfr artg 3̸1 do CP.6

Esta constitui um principio fundamenta consagrado na constituição da


república, por excepção, a lei penal pode ser retroactiva se for benéfica ao arguido se
não for, aplica-se a lei revogada e a isso chama ultractividade.7 Na República de
Moçambique só podem ter efeitos retroactivos quando beneficiam os cidadãos e outras
pessoas jurídicas. Cfr artg 60 n. 2 da CRM.8

2.2.1. Excepções ao princípio da não retroactividade da lei penal não previstas


no CP Moçambicano

Em Moçambique vigora, como principio geral, a não retroatividade da


lei (artg 57 da CRM e número 1 do artigo 12 do CC). A função deste princípio é de
garantir a segurança, a certeza e a estabilidade do ordenamento jurídico. A lei não pode
retroagir, para atingir factos consumados, quando não ofender o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada e quando o legislador, expressamente manda aplica-la
a casos passados.9

4
CORREIA, Eduardo. Direito Criminal ,vol.1,almedina-1963
5
CARVALHO, Américo Taipa De (2011), Direito Penal. Parte Geral ,Questões fundamentais da
teoria geral do crime 2˚Ed.Coimbra
6
AGUADO, Paz Mercedes de la Cuesta. Tipicidad e imputación objetiva.
Argentina, Ediciones Jurídicas Cuyo, 1995.
7
DIAS, Jorge De Figueiredo (2012), Direito penal. Parte geral vol. 1.
8
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 1 da revisão de 2018, de 12 de Junho, Constituição da
República de Moçambique, in Boletim da República, I série n. 115 de 12 de Junho.

4
A irretroactividade é a qualidade do que não tem efeito retroactivo, do
que irretroactivo. Este princípio proíbe que os entes cobrem tributos em relação aos
fatos gerados ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado.10

2.1APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO

Não são só conexões geográficas que o legislador utiliza para tornar


aplicável a lei penal Moçambicana, para que seja competente para julgar factos
penalmente relevantes. O legislador utiliza também a conexão dos valores ou dos
interesses lesados ou ameaçados de lesão com as actividades criminosas, o valor dos
interesses postos em causa pela prática do crime. Isto evidencia-se em sede de dois
princípios:

 Princípio da tutela ou da protecção dos interesses nacionais.


 Princípio da universalidade ou de aplicação universal.

Vindo estes princípios consagrados no art. 5º CP. A aplicação da lei


penal no espaço relaciona-se com os limites de incidência e eficácia de normas penais
de determinado Estado soberano quanto a infracções ocorridas sob a sua própria
soberania ou sob a de outro Estado.11

2.2.2. Lugar do crime


A maioria dos crimes se dá num único local (crime unilocal); às vezes,
porém, as fases de realização das infracções podem ocorrer em lugares diferentes, como
nos crimes plurilocais (quando as etapas do iter acontecem em locais diversos, porém
dentro do mesmo território, têm relevância apenas processual) e nos crimes à distância
ou de espaço máximo (quando as etapas ocorrem em territórios diferentes). Existem três
teorias para definir onde se considera praticado o crime: teoria da atividade ou da
conduta: lugar da acção.12

9
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 1 da revisão de 2018, de 12 de Junho, Constituição da
República de Moçambique, in Boletim da República, I série n. 115 de 12 de Junho.
10
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.
11
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.
12
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.

5
2.3. Princípios da Aplicação da Lei Penal no Espaço
2.3.1. Princípio da Territorialidade
Define que a lei local se aplica a tos os crimes ocorridos no território
nacional , independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem
jurídico lesado respeitando limites de tratados, convenções e regras internacionais, cfr
atgs 5 n˚1 e˚2 do CP. Este princípio da territorialidade é depois complementado pelo
estado qual independentemente do espaço aéreo ou das águas, a lei penal Moçambicana
também se aplica a factos praticados no interior de navios.13

O princípio geral é o locus regit actum ou da territorialidade, inerente


à soberania, eis que não existe Estado sem território sobre o qual incide seu
ordenamento jurídico: a aplicação territorial da lei é a projecção, na delimitação
geográfica e política do Estado da sua própria soberania. Todavia essa territorialidade
não é absoluta, mas moderada, visto que excepciona regras de Direito.14

2.3.2. Princípio da defesa ou da protecção dos interesses nacionais

Quando se trate de crimes expressamente consagrados no art. 5º/1 CP,


são crimes que põem em causa valores ou interesses fundamentais do Estado
Moçambicano. Os factos penalmente relevantes ocorrido em território nacional, a lei
Moçambicana é competente para os julgar.

2.3.3. Princípio da nacionalidade

Princípio da nacionalidade também dito princípio da personalidade activa


ou passiva.15 Este princípio é fundamental pra qualquer estado, no entanto os requisitos
de atribuição, aquisição, perda e requisição da nacionalidade são determinados pela
constituição e regulados por lei.

O princípio da nacionalidade activa diz basicamente que a lei


Moçambicana se aplica a factos praticados no estrangeiro por moçambicanos. É de
harmonia com o princípio da nacionalidade activo, que a lei penal moçambicana aplica-
se a factos praticados no estrangeiro que sejam cometidos por cidadãos nacionais. O

13
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.
14
DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito penal. Coimbra, João Abrantes (Universidade de Coimbra )
15
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 1 da revisão de 2018, de 12 de Junho, Constituição da
República de Moçambique, in Boletim da República, I série n. 115 de 12 de Junho

6
princípio da nacionalidade passiva diz que a lei penal por moçambicanos se aplica a
factos cometidos no estrangeiro contra moçambicanos.16

Teoria do resultado ou do evento: lugar em que se produz o resultado


pretendido pelo agente ou onde ele deveria ter sido produzido; teoria da ubiquidade ou
mista: lugar da acção ou do resultado

As duas primeiras teorias podem levar a um absurdo lógico, pois se um crime plurilocal
for cometido num Estado que adopta o critério do resultado e seu resultado for
produzido em outro que adopta o critério da actividade, haverá a impunidade do crime,
o que não acontece com o critério da ubiquidade, acolhido pelo nosso CP. Em outras
palavras, basta que o crime tenha “tocado” o território nacional, isto é, que qualquer dos
elementos do iter puníveis (a partir da execução até a consumação) tenham ocorrido no
território nacional.17
2.3.4. Princípio da universalidade ou da aplicação universal

São de alguma forma crimes que todos os Estados têm interesse em


punir. De um modo geral, independentemente da nacionalidade dos seus autores, são
crimes que reclamam uma punição universal e daí que as ordens jurídicas se reclamem
competentes para fazer aplicar a sua lei penal a esses factos descritos no art. 5º/1-b CP.

No entanto o este principia também esta consagrado na CRM, todos


cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitas aos
mesmos deveres independentemente da cor, raça, religião etc..cfr artg 35 da CRM 18

Aplicação da lei penal quanto as pessoas

1.1. Generalidades
O nosso direito e concretamente a constituição tem algumas regras especiais em relação
a certas pessoas, ou a pessoas que ocupam certos cargos, quanto ao funcionamento da

16
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.
17
Dra. Oliveira, Fernanda Alves de, Direito Penal – Parte Geral
18
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 1 da revisão de 2018, de 12 de Junho, Constituição da
República de Moçambique, in Boletim da República, I série n. 115 de 12 de Junho

7
lei penal, em relação a actos praticas por outras pessoas. O que pode parecer, e de certo
modo acaba funcionando como tal, ser violação do principio da igualdade.19

Só que estas eventuais excepções são feitas pela própria constituição e portanto não
levantara o problema da inconstitucionalidade, a não ser por quem admita, de uma
forma mais ou menos "metafísica", que é possível haver normas constitucionais feridas
de inconstitucionalidade.20

Nos termos do art.º. 35 da CRM, todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozando dos
mesmos direitos e sujeitos as mesmas obrigações independentemente da cor, raça, sexo,
origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, etc.21

Porem em direito penal, há certos momentos em que a aplicação da lei não se mostra
taxativamente igual. O tratamento diferenciado da lei pode ser âmbito adjectivo-
processual- ou substantivo.22

Temos como exemplo o caso de algumas pessoas que pela função que exercem no
aparelho do Estado gozam de certos privilégios legais diferentes dos restantes cidadãos.
Pose-se falar a titulo de exemplo o caso do Presidente da República que nos termos do
art.º. 153 da CRM, que só responde pela prática de crimes comuns, depois de terminado
o seu mandato. O mandato de PRM pode durar dez anos consecutivos, neste caso este
só poderá responder pelo cometimento de uma infracção comum. Exemplo: Homicídio
involuntário no exercício da condução, volvidos pelo menos dez anos, uma vez que na
pratica o intervalo entre as eleições presidências é consideravelmente curto. Uma
questão que devemos ter em conta também é o facto de por vezes se questionar se nestes
casos os prazos para a prescrição do procedimento criminal corem normalmente ou não.
Para o efeito, devemos sempre ter em conta que este tratamento especial da lei não visão
garantir a impunidade de ninguém. Simplesmente visa garantir o exercício das funções
públicas sem interferências negativas de questões não ligadas ao exercício de funções a
que o detentor do cargo está afecto. Por isso, o nosso código acautelou esta situação
estabelecendo nos n° 1 e 2 do 4 do art.º 125 C.P que não correm os prazos de prescrição
do procedimento nos casos da instauração do procedimento criminal e da acusação em
juízo, o que quer dizer basicamente que não podem prescrever os crimes com processos
19
BELEZA, Teresa Pizarro, Direito Penal, volume I, 2ª Edição, revista actualizada, Lisboa, 1998. Pág.
506.
20
BELEZA, Teresa Pizarro, Ob.Cit, pág. 506.
21
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique , pág. 83.
22
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 83.

8
pendentes. Em suma quer-se dizer que no que tange as figuras que merecem tratamento
diferenciado na lei criminal não ficam isentos de pena, desde que haja em juízo, um
processo pendente.23

No âmbito processual ainda sobre a figura do PR pode-se dizer que este só pode ser
julgado no Tribunal Suprema, quando estiverem causa a prática de crimes no exercício
de sua função ou por causa delas, depois de haver anuência da AR e remetindo
directamente ao Procurador-Geral da República. Ainda pode-se dizer que em termos
processuais esta figura não pode ser sujeito a medida de coacção máxima da prisão
preventiva durante o exercício das suas funções nos termos do art.º. 154 C.R.M.24

A este tratamento diferenciados de algumas pessoas pode-se também chamar de


garantias administrativas e que também se beneficiam delas com mais ou menos
amplitude são: os Deputados (art.º. 174 e 175 da C.R.M), membros do Governo (art.º.
214 C.R.M), Magistrados judiciais (n°1 do art.º. 214 C.R.M) e Ministério público e
membros dos respectivos conselhos das Magistraturas (arts. 69, 119, 120 e 121 da Lei
n° 22/2007 de 1 Agosto), entidades nomeados pelo PR, a luz do art. 51, da lei n°
24/2007 de 20 de Agosto.25 Denílson

2. APLICAÇÃO E EXECUÇÃO DAS PENAS

2.1. Natureza e justificação ao principio da igualdade dos cidadãos perante a lei


penal
O principio geral desta matéria é o da igualdade de todos cidadãos perante e portanto o
de que a lei penal se aplica a todas as pessoas e sem distinção de classes o hierarquias a
excepções, umas vezes impostas para garantir a dignidade e independência de certas
pessoas em funções, outras vezes por razões diplomáticas ou do direito internacional.26

É preciso, distinguir as excepções de carácter substantivo das excepções de carácter


adjectivo ou processual.

23
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, Ob.Cit. pág. 84.
24
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, Ob.Cit. pág. 84.
25
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 84.
26
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, volume I, Almedina, Coimbra, 2001, Pág. 189.

9
No primeiro caso, apagado o crime, projectasse sobre todas as relações de que ele pode
ser objecto, incluindo as relações de comparticipação. No segundo caso não sucede
outro tanto.27

2.2. Princípios da aplicação das penas


Segundo a lei 35/2014, de 31 de Dezembro, a aplicação das penas, entre os limites
fixados na lei para cada uma, depende da culpabilidade do agente, tendo-se em atenção
a gravidade do facto criminoso, os seus resultados, a intensidade do dolo ou grau da
culpa, ou motivos do crime e a personalidade do agente.28

Na fixação da pena de multa, atender-se-á sempre a situação económica do condenado,


de maneira que o seu quantitativo, dentro dos limites da legais, constitua pena
correspondente a culpabilidade do agente. Nenhuma pena pode ser substituída por outra,
salvo nos casos em que a lei o autorizar. A pena de prisão não superior a dois anos pode
ser substituída por igual tempo de multa.29

Quando a lei fixar a pena de multa, se a infracção for cometida por vários condenados, a
cada um deles deve ser imposto essa pena.30 Se o agente do crime for punido com pena
de prisão concreta não superior a dois anos, fundo o julgamento, verificamos os
pressupostos consagrados no art. 102, o juiz suspende a execução da pena de prisão
mediante a imposição, cumulativa ou separada, das injunções e regras de conduta
previstas no número seguinte. O juiz pode condicionar a suspensão de execução da pena
sujeitando o condenado as seguintes injunções ou regras de conduta:31

Segundo Sousa, o principio da aplicação universal da pena esta directamente ligado ao


principio constitucional de não-extradição no temos de art. 67 da CRM. Este principio
dita que vezes há em que mesmo que a lei criminal não seja, pode ser aplicável através
de convenção entre países que tenham interesses comuns na repressão de certos
crimes.32 Importa salientar que estes princípios devem olhar em primeiro lugar a

27
CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pág. 190
28
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 165.
29
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 165.
30
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 165.
31
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 164.
32
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 169.

10
dimensão género e o contexto em que os povos se encontram, o caso concreto de
Moçambique.33

1.3. Aplicação das penas quando há circunstâncias agravantes e


atenuantes
De acordo com a lei n° 35/2014, de 31 de Dezembro, no seu art. 33, a responsabilidade
criminal é agravada ou atenuada, quando concorrerem no crime ou no agente,
circunstâncias agravantes ou atenuadas e agravação ou atenuação é correlativo à
agravação da pena.34

Enquanto defendendo-se nos seus artigos 34, 35 e 36 da mesma lei, as circunstâncias


agravantes ou atenuantes inerentes ao agente só agravam ou atenua a responsabilidade
desse agente e as circunstâncias agravantes relativas ao facto incriminado só agravam a
responsabilidade dos agentes, que delas tiverem conhecimento ou que devessem tê-las
previstos, antes do crime ou durante a sua execução.35

A responsabilidade criminal por contravenção é agravada ou atenuada em função da


gravidade do facto, da culpa, da situação económica do agente e do beneficio
económico retirado da pratica da contravenção.36

Salientar que o calculo é o momento em que o Estado, detentor do direito de punir


(jus puniendi), através do poder judiciário comina ao individuo que delínque a
sancao que reflecte a reprovação estatal do crime cometido.37

O código penal moçambicano, em sua parte especial, estabelece a chamada pena em


abstracto, que nada mais é do que um limite mínimo e um limite máximo para a
pena de um crime. Exemplo: art.º 155 da CP, Matar alguém: aquele que,
voluntariamente, matar outra pessoa, será punido com prisão maior de dezasseis
anos.38

Para o art.º 156 da CP, será punido como tentativa de homicídio ou como crime
frustrado, segundo as circunstâncias, todo o ferimento, espancamento ou ofensa
33
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 169.
34
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 169.
35
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 169.
36
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 169.
37
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 171..
38
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 171.

11
corporal, feita com intenção de matar, nos casos em que a morte senão seguiu, ou
em que a morte se seguiu por efeito de causa acidental, e que não era consequência
do facto do criminoso39.

A dosimetria da pena se da somente mediante sentença condenatório. A dosimetria


atende ao sistema trifásico estabelecido no código Penal, ou seja, atendendo a tres
fases:

1. Fase da Pena Base;


2. Analise das circunstancias atenuantes e agravantes;
3. Analise das causas de diminuicao e de aumento;40

A primeira fase consiste na fixação da pena base: isso se da pela analise e valoração
subjectiva de oito circunstâncias judiciarias. São elas:

Culpabilidade; Antecentes criminais; Conduta social; Personalidade do agente;


Circunstancias do Crime;Consequencias; Comportamento de Vitima;41

Nesta analise, quanto maior o numero de circunstâncias judiciais desfavoráveis ao réu,


mais a pena se afasta do mínimo. O juiz ira estabelecida uma pena base, para que nela
se possa atenuar, agravar, aumentar ou diminuir.42

Na segunda fase da dosimetria analisa-se as circunstâncias atenuantes e agravantes.


Atenuadoras são circunstâncias que sempre atenuam a pena, o art.º. 65 do CP elenca as
circunstâncias atenuantes. Ex.: art. 65, I: ser o agente menor de vinte e um, na data do
facto, ou maior de setenta, na data da sentença.43

Agravantes são circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou


qualifiquem o crime. As circunstância agravantes são de aplicação obrigatória, e estão
previstas nos artigos 61 e 62 do código penal. São de aplicação restritiva, não admitindo
a aplicação por analogia. O legislador não prevê o percentual a ser descontado ou
aumentado na pena em função dos agravantes e dos atenuantes.44

39
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 171.
40
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 171.
41
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 172.
42
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 172.
43
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 172.
44
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 172.

12
1.3.1. 1ª Fase: circunstâncias judiciais ou inominadas

De acordo com a primeira fase destinada a fixação da pena-base, onde o juiz, em


fase do caso concreto, analisara as características do crime e as aplicara, não
podendo fugir do domínio e do máximo de pena cominada pela lei aquele tripo de
penal.45

As circunstâncias judiciais reflectem-se também na concessão do sursis e na


suspensão condicional do processo, posto que a lei preceitua que tais benefícios
somente serão concedidos se estas circunstâncias assim o permitirem, ou seja,
quando estas forem favoráveis ao acusado.46

São circunstâncias judicias:

Culpabilidade; Antecedentes; Conduta social; Personalidade;Motivos do Crime;


Circunstancia do CrimeConsequencias do crime; Comportamento da Vitima.47

1.3.2. 2ª fase: Circunstância de Atenuação e agravantes


Além de circunstâncias judiciais, são previstas pela lei vigente as circunstâncias
atenuantes, que são aquelas que permitirão ao magistrado reduzir a pena-base já fixada
na fase anterior, e as circunstâncias agravantes, as quais, ao contrario das atenuantes,
permitirão ao juiz aumentar a pena-base, ressaltando que nessa fase o magistrado não
poderá ultrapassar os limites do mínimo e do máximo legal. As circunstâncias
agravantes somente serão aplicadas quando não constituem elementar do crime ou os
qualifiquem.48

Circunstâncias atenuantes:

Ser agente menor de 21 anos, na data do facto, ou maior de 70 anos, na data da sentenca
de 1º grau;

Desconhecido da lei.

Ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
45
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 174.
46
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 174.
47
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 174.
48
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 175.

13
Ter o agente cometido o crime sob coacao a que podia resistir, ou em cumprimento de
ordem de autoridade superior, ou sob influencia de violenta emocao, provocada por acto
injusto da vitima: observa-se as regras do artigo 22 do CP (coacao irresistivel e ordem
hierarquica).49

A luz do artigo 66, do C, a pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei,
razão pela qual pode-se concluir que o rol das atenuantes do artigo 65 e
exemplificativo.50

Circunstâncias agravantes:

Reincidencia;Ter o agente cometido o crime por motivo futil ou torpe;

Ter o agente cometido o crime para facilitar ou assegurar a execucao;

Ter o agente cometido o crime a traicao, poe emboscada, ou mediante, dissimulacao, ou


outro recurso que dificultou ou tornou impossivel a defesa do ofendido;

Ter o agente cometido o crime com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;51

2. Causas de aumento e diminuição das penas


As causas de aumento e diminuição podem tanto estar previstas na parte geral do
código penal e na parte Especial.

Na parte geral do Código penal: temos como por exemplo, a tentativa, prevista no
artigo 14, inciso II, que poderá diminuir a pena de um a dois terços.

Na parte especial: temos como por exemplo, o crime de aborto a pena será aplicada
em dobro se ocorrer a morte da gestante, ao abrigo do art. 127.

Estas são as causas que permitem ao magistrado diminuir além do mínimo legal
bem como aumentar além do máximo legal.52

49
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 175.
50
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 176.
51
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 176, 177, 178.
52
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 178.

14
5.1. Calculo das pena
O calculo das penas será calculada obedecendo a critério trifásico, onde
primeiramente caberá ao magistrado efectuar a fixação da pena base, de acordo com
os critérios do artigo 59, do CP (circunstâncias judiciais), em seguida aplicar as
circunstâncias atenuantes e agravantes e, finalmente, as causas de diminuição e de
aumento.53

5.1.2. As principais causas de aumento da pena na parte geral:

O concurso formal e a continuidade delitiva e;A fraccao do aumento da pena devera ser
calculada com base no numero de crimes praticados.54

5.1.3. As principais causas de diminuição da pena da geral são:

A tentativa;O arrependimento posterior; O erro inevitavel sobre a ilicitude do facto e a


participacao de menor importancia.55

3. Aplicação das penas, nos casos de reincidência, sucessão, acumulação de


Crimes, cumplicidade, delito frustrado e tentativa

Na lei 35/2014 de 31 de Dezembro, do código penal moçambicano, no seu artigo 38, a


reincidência ocorre quando o agente, tendo sido condenado por sentença transitada em
julgado de um crime, comete outro crime da mesma natureza, antes de terem passado
oito anos desde a condenação, ainda que a pena do primeiro crime tenha sido prescrito,
perdoada ou indultada. Quando o primeiro crime tenha sido amnistrado, não se verifica
a reincidência. E se um dos crimes for intencional e outro culposo. Não há
reincidência.56

Entanto que no artigo 39 da mesma lei citada CP, a reincidência nas contravenções
ocorre quando o agente comete infracção idêntica antes de decorrerem seis meses,
contados desde a punição.57

53
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 179.
54
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 179.
55
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 179.
56
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 180.
57
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique,. pág. 181.

15
No entanto o artigo 41, da lei supra citada, salienta que há acumulação de crimes,
quando o agente comete mais de um crime na mesma ocasião, ou quando, tendo
perpetrado um, comete ou antes de ter sido, condenado pelo anterior, por sentença
transitada em julgado. Quando o mesmo facto é previsto e punido em duas ou mais
disposições legais, como constituindo crimes diversos, não se da acumulação de
crimes.58

Importa referir que são circunstâncias dirimentes da responsabilidade criminal:

A falta de imputabilidade; A justificacao do facto e a exclusao da culpa.59

4. Aplicação das penas em alguns casos especiais

Para o código penal moçambicano, no artigo 126, da lei 35/2014, de 31 de Dezembro,


preconiza que no caso de reincidência será igual a metade da diferença entre os limites
máximo e mínimo da pena.60

A medida da agravação poderá ser reduzida, se as circunstâncias relativas a


personalidade do delinquente o aconselharem, a um aumento assim determinado, no
caso de segunda reincidência. Em qualquer dos casos enumerados nos números
anteriores, o limite máximo permanece inalterado. Se apena aplicável fora de prisão,
será agravada para o máximo e o mínimo da pena de metade da duração máxima da
pena aplicável não podendo a agravação exceder a dois anos.61

5. Validade da Lei Penal em Relação as Pessoas62


8.1. A obrigatoriedade da lei penal

A lei é igual para todos e não existem privilégios pessoais que limitem a aplicabilidade
da lei penal, não vigorando o principio do Principio do prínceps legibus solutus. Há, no
entanto, pessoas que por virtude das suas funções na orgânica do Estado ou em razão de
regras de Direito Internacional gozam de imunidades.63
58
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 181.
59
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 183.
60
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 183.
61
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 183.

62
SILVA, Germano Marques de, Direito Penal português- parte geral Introdução e Teoria da Lei
Penal, 2ª edição Revista, Editora Verbo, Lisboa- são Paulo, 2001, pág. 321.
63
SILVA, Germano Marques de, Direito Penal português- parte geral Introdução e Teoria da Lei
Penal, 2ª edição Revista, Editora Verbo, Lisboa- são Paulo, 2001. Pág. 321.

16
Discute-se na doutrina a natureza destes privilégios, se são de natureza substantiva ou
simplesmente adjectiva, isto é, se gozam de uma isenção quanto a inaplicabilidade das
penas previstas nas leis penais para os factos por eles praticados e aos quais, segundo os
princípios gerais, seria aplicável a lei penal, o que poderia qualificar-se como causa de
não punibilidade, ou simplesmente se gozam do privilegio de se não submeterem a
jurisdição. A natureza substantiva ou processual das imunidades só pode determinar-se
em razão de cada imunidade concreta, em função dos termos da lei que a atribui.64

8.2. Imunidades de direito publico interno e internacional65

As imunidades absolutas são reservadas aos chefes de Estado Estrangeiros, são pois,
imunidades de direito público internacional. A imunidade dos chefes de Estado
estrangeiros deriva do direito Público internacional geral.66

8.3. A responsabilidade por factos próprio e proibição da responsabilidade por


factos de outrem67

O art.º 29, do CP dispõe que (as penas são insusceptíveis de transmissão) e daqui resulta
que a responsabilidade penal é responsabilidade por facto próprio, sendo proibida a
responsabilidade por facto de outrem.68

A doutrina e a jurisprudência de diversos países tem discutido muitas hipóteses de


fronteira , aparentemente de responsabilidade por facto de outrem, mas é hoje principio
adquirido pela doutrina, assumida como principio fundamental do direito penal
Moderno, o da exclusiva responsabilidade da pessoa por factos próprio. Como referimos
na introdução, ninguém é delinquente, no sistema penal democrático, por ter certas
qualidades ou defeitos segundo os critérios sociais dominantes. O homem é delinquente
por haver agido, violado o dever de não agir, ou omitido o cumprimento de um dever
jurídico de agir, por próprio opção, com consciência e vontade de desobedecer à lei,
sendo excluído a responsabilidade colectiva ou por facto de outrem.69

64
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 321-322.
65
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 322.
66
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 322.
67
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 323.
68
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 323.
69
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 323.

17
8.4. Responsabilidade das pessoas colectivas
Nos referimos a admissibilidade da responsabilidade penal das pessoas colectivas e aos
intrincados problemas que suscita.

Consideramos então que embora a pessoa a pessoa jurídica não possa delinquir nem ser
castigado como tal, não devem, numa perspectiva política-criminal, ficar impunes os
factos que lhe são (atribuíveis) em consideração de que a vontade formal que decide
uma dada conduta não seja a vontade de indivíduos concretos, mas antes a (vontade
social). Tenha-se ainda em atenção que as pessoas jurídicas são sempre associação de
pessoas físicas com peculiares relações de poder ou dependência entre si e que com
muita frequência essas associações potencializam a pratica de crimes de certo género,
como sucede mais frequentemente com os crimes económicos. Não repugna que por
esses actos, potenciados pela associação das pessoas em entes jurídicos, seja impostas
sanções a esses mesmos entes, as pessoas simplesmente jurídicas, ainda como forma de
prevenir a pratica de actos lesivos futuros.

Excepções substantivas político constitucionais

O presidente da república torna-se fundamentalmente irresponsável pelos actos


praticados no exercício das suas funções, como suscita o art.152 da CRM: o presidente
da república responde directa e exclusivamente a nação pelos actos praticados no
exercício das suas funções.70

A luz da Supremacia Constitucional, ao abrigo do n° 1 do artigo 152 da CRM, o PR


responde pelos crimes praticados no exercício das suas funções perante o Tribunal
Supremo. Já pelos crimes praticados fora do exercício das suas funções, o PR responde
perante os tribunais comuns, no termo do mandato, a luz do n°2 do art. 152 da CRM.71

Coisa semelhante sucede com os deputados a Assembleia Nacional e Procuradores nos


termos do art. 173 da constituição são invioláveis pelas opiniões e votos que emitiram
no exercício do seu mandato.72

Porem a inviolabilidade não abrange a responsabilidade criminal por difamação, calunia


e injuria, ultraje a moral publica ou provocação pública ao crime.73
70
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, volume I, Almedina, Coimbra, 2001, pag. 190.
71
REPÚBLICA DE MOCAMBVIQUE, lei 1/2018 de 12 de Junho.
72
CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pág. 190.
73
CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 190.

18
Também os juízes são irresponsáveis pelos seus julgamentos, ressalvadas as excepções
que a lei consignar nos termos do artigo 213 da CRM e o artigo 477 da CP.74

8.5. Excepções processuais ou adjectivas


Há excepção objectivas ou processuais ou de direito processual consiste numa acção
penal que pode ser intentada contra outra pessoas que não gozam delas e que tenham
participado no crime.75

Por exemplo o furto entre cônjuge se o furto de descendente a ascendente não dão lugar
a acção publica de furto a luz do artigo 279 do CP. Mas isso não quer dizer que se
proceda criminalmente contra os respectivos comparticipantes do mesmo artigo no seu
n°2.76

Outras excepções processuais são aquelas que exigem a autorização da assembleia para
processar deputados ou procuradores nos termos do artigo 173 da CRM. Os ministros
também só podem ser julgados nos termos do artigo 210 único da constituição e o
presidente da república só responde perante os tribunais comuns depois de terminado o
seu mandato artigo 152, n° 2.77

Há também que considerar a chamada garantia administrativa por forca da qual e


necessária a autorização do ministro para prosseguir depois do corpo de delito, o
procedimento criminal instaurado em virtude de actos praticados no exercício de certa
funções.78

8.6. Excepções diplomáticas

Há também excepções diplomáticas que também pode enquadrar-se num principio


extra-territorialidade.79

Assim:

74
CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 190.
75
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, volume I, Almedina, Coimbra, 2001, pag. 191.

76
CORREIA, Eduardo, CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 191.
77
CORREIA, CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 191.
78
CORREIA, CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 191.

79
CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 191.

19
a) É costume e pratica internacional que os chefes de estado estrangeiros, quando não
viagem incognitos, e pratiquem factos criminais naom possam ser punidos, devendo
apenas ser convidados a retirarem-se ou serem expulsos, pedindo-se depois
reparacoes por via diplomatica.80
b) Tem sido costume retirar o (agrement) aos diplomatas que praticarem delitos no
pais, fazendo-os assim sair do territorio e permitindo que os respetivos paises os
julguem.81
c) O mesmo, em regra, se aplica aos agentes internacionais equiparados aos agentes
diplomaticoes, ao pessoal oficial das missoes doplomaticas, bem como a famila
destes e em certa medida aos consules.

80
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, volume I, Almedina, Coimbra, 2001, pag. 191.
81
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, Ob.Cit pag. 191.

20
CONCLUSÃO
Findando o trabalho o grupo conclui que na aplicação da lei penal , e a plicaoda
mesmoa quanto as pessoas, temos que ter em conta, que em princípio a lei vigora de
modo igual para todos em função do princípio da igualdade que se encontra patente no
artigo 35 da constituição da República no entanto existe, uma limitação da competência
jurisdicional dos tribunais, ou seja, existem certas pessoas que pelas funções que
exercem no Estado os tribunais sofrem impedimento temporário ou definitivo de
exercício da sua jurisdição nessas pessoas.
Temos como exemplo o chefe do Estado (PR), os crimes que comete no exercício das
Suas funções inerentes a sua função, ele responde perante o tribunal supremo e não
No tribunal comum e cabe a Assembleia da República deliberar para a prossecução do
Tal processo. E aos crimes comuns ele responde após o seu mandato. Isso se verifica
Por força duma figura designada por imunidade que é uma prerrogativa por força da
Qual, as pessoas que gozam dela, não podem ser condenadas ou responder processos
Criminais durante o exercício das suas funções no órgão estatal.
A lei penal não visa garantir a impunidade mas sim garantir o exercício das funções
dessas pessoas que gozam dela e estabelecer uma certa independência nos órgãos
soberanos.
Com intuito de prosseguir na pesquisa vimos a aplicação e execução das penas, o grupo
abordou sobre os Princípios da aplicação das penas, que consiste na a aplicação das
penas, entre os limites fixados na lei para cada uma, depende da culpabilidade do
agente, tendo-se em atenção a gravidade do facto criminoso, os seus resultados, a
intensidade do dolo ou grau da culpa, ou motivos do crime e a personalidade do agente.
Por último vimos sobre as excepções, que pode ser excepções substantivas político
constitucionais, as Excepções processuais ou adjectivas e Excepções diplomáticas que
também pode enquadrar-se num princípio extra-territorialidade.

Por tanto, os temas centrais, da aplicação da lei penal quanto as pessoas, são a aplicação
e Execução das penas Natureza e justificação ao princípio da igualdade dos cidadãos
perante a lei penal, Validade da Lei Penal em Relação as Pessoas, As imunidades, A
responsabilidade por factos próprio e proibição da responsabilidade por factos de
outrem, as no seu contexto em geral excepções.

21
BIBLIOGRAFIA
LEGISLAÇÕES:

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Penal aprovado pela Assembleia da


República pela lei 35/2014, de 31 de Dezembro, Maputo-Moçambique.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique


actualizada pela lei 1/2018, de 12 de Junho, Maputo-Moçambique.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil Moçambique actualizado pelo


Decreto-Lei no 3 de 2006 de 23 de Agosto, Maputo-Moçambique.

DOUTRINA:

BELEZA, Teresa Pizarro, Direito Penal, volume I, 2ª Edição, revista actualizada.


Lisboa.

CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, volume I, Almedina, Coimbra, 2001.

MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade


nacional, Escolar editora, Maputo-Moçambique.

SILVA, Germano Marques de, Direito Penal português- parte geral Introdução e
Teoria da Lei Penal, 2ª edição Revista, Editora Verbo, Lisboa- são Paulo, 2001.

SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique.

TARCE, Joaquina, Texto de apoio de Introdução ao Estudo do Direito…

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