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FACULDADE DE DIREITO
Emirson Amade
Faith Marcos
NAMPULA
2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
Emirson Amade
Faith Marcos
NAMPULA
2023
ii
LISTA DE ABREVIATURAS
Art.º – Artigo
CP – Código Penal
Ed - Edição
Nº - Numero
P - Página
Pp – Páginas
Ss – Seguintes
Vol.-Volume
iii
Índice
LISTA DE ABREVIATURAS....................................................................................................iii
1. Introdução............................................................................................................................2
2. Conceitos gerais...................................................................................................................3
2. APLICACAO DA LEI PENAL.....................................................................................3
2.1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO...........................................................3
2.2. PRINCÍPIO DA NÃO RETROATIVIDADE DA LEI PENAL E SUAS
EXCEPÇÕES.........................................................................................................................4
2.1APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO................................................................5
2.2.2. Lugar do crime.......................................................................................................5
2.3. Princípios da Aplicação da Lei Penal no Espaço......................................................6
2.3.1. Princípio da Territorialidade.................................................................................6
2.3.2. Princípio da defesa ou da protecção dos interesses nacionais.............................6
2.3.3. Princípio da nacionalidade.....................................................................................6
2.3.4. Princípio da universalidade ou da aplicação universal........................................7
Aplicação da lei penal quanto as pessoas.....................................................................................8
2.1. Generalidades...............................................................................................................8
3. APLICAÇÃO E EXECUÇÃO DAS PENAS.......................................................................9
3.1. Natureza e justificação ao principio da igualdade dos cidadãos perante a lei penal......9
3.2. Princípios da aplicação das penas...............................................................................10
1.3. Aplicação das penas quando há circunstâncias agravantes e atenuantes.....................11
1.3.2. 2ª fase: Circunstância de Atenuação e agravantes...................................................13
2. Causas de aumento e diminuição das penas.......................................................................15
5.1. Calculo das pena..............................................................................................................15
5.1.2. As principais causas de aumento da pena na parte geral...............................................15
5.1.3. As principais causas de diminuição da pena da geral são.............................................15
5. Validade da Lei Penal em Relação as Pessoas....................................................................17
8.2. Imunidades de direito publico interno e internacional................................................17
8.4. Responsabilidade das pessoas colectivas....................................................................18
8.5. Excepções processuais ou adjectivas..........................................................................19
CONCLUSÃO...........................................................................................................................21
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................22
Introdução
2
1. Conceitos gerais
Noção de lei
A lei é uma das fontes do Direito. Trata-se de fonte imediata do Direito, nos termos do
n.1 do art.1 do C.C, que estabelece o seguinte: lei é toda disposição genérica provinda
dos órgãos estaduais competentes. Isso em sentido lado, porque, em sentido restrito ou
formal, as leis são apenas normas elaboradas pela Assembleia.1
1. Aplicação da lei é qualquer sistema pelo qual alguns membros da
sociedade agem de maneira organizada para fazer cumprir a lei descobrindo,
dissuadindo, reabilitando ou punindo pessoas que violam as regras e normas que
regem essa sociedade.2
2. APLICACAO DA LEI PENAL
1
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil Moçambique actualizado pelo Decreto-Lei no 3 de
2006 de 23 de Agosto, Maputo, pag. 18.
2
BELEZA,T eresa Pizarro. Direito Penal,vol.1,2˚ed.Revista e actualizada.AAFDL,1998
3
BELEZA,T eresa Pizarro. Direito Penal,vol.1,2˚ed.Revista e actualizada.AAFDL,1998
3
A lei aplica-se para o futuro assim que entra em vigor cfr artg155 do CP
com a prescrição das penas no art.º 156 do CP. É o momento da execução do facto
criminoso e não do resultado ou seja, aplica-se logo após a sua entrada em vigor, sendo
assim é preciso ter em conta as regras de entrada em vigor das normas no geral 4 nos
termos do artigo 2 do CP.5
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado,
cfr artg 3̸1 do CP.6
4
CORREIA, Eduardo. Direito Criminal ,vol.1,almedina-1963
5
CARVALHO, Américo Taipa De (2011), Direito Penal. Parte Geral ,Questões fundamentais da
teoria geral do crime 2˚Ed.Coimbra
6
AGUADO, Paz Mercedes de la Cuesta. Tipicidad e imputación objetiva.
Argentina, Ediciones Jurídicas Cuyo, 1995.
7
DIAS, Jorge De Figueiredo (2012), Direito penal. Parte geral vol. 1.
8
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 1 da revisão de 2018, de 12 de Junho, Constituição da
República de Moçambique, in Boletim da República, I série n. 115 de 12 de Junho.
4
A irretroactividade é a qualidade do que não tem efeito retroactivo, do
que irretroactivo. Este princípio proíbe que os entes cobrem tributos em relação aos
fatos gerados ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado.10
9
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 1 da revisão de 2018, de 12 de Junho, Constituição da
República de Moçambique, in Boletim da República, I série n. 115 de 12 de Junho.
10
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.
11
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.
12
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.
5
2.3. Princípios da Aplicação da Lei Penal no Espaço
2.3.1. Princípio da Territorialidade
Define que a lei local se aplica a tos os crimes ocorridos no território
nacional , independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem
jurídico lesado respeitando limites de tratados, convenções e regras internacionais, cfr
atgs 5 n˚1 e˚2 do CP. Este princípio da territorialidade é depois complementado pelo
estado qual independentemente do espaço aéreo ou das águas, a lei penal Moçambicana
também se aplica a factos praticados no interior de navios.13
13
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.
14
DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito penal. Coimbra, João Abrantes (Universidade de Coimbra )
15
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 1 da revisão de 2018, de 12 de Junho, Constituição da
República de Moçambique, in Boletim da República, I série n. 115 de 12 de Junho
6
princípio da nacionalidade passiva diz que a lei penal por moçambicanos se aplica a
factos cometidos no estrangeiro contra moçambicanos.16
As duas primeiras teorias podem levar a um absurdo lógico, pois se um crime plurilocal
for cometido num Estado que adopta o critério do resultado e seu resultado for
produzido em outro que adopta o critério da actividade, haverá a impunidade do crime,
o que não acontece com o critério da ubiquidade, acolhido pelo nosso CP. Em outras
palavras, basta que o crime tenha “tocado” o território nacional, isto é, que qualquer dos
elementos do iter puníveis (a partir da execução até a consumação) tenham ocorrido no
território nacional.17
2.3.4. Princípio da universalidade ou da aplicação universal
1.1. Generalidades
O nosso direito e concretamente a constituição tem algumas regras especiais em relação
a certas pessoas, ou a pessoas que ocupam certos cargos, quanto ao funcionamento da
16
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 24/2019, de 24 de Dezembro, que aprova o novo Código
Penal, in Boletim da República, I Série, No 248 de 24 de Dezembro.
17
Dra. Oliveira, Fernanda Alves de, Direito Penal – Parte Geral
18
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 1 da revisão de 2018, de 12 de Junho, Constituição da
República de Moçambique, in Boletim da República, I série n. 115 de 12 de Junho
7
lei penal, em relação a actos praticas por outras pessoas. O que pode parecer, e de certo
modo acaba funcionando como tal, ser violação do principio da igualdade.19
Só que estas eventuais excepções são feitas pela própria constituição e portanto não
levantara o problema da inconstitucionalidade, a não ser por quem admita, de uma
forma mais ou menos "metafísica", que é possível haver normas constitucionais feridas
de inconstitucionalidade.20
Nos termos do art.º. 35 da CRM, todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozando dos
mesmos direitos e sujeitos as mesmas obrigações independentemente da cor, raça, sexo,
origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, etc.21
Porem em direito penal, há certos momentos em que a aplicação da lei não se mostra
taxativamente igual. O tratamento diferenciado da lei pode ser âmbito adjectivo-
processual- ou substantivo.22
Temos como exemplo o caso de algumas pessoas que pela função que exercem no
aparelho do Estado gozam de certos privilégios legais diferentes dos restantes cidadãos.
Pose-se falar a titulo de exemplo o caso do Presidente da República que nos termos do
art.º. 153 da CRM, que só responde pela prática de crimes comuns, depois de terminado
o seu mandato. O mandato de PRM pode durar dez anos consecutivos, neste caso este
só poderá responder pelo cometimento de uma infracção comum. Exemplo: Homicídio
involuntário no exercício da condução, volvidos pelo menos dez anos, uma vez que na
pratica o intervalo entre as eleições presidências é consideravelmente curto. Uma
questão que devemos ter em conta também é o facto de por vezes se questionar se nestes
casos os prazos para a prescrição do procedimento criminal corem normalmente ou não.
Para o efeito, devemos sempre ter em conta que este tratamento especial da lei não visão
garantir a impunidade de ninguém. Simplesmente visa garantir o exercício das funções
públicas sem interferências negativas de questões não ligadas ao exercício de funções a
que o detentor do cargo está afecto. Por isso, o nosso código acautelou esta situação
estabelecendo nos n° 1 e 2 do 4 do art.º 125 C.P que não correm os prazos de prescrição
do procedimento nos casos da instauração do procedimento criminal e da acusação em
juízo, o que quer dizer basicamente que não podem prescrever os crimes com processos
19
BELEZA, Teresa Pizarro, Direito Penal, volume I, 2ª Edição, revista actualizada, Lisboa, 1998. Pág.
506.
20
BELEZA, Teresa Pizarro, Ob.Cit, pág. 506.
21
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique , pág. 83.
22
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 83.
8
pendentes. Em suma quer-se dizer que no que tange as figuras que merecem tratamento
diferenciado na lei criminal não ficam isentos de pena, desde que haja em juízo, um
processo pendente.23
No âmbito processual ainda sobre a figura do PR pode-se dizer que este só pode ser
julgado no Tribunal Suprema, quando estiverem causa a prática de crimes no exercício
de sua função ou por causa delas, depois de haver anuência da AR e remetindo
directamente ao Procurador-Geral da República. Ainda pode-se dizer que em termos
processuais esta figura não pode ser sujeito a medida de coacção máxima da prisão
preventiva durante o exercício das suas funções nos termos do art.º. 154 C.R.M.24
23
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, Ob.Cit. pág. 84.
24
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, Ob.Cit. pág. 84.
25
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 84.
26
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, volume I, Almedina, Coimbra, 2001, Pág. 189.
9
No primeiro caso, apagado o crime, projectasse sobre todas as relações de que ele pode
ser objecto, incluindo as relações de comparticipação. No segundo caso não sucede
outro tanto.27
Quando a lei fixar a pena de multa, se a infracção for cometida por vários condenados, a
cada um deles deve ser imposto essa pena.30 Se o agente do crime for punido com pena
de prisão concreta não superior a dois anos, fundo o julgamento, verificamos os
pressupostos consagrados no art. 102, o juiz suspende a execução da pena de prisão
mediante a imposição, cumulativa ou separada, das injunções e regras de conduta
previstas no número seguinte. O juiz pode condicionar a suspensão de execução da pena
sujeitando o condenado as seguintes injunções ou regras de conduta:31
27
CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pág. 190
28
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 165.
29
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 165.
30
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 165.
31
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 164.
32
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 169.
10
dimensão género e o contexto em que os povos se encontram, o caso concreto de
Moçambique.33
Para o art.º 156 da CP, será punido como tentativa de homicídio ou como crime
frustrado, segundo as circunstâncias, todo o ferimento, espancamento ou ofensa
33
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 169.
34
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 169.
35
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 169.
36
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 169.
37
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 171..
38
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 171.
11
corporal, feita com intenção de matar, nos casos em que a morte senão seguiu, ou
em que a morte se seguiu por efeito de causa acidental, e que não era consequência
do facto do criminoso39.
A primeira fase consiste na fixação da pena base: isso se da pela analise e valoração
subjectiva de oito circunstâncias judiciarias. São elas:
39
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 171.
40
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 171.
41
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 172.
42
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 172.
43
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 172.
44
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 172.
12
1.3.1. 1ª Fase: circunstâncias judiciais ou inominadas
Circunstâncias atenuantes:
Ser agente menor de 21 anos, na data do facto, ou maior de 70 anos, na data da sentenca
de 1º grau;
Desconhecido da lei.
Ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
45
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 174.
46
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 174.
47
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 174.
48
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 175.
13
Ter o agente cometido o crime sob coacao a que podia resistir, ou em cumprimento de
ordem de autoridade superior, ou sob influencia de violenta emocao, provocada por acto
injusto da vitima: observa-se as regras do artigo 22 do CP (coacao irresistivel e ordem
hierarquica).49
A luz do artigo 66, do C, a pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei,
razão pela qual pode-se concluir que o rol das atenuantes do artigo 65 e
exemplificativo.50
Circunstâncias agravantes:
Ter o agente cometido o crime com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;51
Na parte geral do Código penal: temos como por exemplo, a tentativa, prevista no
artigo 14, inciso II, que poderá diminuir a pena de um a dois terços.
Na parte especial: temos como por exemplo, o crime de aborto a pena será aplicada
em dobro se ocorrer a morte da gestante, ao abrigo do art. 127.
Estas são as causas que permitem ao magistrado diminuir além do mínimo legal
bem como aumentar além do máximo legal.52
49
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 175.
50
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 176.
51
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique, pág. 176, 177, 178.
52
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 178.
14
5.1. Calculo das pena
O calculo das penas será calculada obedecendo a critério trifásico, onde
primeiramente caberá ao magistrado efectuar a fixação da pena base, de acordo com
os critérios do artigo 59, do CP (circunstâncias judiciais), em seguida aplicar as
circunstâncias atenuantes e agravantes e, finalmente, as causas de diminuição e de
aumento.53
O concurso formal e a continuidade delitiva e;A fraccao do aumento da pena devera ser
calculada com base no numero de crimes praticados.54
Entanto que no artigo 39 da mesma lei citada CP, a reincidência nas contravenções
ocorre quando o agente comete infracção idêntica antes de decorrerem seis meses,
contados desde a punição.57
53
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 179.
54
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 179.
55
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 179.
56
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 180.
57
SOUSA, Elísio, Direito Penal Moçambicano, escolar editora, Maputo-Moçambique,. pág. 181.
15
No entanto o artigo 41, da lei supra citada, salienta que há acumulação de crimes,
quando o agente comete mais de um crime na mesma ocasião, ou quando, tendo
perpetrado um, comete ou antes de ter sido, condenado pelo anterior, por sentença
transitada em julgado. Quando o mesmo facto é previsto e punido em duas ou mais
disposições legais, como constituindo crimes diversos, não se da acumulação de
crimes.58
A lei é igual para todos e não existem privilégios pessoais que limitem a aplicabilidade
da lei penal, não vigorando o principio do Principio do prínceps legibus solutus. Há, no
entanto, pessoas que por virtude das suas funções na orgânica do Estado ou em razão de
regras de Direito Internacional gozam de imunidades.63
58
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 181.
59
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 183.
60
MUBARAK, Rizuane, Ob.Cit. pág. 183.
61
MUBARAK, Rizuane, Direito Penal e Criminalística da teoria universal a realidade nacional,
Escolar editora, Maputo-Moçambique, 2016, pág. 183.
62
SILVA, Germano Marques de, Direito Penal português- parte geral Introdução e Teoria da Lei
Penal, 2ª edição Revista, Editora Verbo, Lisboa- são Paulo, 2001, pág. 321.
63
SILVA, Germano Marques de, Direito Penal português- parte geral Introdução e Teoria da Lei
Penal, 2ª edição Revista, Editora Verbo, Lisboa- são Paulo, 2001. Pág. 321.
16
Discute-se na doutrina a natureza destes privilégios, se são de natureza substantiva ou
simplesmente adjectiva, isto é, se gozam de uma isenção quanto a inaplicabilidade das
penas previstas nas leis penais para os factos por eles praticados e aos quais, segundo os
princípios gerais, seria aplicável a lei penal, o que poderia qualificar-se como causa de
não punibilidade, ou simplesmente se gozam do privilegio de se não submeterem a
jurisdição. A natureza substantiva ou processual das imunidades só pode determinar-se
em razão de cada imunidade concreta, em função dos termos da lei que a atribui.64
As imunidades absolutas são reservadas aos chefes de Estado Estrangeiros, são pois,
imunidades de direito público internacional. A imunidade dos chefes de Estado
estrangeiros deriva do direito Público internacional geral.66
O art.º 29, do CP dispõe que (as penas são insusceptíveis de transmissão) e daqui resulta
que a responsabilidade penal é responsabilidade por facto próprio, sendo proibida a
responsabilidade por facto de outrem.68
64
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 321-322.
65
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 322.
66
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 322.
67
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 323.
68
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 323.
69
SILVA, Germano Marques, Ob. Cit. Pág. 323.
17
8.4. Responsabilidade das pessoas colectivas
Nos referimos a admissibilidade da responsabilidade penal das pessoas colectivas e aos
intrincados problemas que suscita.
Consideramos então que embora a pessoa a pessoa jurídica não possa delinquir nem ser
castigado como tal, não devem, numa perspectiva política-criminal, ficar impunes os
factos que lhe são (atribuíveis) em consideração de que a vontade formal que decide
uma dada conduta não seja a vontade de indivíduos concretos, mas antes a (vontade
social). Tenha-se ainda em atenção que as pessoas jurídicas são sempre associação de
pessoas físicas com peculiares relações de poder ou dependência entre si e que com
muita frequência essas associações potencializam a pratica de crimes de certo género,
como sucede mais frequentemente com os crimes económicos. Não repugna que por
esses actos, potenciados pela associação das pessoas em entes jurídicos, seja impostas
sanções a esses mesmos entes, as pessoas simplesmente jurídicas, ainda como forma de
prevenir a pratica de actos lesivos futuros.
18
Também os juízes são irresponsáveis pelos seus julgamentos, ressalvadas as excepções
que a lei consignar nos termos do artigo 213 da CRM e o artigo 477 da CP.74
Por exemplo o furto entre cônjuge se o furto de descendente a ascendente não dão lugar
a acção publica de furto a luz do artigo 279 do CP. Mas isso não quer dizer que se
proceda criminalmente contra os respectivos comparticipantes do mesmo artigo no seu
n°2.76
Outras excepções processuais são aquelas que exigem a autorização da assembleia para
processar deputados ou procuradores nos termos do artigo 173 da CRM. Os ministros
também só podem ser julgados nos termos do artigo 210 único da constituição e o
presidente da república só responde perante os tribunais comuns depois de terminado o
seu mandato artigo 152, n° 2.77
Assim:
74
CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 190.
75
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, volume I, Almedina, Coimbra, 2001, pag. 191.
76
CORREIA, Eduardo, CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 191.
77
CORREIA, CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 191.
78
CORREIA, CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 191.
79
CORREIA, Eduardo, Ob.Cit. pag. 191.
19
a) É costume e pratica internacional que os chefes de estado estrangeiros, quando não
viagem incognitos, e pratiquem factos criminais naom possam ser punidos, devendo
apenas ser convidados a retirarem-se ou serem expulsos, pedindo-se depois
reparacoes por via diplomatica.80
b) Tem sido costume retirar o (agrement) aos diplomatas que praticarem delitos no
pais, fazendo-os assim sair do territorio e permitindo que os respetivos paises os
julguem.81
c) O mesmo, em regra, se aplica aos agentes internacionais equiparados aos agentes
diplomaticoes, ao pessoal oficial das missoes doplomaticas, bem como a famila
destes e em certa medida aos consules.
80
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, volume I, Almedina, Coimbra, 2001, pag. 191.
81
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal, Ob.Cit pag. 191.
20
CONCLUSÃO
Findando o trabalho o grupo conclui que na aplicação da lei penal , e a plicaoda
mesmoa quanto as pessoas, temos que ter em conta, que em princípio a lei vigora de
modo igual para todos em função do princípio da igualdade que se encontra patente no
artigo 35 da constituição da República no entanto existe, uma limitação da competência
jurisdicional dos tribunais, ou seja, existem certas pessoas que pelas funções que
exercem no Estado os tribunais sofrem impedimento temporário ou definitivo de
exercício da sua jurisdição nessas pessoas.
Temos como exemplo o chefe do Estado (PR), os crimes que comete no exercício das
Suas funções inerentes a sua função, ele responde perante o tribunal supremo e não
No tribunal comum e cabe a Assembleia da República deliberar para a prossecução do
Tal processo. E aos crimes comuns ele responde após o seu mandato. Isso se verifica
Por força duma figura designada por imunidade que é uma prerrogativa por força da
Qual, as pessoas que gozam dela, não podem ser condenadas ou responder processos
Criminais durante o exercício das suas funções no órgão estatal.
A lei penal não visa garantir a impunidade mas sim garantir o exercício das funções
dessas pessoas que gozam dela e estabelecer uma certa independência nos órgãos
soberanos.
Com intuito de prosseguir na pesquisa vimos a aplicação e execução das penas, o grupo
abordou sobre os Princípios da aplicação das penas, que consiste na a aplicação das
penas, entre os limites fixados na lei para cada uma, depende da culpabilidade do
agente, tendo-se em atenção a gravidade do facto criminoso, os seus resultados, a
intensidade do dolo ou grau da culpa, ou motivos do crime e a personalidade do agente.
Por último vimos sobre as excepções, que pode ser excepções substantivas político
constitucionais, as Excepções processuais ou adjectivas e Excepções diplomáticas que
também pode enquadrar-se num princípio extra-territorialidade.
Por tanto, os temas centrais, da aplicação da lei penal quanto as pessoas, são a aplicação
e Execução das penas Natureza e justificação ao princípio da igualdade dos cidadãos
perante a lei penal, Validade da Lei Penal em Relação as Pessoas, As imunidades, A
responsabilidade por factos próprio e proibição da responsabilidade por factos de
outrem, as no seu contexto em geral excepções.
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BIBLIOGRAFIA
LEGISLAÇÕES:
DOUTRINA:
SILVA, Germano Marques de, Direito Penal português- parte geral Introdução e
Teoria da Lei Penal, 2ª edição Revista, Editora Verbo, Lisboa- são Paulo, 2001.
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