Você está na página 1de 47

LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

1
SUMÁRIO
AULA 01 – LEI DE DROGAS ....................................................................................................................................................3
AULA 02 – LEI DE DROGAS ....................................................................................................................................................3
AULA 03 – LEI DE DROGAS ....................................................................................................................................................6
AULA 04 – LEI DE DROGAS ....................................................................................................................................................8
AULA 05 – LEI DE DROGAS .................................................................................................................................................. 11
AULA 06 – LEI DE DROGAS .................................................................................................................................................. 13
AULA 07 – LEI DE DROGAS .................................................................................................................................................. 16
AULA 08 – LEI DE DROGAS .................................................................................................................................................. 18
AULA 09 – LEI DE DROGAS .................................................................................................................................................. 22
AULA 10 – LEI DE DROGAS .................................................................................................................................................. 25
AULA 11 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE .................................................................................................................... 27
AULA 12 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE .................................................................................................................... 29
AULA 13 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE .................................................................................................................... 29
AULA 14 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE .................................................................................................................... 31
AULA 15 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE .................................................................................................................... 33
AULA 16 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO .................................................................................................................. 36
AULA 17 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO .................................................................................................................. 38
AULA 18 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO .................................................................................................................. 40
AULA 19 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO .................................................................................................................. 43
AULA 20 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO .................................................................................................................. 45

2
AULA 01 – LEI DE DROGAS

LEI
- A Lei nº 11.343/06 regulamentou o art. 5º, XLIII, da CF/88: “a lei considerará crimes inafi-
ançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpe-
centes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem.”
- O art. 5º, XLIII, da CF é um mandado constitucional de criminalização (expresso),
porque vincula o legislador ordinário, reduzindo a sua margem de atuação para obrigá-lo a
proteger (de forma suficiente/eficiente) certos temas (bens ou interesses)

11.343/06 – LEI DE DROGAS

CAPÍTULO III
DOS CRIMES E DAS PENAS

Art. 27. As PENAS previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativa-
mente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.

DO PORTE DE DROGA PARA CONSUMO PESSOAL

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:

Obs.: Com o advento da Lei nº 11.343/06 houve despenalização do crime de porte


de drogas para consumo pessoal, mas não houve descriminalização.

I - advertência sobre os efeitos das drogas;


II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou
colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto
capaz de causar dependência física ou psíquica.

AULA 02 – LEI DE DROGAS

3
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à
quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação,
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.

#De Olho na Jurisprudência

- A quantidade de drogas, por si só, não é fator determinante para concluir


se era para consumo pessoal.
Nos termos do art. 28, § 2º, da Lei n. 11.343/2006, não é apenas a quantidade de
drogas que constitui fator determinante para a conclusão de que a substância se
destinava a consumo pessoal, mas também o local e as condições em que se
desenvolveu a ação, as
Obs.: A reincidência quecircunstâncias
trata o § 4º é sociais e pessoais, bem como a conduta e
específica.
os antecedentes do agente. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1740201/AM, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/11/2020.

§ 3º As penas previstas nos incisos II (prestação de serviços à comunidade) e III (medida


educativa de comparecimento a programa ou curso educativo) do caput deste artigo serão
aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos nos incisos II (prestação de serviços à
comunidade) e III (medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo)
do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.

Primário Reincidente
05 meses 10 meses

§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos inci-
sos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, SUCESSIVA-
MENTE a:
I - admoestação verbal;
II - multa.

ATENÇÃO! É sucessivamente, não alternativamente. Primeiro um, depois o outro.

§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente,


estabelecimento de saúde, PREFERENCIALMENTE ambulatorial, para tratamento especializado.

COMO CAI EM PROVA, PROF?


(IBFC – PMBA – 2020) A entrada em vigor da nova Lei de Drogas, revogando a anterior, fez com
que o crime de porte de drogas para consumo pessoal deixasse de prever a aplicação de pena
privativa de liberdade, passando a adotar as seguintes como sanções: advertência sobre os efei-
tos das drogas; prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento à

4
programa ou curso educativo. Nesse sentido, no que tange à pena aplicável ao autor do citado
delito, é correto afirmar que a nova lei de drogas constitui um exemplo de:

a) novatio legis não incriminadora;


b) abolitio criminis;
c) novatio legis in pejus;
d) novatio legis in mellius;
e) lei intermediária

Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o inciso II (multa) do § 6o do art. 28,
o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade
nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo
a capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do
maior salário mínimo.
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da multa a que se refere o § 6o do art. 28
serão creditados
à conta do FUNDO NACIONAL ANTIDROGAS.

Art. 30. PRESCREVEM em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no
tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. (PRES-
CRIÇÃO IMPRÓPRIA)

DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS

Art. 31. É INDISPENSÁVEL a licença prévia da autoridade competente para produzir, extrair,
fabricar, transformar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, reme-
ter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, dro-
gas ou matéria-prima destinada à sua preparação, observadas as demais exigências legais.

#De Olho na Jurisprudência

- A concessão de autorização para o cultivo de maconha depende de critérios técnicos cujo


estudo refoge à competência do juízo criminal, que não pode se imiscuir em temas cuja
análise incumbe à ANVISA.
É incabível salvo-conduto para o cultivo da cannabis visando a extração do óleo medicinal, ainda
que na quantidade necessária para o controle da epilepsia, posto que a autorização fica a cargo
da análise do caso concreto pela ANVISA. STJ. 5ª Turma. RHC 123.402-RS, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 23/03/2021 (Info 690).

- Em regra, compete à Justiça Estadual julgar habeas corpus preventivo destinado a permitir
o cultivo e o porte de maconha para fins medicinais.
Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins medi-
cinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como porte em
outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade da conduta. STJ. 3ª
Seção. CC 171.206-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020 (Info 673).

5
Art. 32. As PLANTAÇÕES ILÍCITAS serão imediatamente destruídas pelo DELEGADO DE PO-
LÍCIA na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo la-
vrando auto de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas
as medidas necessárias para a preservação da prova.

PRAZO PARA O DELEGADO FAÇA DESTRUIÇÃO DE PLANTAÇÃO/DROGA


Plantações Ilícitas Com ou Sem prisão em fla- Imediatamente
(art. 32) grante
Drogas Apreendidas Com prisão em flagrante 15 dias
(art. 50)
Drogas Apreendidas Sem prisão em flagrante 30 dias (máximo)
(art. 50-A)

§ 3o Em caso de ser utilizada a QUEIMADA para destruir a plantação, observar-se-á, além das
cautelas necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto no 2.661, de 8 de julho
de 1998, no que couber, DISPENSADA a autorização prévia do órgão próprio do Sistema Na-
cional do Meio Ambiente - Sisnama.

§ 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão EXPROPRIADAS, conforme o disposto


no art. 243 da Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor.

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º. (DESAPROPRIAÇÃO-CONFISCO OU EXPROPRIAÇÃO)
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei

AULA 03 – LEI DE DROGAS

CAPÍTULO II
DOS CRIMES
DO TRÁFICO DE DROGAS

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer DROGAS, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
SE LIGA!
A criminalização de qualquer das dezoito condutas independe de lucro. Pratica o crime de trá-
fico ilícito entorpecentes, portanto, aquele que fornece ou oferece drogas, mesmo que gratuita-
mente.

6
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa.

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Súmula nº 630, STJ: “A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico


ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a
mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio.”

- Norma penal em branco HETEROGÊNEA, PRÓPRIA OU EM SENTIDO ESTRITO: São aquelas


em que seu complemento normativo não emana do legislador, mas sim de fonte normativa diversa.
Lei complementada por Portaria ou Decreto. A lei de drogas não diz quais as substâncias
consideradas drogas, que estão dispostas na portaria nº 344 SVS/MS;

- Crime de ação múltipla ou conteúdo variado (tipo misto alternativo): Se consuma com a
prática de um dos núcleos do tipo. Então, tendo o agente preparado e mantido em depósito
para venda, mesmo não tendo o comércio sido realizado, consumou o crime. Ainda que tivesse
vendido a droga, responderia por um único crime de tráfico, pois as condutas foram pratica-
das num mesmo contexto fático.

- Consumação do crime de tráfico de drogas na modalidade adquirir


A conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e também disponibilizar o
veículo que seria utilizado para o transporte do entorpecente configura o crime de tráfico de drogas
em sua forma consumada (e não tentada), ainda que a polícia, com base em indícios obtidos por
interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão do material entorpecente antes que o in-
vestigado efetivamente o recebesse.
Para que configure a conduta de "adquirir", prevista no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, não é neces-
sária a tradição do entorpecente e o pagamento do preço, bastando que tenha havido o ajuste.
Assim, não é indispensável que a droga tenha sido entregue ao comprador e o dinheiro pago ao
vendedor, bastando que tenha havido a combinação da venda.

STJ. 6ª Turma. HC 212.528-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 01/9/2015 (Info 569).

VAMOS DE CASO PRÁTICO?


A polícia recebeu denúncia anônima no sentido de que Lêucio teria em sua casa diversas drogas
para comercializar. Dirigindo-se até o local, verificando que Lêucio estava na calçada, realizam
busca pessoal e nada de ilícito com ele encontram. Em seguida, após consentimento verbal de

7
Lêucio, ingressam na residência, onde localizam as referidas substâncias ilícitas. Preso em fla-
grante e denunciado, Lêucio, em juízo, negou ter autorizado a entrada em sua residência. A
apreensão da droga foi ilícita?
Essa situação foi apreciada pelo STJ, no HC 598.051, que entendeu pela ilicitude da apreen-
são. Tamanha é
a relevância do julgado que algumas conclusões serão destacadas para o seu conhecimento,
senão vejamos:
- Ainda que se esteja diante de crime permanente (o que ocorre com alguns dos verbos do art.
33, a exemplo do "ter em depósito"), para ingresso em domicílio sem ordem judicial, fundamen-
tadamente, há de ser comprovada a existência de fundadas razões.
- Seria viável, na hipótese, representar pela busca e apreensão domiciliar e, somente em justifi-
cada situação de perigo de demora, caberia o ingresso no domicílio.
- O consentimento do morador deve ser registrado mediante declaração assinada e, sempre
que possível, com a assinatura de testemunhas.
- A operação, nessa situação, segundo o STJ, deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada
para fins de prova

AULA 04 – LEI DE DROGAS

COMO CAI EM PROVA, PROF?


No dia 15 de janeiro do corrente ano, Célia Regina foi presa em flagrante em seu domicílio. Na
ocasião, policiais militares, em verificação na Rua do Trabalhador, após receberem informações
de que haveria traficância de drogas ilícitas no local, perceberam que um homem estava pa-
rado e no aguardo de Célia Regina em frente à sua residência. Com a aproximação dos polici-
ais, o referido homem saiu do local, não sendo mais encontrado. Em ato contínuo, adentraram
a residência de Célia Regina e constataram a existência de dois quilos de Cannabis Sativa tipo
L (conhecida como maconha).
Por esse motivo, Célia Regina foi presa em flagrante delito e indiciada pelo crime de tráfico de
drogas ilícitas.
Observando os fatos narrados, é correto afirmar que:
a) a presunção de que haja entorpecentes em residência próxima ao local da venda de drogas
autoriza a polícia ostensiva a adentrar o domicílio da suspeita, sem que haja autorização judi-
cial, para buscar e apreender materiais que tenham relação com o fato;
b) caso os policiais adentrem a casa de qualquer pessoa, ainda que não tenha relação direta
com o fato (venda de drogas) e encontre material proveniente de crime, a prova será conside-
rada válida, haja vista tratar-se de crimes permanentes;
c)em havendo indicação da existência de venda de drogas, por meio de informações anônimas,
será lícita a entrada na residência de todas as pessoas que estejam no local de venda de dro-
gas;
d) é ilícita a entrada no domicílio da indiciada sem mandado judicial e os atos praticados serão
considerados nulos quando não estiver amparada em fundadas razões devidamente justifica-
das, que indiquem a existência no interior da residência de drogas configuradoras de flagrante
delito;
e) quando a abordagem é motivada por atitude suspeita, bem como demonstração de nervo-
sismo, entende a jurisprudência dos Tribunais Superiores que é autorizada a entrada na casa
da indiciada, tornando a busca e apreensão lícita.
SE LIGA!

8
A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado
ao avistar a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial
no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial.
STJ. 5ª Turma. RHC 89.853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/02/2020 (Info 666).
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno,
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem
que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade discipli-
nar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados.
STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 (repercus-
são geral – Tema 280) (Info 806).

GABARITO: D

DOS CRIMES EQUIPARADOS AO TRÁFICO DE DROGAS


I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem
em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, MATÉRIA-PRIMA, INSUMO ou PRO-
DUTO QUÍMICO destinado à preparação de drogas;

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Transportar folhas de coca: crime do art. 33, § 1º, I, da Lei nº 11.343/2006. #IMPORTANTE
A conduta de transportar folhas de coca melhor se amolda, em tese e para a definição de compe-
tência, ao tipo descrito no § 1º, I, do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, que criminaliza o transporte de
matéria-prima destinada à preparação de drogas.
Caso concreto: o agente foi preso com 4,4 kg de folhas de coca, adquiridas na Bolívia, tendo a
substância sido encontrada no estepe do veículo. As folhas seriam transportadas até Uberlân-
dia/MG para rituais de mascar, fazer infusão de chá e até mesmo bolo, rituais esses associados à
prática religiosa indígena de Instituto ao qual pertenceria o acusado. A folha de coca não é consi-
derada droga; porém pode ser classificada como matéria-prima ou insumo para sua fabricação.
STJ. 3ª Seção. CC 172.464-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/06/2020
(Info 673).

II - SEMEIA, CULTIVA ou FAZ A COLHEITA, sem autorização ou em desacordo com determina-


ção legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de
drogas;
III - UTILIZA LOCAL OU BEM DE QUALQUER NATUREZA de que tem a propriedade, posse,
administração, guarda ou vigilância, ou CONSENTE QUE OUTREM DELE SE UTILIZE, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para
o tráfico ilícito de drogas.

9
#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

Recentemente, no HC 441.781-SC, citado Tribunal proferiu decisão negando a substituição da


prisão preventiva pela prisão domiciliar em um caso no qual o crime ocorreu na residência da
agente. O pensamento adotado pela Sexta Turma foi o de que se o domicílio é utilizado como local
para o tráfico não faz sentido que ele seja escolhido como espaço próprio para dificultar o cometi-
mento de crimes pelo agente.

→ PACOTE ANTICRIME
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à pre-
paração de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar,
a AGENTE POLICIAL DISFARÇADO, quando presentes elementos probatórios razoáveis de
conduta criminal preexistente.

AGENTE INFILTRADO AGENTE DISFARÇADO AGENTE PROVOCADOR


Técnica especial de investiga- Técnica especial de investiga- O agente policial cria no su-
ção em que o agente policial ção em que o agente policial, jeito a vontade de realizar a
se insere por tempo razoável mediante informações de con- conduta criminosa, o encora-
em uma organização crimi- dutas criminosas preexisten- jando a praticar determinado
nosa, mediante envolvimento tes, e sem se infiltrar no grupo ato ilícito, para, então, o pren-
articulado, ocultando sua con- criminoso, coleta elementos der em flagrante. Sua atuação
dição, para colher informa- que indiquem a conduta deli- é decisiva para que o fato
ções sobre o seu funciona- tuosa preexistente do sujeito aconteça.
mento, estrutura e membros. ativo.
Exige prévia autorização judi- Não exige prévia autorização Não pode haver prévia autori-
cial judicial zação judicial
Leis nº 12.850/13 (organiza- Leis nº 10.826/03 (estatuto do Não há previsão
ções criminosa), 11.343/06 desarmamento), 11.343/06 Caracteriza crime impossível
(tráfico de drogas), 9.613/98 (tráfico de drogas), Súmula nº 145 STF
(lavagem de dinheiro) e
8.069/90 (ECA)
*Fonte: @rafhaelnepomuceno https://www.instagram.com/p/CXJM4xUFgQR

DA PARTICIPAÇÃO NO USO INDEVIDO DE DROGAS


§ 2º INDUZIR, INSTIGAR ou AUXILIAR alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

- Cabe suspensão condicional do processo


. Obs.: Não é equiparado a crime hediondo!

DA CESSÃO GRATUITA E EVENTUAL DE DROGAS PARA CONSUMO COMPARTILHADO

10
§ 3o OFERECER droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relaciona-
mento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28 (porte para consumo
pessoal).

A ausência de algum elemento poderá configurar o crime de tráfico ilícito de drogas.

Obs.1: Não é equiparado a crime hediondo!


Obs.2: Podem ser aplicadas as penas do art. 28 (advertência sobre os efeitos das drogas; pres-
tação de serviços à comunidade; medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo)
Obs.3: Consuma-se com o oferecimento da droga, dispensando-se o efetivo uso (uso conjunto
é um especial fim de agir)
Obs.4: Para que o agente incorra nas sanções do § 3º é necessário o preenchimento de quatro
requisitos, cumulativos:
1) Oferta eventual de droga (o que exclui a oferta habitual);
2) Oferta gratuita;
3) O destinatário da droga deve ser pessoa do relacionamento de quem oferece a droga;
4) A droga deve ser destinada ao consumo conjunto (tanto de quem oferece quanto de quem
recebe).
- Atenção ao nome dado a esta modalidade de crime, pois o Cespe formulou questão recente
em que o chamou de tráfico privilegiado, apesar de normalmente a Doutrina utilizar essa deno-
minação para referir-se à hipótese do §4°.

AULA 05 – LEI DE DROGAS

DO TRÁFICO PRIVILEGIADO DE DROGAS


§4º Nos delitos definidos no caput (tráfico) e no § 1o (tráfico equiparado) deste artigo, as penas
poderão ser REDUZIDAS de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas
de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às ativi-
dades criminosas nem integre organização criminosa. (TRÁFICO PRIVILEGIADO)
Obs.1: Para que o agente incorra nas sanções do § 4º é necessário o preenchimento de quatro
requisitos, cumulativos:
1) Primário;
2) Bons antecedentes;
3) Não se dedique à atividade criminosa; e
4) Não integre organização criminosa.
Obs.2: Redução da pena (1/6 a 2/3)
Obs.3: A vedação da conversão da pena do tráfico privilegiado em penas restritivas de direitos
foi declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle difuso, e teve sua eficácia suspensa
pela Resolução nº 5/2012 do Senado Federal.

11
#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Para fins do art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, milita em favor do réu a presunção de que ele é
primário, possui bons antecedentes e não se dedica a atividades criminosas nem integra
organização criminosa; o ônus de PROVAR O CONTRÁRIO é do Ministério Público.
STF. 2ª Turma. HC 154694 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 4/2/2020 (Info 965)

- A habitualidade no crime e o pertencimento a organizações criminosas deverão ser compro-


vados pela acusação, não sendo possível que o benefício do tráfico privilegiado (art. 33, § 4º)
seja afastado por simples presunção.
STF. 2ª Turma. HC 152001 AgR/MT, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 29/10/2019 (Info 958).

- A grande quantidade de droga, isoladamente, não constitui fundamento idôneo para afastar a
causa de diminuição de pena do art. 33, § 4º da LD. #CUIDADO
O STJ já se manifestou no sentido de que a quantidade de drogas que o agente portava era muito
grande e que daí se poderia concluir que ele se dedicava a atividades criminosas, afastando o
benefício do tráfico privilegiado (HC 271.897/SP e HC 220.848/SP).
O STF, por outro lado, no RHC 138.715, entendeu que a quantidade de drogas apreendidas, iso-
ladamente considerada, não importa na automática conclusão de que o agente é dedicado à
atividade criminosa.

- O fato de o réu ter ocupação lícita não significa que terá direito, necessariamente, à minorante
do § 4º do art. 33 da LD.

- É inaplicável a causa de diminuição na hipóteses de condenação por tráfico e associação


para o tráfico.
Ora, a causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 pressupõe que o agente não se dedique às
atividades criminosas. Se o réu foi condenado por associação para o tráfico é porque ficou reco-
nhecido que ele se associou com outras pessoas para praticar crimes, tendo, portanto, seu com-
portamento voltado à prática de atividades criminosas.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.199.671-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j em 26/2/2013 (Info
517).

- Tráfico privilegiado e “mulas”.


É possível aplicar o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas às “mulas”.
STF. 1ª Turma. HC 124107/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2014 (Info 766)

COMO CAI EM PROVA, PROF?


Nas condutas tipificadas pela Lei nº 11.343/2006, o agente, primário e de bons antecedentes,
que atua como “mula”, com transporte pontual de entorpecente, caso comprovadas autoria e
materialidade, deverá ser condenado por:

a) tráfico de drogas privilegiado;


b) tráfico de drogas;
c) tráfico de drogas privilegiado e associação para o tráfico;

12
d) tráfico de drogas e associação para o tráfico;
e) associação para o tráfico.
A condição de "mula" do tráfico de drogas, por si só, não afasta o reconhecimento do
crime de tráfico privilegiado. STJ - HC 729.674

GABARITO: A

DO TRÁFICO DE MAQUINÁRIO PARA FABRICAÇÃO DE DROGAS/PETRECHOS PARA O


TRÁFICO
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título,
possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, MAQUINÁRIO, APARELHO, INSTRU-
MENTO ou QUALQUER OBJETO destinado à fabricação, preparação, produção ou transfor-
mação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois
mil) dias-multa.

VAMOS DE CASO PRÁTICO?


Se, em uma busca e apreensão, forem localizados drogas e maquinários, o agente responderá
pelos crimes do art. 33 e 34, em concurso material?
Há, nesse caso, duas alternativas:
1) Se forem localizados drogas e maquinários no mesmo contexto fático - o agente responderá
apenas pelo delito do art. 33, o que mostra que o art. 34 é subsidiário;
2) Se forem localizados drogas e maquinários em contextos fáticos diversos - o agente res-
ponderá, em concurso material, pelos dois crimes: art. 33 e art. 34

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

A apreensão isolada de uma balança não implica, per se, necessária subsunção da conduta ao tipo descrito no art.
34 da Lei n. 11.343/2006. Provado nos autos que a balança se destinava à medida individual de porções destinadas
ao consumo, e não à fabricação, produção ou preparo da substância entorpecente, afasta-se aquela imputação –
art. 34 –, por atipicidade.

AULA 06 – LEI DE DROGAS

DA ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO/PARA FINANCIAMENTO DO TRÁFICO


Art. 35. ASSOCIAREM-SE duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput (tráfico) e § 1o (tráfico equiparado), e 34
(tráfico de maquinário) desta lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e
duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática
reiterada do crime definido no art. 36 (financiamento para o tráfico) desta Lei.
Obs.1: Não é equiparado a crime hediondo (STJ, HC 14.321-RJ), mas para a concessão do
livramento condicional é necessário cumprir 2/3 da pena, por imposição legal (art. 44, p. único);
Obs.2: É crime autônomo ao tráfico de drogas;
Obs.3.1: Crime plurissubjetivo ou de concurso necessário:
* 2 ou mais pessoas; * entram no cômputo: inimputáveis e eventuais agentes que não foram
identificados.

13
Obs.3.2: A lei exige presença de, no mínimo, dois associados e, fique atento, pois aqui é pos-
sível um adolescente ou, até mesmo, indivíduo não identificado para fins de configuração do
delito.

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Aplicação de causa de aumento de pena da Lei de Drogas ao crime de associação para o tráfico de drogas com criança ou
adolescente.
A participação do menor pode ser considerada para configurar o crime de associação para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo,
para agravar a pena como causa de aumento do art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006.
STJ. 6ª Turma. HC 250.455-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/12/2015 (Info 576).

- É inaplicável a causa de diminuição na hipóteses de condenação por tráfico e associação para o tráfico.
Ora, a causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 pressupõe que o agente não se dedique às atividades criminosas. Se o réu foi
condenado por associação para o tráfico é porque ficou reconhecido que ele se associou com outras pessoas para praticar crimes,
tendo, portanto, seu comportamento voltado à prática de atividades criminosas.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.199.671-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j em 26/2/2013 (Info 517).

ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO


Os agentes se reúnem para praticar um nú- Basta que se reúnam com o fim especial da
mero indefinido de crimes prática de um único delito
Pelo menos 3 agentes Pelo menos 2 agentes

DO FINANCIAMENTO OU CUSTEIO DO TRÁFICO


Art. 36. FINANCIAR ou CUSTEAR a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput
(tráfico) e § 1o (tráfico equiparado), e 34 (tráfico de maquinário) desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000
(quatro mil) dias-multa.

Obs: Caso o agente financie e, ao mesmo tempo, pratique a traficância (autofinanciamento),


não há que se falar no delito do art. 36, mas sim no crime propriamente de tráfico (art. 33,
caput e § 1º, e do art. 34) com a incidência de uma causa de aumento de pena (art. 40, VII).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.290.296-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. em 17/12/2013
(Info 534)
AGENTE FINANCIA/CUSTEIA AGENTE FINANCIA/CUSTEIA
NÃO pratica atos do art. PRATICA a traficância (autofinanciamento)
33, caput e § 1º, e do art.
34
Crime de financiamento ao crime de tráfico de drogas
tráfico de drogas com causa de aumento de
pena - art. 40, VII

DA COLABORAÇÃO COMO INFORMANTE


Art. 37. COLABORAR, como INFORMANTE, com grupo, organização ou associação DESTI-
NADOS à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput (tráfico) e § 1o (tráfico
equiparado), e 34 (tráfico de maquinário) desta Lei:

14
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos)
dias-multa.
Obs.1: caráter subsidiário (soldado de reserva)
Obs.2: Incorre neste crime, por exemplo, o agente policial que tem conhecimento das ações de
repressão ao tráfico que serão realizadas e entrega as informações aos criminosos

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Se o “olheiro” do tráfico era associado ao grupo criminoso, deverá responder pelo art. 35 e não pelo art. 37 da Lei de
Drogas.
37 da Lei de Drogas.
É possível que alguém seja condenado pelo art. 35 (associação para o tráfico) e, ao mesmo tempo, pelo art. 37 (colaboração
como informante), da Lei de Drogas em concurso material, sob o argumento de que o réu era associado ao grupo criminoso e que,
além disso, atuava também como “olheiro”?
NÃO. Segundo decidiu o STJ, nesse caso, ele deverá responder apenas pelo crime do art. 35 (sem concurso material com o art.
37).
Considerar que o informante possa ser punido duplamente (pela associação e pela colaboração com a própria associação da qual
faça parte), contraria o princípio da subsidiariedade e revela indevido bis in idem, punindo-se, de forma extremamente severa,
aquele que exerce função que não pode ser entendida como a mais relevante na divisão de tarefas do mundo do tráfico. STJ. 5ª
Turma. HC 224.849-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/6/2013 (Info 527).

SE LIGA!
E o fogueteiro? É considerado informante?
Conforme o STF, no HC 106.155, "a conduta do “fogueteiro do tráfico”, antes tipificada no art. 12,
§ 2º, da
Lei 6.368/76, encontra correspondente no art. 37 da Lei que a revogou, a Lei 11.343/06, não
cabendo falar
em abolitio criminis".
Então, ao fogueteiro, aplica-se o disposto no art. 37. Fechado?

COMO CAI EM PROVA, PROF?


Sobre os crimes previstos na Lei Antidrogas – Lei nº. 11.343/2006 , assinale a alternativa correta:

A) O crime de associação para o tráfico, caracterizado pela associação de duas ou mais pessoas
para a prática de alguns dos crimes previstos na Lei Antidrogas, é delito equiparado a crime
hediondo.
B)Segundo o disposto na Lei Antidrogas e na jurisprudência, o crime de associação para o tráfico
se consuma com a mera união dos envolvidos, ainda que de forma individual e ocasional.
C) Aquele que colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à
prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,caput e § 1º, e 34 da Lei de Drogas, deverá
responder como partícipe do crime de tráfico de drogas.
D) O redutor de pena previsto no art. 46 da Lei nº. 11.343/2006 não possui âmbito de incidência
restrito aos crimes previstos na lei antidrogas, podendo ser aplicado inclusive na hipótese de
roubo, desde que comprovada a semi-imputabilidade do agente.

Lei de Drogas: Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o
efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, DE DROGA, era, ao tempo da ação ou
da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de en-
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

15
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresen-
tava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá
determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circuns-
tâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a
plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Comentário atualizado em 30/07/2020

GABARITO: D

AULA 07 – LEI DE DROGAS

DA PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA DE DROGAS


Art. 38. PRESCREVER ou MINISTRAR, CULPOSAMENTE, drogas, sem que delas necessite o
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamen-
tar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (du-
zentos) dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional
a que pertença o agente
Classificação doutrinária de crimes:
Crime próprio - médico ou dentista - prescrever; médico, dentista, farmacêutico ou profissional
de enfermagem - ministrar).
Obs.1: ÚNICO crime culposo na Lei de Drogas; Prescrever ou ministrar dolosamente configura
o crime do art. 33, caput (tráfico);
Obs.2: Na modalidade "prescrever", caracteriza hipótese excepcional de delito culposo que
PRESCINDE do resultado naturalístico, consumando-se com a simples entrega da receita ao
paciente.
Obs.3: Fique atento que a vítima também é pessoa determinada: o paciente! Nesse sentido, há
que sustente (doutrina minoritária) que o art. 38 é crime bipróprio.

DA CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB A INFLUÊNCIA DE DROGAS


Art. 39. CONDUZIR embarcação ou aeronave APÓS o consumo de drogas, expondo a dano
potencial a incolumidade de outrem: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além
da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva OU proibição de obtê-la, PELO
MESMO PRAZO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE APLICADA, e pagamento de 200 (du-
zentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas CUMULATIVAMENTE com as demais,
serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, SE o
veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros
Obs.1: O tipo penal não prevê a condução de veículo automotor, pois esta conduta está tipi-
ficada no art. 306 da Lei nº 9.503/1997 (CTB).
Obs.2: : Se o agente estiver conduzindo embarcação ou aeronave após consumir álcool, ele
não incorrerá no crime em estudo, pois o álcool não está presente na lista publicada pela
Anvisa, e, por isso, não é considerado droga. Nesse caso, poderia a conduta configurar o crime
do art. 132, do CP23 ou, até mesmo, a contravenção penal do art. 34 da LCP24 .

16
- Detenção, de 6 meses a 3 anos;
PENAS - Apreensão do veículo;
- Cassação da habilitação ou proibição de obter
a habilitação;e
- Pagamento de multa

DAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA


Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são AUMENTADAS de um sexto a dois
terços, se:
BIZU: Tanto na diminuição do tráfico privilegiado quanto no aumento das causas do art. 40, a
fração é de 1/6 a 2/3.
“Um cesto na mão, dois terços na outra!”, leia com a minha voz. rs

I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato


evidenciarem a transnacionalidade do delito;
#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Súmula nº 522, STF: “Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal, compete
a justiça dos Estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.”
- Súmula nº 607, STJ: “A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006) configura-se com a prova
da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras.” (essa cai demais!!)

SE LIGA!
A respeito do tráfico internacional, recente e importante julgado nos trouxe significativas alte-
rações. Você se recorda da Súmula 528 do STJ? Ela dizia que "nos casos de apreensão de
droga que seria remetida ao exterior, a competência para julgar o réu seria do Juiz Federal
do local da apreensão", certo?
Ocorre que, presta atenção que isso vai bombar nas provas de concursos públicos, a Terceira
Seção do STJ cancelou o enunciado da Súmula 528. Foi, nesse sentido, mencionado o Conflito
de Competência 177.882, que mitigou citada súmula para estabelecer a competência do juízo
do local de destino do entorpecente, proporcionando maior eficiência na colheita de provas e
o exercício da defesa de forma mais ampla.

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

A Terceira Seção do STJ cancelou o enunciado da Súmula 528. Com fundamento no Conflito de Competência
177.882, compete ao juízo do local de destino do entorpecente processar a julgar, proporcionando maior eficiência na
colheita de provas e o exercício da defesa de forma mais ampla.

COMO CAI EM PROVA, PROF?


No que tange aos crimes previstos na Lei de Drogas e a Jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, assinale a alternativa correta.

A) Compete à justiça dos Estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a entorpecen-
tes ocorridos com o exterior.
B) O exercício da função de 'mula', indispensável para o tráfico internacional, traduz, por si só,
adesão, em caráter estável e permanente, à estrutura de organização criminosa.

17
C) Faz-se necessária a aferição do grau de pureza da droga para realização da dosimetria da
pena.
D) Para a configuração da majorante da transnacionalidade prevista no art. 40 ,I, da Lei n°
11.343/2006, basta que existam elementos concretos aptos a demonstrar que o agente pretendia
disseminar a droga no exterior, sendo indispensável ultrapassar as fronteiras que dividem as
nações.
E) A condenação por tráfico de drogas e por associação para o tráfico de drogas prescinde da
efetiva apreensão de entorpecentes na posse de um acusado específico, cuja responsabilidade
pode ser definida racionalmente, a despeito de apreendida a droga na posse de terceiro, com
base no contexto probatório, a autorizar o provimento condenatório.
SE LIGA!
A condenação por tráfico de drogas e por associação para o tráfico de drogas prescinde da efe-
tiva apreensão de entorpecentes na posse de um acusado específico, cuja responsabilidade
pode ser definida racionalmente, a despeito de apreendida a droga na posse de terceiro, com
base no contexto probatório, a autorizar o provimento condenatório. (RHC 103736 STF)

GABARITO: E

AULA 08 – LEI DE DROGAS

AUMENTO DE PENA (1/6 a 2/3)


TRÁFICO TRANSNACIONAL TRÁFICO INTERESTADUAL TRÁFICO INTERMUNICIA-
PAL
Sim Sim Não

ANOTA A OBS!
Atipicidade da importação de pequena quantidade de sementes de maconha.
Não configura crime a importação de pequena quantidade de sementes de maconha.
STF. 2ª Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915).

II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão


de educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas DEPENDÊNCIAS OU IMEDIAÇÕES de estabelecimentos
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, re-
creativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de dro-
gas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;

- Estabelecimentos prisionais;
- Estabelecimentos de ensino;
LOCAIS - Estabelecimentos hospitalares;
- Sedes de entidades estudantis, sociais, cultu-
rais, recreativas, esportivas ou beneficentes;
- Locais de trabalho coletivo;
- Recintos onde se realizem espetáculos ou di-
versões de qualquer natureza;

18
- Estabelecimento de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção
social;
- Unidades militares ou policiais;
- Transportes públicos.

19
#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA
- TRANSPORTES PÚBLICOS:
O mero transporte no coletivo não implica no aumento da pena
O aumento aplica-se apenas quando a comercialização da droga é feita dentro do próprio transporte público” (HC 120624).

- IGREJAS:
- Não incide a causa de aumento de pena prevista no inciso III do art. 40 da Lei nº 11.343/2006 em caso de tráfico de drogas
cometido nas dependências ou nas imediações de igreja.
O tráfico de drogas cometido em local próximo a igrejas não foi contemplado pelo legislador no rol das majorantes previstas
no inciso III do art. 40 da Lei nº 11.343/2006, não podendo, portanto, ser utilizado com esse fim tendo em vista que no Direito
Penal incriminador não se admite a analogia in malam partem.
STJ. 6ª Turma. HC 528.851-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/05/2020 (Info 671)

- ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS:
- Não é necessário que a droga passe por dentro do presídio para que incida a majorante prevista no art. 40, III, da Lei
11.343/2006.
João, de dentro da unidade prisional onde cumpre pena, liderava uma organização criminosa. Com o uso de telefone celular, ele
organizava a dinâmica do grupo e comandava o tráfico de drogas, dando ordens para seus 44 comparsas que, de fora do presídio,
executavam a comercialização do entorpecente. João foi condenado por tráfico de drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/2006). Neste
caso, ele deverá ter a sua pena aumentada com base no art. 40, III?
SIM. Se o agente comanda o tráfico de drogas de dentro do presídio, deverá incidir a causa de aumento de pena do art. 40, III, da
Lei nº 11.343/2006, mesmo que os efeitos destes atos tenham se manifestado a quilômetros de distância.
Não é necessário que a droga passe por dentro do presídio para que incida a majorante prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006.
Esse dispositivo não faz a exigência de que as drogas efetivamente passem por dentro dos locais que se busca dar maior proteção,
mas apenas que o cometimento dos crimes tenha ocorrido em seu interior.
STJ. 5ª Turma. HC 440.888-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/10/2019 (Info 659).

- Ocorrendo o tráfico de drogas nas imediações de presídio, incidirá a causa de aumento do art. 40, III, da LD, não impor-
tando quem seja o comprador.
Se o agente vende a droga nas imediações de um presídio, mas o comprador não era um dos detentos nem qualquer pessoa que
estava frequentando o presídio, ainda assim deverá incidir a causa de aumento do art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006?
SIM. A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006 se justifica quando constatada a comerciali-
zação de drogas nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, sendo irrelevante se o agente infrator visa ou não
aos frequentadores daquele local.
Assim, se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações de um estabelecimento prisional, incidirá a causa de aumento, não importando
quem seja o comprador do entorpecente.
STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858).

- ESCOLAS:
- Não incide a causa de aumento de pena do art. 40, III, da LD se o crime foi praticado em dia e horário no qual a escola
estava fechada e não havia pessoas lá.
A prática do delito de tráfico de drogas nas proximidades de estabelecimentos de ensino (art. 40, III, da Lei 11.343/06) enseja a
aplicação da majorante, sendo desnecessária a prova de que o ilícito visava atingir os frequentadores desse local.
Para a incidência da majorante prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006 é desnecessária a efetiva comprovação de que
a mercancia tinha por objetivo atingir os estudantes, sendo suficiente que a prática ilícita tenha ocorrido em locais próximos,
ou seja, nas imediações de tais estabelecimentos, diante da exposição de pessoas ao risco inerente à atividade criminosa da narco-
traficância.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1558551/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/09/2017.
STJ. 6ª Turma. HC 359.088/SP. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/10/2016.
Não incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, se a prática de narcotraficância ocorrer
em dia e horário em que não facilite a prática criminosa e a disseminação de drogas em área de maior aglomeração de pessoas.
Ex.: se o tráfico de drogas é praticado no domingo de madrugada, dia e horário em que o estabelecimento de ensino não estava
funcionando, não deve incidir a majorante.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.719.792-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. em 13/03/2018 (Info 622).

20
COMO CAI EM PROVA, PROF?
Com relação aos aspectos penais da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006), assinale a assertiva
CORRETA:

A) Configura a causa de aumento de pena de ter sido a infração realizada nas dependências ou
imediações de estabelecimento prisionais, a conduta de indivíduo preso no sistema carcerário
movimentar volume de entorpecentes e realizar negociações de tráfico por telefone, mesmo que
nenhuma droga tenha entrado dentro do presídio.
B) A reincidência para aplicação qualificada da posse para consumo pessoal de drogas não pre-
cisa ser específica.
C) A venda de drogas a agente policial disfarçado, mesmo que presentes elementos probatórios
razoáveis de conduta criminal preexistente, é considerada crime impossível.
D) A conduta de exercer ilegalmente a medicina absorve o tráfico na modalidade prescrição de
droga.
E) Aplica-se a causa de aumento de pena do art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006, quando o tráfico
de drogas ocorre nas dependências ou nas imediações de igreja.
SE LIGA!
A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006 se justifica quando
constatada a comercialização de drogas nas dependências ou imediações de estabelecimentos
prisionais, sendo irrelevante se o agente infrator visa ou não aos frequentadores daquele local.
Assim, se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações de um estabelecimento prisional, incidirá a
causa de aumento, não importando quem seja o comprador do entorpecente. STF. 2ª Turma. HC
138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858).

GABARITO: A

IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou
qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva;
ANOTA A OBS!
- Especificamente na Lei de Drogas o concurso de pessoas não é causa de aumento de pena!
- O emprego de violência ou grave ameaça, a utilização de arma de fogo ou qualquer processo
de intimidação difusa ou coletiva (inciso IV) não se aplica a coisa, mas apenas contra pessoa.

V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;


#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Súmula nº 587, STJ: “Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a efetiva
transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o
tráfico interestadual.”

SE LIGA!
É cabível a aplicação cumulativa das causas de aumento relativas à transnacionalidade e à
interestadualidade do delito, previstas nos incisos I e V da Lei de Drogas, quando evidenciado
que a droga proveniente do exterior se destina a mais de um estado da federação, sendo o
intuito dos agentes distribuir o entorpecente estrangeiro por mais de uma localidade do
país.

21
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer
motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Agente que pratica delitos da Lei de Drogas envolvendo criança ou adolescente responde também por cor-
rupção de menores? * Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não esteja previsto nos arts. 33
a 37 da Lei de Drogas, o réu responderá pelo crime da Lei de Drogas e também pelo delito do art. 244-B do ECA
(corrupção de menores).
* Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos seja o art. 33, 34, 35, 36 ou 37 da Lei nº 11.343/2006:
ele responderá apenas pelo crime da Lei de Drogas com a causa de aumento de pena do art. 40, VI. Não será punido
pelo art. 244-B do ECA para evitar bis in idem.
Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de
Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de menores, porém, se a conduta estiver tipificada em
um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena
com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/11/2016 (Info 595).

VAMOS DE CASO PRÁTICO?


Quando o agente cometer crime de tráfico de drogas junto com criança ou adolescente, devem
ser aplicadas penas para os dois crimes autonomamente (concurso de crimes), ou deve ser apli-
cada a pena para o tráfico de drogas com a majorante prevista para o envolvimento de criança
ou adolescente?
A resposta do STJ foi no sentido de que, em respeito ao princípio da especialidade, se o
crime praticado estiver tipificado entre os arts. 33 e 37 da Lei de Drogas, há de ser aplicada
a pena para o tráfico aumentada de um sexto a dois terços. Por outro lado, se o crime come-
tido não está tipificado na Lei de Drogas, o agente poderá ser condenado por Corrupção de
Menores.

VII - o agente FINANCIAR ou CUSTEAR a prática do crime;


ANOTA A OBS!
O autofinanciamento, ou seja, aquele que atua como traficante e financia ou custeia sua pró-
pria aquisição de entorpecentes responde pelo art. 33 (tráfico), caput, c/c art. 40, VII, afastando
o delito do art. 36 (financiamento para o tráfico).

AULA 09 – LEI DE DROGAS

DA COLABORAÇÃO PREMIADA
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar VOLUNTARIAMENTE com a investigação policial e
o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação
total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena REDUZIDA de um terço
a dois terços. (COLABORAÇÃO PREMIADA)
ANOTA A OBS!
- Cuidado para não confundir a redução de pena da COLABORAÇÃO PREMIADA (1/3 a 2/3/)
com a do TRÁFICO PRIVILEGIADO (1/6 a 2/3) ou com o AUMENTO DE PENA do art. 40 (1/6
a 2/3). As bancas adoram trazer essa questão em prova!
COLABORAÇÃO PREMIADA TRÁFICO PRIVILEGIADO AUMENTO DE PENA (art.
40)
Redução (1/3 a 2/3) Redução (1/6 a 2/3) Aumento (1/6 a 2/3)

22
SE LIGA!
- A redução de pena em função da delação premiada prevista na Lei de Drogas só pode ser
concedida se a colaboração for voluntária e se levar à identificação dos outros envolvidos
no crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime.

DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, COM PREPONDERÂNCIA sobre o previsto no
art. 59 (circunstâncias judiciais) do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou
do produto, a personalidade e a conduta social do agente.
SE LIGA!
- Entenda que as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP (circunstâncias judiciais) deverão
ser também avaliadas pelo magistrado, mas as trazidas Art. 42 da LD terão maior peso:
1) Natureza da substância ou produto;
2) Quantidade da substância ou produto;
3) Personalidade do agente; e
4) Conduta social do agente

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Pureza da droga é irrelevante na dosimetria da pena.


O grau de pureza da droga é irrelevante para fins de dosimetria da pena.
De acordo com a Lei nº 11.343/2006, preponderam apenas a natureza e a quantidade da droga apreendida para o cálculo da dosi-
metria da pena.
STF. 2ª Turma. HC 132909/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2016 (Info 818)

- Natureza e quantidade da droga: o mesmo fato só pode ser utilizado para aumentar a pena base ou para analisar o
benefício do tráfico privilegiado.
A natureza e a quantidade da droga NÃO podem ser utilizadas para aumentar a pena-base do réu e também para afastar o tráfico
privilegiado (art. 33, § 4º) ou para, reconhecendo-se o direito ao benefício, conceder ao réu uma menor redução de pena. Haveria,
nesse caso, bis in idem.
STF. 2ª Turma. RHC 122684/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/9/2014 (Info 759).

COMO CAI EM PROVA, PROF?


De acordo com o ordenamento jurídico e o posicionamento dos tribunais superiores sobre as
disposições previstas na Lei n° 11.343/2006,

A) somente deverá incidir a causa de aumento do art. 40, III, da Lei n° 11.343/2006 se a venda
de drogas nas imediações de um presídio tenha como comprador um dos detentos ou alguém
que estava frequentando o presídio.
B) o grau de pureza da droga é relevante para fins de dosimetria da pena. De acordo com a Lei
n° 11.343/2006, tal circunstância, juntamente com a natureza e a quantidade da droga apreen-
dida, prepondera para o cálculo da dosimetria da pena.
C) a participação do menor não pode ser considerada para configurar o crime de associação para
o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena como causa de aumento do art. 40,
VI, da Lei n° 11.343/2006.
D) a conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e também disponibilizar
o veículo que seria utilizado para o transporte do entorpecente configura o crime de tráfico de
drogas em sua forma consumada (e não tentada), ainda que a polícia, com base em indícios

23
obtidos por interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão do material entorpecente
antes que o investigado efetivamente o recebesse.
E) para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n° 11.343/2006, faz-se necessária
a efetiva transposição de fronteiras entre estados da federação.
SE LIGA!
A conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de droga e também disponibilizar o
veículo que seria utilizado para o transporte do entorpecente configura o crime de tráfico de dro-
gas em sua forma consumada (e não tentada), ainda que a polícia, com base em indícios obtidos
por interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão do material entorpecente antes que
o investigado efetivamente o recebesse. Para que configure a conduta de "adquirir", prevista no
art. 33 da Lei nº 11.343/2006, não é necessária a tradição do entorpecente e o pagamento do
preço, bastando que tenha havido o ajuste. Assim, não é indispensável que a droga tenha sido
entregue ao comprador e o dinheiro pago ao vendedor, bastando que tenha havido a combinação
da venda.
STJ. 6ª Turma. HC 212528-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 1º/9/2015 (Info 569).

GABARITO: D

DA VEDAÇÃO À CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS


Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o , e 34 a 37 desta Lei são INAFIANÇÁVEIS
e INSUSCETÍVEIS DE SURSIS, GRAÇA, INDULTO, ANISTIA e LIBERDADE PROVISÓRIA, ve-
dada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
Obs.1: Cabe substituição de PPL por PRD. A parte final do dispositivo é inconstitucional;
Obs.2: Cabe a concessão de liberdade provisória ao acusado pelos crimes em comento.

Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o LIVRAMENTO CONDICI-
ONAL após o cumprimento de dois terços da pena, VEDADA sua concessão ao REINCIDENTE
ESPECÍFICO.
Reincidente específico: Aquele que tem condenação anterior pelo mesmo crime de tráfico.
REQUISITOS PARA O LIVRAMENTO CONDICIONAL
Cumprimento de 2/3 da pena; e Inexistência de reincidência específica

DA INIMPUTABILIDADE
Art. 45. É ISENTO DE PENA o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente
de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que
tenha sido a infração penal praticada, INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresen-
tava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, PODERÁ
determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado.
SE LIGA!
A dependência é vista como, propriamente, uma doença mental.

DA SEMI-IMPUTABILIDADE
Art. 46. As penas podem ser REDUZIDAS de um terço a dois terços se, por força das circunstân-
cias previstas no art. 45 desta Lei, o agente NÃO POSSUÍA, ao tempo da ação ou da omissão, A

24
PLENA CAPACIDADE de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
INIMPUTABILIDADE SEMI - IMPUTABILIDADE
inteiramente incapaz de entender o caráter não possuía, ao tempo da ação ou da omis-
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo são, a plena capacidade de entender o cará-
com esse entendimento ter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento
ISENÇÃO DA PENA REDUÇÃO DE SUA PENA DE 1/3 A 2/3

AULA 10 – LEI DE DROGAS

Seção I
Da investigação
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, IMEDIATAMENTE,
comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista
ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da materiali-
dade do delito, É SUFICIENTE o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga,
firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
CPP (art. 159, caput e § 1º) LEI DE DROGAS (art. 50, § 1º)
1 Perito oficial 1 Perito oficial
Na falta: 2 pessoas idôneas, portadoras de di- Na falta: 1 pessoa idônea
ploma de curso superior preferencialmente
na área específica

§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1o deste artigo NÃO FICARÁ IMPE-
DIDO de participar da elaboração do laudo definitivo.
§ 3o Recebida cópia do AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias,
certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das dro-
gas apreendidas, guardandose amostra necessária à realização do laudo definitivo. (DESTRUI-
ÇÃO COM PRISÃO EM FLAGRANTE)
§ 4o A destruição das drogas será executada pelo DELEGADO DE POLÍCIA competente no
prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.
§ 5o O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas referida no §
3o , sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a des-
truição total delas.
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas SEM A OCORRÊNCIA DE PRISÃO EM FLA-
GRANTE será feita por incineração, no prazo MÁXIMO de 30 (trinta) dias contado da data da
apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. (DESTRUIÇÃO
SEM PRISÃO EM FLAGRANTE)
DESTRUIÇÃO DE DROGAS
PLANTAÇÕES ILÍCITAS (art. DROGAS APREENDIDAS DROGAS APREENDIDAS
32) COM FLAGRANTE (art. 50, § SEM FLAGRANTE (art. 50-A)
3o )

25
Destruída imediatamente Destruída no prazo de 15 Destruída no prazo máximo
dias, contados da determina- de 30 dias, contados da data
ção judicial para sua destrui- da apreensão da droga
ção
Obs.: O juiz tem o prazo de
10 dias para determinar a
destruição
Pelo Delegado de Polícia Pelo Delegado de Polícia, na Por incineração
presença do MP e da autori- Agora, a lei não fala quem irá
dade sanitária incinerar
Não precisa de autorização ju- Precisa de autorização judi- Não precisa de autorização ju-
dicial cial dicial

Art. 51. O inquérito policial será CONCLUÍDO no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver
PRESO, e de 90 (noventa) dias, quando SOLTO.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser DUPLICADOS pelo juiz, ouvido
o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são
permitidos, além dos previstos em lei, mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL e ouvido o Ministério
Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos es-
pecializados pertinentes;
II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros
produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição,
sem prejuízo da ação penal cabível. (AÇÃO CONTROLADA)
PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS ESPECIAIS
INFILTRAÇÃO AÇÃO CONTROLADA
Agentes policiais são introduzidos na organi- A autoridade policial deixa de agir no momento
zação criminosa. do flagrante, de forma a identificar a responsa-
bilizar as demais pessoas envolvidas na atua-
ção criminosa.
NECESSITAM DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

COMO CAI EM PROVA, PROF?

26
Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos na Lei de Drogas, é per-
mitida a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, mediante autorização do
Ministério Público.
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são
permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Pú-
blico, os seguintes procedimentos investigatórios

GABARITO: ERRADO

Parágrafo único. Na hipótese do inciso II (ação controlada) deste artigo, a autorização será con-
cedida DESDE QUE sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito
ou de colaboradores.
#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Hipótese de inocorrência de ação controlada.


Ação controlada é uma técnica especial de investigação por meio da qual a autoridade policial ou administrativa (ex.:
Receita Federal, corregedorias), mesmo percebendo que existem indícios da prática de um ato ilícito em curso, retarda
(atrasa, adia, posterga) a intervenção neste crime para um momento posterior, com o objetivo de conseguir coletar
mais provas, descobrir coautores e partícipes da empreitada criminosa, recuperar o produto ou proveito da infração
ou resgatar, com segurança, eventuais vítimas.
Imagine que a Polícia recebeu informações de que determinado indivíduo estaria praticando tráfico de drogas. A partir
daí, passou a vigiá-lo, seguindo seu carro, tirando fotografias e verificando onde ele morava. Em uma dessas oportu-
nidades, houve certeza de que ele estava praticando crime e foi realizada a sua prisão em flagrante. A defesa do réu
alegou que a Polícia realizou "ação controlada" e que, pelo fato de não ter havido autorização judicial prévia, ela teria
sido ilegal, o que contaminaria toda prova colhida. A tese da defesa foi aceita pelo STJ?
NÃO. A investigação policial que tem como única finalidade obter informações mais concretas acerca de conduta e
de paradeiro de determinado traficante, sem pretensão de identificar outros suspeitos, não configura a ação controlada
do art. 53, II, da Lei nº 11.343/2006, sendo dispensável a autorização judicial para a sua realização.
STJ. 6ª Turma. RHC 60.251-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 17/9/2015 (Info 570).

AULA 11 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por AGENTE PÚBLICO,
SERVIDOR OU NÃO, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do
poder que lhe tenha sido atribuído.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas
pelo agente com a FINALIDADE ESPECÍFICA de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo
ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
DOLO ESPECÍFICO, ELEMENTO SUBJETIVO ESPECIAL OU ESPECIAL FIM DE AGIR
• Mero capricho ou satisfação pessoal
SOMENTE COMETE CRIME O AGENTE • Prejudicar outrem
QUE TEM O DOLO ESPECÍFICO DE: • Beneficiar a si mesmo ou 3º
BIZU:
MPB

§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas NÃO CONFIGURA


abuso de autoridade.

27
NÃO HÁ CRIME DE HERMENÊUTICA (DI- • interpretação de lei;
VERGÊNCIA DE INTERPRETAÇÃO DA LEI) • avaliação de fatos;
NA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE • avaliação de provas.

CAPÍTULO II
DOS SUJEITOS DO CRIME
Art. 2º É SUJEITO ATIVO do crime de abuso de autoridade QUALQUER agente público, SERVI-
DOR OU NÃO, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, MAS NÃO SE
LIMITANDO a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
SE LIGA!
Aqui tratamos de um rol meramente exemplificativo!

Parágrafo único. Reputa-se AGENTE PÚBLICO, para os efeitos desta Lei, todo aquele que
exerce, ainda que TRANSITORIAMENTE ou SEM REMUNERAÇÃO, por eleição, nomeação, de-
signação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, em-
prego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.

DEFINIÇÃO DE AGENTE PÚBLICO


Qualquer agente público, servidor ou NÃO
Ligado à administração direta, indireta ou Todo aquele que exerce, AINDA QUE TRAN-
fundacional de QUALQUER dos Poderes da SITORIAMENTE OU SEM REMUNERAÇÃO,
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos por eleição, nomeação, designação, contrata-
Municípios e de Território ção ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função
em órgão ou entidade da administração pú-
blica.
- servidores públicos e militares ou pessoas a
eles equiparadas;
- membros do Poder Legislativo;
ROL EXEMPLIFICATIVO - membros do Poder Executivo;
- membros do Poder Judiciário;
- membros do Ministério Público;
- membros dos tribunais ou conselhos de con-
tas.

COMO CAI EM PROVA, PROF?


01. Reputa-se agente público somente aquele que exerce de forma permanente, ainda que por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pela lei 13.869/19.

28
02. É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, apresentando-se, naquele di-
ploma, rol taxativo de agentes sujeitos ao regime nela fixado.
SE LIGA!
O gabarito das duas questões são nitidamente ERRADO, na primeira falamos de qualquer agente
públicos, seja este servidor público ou não, ainda que de forma transitória e sem remuneração!

ANOTA A OBS!
Crimes próprios, ou seja, só podem ser praticados por “agentes públicos”, nos termos do
art. 2º.
Obs.: Embora sejam crimes próprios, os delitos previstos na Lei nº 13.869/2019 admitem a co-
autoria e a participação. Isso porque a qualidade de “agente público”, por ser elementar do
tipo, comunica-se aos demais agentes, nos termos do art. 30 do Código Penal, desde que eles
tenham conhecimento dessa condição pessoal do autor

AULA 12 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
§ 1º Será admitida AÇÃO PRIVADA se a ação penal pública não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo,
no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
§ 2º A AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da
data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia
COMO CAI EM PROVA, PROF?
Os crimes da Lei de Abuso de Autoridade são de ação penal
A) privada.
B) pública condicionada à representação do ofendido.
C) pública, condicionada à conclusão do processo administrativo disciplinar.
D) pública incondicionada, não se admitindo ação privada subsidiária.
E pública incondicionada, admitindo-se, contudo, ação privada subsidiária.
SE LIGA!
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal
[...]

GABARITO: E

AULA 13 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

CAPÍTULO IV
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Seção I
Dos Efeitos da Condenação

29
Art. 4º São EFEITOS DA CONDENAÇÃO:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a reque-
rimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1
(um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II (inabilitação) e III (perda) do caput deste
artigo são CONDICIONADOS à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade
e NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo ser declarados motivadamente na sentença.

- tornar certa a obrigação de Efeito GENÉRICO


indenizar o dano causado Não precisa de fundamenta-
pelo crime ção expressa na sentença
- inabilitação para o exercício Efeitos ESPECÍFICOS
EFEITOS DA CONDENAÇÃO de cargo, mandato ou função Não são automáticos (preci-
pública sam de fundamentação ex-
- prazo: 1 a 5 anos pressa na sentença) Condicio-
- perda do cargo, do mandato nados: reincidência em crime
ou da função pública de abuso de autoridade

Seção II
Das Penas Restritivas de Direitos

Art. 5º As PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS substitutivas das privativas de liberdade pre-


vistas nesta Lei são:
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis)
meses, com a PERDA dos vencimentos e das vantagens.
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma OU cumulativa-
mente

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS


- prestação de serviços à comunidade ou a en- - suspensão do exercício do cargo, da função
tidades públicas ou do mandato → prazo: 1 a 6 meses
→ com a perda dos vencimentos e das vanta-
gens

NÃO CONFUNDA
EFEITO DA CONDENAÇÃO PENA RESTRITIVA DE DIREITO
Inabilitação – 01 a 05 anos Suspensão – 01 a 06 meses

COMO CAI EM PROVA, PROF?


Com relação à recente legislação que disciplinou os crimes de abuso de autoridade (Lei no
13.869/2019), é correto afirmar que

30
A) a legislação prevê apenas, como pena restritiva de direitos, a prestação de serviços à comu-
nidade, que poderá ser aplicada de forma autônoma ou cumulativa.
B) a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública é considerado um efeito
automático da condenação por crime de abuso de autoridade e independentemente de reinci-
dência.
C) faz coisa julgada em âmbito administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter
sido o ato praticado em estrito cumprimento de dever legal.
D) a perda do cargo é considerada um efeito automático da condenação por crime de abuso de
autoridade e independentemente de reincidência.
E) a legislação prevê apenas, como pena restritiva de direitos, a suspensão do exercício do cargo
pelo prazo de até 6 (seis) meses, que poderá ser aplicada de forma autônoma ou cumulativa.
SE LIGA!
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sen-
tença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima
defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

GABARITO: C

AULA 14 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

CAPÍTULO V
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA

Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas INDEPENDENTEMENTE das sanções de
natureza civil ou administrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão
informadas à autoridade competente com vistas à apuração.

Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são INDEPENDENTES da criminal, não se


podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria DO FATO quando essas questões
tenham sido decididas no juízo criminal.

SE LIGA!
O art. 7º traz uma exceção a essa independência das instâncias de responsabilização. A esfera
criminal tem uma espécie de “superpoder”, pois quando ela decide sobre a existência do fato e
sobre a sua autoria, as outras esferas devem seguir esse entendimento

Art. 8º Faz COISA JULGADA em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sen-
tença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima
defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

SE LIGA!
Princípio da independência de instâncias
Em regra, as penas (sanções criminais) previstas na Lei nº 13.869/2019 devem ser aplicadas
independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis. Assim, em regra,
as responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal.

31
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES E DAS PENAS

Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóte-


ses legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável,
DEIXAR DE:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória,
quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.

SE LIGA!
Obs.1: Esse crime só pode ser praticado por AUTORIDADE JUDICIÁRIA (Magistrado).
Obs.2: Sujeito passivo do crime, por sua vez, é a pessoa que ficou privada de liberdade irre-
gularmente

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de TESTEMUNHA ou INVESTIGADO manifestamente


descabida OU sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar PRISÃO EM FLAGRANTE à autoridade judiciária


no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à auto-
ridade judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra
à sua família ou à pessoa por ela indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada
pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preven-
tiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo,
de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso
quando esgotado o prazo judicial ou legal.

Art. 13. Constranger o PRESO ou o DETENTO, mediante violência, grave ameaça ou redução
de sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à
violência. CONCURSO MATERIAL

32
#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

Súmula Vinculante nº 11 do STF: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcio-
nalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a
presença de seu patrono

SE LIGA!
Obs.1: O crime se consuma quando a pessoa que tem o dever de sigilo for constrangida a
depor sob ameaça de prisão
Obs.2: O crime poderia ser praticado por agente policial ou mesmo autoridade judiciária.

Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a testemunha de crimes violentos a proce-
dimentos desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem estrita necessidade:
I - a situação de violência; ou
II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a vítima de crimes violentos, gerando
indevida revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização,
aplica-se a pena em dobro.

AULA 15 – LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

SE LIGA!
Se você já estudou a matéria de Criminologia, já deve ter estudado Vitimologia, a qual é respon-
sável por estudar o papel da vítima no crime. Nesse ponto, estudam-se as classificações das
vítimas: Primária, Secundária e Terciária. A vitimização primária consiste no próprio evento cri-
minoso. A secundária (ou sobrevitimização) está relacionada com a atuação do sistema criminal
de justiça. Já a terciária é a vitimização causada pelo meio social em que vive a vítima (família,
amigos, trabalho, etc).
Nesse sentido, podemos perceber que o crime de Violência Institucional está ligado com a viti-
mização secundária, buscando, por meio da sanção penal, evitar que ocorra.

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura
ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo
falsa identidade, cargo ou função.

33
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno,
SALVO se capturado em flagrante delito OU se ele, devidamente assistido, consentir em prestar
declarações:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária
competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da de-
mora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para
decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advo-
gado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes
de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência,
SALVO no curso de interrogatório OU no caso de audiência realizada por videoconferência.
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na MESMA cela ou espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente
na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,


imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem deter-
minação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou
suas dependências;
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar APÓS as 21h (vinte e uma horas) ou
ANTES das 5h (cinco horas).
§ 2º NÃO HAVERÁ CRIME se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados
indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de
desastre.

INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
ART. 5º, XI, CF: a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem con-
sentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial
Obs: mesmo quando houver decisão judicial, a Constituição limita e entrada na residência
ao horário do dia. A Lei do Abuso de Autoridade nada mais faz do que especificar esse horário
na tipificação deste crime, limitando esse período entre as 21h e as 5h da manhã.

34
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado
de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsa-
bilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o curso
da investigação, da diligência ou do processo.

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição
hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido,
com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à vio-
lência. CONCURSO MATERIAL

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio
manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.

Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou admi-
nistrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito fun-
cional ou de infração administrativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. NÃO HÁ CRIME quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar
sumária, DEVIDAMENTE JUSTIFICADA.

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado
ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com
o fim de prejudicar interesse de investigado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa funda-
mentada ou contra quem sabe inocente:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investi-


gado ou fiscalizado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão
de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado
ou do fiscalizado.

35
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório
de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o
acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futu-
ras, cujo sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer,
sem expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca
a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou
privilégio indevido.

Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que
extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a de-
monstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido
vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive
rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

CAPÍTULO VII
DO PROCEDIMENTO
Art. 39. APLICAM-SE ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que cou-
ber, as disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal),
e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

NOTA DO PROFESSOR!
Parabéns por ter chegado até aqui. Parabéns pela persistência, meu querido! Pode ter certeza
de que cada esforço será válido e recompensador!

A seguir, para complementar e reforçar seu estudo, temos a LEI SECA, purinha para você riscar,
rabiscar, grifar e PASSAR!

ARROCHA!

AULA 16 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO

CAPÍTULO I
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS

36
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito
da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.

Art. 2o Ao Sinarm compete:


I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro;
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País;
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia
Federal;
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências susce-
tíveis de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de se-
gurança privada e de transporte de valores;
V – identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo;
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais
e judiciais;
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a
atividade;
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importado-
res autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e
de microestriamento de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados
pelo fabricante;
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e
autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro
atualizado para consulta.

Parágrafo único. As disposições deste artigo NÃO ALCANÇAM as armas de fogo das Forças
Armadas e Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus registros próprios.

Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional,
autoriza o seu proprietário a MANTER a arma de fogo EXCLUSIVAMENTE no interior de sua
residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde
que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela POLÍCIA FEDERAL e será
precedido de autorização do Sinarm.

CERTIFICADO DE REGISTRO DE POSSE DE ARMA DE FOGO


Quem autoriza? Quem expede?
Sinarm Polícia Federal

CAPÍTULO III
DO PORTE

Art. 6o É PROIBIDO o porte de arma de fogo em todo o território nacional, SALVO para os
casos previstos em legislação própria e para:
I – os integrantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica);

37
II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição
Federal (PF, PRF, PFF, PC, PM e BM) e os da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
III – os integrantes das GUARDAS MUNICIPAIS das capitais dos Estados e dos Municípios com
mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta
Lei;
IV - os integrantes das GUARDAS MUNICIPAIS dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta
mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;

AULA 17 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO

CAPÍTULO IV
DOS CRIMES E DAS PENAS

Posse irregular de arma de fogo de uso permitido


Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de USO PER-
MITIDO, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência
ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o res-
ponsável legal do estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

38
- Atipicidade da conduta de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro vencido.
Não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) a conduta do agente que mantém
sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido. Se o agente já procedeu
ao registro da arma, a expiração do prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e
aplicação de multa. A conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal. Ex.: a Polícia, ao realizar busca e apreensão
na casa de João, lá encontrou um revólver, de uso permitido. João apresentou o registro da arma de fogo localizada,
porém ele estava vencido há mais de um ano. João não praticou crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da Lei
nº 10.826/2003).
STJ. Corte Especial. APn 686-AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/10/2015 (Info 572). STJ. 5ª Turma.
HC 294.078/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/08/2014.

- Caracteriza ilícito penal a POSSE ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) ou de arma de fogo de
uso restrito (art. 16 da Lei 10.826/2003) com registro de cautela vencido.
Obs.: ocorreu um erro no próprio julgado do STJ. Confundiram porte com posse. Mas queriam dizer PORTE.
A Corte Especial do STJ decidiu que, uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não carac-
teriza ilícito penal, mas mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa
(APn n. 686/AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015). Tal entendimento, todavia, é
restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei nº 10.826/2003), não se aplicando
ao crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14), muito menos ao delito de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
(art. 16), cujas elementares são diversas e a reprovabilidade mais intensa.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 885.281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 28/04/2020 (Info 671).

- Delegado de Polícia que mantém arma em sua casa sem registro no órgão competente pratica crime de
posse irregular de arma de fogo.
É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou possuir arma de fogo, não observa
as imposições legais previstas no Estatuto do Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão competente.
STJ. 6ª Turma. RHC 70.141-RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 7/2/2017 (Info 597)

Aplicação do Princípio da Insignificância:


O STF e o STJ admitem, EXCEPCIONALMENTE, a aplicação do princípio da insignificância aos crimes previstos na
Lei nº 10.826/03:
...) 2. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça apontava que os crimes previstos nos arts. 12, 14 e 16 da
Lei n. 10.826/2003 são de perigo abstrato, sendo desnecessário perquirir sobre a lesividade concreta da conduta,
porquanto o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física e sim a segurança pública e a paz social, colocadas
em risco com o porte de munição, ainda que desacompanhada de arma de fogo. Por esses motivos, via de regra, é
inaplicável o princípio da insignificância aos crimes de posse e de porte de arma de fogo ou munição. 3. Esta Corte
passou a acompanhar a nova diretriz jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal que admite a incidência do prin-
cípio da insignificância na hipótese da posse de pequena quantidade de munição, desacompanhada de arma-
mento hábil a deflagrá-la. 4. Para que exista, de fato, a possibilidade de incidência do princípio da insignificância,
deve-se aferir se a situação concreta trazida nos autos autoriza sua incidência.
(STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 119.662/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/02/2020).

(...) A Sexta Turma desta Casa, alinhando-se ao Supremo Tribunal Federal, passou a admitir a aplicação do princípio
da insignificância aos crimes previstos na Lei n. 10.826/2003, esclarecendo que a ínfima quantidade de munição
apreendida, aliada a ausência de artefato bélico apto ao disparo, evidencia a inexistência de riscos à incolu-
midade pública. (...)
(STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1869961/SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 19/05/2020).

Arma de fogo inapta para disparo – conduta atípica


3) Demonstrada por laudo pericial a inaptidão da arma de fogo para o disparo, é atípica a conduta de portar ou de
possuir arma de fogo, diante da ausência de afetação do bem jurídico incolumidade pública, tratando-se de
crime impossível pela ineficácia absoluta do meio. Item 3 da da edição nº 102, da Jurisprudência em Teses do STJ.

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA


39
AULA 18 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO

- Posse de arma de fogo de uso permitido com registro vencido: NÃO É CRIME
- Posse de arma de fogo de uso restrito ou proibido com registro ven- É crime
cido:
- Porte de arma de fogo de uso permitido, restrito ou proibido com É crime
registro vencido:

Omissão de cautela
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito)
anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob
sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

SE LIGA!
Obs.1: Crime omissivo próprio e culposo fechado (aquele em que a conduta ilegal é completa-
mente prevista no tipo);
Obs.2: Não cabe tentativa;
Obs.3: Só abrange arma de fogo; Não abrange munição ou acessório (já caiu em prova).
Obs.3: Se consuma com o manejo da arma pelo menor ou deficiente. Caso o acidente efetiva-
mente ocorra, poderá haver outros crimes. Devemos ressaltar que é necessário o efetivo apode-
ramento da arma por parte do menor ou pessoa portadora de deficiência mental, a simples pos-
sibilidade de isso ocorrer não gera a conduta delituosa.
Crime Próprio – o sujeito ativo é apenas o proprietário ou possuidor da arma de fogo

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa
de segurança e transporte de valores que DEIXAREM de registrar ocorrência policial e de co-
municar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas de-
pois de ocorrido o fato.

Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido


Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, aces-
sório ou munição, de USO PERMITIDO, sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver
registrada em nome do agente.

SE LIGA!
A ADI 3112 do STF declarou inconstitucional os parágrafos únicos dos arts 14 e 15 do Estatuto
do Desarmamento
O agente deste crime é aquele que manipula a arma de fogo ilegalmente. Não confunda este
crime com o de posse irregular, pois neste caso o agente apenas tem a posse ou guarda da arma
em sua residência ou local de trabalho, enquanto naquele crime o agente manipula a arma em

40
local distinto, como uma via pública ou qualquer outro local, praticando uma das condutas pre-
vistas.

POSSE (art. 12) PORTE (art. 14)


É intramuros É extramuros
- interior de residência ou dependência desta; - qualquer outro lugar que não seja o interior
ou ou dependência de residência ou local de tra-
- local de trabalho, desde que seja o titular ou balho, desde que não seja titular ou responsá-
o responsável legal do estabelecimento ou vel legal
empresa

41
#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA
- Desnecessidade de perícia.
Para que haja condenação pelo crime de posse ou porte é necessário que a arma de fogo tenha sido
apreendida e periciada?
NÃO. É irrelevante (desnecessária) a realização de exame pericial para a comprovação da potencialidade
lesiva do artefato, pois basta o simples porte de arma de fogo, ainda que desmuniciada, em desacordo com
determinação Legal ou regulamentar, para a incidência do tipo penal. Isso porque os crimes previstos no
arts. 12, 14 e 16 da lei 10.826/03 são de perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a segurança coletiva.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 12945GO, Rel. Min. Jorge Mussi. Julgado em 07/08/2014.

- Atipicidade da conduta de porte ilegal de arma de fogo ineficaz.


Para que haja condenação pelo crime de posse ou porte NÃO é necessário que a arma de fogo tenha sido
apreendida e periciada. Assim, é irrelevante a realização de exame pericial para a comprovação da poten-
cialidade lesiva do artefato. Isso porque os crimes previstos no arts. 12, 14 e 16 da Lei 10.826/2003 são de
mera conduta ou de perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a segurança coletiva. No entanto, se a
perícia for realizada na arma e o laudo constatar que a arma não tem nenhuma condição de efetuar disparos
não haverá crime. Para o STJ, não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o
instrumento apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar que-
brado e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos. Assim, demonstrada por
laudo pericial a total ineficácia da arma de fogo e das munições apreendidas, deve ser reconhecida a atipi-
cidade da conduta do agente que detinha a posse do referido artefato e das aludidas munições de uso
proibido, sem autorização e em desacordo com a determinação legal/regulamentar.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.451.397-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. em 15/9/2015 (Info 570).

- Posse ou porte apenas da munição configura crime.


A posse (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) ou o porte (art. 14) de arma de fogo configura crime mesmo que ela
esteja desmuniciada. Da mesma forma, a posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada
da arma) configura crime. Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja caracte-
rização não importa o resultado concreto da ação.
STF. 1ª Turma. HC 131771/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016 (Info 844).

- Uso de munição como pingente e aplicação do princípio da insignificância.


É atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente, munição desacompanhada de arma.
STF. 2ª Turma. HC 133984/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/5/2016 (Info 826).

- Arma de fogo encontrada em caminhão configura porte de arma de fogo (e não posse).
Se a arma de fogo é encontrada no interior do caminhão dirigido por motorista profissional trata-se de crime
de porte de arma de fogo (art. 14 do Estatuto do Desarmamento). O veículo utilizado profissionalmente NÃO
pode ser considerado "Local de trabalho para tipificar a conduta como posse de arma de fogo de uso per-
mitido (art. 12).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.219.901-MG. Rel. Min. Sebastião Reis Júnior. Julgado em 24/04/2012.

- Porte de arma de fogo por vigia após o horário de expediente.


O fato de o empregador obrigar seu empregado a portar arma de fogo durante o exercício das atribuições
de vigia não caracteriza coação moral irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir a culpabilidade do crime
de "porte ilegal de arma de fogo de uso permitido" (art. 14 da Lei nº 10.826/2003) atribuído ao empregado
que tenha sido flagrado portando, em via pública, arma de fogo, após o término do expediente laboral, no
percurso entre o trabalho e a sua residência.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.456.633-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 5/4/2016 (Info
581).

- Transporte de arma de fogo por praticante de tiro desportivo.


Pratica o crime do art. art. 14 da Lei nº 10.826/2003 o praticante de tiro desportivo que transporta, municiada,
arma de fogo de uso permitido em desacordo com os termos de sua guia de tráfego, a qual autorizava
42 o transporte de arma desmuniciada.
apenas
STJ. 6ª Turma. RHC 34.579-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 24/4/2014.
SE LIGA!
Hoje os Tribunais Superiores entendem que o crime de porte de arma de fogo se consuma
independentemente de a arma estar municiada, mas o STJ entende que, se laudo pericial
reconhecer a total ineficácia da arma de fogo e das munições, deve ser reconhecida a atipi-
cidade da conduta.

COMO CAI EM PROVA, PROF?


(PF – Delegado de Polícia Federal – 2021 – Cebraspe) Com relação aos crimes previstos em
legislação especial, julgue o item a seguir.

É conduta atípica o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido com registro de cautela vencido.
Certo Errado
SE LIGA!
Corte Especial do STJ decidiu que, uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da auto-
rização não caracteriza ilícito penal, mas mera irregularidade administrativa que autoriza a apre-
ensão do artefato e aplicação de multa (APn n. 686/AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte
Especial, DJe de 29/10/2015).

Tal entendimento, todavia, é restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de USO
PERMITIDO (art. 12 da Lei nº 10.826/2003), não se aplicando ao crime de porte ilegal de arma
de fogo (art. 14), muito menos ao delito de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16),
cujas elementares são diversas e a reprovabilidade mais intensa. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp
885.281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 28/04/2020 (Info 671)

GABARITO: ERRADO

AULA 19 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Disparo de arma de fogo


Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática
de outro crime: CRIME SUBSIDIÁRIO
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.

SE LIGA!
A ADI 3112 do STF declarou inconstitucional os parágrafos únicos dos arts 14 e 15 do Estatuto
do Desarmamento
Destaca-se que para que se caracterize o crime de disparo de arma de fogo, este deve ser
praticado nos seguintes locais:
● Lugar habitado ou suas adjacências;
● Via pública ou em direção a ela.

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito


Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,

43
acessório ou munição de USO RESTRITO, sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:


I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo
ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de
fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro
autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar;

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Portar granada de gás lacrimogênio ou de pimenta não configura crime do Estatuto do Desarmamento.
A conduta de portar granada de gás lacrimogênio ou granada de gás de pimenta não se subsome (amolda) ao delito
previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram no conceito de
artefatos explosivos.
STJ. 6ª Turma. REsp 1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. em 21/02/2017 (Info 599).

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, muni-
ção ou explosivo.

SE LIGA!
A conduta de possuir, portar, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo, seja de uso permi-
tido, restrito ou proibido, com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação ras-
pado, suprimido ou adulterado, implica a condenação pelo crime estabelecido no art. 16, pará-
grafo único, IV, do Estatuto do Desarmamento.

§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de USO


PROIBIDO, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

44
#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

- Depois da Lei 13.497/2017, tanto o caput como o parágrafo único do art. 16 da Lei 10.826/2003 são
hediondos.
A qualificação de hediondez aos crimes do art. 16 da Lei nº 10.826/2003, inserida pela Lei nº 13.497/2017,
abrange os tipos do caput e as condutas equiparadas previstas no seu parágrafo único.
STJ. 6ª Turma. HC 526.916-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 01/10/2019 (Info 657).

Obs.: Julgado anterior ao pacote anticrime. #CUIDADO

- Magistrado que mantém sob sua guarda arma ou munição de uso restrito não comete crime.
O Conselheiro do Tribunal de Contas Estadual que mantém sob sua guarda arma ou munição de uso restrito
não comete o crime do art. 16 da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). Os Conselheiros dos Tri-
bunais de Contas são equiparados a magistrados e o art. 33, V, da LC 35/79 (LOMAN) garante aos magis-
trados o direito ao porte de arma de fogo.
STJ. Corte Especial. APn 657-PB, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/10/2015 (Info 572).

AULA 20 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Comércio ilegal de arma de fogo


Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou muni-
ção, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.

§ 1º EQUIPARA-SE à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma
de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exer-
cido em residência.

§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial dis-
farçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexis-
tente.

Tráfico internacional de arma de fogo


Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do TERRITÓRIO NACIONAL, a qualquer
título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena – reclusão de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou
munição, em operação de IMPORTAÇÃO, sem autorização da autoridade competente, a agente
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.

ESTATUTO DO DESARMAMENTO (TIPICIDADE - ATIPICIDADE)


- Posse de arma de fogo de uso permitido com registro vencido NÃO É NÃO É CRIME
CRIME (Info 572, STJ)

45
- Posse de arma de fogo de uso restrito ou proibido com registro ven- É crime (Info 671,
cido STJ)
- Porte de arma de fogo de uso permitido, restrito ou proibido com É crime (Info 671,
registro vencido STJ)
- Delegado de Polícia que mantém arma em sua casa sem registro no É crime (Info 597,
órgão competente STJ)
- Magistrado que mantém sob sua guarda arma ou munição de uso res- NÃO É CRIME
trito (Info 572, STJ)
- Arma de fogo ineficaz NÃO É CRIME
(Info 570, STJ)
- Posse ou Porte de arma de fogo desmuniciada
É crime
Obs.: O roubo com emprego de arma desmuniciada configura a ma- (Info 699, STJ)
jorante do emprego de arma de fogo? STF: SIM; STJ: NÃO.
- Posse ou Porte apenas de munição
Em regra, É crime
Obs.: Há julgados do STF e STJ reconhecendo a atipicidade material (Info 844, STF)
do porte de pequena quantidade de munição (a depender do caso
concreto).
- Porte de granada de gás lacrimogênio ou de pimenta NÃO É CRIME DO
ART. 16 (Info 599,
Obs.: O STJ não disse que não é crime, apenas rejeitou a tese de STJ)
que enquadraria no art. 16 do Estatuto do Desarmamento.

#DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA

Importação de colete à prova de balas configura contrabando.


Configura crime de contrabando (art. 334-A do CP) a importação de colete à prova de balas sem prévia
autorização do Comando do Exército.
STJ. 6ª Turma. RHC 62.851-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/2/2016 (Info 577)

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 (comério ilegal) e 18 (tráfico internacional), a pena é
AUMENTADA da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou
restrito.

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18 (não aplica-se aos crimes de posse
ilegal de uso permitido e de omissão de cautela), a pena é AUMENTADA da metade se:
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta
Lei; ou
II - o agente for reincidente ESPECÍFICO em crimes dessa natureza.

- comércio ilegal - trá- *uso proibido ou res-


fico internacional trito
- porte ilegal de arma *praticados por inte-
de fogo de uso permi- grante dos órgãos e
CAUSAS DE AU- tido empresas referidas 1/2
MENTO DE PENA nos arts. 6º, 7º e 8º

46
- disparo de arma de *agente for reincidente
fogo específico em crimes
- posse ou porte ilegal dessa natureza
de arma de fogo de
uso restrito
- comércio ilegal
- tráfico internacional

SE LIGA!
Não se aplica aos crimes de posse ilegal de uso permitido e de omissão de cautela As empresas
mencionadas são aquelas que desenvolvem as atividades de segurança privada e transporte de
valores.

COMO CAI EM PROVA, PROF?


(Pref Osasco – Guarda Civil Municipal – 2022 – Vunesp) Considere o seguinte caso hipotético:
Astrômio foi surpreendido pela Polícia Militar, portando arma de fogo, de uso permitido, sem au-
torização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Astrômio é reincidente es-
pecífico neste crime. Diante desta situação e nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro
de 2003 (Estatuto do Desarmamento), é correto afirmar que Astrômio cometeu
a) o crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido”, cuja pena será aumentada de
metade em razão da reincidência específica.
b) um crime comum previsto no Código Penal, não havendo qualquer previsão de aumento de
pena na hipótese de reincidência.
c) o crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido” que possui uma qualificadora da
reincidência específica.
d) um crime comum previsto no Código Penal, que possui uma qualificadora da reincidência es-
pecífica.
e) um crime comum previsto no Código Penal, cuja pena será aumentada de metade em razão
da reincidência específica.

GABARITO: A

47

Você também pode gostar