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Direito Penal

Prof. Nidal Ahmad


Prof. Arnaldo Quaresma
Prof. Letícia Neves
Prof. Mauro Stürmer
2ª FASE OAB | PENAL | 39º EXAME

Semana de Revisão exclusiva


para alunos

SUMÁRIO

1. Leis Especiais - Prof. Mauro Stürmer....................................................................... 03


2. Direito Penal e Processo Penal - Prof. Arnaldo Quaresma.................................... 13
3. Processo Penal - Prof. Letícia Neves...................................................................... 20
4. Direito Penal - Prof. Nidal Ahmad........................................................................... 25

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas da Revisão Turbo do curso
preparatório para a 2ª Fase OAB. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas
acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em janeiro de 2024.
E-book da Semana de Revisão
OAB 2ª Fase Penal

Leis especiais

1 Lei de Drogas - Lei nº 11.343/06

Norma penal em branco


A Lei de drogas (Lei nº 11.343/06) é uma norma penal em branco, uma vez que a portaria
344 da Anvisa a completa, conforme o artigo 66 da Lei nº 11.343/06.

E se determinada droga deixa de estar prevista na portaria?

Determinada pessoa foi processada ou está sendo condenada por


portar a droga X, que estava na portaria da Anvisa. Entretanto, devido a
nova lei, a droga mencionada é retirada da portaria, ou seja, terá
reflexos em sua aplicação, pois caracteriza uma "novatio legis in
mellius". Neste caso, ocorreu extinção da punibilidade em razão de
que a norma deixou de considerar o fato como criminoso, conforme
artigo 107, inciso III, do Código Penal.

Pode haver a combinação de leis?


Não! Conforme a súmula 501 do STJ, é vedada a "lex tertia" (combinação de leis).

SÚMULA 501 DO STJ

É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da


incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo
da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.

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E-book da Semana de Revisão
OAB 2ª Fase Penal

Usuário ≠ traficante
· Usuário nunca será preso (art. 28 da Lei de Drogas).

A condenação no art. 28 não vai gerar a reincidência. Ademais, seguirá o


rito aplicado na Lei 9.099/95, resolvido no Juizado Especial Criminal.

Crime de tráfico de drogas


O crime de tráfico de drogas, disposto no art. 33 da Lei 11.343/2006, possui dezoito verbos em
seu enunciado. Caso seja praticado mais de um dos verbos, no mesmo contexto fático, será um
crime único; se não houver o mesmo contexto fático há pluralidade de crimes.
Princípio da Alternatividade

É possível portar legalmente a droga?

Sim! Art. 33 da Lei 11.343/06 (parte final). Exemplo: Um oficial de Justiça conduzindo
10kg de drogas, a partir da Sede do Fórum até o local em que ela será destruída, sendo
escoltado pela polícia. Veja que ele possui a autorização para carregá-la.

Vender drogas para crianças e adolescente é crime do artigo 33 da Lei de


Drogas ou será o artigo 243 do ECA?
O Artigo 33 da Lei nº 11.343/06 fala em “drogas” (Portaria 344 da Anvisa) e o artigo 243
fala em “produtos que causem dependência física ou psíquica”, o que não deixa de ser
uma droga – só aplica o art. 243 se esse produto não estiver relacionado na Portaria
344/98 da ANVISA, se estiver relacionado na portaria como droga será o artigo 33. Pode-
se exemplificar com a “cola de sapateiro”.

Se a substância não está na portaria Se a substância está na portaria


344/98 da ANVISA. Exemplo: "cola 344/98 da ANVISA. Exemplo:
de sapateiro". cocaína.

Se aplica o artigo 243 do ECA Se aplica o artigo 33 da Lei de Drogas

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Tráfico de menor potencial ofensivo

Exemplo: Oferecer drogas para alguém de seu relacionamento, para


juntos consumirem. Nesse caso, a pena será de 6 meses a 1 ano, e o
delito será tramitado no Juizado Especial Criminal, por força de sua
pena.

São hediondas as seguintes condutas


Art. 33, caput, da Lei 11.343/06;
Art. 33, § 1º, da Lei 11.343/06;
Art. 34 da Lei 11.343/06 (maquinismo);
Art. 36 da Lei 11.343/06 (financiamento);
Art. 37 da Lei 11.343/06 (informante).

Laudos que comprovam a materialidade do delito de tráfico de drogas


Laudo de mera constatação: Utilizado para a prisão em flagrante e para que o
Ministério Público ofereça a denúncia. Exemplo: Chamado de “Blue teste”.
Laudo definitivo de substância entorpecente: O laudo definitivo é necessário para a
condenação, sem o laudo definitivo não se tem comprovada a materialidade do delito.

IMPORTANTE: Não se pode condenar exclusivamente com o laudo de mera


constatação.

Plantação de maconha é crime de tráfico de drogas?


A determinação do delito depende da circunstância.

EXEMPLO:

O fato de plantar a droga maconha para uso próprio, enquadra-se no art. 28, § 1º, da Lei
11.343/06. Por outro lado, se a plantação da droga tiver como objetivo a comercialização,
será tipificado no art. 33, § 1º, inc. II, da Lei 11.343/06.

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Diferença entre o artigo 36 e o artigo 40, VII, da Lei 11.343/06

Art. 36 da Lei 11.343/06 Art. 40, inc. VII, da Lei 11.343/06

O sujeito apenas investe, financia o Nesse caso, além de entrar com o


delito. O dinheiro parte dele, mas dinheiro, o sujeito comete o delito
ele não pratica o ato de traficar. de tráfico de drogas.

Procedimento especial da Lei nº 11.343/06

MP tem 10 dias para


Inquérito policial (art. 51) oferecer denuncia, Autos voltam ao juiz –
- indiciado preso 30 dias + 30 dias podendo arrolar 5 art. 55, § 4º; juiz decide
- indicado solto 90 dias + 90 dias testemunhas – art. 54, III em 5 dias

Remessa ao juiz – art. 54 Defesa preliminar – art. 55; Juiz recebe a denúncia,
– remete ao MP (onde fala em acusado, designa audiência una,
deveria ser denunciado, concentrada – art. 56
pois ainda não foi recebida
a denúncia); a defesa deve
arrolar testemunhas, no
máximo 5, sob pena de
preclusão

A denúncia oferecida não tem recebimento de imediato pelo juiz.


Será determinada a notificação ou citação, para que, em 10 dias, o
denunciado apresente a defesa prévia.
O pedido principal está no art. 395, do CPP = rejeição da denúncia.

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2 Lavagem de dinheiro
A Lei 9.613/98 (lavagem de dinheiro) incide em qualquer infração penal, seja crime
ou contravenção penal.
A denúncia deve conter justa causa, a qual é duplicada, em razão de que deve
conter os dois crimes.

EXEMPLO:

Materialidade do delito de tráfico de drogas, e de que, com esse lucro, o sujeito


lavou dinheiro, cometendo o segundo delito.

A competência para julgar o crime de lavagem de dinheiro se dará em razão do crime


antecedente.

EXEMPLO:

Se o sujeito praticou o delito de tráfico internacional de drogas (Art. 70), e com esse
dinheiro cometeu a lavagem, a competência será da Justiça Federal.

A atual lei brasileira é uma lei de 3ª geração, pois aceita qualquer infração como
antecedente para a Lavagem;

Fases da Lavagem: Introdução, Dissimulação e Reintegração;


Crime antecedente: deve ser crime produtor de bens ou dinheiro;
Justa Causa Duplicada: na Inicial o MP deve trazer a justa causa do crime de
lavagem e da infração antecedente;
Competência: definida pela competência para o crime antecedente;
Não se aplica o art. 366, CPP;
O STF admite a autolavagem.

Crime

Art. 2º: Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta


pessoa, ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA:
Pena: reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas
correspondentes às demais infrações penais praticadas.

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Meios de Obtenção de Prova


Ação controlada (deve apenas ser comunicada ao Juiz). No caso de transposição de
fronteira devemos ter a colaboração do agente policial do outro Estado.

Infiltração de Agentes:
Autorização Judicial;
Não podemos ter outra forma de obter a prova;
Pode ser requerida pelo MP ou por representação da Autoridade Policial;
Prazo de 6 meses – renováveis;
O agente deve guardar proporcionalidade na sua atuação (responderá pelos
excessos);

O Delegado e o MP terão acesso a dados cadastrais sem a necessidade de ordem


judicial (bancos, provedores de internet, administradoras de cartão de crédito etc)
Escutas ambientais
Interceptações telefônicas (Lei 9.296/96 – crime punido com reclusão, ordem
judicial e não houver outra forma de realizar a prova, prazo de 15 dias (renováveis).

3 Tortura
A tortura deve ser diferenciada de maus tratos com base na intensidade do
tratamento, do sofrimento físico e mental. Os delitos de tortura são equiparados a
hediondo, sendo presentes as modalidades: tortura prova, tortura castigo, tortura
discriminatória e tortura crime.
EXCEÇÃO: A tortura por omissão não é equiparada a hediondo.

Tortura qualificada pela morte: Homicídio qualificado pela tortura:

Quando o sujeito está torturando Quando o sujeito quer matar e quer


fisicamente alguém que, em razão torturar. A tortura age como meio,
dessa atitude, acaba falecendo. mas a intenção é praticar a morte.
Aqui há a culpa na morte da vítima,
trata-se de um crime preterdoloso.

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A lei de tortura tem extraterritorialidade, ou seja, aplica-se mesmo que o


crime não tenha sido cometido em território nacional, desde que a vítima seja
brasileira, ou que o território seja de administração brasileira.

4 Terrorismo
Lei nº 13.260/16
No Brasil, não é exigível que se tenha mais de um indivíduo para caracterizar-se
terrorismo.
Elementos do terrorismo: ato violento, finalidade, elemento teatral, ausência de
arrependimento.
O ato da preparação também é considerado terrorismo, não só o consumado.
A competência sempre será da Justiça Federal e atribuição da Polícia Federal.

5 Ordem tributária
Lei 8.137/90
A materialidade do crime de omissão de pagamento de tributo depende do
lançamento, quando o sujeito teve a chance de pagar e não o fez. Faltando o
lançamento, é caso de atipicidade, com fundamento na Súmula Vinculante 24.
O pagamento do débito tributário, a qualquer tempo, extingue a punibilidade
do acusado.

Súmula vinculante 24: Não se tipifica crime material contra a ordem


tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do tributo.

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6 Organização criminosa

Conceito
Art. 1º, § 1º. Considera-se organização criminosa a associação de:

(a) quatro (4) ou mais pessoas;


(b) estruturalmente ordenada e
(c) caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com
(d) objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza,
mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4
anos, ou que sejam de caráter transnacional.

7 Colaboração Premiada/Delação Premiada

Requisitos:

1) A delação premiada deve ser submetida ao contraditório;


2) Deve conter a confissão do acusado, pois senão constituirá simples meio de
defesa;
3) Deve encontrar amparo em outros meios de prova.
4) Se for extrajudicial, deve ser confirmada em juízo.

Procedimentos
Trifásico.
1) Fase de negociação e acordo;
2) Fase de homologação judicial;
3) Fase de sentença.

Observação 1: segundo o STF é constitucional a possibilidade de o Delegado de Polícia


celebrar o acorde de delação premiada (ADI 5508/DF).
Observação 2: No caso de o Delator envolver Autoridade com foro por prerrogativa da
função, o Tribunal competente para julgar a Autoridade deverá homologar o acordo.

Cuidado:
O artigo 4°, parágrafo 16, dispõe que nenhuma sentença condenatória será proferida
com fundamento apenas das declarações do agente colaborador;

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Benefícios para o Delator/Colaborador

Antes da Condenação: Após a condenação:


• Perdão Judicial (art. 4, § 2º); • Art. 4, § 5º Se a colaboração for posterior à
• Reduzir a pena em 2/3 (art. 4, § 2º); sentença:
• Substituir a PPL por PRD (art. 4, § 2º); - a pena poderá ser reduzida até a metade;
• Suspensão do prazo para oferecimento da - será admitida a progressão de regime ainda
denúncia por 6 meses (prorrogáveis) – art. 4, § 3º); que ausentes os requisitos objetivos.
• Deixar de oferecer a denúncia (quando: não for o
líder e for o primeiro a colaborar) – art. 4, § 4º.

Atenção:
2 - Nos depoimentos que prestar, o
1 - Nenhuma sentença condenatória será proferida
colaborador
com fundamento apenas nas declarações de
renunciará, na presença de seu defensor,
agente colaborador
ao direito ao silêncio e estará sujeito ao
compromisso legal de dizer a verdade.

8 Lei dos Crimes Hediondos

Art. 1º da Lei nº 8.072/90

São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda
que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V,
VI, VII e VIII);
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida
de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos
arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição;
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);

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II - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão


corporal ou morte (art. 158, § 3º);
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e
3º);
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º);
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada
pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança
ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
perigo comum (art. 155, § 4º-A).

Ver: artigo 1º, parágrafo único, da Lei nº


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Direito Penal e Processo Penal

1 Nulidades
Conceito de nulidade
Nulidade é o vício que contamina determinado ato processual, praticado sem a
observância da forma prevista em lei, podendo invalidar o ato ou o processo, no todo
ou em parte.
É uma violação ao modelo legal, que gera prejuízo para as partes. Se não houver
prejuízo, não há que se falar em nulidade.

Art. 563 do CPP - Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não
resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.

Nulidade não é peça processual, nulidade é uma matéria que se pode alegar em
qualquer peça, em tópico de preliminar.

Fundamentação
1) Constituição Federal: artigo 5º
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

2) Art. 564 do CPP (rol das nulidades em espécie)


[...] IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.

3) Próprio artigo violado


Alguns exemplos:
violação do artigo 89 da Lei 9.099/95;
violação do artigo 28-A do Código de Processo Penal;
violação do artigo 212 do Código de Processo Penal;
violação do artigo 413, §1º, do Código de Processo Penal;
violação do artigo 411 do Código de Processo Penal;
violação do artigo 514 do Código de Processo Penal.

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EXEMPLO:

Na peça do XXXIV Exame, a tese de nulidade foi pontuada da seguinte forma:


5. Preliminarmente, nulidade da pronúncia ou nulidade da instrução (0,30), por
violação ao princípio da ampla defesa e contraditório ou devido processo legal
(0,15), nos termos do Art. 5º, inciso LIV ou LV, da CRFB/88 ou do Art. 564, inciso IV,
do CPP (0,10).
5.1. Houve inadequada inversão da ordem de oitiva das testemunhas ou as
testemunhas de defesa foram ouvidas antes das testemunhas de acusação (0,30),
em desrespeito à previsão do Art. 411 do CPP (0,10).

Constituição Federal + art. 564 (inciso correspondente) do CPP + artigo violado

Efeitos do reconhecimento da nulidade


Necessidade de refazimento do ato reconhecido e dos que dele dependam ou sejam
consequência.

EXEMPLO:

Sentença condenatória sem fundamentação juiz terá que refazer a sentença,


mantendo os atos anteriores, uma vez que não dependem dela.

2 Provas

Princípios importantes
a) contraditório: significa que toda prova realizada por uma das partes admite a
produção de uma contraprova pela outra. Significa garantir a participação das
partes no processo, bem como o poder de influência na decisão judicial.

b) não autoincriminação (nemo tenetur se detegere): princípio da inexigibilidade


de produção da prova contra si mesmo, fazendo que o acusado não seja obrigado
a realizar alguma conduta positiva que pode lhe incriminar.

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EXEMPLO:

Não é obrigado a realizar o exame de etilômetro.

Sistema do livre convencimento motivado


O CPP adotou, como regra, o do livre convencimento do juiz, fundamentado na
prova produzida sob o contraditório judicial (Art. 155, caput, do CPP).

Elementos de informação x elementos de prova:


Elemento de Informação: Produzidos na fase investigatória, sem observância
do contraditório e ampla defesa - finalidade: decretação das medidas
cautelares e formação da opinio delicti do titular da ação penal.
Elementos de Prova: Produzidos na fase judicial, com observância do
contraditório e da ampla defesa - finalidade: convencimento do magistrado).

Regra Geral: o magistrado não poderá fundamentar sua decisão


exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação.
Exceção: Provas Cautelares, Irrepetíveis ou Antecipadas.

Prova Irrepetível: Não é produzida e nem submetida ao crivo do


contraditório (contraditório impossível) – a doutrina exige a característica da
imprevisibilidade. Exemplo: Morte de testemunha (se já era previsível – Art.
225 do CPP).

Prova Cautelar: É produzida sem observância do contraditório (normalmente


na fase investigatória), sendo submetida ao contraditório posteriormente em
juízo. Exemplo: Prova Pericial.

Prova Antecipada: Produzidas em juízo de forma antecipada, ainda que na


fase de investigação. Exemplo: Art. 225 do CPP - ver Art. 156, inciso I, do
CPP.

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Provas Ilícitas (Art. 157 do CPP)


Violação de regras direito material, produzindo reflexos diretos ou indiretos em
direitos e garantias constitucionais. Exemplo: interceptação telefônica e busca e
apreensão sem ordem judicial, violação carta lacrada, grampo, coação em
interrogatório policial (afrontamento direito ao Art. 5°, X, XI, XII, e LXIII, da CF/88).

Consequências do uso de provas ilícitas:


desentranhamento e, uma vez preclusa a decisão de desentranhamento da
prova declarada inadmissível, esta será inutilizada.

Reconhecimento Pessoas e Coisas

Deve seguir o previsto no artigo 226 do CPP. O STJ entende pela ilegalidade do
reconhecimento efetuado fora do padrão do artigo 226 CPP, reconhecendo que
tal reconhecimento ilegal não pode justificar uma condenação.

Cadeia de custódia

Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados


para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais
ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte

Ver artigos 158-A, 158-B, 158-C, 158-D, 158-E, 158-F do Código de


Processo Penal!

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3 Crimes em espécie

Teses de absolvição
É importante verificar se realmente estão presentes as elementares do tipo penal, se
o fato descrito no enunciado realmente configura o crime.

Teses de diminuição da responsabilização penal do acusado


a) Desclassificação;
b) Afastamento de qualificadora ou causa de aumento de pena;
c) Reconhecimento de causa de diminuição de pena.

Sistema "cara/crachá"

Enunciado Tipo penal


"cara" "crachá"
Arnaldo, de 22 anos, inicia um Art. 217-A do CP: Ter conjunção carnal
relacionamento com Mônica, de 14 ou praticar outro ato libidinoso com
anos. Ambos costumam manter menor de 14 (catorze) anos.
relação sexual consentida. Elena,
Ter conjunção carnal ou
amiga de Mônica, sempre foi
praticar outro ato libidinoso
apaixonada por Arnaldo e, movida
por ciúmes, resolve noticiar às O enunciado narra que
autoridades sobre as relações realmente ocorreu a prática de
mantidas entre Arnaldo e Mônica, no conjunção carnal.
intuito de incriminá-lo por estupro de
com menor de 14 anos
vulnerável. Noticiado o fato em sede
O enunciado indica que a vítima
policial e concluídas as investigações,
possuia 14 anos (ou seja, não é
o Ministério Público ofereceu
menor de 14 anos). Assim, o fato
denúncia, imputando a Arnaldo o
é atípico, devendo Arnaldo ser
crime de estupro de vulnerável,
absolvido.
previsto no Art. 217-A do CP.

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Irretroatividade da lei penal mais severa

É necessário cuidar o momento em que o crime entrou em vigor e a data em que o


fato foi praticado, pois pode ser cobrada tese relacionada a isso. Exemplo:
A Lei 14.155/2021 inseriu o §4º-B no artigo 155 do Código Penal: A pena é de
reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não
à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança
ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.
Essa qualificadora só se aplica aos fatos praticados após a entrada em vigor da
Lei. Dessa forma, se o enunciado narrar um fato praticado em 2020, não
poderia incidir essa qualificadora.

Momento consumativo

Se atentar para o momento consumativo dos crimes, pois pode ser cobrada tese
relacionada a isso.

Crimes materiais: a consumação ocorre com a produção do resultado


naturalístico.
Crimes formais: o tipo penal descreve a conduta e o resultado, mas para a
consumação não é exigido o resultado naturalístico.

Exemplo: O sujeito aborda a vítima na rua com uma arma de fogo e a obriga a
transferir R$1.000,00 para determinada conta. A vítima tenta fazer a transferência,
mas ela não é concluída por falha no aplicativo. A autoridade policial indicia o
sujeito por extorsão tentada (artigo 158 do CP c/c artigo 14, II, do CP). A capitulação
delitiva está correta?
Não, a extorsão foi consumada, pois se trata de um crime formal. Conforme a
súmula 96 do STJ, o crime de extorsão consuma-se independentemente da
obtenção da vantagem indevida.

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OAB 2ª Fase Penal

É cabível tese em busca da redução da pena em furto qualificado


privilegiado? Sim, desde que estejam presentes a primariedade do agente,
o pequeno valor da coisa, e sendo a qualificadora de ordem subjetiva. Ver
Súmula 511 do STJ.
É cabível tese que afaste a consumação dos delitos de furto e roubo? Sim,
para serem consumados é necessário a inversão da posse. Ver Súmula 582
do STJ.

Hediondez do homicídio simples: somente se for praticado em atividade


típica de grupo de extermínio.
Homicídio Qualificado: Não se pode acumular duas qualificadoras
subjetivas, pois elas são incompatíveis entre si. Exemplo: Ou é motivo
fútil ou motivo torpe, os dois juntos não pode. Uma qualificadora
subjetiva + uma objetiva = pode.

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OAB 2ª Fase Penal

Processo Penal

1 Procedimento do Júri

2ª Fase do Júri - art. 422 até 497 do CPP:

Sorteio do Conselho de Sentença do Juiz


Instrução é realizada em
Sentença - art. 447 e 463, Presidente do Tribunal do
plenário - art. 473, CPP
ambos do CPP Júri - art. 492 do CPP

Apelação - art. 593, III, CPP

IMPORTANTE:

Desaforamento: deslocamento da competência territorial do júri para outra


comarca, art. 427, CPP quem decide é o Tribunal de Justiça ou Tribunal
Regional Federal - Câmara ou Turma;
O art. 478 do CPP menciona o que não pode ocorrer em plenário, sob pena de
nulidade;
O recurso da sentença é a Apelação (art. 593, III, CPP), com prazo de 5 dias para
interposição. Lembre-se: será interposta perante o Juiz Presidente do Tribunal
do Júri;
ATENÇÃO: Se for assistente de acusação SEM habilitação nos autos, o prazo
será de 15 dias.

Ver Súmula 713 do STF

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OAB 2ª Fase Penal

Apelação das decisões do Juiz Presidente - 2ª Fase do Júri

Base legal Hipótese de cabimento Pedido


- Acolhimento / Reconhecimento da
Art. 593, III, a, CPP Ocorrer nulidade posterior à pronúncia nulidade, com submissão do réu a
novo júri

A sentença do Juiz Presidente for contrária


- Retificação da decisão / art.
Art. 593, III, b, CPP à letra expressa da Lei ou à decisão dos
593, §1º, CPP
jurados

Art. 593, III, c, CPP Quando houver erro ou injustiça à aplicação da - Retificação da pena / art.
pena ou da medida de segurança 593, §2º, CPP

- Nulidade do julgamento,
Quando a decisão dos jurados for submissão do réu a novo Júri - art.
Art. 593, III, d, CPP manifestamente contrária à prova dos 593, §3º, CPP
autos - Novos jurados – 449, I, CPP +
Súmula 206 do STF

Determinada a execução provisória, no caso de condenado à pena igual ou superior a 15


anos, postular em apelação o efeito suspensivo - art. 492, § 5º e § 6º do Código de
Processo Penal.

2 Execução Penal
A competência é do juiz da Vara de Execuções Criminais, de acordo com o art. 66 (rol
exemplificativo) da Lei 7.210/84.
OBS: Ver súmula 192 do STJ.

Progressão de regime:

TEMPO + COMPORTAMENTO

A progressão de regime é gradativa, parte do regime mais severo para o menos


gravoso. O bom comportamento é atestado pelo diretor do sistema penitenciário.
Devem ser observados com atenção os critérios do art. 112 da Lei 7.210/84.

Para mulheres gestantes, mães ou responsáveis por crianças ou


pessoas com deficiência, os requisitos para a progressão de regime são
cumulativos, de acordo com o § 3º do art. 112 da Lei de Execução Penal.

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OAB 2ª Fase Penal

Regressão de regime:
A regressão de regime está prevista nos artigos 118 e 146-C, parágrafo único, da LEP.

Antes de regredir o regime, o preso deve ser ouvido, pois ele tem o direito de
se justificar - art. 5º, LV, CF e art. 118, § 2º, da Lei de Execução Penal.

Remição da pena:
Para aqueles detentos que estudam ou trabalham, também pode se aplicar ambas as
ocasiões, quando compatíveis - art. 126 e 127 da LEP;

Remição por trabalho: cabível no regime fechado e semiaberto;


Remição por estudo: cabível no regime fechado, semiaberto, aberto e no
livramento condicional.

Ver art. 127 da Lei de Execução Penal

Livramento Condicional:
O livramento condicional está previsto no art. 83 do Código Penal.

Requisito temporal (I, II e V):


I - cumprida mais de 1/3 da pena, se o condenado não for reincidente em crime doloso
e tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais de metade da pena, se o condenado for reincidente em crime doloso;
V - cumpridos mais de 2/3 da pena, em casos de condenação por crime hediondo,
tráfico de drogas, turtura, terrorismo e tráfico de pessoas, se o apenado não for
reincidente específico em crimes dessa natureza.
demais requisitos - incisos III e IV do CP.

Indulto:
O indulto é um perdão via decreto judicial, que extingue a punibilidade. No entanto,
mesmo que o agente tenha sido indultado, mantem-se os efeitos da reincidência. Ver
súmula 631 do STJ.

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OAB 2ª Fase Penal

Agravo em Execução:
É o recurso cabível das decisões do Juiz da Vara de Execução Penal, nos termos do
art. 197 da LEP;
Prazo de 5 dias para interposição, conforme súmula 700 do STF;
O processamento deste recurso é idêntico ao do Recurso no Sentido Estrito,
portanto aplicamos o art. 589 do CPP - que dispõe sobre o Juizo de Retratação;
Contrarrazões ao Agravo em Execução utiliza-se o art. 588 do CPP - Prazo de 2 dias.

Rito
Peça bipartida Base legal
Deve ser adotado o
Interposição Juiz de 1º Grau mesmo rito do recurso Art. 197 da Lei 7.210/84
em sentido estrito, (LEP)
Razões Tribunal notadamente no que
se refere ao prazo,
juízo de retratação e Juízo de retratação
processamento
Identificação Na peça de interposição, lembre-se
de postular o juízo de retratação,
O último ato processual
informado no enunciado é uma
decisão do juízo da execução!
Agravo em conforme artigo 589 do CPP

Execução Prazo
Conteúdo O prazo para interposição é, em
regra, de 5 dias, a contar da
Não há um rol taxativo, sendo cabível para impugnar intimação (Súmula 700 do STF)*
qualquer decisão proferida pelo juízo da execução penal, *na prova da OAB as razões são apresentadas
cuja competência é definida no art. 66 da LEP, como, por junto com a interposição, no prazo de 5 dias
exemplo, em relação aos seguintes temas:
Decisão que concede ou nega a progressão de regime;
Pedidos
Decisão que determina a regressão do regime carcerário e
perda dos dias remidos; Conhecimento, provimento e
Decisão que indefere o pedido de unificação das penas; reforma da decisão
Decisão que concede ou nega o pedido de livramento condicional;
Decisão que indefere o pedido de saídas temporárias; Pedir tudo o que foi alegado
Decisão que concede ou nega o pedido de indulto, comutação, remição. nas teses

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3 Revisão Criminal

Base legal
Identificação
Sentença transitada em julgado Art. 621 do CPP (indicar inciso
Não cabe em prol da
correspondente)
sociedade, somente em
prol do réu Prazo
Pode ocorrer a qualquer tempo,
Competência inclusive após a extinção da pena
É originária dos tribunais,
jamais sendo apreciada por Legitimidade
juiz de primeira instância
Revisão Do réu ou do procurador
legalmente habilitado ou, no caso

Conteúdo
Criminal de morte do réu, do cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão
(Art. 623 do CPP)
sentença condenatória contrária ao texto
expresso da lei penal;
Pedidos
sentença com contrariedade à evidência dos
autos; Absolvição;
sentença condenatória fundada em Alteração da classificação do crime;
depoimentos, exames ou documentos Modificação da pena;
comprovadamente falsos;
Anulação do processo;
após a sentença, se descobriram novas
provas de inocência do condenado ou Indenização;
circunstância que determine ou autorize Pode solicitar a concessão de liminar,
diminuição especial da pena. se for o caso.

4 Recurso Ordinário Constitucional

É o recurso cabível em decisão do Tribunal DENEGANDO ordem de Habeas Corpus;


Artigo 30 da Lei 8.038/90 e artigo 102, II, a, da Constituição Federal;
Prazo de 5 dias;

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Direito Penal

1 Nexo de causalidade

Causas absolutamente independentes


Quando a causa que provocou o resultado não teve origem na conduta do agente.
Exemplo: vítima havia tomado veneno e depois recebe uma facada. O sujeito que
desferiu a facada não deu origem ao resultado morte, pois a causa foi de envenenamento.

Consequências:
O problema é resolvido pelo art. 13, caput, do CP: Há exclusão da causalidade
decorrente da conduta. Ou seja, o agente responde somente por aquilo que deu
causa. Se o enunciado apontar dolo de lesão corporal, por exemplo, o agente
responderá por aquilo que deu causa: lesão corporal (leve, grave ou gravíssima).

Causas relativamente independentes


Quando a causa que provocou o resultado teve origem na conduta do agente. Exemplo: a
vítima é hemofílica e recebe uma facada. Nesse caso, a morte aconteceu em razão da
hemofilia + facada, e o sujeito responderá por homicídio consumado, pois ele sabia da
condição da vítima. Se o agente não soubesse da condição, não tivesse como saber e
tivesse dado a facada em um local que não causaria a morte, então não responderia pelo
resultado.

Consequências:
No caso de causas relativamente independentes preexistentes ou
concomitantes, o agente responde pelo resultado pretendido (cuidado: a
condição deve ser conhecida do agente ou ao menos existir possibilidade
de conhecimento, sob pena de responsabilidade penal objetiva). Já no caso
de causas relativamente independente superveniente o agente responde
pelos atos até então praticados.

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OAB 2ª Fase Penal

Exemplo causa relativamente independente superveniente:


O agente desfere um golpe de faca contra a vítima. Ferida, a vítima é levada ao hospital.
Momentos após a vítima chegar ao hospital, ocorre um incêncio no local, vindo a vítima
a falecer em virtude das queimaduras. Nesse caso, o agente responde pelos atos até
então praticados: se tinha o dolo de matar, responde por tentativa de homicídio; se o
dolo era de lesionar, ele responde por lesão corporal (artigo 13, §1º, do Código Penal).

2 Teoria do dolo e culpa

Dolo eventual: Culpa consciente:

O sujeito prevê o resultado e assume o risco O sujeito também prevê o resultado, mas
de produzi-lo. Segue em diante na sua acha que não vai ocorrer, ou tem habilidade
atitude criminosa, indiferente ao resultado, para que não ocorra o resultado.
ele aceita o resultado. Assim, responde na
modalidade dolosa.

Se o sujeito não age com dolo ou culpa, não há conduta e,


consequentemente, não há fato típico.

3 Princípio da insignificância
O princípio da insignificância é causa de excludente de tipicidade. O fato é
materialmente atípico, apesar de estar previsto na lei como infração penal, em razão
da pequena (insignificante) lesão ao bem jurídico tutelado.

IMPORTANTE:

Se estiver em fase de resposta à acusação, leva à absolvição sumária, conforme art.


397, III, do CPP. Se estiver em fase de memoriais ou apelação, gera a absolvição,
conforme art. 386, III, do CPP.

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4 Iter criminis e tentativa

Iter criminis
O iter criminis é o conjunto de fases pelas quais passa o delito. É o caminho do crime:

Cogitação Atos Execução Consumação


preparatórios

Os ato preparatório não constituem crime, é necessário dar início a execução do delito.

Tentativa
Tentativa é a execução iniciada de um crime, que não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
É uma causa de redução da pena, em que se considera a pena do crime consumado
diminuida de 1/3 a 2/3.

5 Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Desistência voluntária:
O agente dá início à execução do delito, mas não esgota a sua potencialidade lesiva,
desistindo de dar prosseguimento nos atos executórios.

Arrependimento eficaz:
O agente esgota os meios executórios, mas antes da consumação ele se arrepende e
evita o resultado.

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IMPORTANTE:

Devem decorrer de atos voluntários, ainda que não sejam espontâneos. Ou seja, não
se exige que a ideia de interromper os atos executórios ou de se arrepender tenha se
originado na mente do agente, se admitindo que o agente seja influenciado por
terceira pessoa.
Além disso, é necessário que a atuação do agente seja apta a evitar a produção do
resultado, sendo, portanto, eficaz. Se o crime alcançou a consumação, o agente
responderá pelo delito (isso porque o arrependimento não foi eficaz).

Consequências:
O agente responde pelos atos praticados, se forem típicos. Exemplo: O
sujeito que entra em uma residência, mas desiste de furtar o celular,
responde por violação de domicílio e não tentativa de furto.

Na desistência voluntária e no arrependimento eficaz o agente JAMAIS


responderá pelo crime tentado, mas somente pelos atos até então
praticados, se constituírem fato típico.

6 Arrependimento posterior
Trata-se de causa obrigatória de diminuição da pena que incide quando o agente,
responsável pelo crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa, repara o
dano provocado ou restitui a coisa, desde que por ato voluntário do agente, até o
recebimento da denúncia ou da queixa.
Se a reparação do dano ou restituição da coisa ocorrer depois do recebimento
da denúncia, incide a atenuante genérica prevista no artigo 65, III, “b”, do CP.

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CUIDADO:

Reparação do dano ou restituição da coisa em situações específicas:

Peculato culposo: Nos termos do artigo 312, § 3º, do Código Penal, no caso do
peculato culposo, se anterior à sentença transitada em julgado, a reparação é
causa de extinção da punibilidade; se a reparação do dano for posterior à
sentença irrecorrível, incide causa de diminuição da pena até metade da pena
imposta.
Estelionato mediante emissão de cheque sem fundos: No caso da emissão de
cheque sem suficiente provisão de fundos, a reparação do dano até o
recebimento da denúncia impede o prosseguimento da ação penal, adotando-se
uma interpretação a contrario sensu da Súmula 554 do Supremo Tribunal Federal.

RESUMINDO:

Durante a Esgotada a Recebimento


Consumação da denúncia ou
execução execução queixa

Atenuante
Desistência Arrependimento Arrependimento genérica do art.
voluntária eficaz posterior 65, III, b, do CP

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7 Crime impossível
Ocorre quando o meio ou instrumento que o sujeito utilizou para a execução do
delito leva a impossibilidade absoluta de consumação do crime. Está previsto no
artigo 17 do Código Penal.

Crime impossível por ineficácia absoluta do meio


Guarda relação com o meio de execução ou instrumento utilizado pelo agente, que,
por sua natureza, será incapaz de produzir qualquer resultado, ou seja, jamais
alcançará a consumação do delito.

Exemplo de crime impossível pela ineficácia absoluta do meio:


Sujeito quer matar alguém com uma arma completamente defeituosa, que não
efetua qualquer disparo.

Crime impossível por impropriedade absoluta do objeto


Guarda relação com o objeto material, compreendendo a pessoa ou coisa, sobre o qual
recai a conduta do agente.

Exemplo de crime impossível pela impropriedade absoluta do objeto:


Sujeito pretende matar a vítima, desferindo disparos de arma de fogo contra
seu corpo, vericando-se, após, que, ao receber os disparos, a vítima já se
encontrava morta.

Consequências:
Não constitui crime. Trata-se, pois, de fato atípico!

Se for alegar em resposta acusação Absolvição sumária - art. 397, III, do CPP;
Se for alegar em memoriais ou apelação Absolvição - art. 386, III, do CPP;
Se for alegar em procedimento do júri Absolvição sumária, art. 415, III, do CPP.

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8 Erro de tipo
O erro de tipo é o erro que recai sobre um dos elementos constitutivos do tipo penal.
Há uma falsa percepção da realidade que cerca o agente. O agente desenvolve uma
conduta sem saber que está praticando um fato típico.

Erro de tipo essencial


É o erro que incide sobre as elementares e circunstâncias do tipo. Se divide em
vencível e invencível:

Erro de tipo invencível/inevitável: Erro de tipo vencível/evitável:

Ocorre quando não pode ser Ocorre quando pode ser evitado
evitado pela normal diligência. pela diligência ordinária, resultando
de imprudência ou negligência.
Exclui o dolo e a culpa, sendo o fato
atípico. Exclui o dolo, mas não a culpa,
respondendo o agente por crime
culposo, se previsto em lei.

Erro de tipo acidental

Incide sobre dados irrelevantes da conduta típica. Não impede o sujeito de


compreender o caráter ilícito de seu comportamento. Mesmo que não existisse, ainda
assim a conduta seria antijurídica.

Erro de tipo acidental

Erro sobre o Resultado diverso Erro na Erro sobre a


objeto do pretendido execução pessoa

Art. 74 do CP Art. 73 do CP Art. 20, §3º, do CP

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OAB 2ª Fase Penal

9 Excludentes de ilicitude

Estado de necessidade:
É a causa de exclusão da ilicitude da conduta de quem, não tendo o dever legal de
enfrentar o perigo atual, a qual não provocou por sua vontade, sacrifica um bem
jurídico ameaçado por esse perigo para salvar outro, próprio ou alheio, cuja perda não
era razoável exigir. Exemplo: Um pedestre joga-se na frente de um motorista, que, para
preservar a vida humana, opta por desviar e colidir com outro que se encontrava
estacionado nas proximidades.

Legítima defesa:
Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Exemplo: “A”
está perseguindo “B” para atacá-lo a golpes de faca. “B” poderá sacar de uma arma
para repelir a injusta agressão.

Estrito cumprimento do dever legal:


O agente pratica um fato típico em face do cumprimento de um dever observando
rigorosamente os limites impostos pela lei, de natureza penal ou não. Exemplo: o
policial que prende o agente em flagrante ou cumprindo mandado de prisão, embora
atinja o seu direito de liberdade, não comete o crime, porque cumpre o dever que lhe é
imposto por lei.

Exercício regular do direito:

É o desempenho de uma atividade ou a prática de uma conduta autorizada por lei, que
torna lícito um fato típico. Exemplo: prisão em flagrante realizada por um particular.

Se for alegar ilicitude em resposta acusação art. 397, I, do CPP;


Se for alegar ilicitude em memoriais ou apelação art. 386, VI, do CPP;
Se for alegar ilicitude em procedimento do júri art. 415, IV, do CPP.

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OAB 2ª Fase Penal

10 Excludente de culpabilidade

Inimputabilidade
Artigo 26, caput, do Código Penal: inimputabilidade pode ser por
doença/enfermidade mental ou por embriaguez completa/acidental.
Se for reconhecida a inimputabilidade por doença mental, o juiz deverá proferir
sentença absolutória imprópria, aplicando medida de segurança.
Nos casos do parágrafo único do art. 26 do CP, ingressam as doenças mentais
que não retiram do sujeito a capacidade intelectiva ou volitiva, MAS DIMINUEM
essa capacidade. Trata-se de causa de diminuição da pena.

A emoção ou a paixão não excluem o crime.

Artigo 28, §1º, do Código Penal: A embriaguez completa, que retira


completamente a capacidade de compreensão do sujeito, em decorrência de uma
embriaguez acidental (por força maior ou por caso fortuito), exclui o crime.
Exemplo: Um sujeito é obrigado a beber e que depois agride uma pessoa. Praticou
um fato típico e ilícito, mas será isento de pena.

Falta de potencial consciência da ilicitude


Erro de proibição: O erro de proibição é o erro que incide sobre a ilicitude do
fato. Encontra-se disciplinado no artigo 21 do Código Penal.
No erro de proibição, o agente desenvolve uma conduta movido por uma falsa
percepção acerca do caráter ilícito do fato típico praticado. Ou seja, o agente tem
consciência da conduta praticada, mas lhe falta potencial consciência da ilicitude
do fato. Exemplo: Sujeito transportando maconha porque acha que para fins
medicinais é permitido. Ele sabe que é uma droga, no entanto, supõe que é
permitido para fins medicinais, no caso, para o tratamento de seu filho.

Consequências:
Se for um erro de proibição inevitável, o sujeito é isento de pena. Se for
um erro evitável, ocorre uma redução da pena.

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OAB 2ª Fase Penal

Inexigibilidade de conduta diversa

Coação moral irresistível (artigo 22 do CP):


Coator Grave ameaça Coagido Fato típico e ilícito
Somente o coator responde pelo delito

Obediência hierárquica (artigo 22 do CP):


Ordem não Subordinado pratica
Superior hierárquico manifestamente ilegal fato típico e ilícito
Somente o superior hierárquico responde pelo delito

11 Teoria da Pena

Fixação da pena

Art. 59, CP: Na sentença, o juiz precisa definir a quantidade da pena. É


utilizado o critério trifásico para quantificar a pena, conforme art. 68, CP.

1ª Fase:
Pena base do mínimo legal, considerando as
circunstâncias judiciais favoráveis (Súmula 444
do STJ) - Inquérito policial ou ação penal em
curso não afastam a pena do mínimo legal.

2ª Fase:
Considerar a presença de eventual agravante
(afastar – art. 61 e 62 do CP) e de eventual
atenuante (apontar – art. 65 e 66 do CP).

3ª Fase:
Observar as causas de aumento de pena que quer
afastar, e causas de diminuição que quer apontar.
OBS: Aqui a pena pode ficar abaixo do mínimo
legal, de modo que deve-se buscar a fração que
mais irá diminuir a pena.

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OAB 2ª Fase Penal

Fixação da pena

Art. 33 do Código Penal;


Deve-se analisar a possibilidade de substituir por pena restritiva de
direitos, conforme as hipóteses do art. 44 do CP;
O período de detração deve ser computado;
Art. 2º, § 1º da Lei 8.072/90 - regime inicial em crimes hediondos e
equiparados.

SURSIS

O sursis suspende a execução da pena privativa de liberdade, sob


condições determinadas pelo juiz, dentro do período de prova;
Hipóteses do art. 77 do CP

Requisitos

Objetivos Subjetivos

Natureza da pena: pena privativa de Não reincidente em crime doloso


liberdade (não cabe para PRD e multa); (cuidado: se a pena anterior for de
Quantidade da pena: em regra pena multa, será possível);
aplicada na sentença até 2 anos. Circunstâncias judiciais favoráveis.
Exceção: SURSIS etário e humanitário
(até 4 anos) e crime ambiental (até 3
anos);
Não tenha havido substituição por PRD.

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E-book da Semana de Revisão
OAB 2ª Fase Penal

Chegou a hora, Ceisquer!


Lembre-se da sua trajetória, do seu esforço, da sua dedicação. Confie no seu potencial,
na sua capacidade e na sua força.
Você é forte, você é inteligente, e você é capaz. Não se esqueça que prova nenhuma
define isso... Lute, mas lute com sangue nos olhos, seja firme no seu objetivo.
Estamos com você, mandando as melhores energias e as maiores forças, pois somos
um time, e você faz parte disso!

Com carinho, Equipe de 2ª Fase Penal

Você vai dar o soco missioneiro!

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