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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL III

LEI DE DROGAS
Objetivos

ANALISAR a LEI DE DROGAS (LEI n. 11.343/2006).


 1. Cultivo de plantas psicotrópicas (art. 243 da CF)
 As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do
País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na
forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o
disposto no art. 5º.
 2. Norma penal em branco heterogênea
 Para fins da Lei n. 11.343/2006, consideram-se como
drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar
dependência, assim especificados em lei ou relacionados
em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo
da União (art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006).
Até que seja atualizada a terminologia das referidas listas,
denominam-se drogas as substâncias entorpecentes,
psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial,
da Portaria SVS/MS n. 344/98 (art. 66 da Lei n.
11.343/2006).
Direito Penal

 Assim, os crimes previstos na Lei de Drogas são


complementados pela Portaria n. 344/98 da Anvisa.
CRIMINOLOGIA
 3. Droga para consumo pessoal (art. 28)
Direito Penal

 Observações: a) trata-se de tipo congruente assimétrico ou


incongruente (além do dolo, exige uma intenção especial do
agente – “para consumo pessoal”);
 b) a prescrição ocorre em 2 anos (art. 30);
 c) não se imporá prisão em flagrante (art. 48, § 2º);
Direito Penal

 d) a competência é do Juizado Especial Criminal (art. 48,


§ 1º);
 e) prevalece que não incide o princípio da insignificância,
embora existam decisões em sentido contrário.
CRIMINOLOGIA
Direito Penal
 Atenção: de acordo com a jurisprudência do STJ, condenações
anteriores pela prática do crime previsto no art. 28 da Lei de
Drogas não geram reincidência. A propósito: “(...) as
condenações anteriores por contravenções penais não são aptas
a gerar reincidência, tendo em vista o que dispõe o art. 63 do
Código Penal, que apenas se refere a crimes anteriores. E, se
as contravenções penais, puníveis com pena de prisão simples,
não geram reincidência, mostra-se desproporcional o delito do
art. 28 da Lei n. 11.343/2006 configurar reincidência, tendo
em vista que nem é punível com pena privativa de liberdade”
(STJ, 6ª T., AgRg no REsp 1778346, j. 23-4-2019).
Direito Penal
 4. Tráfico ilícito de drogas (art. 33, caput e § 1º)
Direito Penal
 Observações: a) trata-se de tipo misto alternativo (a prática
de dois ou mais verbos, no mesmo contexto fático,
caracteriza um só delito); b) a conduta “remeter” consuma-
se com o envio, sendo desnecessário que a droga chegue ao
destinatário; c) a conduta “adquirir” consuma-se com a
avença, sendo desnecessária a entrega (para o STJ, HC
170.950, não é necessário nem mesmo o pagamento do
preço ajustado); d) o art. 33, § 1º, traz figuras equiparadas
ao tráfico (também de natureza hedionda, portanto): “§ 1º –
Nas mesmas penas incorre quem:
Direito Penal
 I – importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
insumo ou produto químico destinado à preparação de
drogas;
Direito Penal
 II – semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de
plantas que se constituam em matéria-prima para a
preparação de drogas;
Direito Penal
 A Lei n. 13.964, de 24-12-2019 (30 dias de vacatio legis, com
vigência a partir de 23-1-2020), incluiu um inciso IV no § 1º do
art. 33: “vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou
produto químico destinado à preparação de drogas, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes
elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente”.
Direito Penal

 Atenção: de acordo com a Súmula 630 do STJ, “A incidência da


atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado,
não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso
próprio”.
Direito Penal
 5. Cessão gratuita para consumo (art. 33, § 3º)
Direito Penal
 Observações:
 a) trata-se de infração de menor potencial ofensivo;
 b) a consumação ocorre com o oferecimento, independentemente
do uso (crime formal).
Direito Penal
 6. Tráfico privilegiado (art. 33, § 4º)
Direito Penal
 Observações: a) os 4 requisitos são cumulativos; b) não é crime
equiparado a hediondo (STF, Pleno, HC 118.533, j. 23-6-2016 +
cancelamento da Súmula 512 do STJ). No mesmo sentido o § 5º
do art. 112 da LEP, incluído pela Lei n. 13.964, de 24-12-2019 (30
dias de vacatio legis, com vigência a partir de 23-1-2020): “Não se
considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o
crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei n.
11.343, de 23 de agosto de 2006”;
Direito Penal
 c) não pode ser aplicado a condenações com fundamento na Lei n.
6.368/76 (antiga Lei de Drogas), já que os Tribunais Superiores
vedam, neste caso, a combinação de leis penais.
Direito Penal
 7. Associação para o tráfico (art. 35)
Direito Penal
 Observações:
 a) pressupõe estabilidade e permanência da associação;
 b) mera reunião ocasional não caracteriza o crime, mas um
concurso eventual de pessoas em tráfico de drogas;
 c) afasta o § 4º (tráfico privilegiado), pois evidencia a dedicação
do agente à atividade criminosa.
Direito Penal
 8. Majorantes do tráfico transnacional (art. 40, I) e interestadual
(art. 40, V)
Direito Penal
Direito Penal
 9. Prazo para conclusão do inquérito policial (art. 51)

 O inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias, se


o indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando solto. Esses
prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o
Ministério Público, mediante pedido justificado da
autoridade de polícia judiciária.
Direito Penal
 10. Denúncia e número de testemunhas (art. 54, III)

 O Ministério Público tem o prazo de 10 dias para oferecer


denúncia, independentemente de o denunciado estar preso
ou solto. Neste caso, poderá arrolar até 5 testemunhas.
Direito Penal
 11. Defesa prévia ou resposta preliminar e número de
testemunhas (art. 55)

 Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do


acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de
10 dias. Na resposta, consistente em defesa preliminar e
exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar
todas as razões de defesa, oferecer documentos e
justificações, especificar as provas que pretende produzir e,
até o número de 5, arrolar testemunhas.
Direito Penal
 12. Audiência de instrução e julgamento (art. 57)

 Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do acusado


e a inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao
representante do Ministério Público e ao defensor do acusado, para
sustentação oral, pelo prazo de 20 minutos para cada um, prorrogável por
mais 10, a critério do juiz. Veja-se que o interrogatório do réu, conforme o
procedimento especial disposto na Lei n. 11.343/2006, está previsto como
primeiro ato da audiência. No entanto, fazendo preponderar o princípio da
ampla defesa sobre o princípio interpretativo da especialidade, os
Tribunais Superiores estão entendendo que o interrogatório deve ser o
último ato daquela audiência.
Direito Penal
Referências

 Bibliografia Básica:
 ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação penal especial. 15. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2021. (Minha Biblioteca)
 CAPEZ, Fernando. Legislação Penal Especial. 18. ed. São Paulo: SaraivaJur, 2023.
(Minha Biblioteca)
 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios; BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Legislação
Penal Especial. 8. ed. São Paulo: SaraivaJur, 2022. (Coleção Esquematizado®
(Minha Biblioteca)

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