Hungria • Segundo o art. 68, a pena-base será fixada atendendo- se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. • 1ª fase: fixação da pena-base. Circunstâncias judiciais do art. 59. • 2ª fase: fixação da pena intermediária. Atenuantes e agravantes. • 3ª fase: fixação da pena definitiva. Causas de diminuição e aumento. • As qualificadoras não são consideradas nas três etapas, pois é a partir delas que se faz a dosimetria da pena. • Exemplo • Homicídio simples: 6 a 20 anos; homicídio qualificado: 12 a 30 anos. • Estabelecida a pena definitiva: • Será fixado o regime inicial de cumprimento (art. 33, § 2º, do CP) • Deve ser verificada a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 44 do CP) • Deve ser verificada a possibilidade do sursis (suspensão condicional da pena, art. 77 do CP). Segunda fase • Fixação da pena intermediária, a partir da pena-base alcançada na primeira fase. • Incidência das agravantes (artigos 61 e 62 do CP) e das atenuantes (artigos 65 e 66 do CP), previstas na Parte Geral do CP. Chamadas de circunstâncias genéricas. • A legislação especial pode também prever agravantes e atenuantes. Exemplos: CTB, Organizações Criminosas, Crimes Ambientais. • O CP não fixou o quantum de aumento ou diminuição. Consagrou-se também a fração de 1/6 na jurisprudência. A aplicação de fração diversa exige fundamentação idônea. • Sentenciante está atrelado ao mínimo e máximo estabelecido em lei. • Exemplo: pena-base fixada em 6 anos. Réu é reincidente. Pena intermediária será estabelecida em 7 anos (6 anos +1/6 de 6). • Súmula 231 STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. Reincidência Art. 63 do CP- Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Leitura conjugada com o art. 7º da LCP (Decreto-Lei nº 3.688/41) Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção. REINCIDÊNCIA • DELITO ANTERIOR COM TRÂNSITO EM JULGADO • CRIME + CRIME • CRIME + CONTRAVENÇÃO • CONTRAVENÇÃO + CONTRAVENÇÃO
• NÃO HÁ REINCIDÊNCIA: CONTRAVENÇÃO + CRIME
Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. •Se o indivíduo tiver uma sentença transitada em julgado anterior por crime político, ou por crime militar próprio, e depois comete um crime comum ou um crime militar impróprio, também não será considerado reincidente Não há necessidade de homologação da sentença penal estrangeira para que produza efeitos da reincidência no Brasil. Se houver abolitio criminis ou anistia no delito anterior, o indivíduo não é considerado reincidente Prova da reincidência: basta juntada da folha de antecedentes (não é necessária certidão cartorária). Súmula 636 STJ: “A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência."
Sistema da temporariedade da reincidência: ultrapassado o
período depurador de 5 anos do cumprimento da pena, o sujeito não será mais reincidente. • A espécie de pena imposta ao crime cometido anteriormente não interfere na reincidência. Não importa se é pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa. • Atenção! A pena de multa é apta a gerar reincidência. Se o indivíduo teve a pena suspensa (sursis) ou beneficiado com livramento condicional, com a posterior declaração de extinção da pena, este lapso será considerado para fins de período depurador. Ou seja, se o indivíduo ficou 2 anos em livramento condicional, tendo posteriormente a pena sido extinta, passados mais 3 anos, o sujeito já vai ter completado o período depurador de 5 anos, situação em que se houver uma nova infração penal, o indivíduo não será considerado reincidente. • A reincidência não pode ser considerada como agravante e maus antecedentes, conforme a Súmula 241 do STJ. Todavia, caso o sujeito seja duplamente reincidente, poderá uma delas servir como circunstância judicial e a outra como agravante. • Compensação entre a reincidência e a confissão na segunda fase da dosimetria • Obs: multirreincidência não compensa integralmente (STJ) (FGV XXIII Exame de Ordem) Caio, Mário e João são denunciados pela prática de um mesmo crime de estupro (Art. 213 do CP). Caio possuía uma condenação anterior definitiva pela prática de crime de deserção, delito militar próprio, ao cumprimento de pena privativa de liberdade. Já Mário possuía uma condenação anterior, com trânsito em julgado, pela prática de crime comum, com aplicação exclusiva de pena de multa. Por fim, João possuía condenação definitiva pela prática de contravenção penal à pena privativa de liberdade. No momento da sentença, o juiz reconhece agravante da reincidência em relação aos três denunciados. Considerando apenas as informações narradas, de acordo com o Código Penal, o advogado dos réus A) não poderá buscar o afastamento da agravante, já que todos são reincidentes. B) poderá buscar o afastamento da agravante em relação a Mário, já que somente Caio e João são reincidentes. C) poderá buscar o afastamento da agravante em relação a João, já que somente Caio e Mário são reincidentes. D) poderá buscar o afastamento da agravante em relação a Caio e João, já que somente Mário é reincidente. Terceira fase • Fixação da pena definitiva • A partir da pena intermediária vão incidir as causas de aumento e diminuição (majorantes e minorantes). • Podem estar previstas na Parte Geral, na Parte Especial ou em leis especiais. • São estabelecidas em frações, fixas ou moduláveis. Exemplo: na tentativa, a pena é diminuída de 1/3 a 2/3. • O sentenciante não está adstrito aos limites legais do preceito secundário. A causa de diminuição pode levar a pena aquém do mínimo, assim como a majorante pode levar a pena a patamar acima do máximo abstratamente previsto. (FGV XXVIII) Douglas foi condenado pela prática de duas tentativas de roubo majoradas pelo concurso de agentes e restrição da liberdade das vítimas (Art. 157, § 2º, incisos II e V, c/c. o Art. 14, inciso II, por duas vezes, na forma do Art. 70, todos do CP). No momento de fixar a sanção penal, o juiz aplicou a pena base no mínimo legal, reconhecendo a confissão espontânea do agente, mas deixou de diminuir a pena na segunda fase. No terceiro momento, o magistrado aumentou a pena do máximo, considerando as circunstâncias do crime, em especial a quantidade de agentes (5 agentes) e o tempo que durou a restrição da liberdade das vítimas. Ademais, reduziu, ainda na terceira fase, a pena do mínimo legal em razão da tentativa, novamente fundamentando na gravidade do delito e naquelas circunstâncias de quantidade de agentes e restrição da liberdade. Após a aplicação da pena dos dois delitos, reconheceu o concurso formal de crimes, aumentando a pena de um deles de acordo com a quantidade de crimes praticados. O Ministério Público não recorreu. Considerando as informações narradas, de acordo com a jurisprudência pacificada do Superior Tribunal de Justiça, o(a) advogado(a) de Douglas, quanto à aplicação da pena, deverá buscar A) a redução da pena na segunda fase diante do reconhecimento da atenuante da confissão espontânea. B) a redução do quantum de aumento em razão da presença das majorantes, que deverá ser aplicada de acordo com a quantidade de causas de aumento. C) o aumento do quantum de diminuição em razão do reconhecimento da tentativa, pois a fundamentação apresentada pelo magistrado foi inadequada. D) a redução do quantum de aumento em razão do reconhecimento do concurso de crimes, devido à fundamentação inadequada. • Súmula 443 do STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. • (FGV XVII Exame de Ordem) Reconhecida a prática de um injusto culpável, o juiz realiza o processo de individualização da pena, de acordo com o Art. 68 do Código Penal. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a afirmativa correta. • A) A condenação com trânsito em julgado por crime praticado em data posterior ao delito pelo qual o agente está sendo julgado pode funcionar como maus antecedentes. • B) Não se mostra possível a compensação da agravante da reincidência com a atenuante da confissão espontânea. • C) Nada impede que a pena intermediária, na segunda fase do critério trifásico, fique acomodada abaixo do mínimo legal. • D) O aumento da pena na terceira fase no roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, sendo insuficiente a simples menção ao número de majorantes.