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Teoria das penas Direito penal II

Aula I

Livramento condicional

A principal finalidade da pena é retribuir o crime praticado, prevenir a ocorrência de novos


crimes e ressocializar o criminoso. Com base no objetivo de ressocialização, alguns
mecanismos podem ser aplicados no cumprimento da pena, como, por exemplo, o livramento
condicional, que antecipa a liberdade aos condenados que atenderem aos requisitos objetivos
e subjetivos determinados pela legislação penal. O livramento, ou liberdade,
condicional permitem inserir novamente no convívio social o criminoso que já apresenta índice
suficiente de regeneração, de maneira que o tempo restante da pena seja completado em
liberdade, embora submetido a certas condições.

A pena é a sanção imposta pelo Estado ao indivíduo que pratica um crime. A principal
finalidade da pena é retribuir o crime praticado, prevenir a ocorrência de novos crimes e
ressocializar o criminoso. Com base no objetivo de ressocialização, alguns mecanismos podem
ser aplicados no cumprimento da pena. Um desses mecanismos é a progressão do regime.

Há três tipos de regime em nosso ordenamento jurídico que será proferido pelo juiz
são ;„ aberto; „ semiaberto; „ fechado.

Fehado - ocorre quando a sentença fixa uma condenação de oito ou mais anos de reclusão
ou detenção

Semiaberto - O regime semiaberto ocorre quando a condenação fixa uma pena entre quatro e
oito anos. Se não for o caso de reincidência, o detento poderá iniciar o cumprimento da sua
pena em regime semiaberto

Aberto - , a condenação fixada é de até quatro anos, sem que tenha reincidência no crime. A
detenção é feita em casa de albergado ou em outro estabelecimento adequado.

Nesse contexto, outro instrumento que favorece o cumprimento da pena, reconhecendo o


progresso do criminoso rumo à ressocialização, é o livramento condicional.

Nesse sentido, Nucci (2009, p. 538) comenta que o livramento condicional: O Livramento
condicional [...] trata-se de um instituto de política criminal destinado a permitir a redução do
tempo de prisão com a concessão antecipada e provisória da liberdade ao condenado, quando
é cumprida pena privativa de liberdade, mediante o preenchimento de determinados
requisitos e a aceitação de certas condições.
Requisitos e condições para o livramento condicional

A concessão do livramento condicional depende do atendimento de requisitos dispostos no


art. 83 do Código Penal, dividindo-se em requisitos objetivos e Livramento condicional 3
subjetivos. Os incisos destacados se referem aos requisitos objetivos para a concessão do
livramento condicional:

Art. 83 O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de


liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

I — cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso
e tiver bons antecedentes;

II — cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

III — comprovado: a) bom comportamento durante a execução da pena; b) não cometimento


de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; c) bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído; e d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;

IV — tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;

V — cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Parágrafo
único. Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa,
a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais
que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. (BRASIL, 1940, documento on-line,
grifo nosso.

Uma vez preenchidos tanto os requisitos objetivos quanto os subjetivos, o livramento


condicional é concedido, nos termos do art. 712 do Código de Processo Penal, mediante
requerimento:

I- do condenado; „

II- do seu cônjuge; „

III - de parente em linha reta; „

IV- por proposta do diretor do estabelecimento prisional;

V- por iniciativa do Conselho Penitenciário.

Duvidas (obs: quem faz esse requerimento o Adv ou os mencionados no art 712).
Após um parecer sobre a admissibilidade, conveniência e oportunidade do benefício emitido
pelo Conselho Penitenciário, o juiz deve estabelecer condições para o cumprimento do
benefício. Nos termos do art. 132 da Lei de Execuções Penais: Art. 132 Deferido o pedido, o
Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento. § 1º Serão sempre
impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:

a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;

b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;

c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste. §
2º Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação
cautelar e de proteção;

b) recolher-se à habitação em hora fixada;

c) não frequentar determinados lugares (BRASIL, 1984, documento on-line)

circustancia que alteram o livramento condicional em vigência


. O art. 86 do Código Penal trata da revogação obrigatória do benefício: Art. 86 Revoga-se o
livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença
irrecorrível:

I — por crime cometido durante a vigência do benefício;

II — por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código (BRASIL, 1940,
documento on-line).

Quanto à revogação facultativa

, prevê o art. 87 do Código Penal: O Livramento condicional Art. 87 O juiz poderá, também,
revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da
sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não
seja privativa de liberdade (BRASIL, 1940, documento on-line).

Em geral, as duas hipóteses indicam que o condenado ainda não está readaptado à vida social.
‘’Contudo, caso o juiz entenda que o livramento condicional deve ser mantido mesmo diante
dessas situações, obrigatoriamente ele deverá advertir o condenado ou agravar as condições
que lhe foram impostas’’.

Ao observarmos art. 88 do Código Penal: “Art. 88 Revogado o livramento, não poderá ser
novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime
anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o
condenado.

Toda regra tem exceções


A regra imposta pelo referido artigo, no entanto, não é absoluta. É o que se chama de
restauração: de acordo com o art. 141 da Lei de Execuções Penais, caso a revogação ocorra em
virtude de infração penal anterior ao livramento condicional, o período de prova será
computado como tempo de cumprimento da pena, sendo permitida, nessa hipótese, a soma
do tempo das duas penas para a concessão de novo livramento condicional. Caso, porém, a
revogação do benefício ocorra em decorrência de outro motivo, não será concedido, para a
mesma pena, um novo livramento.

Estudar de forma mais precisa e tirar duvidas

‘’O livramento condicional poderá, ainda, ser objeto de prorrogação. O benefício será
prorrogado enquanto não transitar em julgado a sentença no processo a que responde o
liberado por crime cometido durante sua vigência. É o que prevê o art. 89 do Código Penal:
“Art. 89 O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença
em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento”
(BRASIL, 1940, documento on-line). Assim, revoga-se o livramento, ainda que a decisão ocorra
após o período de prova inicial. A prorrogação, porém, só vige para o efeito de aguardar a
decisão final, não vigorando mais condições legais ou judiciais do livramento. Por fim, se até o
seu término o livramento condicional não for revogado, salvo a hipótese referida, considera-se
a extinção da pena privativa de liberdade, nos termos do art. 90 do Código Penal. A extinção é
declarada de ofício pelo juiz, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou do
Conselho Penitenciário’’

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