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24- ZÉ DA SILVA, PERIGOSO MELIANTE

A delegacia amanheceu com a costumeira confusão de advogados,por isso ninguém


prestou atenção naquele rapazinho de óculos que entrava carregando uma pilha de livros.
O plano tinha dado certo Calú estava dentro da delegacia, agora era procurar Marius
caspérides,ou melhor Zé da Silva.
Calú percorreu todas as dependências da delegacia e, cada vez que alguém percebia
alguém curioso com a sua presença alí, perguntava pelo delegado.
O carcereiro estava morrendo de sono.Quando o telefone da carceragem tocou, o
carcereiro atendeu de mau humor:
— É da carceragem?
— É da casa da sua mãe!
A voz, do outro lado do fio, ficou furiosa:
— Veja como fala, Aqui é o doutor Boanerges!
— Desculpe, doutor!
— Mande subir o prisioneiro Zé da Silva. Quero interrogá-lo.
— Qual Zé da Silva, doutor Boanerges? Aqui tem dois.
— do assalto ao banco, besta!
— Desculpe. É que eu preciso saber…
— Mande logo esse prisioneiro subir!
— É pra já, doutor!
O guarda chegou com o prisioneiro Zé da Silva algemado e bateu na porta do doutor
Boarnerges.
— Entre — ordenou uma voz lá de dentro.
Os dois entraram em uma sala. De uma porta trancada, a voz comandou:— Deixe o
prisioneiro aí Feche a porta e fique montando guarda.
— Onde o senhor está, doutor? — perguntou o guarda.
— Estou no banheiro, seu idiota!
— É que eu não posso...
— Cumpra a ordem, já!
— sim, doutor!
No momento em que a porta da sala foi fechada, o prisioneiro viu um rapazinho sair do
banheiro
— Caspérides? O senhor é o Márius Caspérides, eu suponho...
— não! Sou Zé da Silva, o perigoso assaltante!
— Sou amigo, seu Caspérides. Tenho uma foto sua. Pode esquecer o seu disfarce,Meu
nome é Calú.precisamos libertá-lo!!
O prisioneiro estava apavorado:
– não! Eu não quero ser libertado. Sou um perigoso meliante!
— Há muito tempo não se fala mais meliante. Pode confiar em mim. Nós já sabemos da
droga da obediência
Precisamos do senhor pra
libertar meus amigos, para libertar mais de vinte garotos para testar a Droga da obediência!
O prisioneiro titubeou:
—Vinte? Meu Deus!
— Só que não temos nenhuma pista de onde estejam os garotos. E não podemos confiar
na polícia. Os seqüestradores têm policiais jogando o seu jogo.
— E onde está o delegado que estava falando lá do banheiro?
— Não tem delegado nenhum. Era eu. Uma das minhas
especialidades é imitar vozes. O delegado que ocupa esta sala telefonou dizendo que vai se
atrasar. Sorte que quem atendeu fui eu.Não temos muito tempo. Dois rapazes já foram
assassinados!
— Assassinados?! Tudo culpa minha!
— Culpa sua? Por quê?
— Fui eu que criei a Droga da Obediência. Mas eu não pretendia,eu não queria…
— Sei que o senhor fugiu porque estava contra o uso da droga.Precisamos do senhor para
saber onde estão os estudantes desaparecidos.
— Devem estar lá na Pain Control...
Nesse momento, a porta da sala abriu e o detetive Rubens entrou:
— Pain Control? O que é isso?
— Não se assustem — acalmou o detetive,fechando a porta. —Ouvi tudo lá de fora.i
também quando você disse que há policiais
envolvidos com os seqüestras. Mas eu não sou um deles.
ainda há policiais honestos, Fiquem tranqüilos. Vamos pegar a quadrilha inteira!
— Há um policial gordo, careca... — Calú informou.
— Andrade?
— Esse. Disseram pra não confiar nele. O detetive cocou o queixo:
— Andrade, hein? Eu estava desconfiado!Preciso tirar vocês dois daqui. Vamos sair num
camburão. Tenho amigos em outra delegacia. Vou usar os policiais de lá
para estourar a tal Pain Control e libertar os garotos.
Rubens tirou um par de algemas da cintura:
— Seu nome é Calú, não é? Desculpe, mas é melhor eu
levar você algemado também. Assim ninguém vai desconfiar quando eu colocar os dois
dentro do camburão.
— Está bem — concordou Calú. o detetive Rubens algemou o rapaz.
Os três saíram pelo corredor. O detetive Rubens foi empurrando os dois
"prisioneiros",
Enquanto o elevador descia para a garagem, o detetive Rubens tirou um chaveiro do bolso
e ficou brincando com ele. O chaveiro fazia um barulhinho irritante...
Na garagem da delegacia, o detetive Rubens fez Calú e o
Caspérides entrarem num camburão, e fechou a porta, trancando-os no lugar
destinado aos prisioneiros
Calú ouviu o detetive dar a partida no carro e, de repente, descobriu que
tinha caído numa armadilha:
— Ele nem perguntou o endereço da Pain Control!,O maldito é um dos bandidos!Era tarde
demais. Estavam presos no camburão,um falso par de criminosos.
O camburão teve de dar uma brecadinha não atropelar um casal de mendigos.
O detetive Andrade estava furioso. Suado,
noites sem dormir, agarrou um guarda pela gola:
— Como?Rubens saiu dirigindo um camburão? E levou o prisioneiro Zé da Silva?
— Foi — explicou o guarda. — E levou também um prisioneiro jovem…
— Inferno! —berrou Andrade, correndo para a rua e trombando
espetacularmente com o casal de mendigos.

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