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Teoria do domínio do fato

A teoria do domínio do fato afirma que é autor - e não mero partícipe – o


indivíduo que, mesmo não tendo praticado diretamente a infração penal, decidiu e
ordenou sua prática a subordinado seu, o qual foi o agente que diretamente a praticou
em obediência ao primeiro. O mentor da infração não é simples partícipe, pois seu ato
não se restringe a induzir ou instigar o agente infrator, pois havia relação de hierarquia e
subordinação entre ambos, não de mera influência resistível.

A teoria do domínio do fato foi criada por Hans Welzel em 1939, e desenvolvida
pelo jurista Claus Roxin, em seu trabalho Täterschaft und Tatherrschaft de 1963,
fazendo com que ganhasse a projeção na Europa e na América Latina.

Como desdobramento dessa teoria, entende-se que uma pessoa que tenha
autoridade direta e imediata sobre um agente ou grupo de agentes que pratica ilicitude,
em situação ou contexto de que tenha conhecimento ou necessariamente devesse tê-lo,
essa autoridade pode ser responsabilizada pela infração do mesmo modo que os autores
imediatos. Este entendimento se choca com o princípio da presunção da inocência,
segundo o qual, todos são inocentes, até que se prove sua culpabilidade. Isto porque,
segundo a teoria do domínio do fato, para que a autoria seja comprovada, basta a
dedução lógica e a responsabilização objetiva, supervalorizando-se os indícios.

Para que seja aplicada a teoria do domínio do fato, é preciso que o ocupante do
topo de uma organização emita a ordem de execução da infração e comande os agentes
diretos e o fato.

Regime Disciplinar Diferenciado

O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), disposto no artigo 52 da LEP (Lei


de Execução Penal) é uma modo especial de cumprimento da pena no regime fechado,
que consiste na permanência do presidiário (provisório ou condenado) em cela
individual, com limitações ao direito de visita e do direito de saída da cela.

Quanto à natureza, o aludido regime pode ser exposto de duas formas, ou seja,
como uma sanção disciplinar (art. 52, caput), ou como medida cautelar (art. 52, §1 e
§2). A sanção disciplinar é aplicada quando o condenado comete fato entendido como
crime doloso que ocasione a desordem e a indisciplina no presídio.
Já a medida cautelar se trata de quando o condenado apresente alto risco para
ordem e segurança da casa prisional, bem como para toda a sociedade, além das
suspeitas que recaiam sobre um possível envolvimento em organização ou associação
criminosa (art. 288 do CP).

A aplicação de tais sanções encontra críticas no que diz respeito à sua


constitucionalidade. Os defensores dessa vertente defendem que o Regime Disciplinar
Diferenciado é ultraje ao nobre princípio da Dignidade da Pessoa Humana (CRFB/88,
art. 1º, III), tratamento desumano (CRFB/88, art. 5º, III) e também afronta o princípio
da humanidade das penas (CRFB/88, art. 5º, XLVII).

Suspensão condicional da pena

A suspensão condicional da pena também é chamada de sursis, que quer dizer


suspensão, derivando de surseoir, que significa suspender. É medida penal de natureza
restritiva de liberdade de cunho repressivo e preventivo. Não é um benefício. Esse
instituto foi criado com o desígnio de reeducar o infrator de baixa periculosidade, que
comete delito de menor gravidade, suspendendo a execução da pena privativa de
liberdade de pequena duração.

Não se sabe com precisão sua origem, porém parte dos doutrinadores afirmam
que o sursis nasceu no Estados Unidos da América do Norte, na metade do século
passado. O instituto, nos moldes do que possuímos, aparece na França com o Projeto
Béranger, de 26 de maio de 1884, foi origem do chamado sistema continental europeu.

Doutrinariamente são dois tipos de sursis (sistemas): o primeiro conhecido como


probation system, onde há suspensão de pronunciamento de sentença; adotada na
Inglaterra e Estados Unidos, denominado de sistema anglo-americano.

Nesse sistema, suspende-se o processo, não existindo sentença condenatória, ou


seja, preenchidos os requisitos pelo réu, o juiz o declara responsável pela prática do
fato, suspendendo o curso da ação penal e marcando o período de prova, tendo que
realizar sob fiscalização do poder judiciário.

O segundo é o europeu continental, do sistema belga-francês, consiste na


condenação do réu sem que a pena seja aplicada contra o mesmo que preenche certos
requisitos legais e cumpre as condições impostas pelo juiz.
O Brasil adotou, em 1924, para o Código Penal o sistema belga-francês (europeu
continental), onde o juiz condena o réu estipulando a pena concreta porém não a
executa, suspendendo-a por determinado tempo, por ter o réu preenchido alguns
pressupostos, até que o mesmo cumpra as condições imposta pelo juiz ou deixe de
cumprir a estas condições, neste caso, aplicando-lhe a pena já estabelecida. A expressão
"poderá ser suspensa", contida no caput do artigo 77, não quer dizer que a concessão
esta atrelada a vontade do juiz de conceder ou não arbitrariamente, de forma que,
preenchido os requisitos legais pelo réu, e negando-o o juiz, pode ele até impetrar
habeas corpus, conforme tem decidido o Tribunal deste Estado.

Para a obtenção da suspensão condicional da pena o condenado deve preencher


os requisitos descritos no artigo 77 do Código Penal, que são:

Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,


poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:

I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem


como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;

III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.

§ 1.o - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.

§ 2.o - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá
ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos
de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.

Os requisitos supramencionados se dividem em objetivos e subjetivos. São


requisitos objetivos os referido no caput e § 2º , sendo os demais de natureza subjetiva.
Mirabete em sua obra enumera o inciso III do art. 77 como de natureza objetiva,
diferentemente dos juristas mencionados.

Livramento condicional

O instituto do livramento condicional está previsto no ordenamento jurídico dos


artigos 83 a 90 do Código Penal, dos artigos 710 a 733 do Código de Processo Penal e
dos artigos 131 e 146 da Lei de Execução Penal 7.210/84.
Livramento condicional é a última etapa do cumprimento da pena no sistema
progressivo, sendo, parte integrante da execução da pena privativa de liberdade. Porém,
o mesmo não substitui a prisão e tampouco põe termo à pena.

Por tal instituto, o condenado a uma pena privativa de liberdade pode sair do
estabelecimento antes do término fixado na sentença condenatória, sempre que houver
preenchido determinados requisitos aceitação de certas condições. É uma antecipação,
embora limitada, da liberdade, com a possibilidade de regresso na prisão em caso de má
conduta.

Resumindo, livramento condicional ocorre na execução da pena privativa de


liberdade, consiste em uma antecipação provisória da liberdade do condenado.

Análise Jurisprudencial

Jurisprudência é um termo jurídico, que significa o conjunto das decisões,


aplicações e interpretações das leis. Também é descrita como a ciência do Direito e do
estudo das leis.

A jurisprudência surgiu com o Direito Inglês, que foi desenvolvido para ir contra
os costumes locais que não eram comuns. Para combater isso, o rei enviava juízes que
presidia o juri e constituiu um sistema de regras em tribunais separados. O direito inglês
apresentou-se então como direito jurisprudencial, onde predominava a regra do
precedente.

O real significado de jurisprudência significa "a ciência da lei". A jurisprudência


pode ter outros significados, como a decisão de um tribunal que não pode ser recorrida,
ou um conjunto de decisões dos tribunais, ou a orientação que resulta de um conjunto de
decisões judiciais proferidas num mesmo sentido sobre uma dada matéria ou de uma
instância superior como o STJ ou TST.

Jurisprudência pode ser uma lei baseada em casos, ou à decisões legais que se
desenvolveram e que acompanham estatutos na aplicação de leis em situações de fato.
A obediência à jurisprudência é tradição dos países que seguem a tradição Anglo
saxônica do Direito, como os sistemas jurídicos inglês e americano e é menos frequente
em países que seguem a tradição Romana, como Portugal, Brasil, Espanha e etc.

A jurisprudência pode se referir a várias áreas do Direito. Por exemplo, a


jurisprudência trabalhista se refere às normas, leis e decisões tomadas no âmbito do
trabalho.
Referências Bibliográficas

BITENCOURT, Cezar Roberto – Tratado de Direito Penal: parte geral 1 – 16ª ed. – Ed.
Saraiva, São Paulo, 2011;

NUCCI, Guilherme de Souza – Código Penal Comentado – 10ª ed., revista, ampliada e
atualizada – São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010; e

Vade Mecum Saraiva 2011 - 13ª ed. – Ed. Saraiva, 2011.

Paulo Quezado; Alex Santiago (12 de março de 2013). «A teoria do domínio do fato à
luz da nova jurisprudência do STF». Consultado em 6 de setembro de 2014.

Gabriel Mendes Abdalla. A Teoria do Domínio do Fato - Evolução dogmática e


principais características. Jus Brasil

Cezar Roberto Bitencourt (18 de novembro de 2012). «A teoria do domínio do fato e a


autoria colateral». Consultor Jurídico. Consultado em 27 de dezembro de 2012.

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