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23/03/2024, 12:29 Prática Jurídica em Direito Criminal

PRÁTICA JURÍDICA EM DIREITO CRIMINAL


UNIDADE 4 – EXECUÇÃ O DA PENA

Ana Paula de Pétta

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Introdução
Nesta quarta e ú ltima unidade do curso de Prática Penal, estudaremos a fase de execução da sentença. Apó s o
trânsito em julgado da sentença condenató ria ou absolutó ria impró pria, tem início a execução da sentença.
Trataremos de aspectos gerais da Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/84) e dos principais requerimentos a
serem feitos nesta etapa.
Como de costume, vale ressaltar que o texto é um resumo. É sempre indicada a leitura da doutrina, bem como
a atualização jurisprudencial sobre o tema.

4.1 Execução penal


Com a prática da infração penal surge para o Estado o jus puniendi ou direito de punir. Esse direito abrange a
persecução penal (que tem início com a investigação e termina com o trânsito em julgado da sentença) e a
execução de eventual sentença condenató ria ou absolutó ria impró pria (imposição de medida de segurança).
Logo, verifica-se que não basta ao Estado, para satisfazer seu direito de punir, a imposição de uma pena ou
medida de segurança. A satisfação será integralizada com a integral execução da sanção penal imposta.
Para a execução da sentença, deve ser instaurado o processo de execução e, de acordo com o art. 1º da LEP
caberá ao Estado, durante a execução, proporcionar condiçõ es para a harmô nica integração social do
condenado e do internado.

4.2 Princípios aplicáveis à fase de execução


Tratemos agora dos principais princípios que regem a execução penal.

Humanidade das penas


O condenado é sujeito de direitos e isso deve ser
respeitado pelo Estado. Merece tratamento
adequado à condiçã o humana.

Legalidade
Previsto nos arts. 3º e 45 da LEP. O juiz das
execuçõ es deve observar o disposto na sentença e
suas decisõ es nã o devem atingir direitos nã o
atingidos pelo decreto condenató rio ou

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absolutó rio impró prio. Também nã o haverá falta


ou sançã o disciplinar nã o expressa na Lei e
anteriormente à prá tica da conduta.

Contraditório e ampla defesa


Antes de qualquer decisã o judicial, acusaçã o e
defesa devem sempre ser ouvidas.

Individualização das penas


O juiz da execuçã o deve respeitar o que está
determinado na sentença que executa.

4.3 Execução definitiva x Execução provisória


Existem duas espécies de execução: definitiva e provisó ria.
A execução definitiva é aquela que toma por base uma sentença condenató ria ou absolutó ria impró pria com
trânsito em julgado.
A execução provisória, por sua vez, ocorre antes do trânsito em julgado.
Doutrina e jurisprudência criaram a execução provisó ria para garantir ao réu que aguarda preso o processo,
bem como o recurso apó s a sentença de 1ª instância, os direitos previstos na LEP.
O STF tratou do tema na Sú mula 716: “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a
aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenató ria”.
Assim, o réu que esteja preso provisoriamente (prisão preventiva) está com sua liberdade restrita e já faz jus à
aplicação dos dispositivos da LEP. Sabe-se que existe uma demora até que ocorra o trânsito em julgado,
especialmente na fase recursal. Assim, para que o condenado não seja punido pela demora do Estado em
processar e julgar os recursos, pode ir fazendo os requerimentos da fase de execução e progredindo de regime,
por exemplo. Essa execução provisó ria já é pacificada e aplicada amplamente na prática.
Outra espécie de execução provisó ria gera discussõ es. É aquela que tenha por base uma sentença de
condenação confirmada em segunda instância, mas da qual tenham sido interpostos recursos ao STJ e/ou ao
STF.
Em 2016, no julgamento do HC 126.292/SP, a Suprema Corte entendeu pela possibilidade do início da execução
da pena condenató ria apó s a confirmação da sentença em segundo grau, sob o argumento de que essa decisão
não ofende o princípio da presunção de inocência, já que a confirmação da sentença em segunda instância
encerra a análise de mérito. Mas não se trata de entendimento pacificado, pois desde que a Corte proferiu tal
decisão, várias açõ es foram propostas para discutir o assunto.
Em 07 de novembro de 2019, o plenário do STF finalizou o polêmico julgamento da possibilidade de prisão
apó s condenação em 2ª instância. Por seis votos a cinco, os ministros decidiram que não é possível a
execução da pena depois de decisão condenató ria confirmada em 2ª instância, devendo-se aguardar o trânsito
em julgado da sentença condenató ria.

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4.4 Estrutura da LEP


Muito comum ouvirmos severas críticas ao sistema penitenciário e a
afirmação de que não temos leis nesse sentido.
O sistema penitenciário, sim, possui problemas e merece algumas
críticas. No entanto, é falacioso dizer que não temos leis. A nossa Lei de
Execução Penal é muito bem elaborada.
No título II, a LEP trata do condenado e do internado, estabelecendo
regras de classificação dos presos; de assistência material jurídica,
educacional, social, religiosa e à saúde aos presos e internados; trata
também da assistência aos egressos.
No mesmo título, a partir do Capítulo III, a LEP trata do trabalho do
preso, delimitando as regras para trabalho interno e externo. Já no
capítulo IV, trata dos deveres, direitos e da disciplina dos presos, bem
como trata das faltas disciplinares, sanções e recompensas e aplicação
dessas sanções. Trata ainda do procedimento disciplinar.
No título III, a LEP trata dos órgãos da execução penal: Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária; Juízo da Execução;
Ministério Público; Conselho Penitenciário; Departamentos
Penitenciários; Patronato; Conselho da Comunidade e Defensoria
Pública. Trata da atuação desses órgãos e estabelece regras e limites
para essa atuação.
No título IV, trata dos estabelecimentos penais. Estabelece tudo o que
deve ser aplicado a cada estabelecimento como instalação,
funcionamento, requisitos da unidade celular, enfim. Regras acerca do
encarceramento dos presos. Leia com atenção esse título e verifique que
a nossa legislação prevê a aplicação dos princípios de humanidade e
ressocialização que, infelizmente, não são tão bem aplicados.
O título V trata da execução das penas em espécie, abrangendo,
inclusive, regramentos referentes às autorizações de saída e saída
temporária do preso, bem como do livramento condicional. Trata
também da monitoração eletrônica, inserida na lei em 2010.

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O título VI trata da execução das medidas de segurança. Já o título VII


trata dos incidentes da execução, como conversões de penas, excesso na
execução da sentença, anistia e indulto. Trata também do procedimento
judicial referente a tais incidentes.
Veja, portanto, que temos uma lei muito completa e bem elaborada.
Infelizmente, por desconhecimento desse conteúdo, ouvimos as
afirmações ditas anteriormente.
Leia a LEP! É uma legislação bastante cobrada em provas de concurso e
exame da OAB.

4.5 O juízo da execução


De acordo com a doutrina, a execução penal tem natureza administrativa e jurisdicional. A parte jurisdicional
cabe ao juiz da execução. O processo de execução é dinâmico e trata de progressõ es e regressõ es, bem como
premiaçõ es e sançõ es. Quem cuida de tudo isso é o juiz.
Cada Estado deve definir a competência do juízo da execução de seu territó rio, conforme previsão do art. 65 da
LEP. Caso não existam leis prevendo tais definiçõ es, o juiz da condenação será competente para acompanhar a
execução.
O processo de execução ficará sempre aos cuidados do juiz do local em que estiver recolhido,
independentemente do local em que tenha sido processado.
O art. 66 da LEP trata das competências do juiz da execução e elenca as principais decisõ es que o juiz toma no
decorrer do processo de execução:

Art. 66. Compete ao Juiz da execução


I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;
II - declarar extinta a punibilidade;
III - decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena;
d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
f) incidentes da execução.
IV - autorizar saídas temporárias;
V - determinar:
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução;
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de
segurança;
e) a revogação da medida de segurança;
f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca;
h) a remoção do condenado na hipó tese prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
i) (VETADO);

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VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;


VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para o
adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em condiçõ es
inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. (BRASIL, 1984).

Do ponto de vista da prática, os requerimentos a serem feitos ao juiz da execução encontram-se no artigo
mencionado. Assim, vale a leitura e conhecimento do conteú do do artigo.

4.6 Impugnação das decisões do juiz da execução


O recurso previsto para impugnar as decisõ es do juiz nessa fase de execução é o agravo. Está previsto no art.
197 da LEP. Tratamos do tema na unidade 3.
Ocorre que o processamento de um recurso é demorado. Muitas vezes, os pleitos na fase de execução pedem
uma certa urgência nas decisõ es.
Por esse motivo, utiliza-se bastante, na fase de execução, dois remédios constitucionais: o habeas corpus e o
mandado de segurança.
O habeas corpus deve ser utilizado sempre que alguém sofrer ou estiver na iminência de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Está previsto no art. 5º, LXVIII da
CF e nos arts. 647 a 667 do CPP.
Deve-se ter parcimô nia na utilização do habeas corpus, pois os Tribunais não o têm aceitado como
substituição ao agravo. Assim, para impetrar o remédio, você deve argumentar de forma convincente os
requisitos: direito à liberdade de ir e vir atingido por ato ilegal e urgência na reforma da decisão sob pena de
causas danos irreparáveis ao condenado.
O mandado de segurança é o remédio utilizado para proteger direito líquido e certo não amparado por habeas
corpus. Está previsto no art. 5º, LXIX da CF e na Lei n. 12.016/09.

VOCÊ SABIA?
Estude esses remé dios, pois na vida prá tica, sã o bastante utilizados. O exame da
OAB, o habeas corpus há muito tempo nã o é cobrado, por ser uma peça
considerada comum na á rea penal.

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4.7 Requerimentos mais comuns


Dentre os requerimentos que geralmente são feitos ao juiz das execuçõ es, alguns são mais corriqueiros e
consequentemente caem com mais frequência em provas.
São eles:

Requerimento de progressão de regime – art. 112 da LEP;

Requerimento de remição de pena – art. 126 da LEP;

Requerimento de livramento condicional – art. 131 da LEP e 83 do CP;

Requerimento de unificação de penas – art. 111 da LEP.

4.8 Estrutura dos requerimentos


Como já dito, na fase de execução, a atuação do advogado se concentra nos requerimentos ao juiz das
execuçõ es.
A estrutura é aquela trabalhada na unidade 1 – de petição simples, com endereçamento ao juiz das execuçõ es,
preâmbulo apresentando, o requerente e o nome, fundamentação do requerimento, narrativa dos fatos,
argumentação do direito, pedido e parte final.
Não tem muito segredo e, partindo do pressuposto que você já fez muitas peças no decorrer do curso, nessa
unidade não terá muita dificuldade.
Apresentaremos, a seguir, um modelo básico, que poderá ser utilizado para elaboração dos requerimentos.
Basta adaptar com o fundamento jurídico e os argumentos pertinentes a cada um.

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Figura 1 - Modelo de requerimento

Tratamos, nesta unidade, dos principais requerimentos da fase de execução da pena. Ressaltamos a
importância de que você estude e conheça todos, além de revisar todo o conteú do pertinente ao tema.
Quanto à prática, deve elaborar ao menos uma peça de cada requerimento tratado nesta unidade.
Mãos à obra, bons estudos e bom treino!

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Conclusão
Concluímos a quarta unidade do curso de Prática Penal. Além de revisarmos o conteú do sobre execução penal,
agora você já tem noção de como atuar nessa fase.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• conhecer a execução penal;


• entender os princípios da execução;
• estabelecer a diferença entre execução definitiva e provisória;
• estudar a estrutura da LEP;
• compreender o juízo da execução;
• analisar os meios de impugnação;
• conhecer os requerimentos mais comuns.

Bibliografia
BRASIL. Presidência da Repú blica. Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Có digo Penal. Brasília:
Casa Civil / Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1940. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm). Acesso em: 21 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da Repú blica. Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm). Acesso em: 21 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da Repú blica. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Casa
Civil / Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm). Acesso em: 21 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da Repú blica. Lei n. 12.016, de 7 de agosto de 2009. Disciplina o mandado de segurança
individual e coletivo e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12016.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12016.htm). Acesso em: 21 fev. 2020.

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