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No atual estado de natureza hermenêutico brasileiro, o direito civil vem ocupando um lócus
privilegiado. Há nisso um fator de complicação: para além da ideologia dos “operadores do direito”,
presente no comum dos casos, conta-se aqui a mobilização acadêmica em prol do que seriam os
“bons” ativismos.
A denúncia do ativismo judicial no direito brasileiro, por mais introjetada que seja pela dogmática, já
se fez sentir no meio acadêmico. Contudo, a especificidade do direito civil reclama estender e
intensificar essa discussão. Nessa frente de trabalho, destaca-se a abordagem de Otavio Luiz
Rodrigues Junior:
“Diz-se que o novo Direito Civil, também denominado Direito Civil constitucionalizado,
repersonalizado, despatrimonializado etc., voltou-se para princípios e valores por muito tempo
esquecidos, a exemplo da dignidade da pessoa humana, da função social do contrato, da função
social da propriedade. É também sustentado que esse novo Direito Civil ocupou-se dos problemas
da sociedade contemporânea, abrindo-se para as novas famílias, para a função social da
propriedade e para a luta dos grupos excluídos. Seria esse o novo limiar de um Direito Civil
humanista, pluralista, democrático e social. Adjetivos, discursos hiperbólicos e afirmações
panfletárias não faltam para descrever esse Direito Civil pós-moderno. Muito bem. Mas, é
imprescindível a realização de delimitações para se analisar toda essa enxurrada retórica em torno
dessa nova visão do direito civil”.2
“Os argumentos seguem quase sempre a lógica de buscar em elementos extranormativos o fator de
correção de opções legislativas ou de reformar o modo como a magistratura interpreta determinados
dispositivos legais. No último caso, há a velha tática do ‘ataque ao espantalho’; no caso, o
espantalho é o positivismo. O direito posto, na espécie, o Direito Civil, seria retrógado, ultrapassado,
desconforme aos valores constitucionais, à dignidade humana e, por via de consequência, não
ampararia os direitos dos hipossuficientes, de gênero ou das minorias”.3
Tem razão Otavio Luiz Rodrigues Junior. O protagonismo judicial parece não conseguir exorcizar os
fantasmas do velho socialismo processual. Exemplo recente desse imaginário jurídico ativista que vai
se difundindo é decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão, que, por intermédio da sua 3.ª Câmara
Cível, reconheceu (por unanimidade) como união estável o relacionamento de uma mulher que
ingressou na Justiça pleiteando direitos patrimoniais após o falecimento de um homem casado com
outra pessoa e com quem manteve um relacionamento paralelo por 17 anos. Ou seja, o TJMA
reconheceu como válida a coexistência de uma união estável paralela ao casamento, dizendo ser
legal um concubinato adulterino.
“Ementa: Direito de família. Apelação cível. Ação declaratória de união estável post mortem.
Casamento e união estável simultâneos. Reconhecimento. Possibilidade. Provimento. 1. Ainda que
de forma incipiente, doutrina e jurisprudência vêm reconhecendo a juridicidade das chamadas
famílias paralelas, como aquelas que se formam concomitantemente ao casamento ou à união
estável. 2. A força dos fatos surge como situações novas que reclamam acolhida jurídica para não
ficarem no limbo da exclusão. Dentre esses casos, estão exatamente as famílias paralelas, que
vicejam ao lado das famílias matrimonializadas. 3. Para a familiarista Giselda Hironaka, a família
paralela não é uma família inventada, nem é família imoral, amoral ou aética, nem ilícita. E continua,
com esta lição: Na verdade, são famílias estigmatizadas, socialmente falando. O segundo núcleo
ainda hoje é concebido como estritamente adulterino, e, por isso, de certa forma perigoso,
moralmente reprovável e até maligno. A concepção é generalizada e cada caso não é considerado
por si só, com suas peculiaridade próprias. É como se todas as situações de simultaneidade fossem
iguais, malignas e inseridas num único e exclusivo contexto. O triângulo amoroso sub-reptício,
demolidor do relacionamento número um, sólido e perfeito, é o quadro que sempre está à frente do
pensamento geral, quando se refere a famílias paralelas. O preconceito – ainda que amenizado nos
dias atuais, sem dúvida – ainda existe na roda social, o que também dificulta o seu reconhecimento
na roda judicial. 4. Havendo nos autos elementos suficientes ao reconhecimento da existência de
união estável entre a apelante e o de cujus, o caso é de procedência do pedido formulado em ação
declaratória. 5. Apelação cível provida” (TJMA, ApCiv 19.048/2013, 3.ª Câm. Civ., rel. Des. Lourival
de Jesus Serejo Sousa, j. 10.07.2014).
Ainda, ficou assentado que a tese ultrapassa antigos paradigmas marcados pelo patriarcalismo em
frase emblemática: “Entre as novas formas de famílias hoje existentes despontam-se as famílias
paralelas. Se a lei lhes nega proteção, a Justiça não pode ficar alheia aos seus clamores”.
Entretanto, pergunto: se a lei lhes nega a proteção, quem deu ao magistrado a autorização para
“fazer outra lei”? Diz, ainda, que a lei é muito rigorosa por tratar as uniões fora do casamento com
muito rigor. Pergunta-se: o magistrado teria sido eleito pelo povo, conforme a Constituição, que diz
que todo o poder emana do povo? Vale aqui o aporte de Dworkin, especificamente no que tange à
distinção entre policies e principles,4 donde exsurge a diferença de fundamentação entre a atividade
do legislador e a do juiz, respectivamente.
A Constituição do Brasil (art. 226) coloca o casamento em primeiro plano com relação a qualquer
outra união, independentemente das opiniões pessoais dos juristas a respeito de sua (in)justiça. Isso
porque, embora refira que a união estável é reconhecida como entidade familiar, acrescenta que a lei
deve facilitar sua conversão em casamento (§ 3.º). Ou seja, dá especial proteção ao casamento (§§
1.º e 2.º). Contudo, pela decisão do TJMA, pode-se crer que, numa leitura mais ampla, se está
equiparando uma união extraconjugal a casamento, o que não seria possível judicialmente.
“Como se vê, não é uma decorrência peremptória, silogística, do texto constitucional a proibição de
reconhecimento de famílias paralelas a prévia entidade familiar e de famílias poliafetivas. A CF/1988
não repetiu a tradição restritiva dos textos constitucionais anteriores, que doutrina e jurisprudência
entendiam que protegiam apenas uma espécie de família, nem disse que “apenas” as entidades
familiares nela descritas mereceriam especial proteção do Estado. Toda e qualquer família merece,
sendo exemplificativo o rol de entidades familiares do art. 226 da CF/1988. De qualquer forma, cabe
lembrar que Gadamer diz que seguir a tradição deve ser um ato de razão. Logo, a tradição não
petrifica a interpretação jurídica. A se seguir a hermenêutica gadameriana, a tradição deve ser
levada em consideração na interpretação de textos normativos, mas ela só será determinante
mesmo em Gadamer se (e somente se) ela for uma tradição legítima. O próprio Streck fala em
tradições ilegítimas em suas obras. Daí defendermos que, se seguir a tradição deve ser um ato de
razão, então uma tradição que não se sustente frente a razão crítica da contemporaneidade deixa de
merecer seguimento e deixa, assim, de condicionar a interpretação de textos normativos.
Dessa forma, considerando que não faz sentido lógico-racional discriminar a família conjugal paralela
relativamente à família conjugal pretérita (ambas são, afinal, famílias) e especialmente que não faz
sentido discriminar a família conjugal poliafetiva relativamente à monoafetiva (monogâmica), então
essa tradição discriminatória positivada no Código Civil (arts. 1.521, VI, e 1.723, § 1.º) e no Código
Penal (art. 215) afigura-se ilegítima (e inconstitucional). Até porque o princípio da igualdade veda a
arbitrariedade, donde, na feliz síntese de Alexy, “Se não houver uma razão suficiente Página para 3a
O ativismo, o justo e o legal: crítica ao
pamprincipiologismo a partir do caso das "famílias
paralelas"
Ainda, nesse mesmo texto busca-se um conceito “ontológico-material de família” no “mundo dos
fatos” a partir de pesquisas empíricas, sob alegação de não se estar sendo “solipsista”; aporta-se
Dworkin para “inovar na história institucional” a despeito de texto de lei (desconsiderando que a
nossa Constituição é analítica e nossa legislação, farta, radicando no Civil Law); mistura-se métodos
de interpretação com críticas a “silogismos”, mistura-se Gadamer com Alexy, faz-se elogios à
“lógica-racional” e uma tentativa de instrumentalização da hermenêutica filosófica, como se esta
fosse relativista. Há que se objetar contra esses cruzamentos fundacionais entre vários paradigmas,
operados em favor do pamprincipiologismo. Outro argumento que deve ser rechaçado,
constantemente utilizado contra todo aquele que prega a obediência aos limites semânticos dos
textos jurídicos (leis e Constituição), é o de que estar-se-ia professando uma espécie de positivismo
exegético (ou originalismo – sic). Ora, de há muito já deixei isso claro, mormente em um texto hoje
conhecido por todos, denominado Aplicar a letra da lei é uma atitude positivista?.10 Nele, explicito
que, no atual paradigma, já não falamos em uma legalidade do século XIX e, sim, daquilo que Elias
Diaz denomina de “legalidade constitucional”. Assim, por exemplo, não há relação entre defender a
aplicação textual da Constituição e qualquer forma de exegetismo praticado ao tempo em que direito
e moral eram cindidos e aos juízes era proibido realizar juízos de validade. Somente quem não
compreende o significado do positivismo jurídico é que pode pensar que a defesa da aplicação de
um texto, nos seus limites semânticos, configura(ria) uma atitude positivista. É o mesmo que pensar
que Kelsen era um positivista exegético, o que é um equívoco imperdoável.
Ainda a propósito da mixagem teórica entre Alexy e Gadamer (que, com certeza, ambos
desaprovariam), vale advertir que não se pode tentar “corrigir” uma compreensão com argumentos
morais. Aqui a questão deixa de ser hermenêutica, pela hipertrofia da dimensão argumentativa da
decisão, a qual se volta inequivocamente à interpelação de sentido. Nesse caso, quanto mais se
explica, mais se esconde o que se está explicando.
Sabemos o que a Constituição quis dizer com homem e mulher. E sabemos que sabemos. Em suma:
os argumentos aí não estão voltados à explicitação da compreensão, mas a uma pretensa “correção
moral” de seu sentido. Focando em Gadamer: “descobrir que uma tradição é ilegítima” não nos
autoriza a dispor interpretativamente de um texto para dizer dele algo que ele não diz (e sabemos o
que ele diz); tanto mais em se tratando de um texto normativo, aliás, o próprio Texto Fundamental.
Contudo, é possível mudar textos normativos e as vias para isso são previamente institucionalizadas
nos arts. 59 a 69 da CF.
“União estável. Pressupostos. Affectio maritalis. Coabitação. Publicidade da relação. Prova. Princípio
da monogomia. 1. Não constitui união estável o relacionamento entretido sem a intenção clara de
constituir um núcleo familiar. 2. A união estável assemelha-se a um casamento de fato e indica uma
comunhão de vida e de interesses, reclamando não apenas publicidade e estabilidade, mas,
sobretudo, um nítido caráter familiar, evidenciado pela affectio maritalis. 3. Não é permitido, no nosso
ordenamento jurídico, a coexistência de dois casamentos ou de uma união estável paralela ao
casamento ou de duas uniões estáveis paralelas. 4. Constitui concubinato adulterino a relação
entretida pelo falecido com a autora, pois ele estava casado com outra mulher, com quem convivia.
Inteligência do art. 1.727 do Código Civil. 5. Não comprovada a entidade familiar, nem que a autora
tenha concorrido para aquisição de qualquer bem, a improcedência da ação se impõe. Recurso
desprovido” (TJRS, ApCiv 70057311425, 7.ª Câm. Civ., rel. Sérgio Fernando de Vasconcellos
Chaves, j. 26.02.2014).
Contudo, nesse mesmo tribunal observa-se decisão com encaminhamento similar à do TJMA, em
que o Judiciário diz que decidiu reconhecer dupla união estável:
“Apelação. Previdência pública. Ação ordinária. Pensão por morte. Dupla união estável. Rateio.
Possibilidade. Dependência econômica. Requisito derrogado. Incompatibilização com a nova ordem.
I – Após dizê-la base da sociedade, a Constituição assegura à família especial proteção do Estado
(art. 226), definindo três espécies de entidades familiares: (a) a constituída pelo casamento, civil ou
religioso com efeitos civis (§§ 1.º e 2.º; (b) a constituída pela união estável entre o homem e aPágina
mulher4
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pamprincipiologismo a partir do caso das "famílias
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(§ 3.º) e (c) a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, chamada de família
monoparental (§ 4.º). Verificado o impedimento matrimonial, o relacionamento heterossexual, embora
não eventual, configura o ‘concubinato’ (C. Civil art. 1.727), não ensejando a incidência das normas
relativas ao instituto da ‘união estável’, constitucionalmente protegido, inclusive no que respeita à
pensão por morte. Mas a própria Lei Civil excepciona ao dispor, na segunda parte do § 1.º do art.
1.723, que o impedimento matrimonial não obsta a União Estável ‘no caso de a pessoa casada se
achar separada de fato’. II – No caso, certa a união estável, o que forra Apelante da proteção
previdenciária por sua qualidade de dependente presumida, como se casada fosse, também certo,
como é da abundante prova documental, que o ex-servidor, mesmo por todo o tempo separado de
fato, nunca deixou de prover o sustento da ex-esposa, por isso também dele dependia
economicamente. Possível repartir igualitariamente o benefício, dobrando-se mais à imperatividade
dos fatos, menos do que levado a implementar justiça salomônica. ‘Ex facto oritur jus’. III –
Derrogada a disposição do § 5.º, art. 9.º, da Lei Estadual 7.672/1982, na parte que exige
comprovada a dependência econômica à companheira em união estável, para fazer jus ao benefício
previdenciário, por não se compatibilizar com a nova ordem. Apelo parcialmente provido. Unânime”
(TJRS, ApCiv 70047138060, 21.ª Câm. Civ., rel. Genaro José Baroni Borges, j. 26.06.2013). (sem
grifo no original)
Sem adentrar muito a temática previdenciária, destaque-se que não se trata aí propriamente de
“dupla união estável”, mas de um vínculo conjugal à data da morte e uma dependência econômica
de vínculo anterior, do qual já constava separação de fato. Ora, não há necessidade, nem
possibilidade, de se apelar à citada “imperatividade dos fatos” como origem do direito (ex facto oritur
jus), muito menos à “justiça salomônica”. Trata-se de decorrência de obrigação alimentícia (arts.
1.694 a 1710 do CC), que aí não ofende a licitude civil ou criminal, como já reconhecia a Súmula 159
do extinto TFR: “É legítima a divisão da pensão previdenciária entre a esposa e a companheira,
atendidos os requisitos exigidos” (sem grifo no original). Nesses requisitos, conta-se a separação de
fato, viabilizadora legal da união estável (§ 1.º do art. 1.723, citado na decisão). A essa altura, a
possibilidade está contemplada no art. 77 da Lei 8.213/1991 e no art. 113 do Decreto 3.048/1999.
3. O simbolismo da decisão
Pode-se discutir qual é a importância de uma decisão que, ativista e sociologisticamente, decide por
uma pretensa “justiça” a favor de uma senhora que foi concubina de um cidadão? A primeira
questão: justo para quem? Esse é o busílis do problema. Nosso país é useiro e vezeiro em utilizar
argumentos “fáticos” para derrubar a legislação. No direito do trabalho existe até mesmo um
“princípio” chamado da “primazia da realidade”.
Algumas decisões nesse sentido recorrem à proibição de non liquet. Com efeito, não há aí “ non
liquet, mas improcedência (quando não, impossibilidade jurídica do pedido). As situações que dizem
respeito aos relacionamentos concubináticos já estão regulamentados. Daí a existência de coisas
acacianas, como: se a união estável (que pode ser equiparada ao casamento) exige a prova da
ruptura, é exatamente isso que não existiu no caso concreto, porque a mancebia ocorreu durante
quase duas décadas. Logo, não havia o requisito legal para se apropriar de qualquer herança, que é
a união estável.
O que impressiona, portanto, não é o fato, mas a sua simbologia. Quando o Judiciário se arvora
como arauto da justeza e da correção legal pela via da facticidade, ele, em vez de avançar, está
atrasando o progresso do direito. No final do século XIX é que se poderia justificar uma espécie de
“socialismo processual” (Menger e Klein).
Algumas doutrinas sustentam que isso “é fazer teoria crítica” (tal qual o neoconstitucionalismo à
brasileira). Ora, “descobrir” que os juízes não são neutros e que eles não são máquinas é estroinar
com a inteligência dos juristas. E colocar mais de um século de filosofia no lixo. Ihering já sabia de
tudo isso. Philip Heck também. E o que dizer dos juízes da “Escola do Direito Livre”? Eles sabiam
que o juiz não é máquina, que “é humano como nós”. A questão se complica, contudo, nos séculos
XX e XXI. Se “a vontade” supera “a razão”, a questão é: como controlar essa vontade? Portanto, o
ponto não é explicar a vontade incontrolada e, sim, como evitar que a vontade (e suas decorrências,
como ideologias, gostos, desejos etc.) se sobressaia à lei. Como evitar que “o que eu penso sobre o
mundo seja utilizado como fator de decisão sobre o direito dos outros”, mormente
quando-a-lei-diz-o-contrário?
4. Considerações finais
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O ativismo, o justo e o legal: crítica ao
pamprincipiologismo a partir do caso das "famílias
paralelas"
Direito não é moral. Direito não é sociologia. Direito não é filosofia. Direito é um conceito
interpretativo e é aquilo que é emanado pelas instituições jurídicas, sendo que as questões a ele
relativas encontram, necessariamente, respostas nas leis, nos princípios constitucionais, nos
regulamentos e nos precedentes que tenham DNA constitucional, e não na vontade individual do
aplicador (mesmo que seja o STF).
Não se ignora a crise do Legislativo e do Executivo (que pode remeter projetos de lei e emitir
decretos e medidas provisórias). Lobbies baratos (no sentido de baixo-clero) e caros (no sentido dos
interesses envolvidos) fazem com que o processo legislativo ande muito mal. Mesmo assim, ainda há
uma Constituição que deve ser respeitada. Se o Legislativo se dobra às pressões de grupos, ainda
têm-se as arguições de inconstitucionalidade. E aqui entra o nosso trabalho. Por isso,
fundamentalmente, deveríamos apostar na doutrina, que deveria fazer constrangimentos
epistemológicos sobre o Judiciário, para que este valorize e leve o texto da Constituição a sério.
Contudo, advirta-se: não deve o Judiciário dar maus exemplos, fazendo ele mesmo dribles
hermenêuticos na legislação. Isso empobrece o nosso habitus constitucional e desloca o debate
público do lócus privilegiado de transformação da sociedade: a política. E quem perde é a
democracia.
5. Referências
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. A semana. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 11.11.1900.
Disponível em: [http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/cronica/macr12.pdf]. Acesso em:
25.08.2014.
STRECK, Lenio Luiz. Aplicar a letra da lei é uma atitude positivista? Novos Estudos Jurídicos, n. 1,
vol. 15, 2010. Disponível em: [http://www6.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/2308]. Acesso
em: 27.08.2014.
______. O ativismo, o justo, o legal e a lesão por esforço epistêmico repetitivo (coluna Senso
Incomum). Consultor Jurídico, 31.07.2014. Disponível em:
[http://www.conjur.com.br/2014-jul-31/senso-incomum-ativismo-justo-legal-lesao-esforco-epistemico-repetitivo].
Acesso em: 25.08.2014.
VECCHIATTI, Paulo Roberto Iotti. Famílias paralelas e poliafetivas devem ser reconhecidas pelo
Judiciário. Consultor Jurídico, 05.08.2014. Disponível em:
[http://www.conjur.com.br/2014-ago-05/paulo-iotti-familias-paralelas-poliafetivasreconhecidas].
Acesso em: 25.08.2014.
1 MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. A semana. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 11.11.1900.
3 Idem, p. 51.
4 DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2012. p. 141.
5 STRECK, Lenio Luiz. O ativismo, o justo, o legal e a lesão por esforço epistêmico repetitivo (coluna
Senso Incomum). Consultor Jurídico, 31.07.2014.
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pamprincipiologismo a partir do caso das "famílias
paralelas"
6 VECCHIATTI, Paulo Roberto Iotti. Famílias paralelas e poliafetivas devem ser reconhecidas pelo
Judiciário. Consultor Jurídico, 05.08.2014.
7 GADAMER, Hans Georg. Verdad y método I. Salamanca: Ediciones Sígueme, 1994. p. 81.
8 DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2012. p. 136.
9 VECCHIATTI, Paulo Roberto Iotti. Famílias paralelas e poliafetivas devem ser reconhecidas pelo
Judiciário. Consultor Jurídico, 05.08.2014.
10 STRECK, Lenio Luiz. Aplicar a letra da lei é uma atitude positivista? Novos Estudos Jurídicos, n.
1, vol. 15, 2010.
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