O documento discute os principais conceitos da História do Direito Português, incluindo as diferentes épocas, fontes de direito e conceitos como monismo jurídico, pluralismo jurídico, justiça e direito natural na Idade Média. Aborda temas como a evolução do papel do Estado, juristas e leis ao longo do tempo.
O documento discute os principais conceitos da História do Direito Português, incluindo as diferentes épocas, fontes de direito e conceitos como monismo jurídico, pluralismo jurídico, justiça e direito natural na Idade Média. Aborda temas como a evolução do papel do Estado, juristas e leis ao longo do tempo.
O documento discute os principais conceitos da História do Direito Português, incluindo as diferentes épocas, fontes de direito e conceitos como monismo jurídico, pluralismo jurídico, justiça e direito natural na Idade Média. Aborda temas como a evolução do papel do Estado, juristas e leis ao longo do tempo.
Um dos primeiros problemas que se colocam a ponto de vista historiográfico é se
HDP é ciência da história ou ciência do direito. A professor acha que é ambos. Aqui pode estudar-se a história das fontes em sentido tecnico-jurídico formal. HDP vai estudando aimportância de cada uma delas ao longo do tempo, que reflete a evolução política das sociedade. Regimes políticos mas debilitados, como os da idade média, o costume era mais relevante. Podememos analisar as isntituição penais, dirreito da família, etc. Ao estudar o conteúdo das normas avança-se para o estudo destas. A história do pensamento jurídico, quando se entende que o direito deve ser produzido pela lei e pelo Estado, explica as concepções filosóficas do direto, os projetos e propostas político-jurídicas por trás da evolução do Direito. A história externa, as fontes do Direito, a história interna, aqui entendemos as instituições e o conteúdo das normas. O DireitoPortuguês integra-se na família romano-germânica do Direito. Isto tem um explicação histórica que nos diz alguma coisa sobre os elementos característicos da nossa ordem jurídica. São eles um elemento romano, o elemento germânico (mudou alguns ramos de direito, é mais sensível politicamente que leva à alteração da posiçãoo jurídica da mulher e da funcionalidade no seio da família, direito sucessório com a proteção da família como principal objetivo) e um elemento cristão/canónico (a influência deste é menor à medida que se avança no tempo, mas muitos ramos do direito refletem o direito canónico muito relevante na idade média). Esta disciplina nasce com a reforma pombalina da Universidade de Coimbra da segunda metade do século XVIII pelas mãos de Mello Freire. Até à segunda metade do século XVIII, nas Universidades estudava-se direito romano, não o nacional, pelo que nessa altura não se estudava história do direito, nem português. A partir do momento em que se passa a lecionar um direito nacional próprio começa a estudar-se a história do Direito. Até aqui havia um direito comum romano que transcendia o espaço e o tempo, estudava-se o mesmo em todos os países e os juristas romanos eram tratados como contemporâneos. A divisão da história do direito português é feita por épocas. Isto tem porblemas como a artificialiade sujeita a toda a periodificação, a ssubjetividade, já que diferentes manuais têm diferentes periodificações, relativismo, já que não há nenhuma periodificação que se possa apontar como correta. Todaviia, tem uma vantagem didática de apresentação da matéria. Começa-se com o pluralismo jurídico medieval. que se inicai em 1179 com a Bula Manifestis Probatum, reconhecendo o título de Rei a D. Anfoso Henrihes. Este era caracterizado pelo pluralismo de fontes de direito e ordenamentos jurídicos. A lei era fraca, os doutores, o costume e a jurisprudência eram fontes de direito, e vigorava uma ordem jurídica canónica e romano. Em 14446, as ordenações afonsinas, terminam esta fase e iniciam o luraismo moderno ou o monismo formal. As ordenações mantêm elementos do período anterior, mas a prórpia lei do rei é que reconhece a vigoração das outras. A lei estabelece-se como fonte primária, ou assim pretende ser. Materialmente aplicava-se ddireeito romano, mas formalmente aplicava-se a lei, pois esta é que permitia a sua aplicação. Com a revolução liveral de 1820, realiza-se o inicio de um processo histórico muito importante, movimento da periodificação, com a intenção de que a lei contê- se todo o Direito. Este período é denominado como monismo contemporâneo que prelonga até à atualidade. Mas como este é um período muito longo, faz-se uma subdivisão. De 1820 até 1888 verificamos um período de sistematização jurídica do Estado. Daí até 1982 verifica-se a socialização jurídica do Estado e desde então até hoje a integração jurídica Quando caracterizamos monismo e pluralismo jurídico devemos considerar três aspetos: fontes de direito, relação entre direito e Estado, função do jurista. Antes do monismo, o Estado não era a única instituição a cria Direito. Na idade média, numa fase nem sequer existe Estado em sentido moderno, sim a dita coroa que fixa a lei, mas além disso existia o costume local e o direito extra-esdaual, o direito roamno. A Igreja e a população criam Direito. Aquilo que se entende é que hoje o jurista é um servidor do Direito produzido pelo Estado, temos um jurista buroocrata que serve a lei. Noutras épocas, o jurista e a doutrina podia criar Direito, o que ocorria no período medieval. Ainda assim, podemos dizer que o bom jurista é aquele que pode interpretar a lei, que pode fazer a diferença para os clientes dos jurista e entre o bom e o mau jurista. A função deste muda do pluralismo e do monismo. Justiça e Direito Natural Existe uma conexação estreita na era emdieval ente Justiça, Sociedade e Direito. Aqui o valor Justiça este valor era o fundamento do Direito que era expressa através de imagens, a Justiça é a mãe e o Direito é o filho, o segundo deriva da primeira. Esta concepção é feita recuperando o pensamento da antiguidade. Neste domínio realiza-se uma cristianização do pensamento jurídico da antiguidade média. A justiça era concebida como uma virtude. Recebe-se esta ideia através do conceito oposto, o vício. A justiça vem da habitualidade, quanto mais um se compostasse de forma justa, mas fortalecida seria a vontade de cada um. Isto é importante pois explica a observância voluntária do Direito. A fraqueza do Estado neste período não obstava a que as normas jurídicas fossem cumpridas, pois estas eram vistas como justas. A justiça universal era a rainha das virtudes, mas no meio de todas estas exisita a justiça particular que mais interessa ao Direito. Esta diz respeito às relações sociais entre os Homens. No período medieval, recuperado da antiguidade, utiliza-se a solução de Ulpianao 'A justiça é a vontade constante e perpétua de atribuir a cada um o seu direito'. Aqui há a referência ao fortalecimento da vontade através da habitualidade e repitição do ato justo. Mas como se procede à determinação do 'seu direito' ? Distinção da Justiça distributiva da justiça comutativa. A comutativa diz respeito às relações entre iguais e postula um igualdade absoluta, simples e aritemétiva. Exemplo, num contrato de compra e venda ambos estão em pé de igualdade, um dá a coisa, o outro recebe ao dar o preço da coisa. Se num contrato de compra e venda se verifica-se uma desigualdade dava-se a anulação do contrato. A justiça distributiva preside às relações ente a comunidade e os seus membros, numa relação que não se concebe como um de igualdade. Esta tinham como vantagens privilégios, mas tinha como desvantagens a política fiscal. Exemplo da relação entre o Estado e os súbditos, Postula-se uma igualdade relativa, proporcional e geométrica. 1 de março Na idade medieval, haavia o instítuto de lesão de mais de metade, quando uma parte prejudicava visivelmente a outra. A justiça não era um conceito hetéreo, mas sim um conceito prático e aplicável. Na idade média, o estratamento social refletia-se na ordem jurídica, já que cada estrata tinha privilégios, direitos próprios. Por exemplo, a nobreza, em cargo da função militar, estavam isentos de impostos que começou a mudar no reinado de D. João I com o estabelecimento de um exército nacional pago pela coroa. A teoria da pena alega que a punição devia corresponder ao crime, que se enquandra na justiça sinalagmática. Nas sete partidas, uma obra castelhana de Afonso X, continham uma tradução para castelhano de direito romano, uma forma indireta de o aplicar e não uma aplicação em Portugal de direito castelhano. Fala em justiça espiritual, política e contenciosa. Já Álvaro Pais, não o chanceller-mor de D. João, fez uma sistematização das formas de justiça (latria, dulia, obediência, disciplina, equidade). Estamos aqui perante concretizações da justiça particular. A jusiça objetiva, por outro lado, corresponde a um padrão ou modelo de conduta a ser seguido. Para tal efeito criou-se a ideia de um bom pai de família, aquilo que era exigível ao Homem médio e não a de um Santo. Em último lugar devemos fazer menção a um dilema do direito natural que serve para condicionar a forma como o Direito é feito e condicionar o poder político que coloca o problema de validade e acatramento. Os autores de direito natural dizem que o Direito ou é justo ou carece de validade. Relativamente ao acatamento, o súbdito deve acatar o Direito injusto? O pensamento medieval não abriu as portas ao direito de resistência o que, em princípio, postulava que o acatamento acaba-se por se confirmar. Isto dá azo ao escândalo da república, em que se o não acatamento fosse mais injusto que seu acatamento, então deveria acatar-se a ordem injusta. A ideia básica é de que o Direito depende de validade, mas na prática é recomendado o acatamento, há uma dictomoia entre justiça e segurança. O pensamento dualista significa o seguinte: na idade média os juristas aderem ao direito natural, eram fundamentalmente jurisnaturalistas. Estas doutrinas são sempre dualistas, pois defendem sempre dois tipos de direitos, o positivo (dos Homens) e supra-positivo (natural). O segundo é o direito justo por excelência. A sua função era política, pois o monarca não podia fazer o que queria, mas sim direito com base no direito natural. O direito natural é sempre conhecível pelo ser humano, nesse sentido é cognoscível. Na antiguidade, a grande fonte do direito é a natureza, dela retiravam-se modelos de conduta e organização da sociedade. Na idade média a concepção de direito natural é teológica. Já na idade contemporânea, há maior confiança na virtuosidade da razão humana que é fonte direta do direito natural, Deus contitnua presente como o criador do Homem, mas de forma indireta. S. Tomás de Aquino é o apogeu do pensamento jusnaturalista teológico. Ele é um homem sistemático e racionalizador. A lei divina era, para ele, a máxima lei, Deus é razão. A lei eterna é incognoscível, mas há partes suficientes que são suficientes para conduzir a vida do Homem, esta é cognoscível. Na perspetiva de S. Tomás, o homem era naturalmente bom e participava na natureza divina, na razão de Deus. A lei divina é incognóscivel, esta é revelada por Deus ao homem, mas o homem, na sua parte dada por Deus, pode ascender ao conhcimento das partes cognoscíveis da lei divina. O direito natural é imutável, já que deus e o homem é sempre o mesmo, a sua essência é a mesma em todas as épocas. O pensamento medieval faz uma separação entre princípios principais imutáveis e outros secundários que podem mudar ao longo do tempo e até ser derrogados. Quando surge o direito das gentes em roma, este não tem nada a haver com direito natural. O pretor peregrino agarrava no formalismo do ius civilie e simplifica-o para não romanos que não conheciam esses formalismos e aplicava esse direito a estrangeiros. Neste contexto, o pretor peregrino olhou para as regras naturais seguidos por todos os povos, aplicou-as aos estrangeiros e aproximou o ius gentium do direito natural e até do direito internacional. Direito super regna O direito canónico são o conjunto de regras aprovadas pelas autoridades eclesiásticas para a própria regulação e ordnamento da Igreja. Em primeiro lugar temos o direito canónico antigo que se apresenta como uma estrutura descentralizada que acaracteriza esta fase inicial. O clássico é marcado pela influência do direito romano. Depois há o pós clássico, apartir do Concílio de trento e por fim o moderno que corresponde à período de codificaçõa. Focar-nos- emos no clássico. As principais fontes do direito canónico são o antigo e novo testamento, a tradição e o costume. O costume, prática reiterada com convicção de onrigatoriedade, sofreu um reflexão por parte dos autores canónicos, sobre o seus requisitos. Este tinha de ser antigo, ser racional, etc. Para que serve a técnica dos limites do costume? Ora, para o limitar. Os requisitos também são uma técnica estranha à formação do costume e dos que o criam, a comunidade. Estes são impostos do exterior como limitação desta fonte. Os cânones eram outra fonte do direito canónico que, num sentido estrito, são as normas jurídicas emanadas dos conclíclio, ganhando mais peso aquelas designadas como curialistas e conciliaristas. A certa altura há uma discrepância quanto à instituição mais poderosa no centro da IGreja. Os conciliaristas atrbuiem mais peso aos concílios, mas à medida que se centraliza a estrutura clerical surgem os curialistas que reclamam mais poder ao Papa e à cúria romana. 6 de março O direito canónico era um dos ordenamentos jurídicos mais importatnes da era medieval e que era estudado pelos estudantes de Direito. Até ao século XVIII existiam civilistas que incidiam o seu estudo no corpus iuris cvilis e existiam canonistas que incidiam o seu estudo sobre os cánones da Igreja. Na fase inicial da história da Igreja, os cánones têm muita importância mais o Papa vem centralizando o poder da res publica da comunidade cristão, sendo que a certo ponto o papa se afirma como o veris imperator, dando mais peso às produções normativas emanadas da cúria romana e do Papa. Como em Portugal, há um inicial de pluralismo que se vai mitigando. Isto deu origem à divisão entre conciliaristas e curialistas. Relativamente à doutrina, os canonistas também produziam direito através da intepretação. Mas alguns doutore eram especialistas em direito romano e canónico. Esta aliança entre o direito romano e o cnaónico concebe-se como o Untrumque Ius. Esta forma de perpetuar o direito romano, pressuponha que a doutrina através da interpretação contribuiria para a atualização do direito romano. Este direito romano justineaneu, como estudado e aplicada na idade média entende-se como Ius Commune, era comum a todos os Estados e era estudado na mesma língua em qualquer lado, o latim. Há um princípio de mútua subsidadriadade entre os dois, sendo que o direito romano se perpétua através do direito canónico e este acolha a estrutura e organização do direito romano. As concórdias eram acordos entre o clero nacional e os monarcas e as concordatas entre o Papa e Santa Sé e os monarcas. À medida que o tempo avança começam a surgir no seio da Igreja algumas compilações de direito canónico. A primeira obra de 1140 é conhecida como o Decretum de Graciano. Graciano foi um monge que juntou as fontes de direito canónico (auctoritates) e constou que elas pareciam discordantes, sendo que este procurou resolver através do seu comentário (dictas) estas divergências. A segunda obra de 1334 eram as Decretais de Gregório IX eram uma compilação de decretais, conteúdo normativo do papa. Esta onbra vinha dividida em 5 livros (judex, judicim, clerus, connubia, crimen/ matéria criminal). Mas como a Igreja não deixa de legislar vão seguindo mais compilações como o Sexto de Bonifácio VIII em 1298, o Sétimo por Clemente V em 1317 e as extravagantes que era uma compilação de normas que ainda vagavam pelo ordenamento jurídico canónico. Este direito canónico era aplicado nos tribunais da Igreja, mas também nos tribunais régios, nos tribunais seculares. Os litígios era submetidos a um ou a outro tribunal dependendo de dois critérios: critério da matéria e critério da pessoa (os membros do clero, pessoas miseráveis carentes de maior proteção e com maior ligação à Igreja). Os tribunais régios, civis ou secualres colocam em causa a relação entre direito canónico e direito régio. Aqui temos de pensar que a Idade Média é marcada pelo peso e relevância da Igreja. Na cúria de Coimbra em 1211, D. Afonso II consagra o Direito canónico como preferencial numa situação em que uma matéria é regulado por direito canónico e régio. Já na época moderna, a situação muda e o direito canónico passa a ser subsidiário, só aplica direito canónico se não houver matéria do rei sobre a metéria em questão. Em 1769 apresenta-se a lei da boa razão que institui como regra que o direito caónico só seaplica nos tribunais eclesiásticos. A cúria de Coimbra de 1211 representa o primeiro pacote legislativo português, no qual se estabelece o direito canónico como preferencial em questões de conflito positivo com o direito régio. Há, no entanto, uma interpretação restritiva de Braga da Cruz que afirma que só uma parte do direito canónico é que é preferencial, a parte que postula direitos e privilégios à Igreja, porque este pacote não usa o termo 'direito canónico', mas sim 'direitos canónicos'. O Prof. Duarte Nogueira inclina-se para a posição de Braga da Cruz, pois considera a realidade tradicional como excessiva quando justaposta àa realidade, sendo que no mesma cúria foram aprovadas leis com uma atitude de oposição para com a Igreja. Ele vai mais longe e diz que provavelemente é apenas uma declaração com um carácter político. 8 de março Quando falamos em direito canónico falamos de um ordenamento profundamente influenciado pelo direito romanos. O direito legislado passa a ser a fonte de direito canónico mais importante. Neste instância, o direito canónico aplicava-se nos tribunais eclesiásticos, pelo que várias pessoas tinham o privilégio de foro de serem julgados em tribunais eclesiásticos, um direito que era irrenunciável, fundamentalmente o clero. Os miseráveis (viúvas, órfãos) também gozavam deste privilégio ea té estudantes unoversitários, já que o ensino universitario e a Igreja eram muito próximos. O beneplácito régio é um insituto segundo o qual as normas do direito canónico só seriam aplicáveis no Direito Português se houvesse aprovação régia. Traduz a vontade do poder real de limitar a aplicação do Direito canónico. A certa altura, o rei proibia os juramentos do cumprimento dos contratos, já que nos casos em que os juramentos eram cumpridos estes casos eram julgados nos tribunais eclesiásticos. Logo, várias são estas soluções que procuram aplicar o direito régio em detrimento do direito canónico. A certa altura o clero queixa-se e o rei vê-se na necessidade de justificar o beneplácito régio. D. João I afirma que já é um costume antigo e que também é proveitoso para a Igreja, como o de evitar falsificações de documentos emitidos pela Igreja. Ius Regni Determinados ordenamentos jurídicos que pertencem a uma determinada dominação política permanecem depois dessa dominação, o ordenamento jurídico visigótico é um desses casos. Quando falamos do direito visigótico, temos de ter em conta que já este é influenciado pelo direito romano vulgar. O direito português é influenciado por vários tipos de direito romano. O vulgar é um direito romano corrumpido e adpatado às realidades locais, mas o direito germânico, base do visigótico, também foi influenciado por este direito romano vulgar. O Código Visigótico ou o Liber Judicium (654) foi a última compilação visigótica. Na historiografia há duas teses: da territorialidade e da personalidade. A primeira significa que o que é determinante para a aplicação das compilações, ou seja, quando se faz uma compilação esta aplica-se a todo o território, independetemente de serem romanos ou visigóticos, não a diferença de cidadão e não cidadãos dos romanos. A segunda tese diz que as compilações se aplicam em função das nacionalidades, por exemplo, o Código de Eurico (475/476) aplicava-se só aos visigóticos, enquanto que o Breviário de Alarico (506) aplicar-se-ia aos romanos e num terceiro momento o Codex Revisus (580) revoga o Código de Eurico e também só se aplica aos visigodos. Independentemente das teses seguidas, os histotiadores concordam que o Código Visigótico de 654 já se aplica a todos, seguindo a tese da territorialidade e é aquele que se aplica após a formação da nacionalidade. Este código tem três formas: inicial, oficial e vulgata. Estava dividido em 12 livros e resulta do cruzamento dos direito romano, germânico e hispânico. Este código não se aplica muito tempo depois da queda dos visigóticos. Braga da Cruz diz que este foi citado no séc. XII como vaga reminescência e atradução deste Código para o romance não teve impacto em Portugal, pelo que as citações a este desaparecem no séc. XIII. Já Martim e Ruy de Albuquerque afirmam que no séc. XII a aplicação foi bem mais importante e só a partir do séx XIII é que decai a sua importância, há um crescimento da legislação nacional e renscimento do direito romano justinianeu. A monarquia visigótica era fundamentalmente eletiva e isso permaneceu na ordem jurídica. Enquanto que no resto da Europa a cerimónia da investidura por exemplo o clero coroava o rei com os nobres reunidos, em Portugal a coroação era uma cerimónia secular de levantamento, de aclamação. Leis Gerais Portuguesas Aqui falamos de um direito específico de Portugal. Incialmente os reis portugueses não promulgam muitas leis, pois estavam ocupados no processo de reconquista e as próprias comunidades estavam preparadas para a guerra, atribuindo-lhes um carácter auto-suficiente. No início, a importância da lei régia era muito pequena, mas os reis aperceberam-se que ter territórios ocupados não eram suficiente, era necessa´rio um aparelho administrativo e jurídico, pelo que as primeiras grandes leis régias são sobretudo de direito público. Por exemplo, do Reinado de D. Afonso Henriques conhece-se apenas uma lei. Em todo o caso, a partir de 1211 com a Cúria de Coimbra e o primeiro pacote legislativo português há um incremento exponencial de produção normativa régia. Esta era elaborada por juristas que é de refeir estudavam direito canónico e romano justinianeu, pelo que a influência do segundo estará sempre presente. O monarca era o único com o poder legislativo até porque nesta altura não ha separação de poderes. Este exerce o poder legislativo por vontade própria ou a pedido de outros, quando há queixas. Pode também legislar quando está sozinho ou quando preside às cúrias ou às cortes. Relativamente à publicidade da lei não haviam regras. Esta era garantida través do registo, por exemplo, na chancellaria da corte, mas este registo só se torna obrigatório nas ordenações manuelinas, por isso certas vezes havia registo e em outras não. Os própris talibães das comarcas também faziam o registo e também se efeitvava a publicidade da lei através da eleitura pública já que a maior parte da população era analfabeta. Haviam assim vários mecanismos para a publicação de leis, se bem que todos com as suas falhas. Relativamente à interpretação da lei, esta consistia em em conhecer a letra da lei, mas também o seu espírito, influência das Sete Partidas. Se o rei faz uma lei que não é clara, é obscura, cabe-lhe a ele fazer a correta interpretação, pois se essa função ficasse nas mãos dos intérpretes este podiam colocar em causa a vontade real. No que toca a entrada em vigor e a vactio legis também não há regras, na maior parte dos casos as leis disponham para o futuro, mas há conhecimento de leis retroativas, pior até leis criminais e penais retroativas. 13 de março A justiça universal é o mais amplo, e é um conjunto de todas as virtudes, é a rainha das virtudes que dizem respeito ao mundo infra-subjetivo. Já a justiça particular é uma virtude esepcífica que diz respeito ao direito e ao mundo inter- subjetivo, as relações do homem em sociedade. Há outras virtudes ligadas ao mundo inter-subjetivo, como a gratidão, não é a única virtude deste mundo. A prudência, a distinção justo e do injusto, e também outra virtude integrante da justiça particular para proceder a uma maior densificação, uma iuris prudentia. O costume e direito judicial O costume no período medieval é conhceido por muitas expressões (mos, usus, usus terrae, consuetudo). O costume tem um elemento objetivo (prática reiterada) e subjetivo (convicção de obrigatoriedade). Na idade média, o costume tem um sentido mais simples e refere-se a todas as normas que não são geradas pelo processo legislativo. O direito judicial cabe neste designaçao ampla do costume. Quando se forma Portugal, os reis praticamente não promulgam leis, o que significam que há uma autossuficiência jurídica nas comunidades portuguesas. Há uma grande ligação entre o costume e a população que o cria, o que não se verifica com a lei. O costume tinha um âbito de aplicação limitado relativamente ao território e tendencialmente tinha aplicação local, apenas numa parte do território, mas também podia ter uma aplicação limitada em função das pessoas. Com o tempo começa a verificar-se uma generalização de costumes atavés da partilha de costumes. O Rei e os seus juristas também fazem um trabalho muito inteligente para centralizar o poder, processo que consistiu na consagração de alguns costumes que lhe aprazim através da lei. Mas se o costume é reduxido a escrito, continua a ser norma consuetudinária? Se o costume é restringido a escrito, mais numa norma legal, esta continua a ser norma consuetudinária, mas o seu ca ´racter vinculativo vem da lei que a consagra e do monarca que se aplica a todo o território. Requistos do costume: antiguidade, racionalidade, consenso da comunidade, consenso do legislador O costume aplica-se pela sua própria força e por vezes as fontes doutrinais e a lei vêm dizer que ele subsidiário numa tentativa de afirmarem a sua autoridade. O monarca cria o seu próprio direito e afirma-se como árbitro nos conflitos entre as fontes, incluindo o costume. O direito judicial diz respeito à criação de direito por parte dos tribunais, hoje jurispruidência. Braga Cruz diz que no início da monarquia o direito judicial não é fonte de direito. O costume em geral distingue-se do judicial pelo seu estilo, o segundo tinha um estilo de corte, perto do rei. Era uma espécie de direito não escrito, mas não era feito pelas comunidades, diretamente, mas sim or juízes encarregados dos monarcas. A lei, não obstante, afirma a sua superioridade quando dispõe que vale não obstante estilo em contrário. José Anastácio Figueiredo deduz vários significados do termo facenhas: 1. Um juízo, DECISÃO JUDICIAL, sobre uma ação notável (fora do comum, provavelmente não regulado) que fica como padrão normativo (vai ser a aplicado em casos semelhantes futuros) em virtude da autoridade do autor ou de quem o aprovou (a princípio o juíz, após as sete partidas o rei). 2. Os juízes alvidros são juízes escolhidos pelas parte que julgavam nos termos dos poderes por elas conferidos. Isto não obstava ao apelo para sobrejúízes, já régios e não escolhidos pelas partes, mas que permitia integração de lacunas. 15 de março Direito Outorgado ou Pactuado (Cartas de Privilégio) Uma carta de privilégio pode ser usado no sentido amplo ou restrito. No primeiro é um documento que concede um privilégio ou vantagem, no segundo designa o documento que encerra o regime jurídico local. Trata-se de um diploma outorgado por um monarca ou por um senhor eclesiástico e nobliárquico com competência de elaboração normativa de direito público. Esta encontram-se me confronto com a lei, já que se aplicava a uma determinada localidade e não a todo o território como a lei. As cartas de privilégio podem ser: cartas de povoação, forais e estatutos municipais. A carta de povoação é a carta de privilégio que encerra um conunto de norma definidoras do estado dos colonos estabelecendo as condições de exploração da terra, as prestações patrimoniais e pessoais a que os povoadores estavam obrigados e os modos de detenção e ligação à terra. A finalidade era o de atrair população para zonas desabitadas e sedimentar o reino como uma entidade político- administrativa. Debata-se em HDP se estas são um acto unilateral ou um contrato. A vontade do senhor da terra compreende um acto unilateral, mas os contratos agrário colectivos parecem apontar para outro aspeto em que há um acordo entre duas partes, sendo uma delas correspondente a um conjunto de pessoas com o mesmo interesse fundamental, os camponeses. Há ainda uma terceira teoria que aponta para este ato como um contrato de adesão/ normativo/ contrato-tipo em que uma das partes limita-se a aceitar a aderir ou não a um clausulado que a outra parte (o senhor) lhe propõe. Existe liberade de celebração, mas não de estipulação. Os Forais ou Cartas de Foral são posteriores às cartas de povoação e mais complexas, sendo que Alexandre Herculano é a carta constitutiva do município No foral encontra-se fixado o direito público local, fiscal, administrativo, porcessual, militar, penal e em menor número normas de direito privado (família e sucessões), menos porque o direito privado estava dependente sobretudo pelo costume, quando o Rei intensifica a sua atividade legislativa este pretende controlar as populações, impor a sua autoridade, construir um aparelho burocrático o que incidirá sobretudo sobre direito público. O direito dos forais aplica-se independentemente da lei régia, funciona como lei especial que afata a lei geral. Algumas normas de foral tem intenção de serem aplicadas além das suas localidades a que foram outorgado. Gama Barros faz uma interpretação restritiva... Os forais multiplicam-se e por vezes constatamos que não são muito originais, pois muitas comunidades sem foral pedem comunicação de costumes a comunidades vizinhas o que levam a que a maior parte das comunidades se entegre em estruturas de foral que são aplicadas em várias localidades. Existem várias classificações de forais, as principais são os forais régios e particulares. A última carta de privilégio, os foros ou costumes, já não tiveram muito impacto em Portugal. Mais estensos, regulavam mais aspetos, inclusivé matérias de direito privado mais particualres e abrangentes. São mais tardios e pouco numerosos e eram outorgados ou realizados pelos concelhos. Direito Prudencial Quando falamos deste direito, falamos no direito dos prudentes, aqueles que sabiam o que era o direito e sabiam disitnguir o direito do torto, este é o direito dos juristas. Eles criam direito a partir da obra jurídica que consideravam a mais perfeita, a ratio scripta. É a partir do direito romano justinianeu que nasce o direio prudencial. 20 de março A época justineaneia é marccada por um tentativa de restauração do apogeu do império sobre todas as perspetivas, no qual se inclui o direito. É a este propósito que surge a elaboraçaõ do Corpus Iuris Civilis que não tem esta visão como uma obra única até ao século XVI para o diferenciar da grande e final compilação do direito canónico, o corpus iuris canonici. Na idade média o Corpus Iuris Cvilis era editado em várias partes. O digesto tinha 3, o codex 9. A jurisprudência é o direito dos prudentes, sendo que a pprudentia é uam virtude que permite disitnguir o justo do injusto. Além disto, este também é dotado de auctoridas, definido por Álvaro d'Ors, que se traduz por saber socialemente reconhecido, o pretígio. Esta auctoritas explica o facto de a jurisprudência e a doutrina ser considerada fonte de direito na idade média. O nascimento deste está ligado ao renascimento do direito justineaneu que seria aplicado também ao ocidente, mas obras do Corpus Iuris Civilis caíram no esquecimento, sendo que nos finais do XI/XII as obras começam a ser reencontradas e a ser estudadas que permitiu a criação de uma jurisprudência escolástica. No meio disto tudo, a Universidade de Bolonha é especialmente importante. Este ressurgimento tem uma série de causas: cultural, as próprias universidades como a de Bolonha que começam a surgir por toda a Europa por esta altura, sendo que os alunos e professores começam a circular pelas instituições e espalham o conehcimento; política, durtante a idade média renasce a ideia de império, por exemplo, com Carlos Magno, o próprio Papa que se refer muitas vezes como Verus Imperator, sendo que é natural que renasça o direito elaborado por império em que a produção legislativa estava altamente centralizado, pelo que Portugal aplicou direito romano, mas não aceitou qualquer presunção imperial no nosso território, tiveram os reis e os seus jurista encontrar outra jsutificação para a aplicação do direito romano, este foi o império da razão, pela racionalidade deste direito e a sua perfeição; religiosa, a Igreja construiu o seu direito utilizando o direito romano e constrói a sua estrutura política com base na ideia de império, hierarquizada; económica, o direito romano era um ordenamento jurídico comum que permitia a aplicar normas gerais à atividade comercial. Há o surgimento de várias escolas: escola dos glosadores, terá o seu termo com a Glosa de Acúrsio que fez uma compilação de glosas; inicia-se assim a Escola dos Comentadores, está presente como género literal o comentário e diferenciava-se a metodologia que cada uma usava para o estudo do Direito, se bem que se veio a verificar que os diferentes métodos não representavam um rutura, mas uma continuidade, sendo que ao comentadores se começam a chamar de pós-acursianos. À escola dos Glosadores diz-se que utilizavam um método exegético-analítico. O seu primeiro passo era perceber o que estava escrito, o que implica ainda deduções muito rudimentares, e como glosa significa explicação, era nisto que consistia o seu primeiro momento do método, a explicação do que estava escrito, sendo que com o passar do tempo estas passa a ser cada vez mais sofisticadas. Este género literário é paradigmático dos glosadores. Estes foram acusados de falta de rigor histórico, mas estes vão estudar o direito romano como aquele que transcende o espaço e o tempo. O estudo do corpus iuris civilis vai permitir a legislação nacional e aquelas fontes de direito que não dependiam do monarca, ao ponto de que algunsautores apontam o direit medeival mais tardio como bivalente a termos de fontes, com o direito régio e o direito romano que visava o fortaleciemnto e centralização da atividade legislativa na coroa. A Magna Glosa de Acúrsio é uma compilação dos trablhos feitos pelos autores da escola dos Glosadores, do século XIII, mas foi utilizada por toda a Europa, em Portugal, até à segunda metade do século XVIII. Esta obra, nas ordenações do reino, é fonte subsidiária, aplica-se na falta de direito em pOrtugal, só se eleminanddo como fonte subsidiária com a lei da boa razão de 1789. A escola dos comentadores, séc XIII-XV, têm um método escolástico e dialético. O método dos comentadores, a raíz de como ainda estudamos o direito hoje. O génereo litrário fundamental deste era a quaestio, que tinha uma forma de debate sobre os problemas jurídicos que ainda se verifica nas onras de hoje. Tinha uma estrutura formal em que se apresentava um problema, as soluções que outros doutores oferciam, os seus argumentos, e por fim a solução que o autor dá e as suas razões para tal tomada de posição. Este conhcimento não é absoluto, mas é um saber probabilístico, é uma opinião, a opinião dos doutores. (Juristas relevantes: Bártolo, Revigny, Baldo). 22 de março A quaestio pode disputata ou redacta, enunciam-se os problemas, as soluções que têm sido oferecidas e as posições adotadas pelo manual. A diferente valoração dos iura propria, os direitos locias. O ius commune é o direito comum que era o direito romano justinianeu como foi estudado e aplicado na idade medieval. Os doutores têm um grande ascendente no quadro do direito, pois sãoe estes que aprendem a interpretar e aplicar o direito justinianeu nas Universidades. Isto cria uma incerteza, já que vários doutores tinham opiniões diferentes, sendo que para combater isto se construiu a ideia da opinião comum dos doutores. Este tem vários critérios, um quantitativo, em que se considerava as poisções defendidas por mais doutores, o critério da maioria qualificada, a maioria dos autores com mais prestígio. Assim a metodologia medieval era analítica, pois o ordenamento da época era plural, não sistemático, pelo que o Corpus Iuris Civilis também tinha soluções dvergentes para o mesmo porblema, e problemática, porque lida com problemas no senido de admitir mais do que uma solução. Este método é designado de tópica jurídica, já que partia do caso. O renascimento do direito justinianeu é um fenómeno de natureza escolástica e universitária em que se vvoltou a estudar este direito nas universidade, já a recepção do mesmo representa a sua aplicação nocaso prático e nos ordenamentos jurídicos locais. Haviam dois tipos de recepção direta e indireta, leis régias que utilizavam o direito romano justinianeu como base. O renascimento é prévio ao próprio pressuposto da recepção do direito justinianeu. A ars inveniendi tem três elementos: leges, designa o texto que tem os princípios jurídicos relevantes, as leis imperiais, as fontes apartir das quais o jurista trabalhava; rationes, designa todo e qualquer lemento que não se reporte à leges, aos outros textos; e auctoritates, no meio da reunião de argumentos porcedia-se a uma escolha através da opinião de um doutor com prestígio e qualificado. Aponta-se aos juristas medievais a crítica de que o seu método era rudimentar já que se prendia meramente com o apuramento do literal e aferição gramatical. Mas na idade média, a gramática tem um sentido mais amplo e pressuponha um estudo da literatura, o que implica uma aferição do próprio significado das palavras. Há vários géneros literários dos quais se destacam os consilia (pareceres sobre uma determinada questão) e os commentarius. A recepção refere-se à aplicação do direito romano. A recepção direta processa-se em Portugal no séc. XIII e indireta com D. Afonso III e D. Dinis. A propósito da recepção fala-se do testamento do Bispo do Porto que enuncia as obras que circulavam no território português. O direito do rei relacionava-se com o romano, na medida em que o direito romano tinha sido preparado par aum império centralizado, tinha ajudado a Igreja num esforço de centralização, e serviu os interesses dos Reis medievais com o intuíto de centralizar o seu poder.