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Resumo história do direito

A obra “O Jurisconsultos e a Justiça” escrita pelo professor e pós doutor em direito Cláudio
Henrique de Castro, tem por objetivo principal explicar ao leitor a origem do Direito e como ele
funcionava no princípio, além de fazer ligações com o direito contemporâneo. Primeiramente,
é esclarecido que os romanos criaram o raciocínio jurídico de acordo com tudo que entendiam
sobre o direito. Logo no início é proposto ao leitor um questionamento acerca da realidade
brasileira atual e sua relação com injustiças e desigualdades. Em Roma surgiu o ius, os atores
judiciais e a importância do jurisconsulto, que é quem possui conhecimento acerca do direito.
O autor pondera que a base do direito que rege países ocidentais atualmente vem do direito
romano, assim como DNA da justiça. Em ordem cronológica, o professor permite que o leitor
descubra cada passo da história do direito. Inicialmente tem-se o ius que seria o direito
profano, já que estava ligado à deusa iustitia, o direito surge somente com o final do
imperialismo romano, quando o cristianismo entra em cena. Havia o colégio dos pontífices,
espaço destinado somente aos patrícios que no primeiro momento, tinham funções
meramente religiosas. Mais tarde os patrícios passaram a ter o poder de operar o direito, visto
que no colégio havia o calendário dos dias fastos e nefastos, onde estavam os dias em que
podia ou não cometer pecados e que era mantido em segredo pelos pontífices. Portanto, antes
de qualquer litígio, precisavam consultar o colégio para ver no calendário se o dia era fasto ou
nefasto e em seguida receber as instruções a respeito da medida que deveria ser tomada.

A quebra do colégio pontifical se deu por quatro grandes conquistas plebeias: primeiro teve a
lei das XII tábuas, que foi um conjunto de leis elaborado por pressão dos plebeus que
determinavam como deveria ser os julgamentos e as punições; a segunda foi o ato
revolucionário realizado por Gneus Flavius, em que foi exposto o calendário dos dias fastos e
nefastos à todos; a terceira foi a promulgação da Lex Ogulnia, que dava direito aos plebeus
participarem do colégio dos pontífices, deixando de ser exclusividade dos patrícios e a última
foi quando o primeiro plebeu, Tiberius Caruncanius, foi para o colégio dos pontífices e
começou a ensinar direito para todos. Dessa forma, é possível observar que foi com a plebe
romana que o jurisconsulto surgiu, em um cenário em que essa classe social não tinha religião
doméstica nem obrigações sacrais.

O autor apresenta, que os plebeus não tinham acesso a nada e se estabeleceram fora dos
muros e da cidade religiosa de Roma e foi nesse contexto que surgiu a república. Tem-se
também uma das definições do direito como sendo a arte do bom e do equânime/justo.

O professor comunica que naquela época a lex não modificava o ius, já que era fonte dele e
podia assimilá-la ou não pela jurisprudência. O direito romano possui características dedutivas,
relacionadas com a casuística, o que na contemporaneidade foi alterado, visto que as leis são
centros irradiadores do direito. O direito deixou de ser visto como arte e passou a ser visto
como ciência.
O professor Eduardo Vera Cruz pondera que o ius e a iustitia eram palavras diferentes, mas
que se complementavam para chegar em uma solução justa do caso. Ius (direito) é tudo que
pertence ao iustum (justo).

Castro, comenta que a jurisprudência plebeia estava disponível para quem quisesse aprender,
eles ofereciam conselhos jurídicos, que eram dádivas para quem os recebia. O conselho
jurídico é técnico, vindo das auctoritas que formulam as respostas. Aos juristas, cabia encontrar
a solução dos litígios, atribuindo valor secundário à legislação.

Os jurisconsultos eram detentores da auctoritas prudentium, o direito privado pertencia


à eles. O saber jurídico prático é quem desenvolve o ius. A concentração de poder nas mãos
dos imperadores romanos e posteriormente dos legisladores, fez com que a genialidade do ius
se perdesse aos poucos até sumir. Imperadores, bárbaros, igreja, burguesiae legisladores
contribuíram todos para tirar o populus (povo) do poder. O crescimento econômico é visto
como algo que aumenta a concentração de renda mundial e causa a exclusão e a miséria muito
presentes no mundo contemporâneo.

É possível perceber críticas ao longo da obra e no final do capítulo três há uma em relação a
como o direito é ensinado atualmente, já que no ponto de vista do autor as universidades não
investem em clubes de pesquisas, nos debates, tampouco nas injustiças do mundo atual.

O ius era obra dos juristas que tem autoridade e o direito dos juristas se manifestava pelo
conjunto de soluções que davam aos casos, eram eles que tinham o poder de dizer o que era
justo e injusto e somente nessas condições conseguiam atuar.

Os jurisconsultos ponderavam quais normas éticas e morais deveriam se tornar normas


jurídicas e qual alcance tal norma deve ter, além de determinar como deve ser aplicada. O
direito romano era composto por 3 fases: argumentos, provas e sentença e é na fase da
argumentação é que os jurisconsultos atuavam, auxiliando os pretores na formulação e na
criação do direito e da ação. Não deixando de lembrar que a competência e a autoridade
estavam constantemente ligadas à atividade do jurista.

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