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Conceitos Fundamentais: Mores Maiorum - tradição de uma comprovada moralidade (comprovada pelos Homens e transmitida pelos

Deuses).
Não são costume, pois não são a prática reiterada acompanhada da convicção de
obrigatoriedade.
Consuetudo - São costume, pois são a prática reiterada acompanhada da convicção de obrigatoriedade.
Este tem origem Humana.

Organização hierárquica de Roma: -Cidadãos: são aqueles a quem está destinado o Direito (ius civile).
-Servos: apesar de livres, não têm estatuto de cidadãos.
-Estrangeiros: nacionais de outras terras que, estando em Roma, é lhes aplicado o Direito do seu país de
origem.
-Escravos: normalemente gente que perdeu a guerra e ficou reduzido à situação de "coisa".

Conceito de Direito Romano: atualmente o Direito Romano é definido como o ius romanum, ou seja, um conjunto de regras que vêm
garantir a liberdade e paz da sociedade e das pessoas, através de decisões justas que, caso necessário, poderão decorrer do uso da
força. Para isto, articulam-se em Roma as atividades dos jurisprudentes (para dizer o que é justo) com a dos magistrados (dão os meios
para cumprir o justo). O Direito Romano é, então, casolista, pois resulta da resolução do caso concreto.
Ulpiniao logo no século III vai apresentar palavras como ius (justiça), fas (de acordo com a vontade dos deuses) e derectum (aquilo que
é linear). Em Roma foi interiorizada a ideia de que só pela aplicação do ius se podia chegar á resolução justa dos conflitos. Para além
disso o Direito Romano é um ars iuris (arte do justo), onde a iurisprudentia ao conhecer as coisas divinas, humanas, justas e injustas,
resolve problemas. Estes são os auctoritas que através da experiência arranjam soluções justas para os conflitos. Terminamos assim
tendo a noção que o Direito Romano não é uma ciência de leis, nem um instrumento do governo expresso numa técnica normativa.

Como é criado o Direito em Roma? A fonte jurisprudencial em Roma exige que o Direito surja do caso concreto. Só o enunciado geral e
abstrato da solução repetida de casos semelhantes pode ser chamada de regra jurídica que pode ser reutilizada noutro conflito, caso
este, depois de analisado, se insira na regra já existida.
A fundamentação jurisprudencial (baseada no conhecimento das regas, do método, das instituições, dos conceitos e da moralidade
jurídica vigente) das decisões casuísticas ajuda a fixar critérios objetivos para a criação de regras jurídicas. A principal finalidade dos
jurisprudentes é a justiça do caso concreto. Estes, têm a ars inveniendi, isto é, têm o conhecimento do modo de agir, expressar e a
criatividade e meio a seguir para alcançar a solução justa. O Direito Romano está, assim, nas mãos destes jurisprudentes e por eles
pode ser adaptado.
Em Roma, o Jurídico ganhou autonomia, separada das demais áreas. Temos, por isso, que ter a noção de que nada daquilo que resulta
do saber Jurídico em Roma, é científico, ou seja a identidade do Jurídico está na iuris prudentia (como ars) e não na scientia. Conclui-se,
então, que o ius romanum é uma ars iuris (cria regras jurídicas a partir da resolução de casos concretos) e não tem por base um sistema
de normas legais de uma ciência jurídica.

Direito Positivo inspirado no Direito Romano é uma scientia iuris? Na fase final do Império Romano, existiu o chamado Direito Positivo
que consistia nas formas de expressão do poder político, nos costumes aceitos pelo poder imperial, nas sentenças dos juízes, das
decisões dos pretores, entre outros. Mais tarde, passou a ser apenas as normais legais (criadas pelo Imperador) que regulamentavam o
comportamento da sociedade.
O Direito Romano (normatizado pelos jurisprudentes) estava organizado no Digesto (escritos jurídicos) e integrado no Corpus Iuris
Civilis. Este, veio influenciar tanto a Europa Medieval como a Atual. Houveram sucessivos renascimentos do Direito Romano (pelo
humanismo jurídico, pandectistica e o ius europaeum) que tinham por objetivo usar este direito romano como base justificadora das
soluções que se apresentavam como jurídicas aos diversos casos. Atualmente o Direito Romano concedeu conceitos, regras, institutos
e classificações aos diversos países ocidentais que têm um sistema germânico-romano. Este, está na base da criação de Constituições e
Códigos eiropeus positivados.
Por fim, vale apensa ressaltar a ideia de que, o Direito Positivo atual é criado pelo poder legislativo e aplicado pelos juízes nos tribunais.

O que separa ius (regra jurídica) de fas (regra religiosa) em Roma: Desde o século III a.C. se contrapõem ius a fas. Isto não significa que
antes desse período não se estabeleça uma separação estre esses conceitos, muito pelo contrário, estabelecia-se uma contraposição
entre ius humanum/ius civile e o ius sacrum/ius divinum. Nesta altura, havia uma luta política dos plebeus pela igualdade de direitos, já
que os pontífices (responsáveis pela interação humana com os deuses) eram apenas patrícios.
Aqui, lex não se traduz para lei, mas sim para rito, pois havia uma tradição (os mores maiorum) que determinava as regras baseadas na
vontade dos deuses. Em Roma, no século VI e V a.C., a vida política estava associada à vida religiosa e a solução dos conflitos ligada ao
sacerdotium (todos os cidadãos tinham a religião da civitas a que pertenciam e eram os patrícios que dominavam essa religião. É neste
sentido que se vê que a prosperidade da civitas dependia da boa relação com os deuses e do respeito pelas normas religiosas.
Ao longo da res publica (período da república - 3º período), a cidadania vai se distinguir da religião (aparecendo assim o consuetudo
separado dos mores maiorum). Daqui, até à ideologia imperial, a política dominava a religião fazendo passar a ideia de que a religião
orienta a politica e, por isso, o cidadão seguia a religião do imperador.
Temos, assim, que separar aquilo que é o ius e o fas:
-ius: é um direito humano feito por pessoas para pessoas, onde a autonomia privada vale mais que a ação do poder público. Este era a
ordem da convivência, sendo a sua violação chamada de iniuria.
-fas: tem origem divina e as suas regras regulam as relações entre humanos e deuses, com a forte intervenção do poder público. Isto é
o que não ofende os deuses, caso o faça, então dá-se o nome de nefas. O transgressor das regras sagradas (nefas) tinha de ser
castigado para expirar a sua culpa e voltar a adquirir as boas graças dos deuses.

Importância do formalismo no ius Romanum: Em Roma, os mores maiorum exigiam que para a validade dos atos jurídicos tinha de
haver um consentimento entre as partes (humanos e deuses) e que devia ser manifestado através de gestos ou expressões orais. Estas
formas de exteriorização eram imodificáveis e de natureza imperativa (ou seja, eram obrigatórias). Diz-se assim que o ius civile romano
era formalista (pois dependia das formas e do conhecimento). Esta formalização do Direito Romano tinha por fim a estabilização de
acordos, das relações entre pessoas e na segurança nos negócios.
Esta formalização dos mores maiorum deixaram de ser possíveis de assegurar a tal estabilidade, graças à complexidade da vida social.
Passa-se assim do formalismo por meio de gestos e fórmulas (que passa a ter um valor meramente simbólico) para um formalismo
tecnicista de matriz racionalista.
Nesta mudança de formalismo, a fórmula de stipulatio assume-se como a primeira etapa que abre caminha à especulação
jurisprudencial criadora de conceitos e institutos que ainda hoje são importantes na área do Direito das Obrigações. As actiones do
formalismo legal são, agora substituídas pelo procedimento formulário.
Concluindo, o formalismo é indispensável ao Direito e, por isso, o formalismo não desapareceu, apenas foi substituido o formalismo
dos gestos e das palavras em público pelo formalismo escrito, sintético e racionalizado.

Conceito de ius em Roma: O conceito de ius foi variando desde a fundação de Roma (753 a.C.) até 565 d.C. (ano da morte de
Justiniano). Celso e Ulpiano foram alguns dos juristas que tentaram definir o que era ius: Celso (por volta do século II), dizia que ius era
a arte do justo - ius est ars boni et aequi); Ulpiano (na primeira metade do século III), fez surgir o iuris praecepta com três principios
base - honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere (viver honestamente, não prejudicar o próximo, atribuir a cada um o
seu).
Contudo, não é possível limitar o ius romanum às leges, ao corpus iuris civilis e nem apenas ao digesto. Este, tem de ser encarado como
lex romana conjugada com os critérios sistemático-compilatórios de Justiniano agrupados no Digesto. Assim sendo, o Direito é aequum,
pois implica a equidade para dar sentido ao justo, pela interpretação jurisprudencial das regras jurídicas.

A Justiça em Roma e a sua projeção na Atualidade: Em Roma, os jurisprudentes não se importavam com o conceito de Justiça, apenas
em alcançar a Justiça do caso concreto por meio do ius. Vemos, assim, que a Justiça era apenas jurídica se inserida na busca da solução
mais justa do caso concreto (iustitia está primeiro e o ius é o meio para chegar a ela - o ius provém da iustitia). Esta solução justa tem
de ser, então legítim, válida e eficaz aos olhos da sociedade.
Ulpiano, mesmo mencionando a praecepta iuris, refere que a justiça é dar a cada um o seu; o seu é aquilo que cada um merece (iustitia
est constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuere).
O hoje colhemos do ius romanum é precisamente o facto de caber ao Juiz dar a solução justa e à sociedade criar condições para
permitir que esta sentença possa ser aplicada com eficácia; para isso funcionar, ao jurisprudente cabe o espaço de auctoritas e de dizer
o Direito.

Tria Praecepta Iuris de Ulpiano: A Praecepta Iuris não são os princípios jurídicos axiomáticos normatizáveis, mas sim as máximas do
comportamento em sociedade reguladas pelo Direito com origem dos Mores Maiorum. Estas máximas são, então:
-Honeste Vivere: diz respeito ao conceito moral jurídico-social aceite e aos comportamentos socialmente aceitáveis e exigíveis. Este
preceito, tem por base também o não abusar de poderes, o não aproveitar-se da fragilidade de terceiros/bens para benefício próprio e,
por fim, obedecer aos limites do direito e das liberdades individuais.
-Alterum non Laedere: diz respeito ao não prejudicar ninguém, no sentido da justiça entre iguais garantir a igualdade de oportunidades
a todos, renunciando todo o tipo de discriminação por características inatas (etnia, género) ou de personalidade. Neste preceito
defende-se que aquele que prejudicar outro é responsável pela reparação dos danos causados.
-Suum Cuique Tribuere: diz respeito ao atribuir a cada um aquilo que lhe pertence (o seu). O "seu" de cada um corresponde aquilo que
ele merece consoando as suas ações, capacidades e necessidades.

Como e para quê a criação de regra jurídica? A regra jurídica é criada para manter a paz na sociedade e para evitar a violência e o
domínio dos mais fracos pelos mais fortes (esta é, no fundo, a origem do Direito). Estas regras são criadas, em Roma, através dos casos
concretos. Todas as regras jurídicas se ordenadas por matérias e por áreas dão origem ao ordenamento jurídico e, se arrumadas e
desenvolvidas de forma lógica e articulada num sistema, dão origem a um sistema jurídico.

P.56 a P.72 …

Periodificação do Direito Romano: Em 2009 estabelece-se uma periodificação do Direito Romano para melhor compreensão dessa
área de estudo. Esta vem marcar e enfatizar as ruturas jurídico-políticas em Roma:
1º Período - Roma do rex e das gentes (Período da Monarquia) - 753 a.C. a 509 a.C.
2º Período - Transição do rex e das gentes para a res publica (Período de Transição da Monarquia para a República) - 509 a.C. a 367 a.C.
3º Período - O Populus Romanus e a res publica (Período da República) - 367 a.C. a 27 a.C.
4º Período - O Princeps como primus inter pares (Período do Principado) - 27 a.C. a 285 d.C.
5º Período - Período do Dominado - 285 d.C. a 476 d.C.

 1º Período - Período da Monarquia - 753 a.C. a 509 a.C.:


Poucas são as informações que temos sobre este 1º período. Mas uma coisa é certa, este designa-se "Roma do rex e das gentes" pois
entendia-se que estes eram os dois conceitos base na caracterização das linhas fundamentais marcam a criação do Direito e o
conteúdo das soluções jurídicas. O rex ocupava, então, o primeiro lugar da pirâmide (onde se enquadram estruturas religiosas, políticas
e militares). Em seguida, encontram-se as gentes (representados pelos patrícios) que marcavam a organização social, política e militar,
determinando ainda a forma e o conteúdo nas normas e das soluções do Direito.
Os reis eram eleitos, de forma vitalícia, pelos patrícios. Estes, por sua vez, ocupavam o lugar do rei após a sua morte (quando a posição
estava vaga - interregnum) e até a eleição de um novo rei. As assembleias dos patres patrícios foram o embião para a criação do
Senado.
O rex concentrava em si todos os poderes, porém os pais de família (patres familias) e os homens adultos tinham poderes que estavam
instituídos em órgãos políticos.
Temos de perceber que enquanto na monarquia oriental as pessoas eram súbditas como objeto pessoal do rei e na Grécia antiga havia
uma tendência para a colegialidade e temporalidade do poder pessoal, em Roma, a tendência era o imobilismo institucional, onde o
poder era oligárquico (restrito a um grupo de pessoas, normalmente familiares ou do mesmo partido).

Episódios importantes para o Direito Romano:


-Rómulo e o rapto das sabinas: P.75 e 76
-Numa Pompilio: P.76
-Tuto Hostílio e Anco Márcio: P.76
-Lúcio Tarquínio (Prisco): P.77
-Assassinato de Lúcio Tarquínio (Prisco) e de Sérvio Túlio: P.77 e 78
-Arrunte (Tarquínio o Soberbo): P.78
-Violação de Lucrécia: P.78

Em 510 a.C. é derrubado Arrunte (Tarquínio o Soberbo) e estabelece-se uma espécie de república aristocrática dominada pelo Senado e
pelos comitia curiata. Este período não foi organizado, estável e nem tinha instituições funcionais como se espera de uma república. O
rex manteve-se no que toca às questões religiosas, porém no plano político e militar, o rei é substituído por magistrados (alguns
autores denominam-nos como consules, outros como praetores e outros dividem-nos em consules no poder político e pretores no
poder militar e judicial).
Os comícios de cúrias, centúrias e tribos passaram a exercer um poder crescente, porém ainda fragmentado.

P.81 a 110 …

Temos que ter presente que neste período estamos dentro do Direito Quiritário, isto é, perante o Direito mais antigo que era aplicado
pelos pontífices (estes eram os primeiro quiritários). Neste Direito estão presentes os tais pontífices que, ao lerem os augurios
(comunicarem com os deuses) tês acesso aos mores maiorum. Mores Maiorum era, então, um Direito oral caracterizado por ser uma
tradição de origem divida que regulava a vida em Roma, tornando-se, assim, um dos princípios básicos da organização jurídica de
Roma.

Os principais órgãos do Direito Quiritário eram:


-Rex - Em Roma, o rex não era eleito em processo político nos comitia curiata, mas sim pelos deuses que revelavam, através de sinais
(principalmente pelo voo das aves - o chamado augurio/auguratio/auspicia) dados ao interrex elegido num prazo de 5 dias, após a
morte do rei, pelo Senado para indicar a vontade dos Deuses de quem seria o novo rei, como estava previsto na "lex curiata de
imperium". A aprovação efetiva do novo rei era feita pelo Senado e só depois desta é que eram atribuídos todos os poderes ao rei. O
Rei detinha os seguintes poderes:
→Imperium Militae (poder militar)
→Imperium Domi (poder de administrar a cidade)
→Auguri (poder de mediação divina)
-Senatus - O Senado era o órgão que representava os patrícios. Este era o órgão conselheiro do Rei e era, por isso, o único que o podia
convocar. Detinha, então, os poderes:
→Interregnum: paga garantir a continuidade dos auspicia (augurios);
→Consultivo: conselho e auxílio ao rei, principalmente em decisão de guerra e paz;
→Representação Diplomática: representava a cidade perante os outros povos;
→Foedera: ius belli et pacis - tratados internacionais:
→Autorictas: podiam ratificar as deliberações de outros órgãos e tinham autoridade para preservar a tradição romana,
garantndo, assim, a moral e os bons costumes.
-Comitia Curiata - Pouco se sabe sobre os comitia curiata, pois as fontes e a informação era débil e escassa. No entanto, sabe-se que
este era um órgão que reunia o populus de Roma e que os concilia reuniam apenas a plebe. No período da Monarquia, esta estava
dividida por 3 tribos com 10 cúrias cada (as cúrias eram compostas por 100 homens livres/cidadãos) - as cúrias era, por sua vez,
divididas por 10 decúrias - cada cúria tinha direito a 1 voto.
Percebemos, então, que no sistema político romano inicial haviam 300 decúrias, 30 cúrias, 3 tribos e 1 rei.
Quanto às suas características, as assembleias (comícios) aprovavam leis criadas pelo rei e aprovavam decisões de paz ou guerra do
Senado. A natureza passiva e o caráter de mera aprovação de soluções das assembleias mostram a importância do rei em todas as
tomadas de decisão e de criação de soluções. Contudo, a comitia curiata tinha importância no que toca à formulação de regras
concretizadoras dos mores maiorum.

-Collegia Sacerdotalia - Este não eram considerados órgãos do governo quiritário, mas eram MUITO importantes, uma vez que
influenciavam as decisões políticas. Os colégios mais importantes eram os dos pontífices, dos áugures e os duoviri sacris faciundis.
→Importância dos colégios dos pontífices - estes colégios protegiam os interesses das famílias patrícias face ao rex. Esta
vinha, então, pela religião, limitar os poderes políticos do rei. Neste colégio, os pontífices tinham diversas funções como:
fazer sacrifícios rituais; executar rituais litúrgicos supremos de Roma (validar atos e estruturas das ações judiciárias do
ius civile e determinar o calendário); desenvolver o ius e o fas através da interpretação dos mores maiorum e da
jurisdição.
Os pontífices foram ganhando cada vez mais poder e tornaram-se um "instrumento" fundamental na resolução de
litígios, pois, por serem responsáveis na realização de rituais que os permitia contactar com os deuses e assim chegar a
soluções, tornaram-se obrigatórios em todas as atividades judiciárias.

Qual a diferença entre auguria e auspicia? Auguria cabia aos augures e consistia na procura, em todos os indícios, a vontade dos
deuses (o seu valor é diário e este é precedido por uma convocatória. Para além disso são encarados como arx da civitas e como os atos
de auctoritas), já a Auspicia cabia ao rei e correspondia ao presságio transmitido pelo voo das aves (são intemporais, dados pelos
magistrados ou pater familias e são dados como atos de potestas). Ambas surgiram para legitimar, em Roma, a organização social,
decisões de guerra e paz e solução para os conflitos, por meio da vontade dos deuses.
Por fim temos de saber que o augurium é mais completo que o auspicium porque para além de procurar a vontade divina, procura
melhorar o exercício da ação humana.
 2º Período - Período da Transição da Monarquia para a República - 509 a.C. a 367 a.C.:
Neste período as fontes continuam a ser muito limitadas e imprecisas, porém sabe-se que no fim do século VI a.C., os romanos
expulsaram Arrunte e os seus filhos, deixando Roma ser governada por Praetores e Consules (estes podiam ser vistos como
magistrados que deram continuidade ao poder do rei, porém isto não era bem assim, pois o que caracterizava os magistrados era a sua
interdependência como maiestas e como imperium).
Neste período, a colegialidade (isto é, dualidade) de pessoas a exercer um cargo público, estabelecia uma regra limitadora do abuso de
poder através da intercessio de um perante o outro.
Em 504 a.C. Arunte vai ser derrotado (metendo em causa o expansionismo etrusco), o que vai limitar a possibilidade de comércio que
já estava nas mãos dos plebeus e vai fazer retornar a economia de base agrícola. Desta situação vai aparecer uma alta tensão social
com a revolta dos plebeus e uma necessidade por parte dos praetores e consules em expandir o território para adquirir as terras
agrícolas.
Com o fim da expansão da Etrúria, Roma começa a ter instabilidade e insegurança com outros povos, então o poder militar volta a
ganhar importância. Vai ser estabelecida uma aliança militar com a celebração do tratado de foedus cassianum que leva à estabilidade
de uma das fronteiras de Roma, permitindo, assim, que a cidade pudesse cuidar da principal ameaça: os etruscos.
Com a constante necessidade de mobilizar o exército cuja presença de plebeus era indispensável, houve a obrigação de rever a
estrutura política e atribuir uma melhoria na qualidade de vida dos plebeus para, assim, aliviar as tensões sociais.
Apesar deste alivio, a verdade é que a constituição da república foi moldada no conflito entre plebeus e patrícios. Havia uma luta pela
aequatio iuris e pela igualdade política que juntou todos os plebeus. Estes, apesar de serem livres e terem estatuto de cidadania na
civitas romana, eram privados do poder de auguria, de connubium, do ager publicus, de acesso às magistraturas e eram considerados
inferiores.

O que se entende por cidadania neste período? A cidadania é diferente no período da monarquia e no da república. A formação de
Roma, neste período é encarada como um resultado de um lento e longo processo de agregação de povos, de coesão social, de
organização político-administrativa e de uma integração jurídica.

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