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1º Semestre (2018/2019)
Definição do direito romano
O direito romano é um conjunto de regras, opiniões e decisões que vigoram e foram expressas e aplicadas
aos romanos e em Roma, desde a sua fundação, no século VIII a.C., até a morte de Justiniano, em 565.
Os romanos foram os primeiros a separar na Antiguidade Clássica o direito (ius) da religião (oráculos) e do
poder (lei).
O preceito jurídico universal integra as seguintes regras: procurar viver honestamente, sem abusar dos
seus direitos (Honesto vivere); não prejudicar ninguém (alterum non laedere); dar a cada um aquilo
que é seu (suum cuique tribuere). Foram os romanos que criaram, o direito (ius) como instrumento da
justiça a utilizar na resolução de litígios entre as pessoas. Só da regula vem o derectum.
Conceitos introdutórios:
Prudência - Como ciência, diz-nos o que é justo e o que é injusto como técnica, diz-nos como alcançar o
justo e como evitar o injusto
Podemos considerar o DR como o ADN do direito de hoje pois é também o DR que qualifica o direito que
temos hoje. Todavia Direito, no próprio sentido da palavra, a que Direito Romano se refere, impõe-se por
si próprio, pela sua bondade e racionalidade das soluções que propõe, no entanto, grande parte do direito
de hoje encontra-se nos códigos, regularmente em forma de norma que disciplina o comportamento
humano através da determinação de um dever ser, ou seja, o direito de hoje não é um verdadeiro Direito
tendo em conta que se impõe pela sua força imperativa (vis) e não por uma adesão voluntária e racional
como deveria acontecer.
O direito é uma forma de conhecimento que nos permite encontrar soluções justas sendo este inerente à
justiça.
Celso - séc. I - “O direito e a jurisprudência são arte do bom e do justo”, o direito é uma decorrência
da justiça. Não há direito sem justiça.
Nós conseguimos distinguir o bem do mal porque temos um sentido justiça inerente. Dizemos então
que a sociedade nos obriga a estar constantemente na dimensão jurídica.
Eduardo Vera Cruz: na Grécia e no Egito não havia direito propriamente dito, esse só começou com a
Roma, nestes existiam apenas leis.
O homem é um animal político e social, ou seja, é um ser que necessita de viver em sociedade o que
implica a dimensão jurídica, logo podemos dizer que há uma necessidade de existência de normas
sociais e juridicas devido à liberdade e sociabilidade de que o homem tanto precisa o que não
significa que todas as regras com que lidamos no dia-a-dia sejam regras juridicas.
O direito está presente em todos aspetos da vida, no entanto, foca-se nos que colidem com os
aspetos jurídicos pois existem regras completamente alheias ao direito, ou seja, não jurídicas, por
exemplo, regras da moda ou regras do trato social.
O que é Ius?
Ius - No mundo antigo, os romanos foram os primeiros a criar um conjunto de condições práticas, sociais e
culturais que possibilitaram a criação de regras e construção de soluções por jurisprudentes que, no seu
conjunto, foi designado por ius. Este foi criado pelo homem para garantir liberdade e segurança na vida da
pessoa em sociedade, por isso, é necessário seguir tais medidas, caso contrário este poderia ser aplicado
com recurso à força (por isso o direito justo – ius – tem uma força legítima – vis – que aplica quando é
necessário). As regras são seguidas pela comunidade e aplicadas pelos júrisprudentes e as sentenças são
respeitadas por todos por serem as mais adequadas e justas, ou seja, este direito justo – ius – respeitado
por todos e se necessário imposto pela força (vis) para levar à paz na comunidade. Por isso não se pode
confundir a força do direito com a atual coerção. A regra jurídica não o é por ter coercibilidade. Ao contrário,
é a juridicidade da regra que legitima o uso da força.
Mas para defenir “ius” podemos ir para além do necessário e dizer o que este representa hoje em
dia em diferentes sentidos, com destaque para o sentido normativo, subjetivo e objetivo:
Em sentido normativo, “ius” (direito) é a norma jurídica, o conjunto de normas jurídicas ou o ordenamento
jurídico criado pelo homem, que determina o modo de ser e de funcionar duma sociedade, ou ainda os seus
princípios jurídicos, com fim a garantir a segurança e liberdade da pessoa e da sua vida em sociedade
através de decisões justas para solucionar os conflitos.
Em sentido subjetivo, “ius” (direito) é a situação jurídica, o poder ou faculdade moral que alguém (indivíduo
ou entidade) tem de exigir, fazer ou possuir uma coisa. Ex.: António (indivíduo) tem direito de ter uma
identidade).
Em sentido objetivo, “ius” (direito) significa o iustum, o devido; a própria coisa justa; a realidade justa.
Derectum - palavra que se começa impor por volta do século IV quando o ius já havia desaparecido Roma.
O derectum passa então a ser um conjunto palavras criadas pelo poder político, enquanto legislador, ou
seja, leis e de sentenças que aplicam essas leis, impropriamente designadas, no seu conjunto com
jurisprudência.
Os ius como esta assente num sistema com impedimentos, desequilíbrios e limitações, a República
Romana integrou a solução dos conflitos intersubjetivos a um grupo porofissionalizado de pessoas
(iuris prudentes) - com um saber construído pela experiência e consolidado pela cultura da justiça
- socialmente reconhecido (auctoritas); formulava regras, opções e soluções.
Jurisprudentes - eram sacerdotes que entendem a sua função como religiosa (fas)
Fundamento Direito Romano não é político.
A solução é que ela que é justa, porque os Deuses entendem que é a mais justa para os homens.
Na República, o direito é bom e justo( ius est ars boni et aequi - Celso)
Simbolo do Direito
O Direito teve sempre o seu grande símbolo. O primeiro elemento desse grande símbolo do Direito,
colocado na sua parte central, é uma balança de dois pratos, ao mesmo nível, e o fiel a meio, perfeitamente
a prumo.
O símbolo grego completo do Direito teve diversas apresentações, sendo a seguinte a que gozou de maior
popularidade: a deusa (Díkê), filha de Zeus e de Thémis, que encarna sobretudo a administração da
justiça, tendo na mão direita uma espada e na
esquerda uma balança de dois pratos e com o fiel bem a meio, estando de pé e de olhos bem
abertos.
O símbolo romano completo do Direito: é exatamente a mesma coisa do que o simbolo do direito grego
mas em vez de ser coma deus Díkê é com a deusa Iustitia.
No mundo antigo os romanos foram os primeiros a criar um conjunto de condições praticas, sociais
e culturais que possibilitaram a criação de regras e construção de soluções por jurisprudentes que,
no seu conjunto, foi designado por ius.
É a justeza das regras, a racionalidade das interpretações dos júrisprudentes e a Justiça concretizada
nas soluções que dão juridicidade às regras. Foram os romanos que conceberam o mecanismo de
vínculos aqui implicados, criaram as condições para o seu funcionamento, colocaram as metas a
atingir, fixaram as instituições e as características dos respetivos titulares a partir de cursos
bonorum.
Os romanos juntaram ius e vis, separando leis e poderes de regras e de justiça dando superioridade estas
sobre aqueles na resolução dos conflitos.
Foram os romanos os primeiros a separar o direito (ius) da religião e do poder. Os romanos ligaram as
regras enunciadas com generalidade e abstração à justiça do caso concreto pela interpretação dos
jurisprudentes, fazendo as aplicar, quando desrespeitadas, pelo Imperium dos magistrados, por isso se diz
que foram juntaram a vis e o ius.
A partir do processo formulado o juiz recebe do pretor o dever (munus) de julgar o caso. É um dever cívico
e uma honra pessoal para o juiz ter sido indicado. A sua atividade gira em torno da prova dos factos que
justificam a sua causa. Provados os facto e julgada a causa o juís cessa a função.
Foi na República que se colocou, o problema da retorização do Direito. Os retóricos tratavam do Direito
a partir de pensamentos especulativos, categorias abstratas e generalizações universais. Tudo isso
era contrário à tradição jurisprudencial romana de criação de regras jurídicas e de soluções justas
para conflitos.
Normas/regras jurídicas:
São normas que determinam o domínio e o uso das coisas, no horizonte da intersubjetividade.
Características das normas jurídicas:
Juridicamente, alguém pode: dar e não entregar (se transferir a propriedade, mas fica com a posse da
coisa), entregar e não dar (se transfere posse, mas continua proprietário), dar e entregar (se transferir a
propriedade e a posse da coisa).
O direito romano foi um direito de regras e de juristas, não um direito de normas e leis. Foi criado,
modificado e extinto pelos jurisprudentes na sua atividade de resolução de conflitos com soluções
justas argumentadas pela aplicação racional de regras jurídicas e a construção de exceções,
visando a justiça do caso concreto (é pela aplicação de regras a casos, sempre aceitando a possibilidade
de exceção que se pode chegar à justiça na solução do caso). A aplicação, por juizes burocratas, de leis
feitas por políticos seja qual for o discurso que procure legitimar tal procedimento, não é direito; nem pode
levar a justiça, pois só o estudo da Iurisprudentia Romana permite entender isso. As regras, fixam
princípios em relação à justiça numa sociedade e à pessoa como sujeito dessas regras, hierarquizando
os valores protegidos pelo direto e garantindo a justiça.
A Lei das XII Tábuas, embora corresponda a uma tentativa de positivação de regras jurídicas, não tinha
carácter normativo, nem se pode comparar à Constituição ou ao Código Civil. Foi uma primeira tentativa
para fazer aplicar de forma universal e igualitária regras jurídicas a patrícios e a plebeus. Numa sociedade
só a Justiça efetiva pelas regras do direito permite uma vivencia social pacifica.
A paz vem da justiça pelas regras. A norma legal, coercivamente imposta pelo Estado, impõe a ordem e a
tranquilidade públicas; não a paz nem a harmonia.
Os romanos inventaram o Direito como ius e separaram-no da lei, entregando o Direito aos jurisprudentes
e deixando a lei para os políticos. O ius é composto por regras que, mais tarde, permitem o Derectum na
sociedade humana. Regras que com o tempo vão sendo alteradas pela interpretação dos jurisprudentes,
para se adaptarem à realidade existente e premitirem fundamentar soluções justas para cada caso.
Daí que a força do Direito (vis) que impõe a solução dada pela regra jurídica nada tenha a ver com a
violência do Estado exercida a coberto da norma legal hoje em dia.
EM SUMA: O Direito Romano é um conjunto de regras, opiniões e decisões que vigoram e foram expressas e aplicadas
aos Romanos e em Roma desde a sua fundação, no sec. VIII a. C., até à morte de Justiniano, em 565. Os romanos
foram os primeiros a separar na Antiguidade Clássica o direito (ius) da religião (oráculos) e do poder (lei).
O preceito jurídico universal integra as seguintes regras: procurar viver honestamente, sem abusar dos seus direitos
(Honesto vivere); não prejudicar ninguém (alterum non laedere); dar a cada um aquilo que é seu (suum cuique
tribuere). Foram os romanos que criaram, os direito (ius) como instrumento da justiça a utilizar na resolução de litígios
entre as pessoas. Só da regula vem o derectum.
A regra jurídica esta na iurisprudentia e a norma legal na política.
Adotamos aqui um critério da fonte de direito com base na liberdade criadora do jurisprudente
com auctoritas e desprovido de imperium, caso contrario não é fonte de direito porque lhe faltam
os elementos identitários do jurídico, nomeadamente:
liberdade criadora;
Independência do poder;
Autonomia que Expressão;
Experiência na resolução de conflitos;
Maturidade cívica;
Cultura jurídica;
Visão da Justiça do caso concreto.
O modo dos jurisprudentes de criar direito era a interpretação das regras já existentes de forma
a que isso fosse compreendido e pode-se ser aplicado pelas partes em litígio e pela sociedade.
A metodologia Jurisprudencial integra também a criação de regras gerais e abstratas assentes
em repetidas as expeções, potencialmente aplicáveis a casos concretos.
Esta conceção foi bastante criticada.
A formulação geral de normas a priori pelo poder político, colocadas em códigos, sem âncora
em casos concretos, não é direito.
A identidade do jurídico está então na iuris prudentia, não na scientia; no método, nas regras,
nas opiniões, nos conceitos, nas categorias, que permitem chegar ao justo em cada caso; não
no ordenamento normativo e na sistematização codificadora. É uma arte (ars) não uma ciência
(scientia).
O Direito Positivo inspirado no Direito Romano pode ser uma scientia iuris
Em Roma existiu também, na fase derradeira do Império Romano, um direito positivo que
resultava de várias formas de expressão legislativa do poder político, dos costumes aceites pelo
poder Imperial, das sentenças dos juízes, das decisões dos pretores, etc.
Foi assim que os juristas romanos tardios definiram o direito: o conjunto de normas legais
que regulam o comportamento das pessoas para a vida em sociedade.
Digesto (Iurisprudentia), uma didática que estava nas Intituciones de Justiano. Se o Digesto era
importante para dar uma base e um critério de legitimação às soluções dos juristas mediavais,
foi a utilidade de um Direito Romano que servisse para a governação dosreis que venceu.
O Direito Romano da Idade Média, apesar da presença via Digesto do direito jurídico, era já o
direito ordenamento normativo criado pelos detentores de poder político. Essa dupla vertente
(jurisprudências e legislativa) permitiu uma Recepção pelo legislador posterior dos
conceitos, institutos, classificações e categorias de direito romano justiniaeu.
Essa é a base de construção dos deves direitos europeus.
O Direito positivo de hoje é criado por políticos com legitimidade legislativa que abrigam os juízes,
submetidos ao princípio da legalidade, aplicar leis na resolução de convites privados.
O modelo hierarquizado de criação de direito assente na Constituição e nas leis nada tem de
jurídico, no sentido de aqui adotado.
O facto de o poder legislativo ter recebido conceitos, normas, princípios, classificações com
origem no direito romano, significa apenas isso: é um “direito” feito pelo poder político expresso
em normas legais que recebe o que quer e como quer de direito romano.
A legislação seria outra coisa e só teria juridicidade a norma legal que correspondesse as regras
jurídicas sufragadas pelos jurisprudentes e aceites pelas pessoas nas sociedades a partir do
comum sentido de justiça.
Poderes Recorrentes:
Assim como os políticos são eleitos para exercer o poder legislativo ao fazer leis para o governo
da cidade (Pollis), os jurisprudentes devem criar, aplicar, adaptar e excepcionar as regras de
direito.
O jurisprudentes são pessoas que têm um saber reconhecido pela sociedade, assente na
experiência e no conhecimento e aplicação de regras jurídicas, logo tem prestígio social
ligado ao exercício da Justiça (auctoritas). As soluções dadas pelos jurisprodentes
(responsum), são fontes de direito. Os jurisprodentes têm uma auctoritas prudencial que provém
(é merecido) do reconhecimento do seu poder.
A legitimidade que os jurisprodentes têm para fazer e aplicar regras de direito não está na
designação por confiança política, mas na confiança na sua auctoritas, que assenta no
reconhecimento do seu saber (sapentia) e nas suas soluções, pelas pessoas que estão em
conflito e os procuram para obter uma solução.
Assim sendo, se estas regras são a primeira fonte do direito; o Jurisprudente é um auctor,
pois é ele que as cria e que as revela. Então a fonte primeira e o destinatário último do
direito é a pessoa humana.
O ser humano não é uma criação do direito mas a pessoa humana como titular de direitos
e deveres, isto é, como contribuinte de direitos, é uma criação do direito.
Imperium - O imperium é o poder de comandar, caractristico do rex e, mais tarde, das magistraturas
maiores, é um poder de comando para com os outros; e tem origem na noção de comando militar, que
depois passa para o poder na cidade. É uma supremacia que exige a obediência de todo o cidadão ou
súbdito, mas está limitada pelos direitos essenciais do cidadão ou pelas garantias individuais concedidas
pela lex publica. O imperium compreende o poder de tomar auspícios, mesmo fora de Roma; o poder de
levantar tropas e comandá-las; o direito de apresentar propostas aos comícios; a faculdade de deter e punir
os cidadãos e os culpados e a administração da justiça nos assuntos privados.
O ius para ser valido e eficaz precisa de auctoritas, essencial tanto na sua criação como na sua aplicação,
ou seja, podemos dizer que o ius é criado pela auctoritas dos jurisprodentes e aplicado com o imperium dos
magistrados (pretor). Com o declínio da iurisprudentia a auctoritas criadora de ius transforma-se numa
simples consultadoria das identidades politicas que têm imperium para fazer a lex.
Lex Publica – esta lei deriva de uma promessa solene da comunidade social. É uma declaração solene
com valor normativo, feita pelo povo, pelo facto de os comícios aprovarem e autorizarem a proposta
apresentada pelo magistrado, ou seja, está subjacente aqui um acordo entre o magistrado (que porpõe) e
as assembleias populares (que aprovam) vinculando por isso, ambos.
Potestas –É o poder de representar o populus romanum. Todo magistrado romano era, em virtude de sua
eleição pelos Comitia, investido de uma certa quantia de poder civil, tecnicamente denominado Potestas,
pelo qual ele era encarregado do direito de cumprir as funções do seu gabinete, e de reforçar a obediência
às suas ordens legais por multa, prisões ou outros. A quantidade de Potestas variava de acordo com o
gabinete. Alguns magistrados, nomeadamente, os cônsules e os pretores, não apenas tinham o direito de
prender qualquer pessoa presente (prensio) mas também de convocar qualquer pessoa ausente a aparecer
perante a eles para reforçar a sua presença (vocatio).
Iurisdictio – poder supremo de, com regularidade, declarar a existência de um direito que podia ser
exercido perante um juiz ou negar a sua existência. Ou seja, é o poder especifico de administrar a justiça
de forma normal ou corrente.
A HISTORIA DO DIREITO ROMANO
O passado que está nas fontes jurídicas romanas não pode ser ensinado pelo jurisromanista Historiador,
que faz do Direito Romano a porta de salvação para os males jurídicos do presente. A proposta que se faz
é de questionar o Direito atual pelo Direito Romano e a sua história como um Direito de jurisprodentes, e
assim tomar consciência dos perigos da atualidade.
A História do Direito Romano tem sido compartimentada e apresentada sobre uma ótica positivista.
A questão periodificadora pode ser, para o ensino, uma questão relevante. Adotamos, por isso, um critério
períodificador que melhor serve para a compreensão de um processo histórico do direito, enquanto produto
da iurisprodentia, esse critério tem como fonte a tradição historiográfica de Roma e os seus consensos
gerados na doutrina jorisromanista mais recente.
O ensino da História do Direito Romano tem de se adaptar aos tempos em que é feito. No entanto,
única forma do direito romano permanecer útil ao nosso presente e manter-se fiel a sua identidade
jurisprudencial pela narrativa jurishistoriográfica dos seus momentos estruturantes.
Por isso, selecionamos os elementos essenciais do processo histórico de criação, desenvolvimento,
consolidação, decadência e morte do Direito Romano como critérios positivos do conjunto de elementos
que integram o direito Romano na sua história.
Augúrio: previsão realizada pelos sacerdotes romanos, que diziam adivinharam/prever o futuro.
A religião familiar (sacra familiaria), da esfera privada, estava centrada nos lares (divindades protetoras
da família: lar familiares). Estes deuses eram representados por uma estátua de cera guardada em lugares
próprios da casa, com imagens, para adoração. Nesses altares domésticos das casas romanas ardia
permanentemente uma chama (focus patrius) ao lado dos dois penates (divindades de proteção doméstica
– do domus)
Os cultos dos antepassados através das almas dos mortos e do génio do pater famílias, eram secretos
exclusivos para os membros das famílias e cumpridos todos os dias com orações e a manutenção do altar.
A religião local, da esfera pública, estava presente nas ruas e nas praças das cidades. Cada cidade tinha
os seus próprios deuses. Os deuses locais (lares) de Roma eram Rômulo e Remo que eram também
divindades das profissões (religião ocupacional).
Na religião pública geral, o culto envolvia os 12 deuses olímpicos, com relevância para tríade Romana
original: Júpiter (deus supremo); Marte (deus da Guerra) e Quirino (deus da prosperidade); depois
substituída (século V a.C.) pela tríade capitolina: Jupiter, Juno, Minerva.
Nos cultos e rituais públicos, assumem particular importância os auspícios. Os tipos principais de auspícios
são: O voo das aves; os fenómenos celestiais, o comportamento das galinhas sagradas, entre outros.
O objetivo da religião, eminentemente ritualista, era atingir pax deorum, cumprindo do contrato com
os deuses: os homens fazem sacrifícios, orações, ofertas aos deuses e estes protegem-nos.
Após as guerras civis que levaram Augusto ao poder e à fundação do sistema político como o Principado
da religião serviria também para garantir a Pax Romana. O culto de Roma, garante a unidade política
estabelece da moralidade pública. Daí à divinização dos imperadores foi um passo.
Mas esta era uma religião laica com cultos essencialmente cívicos que procura preservar os valores
romanos, a lealdade a Roma e a unidade do Império.
Por isso a recusa dos cristãos em participar neste culto era para ao imperador uma ofensa à sua fé,
foi considerado uma uma traição; uma ofensa grave à ordem social, aos valores de Roma.
Referidos elementos religiosos que condicionavam a vida dos romanos, vamos ocupar-nos agora dos
aspetos histórico-míticos da humanidade antiga.
Seguindo o que escreveu poeta Virgílio na Eneida – recriando livremente os mitos originais de Roma, a
pedido de Augusto, para unir os romanos após a guerra civil e legitimar o seu projeto político de poder
pessoal - Roma foi fundada por Eneias, filho de Aquises, rei de Tróia, e de Vénus, filha de Júpiter.
A Eneida é um poema épico destinado a destronar a Ilíada de Homero.
As lendas, os mitos, as fantasias só cedem para a história após expulsão dos Reis estruscos e o início da
República.
O Rex encontrava-se no topo do poder religioso, político e militar, tendo o poder de imperium em todos
estes campos, para além disso a mediação divina (entre os deuses e os homens) era a baze do seu poder
politico, assente no caratcter sagrado de realeza que era visto como um enorme privilégio perante a
comunidade.
A monarquia não era hereditária e também não era alvo de eleições pois, quando o Rex morria, o seu poder
sagrado era transferido para o senado, em que um dos seus membros era designado interrex e era este
que depois lendo os auspícios indicava o novo rei, o novo Rex, ou seja havia uma designação do rex por
parte do Senado.
Intercessio – tempo em que existe um interrex que exerce o poder de um rei (rex), é o período de rei
provisório, quando existe ausência ou morte do rex.
A população era dividida em patrícios e plebeus que viviam em grupos separados e os plebeus viviam
numa relação de subserviência para com os patrícios, não havendo a possibilidade do casamento entre
estes dois grupos.
As famílias de patrícios viviam sobre o regime de um pater família que era figura masculina de poder dentro
da família e tinha como finalidade a garantia e unidade da sua família. As famílias podiam ser constituídas
por relações com dois tipos de vínculos:
1. Os agnatícios onde havia uma relação de dependência entre si mas sem haver relação sanguínea
2. Os cognaticio onde havia uma relação pelo vínculo de sangue que unia o pater família aos seus
dependentes.
De qualquer maneira, a noção de família e muito mais jurídica e política do que outra coisa.
Senado – para além ser constituído pelos homens mais sábios e conhecedores de Roma (mormente
patrícios), este era um órgão de aconselhamento ao monarca e para além disso, também, este era o único
que o podia convocar. Assumiam o auspicia durante o interregnum (período entre um rei e outro) e nomeava
o interrex. E tinham o direito de concluir tratados internacionais.
Estes representantes do povo romano tinham como principal missão da aprovação de todo tipo de leis.
Depois de aprovada a lei, O senado tinha que intervir para aceitar ou não a proposta criada pelos comintia.
O senado tinha que aprovar a lei atribuindo à lei o auctoritas patrum, sendo que esta não podia passar sem
a apreciação deste. Se eles não aprovassem lei, o processo voltava atrás e começava do início.
Havia uma desigualdade social existente entre as duas classes, onde a plebe lutava por uma posição de
paridade na ocupação de certos cargos e pela igualdade no acesso a todo tipo de recursos, tendo em conta
que não beneficiavam de qualquer tipo de direitos.
Os patrícios (sacerdotes pontífices) tinham outra função por excelência, e de revelação dos mores maiorum.
Serviram como base a organização social Romana, traduzindo uma orientação moral e ética, conciliando
aspectos profanos e religiosos.
Outra das fontes de direito presentes neste período era Iurisprudentia. Esta tinha como fundamento o
alcance do direito segundo o método casuístico e com o principio de aplicar justiça na solução do caso
concreto sendo o seu objetivo primordial era intrepertar racionalmente os mores maiorum – que era uma
atividade exclusiva dos sacerdotes pontífices - e encontrar uma solução justa para os conflitos
intersubjetivos.
Em concequencia da lei das XII tabuas abuliu-se o casamento somente entre membros da mesma classe
o que, abriu o caminho aos plebeus a uma maior integração política, social e jurídica com expressão no
plano constitucional. Só quando é permitido o pleno casamento entre classes, é possível abertura dos
auspicia aos plebeus.
Assembleias do populus
Elementos centrais de todo o ordenamento constitocional da republica romana (são as assembleias
populares)
Os comitia centuriata era um órgão que reunia todo o populus de Roma. Caracterizam-se por ser a mais
importante assembleia popular da república, sendo a expressão do poder crescente dos plebeus, onde
estava depositada a maiestas do povo romano e tinham então como competências:
eleger cônsules, pretores, ditadores e censores, ou seja, elegiam os magistrados maiores e
aprovavam as leis propostas por eles
aporvavam declarações de guerra e de paz
davam veredictos sobre a vida ou morte dos acusados (iudicium).
Comitia Curiata – reunia todos os cives, presidida por um pontifex maximus, ficaram, após a separação do
poder político e do religioso, com a sua importância circunscrita às questões de direito sacro. Elegiam os
magistrados e confirmavam o seu imperium com a lex curiata de imperio.
Os comitia tributa eram as assembleias deliberativas de todos os cidadãos, organizado por tributos,
convocado e presidido por um magistrado maior. Surgiram após a queda da monarquia e os seus poderes
eram de natureza civil. As suas competências incidiam, por isso, sobre:
1. a votação das leis sobre assuntos de menor relevância,
2. eleição de magistrados menores,
3. atribuições religiosas residuais
4. fixação de penas pecuniárias
Concilia plebis – assembleias de plebeus. Emitiam os plebiscita, decisões que inicialmente não tinham
carácter vinculativo mas em 449 a.C., com a lex valeria Horatia de plebiscitis passam a ter força de lei para
os plebeus e mais tarde, em 287 a.C., com a lex Hortensia de plebiscitis, passa a obrigar também o
patriciado. Ganham portanto uma grande importância, e tinham como competências: eleger magistrados
plebeus (como o tribuno) votarem os plebiscita; exercerem o iudicium para os crimina puníveis com multa.
Convocada, ao contrário dos comitia, por magistrados plebeus.
A sua importância:
A lei das XII Tábuas é o monumento jurídico mais valioso da antiguidade, não só para Roma mas para todo
o ocidente. É o ponto de partida para as construções jurídicas posteriores. As suas disposições foram pouco
a pouco superadas. Todavia, a lei das XII tábuas nunca foi formalmente revogada.
Atividade de interpretatio passou a ter como fundamento a Lei das XII tábuas, ou seja, atividade criadora
dos júrisprudentes mudou de rumo, sobretudo em questões de direito privado. Em vez de se consagrar à
revelação dos mores maiorum dedica-se quase exclusivamente a descobrir o conteúdo da Lei das XII
tabuas, e por isso tinha-se muitas vezes que criar Direito novo, o que não significa que a interpretatio dos
mores maiorum desapareceu por completo apenas foi superado.
Foram os cônsules Valério Potito e M. Horácio Barbato que fizeram publicar a Lei das 12 Tábuas e as três
leges Valeriae Horatiae em 449 a. C. (com disposições favoráveis aos plebeus , estas não são lex rogatas):
Tribuno da plebe - tem um poder que não é de imperium mas sim de intercécio (que veta paralisar as
decisãoes de outros magistrados para proteger os pelebeus)
- ensino do direito
O primeiro plebeu que conseguiu aceder ao cargo de pontifex maximus foi Tiberio Coruncâneoem 253 a.
C. Consciente da importância da transmissão dos conhecimentos por ele obtidos a cerca das regras
aplicáveis, abriu o Olímpio pontifício aos plebeus, começa-a ensinar o direito em publico. Falo rodeado de
discípulos enquanto respondendo publicamente às questões que lhe são colocadas na qualidade de pintifex
maximus.
Lex licinia de Aere alieno: Foi concedida aos devedores a possibilidade de reduzirem no valor a pagar os
montantes dos elevados juros já pagos e a faculdade de uma divisão do montante global do débito em três
prestações a pagar anualmente. Permite que o devedor pague em prestações e também permite abater o
dinheiro que já tinha sido pago, ou seja, estabelece facilidades no pagamento de dividas .
Lex licinia de modum agrorum: Foi desbloqueada a forma de promover uma redistribuição da terra.
Fixando um limite à possibilidade de apropriação de terras públicas e determinando que nenhum Pater
famílias (chefe de família, tanto podem ser patrícios como plebeus, homens sempre) principalmente, não
obrigatoriamente, patrícios podia possuir mais de 500 jeiras de terra
Lex Licinia de console plebeio: Foi concedida não só para atribuir a possibilidade de os plebeus ascender
ao consulado, mas também para reservar um dos dois cargos de consule a um plebeu, ou seja, permite a
um plebeu ser um dos titulares de uma magistratura
Esta lei só a partir de 320 a.C passa a ser regularmente cumprida, ela determina uma evolução significativa
na participação política dos plebeus. De tal forma que em 172 a.C., acaba por ser possível serem eleitos
dois cônsules plebeus
Apos o término do Rex e com a consolidação das magistraturas, os comitia curiata perdem poder e
significado para os comitia centuriata. Os comitia centuriata caracterizam -se por uma forte expressão do
poder da plebe, apos a queda do Rex.
Assim os comitia centuriata caracterizam -se por ser a mais importante assembleia populares da república,
onde com a afirmação da forca politica, tinham como competências:
Os comitia tributa surgiram apos a queda da monarquia e tinham poderes de natureza civil. As suas
competências prendiam-se com a votação das leis sobre assuntos de menor relevância, eleição de
magistrados menores, etc.
Os concilia plebes passaram a ter importantes competências legislativas na cidade, onde realizaram a
votação de medidas que introduziram reformas no ius civile. Faziam parte das suas competências eleger
os magistrados plebeus, votarem os plebiscita, etc.
As magistraturas do populus
Aas magistraturas abrangiam o poder politico, militar e judiciário. Eram reguladas segundo pressupostos: tinham que
ter dois titulares para cada uma, para se fiscalizarem e tinha que haver uma subordinação das magistraturas menores
às maiores.
Para evitar desvios tirânicos, foram fixados certos limites: temporalidade (eleitos, por regra, por um ano),
colegialidade e par potestas (mais de um magistrado por magistratura, cada um encarregue, com imperium absoluto,
de um certo setor do exercício da função; o outro tinha poder de veto – ius intercessionis – sobre os atos do colega);
responsabilização pelas suas atividades e impossibilidade de acumular cargos ou de os repetir.
Com a lex villia annalis (180 a. C), são determinadas as idades mínimas de acesso às magistraturas
romanas, estabelecendo um intervalo de três anos entre o exercício de cada cargo, vigoravam as seguintes
idades mínimas:
para acesso à questura – 30 anos
para acesso à edilidade curul – 37 anos
para acesso à pretura – 40 anos
para acesso ao consulado – 43 anos
Há também magistrados sem poder de imperium (estão encarregues de funções mais mundanas como a
organização do urbanismo, o funcionamento dos mercados, funcionamento dos jogos públicos, etc.) que
são os magistrados menores.
1.Maiores, detêm imperium (poder supremo e ilimitado de comando), potestas (poder de representar
e vincular a populus) e iurisdictio(poder de administrar a justiça).
As mais importantes eram o consulado e a pretura, onde os titulares eram nomeados todos os anos pelos
comintia centuriata. O imperium do pretor está subordinado ao dos cônsules, que pode vetar (com o ius
intercessionis) as suas decisões. Tinham como poderes:
o imperium militae,
o ius agendi cum populo e o ius agendi cum patribus (poder de convocar assembleias e senado);
imperium domi (prática de actos coercivos para se fazer obedecer, sujeito a intercessio e a
provocatio ad populum);
o ius edicendi (poder de fazer publicar os seus edicta).
Os censores não tinham imperium, apenas auspicia (responsável pelo censo da população), cujo titular é
eleito nos comícios centuriais, por 18 meses.
2.Menores formadas apenas por potestas. Estes magistrados menores, como o Questor, o Edil curul
(eleitos pelos comitia tributa) e o edil plebeu (eleito nos concilia plebis).
Censor (magistratura ordinária não permanente. Com a Lex Licinae Sextiae foi exigido que um
dos censores fosse plebeu – é a magistratura mais importante)
o Fazia a contagem da população para efeitos fiscais (só pessoas com património é que
podiam votar) e militares (quem podia ir à guerra)
o Organizava listas dos candidatos ao senado
o Tinha o poder de expulsar o senador
o Defendia a moral e os bons costumes de Roma
Todos faziam parte da Carreira Pública, a carreira das honras (Cursus Honorum)
Tribuno da plebe: eleito apenas pelos plebeus (classe inferior), pois representava e defendia os
seus interesses. Tinha direito de veto em relação à magistratura que afetasse intresses da plebe.
Este desaparece no principado.
Pretura
Os pretores são também designados como colegas menores dos cônsules, ou seja, o imperium dos pretores
estava soburdinado ao dos cônsules o que lhes dava poder para vetar as suas decisões. Os pretores são
interpretes da lex mas sobretudo defensores do ius e da justiça ao interpretar o ius civile, integrando as
suas lacunas e corrigindo as suas aplicações injustas. A pretura era inicialmente unitária, mas em 242 a.C.
juntou-se ao pretor urbano (que resolvia conflitos entre cidadãos) o pretor peregrino (intervinha nos conflitos
entre cidadãos e estrangeiros). Mais tarde, passou a haver 6 pretores, e depois 8. A pretura, criada em 367 a.C.,
com as Leges Liciniae Sextiae, e a função dos pretores era a de administrar a justiça de uma forma normal
e corrente (iurisdictio). Presidia aos processos (1º na fase in iure, onde analisava o aspecto jurídico em
causa, depois na 2ª fase, apud iudicem, onde apreciava o problema e dava a sentença).
O “Edictum” do pretor
A missão do pretor era administrar a justiça nas causas civis (iurisdictio). Exercia essa missão através de
uma tripla atividade: intrepretar, integrar e corrigir o ius civile. Toda essa atividade era orientada pelos
grandes principios jurídicos: o de não abusar dos seus poderes, o de atribuir a cada um o que é seu e o de
não prejudicar niguém.
Não agia arbitrariamente, e também não o podia fazer visto que a sua atividade podia ser controlada:
pelos ius intercessionis dos cônsules (Os cônsules tinham o poder de vetar as suas decisões)
por quem detivesse o poder de potestas.
Por uma provocatio ad poplum,
Pelas reações da opinão publica,
Pela critica bem temível dos jurisprudentes.
O pretor como qualquer outro magistrado tinha ius edicendi (faculdade de fazer comunicações ao povo).
Essas comunicações, quando tinham caracter programático geral denominavam-se edicta. O edictum do
pretor era, pois, uma comunicação para anunciar ao publico as atitudes que tomaria e os atos que
praticaria, no exercício das suas funções, era o seu programa de acção. Os edicta do pretor eram
afixados publicamente no fórum para que, sem dificuldade, pudessem ser lidos. Inicialmente, o pretor
não estava vinculado ao éditos mas com a lei Cornelia de edictis praetorum impôs-se a vinculação
do pretor ao seu próprio edito.
Os éditos podiam ser:
Perpetum – pelo pretor no inicio da sua magistratura, contendo os critérios que seguiria durante
a sua magistratura (tem muitas partes de um edicto translatício e algumas partes de um edicto
novum)
Repentinu –surgem como actos de imperium do pretor, proferidos em qualquer altura do ano,
para resolver situações novas e inesperadas que nem o ius civile nem os edictum perpetuum
solucionavam.
1º Primeira fase do Pretor (Se.c IV a.C. até III A.C) -> O pretor limita-se a aplicar ritmadamente a
mesma justiça, estando pouco possibilitado de proceder a qualquer inovação e interpretação da
mesma.
2º Até ao ano de 130 A.C o pretor baseando-se no seu imperium (enquanto poder inoponível e
soberano) usa os seus expedientes próprios para criar Direito (ius praetorium), mas de uma forma
indireta. Se uma certa situação social merecia proteção jurídica e não a tinha o pretor colocava-a sobre a
alçada do “Ius civile”. O Pretor não derrogava o ius civile, apenas conseguia que o mesmo se aplicasse ou
não.
3º A partir de 130 AC com a introdução a Lex Aebutia de Formulis, as Leges Actiones desapareceram
dando lugar ao sistema agere per formulas, podendo a actio ser concretizada numa fórmula. Esta
Lex Aebutia de Formulis assume grande importância devido ao pretor ter começado a criar actiones
próprias -> O pretor passou a corrigir e a integrar diretamente o ius civile por via processual. Há um
reforço da atuação do pretor. O pretor passou a ter uma atuação mais interventiva ao nível do processo do
Direito. De modo a aplicar a justiça no caso concreto, o mesmo podia complementar, e mesmo criar, novas
soluções, sendo esta, à posteriori, incorporada no ius civile. Há assim um dinamismo evolutista do Direito,
sobre o signo da aplicação mais justa possível no caso concreto. O Pretor tornou-se o intérprete do direito,
através do exercício do ius praetorium.
1 Fase In Iure: (Pretor baseado na sua iurisdictio, apenas processava, ou seja, isto é processo oral
feito pelo pretor é chamado de sistema legis actiones):
Nesta fase o aspeto jurídico da causa é analisado, verificando - se o ius dicere (afirmação solene
da existência ou não de direito - que advém da iurisdictio). Caraterizava-se numa ordem dada pelo pretor
ao juiz proferir a sentença em determinado sentido.
Agere per formulas é o sistema próprio da época clássica. Tendo as fórmulas uma redacção
especialmente adaptada para cada tipo de reclamação, a tipicidade processual determina a tipicidade
do próprio direito, já que este consiste essencialmente numa actio (ter direito). Segundo este novo
sistema de processar, ter um actio equivale em concretizar-se em ter uma fórmula.
Fórmula Processual –A fórmula é uma ordem por escrito, dada pelo pretor ao juiz, para condenar
ou absolver, conforme se demonstrasse ou não determinado facto.
A posição do pretor depois da lex Aebutia de formulis, era, alem de subtrair ou colocar sob a acção do ius
civile, como procedia até 130 a.C a de neutralizar a actio civilis (ou recusando a conceção do actio ou
inutilizando a sua eficácia concedendo uma exceptio –a de criar acções próprias).
Desta forma o pretor passou a integrar e a corrigir directamente o ius civile por via processual.
1.Para neutralizar uma “actio civilis”, cuja aplicação redundaria numa injustiça, além da restitutio in intergum:
Denegatio Actionis – quando nega a concessão de actio civilis, pois verifica nitidamente
que essa concessão, embora prevista pelo ius civile, em determinado caso concreto, seria
uma evidente injustiça;
Exceptio – Pela qual se frusta a actio civilis, que ele mesmo concedeu, Clausula a favor do
demandado que inutiliza a pretensão do demandante.
2.Actiones Praetoriae – O pretor depois da lex Aebutia de formulis, cria ius directamente –IUS
PRAETORIUM, pois cria actiones próprias; e actio e ius identificam-se.Portanto as actiones praetoriae
contrapõem-se a actiones civiles.
Actiones in factum conceptae – vendo que determinada situação social (factum) merece
protecção jurídica e não a tem do ius civile, concede uma actio baseada (concepta) baseada
nesse facto, para que se faça justiça.
Actiones ficticiae – para aplicar a justiça finge como existente um facto que se sabe não existir,
ou finge como não existente uma coisa ou um facto que se sabe exitir –Imposição de uma
irrealidade ou de uma inexactidão. Supõe uma criação, uma invenção que rompe com as regras
da pura lógica.
Actiones Utiles – Lógica por semelhança, o pretor aplica por analogia actiones civiles a casos
diferentes, mas semelhantes dos que o ius civile protege.
Actiones Adiecticiae Qualitatis – Actiones que responsabilizam um pater famílias, total ou
parcialmente, pelas acções dum seu filius ou servus, provenientes de contratos celebrados
por estes.
Após a sua afixação em 130, o pretor quase se limitava a publicar, todos os anos, o Edictum Perpetuum.
Deste modo o edictum perdeu a sua importância como fonte autonoma, para se converter quase num
texto legal. Embora, formalmente, continue a ser ius praetorium a verdade é que as alterações e até
as interpretações são dadas, não já pelo pretor, mas pelos iurisprudentes, que escrevem sobre ele largos
comentários, e sobretudo pelo Imperator, que principiava a concentrar nas suas mãos todas as fontes de
Direito.O Edictumtendia inevitavelmente a confundir-se com o direito criado pela jurisprudência e
pelas constituições imperiais, para mais tarde ingressar no ius novum.
O Edictum deixou de se publicar no séc. III, quando o pretor perdeu o iurisdicta
Esta subjetivação excessiva do exercício do cargo de prínceps, deu origem à desvalorização do cursus honorum na
seleção dos titulares de cargos de chefia, pela via das magistraturas, que garantia com estabilidade a criação de um
ius com soluções justas e adaptadas ao tempo das sentenças, completamente separado da lex, como instromento de
governo na cidade. Perdeu-se a base jurídico-politica das magistraturas e a motivação para percorrer o cursus
honorum, e com ele o sentido de “estado” que a elite romana evidenciara durante a republica.
Apesar de tudo, o principado foi a possibilidade dada a um so homem de decidir sobre todos os aspetos da vida
romana até ai disperso pelas magistraturas determinado assim o fim da possibilidade de um ius criado pela auctoritas
dos jurisprodentes permanecer separados do imperium dos órgãos políticos.
A restauração constitucional da respublica ate começou bem pois foram feitas diversas promessas que, num plano
retorico, assim o indicavam mas depois seguiram-se as medidas concretas que acabram por dar origem ao principado
e ao que o caracteriza.
O instrumento do domínio exercido pelo prínceps no plano pratico-material era o consilium principis, que filtrava as
delibrações a ratificar pelo primus inter pares e que preparava as respostas de delibração a apresentar pelo prínceps
a esses órgãos, condicionado a liberdade de propositura dos seus membros e liberdade de delibração do coletivo. Os
poderes separados de roma perderam independencia; a liberdade de iniciativa dos magistrados terminou, a
possibilidade de optar entre varias propostas acabou, a legislação tornou-se monolítica e a decisão judicial
condicionada através da lei feita como expressão da vontade do prínceps. Tinha acabado, de facto, a res publica.
A formula do primus inter pares, pensada para uma restrauração pos-César da tradição politica romana foi o inicio
da corrosão das instituições que sustentavam essa tradição: a escravatura começou a ruir pelas bases que a
justificavam, a pressão militar nas fronteiras do império deu primazia à ordem dos cavaleiros sobre a ordem
senatorial; a romanização crescente dos conquistados apontava para a integração das províncias no império, a
estrutura politica romana fundamentada nos mores maiorum é substituída pela lex mundi da civitas maxima.
A paz de que Roma gozava dentro das suas fronteiras, desde o principado de augusto ate antonio pio (161),
proporcionou um grande desenvolvimento económico. Outro fator de apaziguamento funcional foi o aumento de
funcionário ao serviço do “estado” mas mantendo-se a divisão entre a elite – honestiores – e o resto da população –
humiliores, tanto que o ordenamento jurídico refletia essas diferenças, nas diferentes formas de punição, como fez
sempre.
O prestigio militar e politico de Octavio, a sua ligação familiar a César e a sua proximidade ao senado premitiram uma
junção de inflencias e uma base de aceitação consensual nas mãos de um só chefe – o prínceps.
Toda a história do principado é marcada pelo acentuar das tendências monárquicas e o enfraquecimento dos órgãos
da republica, que se mantiveram como instituições politicas vazias, sem importância politica e sem competências
substantivas.
Uma das causas da debilidade republicana do principado era o da sucessão do prínceps. Era necessário
insititucionalizar o carisma do cargo de prínceps, fosse quem fosse a pessoa que desempenha-se o cargo.
Poderia haver sucessão, mas o carisma pessoal, base do poder exercido por augusto, não pode ser institucionalizado,
e a sucessão do poder politico exige que assim aconteça. Para alem disso, com a impossibilidade de recorrer aos
sistemas monárquico, de sucessão hereditária, e republicano, por eleição do senado; a sucessão do prínceps era cada
vez mais resultado das suas próprias opções pessoais. As opções do prínceps, em matéria de sucessão foram
favoráveis ao principio dinástico. Essa opção foi institucionalizando a co-regência, fazendo da pessoa indicada para
sucessor do princeps, um dos seus melhores colaboradores por ele adotado, uma espécie de vice-princps, para ir
aprendendo a decidir e a organizar junto do prínceps em exercício. Este sucessor era como se fosse um filho adotivo
do prínceps tornando-se heres espiritual (herdeiro espiritual). Esta sucessão tinha ainda que ser deliberada pelo
senado e confirmada pelo populos, nomeadamente, através da outorga da tribunitia potestas e do imperium
preconsulare maius ao filho adotivo do prínceps que cessara funções. Com a degradação do senado e das
características republicanas do regime, a sucessão do prínceps deixa de ser marcada pela deliberação do Senado,
confirmada pelo populus e passa a ser definitiva.
A certa altura a constituição republicana entra em crises sucessivas:
Uma profunda desmoralização da gente de Roma
O aparecimento de novas classes sociais (lutas de classes)
O antagonismo entre a velha nobreza e a nova aristocracia
A Revolta dos escravos que pretendem liberdade
Período que começou com a morte de Júlio César.
Este período levou:
1. à destruição completa do Ius, secando as fontes de onde o mesmo brotava.
2. Ao término da liberdade de iniciativa das magistraturas. Estas faziam de tudo para agradar ao Princeps,
perdendo totalmente a sua capacida genuína de intervenção. Quanto ao Senado aconteceu o mesmo, para
além de terem sido reduzidos drasticamente os senadores, passou a ser uma mera ação política do
Princeps, sendo este convocado quando ele quisesse.
3. Condicionamento judicial geral através de lei que retratava a expressão da vontade do Princeps –
constituições imperiais – que tinham valor normativo, ou seja, não eram leges rogata.
A transformação do ius civile em lex foi uma das alterações mais dramáticas na vida do Direito
enquanto instrumento da justiça. No início do principado a iurisprudencia começa a atravessar uma crise
de objetivos pois começou-se a afastar-se do processo de interpretação criativa e livre que correspondia à
atividade dos iurisprodentes e a aproximar-se das opções vinculativas do princeps.
Augusto vai assumindo gradualmente um poder mais extenso e, dissimuladamente, passa a controlar
indirectamente a prática jurisprudencial. Deste modo cria o ius publice respondendi – concessão dada
por ele a um grupo restrito de iurisprudentes que tinha como objetivo servir de condição de acesso da
solução criada pelos jurisprodentes à sentença proferida pelo juís.
Tudo funcionava mais ou menos assim: como os jurisprudentes eram muitos e davam soluções diferentes
para os mesmos casos, o que baralhava os juízes e intranquilizava aqueles que recorriam ao tribunal,
Augusto concede a alguns o direito de responder em publico às questões colocadas pelas partes como se
fossem o próprio prínceps.
Logo, não proibiu a atividade de jurisprudente, mas de que servia exercê-la, não tendo ius publice
respondendi, a sua solução poderia ser facilmente afastada pelo juiz face à solução dada por um
jurisprudente dotado desse ius.
Uma vez instituído este processo, os jurisprudentes faziam tudo para agradar o princeps.
As responsa dos jurisprudentes dotados de ius publice respondendi, eram face à sua natureza vinculativa
para o juiz, fontes de criação de Direito. O ius passa a significar a vontade do princeps. Alguns
jurisprudentes desta época: Ateio Capitão, Nerva, Próculo, Juvêncio, Celso, etc.
“Uma das alterações mais dramáticas” foi a passagem das regras de ius para regras gerais e abstractas.
As alterações que Augusto levou a cabo destruíram o ius como expressão da auctoritas do jurisprudente.
O Prof. fala numa “canibalização do ius pela lex”
Através do Ius Publice Respondendi houve:
O Ius publice respondendi, ao permitir aos jurisprudentes dar pareceres vinculativos, fez obscurcer o
prestígio do pretor, diminuindo o seu poder, bem como cristalizando o seu édito, através da sua codificação.
A importância do pretor foi completamente esmagada à luz da supremacia da atuação do Princeps e dos
jurisprudentes. Através deste ius publice respondendi o Princeps controlou, subtilmente, a atividade dos
jurisprudentes, concentrando em si o monopólio e o expoente do exercício público, político e judicial.
Neste período dá-se também o culto ao imperador, a Augusto, que cultivou a sua imagem à semelhança
da figura de um Deus. Veneração ao imperador.
Orgãos constitucionais:
Os comícios – Fraca participação, fruto da saída da cidade de grande parte dos votantes.
O princeps controlava as propostas todas. Às tantas deixaram de ser levadas ao comício as propostas e a
legislação popular desapareceu. Os comicios não foram abolidos, mas pouco a pouco vêm a morrer por
inactividade. As suas atribuições passam em grande parte para o senado, mas sobretudo, para um novo
elemento, o exército. Verdadeiramente característico do principado é a criação de um corpo burocrático de
funcionários que hão-de chegar, sob as ordens exclusivas do princeps, a fiscalizar tudo.
Senado – Instrumento por excelência da concentração de poderes. Augusto expande o poder do Senado,
retirando-o do populus, uma vez que os poderes do Senado eram na prática exercidos por ele. Substituiu
os senatusconsulta como leis pelos oratio principis (as propostas do princeps), que deixaram
progressivamente de precisar de aprovação senatorial. Nos finais do século II, a oratio principis já aparece
com forma e natureza próprias das leis. Foi através da oratio principis que Augusto interveio no ius civile,
transformando as regras de ius em regras gerais e abstractas.
Magistraturas – Foi o órgão que mais erosão sofreu. O princeps ao concentrar o poder de todos os
magistrados, tirou-lhes importância. Ainda existiam as magistraturas, mas eram todas submissas ao poder
do princeps. O Prof. chama aos magistrados uma “caricatura de si próprios”.
Princeps – Tinha o proconsulare maius e o tribunitia potestas, já vistos. Não tinha poderes originários:
todos lhe foram outorgados. Quando agia, na sua qualidade de primus inter pares, fazia-o tendo em mente
o melhor para o bom governo da cidade.
Sucessores: Tibério; Calígula; Cláudio; Nero, etc.
Algumas causas do fim do principado: Crise económica, grande extensão do império, problemas de
sucessão, conflitos entre cristianismo e império, etc.
O imperador Diocleciano (284 – 305) compreendeu que o principado (ou o que restava dele) não era o
sistema de governo adequado para a realidade romana no final do sec. III, por isso para estabelecer a
unidade do Império e a coesão governativa, tomou conta da maioria (se não de todos) os poderes
governativos.
A crise da romanidade como civilidade imperial, o desmembramento territorial com as invasões, entre outros
fatores, imponham há muito uma revolução constitucional e administrativa que reorganizasse o poder
politico. Essa revolução foi feita sob forma de um conjunto de reformas politicas e administrativas
introduzidas por Diocleciano. Diocleciano passa então a exercer o seu poder num império, territorialmente
reunificado desde Aureliano, pelo reforço da autoridade imperial. O êxito seu trabalho está em ter feito
assentar o fundamento teocrático do poder monárquico absoluto não na pessoa do imperador, mas
em instituições jurídico-políticas que recolhiam e sintetizavam o melhor dos desvios personalistas
do Principado, combinando-os com as características teocráticas das monarquias orientais.
O centro do léxico político passou a ser de novo superioridade de Roma e a importância da romanidade,
esta intensificação da romanização através da via militar: suporte essencial do poder do Imperador no vasto
território unificado. Diocleciano estava convencido que só com a reinstitucionalização política era possível
retornar à unidade de “estado” e à grandeza de Roma, perdidas desde o início do Principado.
O vínculo oriental dava um forte pendor simbólico ao prínceps-rei-deus, no cerimonial político e nas
ocasiões protocolares, revelando onde estava o poder efetivo e às elites políticas o seu lugar na nova
hierarquia do regime. Foi, assim, recuperando uma nova estabidade política, há muito perdida.
É Reforma mais ousada de Diocleciano não foi, no entanto, a tentativa de construir institucionalmente no
topo da hierarquia imperial poder Unippessoal assente na figura do Imperador mas sim uma tetrarquia.
Assim, para governar a parte ocidental Diocleciano nomeou o general Maximiano, tornando-o co-imperador,
com par potestas. Cada um deles como Augustus tinha um César para futuro sucessor. Esse sistema de
divisão territorial e de sucessão no poder não durou, pois Constantino I voltou à unidade do Império como
chefe único.
Então quando Diocleciano abdica há uma nova crise politica que so é resolvida quando Constatino derrota
os rivais e toma sosinho o poder imperial reunificando o imperio e o exercício do poder politico supremo.
Constantino (312- 337) subiu ao trono em co-regência com o Licínio, respeitando a separação entre Oriente
e Ocidente, tal situação durou apenas dois anos, pois, com as divergências entre ambos, Licínio acabou
por ser constrangido ao abdicar do trono e depois assassinado. Quando Constantino fica a governar sozinho
verte O percurso político de Diocleciano Na estratégia de retorno à glória do Império Romano pela reposição
das tradições romanas. Fecha então o circo político fazendo regressar a Roma O regime monárquico, com
a natureza jurídica da Coroa, e tudo o que isso representava. Já no que respeita à organização
administrativa como instrumento de comando, Constantino segue o caminho de Diocleciano completando
a reforma burocrática por ele iniciava. Agora o direito público corresponde à vontade do soberano expressa
na Lei, Na decisão política normativa. Esta centralização da criação jurídica pública de características
monárquicas autoritárias acendes na imposição hierárquica não se coaduna com as estruturas jurídicas
políticas que criaram e mantém o Império romano. É esta concessão que esgota todo universo jurídico
público.
Com a sua governação Constantino (312 – 337) funda a Constantinopla (actual Istambul) para ser a nova
capital do imperio, ampliando a autoridade e a legitimidade do poder imperial (acentua por isso os laços
com o Ocidente) fixando ai a sua residência permanente.
Retira ao imperio romano todo o vestígio de romanidade e latinidade que ainda poderai ter; o favorcimento
do cristianismo. O cristianismo deixa de ser uma seita religiosa perseguida para se tornar um elemento de
unificação político-religiosa E um instrumento de poder do imperador. Esta política religiosa acaba com a
cruel e generalizada perseguição feita aos cristãos por Diocleciano. Assim, o Imperador reconhece
jurisdição dos bispos cristãos, doa terrenos e bens à igreja, apoia construção de igrejas em todo o território;
Por outro lado, são proibidos pelo imperador cerimónias religiosas pagãs criticadas pelos cristãos e
demolidos templos religiosos considerados ofensivos. Império romano do oriente durará ate à conquista da
sua capital pelos turcos em 1453.
Com a morte de Constantino, Constâncio sobe ao poder e nomeia Juliano como seu sucessor. Juliano era
um excelente militar, um homem culto e estudioso que quis abandonar o cristianismo para implementar
misticismo grego neoplatónico e propôs também que se voltasse à civilidade politica antiga dos romanos,
proposta que é recusada.
No seu governo (361 – 363) retirou o privilégios dados à igreja, mas não moveu perseguições aos critãos,
no entanto, suspeita-se que tenha sido um soldado cristão a assassina-lo.
A divisão do imperio, apesar de a formalidade oficial manter a união de Roma (imperium coniunctissimum),
torna-se definitiva após a morte de Teodósio.
No incio do sec. V, Roma não resite ao ataque dos visigodos devido à sua fragilidade militar e à sua falta
de vontade de resitir.
A romanidade ainda perdurou no imperio do oriente, mas sempre em crise e em processo de perda de
identidade. O governo de Justiniano (527 – 565) foi a ultima expressão de romanidade do Imperio Romano
do Oriente.
Foram estes iurisprudentes que se opuseram as tentativas de codificação do ius civile (direito prudencial e
legislação) proposta por Pompeu e por Júlio César, dados pelos efeitos que tal codificação teria na própria
subsistência da iurisprudentia na criação de ius civile.
A Iuriprudentia Romana deste período foi muito marcada por duas escolas jurisprudenciais:
Cassianos/Sabinianos
Proculianos
As divergências entre estas escolas não respeitável à noção de direito, às regras, às definições mas mais
às As soluções diferentes a dar casos concretos iguais. A adesão às escolas tinha muito mais haver com
simpatias pessoais e políticas.
É adotado um critério diferenciador entre as duas escolas de jurisprodente, por Pompónio, o facto de os
proculianos serem livres, originais e inovadores na forma como solucionavam os casos; e os sabianos mais
tradicionalistas, formalistas e agarrados ao dogma fixado.
As primeiras codificações
Desde constantino (324 a 337) que o Direito é um ordenamento unitário que tem como fonte exclusiva a
vontade do imperador expressa na lei.
A aplicação das normas legais só poderia ser feita por juízes de forma subordinada ao imperador através
da administração imperial. Para deixar claro, também não havia uma iurisprudentia judicial, durante o
Principado, Justiano não permitia que as sentenças judiciais podessem ser invocadas como precedentes
normativos.
A mensagem é clara: os juízes não criam direito, limitam-se a aplicar as leis feitas pelo poder, ou seja,
existe apenas uma vinculação normativa. Por outro lado, o modelo legalista unitário, centrado no imperador,
não permitia aos jurisprudentes que resistiam, qualquer atividade problematizadora ou contraditória –
mesmo que através da justificação interpretativa da norma. Assim, diversidade dá lugar à uniformindade. A
criação de direito em roma passa a ser unitária e centralizada: o imperador é a fonte, e a lei (constituição
imperial) é o instromento. A base jurisprudencial auctoritas do jurisprudente é substituída pelo imperium do
imperador.
A partir de Constantino, o Direito está nas constituições imperiais que passam a ser leges generales
dirigidas ao senado, à administração imperial ou ad populum.
A iusriprodentia está seca e cristalizada. O seu corpo encontra-se nas compilações dos contributos dos
jurisprodentes ao longo do tempo. Esse corpo de opinões, respostas, soluções, anotações e comentários
dos jurisprudentes passa a chamar-se iura ou ius. A primeira coleção de textos rescritos ficou conhecida
como Codex Gregorianus.
Código Gregoriano (292) e Código Hermogeniano (295) – Ao contrário do que se pensava estes
códex não formam um todo único.
Codex Gregoriano (292) – elaborado no Oriente, cerca do ano de 292, é uma colectânea privada,
de rescritos imperiais, desde Adriano a Diocleciano. Estaria dividido em 15 livros, cada um
subdividido em títulos.
Codex Hermogeniano (295) – Este código é, sob certo aspeto, um complementodo
Código Gregoriano, no sentido de o considerar uma continuação cronológica. Este códex
estava dividido unicamente em títulos e não em livros, por este facto considerava-se este códex
um 16º livro do códex gregoriano.
Código Teodosiano (438) – Os dois códigos existentes não bastavam, era necessário uma grande
colectânea com duas características: conter o essencial da legislação imperial, portanto, constar
sobretudo as leges generales; ser de carácter oficial, para se impor a todos. O imperador viu a grande
necessidade e resolveu proceder a uma reforma do Direito. Começou por reformar o programa dos estados
jurídicos e só depois, reformar a legislação.
Em 426 era promulgada a famosa Lei das Citações, que estabelecia definitivamente uma certa hierarquia
do ius.
O Codex teodosiano contém edicta ou leges generales e não rescritos, como os anteriores códigos.
Está dividido em 16 livros, subdivididos em títulos, dentro dos quais as constituições figuram por ordem
cronológica.
A forte personalidade de Justiniano, que pretendia restaurar em todo o seu esplendor a velha
grandeza de Roma, criando um só Imperio, uma só Igreja, um só Direito;
A vasta cultura jurídica de Tiboniano, possuidor de uma valiosíssima biblioteca, onde se
encontravam raridades de livros de jurisconsultos clássicos.
Nestas condições era natural que se verificasse a necessidade e nascesse um forte desejo de elaborar
uma grande colectânea de ius para acabar com as incertezas e inúmeras controvérsias a respeito das
obras dos juristas clássicos e para haver um direito, proveniente do ius, certo, uniforme e apto a poder
facilmente aplicar-se na prática.
Justiniano esforçou-se para criar uma legislação própria para resolver os problemas da sua época,
utilizando ao máximo a literatura jurídica clássica.
Consciente da corrupção que os princípios jurídicos romanos tinham sofrido durante quase 3 seculos de
decadência, o Imperador procurou retornar, em parte, ao direito classico, realizando alterações que
o adaptassem aos novos tempos de vigência. Através de modificações e alterações vai tentar alterar
e eliminar discussões que se tinham levantado na escola clássica a respeito de algumas divergências
doutrinárias (Inovou o direito clássico). O Imperador Justiniano tornou-se assim o intérprete fiel das
directrizes jurídicas mais genuinamente romanas, e o Corpus Iuris Civilis resultou num monumento jurídico,
onde não se encontra apenas a sabedoria romana duma época, mas onde se acumulam a ciência
e a experiência de séculos.
A codificação justinianeia tinha que substituir e substituiu todos os antigos livros do Direito, tanto na
literatura como na legislação. Deste modo, Justiniano esperava tornar o Direito uniforme em todo o
Império, fazendo desaparecer a massa dispersa de material jurídico, que havia causado tanta confusão.
Partes do Corpus Iuris Civilis
Digesta
Estabelecidas certas orientações para elaborar uma grande colectânea de ius, o Imperador Justiniano
pela constituição DEO AUCTORE encarregou pessoalmente Triboniano de elaborar uma obra do tipo
Digesta (obras que contém uma exposição sistemática, que abrange todo o ius civile e todo o ius
honorarium) da iurisprudentia clássica. Justiniano nessa constituição outorgava plena liberdade e
todos os poderes para Triboniano escolher os membros (16 membros, no total 17 –Triboniano presidia
a comissão).
Institutiones
A intenção de Justiniano de mandar fazer um manual de elementos ou de instituições (breve e sucinta
exposição do ius civile, sobretudo do direito privado, é um manual, uma exposição não aprofundada de
matérias jurídicas, devidamente sistematizadas, são uns elementos, umas noções, como a própria palavra
indica: instruir, iniciar numa determinada disciplina) de Direito tinha sido revelada no próprio ato de ordenar
a compilação do Digesto.
A concretização da ordem de elaborar as Institutiones foi dada por Justiniano só depois de terminada
a feitura do Digesto, ou pelo menos quando estava já a ser concluída a sua elaboração. Porém
ainda antes da publicação do Digesto foram publicadas as Institutiones.
Codex
O Codex é uma nova edição, devidamente actualizada do Codex vetus. Depois da promulgação do Digesta
era necessário um novo código visto que o código vetus estava completamente desactualizado. Era
preciso um código novo:
Que incluísse as constituições de Justiniano promulgadas depois de 529;
Que eliminasse as contidas no Codex Vetus que tivessem sido revogadas ou alteradas;
Que estivesse em harmonia com o critério seguido na feitura do Digesto e das Institutiones
(espirito inovador do antigo ius; sistematização da matéria)
Além do Codex Vetus e das constituições de Justiniano promulgadas desde 530 a 534 são fontes
do Codex os Códigos Gregoriano, Hermogeniano e Teodosiano, assim como outras possíveis
compilações pré-justinianeias. Está dividido em 12 livros.
Nas fontes romanas do direito consuetudinário aparecem três palavras para indicar a ideia de costume:
Conseutudo – é uma expressão jurídica que surge depois da expressão “mores maiorum”
destinada quase exclusivamente a designar costume no sentido moderno, isto é, a “observância
constante e uniforme de uma regra de conduta pelos membros de uma sociedade, com
obrigatoriedade”, quer dizer que isto corresponde a uma necessidade jurídica.
Usus - É uma palavra poucas vezes de empregue no verdadeiro sentido de fonte de direito. É
muito mais frequente usada tendo um significado de “hábito de agir, sem que isso constitua uma
obrigação ou até um simples dever”.
Mores Maiorum – é uma expressão muito antiga, primeiro usada para exprimir a ideia de
costume, e significa a tradição de uma moralidade comprovada. Uma tradição que se
empunha aos Romanos como norma e fonte de normas. Valorizando aquilo que se estima como
justo pois o direito resulta da necessidade de fazer as pessoas verdadeiramente iguais
sendo essa a sua juridicidade subjacente (mesmo que a sua interpretação nem sempre tivesse
esse efeito), tendo servido de base à organização social romana, até ao aparecimento da lei
das XII tabuas. Os mores maiorum traduziram-se numa orientação moral e ética, conciliando
aspetos profanos e religiosos, cuja observância é prescrita ao cidadão romano pela sua
consciência, ou seja não é uma pratica reiterada com convicção de obrigatoriedade. São, por
isso, os Mores Maiorum, que constituem a base do Ius Romanum. A interpretação de mores
maiorum era exclusiva dos sacerdotes pontífices. Atividade que, com o aparecimento da Lei das
XII Tábuas, perdeu influência. Para alem disso inicialmente, a mesma era um produto da
intermediação entre homens e deuses, o que nos mostra o caracter religioso do direito no seu
inicio.
Iurisprudentia
A iurisprudentia também é uma fonte de Direito, neste caso mediata. É uma ciência prática do Direito,
a ciência do justo e do injusto que, como técnica, nos ensina como alcançar o justo e evitar o injusto. Aos
seus autores chamamos iurisprudentes e, como a iurisprudentia não tinha um carácter lucrativo, os
juristas romanos da altura eram verdadeiros sacerdotes da justiça.
Por este carácter sacerdotal do jurista e ainda porque, no inicio, a Religião, a Moral e o Direito
constituiam um todo único, desde o principio até ao século IV a.C, unicamente os sacerdotes pontífices
eram juristas.
O jurisprudentes são pessoas que têm um saber reconhecido pela sociedade, assente na experiência
e no conhecimento de regras jurídicas, logo tem prestígio social ligado ao exercício da Justiça
(auctoritas). São estas pessoas - dotadas de um saber (sapientia) assente na informação, no
conhecimento, na experiência e na persistência que se dirigem à resolução, com justiça, dos conflitos que
podem exigir a paz que ligam a solução dos casos concretos, à enunciação de regras jurídicas e às
excepções que, persistindo e aumentando, se tornam regras também, para atingirem a justiça concreta.
Esta atividade caracterizava-se pela analise dos mores maiorum por sacerdotes pontífices e dessa maneira
estes alegavam chegar à solução mais justa do caso concreto.
responsum - Estas soluções dadas pelos jurisprodentes, são elas próprias fontes de direito. Os
jurisprodentes têm uma auctoritas prudencial que provém (é merecido) do reconhecimento do seu poder.
A legitimidade para fazer e aplicar regras de direito não está na designação por confiança política, mas na
auctoritas dos júrisprudentes, que assenta no reconhecimento do seu saber e das suas soluções pelas
pessoas que estão em conflito e os procuram para obter uma solução.
O ponto de partida da lei no ius romanum é a lei das Xii Tabuas. Ela foi durante muito tempo um texto
normativo que serviu de ancora à aplicação dos mores maiorum e foi grande importância que os
jurisconsultos lhe deram no seu labor criativo, sendo por isso também fonte de direito.
Lex Rogata
A lex rogata era um conjunto de comandos solenes com valor normativo, que nasciam do processo
legislativo das Assembleias (comitia) populares e que se iniciava com a proposta do magistrado a uma
Assembleia. Se a proposta fosse aceite pela assembleia (comitia), esta passava para designar-se lex
rogata.
Era uma lei pública de aplicação geral que vinculava toda comunidade romana. Sendo esta tão importante,
tinha um processo de formação bastante rigoroso:
1. Promulgatio: afixação do texto do projeto a apresentar aos comitia (à assembleia) pelo magistrado
2. Conciones: reuniões informais em lugar público para haver uma discussão alargada sobre a lex.
Realizaram-se no período entre o promulgatio e a convocação dos comitia.
3. Rogatio – O magistrado que presidia, depois de cumpridas várias formalidades de carácter
religioso, lia ou mandava ler o projecto da lex. Acabava a leitura e pedia a aprovação do projeto
da lex aos comitia.
4. Votação – Voto oral pelo povo reunido nos comitia de aprovação ou não da lex
5. Aprovação – depois de ser votada favoravelmente pelos comitia, a lei precisava de ser referendada
pelos auctoritas patrum que era atribuído pelo senado. A partir da lex publilia philionis essa
auctoritas passou a ser dada antes da proposta votada pelos comintia, portanto logo a seguir as
conciones, de modo a que o senado conseguisse controlar melhor este processo
6. Afixação – fechava um processo das leges rogata. Eram fixadas publicamente (tornando-se em
lex publica rogata) em tabuas de madeira ou de bronze. Iniciava o seu período de vigência.
Lex publilia philionis – a auctoritas patrum atribuída à lex pelo senado começou a ser dada antes da
votação dos comícios.
Leges publicae Rogatae – a lex rogata ou comercial foi ate 242 a.C única forma de lex pública e
uma fonte de direito de certa importância. De 242 a. C. a lex rogata como fonte criadora de direito,
entra em declínio, devido sobretudo ao aparecimento do edito do pretor que ganha primazia
perante as outras fontes.
Leges publicae dictae – leis proferidas por um magistrado em virtude dos seus próprios poderes.
A lex dictae é proferida, em virtude dos poderes gerais e próprios do magistrado, embora os tenha
recebido povo, quando este elegeu o para determinada magistratura.
As leges rogatae começaram diminuir extraordinariamente a sua importância com a decadência dos
comícios; e essa decadência verifica-se principalmente depois de Augusto. No século I O senado começa
a sua atividade legislativa e no século II inicia-se a afirmação e a consagração do poder Imperial. Perante
isto, a lex rogata desaparece por completo antes no século III. A partir dos fins do século II tudo se prepara
para triunfar um novo tipo de lei – a vontade absoluta do imperador, as constituições imperiais.
Senatus consulta
São leges de Stricto sensu, que é uma expressão latina que significa, literalmente, "em sentido
específico", por oposição ao "sentido amplo" (lato sensu) e são um conselho ou uma consulta dada pelo
senado a um magistrado a pedido deste
Mais concretamente, inicialmente (ate ao sec. I a. C.) tratava-se de uma consulta ao senado, já que, desde
os tempos mais remotos certos magistrados consultavam senado ouvindo a sua opinião apesar de não
existir obrigatoriedade de a seguir. Nesta época inicial o processo de formação de um senatusconsultum
era muito complexo sendo a sua caractristica mais saliente o facto de poder ser interrompido por intercessio
de um dos cônsules ou de um tribuno da plebe, o que tirata validade jurídica à delibração que passava a
designar-se como senatus auctoritas e não como sentatusconsultum.
Mais tarde ganha pendor vinculativo, secatusconsultum começa a significar uma decisão do senado e não
uma opinião. Os senaticoncultum são uma fonte de ius civile muito importante mas levou o seu tempo,
antes de obterem categoria de verdadeiras normas jurídicas.
Constituições Imperiais
As constituições imperiais são decisões de caráter jurídico proferidas diretamente pelo imperador,
não necessitavam de aprovação, nem mesmo indireta ou mediata, quer do senado, quer do povo, são
decisões que procedem do Imperador unilateralmente.
O prínceps é uma nova e grande figura de Roma, não sendo nem Rei, nem consule nem se quer magistrado,
tem um poder quase absoluto (imperium), por estar investido na tribunitia potestas com carácter vitalício.
As antigas magistraturas transformam-se em funcionários públicos, surgindo, assim, o funcionalismo, ao
estar tudo e todos subordinados ao príncips e à sua vontade numa colaboração forçada.
O imperador – Augusto – cheio de prestígio e poderes começa a proferir edictos (O edicto é O programa
de atividades a realizar, afixado publicamente) e mais tarde terão um caracter de consituição.
Inicialmente as constituições imperiais têm valor jurídico de ordem prática, o povo acata os seus preceitos,
que mais tarde são equiparados às leis, isto é, passam a ter força de lei. A parir do século IV as
constituciones principum são a única fonte de direito, e então constituições e leis são sinónimos. Isto era o
início do absolutismo da lei, ou melhor, da vontade absoluta do Imperador.
Inicialmente não têm valor de lei mas mais tarde, são semelhantes à lei e, finalmente, só elas que são leges.
1. Edicta –São constituições de carácter geral proferidas pelo imperador no uso do imperium
proconsulare maius (por exemplo, o edicto de Caracala);
2. Decreta –Decisões judiciais pronunciadas pelo imperador. Funcionava como num tribunal
especial, era uma forma extraordinária de julgar, que era presidido pelo imperador, o processo
aqui não tinha duas fases mas uma, o imperador organizava o processo, apreciava as provas e
proferia a sentença;
3. Rescripta (epistola e subscriptiones) –Eram decisões do Imperador dadas por escrito às
perguntas ou pedidos que lhe faziam quer os particulares quer os magistrados; resposta
aos magistrados chamava-se epistola (escrita pelo imperador), e a resposta aos particulares
subscriptio (pois era apenas assinada pelo imperador e não escrita, toda, por ele);
4. Mandata – Ordens ou instruções dadas pelo imperador aos governadores das províncias,
funcionários,...
Em suma, a partir do séc IV, as constituições imperiais são a única fonte de Direito, só o imperador
é que tem o poder de criar leis. O seu poder não provem mais duma lex curiata de imperio mas directamente
duma investidura dos deuses.
Binómios
Ius/fas
Na antiguidade clássica o direito estava normalmente confundido com a religião. Não eram os reis ou os
legisladores a fazer leis, mas antes a receberem dos deuses as normas que deveriam reger a comunidade.
O comprimento pelo povo destas regras assentava na fonte divina e na aceitação que só um certo grupo
de pessoas podia exercer a intermediação entre homens e deuses. Assim na primitiva sociedade romana,
as normas religiosas – fas – estivam confundidas com as normas jurídicas – ius.
O fas compreende as regras, os rituais e as fórmulas ditadas pelos deuses aos reis e aos sacerdotes para
serem cumpridas pelos romanos como atos sagrados. Representa, por isso, uma regra ideal de vida, que
não é discutida ou contestada porque foi criada pelos deuses para a felicidade dos homens. Este envolve
religião, os sacerdotes e os romanos no comprimento de regras sagradas. Logo, pode ser entendido como
uma expressão da lei divina (lex divina). Norma jurídica é uma interpretação humana do faz, logo expressa
a lex humana.
Assim apesar de todas as dúvidas (por ausência de fonte direta segura) e das múltiplas teorias e doutrinas
sobre as relações entre ius e faz podes esclarecer-se:
Fas – era um direito divino que norteava a interpretatio humana através dos sacerdotes pelo que estava
expresso nos mores maiorum; mores maiorum que constituíam uma espécie de direito natural originário de
Roma e eram concretizados, caso a caso, em processo idêntico, através do ius.
Ius – este resultava do faz, logo há uma presidência deste em relação àquele, mais concretamente,
corresponde a um conjunto de convenções humanas cuja legitimidade de obrigatoriedade assenta no fas,
sendo este de construção e busca nos mores maiorum a inspiração e critério para a interpretatio do fas.
Beneficium/Privilegium
Os privilegia correspondem sempre a um favor ou a um privilégio, feitos pelo titular do poder uma pessoa
O privilégio afasta da equidade do caso concreto visto que se verifica um favorecimento é uma das partes
do negócio jurídico, desde a Lei das XII tábuas até Cícero que o privilégium vai lá ser repudiado pelos
romanos. Faz-se a dicotomia entre privilégium e benefícium, porque o primeiro aproxima-se do segundo.
Iuridictio/lex
A iuridictio passou ser um poder supremo e declarar a existência de um direito que podia ser exercido
perante o juiz, ou negar sua existência, a principal função do pretor.
A lex era toda a norma jurídica que podia ser lida, emitida por ordem constitucional com competência e
legitimidade para fazer. Vinculava todos os magistrados e a populus, logo a lex era principal fonte de direito
por excelência.