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Parece, porém, que sem embargo de se reconhecer a aceitação pelo Direito Visigótico
de muitas normas do direito romano vulgar, isto é, tal como era interpretado e aplicado
pelas populações peninsulares, não pode ser excluída a vigência inicial e, depois, a
prática corrente de normas consuetudinárias germânicas, traduzidas mais tarde em
leis.
O Código de Eurico foi uma lei pessoal dos Godos (Paulo Merea).
II – Breviário de Alarico
Alarico II manda fazer uma compilação que aprova em 506: é a Lex Romana
Visigothorum, também conhecida por Breviarum Alaraci ou Breviarium Aniani.
Integrase na categoria das leis romanas dos bárbaros (“Lex Romanae Barbarorum”).
Ela é uma compilação de “leges” e de “iura”, relativa tanto ao direito público como
privado aplicável nas relações entre romanos.
A Lex Romana Visigothorum teve enorme influência não só no território ocupado pelos
Visigodos como em todo o ocidente europeu. O seu conteúdo foi considerado, durante
muito tempo, como genuína representação do prestigioso Direito Romano que a igreja
continuou a adoptar nas suas relações.
III – Código Revisto de Leovigildo
Posteriormente ao Breviário de Alarico, conhece-se o diploma promulgado pelo rei
Teudis, em 546, a chamada Lei de Teudis, que se destinou a reprimir os abusos
cometidos na cobrança das custas judiciais. Todavia, o Código Revisto de Leovigildo
representa a grande colectânea que se segue ao Breviário.
Parece de admitir, com efeito, que o Código de Eurico foi refundido e actualizado por
volta do ano 580, por iniciativa do rei Leovigildo.
Ele esforça-se pela unificação dos dois povos (godos e hispano-romanos), abolindo a
proibição do casamento entre visigodos e romanos.
IV – Código Visigótico
A estabilização dos Visigodos na Península facilitou, pois, a fusão com os habitantes –
os hispano-romanos, sem a qual o novo Estado não poderia considerar-se radicado.
A conversão dos Visigodos ao catolicismo destruiu uma das mais poderosas barreiras
a essa fusão. Depois, foi brotando dos concílios uma legislação comum para godos e
hispano-romanos, embora de início restrita às matérias eclesiásticas. Os próprios reis
legislam, uma vez ou outra, para ambas as raças: a primeira lei que se conhece
aplicável a todos os habitantes da Península é a lei de Teudis sobre custas judiciais.
Outras Fontes
Além das fontes de direito que ficaram analisadas, outras merecem especial atenção.
Cânones dos concílios - Assim, tinham grande autoridade sobre os fiéis as leis
eclesiásticas decretadas nos concílios ecuménicos, nacionais e provinciais, que se
denominavam cânones. Normas próprias da igreja que constituía o Direito Canónico.
(As leis não só aplicável nos fieis da igreja mas sim aplicava nas relações entre
pessoas que não iam a igreja)
Dada a importância e influência da Igreja neste período, o seu direito peculiar (Direito
Canónico) era observado não só nas relações dos fiéis com a hierarquia e na
disciplina interna desta, como em muitas relações da vida civil.
Foi especialmente valiosa a legislação secular emanada dos concílios sobre questões
de Estado, portanto, matérias que hoje seriam consideradas de direito constitucional
(as relativas à eleição e protecção do monarca, à condição dos juízes e aos direitos
das pessoas em face do rei).
A fórmula é uma fonte da história jurídica do maior valor porque nos mostra como as
leis eram aplicadas.