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Fontes da relação jurídica

Noção de facto jurídico em geral

A constituição da relação jurídica depende,


sempre, da verificação de um evento a que o
Direito reconhece relevância como fonte de
eficácia Jurídica.
Assim, em termos amplos (numa primeira noção):
Facto Jurídico consiste num evento a que o
Direito reconhece relevância como fonte de eficácia
Jurídica. É o que se designa por facto jurídico,
tomando esta expressão num sentido amplo
(social), os factos jurídicos são, assim,
primariamente, eventos da vida social.
Mas nem todos estes eventos (eventos da vida
social) preenchem aquela categoria. Nela só cabem
os que se mostrem adequados a produzir efeitos
de direito.
Facto jurídico e efeito jurídico:

Os factos jurídicos são sempre eventos do


mundo real (natural ou humano) que o Direito
toma como causa de certas consequências
juridicamente atendíveis.
Os efeitos jurídicos são consequências desses
factos, com correspondência maior ou menor na
vida social, que o Direito acolhe sob a sua tutela.
Por Exemplo: o comprador torna-se titular do
direito de propriedade sobre a coisa vendida,
havendo, assim, a transmissão deste direito. A
transmissão do direito é um efeito jurídico.
Por outro lado, como a vida social se desenvolve
em relações entre os homens, os factos jurídicos
hão-de interferir sempre com essas relações, quer
seja para constituir, quer para, as modificar, quer
mesmo, para as extinguir.
Sob a perspectiva por que agora consideramos os
factos, enquanto fontes da relação jurídica, é à
eficácia constitutiva dos factos a aqui relevante;
Entretanto, não podemos ignorar aquelas outras
modalidades da eficácia jurídica, de que nos
ocuparemos quando estudarmos as vicissitudes
das situações jurídicas.
Então para uma noção mais rigorosa de facto
jurídico (mais rigorosa em relação à dada acima)
podemos definir:
Facto jurídico como sendo o evento a que a
norma jurídica atribui efeitos de direito.
Diversidade dos factos jurídicos

A primeira grande dificuldade com que o jurista se


depara, ao proceder ao estudo do facto jurídico, é
a multiplicidade e a enorme variedade de
manifestações desta figura.
É tão grande essa malha de factos jurídicos
envolventes da vida do homem que, muitas vezes,
mesmo os juristas só prestam atenção a muitos
deles quando se manifesta o seu aspecto
patológico.
Factos jurídicos quanto à sua
diversidade
• Factos jurídicos naturais e factos jurídicos
humanos;
• Factos jurídicos humanos não voluntários
e factos materiais; e
• Factos jurídicos voluntários e factos
jurídicos extra-voluntários.
Factos jurídicos naturais e factos jurídicos
humanos
I. A circunstância de nos factos jurídicos, lato
sensu, se compreenderem tanto os fenómenos da
natureza, como eventos relacionados com a
vontade do homem, abre caminho a uma primeira
distinção entre factos naturais e factos humanos.
É corrente estabelecer como critério desta distinção
a circunstância de na produção do facto interferir
ou não a vontade humana.
Nesta base, a categoria dos factos naturais é
limitada aos fenómenos da natureza, em que o
homem não interfere; factos humanos são todos
os demais.
O nosso estudo incidirá sobretudo nos factos
humanos voluntários.
A diversidade dos demais factos e a extrema
dificuldade de os reconduzir a tipos impede que
deles se formule uma teoria geral.
Factos jurídicos humanos não
voluntários e factos materiais

Factos jurídicos humanos não voluntários:


São todos os factos jurídicos (humanos) com
relevância para o Direito em que a vontade humana
não interfere, de modo relevante, na produção de
efeitos jurídicos.
Factos ou operações materiais, também
designados por factos simples ou neutros:
São todos os factos humanos voluntários em si
mesmos juridicamente irrelevantes.
Factos jurídicos voluntários e factos
jurídicos extra-voluntários

Facto jurídico voluntário:


Trata-se de facto jurídico (humano) em que
interfere, de modo relevante na produção de efeitos
jurídicos, a vontade humana.
Definindo,
Factos jurídicos voluntários: São os factos
jurídicos (humano) em que a vontade humana
interfere, de modo relevante, na produção de
efeitos jurídicos.
Todos os demais factos jurídicos (entenda-se, com
relevância para o Direito) dizem-se factos extra-
voluntários ou não voluntários.
Os factos jurídicos não voluntários constituem,
no seu conjunto, uma categoria que se designa
também por facto jurídico stricto sensu. A esta
categoria se contrapõe a de acto jurídico,
correspondente aos factos jurídicos voluntários.
Assim, factos jurídicos voluntários e actos
jurídicos correspondem à mesma realidade.
Factos jurídicos voluntários  Actos jurídicos
Os actos jurídicos, i é, os factos jurídicos
voluntários, constituem a categoria de factos mais
relevante para o nosso estudo.
Nela se abrangem, porém, actos de natureza bem
diversa, em função do maior ou menor grau de
relevância da vontade humana na fixação do seu
regime jurídico.
Só dos actos jurídicos nos ocuparemos nesta Parte
do nosso estudo.
Noção e âmbito da categoria acto
jurídico

Para Castro Mendes «só estamos na presença


dum acto jurídico quando pensemos num facto
voluntário a que a ordem jurídica ligue efeitos de
direito em atenção à sua voluntariedade».
Por outro lado, o facto relevante para o Direito, o
facto jurídico, afinal, é aquele a que a norma
jurídica atribui efeitos de direito.
A simples conjugação destes elementos permite-
nos formular outra noção de acto jurídico,
tecnicamente mais perfeita e mais sucinta, como a
manifestação de vontade a que, como tal, a norma
atribui efeitos de direito.
Pese embora esta noção de acto jurídico nos coloca
já perante uma categoria muito menos extensa,
ainda assim continua a existir aqui uma diversidade
de situações, a justificar a necessidade de se
proceder a algumas distinções e consequentes
classificações de actos jurídicos.
As classificações de actos jurídicos:

Quanto à estrutura:
•Actos jurídicos simples e actos jurídicos
complexos;
Quanto à modalidade de efeitos produzidos
pelo acto:
•Actos positivos e actos negativos; actos
principais e actos secundários; actos lícitos e
actos ilícitos;
As classificações de actos jurídicos (cont)

Quanto à vontade na conformação dos efeitos dos


actos:
•Actos jurídicos simples (ou não intencionais) e
actos jurídicos intencionais; actos jurídicos de
conteúdo determinado e actos jurídicos de
conteúdo indeterminado.
Vamos analisar estas várias classificações nos seus
aspectos mais significativos.
Actos jurídicos simples e actos
jurídicos complexos
Na distinção entre actos jurídicos simples e actos
jurídicos complexos o critério é o da sua estrutura.
Os actos jurídicos simples são formados por um
só elemento;
Os actos jurídicos complexos são formados por
vários elementos, que, em si mesmos, podem ser
outros actos jurídicos simples ou mesmo factos
jurídicos stricto sensu.
Actos jurídicos positivos e actos
jurídicos negativos
O Acto jurídico é positivo se vem alterar a
situação jurídica anteriormente existente.
Os actos jurídicos positivos consistirem,
normalmente, em acções.
Por exemplo, o pagamento do preço extingue a
obrigação e o crédito correspondente, alterando a
situação jurídica de cada um dos respectivos
sujeitos.
Entretanto, não está excluída a possibilidade de uma
omissão se comportar como um facto positivo, hoc sensu.
Exemplo: o não exigir o cumprimento da obrigação, por
parte do credor, durante certo período de tempo, extingue
também a obrigação (prescrição).
O acto jurídico negativo, por seu turno, traduz-se na
manutenção de um estado de coisas anteriormente
existente.
Actos negativos são, em geral, as omissões.
Bastaria, porém, o exemplo acima dado para se
compreender que esta correspondência não é absoluta. Por
outro lado, podem também os actos negativos consistir
numa acção.
Ex: a confissão, como meio de prova, em si mesma, não
altera a situação substancial anteriormente existente.
Actos jurídicos principais e actos
jurídicos secundários

Actos jurídicos principais «Os factos a que a


ordem jurídica liga, como fonte ou causa, dos
efeitos jurídicos são em relação a eles factos
principais».
Assim, a compra e venda é facto principal em
relação ao efeito transmissão da propriedade (art.º
879.º, al. a), do C.C.).
Actos jurídicos principais e actos
jurídicos secundários (cont.)

Os actos jurídicos secundários não são, em si


mesmos, causa dos efeitos, mas interferem com a
eficácia dos factos principais, impedindo-a,
permitindo-a ou confirmando-a. Daí, os actos
secundários poderem ser impeditivos, permissivos
e confirmativos.
Assim, o acordo simulatório (em si mesmo é um
acto jurídico) é impeditivo da produção dos efeitos
do negócio simulado.
Actos jurídicos lícitos e actos
jurídicos ilícitos
O critério da distinção entre actos jurídicos lícitos e
ilícitos é o da sua conformidade ou contrariedade
com a lei, mas a distinção projecta-se também no
regime dos seus efeitos.
O acto jurídico lícito é quele que é conforme à
norma jurídica.
O acto ilícito é quele que é desconforme à norma
jurídica. Envolve sempre uma acção contrária à
norma jurídica, ou seja, a sua violação.
Assim, se A celebra com B um contrato mediante o
qual este se obriga a assaltar certo
estabelecimento, é manifesto que a ordem jurídica
não pode conferir a sua tutela aos efeitos
pretendidos pelas partes. Deste modo, B não
poderá invocar o acto para vir judicialmente exigir o
pagamento da remuneração que haja sido
acordada. Por outras palavras, os efeitos jurídicos
pretendidos por A e B não se produzem.
Actos jurídicos simples ou não
intencionais e actos jurídicos
intencionais
Os actos jurídicos simples (ou não
intencionais) são aqueles em que há uma
única vontade do agente dirigida apenas à
conduta em si mesma.
Como exemplos, podemos indicar a
ocupação de uma res nullius ou a feitura
de um livro.
Os actos jurídicos intencionais são aqueles em
que a vontade do agente não é dirigida apenas à
conduta em si mesma, mas também, de algum
modo, ao seu resultado jurídico.
Os actos intencionais são muito frequentes e
relevantes na vida jurídica.
Ex: A doação, a compra e venda, o casamento
podem ilustrar a categoria.
Actos jurídicos determinados e actos
jurídicos indeterminados (cont.)

Actos jurídicos intencionais determinados


são aqueles em que, pese embora haver vontade
por parte do agente quanto a certos efeitos, como
é próprio dos actos intencionais, o agente tem de
aceitar os demais efeitos jurídicos desenhados pela
norma. Portanto o agente aceita os efeitos
determinados pela norma e não apenas os
determinados pela sua vontade.
É o que se verifica, como exemplo típico, com os
efeitos patrimoniais do casamento, que são
estatuídos pela lei, não relevando uma vontade
dos nubentes dirigida a efeitos diferentes. Estes
actos dizem-se determinados ou de conteúdo
determinado.
Actos jurídicos intencionais indeterminados são
aqueles em que a vontade emitida por parte do
agente, quanto aos efeitos jurídicos, vai para além dos
fixados pela norma.
Portanto, aqui a vontade do seu autor releva em maior
extensão, pois que, respeitando à conduta e aos
efeitos desta, pode estipular efeitos não previstos pela
norma.
O testamento fornece exemplo característico do acto
indeterminado, uma vez que a vontade do de cuius
se manifesta nele com ampla liberdade de estipulação
dos seus efeitos, tanto de ordem patrimonial como
não patrimonial (cfr. art.º 2177.º, n.º 2, do C. Civ.),
não tendo eles, sequer, de ser sucessórios.
O NEGÓCIO JURÍDICO
Noção de negócio jurídico: A formação
da categoria
O negócio jurídico, como categoria dogmática, era
desconhecido do Código do Seabra que preferia a
de acto jurídico, colhida na terminologia do Code
de Napoleon de 1804.
A categoria acto jurídico colhida no Código de
Seabra abrangia, assim, uma generalidade dos
actos voluntários, entre os quais só destacava,
como figura central e mais relevante, o contrato.
Só no início do Séc. XX é que a doutrina lusa
acabaria por aderir ao instituto de negócio jurídico,
oriundo e desenvolvido pela doutrina Alemã desde
o final da 1.ª metade do Séc. XVIII, devendo a
Manuel de Andrade a sua difusão em Portugal.
No plano legislativo, segundo informa I. Galvão
Telles, o conceito de negócio jurídico terá, recebido
consagração, pelo menos, no Decreto-Lei nº
34495, de 22 de Março 1945.
Como é sabido, o conceito de negócio jurídico veio
a ser plenamente acolhido no novo Código Civil,
ocupando, no tratamento geral do regime dos
actos jurídicos, a posição antes ocupada pelo
contrato, que passou a ser definido a partir da
categoria negócio jurídico, mais ampla.
O Negócio jurídico como acto da
autonomia privada

Sendo a autonomia privada um dos princípios


fundamentais do Direito Civil, desde o início da sua
adopção, o negócio Jurídico passou a ser a sua
principal, embora não exclusiva, manifestação.
Com efeito, o Direito Civil rege uma área de ampla
liberdade dos particulares na ordenação dos seus
interesses, reconhecendo-lhes autonomia na sua
regulação.
Para este sistema de tratamento da vida social ter
sentido, necessário se torna reconhecer à vontade
individual um amplo campo de actuação, traduzido
no atendimento, pelo Direito, não só do carácter
voluntário de certos comportamentos humanos, mas
também no reconhecimento dos efeitos a que a
vontade do seu titular se dirigiu. São estes actos
que se dizem negócios jurídicos.
Para Paulo Cunha e Menezes Cordeiro, negócio
jurídico recorta-se no conjunto dos actos
intencionais e caracteriza-se pela liberdade de
estipulação.
Carvalho Fernandes adopta esta posição, que define
negócio jurídico como acto voluntário dirigido
à produção de efeitos de direito.
Em termos mais rigorosos, Carvalho Fernandes diz
que Negócio jurídico é o acto voluntário
através do qual, com a consciência de
vinculação jurídica, se opera a ordenação
autónoma de interesses privados.
Assim, o negócio jurídico autonomiza-se
primariamente pela sua estrutura, como um acto
voluntário intencional.
Por assim ser, e limitando-se aqui a retomar
observações já antes feitas, o negócio jurídico é
também, um acto finalista: o Direito atende ao
escopo visado pelas partes com a realização do acto
e fixa, em função dele, os efeitos que é admitido a
produzir.
O entendimento segundo o qual só a norma jurídica
tem poder criador de efeitos de direito não
determina, como poderia parecer num primeiro
exame, a negação de qualquer relevância à
vontade. Com efeito, ao criar os efeitos jurídicos a
norma estabelece ao mesmo tempo, à vontade, um
campo onde ela se pode manifestar com relevância
na produção desses efeitos, estipulando aqueles
que efectivamente o autor do acto pretende ver
realizados.
Por assim ser, no negócio a voluntariedade do
acto é tomada, pela lei, na sua máxima
expressão, sob pena de ser inexistente, enquanto
negócio, como acontece na coacção física (art.º
246.º do C.C.).
Em qualquer caso, para haver negócio, o
comportamento não basta ser querido em si
mesmo, mas como meio apto a traduzir um
certo conteúdo de pensamento. Neste sentido,
no negócio, para além de vontade de acção, tem
de haver vontade de declaração. É que em pode
dar-se o caso de uma existir sem a outra,
como facilmente se ilustra com um exemplo
clássico.
Se uma pessoa, ao entrar no local onde decorre um leilão,
levantar o braço para saudar um amigo, este gesto é em si
mesmo é querido - houve vontade de acção. Tomado
objectivamente, naquelas circunstâncias, esse gesto pode
significar licitação no acto de venda que decorre. Contudo,
em exemplos como este dá-se o caso de a vontade do autor
do gesto não ser a de traduzir esse conteúdo de
pensamento, mas sim outro - o de saudar um amigo. Há,
por isso, falta de consciência (ou de vontade) da declaração
(art.º 246.º do C.C.), ou seja, a pessoa não quis traduzir a
vontade de licitar.
Contudo, como já sabemos, o Direito é mais exigente quanto
à vontade no negócio jurídico, pois ela deve também
reportar-se a certo resultado, que, assim, se tem como
querido, e em função do qual se vão produzir certos efeitos
de direito.
Retomando o exemplo do leilão, para haver negócio jurídico
a vontade da pessoa em causa, ao levantar o braço, deve
dirigir-se a certo resultado: o de, por via da licitação, fazer
sua, por certo preço, determinada coisa. Neste sentido se
fala em vontade funcional, ou seja, vontade dirigida à
produção de certos efeitos jurídicos.
Pode também haver vontade de acção e de declaração
e faltar a vontade funcional, como acontece na
declaração não séria (art.º 245.º do C. C.). Assim, se, numa
representação teatral, A diz a B, seguindo o texto da peça,
que lhe dá uma jóia, há vontade de acção e de declaração
mas não há vontade funcional, pois A não quer o resultado
de atribuir a B qualquer direito sobre a jóia.
No negócio jurídico, qualquer que seja o grau de
determinação legal do seu conteúdo, mesmo na sua acepção
ampla, a vontade tem sempre de se verificar nos três planos
referidos e que se passa descrever de forma mais clara.
Planos em que a vontade negocial do autor
terão de se manifestar para haver negócio
jurídico:
No plano do comportamento exterior (vontade de
acção);
No plano do comportamento como meio apto a
traduzir um certo conteúdo de pensamento
(vontade de declaração); e
No plano da vontade de resultado (vontade
funcional ou negocial), ou seja, vontade dirigida à
produção de certos efeitos jurídicos.
No entanto, dúvidas se levantam quando ao
verdadeiro sentido da vontade funcional, ou seja,
em que termos ela e deve dirigir aos efeitos para se
poder falar de negócio jurídico.
para o negócio poder ser visto como um verdadeiro
instrumento da autonomia privada e desempenhar
a sua função de ordenador jurídico dos interesses
dos particulares, a vontade que nele se
manifesta tem de ser, de algum modo,
determinante dos efeitos por ele produzidos.
Para tanto, não é de exigir mais do que, por parte
dos autores do negócio, a consciência de ele
envolver uma vinculação jurídica, ou seja, a
consciência da juridicidade. É o que se chama
vontade funcional ou negocial.
Se a vontade funcional ou negocial faltar, não se
pode dizer que se está a “determinar” em termos
“voluntários” a composição dos interesses em jogo,
ou seja, não há negócio jurídico.
Em rigor, o comportamento declarativo
emitido por quem não tem consciência de se
vincular juridicamente não chega a ser um
negócio nulo; é, antes, um não-negócio: há
inexistência jurídica.
Esta forma de conceber o elemento distintivo do
negócio jurídico encontra, no sistema jurídico
português, apoio, de iure condendo, no regime
estatuído na primeira parte do art.° 246.º do C. C.,
segundo o qual «a declaração não produz
qualquer efeito, se o declarante não tiver a
consciência de fazer uma declaração
negocial».
Em suma, o negócio jurídico corresponde sempre
a um acto de autonomia privada, sendo essa a sua
diferença específica, pela qual se autonomiza dos
demais actos voluntários. Deste modo, só há
negócio jurídico quando a vontade seja
determinante dos efeitos produzidos pelo acto.
Para se falar de vontade determinante dos
efeitos, basta que o autor do negócio tenha
consciência de se vincular juridicamente
quanto ao conjunto das consequências
económico-sociais por ele queridas ao
celebrar certo acto.
Definição de negócio jurídico para Carvalho
Fernandes: Deste modo, no negócio jurídico há
uma ordenação autónoma de interesses
particulares, mediante a emissão de uma vontade
dirigida a consequências de ordem económico-
social, que são juridicamente atendidas e, é como
tal, tuteladas, desde que haja consciência da
juridicidade do comportamento adoptado.
Numa formulação sintética, negócio jurídico é o
acto voluntário através do qual, com a
consciência de vinculação jurídica, se opera a
ordenação autónoma de interesses privados.
Modalidades dos negócios jurídicos

São muitas e diferenciadas as classificações dos


negócios jurídicos formuladas pela doutrina e de
que o próprio legislador por vezes se socorre.
Sem a preocupação de esgotar a matéria, vamos
fazer referências às mais relevantes e às de
alcance mais genérico.
A grande diversidade dos critérios de classificação
dos negócios jurídicos não permite aqui uma
arrumação muito significativa.
Um critério classificativo dos negócios jurídicos a
merecer primazia, pela simplicidade dos seus
próprios termos, atende ao número de pessoas que
neles intervêm. Assim, quanto ao número de
pessoas intervenientes, temos: negócios
singulares e negócios plurais.
No negócio singular apenas intervém uma pessoa;
Ex: o acto de criação de uma fundação (pode ser
singular), o testamento (este é necessariamente
singular, isto porque a lei proíbe o testamento de
mão comum – art.º 2106.º do CC).
No negócio plural intervém duas ou mais pessoas.
Como se vê em seguida, esta classificação
aproxima-se, por um lado, da de negócios
unilaterais e, por outro, de negócios bilaterais ou
plurilateriais. Entretanto, não se deve confundir
negócios singulares e negócios plurais com a
categoria de Negócios unilaterais, negócios
bilaterais e negócios plurilaterais.
Negócios unilaterais, negócios bilaterais e
negócios plurilaterais

Negócio Jurídico unilateral é quele em que


existe uma só parte;
Negócio Jurídico bilateral é quele em que existe
duas partes; e
Negócio Jurídico plurilateral ou multilateral é
quele em que existe um número de partes que
excede duas.
Cada parte corresponde a um lado do negócio
jurídico. Parte quer dizer cada um dos lados do
negócio jurídico, não confundir com pessoas
envolvidas.
Podem, num certo negócio, intervir várias pessoas e
haver uma só parte, sendo o negócio unilateral. Dito
por outra forma, e usando terminologia já
esclarecida, o negócio unilateral pode ser singular
ou plural; mas o negócio singular é necessariamente
unilateral, como o bilateral e necessariamente
plural.
A distinção dos negócios em unilaterais e bilaterais
envolve algumas importantes consequências.
A primeira a salientar liga-se à circunstância de a
distinção corresponder a uma diferente estrutura do
negócio.
Assim, no negócio unilateral, por só haver uma
parte, a perfeição do acto depende apenas da
declaração da pessoa ou pessoas que integram a
parte.
Bem pelo contrário, no negócio bilateral, por haver duas
partes, a perfeição do acto depende da conjugação das duas
declarações divergentes, não existindo enquanto elas se não
ajustarem.
O regime da doação fornece-nos, nesta matéria um exemplo
elucidativo. Segundo o art.º 940.º do C.C., a doação é um
contrato; por seu turno o art.º 945.º do mesmo diploma
permite-nos, autonomizar, como seus elementos
constitutivos, duas declarações: a do doador, consistindo na
proposta de doação, e a do donatário, correspondente à
aceitação dessa proposta. Assim, por força do seu regime
geral, a doação só existe pela conjugação dessas duas
declarações.
O regime contido na parte geral do Código Civil só
se aplica, de pleno, aos negócios bilaterais, pois
os unilaterais são objecto de regulamentação
específica nos art.ºs 457.º a 463.º do mesmo
Código, enquanto fonte das obrigações.

Aos negócios bilaterais e plurilaterais corresponde


a importante figura do contrato, cujo regime,
como já sabemos, se contém no Código Civil, no
Livro das Obrigações.
Negócios solenes e negócios não solenes
I.O critério da distinção entre negócios jurídicos
solenes (ou formais) e não solenes (ou não formais
ou consensuais) é o do modo que a
exteriorização de vontades deve revestir.

Como se pode constatar desta distinção, está aqui


em causa a forma do negócio.
- Negócios solenes (ou formais) são aqueles cuja
validade depende da observância de certa forma,
determinada por lei, como requisito da sua validade.
- Negócios jurídicos não solenes (ou não
formais ou consensuais) são aqueles que (não
dependendo de forma especial) valem pela simples
manifestação de vontade das partes.
Segundo o princípio de liberdade de forma, a
validade do negócio jurídico só depende da
observância de forma específica quando a lei o
exija, sendo nos demais casos as partes livres de
adoptar a forma que entenderem.
A forma vinculada diz-se legal, por depender de
estatuição legal, e, em geral, traduz-se na redução
do negócio a escrito (art.ºs 219.º e 221.º do C.C.).
A forma (escrita) mais solene no Direito cabo-
verdiano é a escritura pública mas também esta
tem carácter excepcional, pois, na falta de
disposição legal, a forma escrita pode consistir na
redução do acto a escrito particular.
A relevância prática da distinção entre negócios
formais e não formais é intuitiva, pela sua estreita
ligação com o critério que a ela preside. Sendo a
forma específica, nos negócios formais,
condição da sua validade, a não observância
da forma legal implica invalidade do acto. Em
geral, eles são nulos (art.º 220.º do C. C.).
Por outro lado, a exigência de forma específica
projecta-se no conteúdo do negócio e,
correspondentemente, na sua eficácia.
Negócios reais e negócios não
reais (consensuais)
A expressão negócio real é usada na classificação
dos negócios jurídicos em mais de um sentido.
Dois são os sentidos que, normalmente, se utiliza
para distinguir os negócios reais dos negócios não
reais (consensuais).
- Um dos sentidos é aquele que opõe os negócios
reais aos negócios não reais ou consensuais;
- O outro sentido opõe os negócios reais aos
negócios obrigacionais.
Segundo Menezes Cordeiro, negócios reais são
aqueles cuja celebração depende da tradição de
uma coisa, i é, depende da entrega de uma coisa,
de modo a transferir a sua posse. Nesta acepção
(em que a celebração depende da tradição da
coisa) são ainda quoad constitutionem.
Segundo uma terminologia clássica, que, como
veremos, traduz a essência dos correspondentes
critérios classificativos, os negócios reais podem ser
reais quoad constitutionem ou reais quaod
effectum.
Os negócios reais são quoad constitutionem
quando a sua celebração implica a tradição de
uma coisa, i é, a sua perfeição depende, além
da declaração, da tradição da coisa que é seu
objecto. Exemplo: o Penhor (art.º 669.º). “O penhor
só produz os seus efeitos pela entrega da coisa
empenhada (…)”; o Comodato (art.º 1126.º). “
Comodato é o contrato gratuito pelo qual uma das
partes entrega à outra certa coisa (…)”;
o Mútuo (art.º 1139.º). “Mútuo é o contrato pelo
qual uma das partes empresta à outra dinheiro ou
outra coisa fungível (…)”;o Depósito (art.º 1182.º).
Depósito é o contrato pelo qual uma das partes
entrega à outra uma coisa, móvel ou imóvel (…)”.
- Os negócios reais quoad effectum são aqueles
que têm eficácia real, produzem efeitos reais logo
com a sua celebração, i é, têm eficácia real com
a celebração do próprio contrato, portanto
independentemente da entrega da coisa.
Ex: A celebração do contrato de compra e venda
tem como efeito imediato a transmissão da
propriedade da coisa [art.º 879.º a)]; o usufruto
(art.º 1419.º), etc.
Negócios reais, obrigacionais,
familiares e sucessórios

Nesta classificação o que se atende são os efeitos


dos negócios, não a sua estrutura como acontecia
na classificação entre negócios reias e negócios
não reais.
Assim:
- Negócio real é aquele de que resulta a
constituição, modificação ou extinção de uma
relação real;
- Negócio obrigacional é aquele de que resulta a
constituição, modificação ou extinção de uma
relação obrigacional;
- Negócio familiar é aquele de que resulta a
constituição, modificação ou extinção de uma
relação familiar; e
Negócio sucessório é aquele de que resulta a
constituição, modificação ou extinção de uma
relação sucessória.
Vejamos alguns exemplos de cada um destes tipos
de negócios.
Os contractos são frequentemente fonte de relações
obrigacionais.
Assim, o mais relevante dos contractos
obrigacionais, a compra e venda, para além dos
seus efeitos obrigacionais essenciais - obrigação de
entregar a coisa vendida e de pagar o preço (als. b)
e c) do art.º 879.º do C. C.); Também
a compra e venda produz também o efeito real de
transmissão do direito de propriedade (al. a) do
citado artigo).
A generalidade dos direitos reais menores podem
constituir-se por contrato; para dar um só exemplo
citamos o caso do usufruto (art.º 1419.º do C. C.).
Também os negócios unilaterais são fonte, tanto
de obrigações (art.ºs 457.º e seguintes do C. C.),
como de direitos reais, como acontece no usufruto,
que pode ser constituído por testamento ( art.º
1420.º C.C.).
As relações familiares também podem provir de
negócios jurídicos, como é o caso do casamento, da
adopção e da convenção antenupcial.
Os exemplos de negócios jurídicos
sucessórios são mais limitados; os mais
significativos, para além do testamento, são a
aceitação, o repúdio e os pactos sucessórios.
Negócios recipiendos e negócios não
recipiendos

A classificação dos negócios em recipiendos (ou


receptícios) e não recipiendos (ou não receptícios)
atende às diferentes modalidades por que o negócio
jurídico ganha eficácia.
Negócios recipiendos são aqueles negócios cuja
eficácia depende da circunstância de a declaração
negocial ser dirigida ou levada ao conhecimento de
certa pessoa: são os negócios recipiendos (também
ditos negócios dirigidos a outrem).
Cfr. a primeira parte do n.º 1 do art.º 224.º do CC.
Exemplo de Negócios recipiendos a ratificação dos
negócios ineficazes, a revogação do mandato, a
denúncia do arrendamento, a resolução do contrato.
Ainda,
A cessão do crédito. Como claramente o seu regime
revela, embora ela não dependa do consentimento do
devedor, só produz efeitos, quanto a este, se lhe for
notificada (art.º 577.º e 583.º, n.º 1, do C. C.).
Negócios não recipiendos são aqueles negócios
cujos efeitos se produzem por mero efeito do acto,
sem que ele tenha de ser dirigido ou levado ao
conhecimento de outrem: são os negócios não
recipiendos (também ditos negócios isolados).
Cfr. a segunda parte do n.º 1 do art.º 224.º do C.C., ,
na parte em que diz que a declaração de vontade que
não tem um destinatário torna-se eficaz «logo que a
vontade do declarante se manifeste na forma
adequada».
Os negócios não recipiendos têm o seu campo de
aplicação, por excelência, no domínio dos negócios
jurídicos unilaterais, mas não está excluída a
possibilidade de se aplicar, embora com um alcance
específico, aos negócios bilaterais.
Nos negócios unilaterais encontram-se com
facilidade manifestações das duas categorias em
análise.
Importa, todavia, não confundir os negócios
unilaterais que são dirigidos a outrem com a
comunicação que tem de ser feita ao destinatário do
negócio e com a aceitação por parte do mesmo.
É que esta comunicação representa a mera
condição de eficácia do negócio.
São exemplos de negócios não recipiendos: o
testamento, a aceitação e o repúdio da herança, a
instituição de uma fundação.
Negócios inter vivos e negócios mortis
causa

O critério para esta distinção não é o momento da


sua celebração, porquanto é óbvio que todos os
negócios só podem ser celebrados em vida dos
seus autores e
Nem é o facto dos efeitos desses negócios se
produzirem durante a vida ou morte dos seus
autores.
O verdadeiro critério de distinção é, antes, o da
causa dos efeitos.
Assim,
O negocio é inter vivos se ele constituir a causa
dos seus efeitos e, por isso mesmo, eles se
produzirem, em regra, de imediato, em vida do seu
autor. Dito de outro modo, o negócio é inter vivos
se o negócio é a causa dos seus efeitos jurídicos.
 
Ex: de negócio inter vivos a compra e venda.
Há, porem negócio mortis causa quando a causa
jurídica dos efeitos a que se dirige o negócio é a
morte, ou seja, a morte é a causa jurídica dos
efeitos a que se dirige o negócio.
Ex: de negócio mortis causa o testamento, cujos
efeitos jurídicos tem por causa a morte do testador.
A morte do testador é a causa dos efeitos jurídicos
do negócio.
Salienta-se que
Sem dúvida, o normal, nos negócios inter vivos, é
os seus efeitos produzirem-se também em vida do
seu autor.
Contudo, é, perfeitamente possível ficar a produção
dos efeitos diferida para o momento da morte do
declarante, como acontece nos negócios inter
vivos a termo, mesmo se o evento previsto for a
morte do declarante. Em tal caso, sem deixar o
negócio de ser em si mesmo válido, os seus efeitos
estão dependentes da morte de uma das partes.
Mas nem por isso a compra e venda sujeita a termo,
tal como acima exposto, passa a ser considerada
um acto mortis causa, pois a causa da
transmissão não deixa de Ser a compra e venda,
enquanto nos actos mortis causa essa causa é a
morte do titular do direito.
Esta maneira de ser dos actos mortis causa vem a
traduzir-se numa particularidade muito significativa do
seu regime: a livre revogabilidade pelo seu autor. Essa
característica dos actos por morte compreende-se, se
se tiver presente que esse negócio, por si mesmo, não
é constitutivo de efeitos, ao contrário do que sucede
nos negócios inter vivos, que logo ficam subtraídos à
livre revogação unilateral pelo seu autor.
A grande massa dos negócios jurídicos pertence à
modalidade dos actos entre vivos, podendo eles ser
onerosos ou gratuitos, distinção adiante abordada.
São mais limitados os negócios mortis causa, que, por
outro lado, têm necessariamente carácter gratuíto.
Negócios patrimoniais e negócios não
patrimoniais

A distinção entre negócios patrimoniais e negócios


não patrimoniais pessoais, na linguagem corrente,
assenta no critério da patrimonialidade.
Negócio patrimonial é aquele de que resulta a
constituição, modificação ou extinção de uma
relação patrimonial;
Ex: de negócio patrimonial são a compra e
venda, a doação, o arrendamento, a empreitada,
etc. 
Negócio não patrimonial é aquele de que resulta
a constituição, modificação ou extinção de uma
relação não patrimonial.
Exemplo de negócios não patrimoniais são o
casamento e a adopção.
Apontamos duas razões para a autonomização desta
classificação: a 1.ª reside no facto de ela ser ponto
de partida para outras classificações; e 2.ª prende-
se com a diferente configuração que o princípio da
autonomia da vontade assume nestes dois tipos de
actos, manifestando-se com mais relevo nos
negócios patrimoniais.
Negócios onerosos e negócios
gratuitos

Os negócios patrimoniais repartem-se em


onerosos e gratuitos:
Os negócios onerosos são aqueles em que há
atribuições patrimoniais de ambas as partes,
existindo, segundo a perspectiva destas, um nexo
ou relação de correspectividade entre as referidas
atribuições patrimoniais.
Ex: de negócios onerosos, a compra e venda, a
troca, a empreitada, etc..
Os negócios gratuitos designam-se
genericamente por liberalidades, por neles haver
a intenção de proporcionar gratuitamente um
enriquecimento a outrem. Dito por outras palavras
Os negócios gratuitos caracterizam-se pela
intervenção de uma intenção liberal (“animus
donandi, animus beneficiandi”).
Ex: de negócios gratuitos, o testamento e a
doação.
Negócios comutativos e negócios
aleatórios

Na categoria dos negócios onerosos pode ainda


estabelecer-se uma importante distinção entre
negócios comutativos e negócios aleatórios.
Negócios onerosos comutativos são aqueles em
que as atribuições das partes são desde logo
determinadas (ou determináveis).
Aqui nenhuma das atribuições ficam dependentes,
quanto ao seu valor, ou quanto à sua verificação,
de qualquer facto futuro e incerto.
Aqui nenhuma das atribuições ficam dependentes,
quanto ao seu valor, ou quanto à sua verificação, de
qualquer facto futuro e incerto.
Exemplo de um contrato de compra e venda
comutativo: basta que o preço e a coisa sejam
desde logo determinados, como acontece se A
vende certo prédio a B por determinado preço.
Negócios onerosos aleatórios são aqueles em que
as prestações (ou uma delas) ficam na dependência
de certo facto futuro, em termos de só uma ser
realizada ou de não se verificar qualquer
correspondência entre elas.
Aqui as prestações (ou uma delas) ficam
dependentes, quanto ao seu valor ou quanto à sua
verificação, de um facto futuro e incerto.
O exemplo típico é o do contrato de seguro.
O Código Civil prevê e regula vários contractos
aleatórios: venda de coisa futura (art.º 880.º, n.º 2),
venda de bens de existência ou titularidade incerta
(art.º 881.º), contrato de jogo e aposta (art.º
1242.º), contrato de renda vitalícia (art.º1235.º).
Negócios a título universal e negócios
a título singular

O negócio é a título universal quando respeita a


uma universalidade de direito ou a uma fracção
aritmética dela.
Ex: A transmissão da herança.
Os negócios a título singular definem-se por
exclusão de partes, são todos os demais. Dito de
outra forma, todos os negócios que não são a título
universal são a título singular.
Ex: a empreitada, a compra e venda, etc.
Esta classificação tem uma importante manifestação
no direito sucessório, pois com base nela se
estabelece fundamentalmente a distinção entre os
institutos da herança e do legado (art.º 1996.º e
1958.º do C. C.).
O interesse desta classificação a nível sucessório
reside no facto de, nessa sede, o negócio a título
universal e abranger o activo e o passivo de um
certo conjunto patrimonial, enquanto no negócio a
título singular o acto respeita a bens
especificamente considerados.

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