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DIREITO CIVIL I

Prof. Dr. Eraldo José Brandão


Fato Jurídico
➢ CONCEITO

• O direito também tem o seu ciclo vital: nasce, desenvolve-se e extingue-se. Essas fases ou
momentos decorrem de fatos, denominados fatos jurídicos, exatamente por produzirem
efeitos jurídicos. Nem todo acontecimento constitui fato jurídico. Alguns são simplesmente
fatos, irrelevantes para o direito. Somente o acontecimento da vida relevante para o direito,
mesmo que seja fato ilícito, pode ser considerado fato jurídico.

• todo fato, para ser considerado jurídico, deve passar por um juízo de valoração. O
ordenamento jurídico, que regula a atividade humana, é composto de normas jurídicas,
que preveem hipóteses de fatos e consequentes modelos de comportamento considerados
relevantes e que,
Prof. Dr. por isso,
Marcelo foramSantana
Garcia normatizados. Estes, depois de concretizados, servem de
suporte fático para a incidência da norma e o surgimento do fato jurídico.
Fato Jurídico
➢ CONCEITO
• Fato jurídico em sentido amplo é, portanto, todo acontecimento da vida que o
ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito.

• Para ser erigido à categoria de fato jurídico basta que esse fato do mundo – mero evento
ou conduta – seja relevante “à vida humana em sua interferência intersubjetiva,
independentemente de sua natureza

• Essa correspondência entre o fato e a norma, que qualifica o primeiro como fato jurídico,
recebe várias denominações nos diversos setores do direito, como: suporte fático,
tipificação legal, hipótese de incidência, subsunção, fato gerador, Tatbestand (no direito
alemão), fattispecie (no direito italiano), supuesto de hecho (no direito espanhol) etc..
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Fato Jurídico
ESPECÍES DE FATO JURÍDICO
• Os fatos jurídicos em sentido amplo podem ser classificados em:
a) fatos naturais ou fatos jurídicos stricto sensu; ( manifestação da natureza)e
b) fatos humanos ou atos jurídicos lato sensu. (atividade humana).

A) OS FATOS NATURAIS
Os fatos naturais, também denominados fatos jurídicos em sentido estrito, por sua vez,
dividem-se em:
a.1) ordinários, como o nascimento e a morte, que constituem respectivamente o termo
inicial e final da personalidade, bem como a maioridade, o decurso do tempo, todos de
grande importância, e outros;
a.2) extraordinários, que se enquadram, em geral, na categoria do fortuito e da força maior:
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terremoto, raio, tempestade etc.
Fato Jurídico
ESPECÍES DE FATO JURÍDICO
B) OS FATOS HUMANOS
Os fatos humanos ou atos jurídicos em sentido amplo são ações humanas que criam,
modificam, transferem ou extinguem direitos e dividem-se em:
b.1) lícitos; Lícitos são os atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente.
Praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, produzem efeitos jurídicos
voluntários, queridos pelo agente.
e b.2) ilícitos. Os ilícitos, por serem praticados em desacordo com o prescrito no
ordenamento jurídico, embora repercutam na esfera do direito, produzem efeitos jurídicos
involuntários, mas impostos por esse ordenamento. Em vez de direito, criam deveres,
obrigações. Hoje se admite que os atos ilícitos integram a categoria dos atos jurídicos pelos
efeitos que produzem (são definidos no art. 186 e geram a obrigação de reparar o dano, como
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dispõe o art. 927, ambos do CC).
Fato Jurídico
ESPECÍES DE FATO JURÍDICO
b.2) ilícitos.(continuação)

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.
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Fato Jurídico
ESPECÍES DE FATO JURÍDICO
Os atos lícitos dividem-se em:

b.1.1) ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito; ( exige manifestação de vontade)
No ato jurídico em sentido estrito, o efeito da manifestação da vontade está predeterminado na lei, como
ocorre com a notificação, que constitui em mora o devedor, o reconhecimento de filho, a tradição, o uso
de uma coisa etc., não havendo, por isso, qualquer dose de escolha da categoria jurídica. Art. 185 cc

b.1.2) negócio jurídico; (exige manifestação de vontade) No negócio jurídico, num contrato de
compra e venda, por exemplo, a ação humana visa diretamente a alcançar um fim prático permitido na
lei, dentre a multiplicidade de efeitos possíveis. Por essa razão é necessária uma vontade qualificada,
sem vícios. ( consentimento)

e b.1.3) ato-fato jurídico. No ato-fato jurídico ressalta-se a consequência do ato, o fato


resultante, sem se levar em consideração a vontade de praticá-lo. Muitas vezes o efeito do ato não é
Prof.
buscado nemDr. Marcelo
imaginado peloGarcia
agente,Santana
mas decorre de uma conduta e é sancionado pela lei, como no
caso da pessoa que acha, casualmente, um tesouro. Art. 1264.
Fato Jurídico
ATENÇÃO
FATO JURÍDICO – Uma ocorrência que interessa ao Direito, ou seja, que tenha relevância jurídica.
O fato jurídico lato sensu pode ser natural, denominado fato jurídico stricto sensu. Esse pode ser um
fato ordinário ou extraordinário. Pode o fato ser ainda humano, surgindo o conceito de fato jurígeno.
FÓRMULA. Fato jurídico = Fato + Direito.
ATO JURÍDICO – Trata-se de um fato jurídico com elemento volitivo e conteúdo lícito. Este autor está
filiado à corrente doutrinária que afirma que o ato ilícito não é jurídico, por ser antijurídico (contra o
direito). (TARTUCE)
FÓRMULA. Ato Jurídico = Fato + Direito + Vontade + Licitude.
NEGÓCIO JURÍDICO – Ato jurídico em que há uma composição de interesses das partes com uma
finalidade específica.
FÓRMULA. Negócio Jurídico = Fato + Direito + Vontade + Licitude
Composição de interesses das partes com finalidade específica.
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Negócio Jurídico
NEGÓCIO JURÍDICO
CONCEITO

MIGUEL REALE, leciona que


“negócio jurídico é aquela espécie de ato jurídico que, além de se originar de um ato
de vontade, implica a declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação
entre dois ou mais sujeitos tendo em vista um objetivo protegido pelo ordenamento
jurídico. (CONTRATO)
Tais atos, que culminam numa relação intersubjetiva, não se confundem com os atos
jurídicos em sentido estrito, nos quais não há acordo de vontade, como, por exemplo, se dá
nos chamados atos materiais, como os da ocupação ou posse de um terreno, a edificação de

Prof.noDr.
uma casa Marcelo
terreno Garcia
apossado etc.Santana
Um contrato de compra e venda, ao contrário, tem a forma
específica de um negócio jurídico...”
Negócio Jurídico
NEGÓCIO JURÍDICO
• No negócio jurídico há uma composição de interesses, um regramento bilateral de
condutas, como ocorre na celebração de contratos. A manifestação de vontade
tem finalidade negocial, que em geral é criar, adquirir, transferir, modificar,
extinguir direitos etc.

• Há, todavia, alguns negócios jurídicos unilaterais, em que ocorre o seu


aperfeiçoamento com uma única manifestação de vontade. Podem ser citados, à
guisa de exemplos, o testamento, a renúncia da herança, a confissão de dívida e
outros, porque nesses casos o agente procura obter determinados efeitos
jurídicos, isto é, criar situações jurídicas, com a sua manifestação de vontade.
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Negócio Jurídico
CLASSIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
1) Quanto às manifestações de vontade dos envolvidos:
a) Negócios jurídicos unilaterais – atos e negócios em que a declaração de vontade emana
de apenas uma pessoa, com um único objetivo. Exemplos: testamento, renúncia a um
crédito e promessa de recompensa. Podem ser negócios unilaterais receptícios – aqueles
em que a declaração deve ser levada a conhecimento do seu destinatário para que possa
produzir efeitos (v.g. promessa de recompensa) e negócios unilaterais não receptícios –
em que o conhecimento pelo destinatário é irrelevante (v.g. testamento).
b) Negócios jurídicos bilaterais – há duas manifestações de vontade coincidentes sobre o
objeto ou bem jurídico tutelado. Exemplos: contrato e casamento.
c) Negócios jurídicos plurilaterais – envolvem mais de duas partes, com interesses
coincidentes no plano jurídico. Exemplos: contrato de consórcio e contrato de sociedade
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entre várias pessoas.
Negócio Jurídico
CLASSIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
2) Quanto às vantagens patrimoniais para os envolvidos:
a) Negócios jurídicos gratuitos – são os atos de liberalidade, que outorgam vantagens sem
impor ao beneficiado a obrigação de uma contraprestação. Exemplo: doação pura.
b) Negócios jurídicos onerosos – envolvem sacrifícios e vantagens patrimoniais para todas
as partes no negócio (prestação + contraprestação). Exemplos: compra e venda e locação.

3) Quanto aos efeitos, no aspecto temporal:


a) Negócios jurídicos inter vivos – destinados a produzir efeitos desde logo, isto é, durante a
vida dos negociantes ou interessados. Exemplo: contratos em geral.
b) Negócios jurídicos mortis causa – aqueles cujos efeitos só ocorrem após a morte de
determinada pessoa. Exemplos: testamento.
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Negócio Jurídico
CLASSIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
4) Quanto à necessidade ou não de solenidades e formalidades:
a) Negócios jurídicos formais ou solenes – obedecem a uma forma ou solenidade prevista em
lei para a sua validade e aperfeiçoamento, caso do casamento e do testamento.
b) Negócios jurídicos informais ou não solenes – admitem forma livre, constituindo regra
geral, pelo que prevê o art. 107 do CC, em sintonia com o princípio da operabilidade ou
simplicidade. Exemplos: locação e prestação de serviços.

5) Quanto à independência ou autonomia:


Negócios jurídicos principais ou independentes – negócios que têm vida própria e não
dependem de qualquer outro negócio jurídico para terem existência e validade (v.g., locação).
Negócios jurídicos acessórios ou dependentes – aqueles cuja existência está subordinada a
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um outro negócio jurídico, denominado principal (v.g., fiança em relação à locação).
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CLASSIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
6) Quanto às condições pessoais especiais dos negociantes:
a) Negócios jurídicos impessoais – não dependem de qualquer condição especial dos
envolvidos, podendo a prestação ser cumprida tanto pelo obrigado quanto por um
terceiro (v.g., compra e venda).
b) Negócios jurídicos personalíssimos ou intuitu personae – dependentes de uma condição
especial de um dos negociantes, havendo uma obrigação infungível. Exemplo:
contratação de um pintor com arte única para fazer um quadro.
7) Quanto à sua causa determinante:
a) Negócios jurídicos causais ou materiais – o motivo consta expressamente do seu
conteúdo como ocorre, por exemplo, em um termo de divórcio.
b) Negócios jurídicos abstratos ou formais – aqueles cuja razão não se encontra inserida no
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conteúdo, decorrendo dele naturalmente. Exemplo: termo de transmissão de propriedade.
Negócio Jurídico
CLASSIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
8) Quanto ao momento de aperfeiçoamento:
a) Negócios jurídicos consensuais – geram efeitos a partir do momento em que há o acordo
de vontades entre as partes, como ocorre na compra e venda pura (art. 482 do CC).
b) Negócios jurídicos reais – são aqueles que geram efeitos a partir da entrega do objeto, do
bem jurídico tutelado. Exemplos: comodato e mútuo, que são contratos de empréstimo.
9) Quanto à extensão dos efeitos:
a) Negócios jurídicos constitutivos – geram efeitos ex nunc, a partir da sua conclusão, pois
constituem positiva ou negativamente determinados direitos. Exemplo: compra e venda.
b) Negócios jurídicos declarativos – geram efeitos ex tunc, a partir do momento do fato que
constitui o seu objeto. Exemplo: partilha de bens no inventário.

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Negócio Jurídico
PLANO DE EXISTÊNCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO

➢ No plano da existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, ou seja, os seus


elementos mínimos, enquadrados por alguns autores dentro dos elementos essenciais do
negócio jurídico. Constituem, portanto, o suporte fático do negócio jurídico (pressupostos
de existência). Nesse plano surgem apenas substantivos, sem qualquer qualificação, ou
seja, substantivos sem adjetivos. Esses substantivos são:
✓ Partes (ou agentes);
✓ Vontade;
✓ Objeto;
✓ Forma.
.
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Negócio Jurídico
PLANO DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

➢ No segundo plano, o da validade, os substantivos recebem adjetivos, nos termos do art. 104 do
CC/2002, a saber:

✓ Partes ou agentes capazes;


✓ Vontade livre, sem vícios;
✓ Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
✓ Forma prescrita ou não defesa em lei.
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
Prof.
III - forma Dr. Marcelo
prescrita Garcia
ou não defesa Santana
em lei.
Negócio Jurídico
PLANO DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
➢ O negócio jurídico que não se enquadra nesses elementos de validade é, por regra, nulo
de pleno direito, ou seja, haverá nulidade absoluta ou nulidade. Eventualmente, o negócio
pode ser também anulável (nulidade relativa ou anulabilidade), como no caso daquele
celebrado por relativamente incapaz ou acometido por vício do consentimento. As
hipóteses gerais de nulidade do negócio jurídico estão previstas nos arts. 166 e 167 do
CC/2002. As hipóteses gerais de anulabilidade constam do art. 171 da atual codificação
material.
➢ Plano da eficácia
➢ Por fim, no plano da eficácia estão os elementos relacionados com a suspensão e
resolução de direitos e deveres das partes envolvidas. De outra forma, pode-se dizer que
nesse último plano, ou último degrau da escada, estão os efeitos gerados pelo negócio em
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relação às partes e em relação a terceiros, ou seja, as suas consequências jurídicas e práticas.
Negócio Jurídico
PLANO DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
➢ O negócio jurídico que não se enquadra nesses elementos de validade é, por regra, nulo de pleno
direito, ou seja, haverá nulidade absoluta ou nulidade. Eventualmente, o negócio pode ser também
anulável (nulidade relativa ou anulabilidade), como no caso daquele celebrado por relativamente
incapaz ou acometido por vício do consentimento. As hipóteses gerais de nulidade do negócio
jurídico estão previstas nos arts. 166 e 167 do CC/2002. As hipóteses gerais de anulabilidade
constam do art. 171 da atual codificação material.
➢ Plano da eficácia
➢ Por fim, no plano da eficácia estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de
direitos e deveres das partes envolvidas. De outra forma, pode-se dizer que nesse último plano, ou
último degrau da escada, estão os efeitos gerados pelo negócio em relação às partes e em relação a
terceiros, ou seja, as suas consequências jurídicas e práticas.
➢ Nesse plano, interessa identificar se o Negócio Jurídico repercute juridicamente ao plano
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social, isto é, a eficácia da declaração negocial manifestados como desejados.
Negócio Jurídico
Atenção
[A]S PARTES PODEM INTRODUZIR ELEMENTOS ACIDENTAIS AO NEGÓCIO JURÍDICO, OS QUAIS
SUBMETERÃO A PRODUÇÃO DE EFEITOS DO NEGÓCIO (EXISTENTE E VÁLIDO) [À] CONDIÇÃO,
[AO]TERMO OU ENCARGO.
TAIS EVENTOS, INSERIDOS PELA AUTONOMIA PRIVADA NA DECLARAÇÃO DE VONTADE,
INCORPORAM-SE AO SEU CONTEÚDO,VINCULANDO O NEGÓCIO, EM SEU PLANO DEEFICÁCIA, À
SUA REALIZAÇÃO.
CONDIÇÃO

Segundo o art. 121, considera-se condição “a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto”.
É, por exemplo, o caso “do comprador de um imóvel que se obriga a pagar pelo bem certo preço se e

Prof.
quando restarDr. Marceloa Garcia
comprovada Santana
regularidade da construção ali erigida junto à prefeitura da cidade”
Negócio Jurídico

Condições suspensivas – são aquelas que, enquanto não se verificarem, impedem que o
negócio jurídico gere efeitos (art. 125 do CC).
• Exemplo ocorre na venda a contento, principalmente de vinhos, cujo aperfeiçoamento
somente ocorre com a aprovação ad gustum do comprador. Enquanto essa aprovação não
ocorre, a venda está suspensa.

Condições resolutivas – são aquelas que, enquanto não se verificarem, não trazem qualquer
consequência para o negócio jurídico, vigorando o mesmo, cabendo inclusive o exercício de
direitos dele decorrentes (art. 127 do CC).
• Imagine-se o exemplo de uma venda de vinhos, celebrada a contento ou ad gustum. A não
Prof. Dr.a negação
aprovação, MarcelodoGarcia Santana uma condição resolutiva.
vinho representa
Negócio Jurídico
O termo é o elemento acidental do negócio jurídico que faz com que a eficácia desse negócio
fique subordinada à ocorrência de evento futuro e certo. Melhor conceituando, o termo é “o
evento futuro e certo cuja verificação se subordina o começo ou o fim dos efeitos dos atos
jurídicos”.
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia
do começo, e incluído o do vencimento.
§ 1 o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
§ 2 o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
Em uma primeira classificação, há o termo inicial (dies a quo), quando se tem o início dos efeitos
negociais; e o termo final (dies ad quem), com eficácia resolutiva e que põe fim às consequências
derivadas do negócio jurídico. Muito comum o aplicador do direito confundir a expressão termo com a
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expressão prazo. O prazo é justamente o lapso temporal que se tem entre o termo inicial e o termo final.
Negócio Jurídico
• No que concerne às suas origens, tanto o termo inicial quanto o final podem ser assim
classificados:
Termo legal – é o fixado pela norma jurídica. Exemplificando, o termo inicial para atuação de
um inventariante (mandato judicial) ocorre quando esse assume compromisso.
Termo convencional – é o fixado pelas partes, como o termo inicial e final de um contrato de
locação.
• O termo pode ser ainda certo ou incerto (ou determinado e indeterminado), conforme
conceitos a seguir transcritos:
Termo certo ou determinado – sabe-se que o evento ocorrerá e quando ocorrerá. Exemplo: o
fim de um contrato de locação celebrado por tempo determinado.
Termo incerto e indeterminado – sabe-se que o evento ocorrerá, mas não se sabe quando.
Exemplo: a morte de uma determinada pessoa.
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Por fim, fica fácil também a identificação do termo, pois é comum a utilização da expressão quando (v.g., dou-lhe um
carro quando seu pai falecer).
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Encargo ou modo
• O encargo ou modo é o elemento acidental do negócio jurídico que traz um ônus relacionado
com uma liberalidade.
• Geralmente, tem-se o encargo na doação, testamento...
• Para Vicente Ráo, “modo ou encargo é uma determinação que, imposta pelo autor do ato de
liberalidade, a esta adere, restringindo-a”.
• O negócio gratuito ou benévolo vem assim acompanhado de um ônus, um fardo, um encargo,
havendo o caso típico de presente de grego.
• Exemplo que pode ser dado ocorre quando a pessoa doa um terreno a outrem para que o
donatário construa em parte dele um asilo. O encargo é usualmente identificado pelas
conjunções para que e com o fim de.
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Vícios ou defeitos do negócio jurídico

• O estudo dos defeitos do negócio jurídico, vícios que maculam o ato celebrado, é de vital importância
para a civilística nacional.
• Tais vícios atingem a sua vontade ou geram uma repercussão social, tornando o negócio passível de
ação anulatória ou declaratória de nulidade pelo prejudicado ou interessado. São vícios da vontade ou do
consentimento: o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão. Os dois últimos constituem
novidades, eis que não estavam tratados pelo Código Civil de 1916. O problema acomete a vontade,
repercutindo na validade do negócio celebrado.
• Nos vícios de consentimento o ato é defeituoso porque a vontade do agente não se forma corretamente,
já que não fora o defeito de que se ressentiu no processo de formação, manifestar-se-ia, certamente, de
maneira diversa.
• Já na fraude contra credores (assim como na simulação), a declaração de vontade não se afasta do
propósito que efetivamente o agente teve ao praticá-la. “O negócio jurídico porventura configuarado
Prof.
resulta libreDr. Marcelodesejo
e consciente Garcia
dosSantana
contratantes, de sorte que “inexiste disparidade entre o querido e o
declarado .
Vícios ou defeitos do negócio jurídico

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Vícios ou defeitos do negócio jurídico

• Vícios de consentimento
Do erro e da ignorância
• O erro é um engano fático, uma falsa noção, em relação a uma pessoa, ao objeto do negócio ou a um
direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o negócio jurídico.
• De acordo com o art. 138 do atual Código Civil, os negócios jurídicos celebrados com erro são anuláveis,
desde que o erro seja substancial, podendo ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias em que o negócio foi celebrado. Em síntese, mesmo percebendo a pessoa que está
agindo sob o vício do erro, do engano, a anulabilidade do negócio continua sendo perfeitamente
possível.
• Na sistemática do atual Código Privado, está valorizada a eticidade, motivo pelo qual, presente a falsa
noção relevante, merecerá o negócio a anulabilidade.
• Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro
Prof. Dr.
substancial que Marcelo
poderia serGarcia Santana
percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do
negócio.
Vícios ou defeitos do negócio jurídico
• Vícios de consentimento

Do erro e da ignorância
• No entanto, para que o erro tenha o condão de levar o negócio à anulabilidade, é preciso que
ele seja Substancial e também cognoscível , o que está na parte final do art. 138 do CC.

• Nesse sentido, substancial é o erro determinante, isto é, se a parte não tivesse nele incorrido,
ela não teria celebrado o negócio. É o exemplo do colecionador de objetos históricos que
compra um “anel de ouro de Pompeia”, achando que se tratava da região italiana, mas, em
verdade, o anel era da região com o mesmo nome em São Paulo.

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Vícios ou defeitos do negócio jurídico
• Vícios de consentimento
Do erro e da ignorância
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a
ele essenciais; Exemplo: comprar bijuteria pensando tratar-se de ouro (comprar gato por lebre).
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de
vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; Exemplo: ignorar um vício
comportamental de alguém e celebrar o casamento com essa pessoa. O art. 1.557 do CC traz as
hipóteses que podem motivar a anulação do casamento por erro.
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do
negócio jurídico. EX. imagine-se o caso de um locatário de imóvel comercial que celebra novo
contrato de locação, mais oneroso, pois pensa que perdeu o prazo para a ação renovatória. Sendo
Prof.
leigo no Dr. Marcelo
assunto, Garcia
o locatário assim oSantana
faz para proteger o seu ponto empresarial.
Vícios ou defeitos do negócio jurídico
• Vícios de consentimento

Dolo
O dolo pode ser conceituado como o artifício ardiloso empregado para enganar alguém, com
intuito de benefício próprio. O dolo é a arma do estelionatário, como diziam os antigos civilistas.
De acordo com o art. 145 do CC, o negócio praticado com dolo é anulável, no caso de ser este a
sua causa. Esse dolo, causa do negócio jurídico, é conceituado como dolo essencial, substancial
ou principal (dolus causam). Em casos tais, uma das partes do negócio utiliza artifícios
maliciosos, para levar a outra a praticar um ato que não praticaria normalmente, visando a obter
vantagem, geralmente com vistas ao enriquecimento sem causa.

Prof. Dr. Marcelo Garcia Santana


Vícios ou defeitos do negócio jurídico
• Vícios de consentimento
Dolo
• o dolo recebe classificações doutrinárias importantes, que devem ser analisadas:
1. Quanto ao conteúdo:
• Dolus bonus (dolo bom) – pode ser concebido em dois sentidos. Inicialmente, é o dolo tolerável, aceito
inclusive nos meios comerciais. São os exageros feitos pelo comerciante ou vendedor em relação às
qualidades de um bem que está sendo vendido, mas que não têm a finalidade de prejudicar o comprador.
O negócio em que está presente esta modalidade de dolo não é passível de anulação, desde que não
venha a enganar o consumidor, mediante publicidade enganosa, prática abusiva vedada pelo art. 37, § 1.º,
do Código de Defesa do Consumidor.
• Dolus malus (dolo mau) – este sim consiste em ações astuciosas ou maliciosas com o objetivo de
enganar alguém e lhe causar prejuízo. Quando se tem o dolo mau, o negócio jurídico poderá ser anulado

Prof.prejuízo
se houver Dr. Marcelo Garcia
ao induzido Santana
e benefício ao autor do dolo ou a terceiro.
Vícios ou defeitos do negócio jurídico
• Vícios de consentimento
Dolo
2. Quanto à conduta das partes:
Dolo positivo (ou comissivo) – é o dolo praticado por ação (conduta positiva). Exemplo: a publicidade
enganosa por ação: alguém faz um anúncio em revista de grande circulação pela qual um carro tem
determinado acessório, mas quando o comprador o adquire percebe que o acessório não está presente.
Dolo negativo (ou omissivo) – é o dolo praticado por omissão (conduta negativa), situação em que um dos
negociantes ou contratantes é prejudicado. Exemplo ocorre nas vendas de apartamentos decorados, em
que não se revela ao comprador que os móveis são feitos sob medida, induzindo-o a erro (publicidade
enganosa por omissão).
Dolo recíproco ou bilateral – é a situação em que ambas as partes agem dolosamente, um tentando
prejudicar o outro mediante o emprego de artifícios ardilosos. Exemplificando, se duas ou mais pessoas
agirem Prof. Dr. Marcelo
com dolo, Garcia
tentando assim Santanade uma compra e venda, o ato não poderá ser anulado.(
se beneficiar
compensação)
Vícios ou defeitos do negócio jurídico
• Vícios de consentimento
Coação
• A coação pode ser conceituada como uma pressão física ou moral exercida sobre o negociante, visando
obrigá-lo a assumir uma obrigação que não lhe interessa. Aquele que exerce a coação é denominado
coator e o que a sofre, coato, coagido ou paciente.
• Nos termos do art. 151 do CC, a coação, para viciar o negócio jurídico, há de ser relevante, baseada em
fundado temor de dano iminente e considerável à pessoa envolvida, à sua família ou aos seus bens.
• Coação física (vis absoluta) – “constrangimento corporal que venha a retirar toda a capacidade de querer
de uma das partes, implicando ausência total de consentimento, o que acarretará nulidade absoluta do
negócio”. Exemplo de coação física pode ser percebido na hipótese de o vendedor ser espancado e, em
estado de inconsciência, obrigado a assinar o contrato.
• Coação moral ou psicológica (vis compulsiva) – coação efetiva e presente, causa fundado temor de dano

Prof.e considerável
iminente Dr. Marceloà pessoa
GarciadoSantana
negociante, à sua família, à pessoa próxima ou aos seus bens,
gerando a anulabilidade do ato (art. 151 do CC).
Vícios ou defeitos do negócio jurídico
• Vícios de consentimento
Coação

Por fim, pelo art. 153 do CC/2002 não constituem coação:


• A ameaça relacionada com o exercício regular de um direito reconhecido, como no caso de
informação de prévio protesto de um título em Cartório, sendo existente e devida a dívida.
• O mero temor reverencial ou o receio de desagradar pessoa querida ou a quem se deve
obediência. Exemplo: casar-se com alguém com medo de desapontar seu irmão, grande
amigo. O casamento é válido, nessa ilustração.

Prof. Dr. Marcelo Garcia Santana


Vícios ou defeitos do negócio jurídico
• Vícios de consentimento
Estado de perigo
• De acordo com o art. 156 do CC, haverá estado de perigo toda vez que o próprio negociante,
pessoa de sua família ou pessoa próxima estiver em perigo, conhecido da outra parte, sendo
este a única causa para a celebração do negócio. Tratando-se de pessoa não pertencente à
família do contratante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias fáticas e regras da razão
(art. 156, parágrafo único, do CC).
• Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a
pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa.
• Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá
segundo as circunstâncias.
• Prof. Dr. Marcelo Garcia Santana
ESTADO DE PERIGO = Situação de perigo conhecido da outra parte (elemento subjetivo) + onerosidade excessiva
(elemento objetivo).
Vícios ou defeitos do negócio jurídico
Vícios de consentimento
Estado de perigo
• A sanção a ser aplicada ao ato eivado de estado de perigo é a sua anulação – arts. 171, inc. II, e 178, inc.
II, do CC. O último dispositivo consagra prazo decadencial de quatro anos, a contar da data da
celebração do ato, para o ingresso da ação anulatória.
• Exemplo interessante de situação envolvendo o estado de perigo é fornecido por Maria Helena Diniz. Cita
a professora o caso de alguém que tem pessoa da família sequestrada, tendo sido fixado o valor do
resgate em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Um terceiro conhecedor do sequestro oferece para a pessoa
justamente os dez mil por uma joia, cujo valor gira em torno de cinquenta mil reais. A venda é celebrada,
movida pelo desespero da pessoa que quer salvar o filho. O negócio celebrado é, portanto, anulável.
• o caso do pai que chega com o filho acidentado gravemente em um hospital e o médico diz que somente fará a
cirurgia mediante o pagamento de R$ 100.000,00. O preço é pago e a cirurgia é feita, mediante a celebração de um
contrato de prestação de serviços. Como se vê, estão presentes todos os requisitos do estado de perigo: há o risco,
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conhecido pelo médico (elemento subjetivo), tendo sido celebrado um negócio desproporcional, com onerosidade
excessiva (elemento objetivo)
Vícios ou defeitos do negócio jurídico
Vícios de consentimento
Da lesão
Dispõe o art. 157, caput, da atual codificação privada que “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta”. Trata-se de uma das mais festejadas inovações do Código Civil de 2002, criada para se evitar o negócio da
China, o enriquecimento sem causa, fundado em negócio totalmente desproporcional, utilizado para massacrar
patrimonialmente uma das partes.
O § 1.º do art. 157 do CC, recomenda que a desproporção seja apreciada de acordo com os valores vigentes ao tempo
em que foi celebrado o negócio jurídico. Desse modo, evidencia-se que a lesão é um vício de formação.
Eventualmente, em vez do caminho da anulabilidade do negócio jurídico, conforme prevê o art. 178, inc. II, do Código
Civil atual, o art. 157, § 2.º, do diploma civil em vigor determina que a invalidade negocial poderá ser afastada “se for
oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”. ( contestação)
Sobre tal relação, é interessante transcrever o teor do Enunciado n. 149 do CJF/STJ: “em atenção ao princípio da
conservação dos contratos, a verificação da lesão deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial do negócio
jurídico e não à sua anulação, sendo dever do magistrado incitar os contratantes a seguir as regras do art. 157, § 2.º, do
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Código Civil de 2002
Vícios ou defeitos do negócio jurídico
Vícios de consentimento
Da lesão
LESÃO = Premente necessidade ou inexperiência (elemento subjetivo) + onerosidade excessiva (elemento objetivo).

Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078, de 11-9-1990) veio a combater a lesão nas
relações de consumo, considerando nulas de pleno direito as cláusulas que “estabeleçam
obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade”, presumindo-se exagerada a
vantagem que “se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a
natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao
caso” (art. 51, IV, e § 1º, III).

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Vícios ou defeitos do negócio jurídico
Vícios sociais
Da simulação
Na simulação há um desacordo entre a vontade declarada ou manifestada e a vontade interna.
Em suma, há uma discrepância entre a vontade e a declaração; entre a essência e a aparência.
A simulação, em qualquer modalidade, passou a gerar a nulidade do negócio jurídico, sendo questão de ordem pública;
a prevalecer inclusive sobre eventual alegação da presença de um comportamento contraditório da parte que alega a
simulação, mesmo tendo participado do ato.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na
forma. § 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos
particulares forem antedatados, ou pós-datados.
O dispositivo trata da simulação relativa, aquela em que, na aparência, há um negócio; e na essência, outro. Dessa
maneira, percebe-se na simulação relativa dois negócios: um aparente (simulado) e um escondido (dissimulado).
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Na simulação, as duas partes contratantes estão combinadas e objetivam iludir terceiros.
Vícios ou defeitos do negócio jurídico
Vícios sociais
Da simulação
Segundo o Enunciado n. 153 do CJF/STJ, também aprovado na III Jornada de Direito Civil, “na simulação
relativa, o negócio simulado (aparente) é nulo, mas o dissimulado será válido se não ofender a lei nem
causar prejuízo a terceiros”.
Simulação relativa subjetiva – caso em que o vício social acomete o elemento subjetivo do negócio, pessoa com que este
é celebrado (art. 167, § 1.º, I, do CC). A parte celebra o negócio com uma parte na aparência, mas com outra na essência,
entrando no negócio a figura do testa de ferro, laranja ou homem de palha, que muitas vezes substitui somente de fato
aquela pessoa que realmente celebra o negócio jurídico ou contrato. Trata-se do negócio jurídico celebrado por
interposta pessoa.
Simulação relativa objetiva – caso em que o vício social acomete o elemento objetivo do negócio jurídico celebrado, o
seu conteúdo. Celebra-se um negócio jurídico, mas na realidade há uma outra figura obrigacional, sendo mascarados os

seus elementos verdadeiros. Como exemplo, repise-se: para burlar o fisco, determinada pessoa
celebra um contrato de comodato de determinado imóvel, cobrando aluguel do comodatário. Na
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aparência, há um contrato de empréstimo, mas na essência, trata-se de uma locação. ( EMPRESTIMO

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Vícios ou defeitos do negócio jurídico
Vícios sociais
Da simulação

Simulação absoluta – situação em que na aparência se tem determinado negócio, mas na


essência a parte não deseja negócio algum.

• Como exemplo, ilustre-se a situação em que um pai doa imóvel para filho, com o devido
registro no Cartório de Registro de Imóveis, mas continua usufruindo dele, exercendo os
poderes do domínio sobre a coisa. Mesmo o ato sendo praticado com intuito de fraude
contra credores, prevalece a simulação, por envolver ordem pública, sendo nulo de pleno
direito.

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Vícios ou defeitos do negócio jurídico
Vícios sociais
Da fraude contra credores
• Constitui fraude contra credores a atuação maliciosa do devedor, em estado de insolvência
ou na iminência de assim tornar-se, que dispõe de maneira gratuita ou onerosa o seu
patrimônio, para afastar a possibilidade de responderem os seus bens por obrigações
assumidas em momento anterior à transmissão.

• Exemplificando, se A tem conhecimento da iminência do vencimento de dívidas em data próxima, em


relação a vários credores, e vende a B imóvel de seu patrimônio, havendo conhecimento deste do
estado de insolvência, estará configurado o vício social a acometer esse negócio jurídico. Mesma
conclusão serve para o caso de doação (disposição gratuita).

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Vícios ou defeitos do negócio jurídico
Vícios sociais
Da fraude contra credores

De acordo com o art. 158 do CC, estão incluídas as hipóteses de remissão ou perdão de dívida, estando
caracterizado o ato fraudulento toda vez que o devedor estiver insolvente ou beirando à insolvência. Em
situações tais, caberá ação anulatória por parte de credores quirografários eventualmente prejudicados,
desde que proposta no prazo decadencial de quatro anos, contados da celebração do negócio fraudulento
(art. 178, inc. II, do CC). Essa ação anulatória é denominada pela doutrina ação pauliana ou ação
revocatória, seguindo rito ordinário, no sistema processual anterior, equivalente ao atual procedimento
comum.

FRAUDE CONTRA CREDORES = Intenção de prejudicar credores (elemento subjetivo) + atuação em


prejuízo aos credores (elemento objetivo).
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Teoria das nulidades do negócio jurídico

Teoria das nulidades do negócio jurídico ( PRÓXIMA AULA)


De acordo com o art. 158 do CC, estão incluídas as hipóteses de remissão ou perdão de dívida, estando
De acordo com a melhor doutrina, a expressão invalidade em sentido amplo é empregada para designar o
negócio que não produz os efeitos desejados pelas partes envolvidas. O Código Civil de 2002 fez a opção
de utilizar a expressão, tratada entre os seus arts. 166 a 184, os quais consubstanciam a chamada teoria
das nulidades do negócio jurídico.

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