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A oposição entre negócios jurídicos e ato jurídico em sentido restrito, reside na
diferença do alcance da vontade no que diz respeito aos efeitos produzidos.
Negócio jurídico- produz os seus efeitos, que são efeito jurídicos, porque estes foram
queridos pela vontade. O negócio jurídico é um ato volitivo-final quanto aos efeitos
previstos; é um ato criador a respeito da conformação de relações jurídico-privadas.
Ato jurídico- pelo contrário, produz os seus efeitos independentemente da vontade,
embora não raras vezes exista coincidência entre os factos produzidos e a vontade do
agente. Mas a esta vontade falta o elemento volitivo-final quanto aos efeitos, visto ela se
dirigir, normalmente, a um efeito real. Os efeitos de um ato jurídico produzem-se por
lei, em virtude de normas imperativas, sejam os efeitos abrangidos pela vontade ou não.
Tipos de Atos jurídicos:
Atos reais (para provocar o ato é necessário e suficiente uma simples vontade
natural de agir);
Atos quase-negociais (é preciso que o agente queira e entenda o ato a produzir)
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apresenta-se como meio de autodeterminação da pessoa na criação e na formação das
suas relações jurídicas.
O negócio jurídico é o instrumento imprescindível, o meio por excelência, para a
realização e a concretização da vontade dentro dos princípios da autonomia privada.
Esta manifestação da vontade expressa-se através do princípio da liberdade contratual
(artigo 405.º) que se localiza em quatro zonas:
Elementos naturais:
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são as regras da ordem jurídica que complementam a regulamentação encontrada
pelas partes (disposições supletivas, integradoras). Ex: o disposto no artigo
878.º quanto às despesas do contrato de compra e venda (que determina que, não
tendo as partes nada acordado, ficam a cargo do comprador). Têm de constar do
negócio jurídico.
Elementos acidentais:
são as estipulações das partes que não integram o respetivo tipo negocial, mas
que contêm cláusulas suplementares ou acessórias. Pertencem aqui as
estipulações de condições ou prazos, cláusulas modais, etc. Os elementos
essenciais e acidentais situam-se no mesmo plano, na medida em que resultam
da regulamentação negocial das partes. Os elementos naturais, por sua vez, não
resultam da vontade das partes, mas da lei. A lei estabelece as suas regras em
atenção ao respetivo tipo negocial e as suas características (e não em
consideração de uma vontade hipotética das partes), podendo dizer-se, porém,
que a lei encontrou as soluções que normalmente as partes teriam querido se
tivessem providenciado sobre a matéria abrangida pela regra legal, uma vez que
é o objetivo da lei contribuir para a auto-realização das partes.
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lados, e cujos sentidos se encontram e convergem. (exemplos: o ato de
constituição da associação- artigo 167.º; o contrato de sociedade- artigo 980.º)
As deliberações sociais apresentam a particularidade de vincularem não apenas
os associados que nelas participam, mas também os restantes, na medida em que
os estatutos o permitam;
f) Critério da forma:
Negócios não solenes/não formais- Nos negócios não solenes ou não formais
não é exigida qualquer forma
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Negócios solenes/formais-Nos negócios solenes a lei exige uma forma especial.
O código civil parte do princípio da liberdade de forma (artigos 217.º n.º 1 e
219.º), constituindo a exigência de forma uma exceção;
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Para declarar a sua vontade, o declarante dispõe, em princípio, de todos os meios que
lhe servem para se fazer entender, portanto, um declarante razoável escolherá o meio
que, do seu ponto de vista, a exprime. Como a formação e a expressão da declaração se
situam na sua esfera, de modo que é responsável por ela, tem também “o domínio do
risco” para se declarar corretamente.
O CC parte do princípio da liberdade declarativa e distingue, em função disso, três
modalidades em que a vontade pode ser revelada:
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Declarações negociais:
artigo 932.º n.º 2 (aceitação da proposta de venda a contento);
artigo 1163.º (aprovação por silêncio);
artigo 1077.º n.º 2 d) (aceitação do cálculo da renda atualizada);
artigo 1432.º n.º 8 (aprovação de deliberação dos condóminos por silêncio);
Declarações de ciência:
artigo 1805.º n.º 2 (estabelecimento da maternidade através do silêncio da
pessoa indicada como mãe);
artigo 1857.º n. º4 (aceitação da perfilhação em caso de silêncio do
perfilhando).
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é a vontade dirigida a um negócio jurídico concreto, visando certo fim ou incidindo
sobre um determinado objeto ou referindo-se a uma qualidade precisa – A não
coincidência entre a vontade negocial e a declaração feita pode levar a um erro (na
declaração).
A vontade negocial não se confunde com os motivos que estão na sua origem e que
fazem com que o negócio seja celebrado. Os motivos situam-se fora, melhor dizendo,
antes do negócio, e não possuem, em princípio, qualquer relevância jurídica. A
inexatidão ou inadequação dos motivos não pode afetar a declaração, sob pena de
prejuízos incomparáveis para a segurança do tráfico jurídico negocial: o porquê da
vontade é anterior à declaração negocial.
Apesar de, como ficou exposto, a declaração negocial ser formada pelos elementos
interno (vontade) e externo (declaração), ela constitui um todo.
Atendendo ao facto de a declaração de vontade, a declaração negocial, composta pelos
elementos interno (vontade) e externo (manifestação; silêncio), se destinar à produção
de efeitos jurídicos, discute-se, desde a sua introdução na terminologia jurídica, qual a
verdadeira causa ou razão da eficácia daquelas consequências (efeitos) jurídicas,
desencadeadas por uma declaração de vontade.
A teoria clássica- a chamada teoria da vontade, considerava a vontade efetiva do
declarante como decisiva.
A teoria da declaração considerava como decisiva, não a vontade interna, mas sim o
elemento externo, objetivo, a declaração tal como o declaratório podia e devia entender
o comportamento no qual ela se traduz.
Manuel de Andrade define como declaração de vontade negocial “todo o
comportamento de uma pessoa que, segundo os usos da vida, convenção dos
interessados ou até, por vezes, segundo disposição legal, aparece como destinado a
exteriorizar um certo conteúdo de vontade negocial, ou em todo o caso o revele e
traduz”, oferecendo assim uma definição objetivista, ligada à aparência, segundo a qual
a vontade se manifesta.
Uma declaração de vontade é um ato (uma ação) que produz um efeito jurídico
intencionado pelo declarante, de acordo com o conteúdo objetivo que a declaração
apresenta ou que lhe é atribuído. Isto significa que a vontade, e a autonomia da vontade,
do declarante é moldada por critérios objetivos. A vontade é decisiva, desde que ela se
tenha manifestado convenientemente segundo as exigências do tráfico jurídico. Existe
uma correlação entre a vontade e a sua manifestação e é natural que os elementos
externo e interno coincidam. A sintonia entre manifestação e vontade é o facto regular;
quando ela falta, justificam-se as diferenciações feitas, mas por via de regra, a
declaração negocial é a manifestação da vontade em si.
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A FORMA DA DECLARAÇÃO NEGOCIAL; A SUA DISTINÇÃO DA PUBLICIDADE
O código civil consagra, decorrente do princípio da autonomia privada e da liberdade
contratual- o princípio da liberdade declarativa- artigo 217.º CC. (tácita, expressa, valor
declarativo atribuído ao silêncio) No entanto existe exceções onde o código existe que
essa declaração seja feita de maneira expressa
Em sintonia com este o código civil estabelece também a liberdade de forma- artigo
219.º. A validade da declaração negocial, não depende da observância de uma forma
especial, exceto se a lei o exigir.
A exigência de forma legal é a exceção:
Quando exige uma forma, entende com isso que a declaração negocial deve constar de
um documento escrito, autenticado por entidades publicas, ou pessoais, por notário.
Artigo 362.º ss.
Razões para a imposição de forma legal:
Meio de proteção das partes;
Clareza acerca do momento exato de conclusão;
Clareza quanto ao conteúdo do negócio;
Segurança de prova e prevenção contra litígios;
Conhecimento de terceiros;
Quando a lei exige a observância de forma legal, parte do princípio de que o documento
necessário para o efeito, inclui tudo o que as partes contraentes quiseram regular entre
si. na verdade, se um negócio formal tem um determinado conteúdo que o define, pode
partir-se do princípio de que o documento está completo e correto quanto aos objetivos
das partes.
pode acontecer, porém, que as partes ainda façam estipulações ou acordos
complementares ou adicionais, fora do documento, resta apenas saber, qual o valor do
jurídico daquelas estipulações ou seja, resta saber se estão abrangidas ou não pelo
âmbito da forma legal. o âmbito da forma legal é determinado pelo artigo 221.º. este
preceito contempla 3 casos:
1º- Estipulações verbais acessórias anteriores ao documento legalmente exigido para a
declaração negocial (artigo 221.º n.º 1, 1ª alternativa); (Nulas)
2º- Estipulações verbais acessórias contemporâneas ao documento legalmente exigido
para a declaração negocial (artigo 221.º n. º1, 2ª alternativa); (Nulas)
3º- Estipulações verbais acessórios posteriores ao documento legalmente exigido para a
declaração negocial (artigo 221.º n.º 2) (Válidas)
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A validade pressupõe, portanto, que se trata (cláusulas anteriores e
contemporâneas):
Quanto às cláusulas posteriores (que por serem posteriores, não podiam ter sido
incluídas no documento) é de dizer que são, em princípio, válidas, a não ser que elas
próprias estejam sujeitas à forma legal, em virtude de as razões da forma lhes serem
igualmente aplicáveis (artigo 222.º n.º 2).
Não são abrangidas pela razão da exigência da forma cláusulas respeitantes ao lugar ou
ao cumprimento da prestação, a forma do cumprimento ou a quitação do próprio
cumprimento.
Por outro lado, cláusulas calcaram conteúdo da declaração (alterações das obrigações
nela contidas), estão abrangidas pela razão da forma.
Da forma dos negócios deve distinguir-se a sua publicidade. Certos negócios estão (em
seguida à sua celebração por meio de ato formal ou não) sujeitos a PUBLICIDADE,
nomeadamente o registo. Contudo a publicidade ou a sua falta, se não tiver sido
efetuada, em nada afetam o negócio, pois, este já está concluído.
A falta de publicidade apenas, tem como consequência que o negócio não é
oponível a terceiros, embora produzindo todos os seus efeitos em relação às partes.
Na verdade, os terceiros não são supostos de conhecer o negócio jurídico, precisamente
por lhe faltar a sua publicidade.
Todavia, certas situações, legalmente vistas, a falta de publicidade do negócio tem
consequências mais férias do que a simples melhor punibilidade dos seus efeitos a
terceiros. essas consequências traduzem se em que o, sem a publicidade necessária, o
negócio, embora exista, apenas produz efeitos latentes, uma vez que não pode ser
invocado ou atendido (exemplo- o casamento não registado); ou, mais grave ainda, nem
sequer produz efeito, devido à ausência de um requisito essencial (exemplo- o contrato
de sociedade comercial não registado, onde a sociedade comercial, como pessoa
jurídica, é inexistente).
Segundo o artigo 5.º do código das sociedades comerciais, aqui sociedades comerciais
só adquirem personalidade jurídica com o registo definitivo- artigo 36.º do código do
registo comercial.
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A FORMA DA DECLARAÇÃO NEGOCIAL
Feita por uma das modalidades previstas pelo artigo 217.º e de acordo com a forma
prescrita ou convencionada artigo 219.º, última parte, 222.º e 223.º, a declaração
negocial ainda não produz efeitos, sem mais, os seus efeitos pretendidos.
Relevante para uma declaração negocial não é apenas o seu conteúdo, de acordo com o
modo em que a vontade se manifesta, observada por virtude da lei ou convenção, mas
ainda o MOMENTO DA SUA EFICÁCIA (PERFEIÇÃO) antecedido, por seu lado,
ainda, pelo momento da emissão. Ao aspeto estrutural junta-se um elemento temporal- o
desenvolvimento da declaração no tempo. Ou seja, para que os efeitos jurídicos de uma
declaração negocial se produzam é preciso que esta, depois de ter sido feita ou
formulada, adquira eficácia/perfeição.
O momento da eficácia tem relevância sob 3 aspetos:
2. Determina a parte que arca com o risco de uma transmissão errada da declaração ao
separar, no decurso temporal, as esferas de poder do declarante e do declaratário para
as declarações receptícias;
Desta maneira a declaração negocial pode apresentar mais do que uma fase, e
normalmente é isto que acontece, podemos distinguir os seguintes momentos:
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Nem todas as declarações negociais, apresentam as fases descritas em que aparece,
primeiro, um declarante e, em seguida, um declaratário.
Declarações receptícias (exemplo- uma proposta contratual) – são aquelas que
se dirigem a um destinatário ou declaratário;
Declarações não receptícias (exemplo- um testamento) – são as que não se
dirigem a um destinatário, de maneira que nelas não se podem verificar os
momentos da receção e do conhecimento por parte de um declaratário, mas
apenas os da exteriorização e da expedição do lado do declarante;
Além disso, mesmo tratando-se de declarações receptícias, nem é necessário que os
momentos pré-mencionados aconteçam em alturas diferentes. Embora logicamente
separáveis, podem coincidir no tempo.
Mas também é possível que todas as fases se processem de uma maneira escalonada no
tempo: exemplo- uma pessoa tenciona adquirir um automóvel – depois de ter
consultado os anúncios nos jornais, escreve uma carta em que formula esta sua vontade
(exteriorização), a seguir põe a carta no marco do correio (expedição), no dia seguinte,
a carta é metida na caixa de correio do stand automóvel (receção), passados 3 dias é
lida pelo vendedor (conhecimento).
Neste contexto, código civil dispõe, como premissa lógica, que a declaração negocial,
feito nos termos do artigo 217º., ganha existência jurídica no momento da sua emissão.
isto resulta, indiretamente, do artigo 226.º, n.º 1.
Eu no artigo 226.º, n. º1, que ele estabelece que a lei estabelece, como princípio, que
acontecimentos posteriores à emissão de declaração negocial já não prejudicam a
declaração emitida.
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Tendo sido emitida e assim tendo ganho a sua existência, a declaração negocial torna-se
eficaz nos termos do artigo 224.º.
Este artigo diferencia então, para efeitos da perfeição da declaração negocial, entre
declarações receptícias (n.º 1, 1ª alternativa, e n.ºs 2 e 3) e declarações não receptícias
(n.º 1, 2ª alternativa), dando-lhes um tratamento jurídico diferenciado.
O que vale, de acordo com o disposto na 2ª alternativa do n.º 1 do artigo 224.º, para
declarações não receptícias, deve valer também para as declarações receptícias
abrangidas pelo artigo 225.º (anúncio Público da declaração).
O artigo 225.º surge como que um complemento ao artigo 217.º, portanto, sendo assim
apenas, mais uma maneira em que a declaração pode ser “feita”. Com base no artigo
225.º, o momento de perfeição verifica se na altura da publicação no jornal.
Além destas declarações, o artigo 225.º, invista, ainda, as declarações negociais não
receptícias feitas “ao público” (pessoas indeterminadas), ou como promessa pública
regulada no artigo 459.º.
Portanto, o artigo 225.º contempla 2 tipos de declarações que, dada a maneira idêntica
como foram feitas, apresentam o mesmo modo de ganhar eficácia.
uma vez emitida, declaração negocial tem virgula como vimos virgula existência. deste
modo, acontecimentos posteriores à emissão já não podem influir nela: a declaração já
foi feita.
A eficácia pode ocorrer em momento ulterior. Ora, entre o momento em que o
declarante emite a declaração e a altura em que se dá a sua eficácia, podem surgir
acontecimentos que, embora não afetando a declaração emitida em si, se repercutem na
sua eficácia.
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São acontecimentos deste tipo as situações previstas pelo n.º 1 e 2 do artigo 226.º.
Segundo o n.º 1 do artigo 226.º, a morte e a incapacidade do declarante não obstam,
portanto, a que uma declaração já emitida ganhe a sua perfeição ainda depois.
Na verdade, a partir da sua existência, que a autonomizou do declarante (do seu autor),
a declaração percorre o seu caminho, por si só, em direção à sua eficácia. Apenas
quando o seu próprio conteúdo o prever, a morte ou a incapacidade podem obstruir o
percurso e impedir a sua perfeição.
Então, a declaração caduca e fica ineficaz (se o destinatário morrer naquele período
intermédio, depois da emissão pelo declarante, a declaração receptícia não se pode
tornar eficaz em virtude do disposto no n.º 1, 1ª alternativa, do artigo 224.º).
No entanto, segundo o n.º 2 do art. 226.º, a solução é outra se o declarante perder o
poder de dispor de um direito. Depois de recebida a declaração ou havendo
conhecimento dela por parte do destinatário, aqueles acontecimentos supervenientes já
não prejudicam a eficácia da declaração, entretanto ocorrida. O n.º 1 do art. 226.º é
aplicável a declarações receptícias e não receptícias.
A conclusão do contrato
O contrato corresponde desde sempre o meio por excelência para as relações de troca e
de comercio entre homens, por isso mesmo, as declarações negociais mais importantes
são aquelas que conduzem à conclusão de um contrato. Não obstante, o código civil
desconhece um preceito, que conte de maneira direta, quando um contrato fica
concluído.
O artigo 232.º, apenas nos diz- “O contrato não fica concluído enquanto as partes não
houverem acordado em todas as cláusulas sobre as quais qualquer delas tenha julgado
necessário o acordo.”. Ou seja, daqui podemos retirar que estamos em face da conclusão
de um contrato quando as partes tiverem chegado a um acordo entre elas e sobre as
cláusulas julgadas necessárias.
O acordo é obtido/o contrato é concluído, mediante uma declaração negocial (a proposta
contratual), e uma outra declaração contratual (a aceitação desta mesma proposta).
Artigos 224.º a 226.º e 228.º a 235.º CC- perfeição da declaração negocial
Artigos 217.º e 218.º CC- modalidade da declaração
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A PROPOSTA CONTRATUAL E A SUA ACEITAÇÃO
A conclusão do contrato faz-se, portanto, mediante uma proposta, formulada pelo
proponente, e a aceitação desta proposta, proveniente do aceitante, que conduzem ao
“acordo” entre ambos- artigo 232.º.
A primeira declaração a considerar é, por isso, a proposta contratual, formulada pelo
proponente. A proposta contratual, como declaração negocial que é, deve ser muito bem
distinguida de certos atos ou comportamentos preliminares ou preparatórios que a
antecedem, designadamente o convite a contratar.
O convite a contratar sinaliza apenas o interesse ou a disponibilidade para entrar em
negociações com vista à posterior conclusão de um contrato, ou seja, o convite a
contratar constitui um incentivo para que alguém dirija uma proposta contratual a quem
convida, cabendo depois a este o papel de aceitar a proposta ou não.
O convite a contratar não vem regulado na lei, pela simples razão de esta se dedicar
somente à declaração negocial. Ora, um convite a contratar não é uma declaração
negocial, uma vez que falta a vontade do autor do convite de se vincular juridicamente,
a vontade ou consciência de declaração.
Segundo o Diário da República Eletrónico- “Convite a contratar é a declaração
negocial que não tem todas as características para poder ser qualificada como uma
proposta contratual – a completude, a intenção inequívoca de contratar e a forma
requerida para o negócio em causa - e que se destina a provocar propostas contratuais
ou a dar início a um processo de negociação. Por outras palavras, é a declaração
negocial destinada a provocar propostas contratuais ou um processo de negociação.
Segue, portanto, o regime da declaração negocial com exceção das regras
especificamente aplicáveis a certas declarações negociais (por exemplo, a proposta
contratual ou a aceitação). Pelo convite a contratar, o declarante mostra-se disponível
para iniciar um processo de negociação, mas sem se vincular à sua conclusão ou a um
conteúdo previamente determinado. Deste modo, da aceitação de um convite a
contratar, ao contrário da aceitação de uma proposta contratual, não nasce um contrato.
Apenas o iniciar de uma negociação com vista à futura negociação de um contrato, no
qual as partes podem desistir, ainda que vinculadas a deveres acessórios de boa-fé
(artigo 227.º do Código Civil). Por exemplo, a doutrina costuma qualificar de convite a
contratar o convite publicitário. Através do mesmo, os seus destinatários são
incentivados a contratar.”
Exemplos:
Pedido para reservar um quarto de hotel- proposta contratual;
Pedido para reservar uma mesa de um restaurante- convite a contratar;
Ou seja, a delimitação do convite a contratar de uma proposta contratual não é sempre
líquida, sendo que as dificuldades surgem especialmente nos casos em que ambos se
dirigem ao público. Contudo, considera-se que apenas se pode falar de uma proposta
contratual SE o público interessado devia considerar a atitude observada pelo
anunciante como verdadeira proposta contratual, concluindo legitimamente pela
existência de uma vontade de declaração.
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Assim, todas as formas de publicidade, tais como a exposição de mercadorias nas
montras, mesmo com a indicação dos preços, anúncios em jornais, apresentações
televisivas que convidam os seus telespectadores a fazer as suas encomendas por
telefone, o envio de catálogos, etc.... São com toda a regularidade convites a contratar;
O anunciante está à espera de propostas e reserva para si a inteira liberdade (artigo
405.º n.º 1) para não as aceitar- por exemplo, por ter pouca mercadoria, ou por suspeitar
da solvabilidade do proponente ou para poder escolher entre vários interessados.
Por outro lado, o pôr à disposição de quaisquer pessoas indeterminadas mercadorias ou
serviços, para elas fazerem uso imediato das mercadorias ou dos serviços é uma
proposta contratual. Por exemplo, o posto de abastecimento com combustíveis, de
livre acesso, os automáticos em que se oferecem cigarros, bebidas, flores, etc.…, as
cabines públicas de telefone, os parques de estacionamento automatizados ou as
bilheteiras mecanizadas. Neste caso a proposta é aceite e o contrato fica concluído, por
declaração tácita quando o utilizador se abastece ou quando introduz o dinheiro no
respetivo recipiente, obtendo acesso à mercadoria ou ao serviço. Ao verificar-se uma
avaria, quer dizer, o dinheiro foi aceite e não é restituído, embora a mercadoria continua
inacessível, já não se trata de uma questão de conclusão, mas de não cumprimento do
contrato.
Todavia não são propostas contratuais, mas sim convites a contratar, as exposições de
mercadorias em supermercados ou restaurantes self-service, embora haja acesso direto
aos bens, na medida em que se o cliente não quiser pode recolocar sem problemas a
mercadoria retirada na prateleira, podendo aquela mercadoria ser vendida a outro
cliente. De acordo com as conceções do tráfico jurídico a simples ação de retirar da
prateleira não leva à conclusão do contrato, que é celebrado só depois aquando da
apresentação da mercadoria na caixa.
O elemento imprescindível da proposta contratual é a sua suscetibilidade de ser aceite
com um simples “sim”. Ou seja, a proposta contratual deve ser formulada de tal forma
que um simples “sim” será o suficiente para celebrar o negócio. Como tal é necessário
que a proposta seja clara e completa, embora certos pormenores laterais possam ser
deixados à consideração da outra parte.
Tendo-se tornado eficaz nos termos dos artigos 224.º a 226.º, a proposta fica à espera de
ser aceite ou não. Para este efeito ela é irrevogável, durante certo tempo, necessário para
que se possa dar a aceitação.
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Artigo 231.º- Morte ou incapacidade do proponente ou do destinatário:
- Corresponde à regra geral do artigo 226.º n.º 1, contudo operam em regimes diferentes
na medida que enquanto no 226.º n.º 1 a declaração perde a sua eficácia se na mesma
constar que com a morte cessa os efeitos da mesma, enquanto, no artigo 231.º a sua
ineficácia resulta de fatores externos à declaração.
- O n.º 1 do artigo 231.º ressalva dois regimes, no caso de morte ou incapacidade do
proponente (quem apresenta a proposta) a conclusão do contrato não é posta em causa a
não ser que haja fundamento para presumir que era a sua vontade. Se porventura,
estivermos face a incapacidade ou óbito do destinatário, então, sim a proposta torna-se
ineficaz (regra esta que só se aplica se ainda não se tiver verificado a aceitação por parte
deste).
- Contudo se o proponente morrer antes da aceitação chegar ao seu poder ou antes de ele
tomar conhecimento da mesma, esta não se pode verificar em virtude do disposto no
artigo 224.º, n.º 1, 1ª alternativa “A declaração negocial que tem um destinatário torna-
se eficaz logo que chega ao seu poder ou é dele conhecida (...).”.
Ou seja, o contrato não fica concluído em consequência da falta de eficácia da
aceitação. O contrário só se verifica apenas como resultado do artigo 234.º (Dispensa
da declaração de aceitação)
Sendo assim irrevogável, resta saber por quanto tempo a proposta mantém para poder
ser aceite pelo seu destinatário, ou seja, resta determinar o prazo- “o período de tempo,
durante o qual o destinatário pode fazer chegar ao proponente a sua aceitação, nos
termos do artigo 224.º n.º 1 1ª alternativa, n.º 2 e 3, na medida em que, o proponente
não poderá estar vinculado eternamente.
É o artigo 228.º que nos diz em que termos o proponente, à espera da aceitação, fica
vinculado à proposta que apresentou. Inclusive o artigo mencionado criou quatro
regimes diferentes.
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1.º- Foi fixado (ou unilateralmente pelo proponente ou por Convenção entre as partes)
um prazo para a aceitação da proposta; neste caso, a proposta (feita numa das
modalidades do artigo 217.º) mantém-se até ao fim do prazo (artigo 228.º n.º 1 alínea
a))
2.º- não foi fixado um prazo, mas o proponente pede uma resposta imediata (no mesmo
instante); neste caso, a proposta (feita numa das modalidades do artigo 217.º) mantém-
se até que, em condições normais, ela própria bem como a aceitação cheguem ao seu
destino (artigo 228.º n.º 1 alínea b)).
“condições normais” é o tempo de comunicação ou transporte ou transmissão regulares.
Para a aceitação deve ser usado o mesmo meio ou um meio com a mesma ou mais
celeridade do que foi usado para a proposta.
3.º- não foi fixado um prazo, nem se exige uma aceitação imediata, tendo a proposta
sido feita a pessoa ausente (virtualmente em uma das modalidades do artigo 217.º) o
virgula por escrito, a pessoa presente;
neste caso, a proposta mantém-se até 5 dias depois do prazo em que, em condições
normais, proposta e aceitação cheguem ao seu destino (artigo 228.º n.º 1 alínea c))- que
cumula os prazos da alínea b).
4.º- não foi fixado um prazo nem pedido uma resposta imediata e a proposta foi
dirigida, verbalmente, a um presente;
neste caso, quer parecer que a proposta apenas pode ser imediatamente aceito, o que
seria uma solução não inteiramente feliz.
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Assim, é no momento da eficácia da aceitação que o contrato acaba por ficar concluído.
mas, enquanto o proponente está vinculado à sua proposta, suscetível de ser aceite, o
destinatário está livre (artigo 405.º) rápido de aceitar ou não, a não ser que exista um
dever jurídico de contratar.
Se a aceitação da proposta for feita dentro dos prazos, mas o aceitante, em vez de se
limitar a aceitar a proposta pura e simplesmente, introduzir na sua aceitação, não apenas
simples precisões que não cheguem a alterar o seu conteúdo, mas introduzir antes
modificações (exemplo- aditamentos ou omissões), a proposta é tida como rejeitada-
artigo 233.º 1ª alternativa- ficando o proponente desobrigado de toda a sua proposta,
que deixou de ser vinculativa.
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(1.º) - Quando se extingue em virtude de ter expirado o prazo artigo 228.º n.º 1
(duração da proposta contratual)
(3.º) - Quando tendo sido feita ao abrigo do artigo 225.º (anúncio público), for
revogada- artigo 230.º n.º 3 (irrevogabilidade da proposta)
(4.º) - Quando se torna ineficaz por força do artigo 231.º n.º 2 (morte ou
incapacidade do proponente ou do destinatário)
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A CONCLUSÃO DO CONTRATO COM BASE EM CLÁUSULAS CONTRATUAIS GERAIS
No tráfico jurídico atual desempenham uma função cada vez mais importante as
chamadas cláusulas contratuais gerais, elaboradas de antemão sem prévia negociação
individual por uma das partes e destinadas a serem aceites, sem mais, pela outra. A
razão do recurso a tais cláusulas reside, por um lado, no facto de as regras legais do
Código civil nem sempre contemplam — nem poderem contemplar — os interesses e os
condicionalismos específicos das diversas áreas contratuais. Há a conveniência prática
de pré-formular as respetivas cláusulas para negócios de massa e/ou para negócios que
versam sobre matérias juridicamente difíceis ou tecnicamente sofisticadas, onde é
ineficiente e não racional procurar, sempre de novo, as soluções contratuais adequadas.
Em todo o caso, também as declarações feitas por meio de cláusulas contratuais gerais
são, como é natural, declarações negociais no sentido dos artigos 217.º, 219.º, 224.º e
228.º, que, por isso, lhes são aplicáveis. É preciso ter em conta que tanto os próprios
parceiros contratuais como os seus modos e necessidades de contratar são muito
diferentes entre si e, por isso, as leis devem fornecer os quadros de atuação indicados.
O efeito de racionalização pretendido com o recurso a cláusulas contratuais gerais pode
ser desvirtuado, porém, e muitas vezes assim sucede, para afastar a liberdade contratual,
na exata medida em que aparecem cláusulas concebidas unilateralmente no interesse do
contratante que recorre a cláusulas contratuais gerais, sem hipótese de alteração por
parte do aderente que fica sujeito a elas.
Os contratos singulares afetados por cláusulas excluídas ou até nulas, mantém-se em
princípio a exclusão ou a nulidade de uma cláusula contratual geral não arrasta consigo
todo o negócio, mas leva apenas à não aplicação da respetiva cláusula, ficando o
contrato reduzido à sua parte válida desde que seja viável. Em vez das cláusulas
contratuais gerais afastadas, aplicam-se as normas dispositivas comuns, se necessário
com recurso às regras da integração do negócio jurídico, previstas no artigo 239.º do
Código Civil.
Os efeitos dos contratos celebrados mediante a inclusão das cláusulas contratuais gerais
em nada diferem dos efeitos normais de um contrato, inclusive a sua garantia pela
ordem jurídica privada.
A CULPA IN CONTRAHENDO
O início de negociações estabelece uma relação jurídica pré-contratual entre as partes
negociadoras, relação essa que dá origem a deveres de lealdade, obrigações de informar,
deveres no sentido de observar um comportamento segundo as regras da boa-fé.
Se este comportamento não for observado e na formação de um contrato ocorrerem
danos, pode haver uma obrigação de indemnizar ao abrigo do artigo 227.º por culpa na
formação dos contratos.
Os danos em questão são todos os danos resultantes do procedimento censurável que
está na sua origem. Quando o contrato não se concluiu, a responsabilidade pelos danos é
limitada. O artigo 227.º visa proteger o próprio processo de formação do contrato em
todas as suas fases. Também a celebração do contrato ou a sua posterior anulação ou
declaração de nulidade não afastaram a aplicação do preceito em causa. Daí que se diga
que a culpa in contrahendo tanto pode surgir nos casos em que o contrato não a ser
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celebrado, como nos casos em que o é, mas sofre de uma invalidade ou, ainda, nos casos
em que o contrato é válido, mas, devido à conduta censurável e violadora da boa-fé de
uma parte, é desvantajoso para a outra.
A aplicação do artigo 227.º pressupõe culpa. A simples rutura das negociações não dá
lugar à responsabilidade. Esta consequência decorre do princípio da liberdade
contratual. Se a simples rutura desse lugar a uma indeminização, seria violado aquele
princípio e a vontade das partes ficaria coartada.
A responsabilidade por culpa in contrahendo prescreve, segundo o disposto no n.º 2 do
artigo 227.º, nos termos do artigo 489.º. parecem aplicáveis ainda os artigos 489.º e
494.º, não sendo necessária para a invocação de direitos resultantes do artigo 227.º a
capacidade de exercício. Este resultado protege os incapazes, quando baseada no artigo
227.º, não pode dar origem a uma responsabilidade superior àquela com que arcariam na
sua condição de incapazes de participar no tráfico jurídico.
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mesma. Ou seja, a interpretação parte metodologicamente de elementos objetivos de
forma que através deles consiga obter o elemento subjetivo.
Estabelece o artigo 236.º que a regra do sentido da declaração é aquele que seria
apreendido por um declaratário mediano com capacidade normal de entender o texto ou
conteúdo da declaração, diligência para recolher todos os elementos que sirvam de
auxílio a descoberta da vontade real do declarante.
n.º 2- sempre que o declaratário conheça a vontade real do declarante é de acordo com
ela que vale a declaração emitida.
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