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O facto, num sentido amplo, é um acontecimento da vida que produz efeitos da vida que
entrega uma previsão normativa, produzindo efeito jurídicos; podemos dividir em 2:
Paulo Cunha deu origem a uma forma de distinguir, dentro dos atos jurídicos, os atos jurídicos
e negócios jurídicos; A liberdade contratual surge como uma manifestação do princípio da
autonomia privada. O art.405º CC tem dentro dele essencialmente 2 liberdades:
MRR: a relevância jurídica da vontade é mais intensa nos atos em que existe estipulação, pela
vontade, porque no negócio jurídico ambas as partes podem autorregular os seus interesses;
Artigo 295 – as normas dos negócios jurídicos aplicam-se aos atos jurídicos sempre que a
analogia das situações permita;
1. Distingue os factos entre: (consoante as situações jurídicas que esses atos produzem e
que modifiquem a situação jurídica)
a. Constitutivo: dá origem a uma situação jurídica antes inexistente na ordem
jurídica; ex.: nascimento, inicia a personalidade jurídica;
b. Modificativo: conserva uma situação jurídica, mas que altera o seu conteúdo; ex.:
atualização da renda da casa, é uma interpelação que modifica o conteúdo da
obrigação do devedor;
c. Transmissivo: conserva uma situação jurídica, mas que altera o seu conteúdo; ex.:
contrato de transpasse de um estabelecimento comercial, origina a transmissão de
uma universalidade;
d. Extintivo: decurso de tempo que faz caducar um contrato sujeito a termo;
2. Dentro do facto jurídico em sentido amplo podemos distinguir de acordo com o tipo de
eficácia produzida:
a. Real – permite oponibilidade das situações jurídicas e caracteriza-se por ter as
mesmas características que a sequela e que a inerência, isto é, um titular dos
direitos reais pode perseguir a coisa e produz efeitos na mesma ; Ex.: o contrato de
compra e venda tem efeitos obrigacionais, mas, o que distingue dos demais é o
facto de ter um efeito real; direito real menor de superfície (solo propriedade do
estado e a construção da habitação é da família) incide sobre uma pessoa sem
intermediação de outras pessoas;
b. Obrigacional (depende do devedor para ter o que precisa; resulta a vinculação das
partes, ou de alguma delas, à execução de prestações);
c. Familiar;
É relevante o regime jurídico aplicável às situações jurídicas a que esse facto dá lugar
Negócio jurídico é um ato de autonomia privada pela qual as partes auto regulam os seus
interesses; não é um sinonimo de contrato pois existem negócios jurídicos unilaterais;
Contrato é uma figura milenar, ao contrário do negócio jurídico que nasce no séc. XIX
O negócio jurídico é um paradigma do direito privado que permite que cada pessoa se realize
como quer – liberdade individual;
O negócio é constituído por declarações negociais (uma ou várias), é preciso que as pessoas se
manifestem, essa manifestação da vontade é feita através de uma declaração de vontade;
O código civil utiliza a definição de declaração de vontade (vem regulada a partir dos artigos
217) e corresponde ao comportamento humano portador de um sentido e é destinado pelo
seu autor produzir efeitos jurídico-privados de acordo com o sentido; Há duas dimensões
nesta figura:
O negócio jurídico é as declarações negociais, uma se for unilateral ou várias que estejam em
total acordo (contrato);
Há declarações que não são negócios jurídicos, mas não há negócios jurídicos sem declaração
negociais;
Forma – A vontade para valer, juridicamente, tem de ser exteriorizada, a forma de fazer isso é
através da forma, dai todas as declarações terem forma;
A regra esta no artigo 219, em relação à liberdade de forma, mas existem 3 exceções:
• Decorrem da lei – forma legal, a lei exige uma forma especial para a validação da
declaração; (ex.: alienação de imoveis; 875, 947, 1069, 1710 e 2204;) a falta de forma legal
gera nulidade do negócio, ou seja, não produz efeitos;
O artigo 221 regula o âmbito da forma (ex.: compra de uma casa e combina algo em
específico no dia da escritura, isso deve constar na escritura ou não?)
o 3 tipos de razões para a necessidade de forma legal: solenidade, prova e reflexão –
através de interpretações restritivas pode-se ir contra as razões; MRR: existe
efetivamente a necessidade para estas razões;
• Decorrem da vontade do declarante – forma voluntaria; vem prevista no artigo 222; é ou
uma forma escrita ou uma forma mais solene que o declarante adote mesmo que não
tenha sido necessário (ex.: passo uma declaração para vender um código civil); por ser
espontânea não é suscetível ao ato de violação, não podemos dizer que violou uma forma;
• Decorrem da convenção das partes – forma convencional; prevista no artigo 223; é uma
forma especial que as partes adotam, não espontaneamente, mas sim porque no acordo
decidiram adotar aquela forma; é vulgar para acórdãos para alteração de contrato; a
violação da forma convencional não gera nulidade pois não protege interesses de norma
publica, mas sim das partes, mas tem uma consequência que vem prevista no artigo 223/1,
no n2 temos uma presunção diferente;
• Forma ad substantiam — é exigida para a própria validade do negócio e sem essa forma, o
negócio é nulo (MC: “é exigida pelo Direito para a própria consubstanciação do negócio
em si e na sua falta há nulidade”; CF: “a forma ad substanciam é insubstituível, pois só com
ela o negócio se constitui validamente).
• Forma ad probationem – a forma é exigida pela lei, mas se não for observada, temos
apenas um problema de forma: as partes vão ter mais dificuldade em provar o negócio,
pois a forma em questão é exigida para o reconhecimento do negócio (CF: “forma ad
probationem é apenas exigida como meio de prova”). O artigo 1069/2, sobre o contrato de
arrendamento pode ser usado como exemplo de ato de forma ad probationem;
Figura do documento: nos termos do artigo 362 é qualquer objeto elaborado pelo Homem
com fim de reproduzir ou representar uma pessoa, uma coisa ou um facto;
Documentos escritos - são manifestadores da vontade, isto é, que constituem a forma de uma
declaração;
Tipos de documentos:
• Documentos autênticos – se forem emanados de uma autoridade com fé publica
(elaborado pela própria autoridade e que atesta algo em que essa autoridade é realmente
uma autoridade); mais solenes; contrapõem-se aos documentos particulares, que são
todos os outros;
• Documentos particulares – dividem-se em 2 grupos:
o Simples: são todos os outros, mas podem ter o reconhecimento das assinaturas
(formalidade), notário confirma só quem assina o documento
o Autenticados: são particulares, mas que se leva a um notário e confirma-se o teor
do documento
O artigo 364/1 – quando a lei exige uma determinada forma, as partes são livres de adotar
essa forma ou uma forma superior
O registo é feito por um conservador, dai a formalidade ser realizada por uma pessoa para
alem das partes;
A distinção entre forma e formalidade é claríssima na doutrina, mas na lei não —> assim, não
obstante a clara distinção da doutrina, o regime jurídico da forma e da formalidade é o mesmo
(assim, o artigo 219.º diz também que, regra geral, não existem formalidades exigidas por lei e
o artigo 220.º refere-se também à consequência da falta de observância de uma formalidade).
Não basta que as pessoas se manifestem, temos de interpretar, pois não conseguimos aceder
ao comportamento sem fazer o exercício da interpretação;
A interpretação do negócio é necessária e importante pois produz efeitos de acordo com o seu
sentido portante, convém saber qual é o significado do comportamento para saber quais são
os efeitos que se vão produzir;
• Regime da interpretação
• Regime da integração de lacunas do negócio
• Não há razão para adotarmos uma técnica de interpretação que parte de pressupostos
que são diferentes dos nossos: temos um ordenamento jurídico completamente diferente
do alemão, temos regras sobre integração de lacunas…
• Do ponto de vista dos resultados, esta tese é má —> o negócio jurídico é a manifestação,
no mundo jurídico, da vontade das pessoas e se vamos fazer uma interpretação
integradora, vamos interpretar também de acordo com a boa-fé, estamos a dar menos
relevância à autonomia (pois a boa-fé é um critério objetivo).
2 regras especial:
1. 237 - o que fazer em caso de dúvida, opta por um critério do equilíbrio do próprio negócio;
só se aplica em caso de dúvida;
2. 238 - Apresenta um critério adicional para os negócios formais, é preciso que o sentido
relevante e a forma sejam compatíveis;
estes artigos não resolvem todos os problemas; uma declaração à qual não se consiga atribuir
sentido é nula por indeterminação do objeto, porém, se as partes quiserem fazer algum
negócio podem faze-lo no futuro;
2 problemas:
• O que fazer com a declaração nas não recipiendas: a doutrina não se entende; MRR: o 366
não é aplicável pois prossupõe a existência de um declaratário então se a declaração não
for ricipienda não há declaratario, aplicando por analogia o artigo 2187 que é uma das
normas especiais;
• O que fazer com negócio normativos: não são negócios instantâneos; o mesmo negócio vai
gerar uma norma que se aplica muitas vezes; ex.: ato de constituição de pessoa coletiva;
MRR: deve aplicar-se o artigo 236 na mesma tratando-se de declarações com declaratario,
isto é, recipiendas;
Outra regra especial vem revista na lei das clausulas contratuais gerais;
Integração de lacunas:
Existem vários tipos. Uma pessoa que comete um crime tem como consequência ir para a
prisão, isto é, crime penal. Exercício de autonomia privada para lá dos limites da lei.
consequência: não vou produzir os efeitos que estavam destinados a produzir.
• Ineficácias – em sentido estrito é a característica do negócio que não produz efeitos; este
vicio pode não ter implicação na validade do negócio; ex.: decidir uma data especifica;
268/1; inoponibilidade: não produz efeitos ex.: 2
• Invalidade – são vicio internos do negócio jurídico que limitam os efeitos que esse negócio
se destina a produzir, vem regulados nos 286 e ss. Esta subdividida em 3 subcategorias:
o Nulidade – é a invalidade mais grave e caracteriza-se por o negócio não produzir
efeitos. É o vicio regra nos termos do artigo 294. Justifica-se pela violação de
regras de ordem publica, isto é, regras que protegem interesses de ordem publica.
MC: é critico da consequência validade/forma ser a nulidade, entende que é
excessivo como consequência. Quando um negócio é nulo não produz efeitos e
temos só uma aparência de negócio. A declaração para declarar a nulidade é
meramente declarativa. Não tem prazo para ser invocável, ou seja, é um vicio
indescritível, é nulo até à eternidade. O tribunal tem o dever de ofício de declarar
a nulidade do negócio, pois estão em causa interesses públicos. Qualquer
interessado pode invocar a nulidade, não é qualquer pessoa, necessita de um
interesse, não é preciso ser parte do negócio, mas precisa de uma interferência na
esfera de outra pessoa para invocar.
o Invalidades mistas ou atípicas – não há uma regra geral. A lei previu esquemas de
proteção de terceiros que podem ter atuado de boa-fé: 1) previsto no artigo 1269
relativamente a frutos e a bem feitorias que possam ter sido realizadas na coisa
(ex.: upgrade no comprador e depois tem de devolver o computador). 2) vem
previsto no 291 tem uma regra especial para proteger terceiros que tenham
confiado, mas que foi sujeito a registo e que tenha sido efetivamente registado,
291/3. O legislador protege a existência do registo.
o Anulabilidade – precisamos de uma norma que diga que a consequência é a
anulabilidade. Previsto no artigo 294. Protege um interesse particular, de uma
determinada pessoa, dando lugar a um direito potestativo. Produz efeitos até ser
anulado e tem um prazo para ser invocada, por norma bastante curto. Artigo 219
para a liberdade de forma quando à anualidade, não necessita de ser num
tribunal, só que, por norma as partes não se vão entender quanto à validade ou
invalidade do negócio. Só certas pessoas estão legitimadas a pedir, são as que a lei
estabeleceu que vem previsto no 287. 289 e conjugar com a norma que deu
origem à anulabilidade (ex.: no caso da coação legal). Da origem a um direito
potestativo. É passível de sanação, ao contrário da nulidade, pelo decurso do
prazo ou pela confirmação - artigo 288. Produzem os efeitos previstos no 289, ou
seja, tem efeitos retroativos, devendo ser restituído tudo aquilo que fosse
prestado, nos casos de um negócio ser sinalagmático as coisas ficam na mesma
sem efeitos retroativos (ex.: contrato de trabalho nulo).
• Irregularidade – é um desvalor do negócio que não o torna invalido, provocando muitas
irregularidades; ex.: casamento dos menores sem autorização dos pais;
• Instituto da redução: vem previsto no 292 – permite aproveitar negócios jurídicos cujo as
estipulações podem ser divididas. Invalidade parcial, determina-se pela vontade das partes
nos reduzimos o negócio e cabe a pessoa que não quer a redução demostrar que o
negócio não teria sido celebrado sem a parte viciada.
Ex.: maça, só esta pobre uma parte, se a tirarmos podemos comer o resto.
• Instituto da conversão: vem previsto no 293 – todo o negócio é afetado pela invalidade,
mas é possível transformar aquele negócio noutro que a parte também teria pretendido se
soubessem dessa invalidade. Tentar descobrir se os requisitos de forma de outro negócio
que as partes não se importariam de celebrar seria compatível com esse antigo negócio.
Ex.: laranja, fica tudo estragado e nada se aproveita
Inoponibilidade (291) é um desvalor tem a ver com a questão da boa-fé. Tratamos da validade
ou não do negócio consoante a pessoa em que produz efeitos. Compra e venda de bens
alheios – 892.
Formação do contrato:
O contrato é a figura tradicional do direito civil. Colaboração entre sujeitos, que supram as
insuficiências ou benefícios entre eles.
Princípio do contrato pode ser alcançado através dos artigos 405 (concede uma liberdade
máxima, as partes podem fazer, do ponto de vista contratual, o que quiserem) e 457 (negócios
unilaterais, só pode existir nos casos previstos da lei – princípio de tipicidade). Os negócios são
revogáveis pelos seus autores, segundo a regra geral. O contrato é um negócio mais seguro.
Como é que se formam um acordo que ira dar origem a um contrato. Juridicamente, a lei
portuguesa desinteressou-se, com uma única exceção. O acordo, nos termos do 232, é um
acordo pode ser sobre qualquer coisa que as partes entendam. Não existem acordos parciais,
o acordo é quanto à totalidade do negócio, segundo o artigo 232.
Tem como efeito constituir um direito potestativo na esfera do declaratário e uma sujeição na
esfera jurídica do proponente, consiste na possibilidade do destinatário dar origem ao
contrato através da aceitação, e um efeito passivo, ou seja, apos enviar a declaração, o
declarante esta sujeito à decisão do destinatário de aceitar, ou não, a proposta.
Tem uma duração, regulada no 228, que se destina a proteger os proponentes. Não caducam
com a morte do proponente, mas sim com a morte do declaratário, nos termos do artigo
231/2. Apesar de ser irrevogável após ser recebida pelo declaratário, pode ser revogada nos
termos do artigo 230/2, mas tem de chegar ao mesmo tempo ou antes da proposta. A
doutrina entende que ao mesmo tempo, significa um tempo juridicamente relevante.
1. Pode fazer nada. Silencio que não tem valor negocial e caduca com o prazo do 228
2. Pode fazer uma contraproposta. Proposta feita pela pessoa que a recebeu.
3. Pode aceitar a proposta. Se aceitar forma-se um contrato no lugar e o momento que é
aceite. Como a aceitação é uma declaração recipienda forma-se no mento e no lugar que
recebe a aceitação. Só existe se as partes concordarem sobre tudo – 232.
4. Artigo 233, é uma aceitação com modificações, ou seja, na prática também é uma
contraproposta.
Artigo 229 estabelece o regime de recessão tardia que consiste em permitir a aceitação do
contrato. A aceitação, em certos casos, pode ser revogada, artigo 135.
Artigo 234, MC entendia que era apenas uma conservação de declarações tacitas, MRR
discorda. A lei dispensa esta 2º vertente da aceitação, quando os usos ou a própria proposta
dispensem a aceitação, a aceitação decorre de factos que levem a pensar que há uma
aceitação.
Clausulas contratuais gerias, vem regulada no decreto de lei 446/85 de 25 de outubro. São
proposições pré elaboradas que proponentes ou destinatários indeterminados se limitam a
subscrever ou a aceitar.
Por norma tem uma natureza formularia, por razões praticas temos um conjunto de clausulas
que já esta redigido que se costumam designar por clausulas gerais e à parte fisicamente
temos as partículas com todas as informações particulares daquele contrato que se traduzem
no preenchimento dos elementos voluntários do contrato, isto é, os requisitos do contrato.
Não é necessário ter natureza formularia, sendo esta tendencial.
Vantagens:
Desvantagens:
• Resulta da rigidez pois são elaboradas por apenas 1 dos contraentes, que normalmente
não esta disponível para as alterar e tornam-se desequilibradas a favor dele e que não
reflita particularidades da pessoa em concreto.
São um modelo de celebrar contrato, mas nem sempre estamos a celebrar um contrato.
Portanto, o contrato para se celebrar, seja com clausulas contratuais gerais, seja na
modalidade clássica, o contrato só se forma quando existe acordo das partes relativamente a
um qualquer conjunto de clausulas contratuais gerais. Clausulas que não tenham sido
assinadas, isto é, não tenha havido o acordo do aderente não são um contrato.
Existem deveres especiais na contratação para quem se pretende prevalecer das clausulas
contratuais gerais:
O artigo 9º da lei das clausulas diz que nos contratos singulares (são celebrados de acordo com
as clausulas contratuais gerais) em que tenham sido excluídas algumas ou todas destas
clausulas valem as normas supletivas do cc. Não exclui a possibilidade de existir
responsabilidade pré contratual. Se houver outro tipo de violação é possível conjugar o
disposto no artigo 8º com o regime geral que vem previsto no artigo 227 do cc
O diploma das clausulas passou a ser aplicável também a contratos rígidos (artigo 1/2) que
apesar de ou não serem dotados de pré elaboração ou não serem dotados de generalidade,
como as clausulas contratuais gerais, são rígidos e então a lei manda aplicar o disposto da lccg
a esses contratos rígidos, pois apesar de faltarem características das clausulas contratuais
gerais, ainda existe o certo desnível em relação as partes que justifica a intervenção feita na
lccg.
• Remetem para o regime geral, mas a forma com que a forma foi consagrada faz com que
se considere que um declatratário (para aplicação do 236 e ss.) é sempre um aderente e
não um utilizador das clausulas.
No caso das seguradoras quem faz a proposta é o segurado, no entanto é preparada pela
seguradora que aceita. Não se pretende aplicar o 236.
Vem prevista no artigo 227. O legislador português interessou-se nesta matéria, pois
corresponde a um caso em que a lei entende que se as partes fizerem isto então o legislador
tem que intervir, no caso, através da responsabilidade civil. É preciso que haja negociações
para ser aplicado. A doutrina discute o que será a diferença entre os preliminares e a formação
do contrato, na opinião da regente ninguém tem uma boa solução. Tem de existir a existência
de uma decorrência de uma negociação, quer estejamos no meio, início ou fim das
negociações aplicamos sempre o 227. Normalmente, aquilo que se diz, os preliminares
incluem tudo exceto a proposta e a aceitação e a formação do contrato seria a proposta e a
aceitação. O segundo requisito é ter existido uma violação da boa-fé, aqui boa-fé esta no
sentido objetivo, isto é, corresponde as normas ditadas pela boa-fé. Na opinião de MC, que é a
opinião maioritária, a boa-fé deve ser entendida como os princípios fundamentais do
ordenamento jurídico vocacionados para intervir no caso concreto, os princípios da tutela de
confiança e a primazia da materialidade subjacente, no 227 estes 2 princípios geram 2 tipos de
deveres:
• Deveres de informação
• Deveres de lealdade
Entende-se que quando 2 pessoas estão a negociar um contrato, a boa-fé exige que as pessoas
troquem entre si a informação necessária à celebração do contrato e exige que as pessoas
sejam leais.
Alguma doutrina entende que alem destes 2 deveres ainda existe um outro tipo de dever, que
são os deveres de proteção ou de segurança. Traduzem-se ao dever de cada um de proteger o
património e a pessoa da outra parte e as vezes até de pessoas relacionadas com a outra
parte. Na opinião da regente não existem dever de proteção gerados pela boa-fé, a negociação
não tem nada que ver com o património. O professor Menezes Cordeiro concorda com esta
doutrina.
Se houver a violação da boa-fé, é preciso ainda que essa violação ocorra com culpa, como
último requisito para a culpa in contrahendo.
Problema do que se deve indemnizar: a lei diz que quando alguém tem que indemnizar essa
pessoa, tem que a colocar na situação em que estaria se não tivesse acontecido o facto ilícito.
O problema é que o facto ilícito é x e é saber se se tem que colocar o lesado na situação em
que estaria se não estivesse acontecido o facto ilícito, mas no momento imediatamente
anterior ao facto ilícito ou no momento posterior ao facto ilícito imaginando que tudo teria
corrido bem. Designamos a primeira como indemnização de acordo com o interesse contratual
negativo ou indemnização pelo dano da confiança, na segunda opção designamos como
indeminização de acordo com o interesse contratual positivo ou dano do comprimento. O
problema é que quando ambas as partes estão a celebrar um contrato nenhuma delas tem
direito à celebração do contrato.
MRR: indemnização pelo interesse contratual negativo, opinião oposta à de MC, porque
durante a negociação nenhuma das partes tem direito à celebração do negócio, mas mesmo
que exista um comportamento violador da boa-fé, não podemos dizer que um contrato foi
celebrado. A vítima não tem direito a que o contrato seja celebrado, não pode ser
indemnizada como se tivesse direito à celebração do contrato.
É preciso saber a natureza jurídica deste tipo de responsabilidade civil: há autores que
defendem que é uma responsabilidade obrigacional e há outros que defendem a
responsabilidade extra obrigacional. O problema é que no artigo 227 não resolve muitos
problemas, tais como tem de provar a culpa para haver indeminização, neste caso temos 2
tipos diferentes, alguns autores aplicam as regras da responsabilidade contratual e outros
autores aplicam as regras da responsabilidade obrigacional. MC: entende que existe uma
responsabilidade obrigacional entendendo que existe um dever específico destas 2 pessoas de
não violarem a boa-fé. A responsabilidade pré contratual aplica-se sempre que haja problemas
que resultem em danos na fase pré contratual, independentemente do contrato tenha sido ou
não feito.
O que acontece quando as pessoas se enganam a exprimir a sua vontade existem? Existem
várias maneiras de organizar os vícios, a regente gosta de usar uma forma mais antiga:
1. Falta de vontade: casos em que falta a propiá vontade. Estes vícios são os mais graves,
são aqueles que tem as consequências mais graves.
a. Coação física: não existe vontade de ação. O artigo 246, diz nos que um
terceiro que controla o declarante ao nível mais básico. Ex.: nos casos em que
o silencio tem valor negocial, através da força física.
- Consequência: não produz qualquer efeito, é um caso de inexistência na
opinião da MRR, MC entende que o vicio é o da nulidade. MRR não concorda
porque nos 3 vícios mais graves a lei diz “não produz qualquer efeito,
enquanto nos outros o legislador usa expressões diferentes e na nulidade,
segundo o professor Menezes Cordeiro é possível certas pessoas
prevalecerem-se de negócios nulos, o professor MC tem razão, mas o
problema é que o legislador não quis que protegêssemos 3º de boa-fé quando
o declarante foi vítima de uma coação física.
b. Falta de consciência na declaração: vem previsto no mesmo artigo. Há falta de
vontade de declaração. Ex.: está num leilão e levanta o braço para
cumprimentar alguém, não quer licitar, mas naquele ambiente pode significar
isso.
- Consequência: é a inexistência, mas há uma diferença que está na
indeminização do “descuido” da pessoa. Não há negócio jurídico, mas a pessoa
se tiver culpa tem de indemnizar algum dano que tenha existido.
c. Declarações não serias: o que falta é a vontade funcional. Previsto no artigo
245. Ex.: casos da aula teórica, casos que se passam no teatro e as
brincadeiras. Aqui é necessário que o declarante profira a declaração em que a
fata de sinceridade da sua declaração não seja desconhecida.
- Existem 2 possibilidades: não produz qualquer efeito, ou seja, é inexistente,
mas se for feita nos termos do n2 do 245, nesses casos há o dever de
indemnizar, foi designado pela doutrina como graça pesada, foi feita de tal
maneira que a pessoa não percebe que é uma piada.
2. Vícios da vontade: existiu uma vontade que foi malformada, pode ter sido originada
por 2 problemas diferentes:
a. Falta de liberdade (medo): é preciso que o medo atinja um certo patamar.
Consagrado no instituto da coação moral que consiste em ter sido cauda pelo
um receio de um mal de que o declarante foi ilicitamente ameaçado com o fim
de obter dele a declaração. Vem previsto no artigo 255/1. É preciso ter sido
ameaçada desse mal.
b. Falta de esclarecimento (erro):
c. Incapacidade acidental: inclui a falta de liberdade e de esclarecimento.
3. Divergências entre vontade e declaração: é o menos grave. Aqui temos uma vontade
que existe e foi bem formada, mas correu mal o processo de exteriorização da
vontade. Há uma divergência entre a vontade real e a vontade declarada.
Níveis de vontade:
➢ Vontade de ação: tem vontade de ação quando controla o seu próprio corpo.
➢ Vontade de declaração: grande parte dos nossos comportamentos tem um sentido, pois
queremos declarar algo. Consiste em eu controlar não só o meu corpo como o sentido do
meu comportamento.
➢ Vontade funcional ou negocial: pressupõe as duas outras. O declarante quer realizar o seu
comportamento, bem como o significado atribuído, mas não quer que as palavras
produzam o seu efeito. Ex: os exemplos das aulas teóricas com os negócios jurídicos.
1. Ameaça: A ameaça pode respeitar a uma pessoa, seja física ou moral. Pode dirigir-se ao
declarante, quer a um terceiro. A lei portuguesa não impõe limites a terceiros, pode ser
qualquer pessoa, mas do ponto de vista prático tem de ser uma pessoa com ligação com a
pessoa. A ameaça pode respeitar ao património (fazenda), pode ser do declarante ou de
um terceiro. O mal de que a pessoa é ameaça pode ser criado pelo agressor ou pode já
existir e que o coator diz que vai manter. Não constitui ameaça de um exercício normal de
um direito, o problema é quando o exercício é exercício com abuso de direito - ex.:
recorrer ao tribunal para obter uma vantagem em algo que não tem nada a ver com a
minha pretensão, valendo de uma vulnerabilidade da pessoa, nos termos do artigo 255.
2. Ilicitude
3. Intencionalidade: a lei parece dizer que tem de existir dolo, isto é, tem de ser feita com o
fim de obter a declaração. Com alguma frequência, as pessoas podem ficar transtornadas
que vão para além do que estava a ser ameaçada. MC: entende que nesses casos continua
a haver intencionalidade, MRR discorda, porque é um vicio que mete em causa o negócio
jurídico, e é preciso a declaração da ameaça e não para além.
4. Dupla causalidade: temos de ter 2 relações de causalidade:
a. Entre a ameaça e o medo (receio de um mal que a pessoa foi ilicitamente
ameaçada).
b. O medo deve ter sido a causa da declaração.
Quando faltar algum destes, não há coação moral. O artigo 256 prevê um caso especial
de coação moral, em que o coator é um terceiro e não o declaratário, apresenta
requisitos adicionais para a relevância da coação de terceiro. É necessário que o mal
seja grave e justificado o receito da sua consolação.
Em alguns manuais juntam a ameaça e a ilicitude, MRR acha que é melhor distinguir.
- Tumor reverencial é o respeito natural que alguém tem por outra pessoa que lhe é superior
(filhos em relação aos pais), o que a lei diz é que não constitui coação moral. O que acontece é
o constrangimento, mas é algo natural que decorre da reverencia normal que ocorre neste
tipo de situações. É totalmente diferente da coação moral.
- Ameaça de morte não é um caso de coação física, existem todas as vontades, portanto não
estamos no patamar da falta de vontade. Neste caso o declarante tem opção, pode optar por
morrer. MC: discorda, acha que a pessoa não tem opção, MRR discorda, pois, é um problema
de falta de liberdade, não de vontade.
Consequência: anulabilidade, artigo 256. Neste caso estamos perante um vicio da vontade,
portante a pessoa protegida é a vítima. Nos termos do 287, o prazo conta-se um ano após a
cessação do vicio que lhe serve de fundamento, a ameaça não é o vicio, mas sim o medo/falta
de liberdade, temos de apurar o momento em que cessa o medo.
Vicio do erro: não é o medo, mas sim a falta de conhecimento, desconhecimento ou uma
falta representação da realidade. São vícios porque a vontade das pessoas forma-se a partir
da ponderação de determinados fatores que partem da realidade. Estes fatores designam-se
por motivos. Por definição só há erros para o presente e para o passado, para o futuro só há
previsões. É um vicio mais delicado que a coação moral, pois não há ilicitude e, portanto, há
um compromisso entre a segurança e a autonomia privada, pois o erro é espontâneo. Na
prática é muito difícil provar o erro.
Requisitos: variam em função de 2 critérios:
• Ter sido espontâneo (ou simples) ou provocado (designa-se por erro qualificado por dolo,
previsto no artigo 254. Quando o erro é provocado por dolo, consiste em alguém
intencionalmente afastar-se do comportamento que lhe seria exigível por alguém. A lei
define-o lei no artigo 253/1, ou seja, é preciso haver uma mentira, é necessário que tenha
a intensão ou consciência que está a manter a outra pessoa em dolo. O autor do dolo pode
ser o declaratário ou um terceiro. O erro pode já existir ou pode ser criado a d início. No n2
vem prevista a figura do dolus bónus, é um caso em que os dolos são admitidos porque
são praticas comuns no mundo jurídico. Erros causados por dolo basta que exista dupla
causalidade.) Normalmente havendo dolo, há culpa in contrahendo, conjugando-se o
artigo 253 e o da culpa in contrahendo.
• Só se aplica ao erro espontâneo, só distingue o erro em função do objeto do erro, do
elemento em que incidiu o erro.
Efeitos do dolo:
Erro consiste numa falsa representação da realidade. O regime do erro no nosso CC é bastante
complexo e está dividido em vários sub-regimes, consoante o objeto do erro:
1- Erro sobre o objeto (251º CC), dentro do objeto do negócio, pode incidir sobre o
objeto jurídico ou o material.
2- Erro sobre o declaratário (251º CC)
3- Erro sobre a base do negócio (252º/2 CC)
4- Erro sobre quaisquer outros motivos da vontade [residual] (252º/1 CC)
1 e 2: tem o mesmo regime jurídico: previsto no artigo 251. A pessoa inclui a identidade do
declaratário, bem como as qualidades objetivas do declaratário (tem uma relevância objetiva
no negócio que se quer celebrar). Em relação ao objeto do negócio é num sentido que inclui,
quer o objeto, quer o conteúdo. O artigo 251 do código manda aplicar o disposto no artigo
247, regula outro tipo de erro que é uma divergência entre a vontade declarada e a vontade
real. Quando o aplicamos por remissão do 251 estamos a aplicar o artigo dentro das palavras
“desde que”. Requisitos: tem de existir o erro, tem que existir essencialidade para o declarante
do erro nos termos do 247, ou seja, o declarante sem aquela falsa representação não teria
celebrado o negócio. O segundo requisito é favorável ao declaratário, diz na lei, ou seja, não é
preciso conhecer o erro, mas sim do motivo. O efeito da existência de erro é a anulabilidade
do negócio, quem pode anular é o declarante com o prazo de anulação que se conta quando
se conhece o erro. A doutrina portuguesa é critica em o erro não tem o requisito das
desculpabilidade e de que não existe uma indemnização do declarante quando este opta por
anular o negócio. MC dá o exemplo de uma senhora que vai comprar um vestido de noiva para
o casamento que foi convidada, depois vem a saber que não é assim. Decide anular o negócio,
o professor diz que nos erros indesculpável é impossível não poder ignorar e não se pode
anular. MRR acha que é difícil aplicar em algumas situações. É normal conjugar o artigo 227 e
234 com o artigo 251/257.
Ex: Em 1979, aconteceu uma revolução no Irão, tendo sido instituído um regime religioso
islâmico. Com esse regime, passou a ser proibido vender álcool a retalho. Havia um contrato
de fornecimento de cerveja entre uma sociedade comercial iraniana e uma empresa alemã. Os
camiões com toneladas de cerveja, vindos da Alemanha, estavam quase a chegar ao Irão,
quando aconteceu a revolução. Os camiões ficaram detidos e, depois da revolução, o
comprador da cerveja (a sociedade iraniana) não a queria pagar, porque dizia que o negócio
era inválido, pois não ia poder vender a cerveja. A sociedade iraniana tinha um supermercado
— comprou a cerveja para a vender. Conseguimos perceber que a alteração das leis, mais
precisamente a proibição da venda de álcool, altera completamente a filosofia do negócio —>
naqueles moldes (não podendo a cerveja ser vendida depois pela sociedade iraniana), o
negócio perdia grande parte do seu sentido (MC diz que “pode acontecer que um contrato
uma vez celebrado, venha a cair nas malhas de alterações circunstâncias de tal modo que
ganhe um sentido e uma dimensão totalmente fora do encarado pelas partes, aquando da sua
conclusão”).
Não basta que uma das partes tenha baseado o negócio naquilo, são necessárias ambas as
partes. Quando apenas uma das partes supõem não é um problema do negócio. O regime
jurídico vem previsto no artigo 437 por remissão do 252/2, não temos uma alteração das
circunstâncias, mas sim um erro na base do negócio. Daí aplicarmos a partir da expressão “a
parte lesada”. Temos que ter um erro, é preciso que a manutenção do negócio vá contra o
princípio da boa-fé (sobre o equilíbrio contratual), é preciso que essa alteração não esteja
coberto pelos riscos próximos dos negócios. O efeito também é muito discutido porque temos
2 opções: a anulação e a possibilidade de modificar o negócio (alguns autores dizem que isto
está reservado para a alteração das circunstâncias. MRR acha que se o legislador não quisesse
a modificação não teria dito, alem disso, quando nos podemos modificar e manter o negócio,
parece uma boa solução). Regente chama atenção para o artigo 437/2.
4: só o aplicamos quando nenhum outro erro se verificar. Aqui estamos perante motivos
subjetivos, as qualidades subjetivas entram para aqui porque se formos analisar o regime do
erro que é difícil anular perante os motivos. O regime é muito rigoroso. Compreende se para
erros bastante subjetivos.
- Requisitos: é preciso que haja um reconhecimento por acordo na essencialidade do motivo.
Tem de reconhecer que é essencial para uma das partes. Pode ser um acordo tácito, não é
necessário que seja expresso.
Vicio da incapacidade acidental (previsto no 257): é preciso que alguém esteja acidentalmente
incapacitado, mas só se aplica naquele momento em que se celebrou o negócio jurídico. O
vicio pode ser ou na vontade ou no entendimento. Exige que o facto, isto é, a falta de
entendimento ou de vontade, seja notório. O efeito é a anulabilidade, aplicado a casos que as
pessoas estão sob o efeito do álcool ou drogas.
Aqui a vontade foi bem formada, mas quando o exteriorizou houve um problema.
Tradicionalmente, é possível distinguir entre 3 tipos de vontade, quando ela existe.
• Vontade real: corresponde à vontade que o declarante efetivamente teve. Aquilo que ele
desejou.
• Vontade declarada: corresponde ao que declarou, pela aplicação do 236.
• Vontade conjetural: é uma vontade construída que corresponde à vontade que o
declarante teria tido se se tivesse determinado em condições ótimas de esclarecimento e
liberdade.
Quando não são idênticas a vontade real e a declarada, tenho um problema entre a vontade e
a declaração. Se a falta de vontade real ou declarada for oposta à conjetural, tenho um
problema de vícios da vontade.
A simulação é uma divergência entre a vontade declarada e a vontade real, feita por acordo
com intuito de enganar terceiros.
É um vicio bilateral. Numa simulação tem de haver sempre 2 acordos, a previa e a declaração
propriamente dita que corresponde à mentira.
Uma simulação não é um negócio indireto, isto é, um negócio que as partes celebram que
normalmente corresponde a um contrato típico, mas em que há um dos elementos do negócio
que é alterado de forma dramática e do ponto de vista económico começa a desempenhar a
função típica de outro negócio.
O vicio da simulação é muito vulgar em Portugal.
Pode ser:
É possível ser
• Absoluta: há uma aparência do negócio, mas sob essa aparência as partes não querem
fazer o negócio. Ex.: diz que vendi a casa, disse que comprou a casa, mas não houve
negócio nenhum.
• Relativa: um negócio simulado e um negócio dissimulado (escondido que corresponde à
vontade real), neste caso estão previstos os 3 requisitos da simulação. A vontade real
corresponde a um negócio jurídico. Temos 2 negócios.
o O negócio simulado o regime jurídico é o 240/2 e é nulo.
o O negócio dissimulado vem previsto no 241, ao negócio dissimulado é aplicável o
regime que lhe corresponderia se tivesse sido celebrado sem simulação. A lei
trata-o com independência relativamente ao negócio simulado. O problema
principal é a forma, se são negócios escondidos provavelmente não revestem
forma necessária. Quando a lei exige forma publica e é feito por simulação, é
impossível observar a forma, tornando o negócio nulo nos termos do 220.
- Oliveira Ascensão: quando a simulação fosse de preço apenas, devia ser
considerado valido, porque o artigo 241 não fala do facto de ter de revestir forma.
MRR não concorda porque a razão da invalidade do 241/2 pode ser outra que não
a forma.
- Por aplicação do 221 a forma não se aplicava ao concreto valor do preço, temos
de ver se constam todos os elementos relevantes do negócio, com a indicação de
um preço, mas o preço pode ser um qualquer. MRR: não tem razão por causa do
controlo do pagamento dos impostos, diria que o imposto a pagar seria diferente
consoante o preço, não podendo admitir que a forma não seja um controlo destes
negócios.
- MC: aplicar o 238/2, basta que haja o mínimo de correspondência entre o
negócio simulado e o negócio dissimulado. MRR: não concorda porque este artigo
está a referir-se a vontade real na origem da declaração, é uma aplicação abusiva
do artigo.
Problema da simulação:
Em Portugal existem muitos direitos de preferência (consiste no direito de uma pessoa
celebrar o negócio com outra em vez de alguém com quem essa outra pessoa quer celebrar o
negócio), tem eficácia real (o preferente pode, a qualquer momento, impor-se às outras
pessoas e fazer o negócio).
Imaginando que o inclino, de acordo com o 1091 tem direito de preferência em certos
negócios, se não lhe for dada a preferência, tem direito a ver para si o negócio através de uma
ação de preferência, prevista no artigo 1410.
- No caso A o negócio simulado é o dos 5000 e o dissimulado é o dos 3000, portanto o preço
que foi pago foi o dos 3000. Aqui o preferente tem todo o interesse em invocar a anulidade da
simulação. Se vier a descobrir que foi feita a simulação e o valor real são 300, vai querer
preferir sobre os 3000, aqui não há problema pois ele é um interessado no negócio e age para
com os seus direitos, podendo invocar a anulidade da situação e fazendo o negócio pagando
os 3000, se o negócio fosse nulo não podia fazer a preferência sobre um negócio nulo, este
teria de ser valido. O negócio dissimulado tem de ser valido.
- O caso B, o preferente vai querer preferir sobre os 3000, que é o negócio simulado, que é
nulo. À luz do disposto no artigo 143/1 o preferente pode ficar com o imóvel pelos 3000. Neste
caso o preferente é um terceiro de boa-fé.
Surgiram teoria para obrigar o preferendo a preferir sobre o negócio dos 5000:
➢ A teoria mais conhecida diz que temos de fazer uma interpretação restritiva do artigo 243
e entender que o terceiro de boa-fé será aquele que veja a ser prejudicado pela simulação.
No caso B, o terceiro de boa-fé seria é beneficiado pela simulação.
➢ MC, na edição anterior do manual: o artigo diz que o terceiro de boa-fé é aquele que
ignora. O professor entendia que os direitos do preferente, não eram o direito de
preferência, mas sim o direito de propriedade sobre a coisa. Numa ação normal, na
contestação os simuladores virem dizer que o preço não é aquele dito, por tanto o
preferente se quiser preferir tem de pagar os 5000. O preferente está de má-fé.
➢ O preferente não poderia proferir porque seria um caso de enriquecimento sem causa, nos
termos do 473.
➢ MC atual: diz que o preferente não pode proferir pois não existe investimento de
confiança que permita afastar a nulidade da simulação. MRR diz que há quase sempre o
investimento de confiança, como por exemplo, pagar a um advogado só para propor a
ação e tem de depositar o preço nos 15 dias seguintes a proposituras da ação.
➢ MRR: diz que nenhuma destas teses é procedente. O artigo 243 destina-se a proteger o
terceiro de boa-fé, os simuladores são os “maus da fita” e teríamos de proteger os outros
e não eles. O objetivo este artigo é desincentivar os simuladores.
Reserva mental: é uma divergência entre a vontade real e a declaração com o intuito de
enganar o declaratário. Não existe acordo. Vem previsto no artigo 244.
O efeito é nenhum – a pessoa fica vinculada aquilo que disse deliberadamente e não o que
queria, nos termos do n2. Porem, se for conhecida do declaratário produzem-se os efeitos da
declaração, se a vontade real não for igual a 0, pode vir a ser valido o negócio dissimulado.
Erro obstáculo ou na declaração: temos uma divergência não intencional (foi um lapso) entre
a vontade real e a declarada. A pessoa enganou-se. Temos vários regimes possíveis:
• Se o erro for patente, o problema resolve-se por interpretação, nos termos do 236. Vale o
sentido pretendido, nos termos do n2.
• Quando estão documentados (fazem parte de um documento), o artigo 249 retifica o erro
de escrita e resolve o problema.
• Quando o erro não é parente: regula o artigo 247. O negócio é anulável se a vontade real
tiver sido essencial, mas é preciso que o declaratário conhecesse a essencialidade daquela
divergência para o declarante. O artigo 248 permite ao declaratário aceitar o negócio
segundo a vontade real. Pretende salvar o negócio.
• Erro na transmissão: o núncio é uma pessoa que transmite uma declaração de vontade de
outra pessoa, mas ele não tem vontade. O artigo 250 regula os erros obstáculos do núncio,
se os erros forem do representante aplicamos o 259.
Conteúdo do negócio jurídico: é o conjunto das regras jurídicas que pelo negócio ter sido
celebrado irão vigorar naquele espaço delimitado pelas partes. Ex.: compra e venda de um
telemóvel, os deveres são o de entrega da coisa, pagamento do preço.
A doutrina distingue dentro do conteúdo vários elementos:
• Elementos normativos:
o Injuntivos: as partes não podem afastar. Ex.: a obrigação de pagar o Iva na compra
do telefone.
o Supletivos: se as partes nada disserem, será, por exemplo, o momento do
pagamento do preço
• Elementos voluntários (a lei não impõe):
o Necessário: tendo em conta o tipo de negócio tem de lá estar. Ex.: na compra e
venda tem de haver um preço.
o Eventuais: são, por exemplo, o sinal e o termos, são cláusulas que podem existir ou
não. Os contratos podem ser celebrados a termo ou com tempo indefinido.
Tipos sociais: não é um tipo em sentido próprio, é um contrato que não é típico, mas que de
acordo com os usos é celebrado de uma certa maneira. Permitem um modelo mais ou menos
compreensível.
Incluímos quer o objeto, quer o conteúdo, isto é, quer as situações jurídicas, quer as coisas que
são objeto das situações jurídicas. Vem regulado no artigo 280 do cc, determina que se algum
negócio violar alguma dessas prescrições, o negócio é nulo. A consequência é nulidade, não
produz efeitos.
Figura da fraude à lei: é um conceito próprio do direito internacional privado, vem previsto no
artigo 21. Quando se invoca a fraude à lei, temos de extrapolar o artigo 21 a áreas em que não
se aplica. Consiste numa forma de contornar a lei, as partes evitam a previsão normativa e
conseguem o mesmo resultado económico social com outras regas, respeitando as palavras da
lei, mas não o comando da lei. Se o legislador evitar um determinado resultado, todas as
formas de obtenção do resultado são invalidas. MRR: é uma figura que não tem lugar no
direito material.
A lei também estabelece alguns requisitos para o fim do negócio e proíbe, no artigo 281, fins
contrários à lei, a ordem publica ou aos costumes, trata-se do fim do negócio. O fim do
negócio só gera a invalidade se o fim for comum a ambas as partes. O fim só contaminada se a
invalidade do fim for comum a ambas as partes. Se for um negócio oneroso não se torna
cúmplice da invalidade do negócio.
Vicio da Usura:
Vem previsto no artigo 282. A pessoa que pratica a usura chama-se usurário e são negócios
usurários.
MC: vem junto dos vícios do conteúdo. MRR concorda. O legislador parece ter a mesma
opinião que o professor.
O exemplo clássico: alguém tem um filho a morrer e precisa de um empréstimo para lhe salvar
a vida e então o pai pede um empréstimo e sabendo que o pai está desesperado, mas pede um
juro alto e o pai aceita. Estamos perante um negócio injusto, o juro é estabelecido porque o
mutuante sabe das condições do mutuário.
Requisitos:
Os benefícios necessários podem decorrer para o usurário ou para um terceiro. Existem regras
para juros usurários nos artigos 559/a e 1146.
Consequência dupla:
• Anulabilidade
• Modificação dos negócios segundo a equidade. Nos termos do artigo 283/2, a modificação
é preferível a anulabilidade. O grande problema é o desequilíbrio, a modificação é
preferível à anulidade. Dai ser preferível colocar a usura nos vícios do conteúdo e não nos
vícios da vontade.
É vulgar quando temos um caso que parece que é coação moral, mas não é coação moral, é
possível que foi uma usura, é possível se for ameaçada, mesmo eu não seja ilícita, é provável
que uma das partes se tenha aproveitado da outra. Na fronteira da coação moral está muitas
vezes a usura.
O professor MC diz que não há decisões dos tribunais sobre usura, com exceção dos juros
usurários.
Clausulas acessórias típicas:
São clausulas que fazem parte do conteúdo voluntario eventual dos negócios jurídicos, tem ou
não consoante as partes queiram, são facultativas. Vem previstas na lei apenas porque são
muito frequentes.
• Termo: é a clausula pela qual as partes estabelece que o negócio ou uma parte do negócio
apenas produz ou deixa de produzir efeitos a partir de um certo facto futuro e certo.
o Se os efeitos se começarem a produzir a partir do facto, o termo é suspensivo. Ex.:
arrendo a minha casa a partir do dia 1 de setembro, só produz efeitos no dia 1 de
setembro.
o Se os efeitos se deixarem de produzir a partir do facto o termo é resolutivo. Ex.:
celebrar contratos de trabalho que terminam numa certa data. Preciso de uma
secretaria só até dia 31 de dezembro de 2023.
o O termo é um nome que diz respeito a uma clausula, na linguagem jurídica usamos
a palavra termo, quer a clausula, quer para designar o próprio evento certo.
o O termos é sempre certo quanto a sua verificação, mas é possível que seja incerto
quanto ao momento da sua verificação. Ex.: a minha secretaria esta doente e
contrato alguém para trabalhar enquanto ela esta doente, este contrato vai-se
extinguir quando a minha secretaria voltar, mas não sei quando é que isso vai
acontecer.
o Um contrato sujeito a termo não é um contrato promessa, é um contrato já está
celebrado, só ainda não começou a produzir efeitos.
o O termo da pendencia, é o tempo que medeia entre a celebração do contrato e a
ocorrência do evento. O regime do 272 e 273 aplica-se à dependência do termo
por via do artigo 278. O artigo 279 que nos diz como contamos os prazos, aplica-se
a todos os prazos porque o termo por definição implica um prazo.
• Condição: é a clausula pela qual as partes estabelece que o negócio ou uma parte dele
apenas produz ou deixa de produzir efeitos a partir de certo facto futuro e incerto.
o Se os efeitos se começar a produzir-se a partir do facto a condição é suspensiva.
Ex.: arrendo a minha casa a alguém a partir do mês de setembro na condição de
ele entrar para a faculdade. É um evento futuro e que não é certo, suspensiva
porque o negócio só produz efeitos na eventualidade da pessoa entrar para a
faculdade.
o Se os efeitos se deixarem de produzir a partir do facto a condição é resolutiva.
Ex.: compro uma rifa e o premio é uma mota e eu simultaneamente vou comprar
uma mota a outra pessoa, mas combino que se me sair o premio eu já não quero a
mota com que comprei. É uma compra e venda, mas as artes aceitaram destruir o
negócio se ganhar o premio da rifa.
o A condição pode ser certa ou incerta quanto ao momento da sua verificação.
Condição incerta: ofereço-te algo se terminares o curso, se acontecer também não
sabemos quando é.
o O mesmo evento pode ser um termo ou uma condição dependendo como é
estabelecido pelas partes.
o É vulgar chamarmos condição à clausula como também ao evento condicional, um
negócio sujeito a condição não é um contrato promessa.
o Condição potestativa é uma condição em que é preciso uma manifestação de
vontade.
o A doutrina identificou outras condições que designa por meramente potestativa:
são pseudo factos incertos e incertos que dependem integralmente da vontade da
pessoa.
o As condições são clausulas muito vulgares e muito úteis, porque com as condições
conseguimos assegurar o futuro que é incerto.
o O artigo 271 estabelece requisitos especiais: diz-nos que é nulo todo o negócio, e
não apenas a clausula condicional se a condição for nula. Quando o negócio tem
uma condição, na maioria dos factos afeta todo o negócio. Para serem validos tem
de ser conforme à lei, ordem publica e aos bons costumes. O n2 diz que em caso
de impossibilidade, a consequência não é a nulidade, mas é como não existisse.
o Pendencia é o tempo que medeia entre a celebração do contrato e a ocorrência do
evento. No caso do termo a pendencia suscita alguns problemas, mas não muito
importantes porque sabemos que o termo se ira verificar. Na condição não é
assim, sendo que é incerta pode não se realizar, suscita problemas muito mais
intensos do que os suscitados pela pendencia do termo.
o Regras especiais: previstas no 275, tem em conta a possibilidade da condição se
verificar ou não se verificar. No n2 temos um exemplo, o legislador, quando
alguém se comporta contrariamente à boa-fé, considera a condição verificada, se
beneficiar ou não a pessoa.
o O regime da condição vem previsto no 272 a 277, tem a necessidade de as pessoas
atuarem de acordo com a boa-fé objetiva, vem previsto também a possibilidade da
pessoa que está na pendencia de ser titular de um direito poder praticar atos
conservatórios.
o Atos conservatórios são atos que visam preservar o direito ou a utilidade do
direito do titular da expectativa jurídica.
o Nos artigos 276 e 277 vem prevista a retroatividade da condição, não existe no
termo porque sabemos que irá acontecer. Existe uma exceção que vem prevista
no artigo 277/1 que remete para o 434/2, nesses casos a condição só produz
efeitos a partir do momento da sua verificação. A retroatividade não abrange os
atos de administração, pois há um titular do direito que pratica aos legítimos.
o Quanto aos frutos produzidos pela coisa durante a pendencia, aplica-se o regime
da boa-fé no artigo 1270 porque a pessoa que tem o direito está de boa-fé. A
retroatividade da condição é um negócio sério. Neste caso terá de revestir a
forma, pois a forma também se aplica as condições, nos termos do 221.
o Atos dispositivos na pendencia da condição: vão ser afetados pela eficácia da
retroatividade, rege o artigo 274. Esta retroatividade tem efeitos perante terceiros
também.
• Modo ou encargo: é uma clausula acessória típica que é privativa dos negócios jurídicos
gratuitos, pela qual as partes estabelecem uma obrigação. Vem regulada em 2 lugares
distintos, nos artigos 963 a 968 e também nos artigos 2244 e 2246.
o No encargo existe uma obrigação, se o negócio fosse condicional isto já não
acontecia. A diferença é que o modo constitui uma obrigação na esfera do
destinatário, na condição não há obrigação, mas se não o fizer, poderia perder o
negócio.
o Em regra, não tem efeitos resolutivos nos termos do artigo 976.
o A solução encontra-se através das regras de interpretação porque as partes
podem estabelecer o que quiserem.
o Saber se estamos perante um modo ou um negócio oneroso. Ex.: oferta de uns
óculos que valem 200, mas na condição de dar 50 euros por mês a um pobre. Se os
óculos valem só 200, dar 50 euros por mês não faz muito sentido. Na maior parte
dos casos o modo tem um valor residual/pequeno relativamente ao valor da
doação. Chamam-se doações modais.
o Quanto ao conteúdo do encargo o 997 aplica-se as regras dos testamentos.
• Sinal: é uma clausula acessória típica que constitui um carater real quod constitutionem, o
sinal só fica constituído quando há a entrega da coisa. Consiste em uma das partes
entregar à outra, que pode coincidir ou não com a coisa que é devida no próprio contrato
que se está a celebrar, e essa coisa vai funcionar como garantia do cumprimento.
o No caso dos contratos promessa, presume-se que tem o valor de sinal, nos termos
do 451.
o A pessoa que entrega o sinal e deixar de praticar o contrato, perde o sinal.
o Se for o outro que deixa de cumprir, tem de dar ao outro o dobro daquilo que
recebeu. É eficaz porque pelo menos para uma das partes, a pessoa já não tem as
coisas.
o A evolução histórica do sinal: em Portugal tem 2 origem diferentes.
▪ Pode servir de garantia, reforçando o cumprimento do negócio e
liquidando o dano, designa-se como um sinal confirmatório penal,
confirma a vontade das partes de se vincularem.
▪ O sinal serve como forma de limitação de responsabilidade ou como preço
do arrependimento, chama-se sinal penitencial, nos termos do 472/4.
Figura das clausulas contratuais gerias: também existem particularidades quanto ao conteúdo
do negócio. Tendencialmente temos uma relação de desnível no negócio. O legislador
intervém para compensar o desequilíbrio entre as partes. São regras que só se aplicam a
negócios celebrados sobre cláusulas contratuais gerias ou a negócios rígidos.
• Proibição geral de clausulas contrárias à boa-fé, nos artigos 16 e 17. Nos artigos 17 a 23
estabeleceu um conjunto de concretizações da boa-fé, são apenas desenvolvimentos dos
artigos15 e 16. O artigo 16 contem a concretização da boa-fé para estes efeitos. Um
negócio excluído é o contrato de seguro desportivo e nas clausulas exclui a prática de
desportos violentos, isso não pode acontecer, pois é a atividade que o contrato visa
proteger. O espírito do negócio não admite a inclusão daquelas clausulas.
A noção de empresário esta prevista no artigo 17, o empresário diz respeito a uma
competência especifica da pessoa. O consumidor tem uma natureza residual, são todas as
pessoas que não forem consideradas empresárias, nos termos do artigo 20. Nas relações com
os consumidores aplica-se todas as regras como previsto no artigo 20.
As absolutas, são aquelas se surgirem em contratos em que são proibidas, a clausula é
simplesmente proibida.
Nas relativas, a clausula pode ser proibida ou não consoante o contrato que temos perante
nós. Na prática, olhamos para as relativas, e em todas as alíneas existe um conceito
indeterminado, temos de pegar nesses conceitos que temos perante nós. Se houver proibição
a consequência é sempre a nulidade, nos termos do artigo 12. O aderente pode optar pela
manutenção do negócio vigorando na parte nula as normas supletivas ou se essas não forem
suficientes pelas regras de integração de lacunas (artigo 239), pode ainda aplicar o mecanismo
da redução previsto no artigo 14, também se prevê um caso de redução especial.
Figura das ações inibitórias: previstas nos artigos 25 e ss das CCG. Permite a tutela dos
consumidores e por interesses difusos, cada pessoa tem um interesse pequeno que não
justifica propor uma ação judicial. Permitem, atribuindo legitimidade ativa, artigo 26, que estas
entidades proponham as ações e defendam os interesses das pessoas naquela categoria, e o
objetivo é proibir em abstrato a utilização de determinadas clausulas, nos termos do artigo
30/2.
Alem das CCG, existem diplomas sobre a defesa do consumidor. A relação entre pessoas não
profissionais com pessoas profissionais, faziam com que os não profissionais ficassem numa
situação frágil, são negócios em que se verifica uma menor possibilidade de exercício de
autonomia privada.
Em Portugal, surge a lei 24/96 de 31 de julho, de defesa dos consumidores, de acordo com
esta lei é consumidor é todo aquele a quem sejam fornecidos bens, prestados serviços ou
transmitidos quaisquer direitos destinados a uso não profissional por pessoa que exerça com
carater profissional uma atividade económica que visa a obtenção de benefício, vem previsto
no artigo 2/1 dessa lei. Os artigos 8 a 9/b são regras mais exigentes que o disposto no artigo
227 do CC. A violação dos deveres de informação gera o direito de retratação do consumidor,
nos termos do artigo 8/4, num prazo de 7 dias uteis. Nos termos doa artigo 7/5, se a
publicidade disser que tem algo, os contratos celebrados depois deste momento incluem estas
ofertas. Contempla uma ação inibitória. Tem regras que permitem proteger as associações de
consumidores.
O tempo é um facto jurídico que tem um impacto muito intenso e bastante variado.
Estudamos apenas o impacto do tempo nas situações jurídicas.
Figura da prescrição presuntiva: prevista no artigo 312 a 317. Não são prescrições, mas sim
uma presunção de cumprimento. São prescrições de 6 meses ou 2 anos. A presunção é uma
ilação que o legislador manda fazer de um facto desconhecido ou não. O que temos é uma
presunção de cumprimento que o facto conhecido é o mero decurso do tempo. Por ser uma
presunção e não uma prescrição, na prática, a lei presume que já pagou, se disser que não
pagou porque já passou o prazo, vai ter de pagar. Normalmente, estamos perante créditos de
pequeno valor.