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NEGÓCIOS JURÍDICOS (art. 104 e ss.

, CC)
Classificação: IV) Quanto à necessidade ou não de solenidades e
formalidades:
I) Quanto às manifestações de vontade dos envolvidos: Negócios jurídicos formais ou solenes: são aqueles que
Negócios jurídicos unilaterais: são aqueles atos e obedecem a uma forma ou solenidade prevista em lei
negócios em que a declaração de vontade emana de para a sua validade e aperfeiçoamento, caso do
apenas uma pessoa, com um único objetivo. São exemplos casamento e do testamento. Como se verá adiante,
de negócios jurídicos unilaterais o testamento, a renúncia tecnicamente, há diferenças entre as categorias forma e
a um crédito e a promessa de recompensa. Os negócios solenidade.
unilaterais podem ainda ser classificados em receptícios Negócios jurídicos informais ou não solenes: são aqueles
– aqueles em que a declaração deve ser levada a que admitem forma livre, constituindo regra geral, pelo
conhecimento do seu destinatário para que possa que prevê o art. 107 do CC/2002, em sintonia com o
produzir efeitos – e em não receptícios – em que o princípio da operabilidade, no sentido de simplicidade
conhecimento pelo destinatário é irrelevante. A promessa ou de facilitação do Direito Civil. São, por regra,
de recompensa está dentro dos primeiros e o testamento, negócios jurídicos informais a locação, a prestação de
dos últimos. serviços e a compra e venda de bens móveis.
Negócios jurídicos bilaterais: são aqueles em que há duas
manifestações de vontade coincidentes sobre o objeto ou V) Quanto à independência ou autonomia:
bem jurídico tutelado. O negócio jurídico bilateral por Negócios jurídicos principais ou independentes: são os
excelência é o contrato. Repita-se, portanto, que os negócios que têm vida própria e não dependem de
contratos são sempre negócios jurídicos, pelo menos qualquer outro negócio jurídico para terem existência e
bilaterais. validade. Exemplo a ser citado é o contrato de locação.
Negócios jurídicos plurilaterais: são os negócios jurídicos Negócios jurídicos acessórios ou dependentes: são
que envolvem mais de duas partes, com interesses aqueles cuja existência está subordinada a outro negócio
coincidentes no plano jurídico. Exemplos de negócio jurídico, denominado principal. Exemplo típico de
jurídico plurilateral são o contrato de consórcio e o negócio acessório é o contrato de fiança, geralmente
contrato de sociedade entre várias pessoas. relacionado com um contrato de locação.

II) Quanto às vantagens patrimoniais para os VI) Quanto às condições pessoais especiais dos
envolvidos: Negócios jurídicos gratuitos: são os atos de negociantes:
liberalidade, que outorgam vantagens sem impor ao Negócios jurídicos impessoais: são aqueles que não
beneficiado a obrigação de uma contraprestação. Não dependem de qualquer condição especial dos
envolvem, portanto, sacrifício patrimonial de todas as envolvidos, podendo a prestação ser cumprida tanto pelo
partes, situações em que uma parte só tem vantagens, obrigado quanto por um terceiro. Exemplo é o contrato
não assumindo deveres. Exemplo é o contrato de doação de compra e venda.
pura. Negócios jurídicos personalíssimos ou intuitu personae:
Negócios jurídicos onerosos: são os atos que envolvem são aqueles dependentes de uma condição especial de
sacrifícios e vantagens patrimoniais para todas as partes um dos negociantes, havendo uma obrigação infungível,
no negócio, como é o caso dos contratos de locação e como ocorre no contrato de fiança. Como outro exemplo
de compra e venda. No primeiro caso a remuneração é o cite-se a contratação de um pintor famoso, com talento
aluguel, no segundo, o preço. único, para fazer o retrato de uma família.

Aqui, a doutrina aponta mais duas outras modalidades VII) Quanto à sua causa determinante:
de negócios (GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA Negócios jurídicos causais ou materiais: são aqueles em
FILHO, Rodolfo. Novo..., 2003, p. 323), que devem ser que o motivo consta expressamente do seu conteúdo
consideradas: Negócios jurídicos neutros: são aqueles em como ocorre, por exemplo, em um termo de separação ou
que não há uma atribuição patrimonial determinada, não de divórcio. A maioria dos negócios jurídicos assume essa
podendo ser enquadrados como gratuitos ou onerosos, forma.
caso da instituição de um bem de família voluntário ou Negócios jurídicos abstratos ou formais: são aqueles cuja
convencional (arts. 1.711 a 1.722 do CC). razão não se encontra inserida no conteúdo, decorrendo
Negócios jurídicos bifrontes: são aqueles que tanto dele naturalmente. Exemplos que podem ser citados são
podem ser gratuitos como onerosos, o que depende da um termo de transmissão da propriedade e a simples
autonomia privada, da intenção das partes. Podem ser emissão de um título de crédito.
citados os contratos de depósito e de mandato, que
podem assumir as duas formas, pela presença ou não da VIII) Quanto ao momento de aperfeiçoamento:
remuneração. Negócios jurídicos consensuais: são aqueles que geram
efeitos a partir do momento em que há o acordo de
III) Quanto aos efeitos, no aspecto temporal: vontades entre as partes, como ocorre na compra e
Negócios jurídicos inter vivos: são aqueles destinados a venda pura (art. 482 do CC/2002).
produzir efeitos desde logo, isto é, durante a vida dos Negócios jurídicos reais: são aqueles que geram efeitos a
negociantes ou interessados, como ocorre, por exemplo, partir da entrega do objeto, do bem jurídico tutelado.
nos contratos, caso da compra e venda; e no casamento. Alguns contratos, como o comodato, o mútuo, o contrato
Negócios jurídicos mortis causa – aqueles cujos efeitos só estimatório e o depósito, assumem essa forma.
ocorrem após a morte de determinada pessoa, como,
para ilustrar, se dá no testamento e no legado. IX) Quanto à extensão dos efeitos:
A separação entre os negócios jurídicos inter vivos e Negócios jurídicos constitutivos: são os negócios que
mortis causa é clara no art. 426 do atual Código Civil, geram efeitos ex nunc, a partir da sua conclusão, pois
pelo qual não pode ser objeto de contrato a herança constituem positiva ou negativamente determinados
de pessoa viva. Trata-se da antiga vedação dos direitos, como ocorre com a compra e venda.
pactos sucessórios ou pacta corvina, que constava do Negócios jurídicos declarativos: são os negócios que
Código Civil anterior (art. 1.089 do CC/1916). NJ nulo, geram efeitos ex tunc, a partir do momento do fato que
cf. art. 166, par. 7º, CC. constitui o seu objeto, caso da partilha de bens no
inventário

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