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Fato Jurídico

sábado,Ê23ÊdeÊabrilÊdeÊ2022

1. Definição
Fato jurídico em sentido amplo é todo acontecimento da vida que o ordenamento
jurídico considera relevante no campo do direito. Ou seja, são os fatos que produzem
efeitos jurídicos.

2. Efeitos dos Fatos Jurídicos


 Aquisitivo – conjugação do direito com o seu titular. Ex.: pagamento e recebimento de
mercadoria.
 Modificativo – ocorrência de fato que altere o direito. Ex.: maioridade e pensão
alimentícia.
 Conservativo – resguardo de direitos que podem se encontrar ameaçados. Ex.: medidas
cautelares.
 Extintivo – fim do direito. Ex.: falecimento do titular, perecimento do objeto.

3. Classificação dos Fatos Jurídicos


Os fatos jurídicos em sentido amplo podem ser classificados em:

○ Fatos Naturais (sentido estrito) - decorrem de simples manifestação da natureza,


que geram efeitos sem influência da ação humana.
 Ordinário - é o comum. Como o nascimento e a morte, que constituem
respectivamente o termo inicial e final da personalidade, bem como a
maioridade e o decurso do tempo.
 Extraordinário - que se enquadram, em geral, na categoria do fortuito
(imprevisível) e da força maior: terremoto, raio, tempestade, etc.

○ Fatos Humanos (atos jurídicos) - são provenientes da atividade humana.

 Lícitos - são atos praticados em conformidade com o ordenamento


jurídico.
▪ Ato Jurídico em Sentido Estrito ou Meramente Lícito - o querer do
agente existe e é voltado para o efeito jurídico, mas a vontade não
pode alterar o efeito determinado pela lei.
▪ Negócio Jurídico - é a manifestação de vontade em que os efeitos
podem ser negociados pelas partes.
▪ Ato-fato Jurídico - ressalta-se a consequência do ato sem se levar em
consideração a vontade de praticá-lo. Muitas vezes, o efeito do ato não
é buscado nem imaginado pelo agente, mas decorre de uma conduta e
é sancionado pela lei, como no caso de uma criança de 5 anos que
realizou uma compra.

 Ilícitos - por serem praticados em desacordo com o prescrito no


ordenamento jurídico, embora repercutam na esfera do direito, produzem
efeitos jurídicos involuntários, mas impostos por esse ordenamento. Em
vez de direito, criam deveres, obrigações.

4. Negócio Jurídico
“Negócio jurídico é aquela espécie de ato jurídico que, além de se originar de um ato de
vontade, implica a declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação entre
dois ou mais sujeitos tendo em vista um objetivo protegido pelo ordenamento jurídico
[...]" (REALE, Miguel).
O princípio da socialidade, acolhido pelo atual Código Civil, reflete a prevalência dos
valores coletivos sobre os individuais. E o da eticidade prioriza, além de outros critérios
éticos, a equidade e a boa-fé nos contratos.
No negócio jurídico a manifestação da vontade tem finalidade negocial, que abrange a
aquisição, conservação, modificação ou extinção de direitos.

Regras do Negócio Jurídico

 O princípio da prevalência da intenção das partes aduz que nas declarações de


vontade se atenderá mais a intenção nelas consubstanciada do que o sentido literal
da linguagem, conforme o art. 112 do CC.
 O princípio da boa-fé que determina que os negócios jurídicos devem ser
interpretados segundo o próprio princípio da boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração, de acordo com o art. 113 do CC.
 E que segundo o art. 114 do Código Civil, os negócios jurídicos benéficos e a
renúncia, devem ser interpretados restritivamente.

Estrutura do Negócio Jurídico

 Existência: um negócio jurídico não surge do nada, exigindo-se, para que seja
considerado como tal, o atendimento a certos requisitos mínimos.
 Validade: o fato de um negócio jurídico ser considerado existente não quer dizer
que ele seja considerado perfeito, ou seja, com aptidão legal para produzir efeitos.
 Eficácia: ainda que um negócio jurídico existente seja considerado válido, ou seja,
perfeito para o sistema que o concebeu, isto não importa em produção imediata de
efeitos, pois estes podem estar limitados por elementos acidentais da declaração
(condição ou termo, por exemplo).

Planos Fundamentais do Negócio Jurídico

 Plano de Existência: elementos que constituem o negócio jurídico.


 Declaração de vontade;
 Sujeito;
 Objeto lícito;
 Forma prescrita (escrita, oral, etc.).

 Plano de Validade: qualificação dos elementos do plano de existência.


 Declaração de vontade: para a sua validade deve-se observar a autonomia da
vontade e a boa-fé objetiva.
 Sujeito: O agente deve ter capacidade civil para a realização do negócio
jurídico. Caso seja absolutamente incapaz deverá ser representado; Se de
forma relativamente incapaz, deverá ser assistido.
- Deverá ser legitimado – o agente não pode estar impedido de praticar o
ato, mesmo sendo capaz.
- Se o absolutamente incapaz realizar sozinho o negócio jurídico será
considerado NULO (art. 166, CC/2002).
- Se realizado por um sujeito relativamente incapaz será ANULÁVEL (art.
171, CC/2002).
- O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de
terceiro (art. 172, CC/2002).
 Objeto lícito: Se o objeto for ilícito, impossível ou indeterminado, o negócio
jurídico será considerado NULO – (art. 166, CC/2002).
 Forma prescrita: Os negócios jurídicos podem ser realizados de acordo com a
conveniência da forma preferida pelas partes.
- Princípio da liberdade das formas (art. 107, CC/2002): A validade da
declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a
lei expressamente a exigir.

 Plano de Eficácia: alguns negócios jurídicos, embora existam e tenham plena


validade, apresentam ineficácia no mundo jurídico, pois existem alguns elementos
que interferem na produção dos seus efeitos: a condição, o termo e o encargo.
: É todo evento futuro e incerto, por meio do qual as partes
 Condição: É todo evento futuro e incerto, por meio do qual as partes
subordinam ou resolvem os efeitos do negócio jurídico.
 Condição suspensiva: a que subordina a eficácia inicial do ato a sua
implementação. Ex.: conceder ao filho uma mesada pelos bons resultados nos
exames.
 Condição resolutiva: a que faz com que o ato deixe de produzir efeitos. Ex.:
Cessar a mesada da filha, caso ela se case.
ATENÇÃO: São condições proibidas
- As que são contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes;
- As que privam o ato de todos os efeitos (perplexas);
- As que sujeitam o negócio ao puro arbítrio de uma das partes. Ex.:
Pagamento conforme a vontade da pessoa.
ATENÇÃO: Considera-se implementada a condição que foi maliciosamente
retardada pela parte a quem prejudica. Assim tem-se como não verificada a
condição se maliciosamente levada a efeito por quem dela aproveita.

 Termo: é a data acertada para qual fica subordinado o efeito do negócio


jurídico. Ou seja, é o dia em que começa ou em que se extingue a eficácia do
negócio jurídico. O termo convencional consiste em evento futuro e certo. Mas
a data exata pode ser certa, caso seja definida, ou incerta (ex.: dia da morte).
 Encargo: é uma cláusula acessória mais comum aos contratos em que há uma
liberalidade, como a doação. Ela é imposta pelo doador, geralmente
restringindo a liberdade do beneficiário no que diz respeito à forma de
utilização do bem ou do valor doado. O encargo também é admitido em
declarações unilaterais de vontade. Contudo, considera-se não escrito o
encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da
liberalidade, quando invalida o negócio jurídico.

Classificação dos Negócios Jurídicos

○ Unilaterais: são os que se aperfeiçoam com uma única manifestação de vontade,


como ocorre no testamento, na instituição de fundação, na renúncia de direitos, na
procuração, na confissão de dívida, na renúncia à herança.
○ Bilaterais: são os que se perfazem com duas manifestações de vontade,
coincidentes sobre o objeto. Essa coincidência chama-se consentimento mútuo ou
acordo de vontades, que se verifica nos contratos em geral.
○ Plurilaterais: mais de uma vontade, dirigidas para o mesmo fim. São os contratos
que envolvem mais de duas partes, como o contrato de sociedade com mais de dois
sócios e os consórcios de bens móveis e imóveis.
○ Gratuitos: são aqueles em que só uma das partes aufere vantagens ou benefícios,
como sucede na doação pura e no comodato, por exemplo. Nessa modalidade,
outorgam-se vantagens a uma das partes sem exigir contraprestação da outra.
○ Onerosos: ambos os contratantes auferem vantagens, às quais, porém, corresponde
um sacrifício ou uma contraprestação. São dessa espécie quando impõem ônus e ao
mesmo tempo acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja, sacrifícios e
benefícios recíprocos. É o que se passa com a compra e venda, a locação, etc.
○ Bifronte: são os contratos que podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade
das partes, como o mútuo, o mandato, o depósito.
○ Inter vivos: destinam-se a produzir efeitos desde logo, isto é, estando as partes
ainda vivas, como a promessa de venda e compra, a locação, a permuta, o mandato,
o casamento etc.
○ Causa mortis: são os negócios destinados a produzir efeitos após a morte do
agente, como ocorre com o testamento e a doação estipulada em pacto antenupcial
para depois da morte do doador. O evento morte nesses casos é pressuposto
necessário de sua eficácia.
○ Principais: são os que têm existência própria e não dependem, pois, da existência
de qualquer outro, como a compra e venda, a locação, a permuta etc.
○ Acessórios: são os que têm sua existência subordinada à do contrato principal,
como se dá com a cláusula penal, a fiança, o penhor e a hipoteca, por exemplo.
○ Solenes ou formais: são os negócios que devem obedecer à forma prescrita em lei
para se aperfeiçoarem, como o testamento ou escritura pública.
○ Consensuais: são os negócios de forma livre. Basta o consentimento para a sua
formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu
aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal.
○ Típicos: são aqueles que estão previstos na lei.
○ Atípicos: são aqueles que não possuem previsão legal na lei.

Aquisição de Direitos

○ Originária: quando se dá sem qualquer interferência do anterior titular. Ocorre, por


exemplo, na ocupação de coisa sem dono.
○ Derivada: quando decorre de transferência feita por outra pessoa. Nesse caso, o
direito é adquirido com todas as qualidades ou os defeitos do título anterior, visto
que ninguém pode transferir mais direitos do que tem. A aquisição se funda numa
relação existente entre o sucessor e o sucedido.
▪ Gratuita: quando só o adquirente aufere vantagem, como acontece na sucessão
hereditária.
▪ Onerosa: quando se exige do adquirente uma contraprestação, possibilitando a
ambos os contratantes a obtenção de benefícios, como ocorre na compra e venda,
na locação etc.
▪ A título singular: Causa mortis: destinados a produzir efeitos após a morte; Inter
vivos: produzem efeitos durante a vida.
 A título universal: quando o adquirente sucede o seu antecessor na totalidade de
seus direitos, como se dá com o herdeiro.

Conservação de Direitos

As medidas de caráter preventivo visam garantir e acautelar o direito contra futura


violação. Podem ser de natureza extrajudicial, para assegurar o cumprimento de
obrigação creditícia, bem como de natureza judicial, correspondentes às medidas
cautelares previstas no Código de Processo Civil.
As medidas de caráter repressivo visam restaurar o direito violado.

Defeitos do Negócio Jurídico

São vícios que impedem que a vontade declarada seja livre e de boa-fé,
prejudicando, assim, a validade dos negócios jurídicos.
Eles atacam o plano de validade dos negócios jurídicos. Contudo, a tendência
moderna da doutrina e jurisprudência é no sentido do princípio da conservação
dos atos e negócios jurídicos que, em sendo possível, busca preservar a
integridade do ato, fazendo os devidos ajustes para a melhor conservação da
segurança jurídica.

 Vícios de consentimento – a vontade não é expressada de maneira


absolutamente livre. São eles: Erro; Dolo; Coação; Lesão; e Estado de Perigo.
- Erro: O agente, por desconhecimento ou falso conhecimento das
circunstâncias, age de um modo que não seria a sua vontade, se
conhecesse a verdade.
Causa de ANULABILIDADE se o erro for substancial e escusável (perdoável –
poderia ocorrer com qualquer pessoa). (art. 138, CC/2002).
Erro será substancial quando incidir: no negócio (Ex.: contrato de
empréstimo, mas na verdade era doação), no objeto (Ex.: compra de anel
de bijuteria, pensando ser ouro) ou na pessoa (Ex.: sujeito doa um dinheiro
a outro por algo que ele, na verdade, não fez).
- Dolo: é um artifício malicioso empregado por uma das partes ou por
terceiros, com o propósito de prejudicar outrem, quando da celebração do
negócio jurídico. O dolo difere do erro porque este é espontâneo, ou seja,
é intencional.
- Dolus bonus - Consiste em exageros nas boas qualidades. Não tem
intenção de prejudicar. É tolerado e não induz anulabilidade do
negócio. Ex.: "o melhor produto"; "o mais eficiente"; "o mais
econômico" etc.
Quanto à extensão dos efeitos o dolo pode ser:
- Principal – (art. 145, CC/2002) – ataca a causa do negócio jurídico,
viciando-o. Sem ele o negócio não se concretizaria. Os artifícios
fraudulentos devem ser a causa determinante da declaração de
vontade. Ex.: Compra de relógio falsificado, vendido por outro que
afirmou ser original.
- Acidental – leva a vítima a praticar o negócio em condições menos
favoráveis, sem afetar sua declaração de vontade de concretizar o
negócio. Não induz a anulação do negócio, mas gera a obrigação de
indenizar perdas e danos.
Ex.: venda de bem com débito anterior.
- Coação: é toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo
para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um
negócio. O que a caracteriza é o emprego da violência psicológica para
viciar a vontade. A coação é o vício mais grave e profundo que pode afetar
o negócio jurídico.
Toda violência apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que a
sua vontade interna não deseja efetuar (art. 151, CC/2002). Causa de
ANULABILIDADE.
- Coação absoluta ou física - age sobre o corpo da vítima. Trata-se da
inexistência do negócio jurídico. Ex.: a colocação da impressão digital
do analfabeto no contrato, agarrando-se à força o seu braço.
- Moral - constitui vício da vontade e torna anulável o negócio jurídico.
Nesta, deixa-se uma opção ou escolha à vítima: praticar o ato exigido
pelo coator ou correr o risco de sofrer as consequências da ameaça
por ele feita.
Requisitos da coação:
- violência psicológica;
- declaração de vontade viciada;
- receio de grave dano à pessoa, à família (ou pessoa próxima) ou ao
seus bens.
Não se considera coação: ameaça de exercício normal de um direito (Ex.:
ameaçar alguém a realizar o pagamento, que está atrasado); temor
reverencial (Ex.: temor a figura paterna) (art. 153, CC/2002) .
- Lesão: Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional
ao valor da prestação oposta. (art. 157, CC/2002).
Lesão é, assim, o prejuízo resultante da enorme desproporção existente
entre as prestações de um contrato, no momento de sua celebração.
A lesão destaca-se dos demais defeitos do negócio jurídico por acarretar
uma ruptura do equilíbrio contratual na fase de formação do negócio,
desde o seu nascimento.
Requisitos da lesão:
- desproporção das prestações;
- Premente necessidade ou inexperiência e dolo de aproveitamento.
O Código Civil considera a lesão um vício do consentimento, que torna
anulável o contrato (arts. 171, II, e 178, II). Faz, porém, uma ressalva: não
se decretará a anulação do negócio “se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”.
Privilegia, assim, o princípio da conservação dos contratos.
- Estado de Perigo: “configura-se o estado de perigo quando alguém,
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave
dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa”. (art. 156, CC/2002).
O estado de perigo, que é um tipo de estado de necessidade, é defeito do
negócio jurídico que afeta a declaração de vontade do contratante,
diminuindo a sua liberdade por temor de dano à sua pessoa ou à pessoa de
sua família.
Ex.: pessoa compelida a prestar garantia sob a forma de emissão de
cheque, exigido por hospital, para conseguir internação de urgência para
cônjuge em perigo de vida.
Causa de ANULABILIDADE: Tratando-se de pessoa não pertencente à
família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.

 Vícios sociais: a vontade manifestada não tem, na realidade, a intenção pura e


de boa-fé que enuncia. São eles: Simulação; e Fraude contra credores.
- Simulação: Declaração enganosa de vontade, visando produzir efeito
diverso do ostensivamente indicado (art. 167, § 1º , CC/2002).
É uma declaração falsa, enganosa, da vontade, visando aparentar negócio
diverso do efetivamente desejado. Simular significa fingir, enganar.
Negócio simulado, assim, é o que tem aparência contrária à realidade.
É, em regra, negócio jurídico bilateral, sendo os contratos o seu campo
natural.
É sempre acordada com a outra parte, ou com as pessoas a quem ela se
destina.
É uma declaração deliberadamente desconforme com a intenção.
É realizada com o intuito de enganar terceiros ou fraudar a lei.
- Absoluta: as partes na realidade não realizam nenhum negócio. Apenas
fingem, para criar uma aparência, uma ilusão externa, sem que na
verdade desejem o ato. Diz-se absoluta porque a declaração de
vontade se destina a não produzir resultado, ou seja, deveria ela
produzir um resultado, mas o agente não pretende resultado nenhum.
Ex.: para livrar-se da partilha de bens em separação judicial, o cônjuge
simula negócio com amigo, contraindo falsamente uma dívida,
objetivando transferir-lhe os bens como “pagamento” em prejuízo da
esposa.
- Relativa (dissimulação): as partes pretendem realizar determinado
negócio, prejudicial a terceiro ou em fraude à lei. Para escondê-lo, ou
dar-lhe aparência diversa, realizam outro negócio. Compõe-se, pois,
de dois negócios: um deles é o simulado, aparente, destinado a
enganar; o outro é o dissimulado, oculto, mas verdadeiramente
desejado. O negócio aparente, simulado, serve apenas para ocultar a
efetiva intenção dos contratantes, ou seja, o negócio real.
Ex.: homem casado quer doar um bem à sua amante, e simula um
contrato de compra e venda com ela.
ATENÇÃO:
▪ Causa de NULIDADE: simulação absoluta;
▪ Causa de ANULABILIDADE: simulação relativa.
- Fraude contra credores: é, todo ato suscetível de diminuir ou onerar seu
patrimônio, reduzindo ou eliminando a garantia que este representa para
pagamento de suas dívidas, praticado por devedor insolvente, ou por ele
reduzido à insolvência.
Não há necessariamente um disfarce.
Ex.:
Alguém contraiu um empréstimo e não mais conseguiu pagar as parcelas.
Antes que o mutuante buscasse judicialmente o cumprimento da
obrigação, ele transferiu o seu carro (único bem que possuía em seu nome)
ao irmão, que sabia de toda a situação.
Requisitos para fraude contra credores:
▪ Conluio fraudulento;
▪ Prejuízo causado ao credor.
Causa de ANULABILIDADE: a anulação dá-se por meio da Ação Pauliana,
baseada nos seguintes fundamentos:
- Transmissão gratuita de bens;
- Remissão de dívidas;
- Pagamento de dívida não vencida a um dos credores;
- Garantia dada pelo devedor a algum credor (art. 163, CC/2002), etc.
Prazo para anulação do negócio:
▪ Coação - 04 anos a partir da cessação;
▪ Demais defeitos – 04 anos a partir do dia em que o negócio jurídico foi
realizado.

Invalidade do Negócio Jurídico

O Código Civil, ao tratar da invalidade dos negócios jurídicos, não adotou o plano
de existência como requisito para a sua invalidação. Somente arrolando os
elementos do plano de validade dos negócios jurídicos como causas de nulidade ou
anulabilidade.
 Nulidade ou invalidade absoluta: existe um interesse social, além do individual,
para que se prive o ato ou negócio jurídico dos seus efeitos específicos, visto
que há ofensa a preceito de ordem pública e, assim, afeta a todos. Por essa
razão, pode ser alegada por qualquer interessado, devendo ser pronunciada de
ofício pelo juiz (CC, art. 168 e parágrafo único).
- Gera a completa invalidade do negócio;
- Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, ou alegada pelo MP ou pelas
partes;
- Não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo;
- É protegido por meio de ação declaratória, e é imprescritível;
- Produz efeitos ex tunc (efeito retroativo).
- Como consequência, a nulidade do ato causa a nulidade de todos os
demais que são consequência da sua prática. Ex.: Tutor compra imóvel do
tutelado que gera a nulidade de todos os demais atos posteriores.
Os casos de nulidade foram arrolados nos arts. 166 e 167 do Código Civil. Art.
166.
É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção.
 Anulabilidade ou nulidade relativa: são violações a normas de caráter
supletivas, portanto, permitem que as partes possam manter os efeitos do
negócio jurídico.
Trata-se de negócio anulável, que será considerado válido se o interessado se
conformar com os seus efeitos e não o atacar, nos prazos legais, ou o
confirmar.
- Geram efeitos até a decisão que decreta a sua invalidade;
- Não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, pois somente as partes
podem alegá-las;
- É suscetível de confirmação pelas parte, e se convalesce pelo decurso do
tempo;
- O negócio jurídico anulável é passível de redução, ou seja, se a nulidade
não for total, mas somente parcial, poderá haver a separação se for
separável;
- É protegido por meio de ação anulatória (ou desconstitutiva), e é suscetível
a prazo decadencial;
- Para a maioria produz efeitos ex nunc, mas cresce na doutrina adeptos do
efeito ex tunc;
- Os casos de anulabilidade estão no art. 171 do CC, vejamos:
Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico:
i. Por incapacidade relativa do agente;
ii. Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores.
Ato Ilícito

Ato ilícito é o praticado com infração ao dever legal de não lesar a outrem. Tal
dever é imposto a todos no art. 186, que prescreve: “Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Também o comete
aquele que pratica abuso de direito, ou seja, “o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes” (art. 187).
Ato ilícito é, portanto, fonte de obrigação: a de indenizar ou ressarcir o prejuízo
causado. É praticado com infração a um dever de conduta, por meio de ações ou
omissões culposas ou dolosas do agente, das quais resulta dano para outrem.
Componentes:
- Ação humana;
- Contrariedade ao direito ou ilicitude;
- Prejuízo (material ou moral).
Ilícito civil – atentado contra interesse privado. Sanção: reparação do dano. Ex.:
batida de carro.
Ilícito penal – prática de ato considerado como crime. Sanção: privação da
liberdade. Ex.: homicídio.
Elementos do ato ilícito:
i. Ação ou omissão voluntária;
ii. Por negligencia, imprudência ou imperícia;
iii. Violação de direito;
iv. Dano.

Abuso de poder: o sujeito, ao exercer seu direito, excede manifestamente os limites


impostos pelo fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes,
causando dano a outrem.
Não constituem atos ilícitos:
 Praticados em legitima defesa;
 Praticados no exercício regular de um direito reconhecido;
 Deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de
remover perigo iminente (nos limites do indispensável para a remoção do
perigo).

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